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Pericia Judicial e Extrajudicial_IBAPE_set2020-Apostila

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PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS 
DE ENGENHARIA 
 
 
A P O S T I L A 
 
 
 
 
Engº Civil José Fidelis Augusto Sarno 
 
 
Salvador/BA, setembro 2020 
 
 
BAHIA 
2 / 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS 
 
 
ITEM DESCRIÇÃO PÁG. 
1 Perícias Judiciais e Extrajudiciais 3 
2 Recebimento do Processo Judicial 7 
3 A Perícia nos Juizados Especiais 8 
4 Juízo Arbitral 9 
5 Técnica de Redação de Laudos 10 
5.1 O Laudo Pericial 10 
5.2 Características Intrínsecas de um Laudo 15 
5.3 Dicas Práticas na Elaboração de Laudos de Periciais 16 
6 ANEXOS 22 
6.1 Anexo 1 - Glossário e Definições 22 
6.2 Anexo 2 - O Assistente Técnico no Código de Processo Civil 26 
6.3 Anexo 3 - Exemplo de Laudo Pericial 30 
6.4 Anexo 4 - Exemplo de Parecer Técnico 37 
6.5 Anexo 5 - Bibliografia 45 
 
 
3 / 45 
 
 
PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS 
 
 
A Norma Técnica “Perícias de Engenharia na Construção Civil” da ABNT – NBR 13752 de DEZ 
1996 (em revisão) traz as seguintes definições relacionadas com o tema. 
Perícia: “Atividade que envolve apuração das causas que motivaram determinado 
evento ou da asserção de direitos. ” 
Perito: “Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenha-
ria, Arquitetura e Agronomia, com atribuições para proceder à perícia”. 
Assistente Técnico: “Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais 
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, indicado e contratado pela parte 
para orientá-la, assistir aos trabalhos periciais em todas as suas fases e, 
quando necessário, emitir seu parecer técnico”. 
Laudo: “Peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e dá 
as suas conclusões ou avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou di-
reitos. ” 
 
O Código de Processo Civil (CPC), Lei 13.105/2015, estabelece: 
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conheci-
mento técnico ou científico. 
§ 1º - Os peritos serão escolhidos entre os profissionais legalmente habilitados e ... inscritos 
em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado (novidade). 
§ 2º - Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública..., para a indi-
cação de profissionais ou órgãos técnicos interessados. 
... 
§ 5º - Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, 
a nomeação do perito é de livre escolha do juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão 
técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da 
perícia. 
A regra e o normal é que o juiz nomeie o perito e as partes indiquem assistentes técnicos de 
grau superior, com habilitação formal adequada ao objeto da perícia, sob pena de invalidade 
do laudo. 
4 / 45 
 
Há que combater a atitude de alguns juízes de nomear pessoas não qualificadas em localida-
des que dispõem de profissionais habilitados e qualificados. Os profissionais devem procurar 
esclarecer aos magistrados o que estabelece a legislação ordinária e a específica de regula-
mentação profissional. Não obtendo êxito, devem denunciar ao Instituto Brasileiro de Avalia-
ções e Perícias de Engenharia (IBAPE) da sua região, assim como ao CREA. 
O perito, uma vez nomeado pelo magistrado, conforme o caput do Art. 465 deve cumprir es-
crupulosamente o encargo, independentemente de termo de compromisso: 
“Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato 
o prazo para entrega do laudo. ” 
A intimação da nomeação do mesmo é feita por mandado específico, por via eletrônica (e-
mail), postal (carta registrada) ou, até mesmo, por comunicação oral (telefônica), pelo escri-
vão ou um seu preposto cartorário. 
Em princípio, o perito, quando nomeado, tem o dever de aceitar o exercício da função, só 
podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo, o que deve fazer dentro de 15 
(cinco) dias da intimação, da suspeição ou do impedimento superveniente, sob pena de re-
núncia ao direito a alegá-la (CPC, artigo 157). 
Pode ele, também, ser recusado por impedimento ou suspeição (CPC, artigo 145), ou falta de 
conhecimentos técnicos ou científicos (CPC, artigo 468, I). 
São motivos de impedimento do perito para atuar nos processos, os mesmos aplicáveis aos 
juízes, previstos no CPC, Art. 144, dos quais merecem ser destacados os seguintes: 
a) de que for parte; 
b) em que interveio como mandatário da parte, funcionou como órgão do Minis-
tério Público, ou prestou depoimento como testemunha; 
c) quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou 
qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colate-
ral, até o segundo grau; 
d) quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em li-
nha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; 
e) quando for membro de órgão de direção ou de administração de pessoa jurí-
dica, parte na causa; 
Da mesma forma aplicam-se os motivos de suspeição de parcialidade do juiz ao perito, con-
forme a estipula o Art. 145, quando: 
a) amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
b) alguma das partes for credora ou devedora, do perito de seu cônjuge ou de 
parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; 
5 / 45 
 
c) herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; 
d) quando receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar al-
guma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender 
às despesas do litígio; 
e) interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. 
São razões relevantes para o perito não aceitar o encargo, além dos motivos de impedimento 
e suspeição acima relacionados: 
a) o fato de se tratar de perícia relativa à matéria sobre a qual se considere inabi-
litado para apreciar; 
b) idem, sobre questão a que não possa responder sem desonra própria ou de 
seu cônjuge, parente, amigo íntimo ou sem expô-los a perigo de demanda ou 
dano patrimonial; 
c) idem, idem, sobre fatos cuja divulgação importe em violação de segredo pro-
fissional; 
d) a circunstância de já estar anteriormente compromissado em outros serviços, 
que não lhe permitam cumprir os prazos fixados. 
Prevê o Código de Processo Civil, quanto a prazos: 
“Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato 
o prazo para a entrega do laudo. ” 
“Art. 476 – Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do 
prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente 
fixado. ” 
Paralelamente, está previsto no mesmo Código: 
“Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, ...” 
“§ 1º – As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do 
perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo, o assistente 
técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo 
parecer. ” 
O juiz não está adstrito ao laudo ou obrigado às conclusões do perito que nomeou ou dos 
assistentes das partes – pois pode aceitar qualquer dos laudos ou recusar todos – tendo a 
faculdade de nomear outro vistor, consoante lhe permitem o artigo 480 do Código de Pro-
cesso Civil, abaixo transcritos: 
6 / 45 
 
“Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indi-
cando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclu-
sões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito. 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante nos autos, independentemente do sujeito 
que a tiver promovido, e indicará, na sua decisão, as razões da formação do seu convenci-
mento. 
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de 
nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. 
§ 1º - A segunda perícia tem por objetoos mesmos fatos sobre os quais recaiu 
a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que 
esta conduziu. 
... 
§ 3º - A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o 
valor de uma e de outra. ” 
Essa prerrogativa, da qual os juízes se valem, em geral com cautela para não retardar o anda-
mento do processo e não sobrecarregar de despesas a parte vencida, é também usada, em 
casos extremos, nas instâncias superiores. 
No caso de segunda perícia, teoricamente aplicam-se as mesmas regras dos artigos anterior-
mente analisados do CPC, cabendo ressalvas iguais àquelas feitas antes, quanto ao entendi-
mento com os assistentes. 
Em princípio, a segunda perícia deve versar sobre os mesmos fatos da primeira, sem significar 
isto que o magistrado esteja impedido de, não se satisfazendo, fundamentadamente, com o 
primeiro nem com o segundo laudo, nomear um terceiro ou, até, um quarto perito. 
Alternativamente, o juiz e as partes, podem solicitar esclarecimentos ou quesitos suplemen-
tares, conforme o CPC prevê. 
“Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 
20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. 
§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do 
perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de 
cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. 
§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer 
ponto: 
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do 
juiz ou do órgão do Ministério Público; 
II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte. 
7 / 45 
 
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz 
que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instru-
ção e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. 
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com 
pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência. ” 
“Art. 470. Incumbe ao juiz: 
I - indeferir quesitos impertinentes; 
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da 
causa. ” 
 
 
 
RECEBIMENTO DE PROCESSO JUDICIAL 
 
Ao receber os autos de um processo judicial, o perito não deve se impressionar com o seu 
tamanho, muitas vezes envolvendo vários volumes de disputa jurídica sem relação direta com 
o fato objeto da perícia. 
Por isso é recomendável que o perito inicie sua primeira leitura dos autos pelo despacho do 
juiz ou do desembargador que o nomeou (último volume dos autos) que costuma conter di-
retrizes estabelecidas por ele e/ou seus quesitos a serem respondidos, seguida da leitura dos 
quesitos propostos pelas partes, anotando fatos importantes que possibilitem posteriormente 
redigir o “histórico” de seu parecer ou laudo. 
Nesta leitura o perito deve também “sentir” a causa, de forma a identificar exatamente o que 
as partes (ou o juiz) pretendem esclarecer tecnicamente com a perícia, fato que nem sempre 
fica evidenciado naqueles quesitos. Durante esta leitura, é conveniente anotar as páginas 
onde se encontram documentos ou relatos importantes, ou colocar tiras de papel no volume 
lido, marcando o local onde estão. 
Como regra geral, o perito em seu laudo deve se restringir aos fatos constantes dos autos, 
respondendo ao que lhe foi perguntado, sem digressões sobre assuntos alheios à lide. Esta 
regra geral comporta exceções: 
 A primeira exceção diz respeito a fatos técnicos importantes para a lide aos 
quais as partes não dedicaram atenção especial, pois o olho do engenheiro ou 
arquiteto é diferente do olho do advogado. Estes fatos devem ser relatados 
obrigatoriamente, para não infringir dispositivo do Código Penal (calar a ver-
dade implica em pena de reclusão). 
8 / 45 
 
 Outra exceção corresponde ao fato das partes esquecerem de perguntar o prin-
cipal. Por exemplo, não são raras as lides em ações renovatórias, em que as 
partes formulam muitos quesitos envolvendo aspectos relevantes para o arbi-
tramento do aluguel, mas se esquecem de perguntar qual o valor do aluguel e 
respectiva periodicidade de reajuste, para que prazo de locação, na respectiva 
data de renovação do contrato! Ocorrendo esse esquecimento, o perito tem a 
obrigação de perceber o fato e apresentá-lo de forma conclusiva no corpo do 
laudo. 
Após a releitura atenta dos autos, ou exame das anotações da entrevista inicial com o cliente, 
o perito deve determinar claramente os objetivos a serem atendidos em seu laudo, geral-
mente estabelecidos em forma de perguntas formuladas no plural, do tipo: Quais os valores 
praticados em vendas recentes de imóveis semelhantes? Quais as origens das trincas consta-
tadas no edifício? etc. 
Infelizmente os peritos inexperientes costumam formular estas perguntas no singular, como 
resultado do sistema de estudo adotado nas escolas técnicas, em que o pensamento lógico é 
priorizado, em detrimento da criatividade. Essa informação lhes indica erradamente que tudo 
que eles precisam é a formação de uma única ideia geral lógica que responda à pergunta. 
 
 
 
A Perícia em Juizados Especiais Cíveis 
Está prevista no Art. 35 da Lei 9.099/95 a possibilidade de produção de prova técnica de menor 
complexidade e o Art. 32 não veda. Deve-se, contudo, respeitar os princípios da simplicidade, 
economia processual e celeridade previstos no Art. 2º da lei. O Enunciado nº 12 do I Encontro 
Nacional de Coordenadores de Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil prevê: “A prova 
pericial é admissível na hipótese do Art. 35 da Lei 9.099/95”. Os Arts. 35 e 32 versam: 
 “Art. 35 – Quando a prova do fato exigir, o juiz poderá inquirir técnicos de sua 
confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico. 
Art. 32 – Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especifi-
cados em lei, são hábeis para provar a veracidade dos fatos alegados pelas 
partes.” 
 
 
 
 
9 / 45 
 
 
 
 
JUIZO ARBITRAL 
Lei nº 9.307/1996– Lei de Arbitragem (alterada pela Lei 13.129 de 26/05/2015). 
 
O que reza o Art. 31, deixa claro o poder do laudo arbitral, desde que não hajam razões de 
nulidade, previstas na lei: 
“Art. 31 – A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos 
efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo con-
denatória, constitui título executivo. ” 
 
Chamada de “Justiça Leiga” em que as partes litigantes acordam em indicar árbitros leigos 
para solução de pendências onde a lei admite a negociação direta. 
Importante área de atuação para os peritos das áreas técnicas. 
É uma atividade em plena extensão, pois mais rápida e sigilosa, embora mais cara inicial-
mente. 
 
 
 
10 / 45 
 
 
 
TÉCNICA DE REDAÇÃO DE LAUDOS 
 
 
A pequena bibliografia existente sobre redação de laudos apresenta geralmente casos de ava-
liações, mais passíveis de padronização, havendo inclusive programas de computador especí-
ficos para isso, além de livros como indicados na Bibliografia anexa ao final. 
Na área de redação de laudos envolvendo problemas técnicos (perícias propriamente ditas) a 
literatura é super escassa, pois cada caso é um caso diferente, e, portanto, o roteiro de reda-
ção desses laudos tem que ser genérico para abranger os inúmeros tipos. 
A NBR 13.752 de DEZ 1996 da ABNT “Perícias de Engenharia na Construção Civil” (em revisão) 
estabelece no item 6 os critérios de apresentação de laudos: 
“6.2 – Na apresentação de laudos deve constar, obrigatoriamente, o seguinte: 
a) indicação da pessoa física ou jurídica que tenha contratado o trabalho e 
do proprietário do bem objeto da perícia; 
b) requisitos atendidos na perícia conforme 4.3; 
c) relato e data da vistoria, com as informações relacionadas em 5.2; 
d) diagnósticoda situação encontrada; 
e) no caso de perícias de cunho avaliatório, pesquisa de valores, definição 
da metodologia, cálculos e determinação do valor final; 
f) memórias de cálculos, resultados de ensaios e outras informações relati-
vas à sequência utilizada no trabalho pericial; 
g) nome, assinatura, número de registro no CREA e credenciais do perito de 
engenharia. ” 
 
1 – O LAUDO PERICIAL 
 
Do ponto de vista prático, o laudo é o resultado da perícia expresso em conclusões escritas e 
fundamentadas, devendo conter fiel exposição das operações e ocorrências das diligências, 
concluindo com parecer justificado sobre a matéria submetida a exame do especialista e res-
postas objetivas aos quesitos formulados pelas partes e não impugnados pelo juízo. 
Ele pode ser instruído com documentação, plantas, desenhos, croquis, fotografias, pesquisas 
e quaisquer outras peças e elementos elucidativos - artigo 473 do Código de Processo Civil 
(CPC). 
11 / 45 
 
“Art. 473. O laudo pericial deverá conter: 
§ 3º - Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos po-
dem valer-se de todos os meios legais necessários, ouvindo testemunhas, obtendo in-
formações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em 
repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, dese-
nhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da pe-
rícia. ” 
A legislação não prescreve a forma pela qual o laudo deve ser apresentado. Constituindo a 
peça representativa das operações periciais, das ocorrências das diligências e da concatena-
ção dos fatos que determinam as conclusões do vistor, deve obedecer à orientação individual 
deste, razão pela qual, sem sombra de dúvida, seria desaconselhável exigir-lhe respeito a fór-
mulas predeterminadas. 
Na maioria das vezes, para melhor concatenar os fatos e ideias ou também em virtude de os 
quesitos não ensejarem essa coordenação lógica, o laudo pode ser estruturado em partes. 
No laudo, o perito, além de um resumo das alegações e posição dos litigantes, formulará um 
relatório a respeito dos fatos apurados e sua interpretação e, em função disso, apresentará as 
conclusões fundamentadas a respeito da matéria discutida. 
Nas respostas aos quesitos, baseado nas mencionadas conclusões, deverá responder, franca 
e objetivamente, a todas as perguntas formuladas pelas partes, pelo juiz ou pelo Ministério 
Público, quando interveniente. 
São os quesitos que determinam as diretrizes para a feitura do laudo, servindo suas respostas 
para demonstração da tese que cada uma das partes quer provar e para orientação do juiz na 
prolação da sentença. 
Por isso, na sua redação, necessita o perito tomar cautelas especiais, devendo ela ser: 
Clara: evitar palavras de duplo sentido ou linguagem intrincada e obscura que possa 
prejudicar a compreensão da matéria envolvida. 
Objetiva: atender exclusivamente aquilo que foi perguntado, sem expor opiniões pes-
soais não alicerçadas em fatos ou sem o competente fundamento técnico. 
Pertinente: ater-se à matéria envolvida na causa, sem tecer considerações sobre atos 
estranhos ao assunto, tais como ocorrências passadas ou cogitações futuras 
não alicerçadas tecnicamente. 
Concisa: evitar a prolixidade, ou seja, a narração extensa de fatores que podem ser re-
sumidos em poucas palavras, sem perder seu conteúdo. A concisão dá mais 
força aos vocábulos cujo emprego criterioso torna a leitura do laudo menos 
cansativa e evita a dispersão do raciocínio. 
12 / 45 
 
Ser conciso é uma virtude, porém ser lacônico é um vício que deve ser evitado. A concisão 
revela o poder de síntese do emissor da mensagem. O laconismo dá a entender economia de 
esforços na transmissão da ideia, deixando de trazer, muitas vezes, subsídios úteis e impor-
tantes para o juiz. Portanto, o perito e os assistentes necessitam não incidir nesse senão, de-
vendo especialmente evitar respostas monossilábicas aos quesitos, do tipo “sim” ou “não”. 
A respeito dessa questão há um exemplo bastante ilustrativo no livro “Da pertinência e Obje-
tividade dos Quesitos nas Ações Possessórias e de Retratação”, de João Eurípedes Sabino (Edi-
ção Universitária de Direito – São Paulo, 1988), onde consta: 
“Quesito extraído de uma Ação Cominatória C/C Indenizatória 
- Existem britadores instalados, ou em fase de instalação, na divisa das propriedades em 
foco? 
Sim, existe instalado próximo à linha divisória traçada entre as propriedades litigan-
tes, um conjunto de máquinas e prédios, próprio para a britagem de pedras de basalto 
em fase final de instalação. O dito britador e a habitação tipo apartamento, já men-
cionados, estão separados por uma distância de 150,00 metros (cento e cinquenta 
metros). 
OBS.: Imaginemos se para os mesmos quesitos tivéssemos a resposta lacônica: 
Sim ou não. 
Veríamos que o quesito, por sua abrangência, objetivo a alcançar e pertinência, realmente 
não merecia uma resposta simplesmente negativa ou positiva, mesmo porque implicitamente 
nos mesmos existem várias indagações. Note-se que, no corpo do quesito formulado, se per-
guntou ao mesmo tempo se: 
1 – Existem britadores instalados? 
2 – Em fase de instalação? 
3 – Na divisa das propriedades em foco? ” 
A redação do laudo necessita ser clara, em estilo simples e direto - nem lacônico, nem prolixo. 
Acima de tudo deve ser evitada qualquer obscuridade, que constitui vício capaz de torná-lo, 
em certos casos, inútil. 
Deve, porém, circunscrever-se ao objeto da perícia, não indo além do necessário, mas não 
fugindo ao seu objetivo e ao indagado nos quesitos. Sem utilidade, também, são considera-
ções de ordem jurídica, que alguns peritos adicionam a seus laudos esquecendo que sua mis-
são é meramente técnica. 
É criticável, igualmente, o hábito de certos peritos que, talvez imaginando impressionar o juiz 
e as partes e eventualmente pensando justificar maiores honorários, gastam páginas e páginas 
13 / 45 
 
do laudo em um pretenso resumo do processo (similar a um relatório de sentença), onde re-
produzem, quase literalmente, todas as alegações da inicial e da contestação, em divagações 
e dissertações prolixas a respeito de assuntos irrelevantes para as questões a serem dirimidas. 
Nesses casos, cabe o consagrado aforismo dos meios forenses: “quem em juízo escreve muito, 
corre o risco de não ser lido”. 
Outro aspecto que merece ser mencionado é o uso de neologismos. Segundo o eminente ma-
gistrado José Maria da Costa, Bacharel em Letras e Coordenador de Linguagem Forense da 
Escola Paulista de Magistratura em seu artigo, “Considerações sobre a Linguagem Forense” 
(RT – 722/264, dezembro de 1995), o neologismo só deve ser utilizado quando não houver, 
no idioma, sinônimos perfeitos. E cita como exemplo o adjetivo “imexível” usado por um ex-
ministro, que, embora obedecesse “integralmente à técnica de formação de palavras em 
nosso idioma, afigurava-se como totalmente desnecessário, pois bem podia ser substituído 
por intocável ou intangível dentre outros sinônimos perfeitos”. 
Ainda, segundo o mesmo, é condenável o uso de palavras estrangeiras que mantêm relação 
de perfeita correspondência semântica com palavras de nossa língua. É o caso de “perfor-
mance” que pode muito bem ser substituída por “desempenho”. O referido autor é de opinião 
que o latim, como língua morta, possibilita a segmentação que cristaliza um princípio e enri-
quece um texto. “Na prática, parece – continua ele – que dizer em português fumaça de bom 
direito não esgota o conteúdo de fumus boni juris; e perigo na demora parece não exaurir o 
vetusto periculum in mora. Mas é preciso cuidado: o latim tem que ser bem citado; se não se 
sabe, o melhor é não citar. Como exemplo do uso impróprio do latim pode ser mencionado o 
caso de perito judicial que, em determinada parte do texto de um laudo, consignou ter cons-
tatado certo fato in locus”. 
Embora nãonecessariamente castiço o texto deve evitar vulgaridades, gírias e refrões popu-
lares. A seguir, vão apresentados alguns excertos, colhidos em laudos judiciais, onde esse de-
feito é flagrante: 
 Frase retirada de um laudo, do capítulo relativo à descrição do imóvel: “O imóvel está 
uma boneca” 
 Frase do termo de encerramento de laudo: “Os anexos seguem em separado” 
 Descrição de máquina elétrica componente de rol de equipamentos: “A máquina ma-
nual é toda manual e velha” 
 Comentário de perito com intuito de valorizar seu trabalho: “Visitamos o açude nos 
fundos da fazenda e depois de longos e demorados estudos constatamos que o 
mesmo estava vazio” 
 Descrição de perito tentando dar imagem real da topografia de uma área: “Era uma 
ribanceira tão ribanceada que se estivesse chovendo e eu andasse a cavalo e o cavalo 
escorregasse, adeus perito” 
14 / 45 
 
 Maneira de perito descrever a localização de um imóvel situado na Av. Paulista (a 
mais importante e valorizada na cidade de São Paulo), esquina com a Rua Pamplona: 
“Segue-se pela Avenida 9 de Julho, desvirar à direita na Rua Engenheiro Monlevade, 
virar à direita na Rua Carlos Gomes, virar à esquerda na Avenida Paulista. O imóvel 
situa-se do lado direito” 
Mostra a experiência que, quando for necessário apresentar pesquisas extensas, orçamentos 
detalhados, citações bibliográficas etc., isso seja feito sob forma de apêndice (elaborado pelo 
autor) ou anexo (autoria de terceiros) reproduzindo no corpo do laudo propriamente dito 
apenas as conclusões ou os trechos específicos que interessam diretamente ao caso e sejam 
compreensíveis aos leigos. 
Embora como já mencionado, não deva o perito emitir opiniões ou se imiscuir em questões 
de direito ou em pretensões das partes, mas limitar-se a juízos técnicos sobre o objeto da 
perícia, é desejável que eles possuam conhecimentos genéricos no campo legal e processual, 
via de regra adquiridos pela vivência e prática, para que, assim, possam oferecer à opção do 
julgador e ao debate dos litigantes todas as eventuais diferentes soluções que o caso enseje 
sobre o prisma jurídico. Deve, em qualquer hipótese, estudar, por inteiro e detidamente todo 
o processo, examinando os autos e até, eventualmente, outros que com eles tenham conexão, 
a fim de poder formar um juízo pleno das teses discutidas e, dentro do possível, interpretar o 
sentido dos quesitos, nem sempre redigidos em linguagem ao alcance dos técnicos. 
Os assistentes também podem tomar cautelas similares, remetendo ao perito pesquisas, plan-
tas, informações e sugestões, documentando-se da entrega destas, com o que evitam venha 
o vistor a desconsiderá-los, sob o eventual pretexto, implícito ou explícito, de não ter sido 
informado oportunamente (o que pode acontecer, embora felizmente em raras ocasiões). 
A rigor, a nova sistemática introduzida pelas modificações efetuadas no Código de Processo 
Civil a partir da Lei nº 8.455/92 aboliu a figura do laudo unânime obrigatório, que, embora 
raro, se constituía em uma ocorrência útil e desejável sob todos os aspectos, quando se con-
seguia. 
Em caso de desacordo ou quando o perito, por não existir possibilidade de estabelecer contato 
com os assistentes apresenta laudo individual devem estes dar um parecer analítico a propó-
sito do laudo judicial com suas conclusões concordantes ou discordantes. 
A análise do laudo judicial pode ser feita com relativa facilidade se ele for bem concatenado e 
lógico em seu encadeamento, bastando para o exame ater-se à sequência do trabalho, indi-
cando os pontos de concordância e divergência, assim como as razões dessas posições e, even-
tualmente, no final, as retificações ou mudanças entendidas necessárias nas conclusões fun-
damentais. 
15 / 45 
 
Na hipótese de o trabalho do esperto oficial não possuir essas qualidades, em geral quando 
este se limita a responder aos quesitos – que, como foi dito, nem sempre são adequadamente 
concatenados – a solução é examinar exaustivamente cada um de seus pontos ou passos. 
Nesses casos, especialmente no último, a fim de evitar a necessidade de resumos interpreta-
tivos prévios dos trechos do laudo em análise – contra os quais há uma evidente predisposição 
de desconfiança por parte dos juízes, que os obrigaria à leitura do texto original – a experiência 
mostra ser útil reproduzir os indigitados trechos do laudo, antecedendo sua análise ou glosa, 
para não forçar o magistrado e outros leitores da peça divergente a manuseio e consulta dos 
autos, nem sempre fácil. 
As críticas dos assistentes ao laudo judicial e até mesmo impugnações feitas pelos advogados, 
levam muitos juízes a determinar ao perito que preste esclarecimentos, independentemente 
de solicitação das partes ou de perguntas elucidativas cabíveis na audiência prevista no artigo 
435 do CPC. Não pode, porém, ser inquirido a respeito de matéria estranha ao conteúdo do 
laudo ou dos quesitos originais. Caso ocorra em forma de quesitos suplementares e aceitos 
pelo Juiz, caberão honorários complementares. 
Essa prática, em que pesem os ônus e sobrecargas que trazem ao perito, é salutar, pois per-
mite que ele retifique seu trabalho em função de novos elementos ou diferentes enfoques 
úteis trazidos pelos assistentes, ou reafirme seus pontos de vista, esclarecendo eventuais in-
terpretações deturpadas ou forçadas. 
Por caturrice ou por temerem ser diminuídos perante o juiz ao reconhecer uma crítica proce-
dente, peritos há que, sistematicamente, recusam-se a aceitá-las. Isso “data venia”, se cons-
titui em erro, pois não só os magistrados, de regra, encaram como prova de honestidade e 
coerência o reconhecimento pelo seu perito de eventuais falhas ou lapsos no laudo, como, 
principalmente, é uma oportunidade de se rever e aprender algo de novo, eis que ninguém é 
infalível nem dono absoluto da verdade. 
 
2 – CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS DE UM LAUDO 
 
Um dos melhores resumos de roteiro de laudo encontrado na literatura especializada é trans-
crito a seguir: 
“Todo laudo deve atender a requisitos intrínsecos: ser completo, claro, circunscrito 
ao objeto da perícia e fundamentado. 
Todo laudo deve constar de duas partes: relatório e conclusão. 
No relatório, o perito fará menção de tudo quanto tiver ocorrido na diligência. Des-
creverá o objeto submetido a exame: descreverá o imóvel, a coisa ou o documento 
16 / 45 
 
examinado, naquilo que interessam à perícia, quer no estado em que foram encon-
trados, quer das alterações por que passaram durante a diligência. Exporá as ocor-
rências da diligência, quando e como se deu o contato do perito com o objeto su-
jeito a exame, a atuação das partes durante a diligência, o tempo despendido etc. 
Relatará as operações realizadas, os meios e métodos de que se utilizou, os traba-
lhos, observações, experiências e pesquisas feitas etc. Mencionará as informações 
colhidas e as respectivas fontes de informação. 
Ao relatório seguir-se-á o parecer, ou conclusão, onde o perito dará respostas, ca-
balmente justificadas, às perguntas que lhe foram formuladas. Por isso, é que dis-
põe a lei que os peritos responderão aos quesitos em ‘laudo fundamentado’. 
O laudo deve ser claro, isto é, em estilo simples e claro, nem por demais sintético, 
nem esparramado ou prolixo. Acima de tudo, deve o perito evitar qualquer obscu-
ridade. A obscuridade constitui vício do laudo, tornando-o, em certos casos, im-
prestável. 
O laudo deve circunscrever-se ao objeto da perícia. Vale dizer que o perito deve 
limitar-se a oferecer parecer sobre a matéria que lhe é submetida a exame. Cum-
pre-lhe não ir além, mas também se lhe impõe não fugir ao que lhe é perguntado. 
Deverá dar resposta a todos os quesitos. 
O laudo deve ser fundamentado. Do perito se exige que forneça as razões em que 
se funda o parecer. A cada resposta, convém seguir-se a fundamentação dela. Em 
consequência, na ausência de elementos com que satisfazer a resposta,insta em 
não proferí-la, declarando, porém, o motivo por que assim procede. Desde que seja 
para esclarecimento e fundamentação do laudo, lícito será ao perito ilustrá-lo com 
plantas, mapas, desenhos, fotografias e peças equivalentes, observando-se, con-
tudo, que não deve usar dessa faculdade com o mero propósito de encarecer o 
trabalho como a miúde sói acontecer”. Moacyr Amaral Santos, no livro Direito 
Usual para Engenheiros. 
 
3 – DICAS PRÁTICAS NA ELABORAÇÃO DE LAUDOS PERICIAIS 
 
A seguir apresentamos dicas que julgamos importantes para os principiantes: 
 usar papel timbrado, em tamanho padrão A4, padronizado pela ABNT, que corres-
ponde a 210 mm x 297 mm; 
 numerar as páginas do laudo na parte inferior, deixando margem superior livre de 
pelo menos 3 cm; no canto superior desta margem o escrevente numera as folhas 
dos autos; 
17 / 45 
 
 deixar margem esquerda de no mínimo 3 cm (preferível 4 cm) que possibilite o 
grampeamento dos autos. Atenção para os documentos dobrados, que, se atingi-
rem estes 3 cm não poderão ser abertos; 
 deixar margem direita de, no mínimo, 1 cm; 
 deixar margem inferior (rodapé) de, no mínimo, 2 cm: o usual é 3 cm; 
 no início da primeira página identificar a quem é dirigido o trabalho, por exemplo: 
NOME E ENDEREÇO DO INTERESSADO ou 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 29ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL 
 deixar espaço de pelo menos 10cm abaixo do cabeçalho, onde o juiz possa escre-
ver seu despacho, como por exemplo “J., digam. SP 29/03/1993” (juntem-se aos 
autos e manifestem as partes); 
 no meio deste espaço, junto à margem esquerda, destacar “Autos nº tal/ano (dois 
últimos dígitos) ”; 
 no rodapé, criar texto padrão indicando o número dos autos, a vara a que per-
tence, o autor do laudo, o número da folha e total de folha, pois isto facilita a 
recomposição do laudo em autos onde ocorra destacamento de folhas; 
 no meio da folha de rosto, apresentar um texto semipadronizado, como p. ex.: 
“Fulano de tal, engenheiro civil, portador da carteira do CREA n. tal, perito judicial 
(ou assistente técnico do autor, ou réu, ou “tendo sido consultado por V. Sa. “) 
nomeado às fls. tais do auto na ação (tipo da ação, p.ex. de produção antecipada 
de provas) que FULANO DE TAL (autor) move contra SICRANO (réu), tendo proce-
dido aos estudos e diligências que se fizeram necessários, vem apresentar as con-
clusões a que chegou consubstanciadas no seguinte LAUDO, ou PARECER CON-
CORDANTE, ou PARECER DIVERGENTE, ou PARECER PARCIALMENTE CONCOR-
DANTE (ou divergente), ou PARECER TÉCNICO (atenção: os textos dos assistentes 
são pareceres, e não laudos, privativo dos peritos). 
 Indicar sempre a data e a hora em que foi realizada a perícia e em que foram ba-
tidas as fotografias (utilizar manchete de jornal do dia na foto, para caracterizar 
que o evento não ocorreu antes desta data). Para comprovar que não ocorreu de-
pois da data assinar no verso da foto e reconhecer sua firma em cartório; 
 Sempre que citar um documento ou uma frase que está nos autos, citar em se-
guida a folha (dos autos, dos laudos etc.) para facilitar a consulta do juiz e demais 
interessados. 
 Ao citar documentos fundamentais ou outros laudos que não estejam nos autos, 
JUNTAR OBRIGATORIAMENTE CÓPIA DOS MESMOS EM ANEXO. 
18 / 45 
 
 No item HISTÓRICO ou RESUMO o perito judicial deve caprichar no resumo da lide, 
observando que deve ser conciso e claro, até chegar ao pedido da perícia. Em pro-
cessos muito complexos, o juiz costuma ler este resumo feito pelo seu perito de 
confiança para ter uma rápida noção do caso, e muitas vezes usa este capítulo 
para fazer o seu RELATÓRIO da sentença. Já o assistente técnico deve reduzir o 
HISTÓRICO ao mínimo indispensável para identificar genericamente as partes e a 
origem da lide. 
 É de praxe terminar o HISTÓRICO citando que às fls. tais dos autos foram indicados 
como assistentes técnicos do autor e do réu, respectivamente os eminentes enge-
nheiros (ou arquitetos) FULANO E SICRANO. 
 Jamais atacar a pessoa do perito ou assistente, lembrando que “os engenheiros e 
arquitetos nunca erram, apenas se enganam por descuido ou lapso”, não havendo 
quebra do código de ética no ato de criticar esses eventuais descuidos ou enganos. 
Deve-se centrar na discussão das teses das partes, dos fatos apresentados etc. 
 Usar títulos “atrativos” nos seus laudos (o juiz não tem tempo de ler “abobrinhas, 
ressalvas, considerações preliminares, observações” etc.). Por exemplo: RESUMO 
DAS CONCLUSÕES, RAZÕES DA DISCORDÂNCIA etc. 
 Na redação do laudo lembrar que sua principal finalidade é assessorar tecnica-
mente o juiz, dando-lhe elementos de convicção para decidir a lide. Nestas condi-
ções, pode-se descrever o problema usando termos altamente técnicos, quando 
não for possível evitá-los, mas é conveniente em seguida, entre parênteses, “tra-
duzir” a descrição ou equação de forma menos técnica, para que o juiz possa en-
tender. O juiz não gosta de ver equações – prefere ver letras ou esquemas simpli-
ficados com legendas. 
 Lembrar que quem muito escreve corre o risco de não ser lido. Por isso considera-
se virtude do laudo a sua concisão. No sentido oposto, considera-se falho o laudo 
lacônico. 
 É recomendável no final do laudo apresentar um item CONCLUSÕES, onde o perito 
ou o assistente técnico resumem as conclusões técnicas ou valores a que chegou, 
ou apresenta o valor do imóvel avaliando, indicando sempre para que data e em 
que condições de pagamento. 
 No corpo do laudo, responder aos quesitos do juízo, do autor e do réu, nesta or-
dem, transcrevendo-os antes da resposta. Ressalte-se que nem o juiz, nem as par-
tes são obrigados a formular quesitos. Responder, portanto, os existentes nos au-
tos e destacar esta situação no seu laudo. 
 Não responder aos quesitos por monossílabos, mas, se a situação assim o exigir, 
justifique-os em seguida. 
19 / 45 
 
 Evitar sempre que possível citação do tipo ”vide item 3.4 deste laudo”, mesmo 
que este item seja a exata resposta ao perguntado. Nestes casos, apresentar um 
resumo da resposta ao quesito, remetendo para o texto maior: “para maiores de-
talhes, vide item 3.4 deste laudo”. 
 Ao responder a quesitos perigosos, que “perguntam já introduzindo a resposta”, 
dar a volta no problema, esclarecendo inicialmente as hipóteses envolvidas na 
questão (“o problema não é bem assim...”), e aí apresentando as respostas, às 
vezes conflitantes, de cada uma das hipóteses. Por exemplo: 
Quesito 1 do autor - “Queiram os Srs. peritos responder se não é verdade que são 
inevitáveis as trincas em apartamentos de cobertura” 
RESPOSTA: 
“Se a pergunta quis se referir à existência de conhecimentos técnicos que evi-
tem estas trincas, a resposta é negativa, pois já são conhecidas técnicas que 
evitam o seu aparecimento. A sua aplicação, no entanto, exige o planejamento 
de medidas preventivas que se iniciam já na fase de projeto, prevendo “juntas 
de dilatação projetadas”, que na verdade são trincas planejadas, onde a natu-
reza tenderia a provocar o seu aparecimento. Na realidade, as trincas estetica-
mente horríveis seriam substituídas por outras trincas, com melhor aparência 
ou disfarce através de artifícios arquitetônicos. Alguns destes artifícios são 
apresentados no ANEXO I deste laudo, como por exemplo, mata-juntas em ri-
pas de madeira, elevação do pé-direito do apartamento, aplicando forro de 
gesso, de forma que as trincas de encunhamento apareçam na parte ocultada 
pelo forro, dupla parede nos cômodos, escondendo encontros de materiais di-
ferentes como alvenaria e concreto etc. 
Por outro lado, se a pergunta quis se referir à viabilidade econômica da cons-
trução de apartamentos de cobertura totalmente isentos de fissuras, a resposta 
é completamente diferente e oposta. Com efeito. Além do planejamento inicial 
arquitetônico, uma relação muito grande de providências deve ser atendidapor 
parte dos construtores, como, apenas para exemplificar, a isolação térmica 
da(s) laje(s) de cobertura, o que, no entanto, não impede que o apartamento 
tenha sua temperatura alterada pelo ar ambiente, insolação lateral, etc. Esta 
variação de temperatura produz dilatações diferentes em diferentes materiais, 
que podem provocar trincas. Uma tentativa de diminuir a variação da tempe-
ratura ambiente seria a instalação de aparelhos de ar condicionado, mas isto 
onera o custo. O custo de todas estas providências implica em aumento exage-
rado do custo desse apartamento, chegando até a inviabilizar sua venda no 
mercado, pois o comprador se recusaria a cobrir estas despesas. Na literatura 
é citada uma tentativa feita pelo arquiteto Le Corbusier, na França, que já no 
20 / 45 
 
projeto desvinculava o apartamento de cobertura totalmente dos demais. Esta 
tentativa provou sua viabilidade técnica, e sua inviabilidade econômica...” 
 Não usar “achismos” do tipo: “Salvo melhor juízo, este modesto perito acha que o 
prédio examinado está para cair a qualquer momento! Se não ocorrerem fatos 
supervenientes, fortuitos ou de força maior, dará tempo de impedir que o prédio 
desabe sobre as casas vizinhas. Não obstante, e apenas como medida preventiva 
tomo a liberdade de sugerir ao M. Juiz que ordene a desocupação imediata dessas 
casas...” 
 Nos casos repetitivos de vistoria “ad perpetuam rei memoriam” (vistorias em pré-
dio de apartamentos com muitos problemas, por exemplo) é recomendável a pre-
paração e envio antecipado aos condôminos de modelo de resposta, com prazo 
para sua devolução, com planta baixa esquemática contendo os nomes adotados 
para os cômodos (sala de jantar, sala de TV, quarto 1, quarto 2 etc.). Nesse modelo 
de resposta solicita-se aos condôminos que indiquem com flechas, nas plantas, os 
locais dos defeitos, numerando-os e descrevendo-os em textos sucintos, usando a 
mesma numeração. Esta providência facilita enormemente o serviço do perito, 
que na sua visita, corrige eventuais descrições, falhas ou omissões. 
 
Ainda nos casos de unidades autônomas repeti-
tivas em prédios ou conjunto de casas, às vezes 
é conveniente apresentar vistas sobrepostas de 
paredes com a descrição do problema. Isto per-
mite detectar “fenômenos múltiplos repetiti-
vos”, tais como falhas de projeto, recalques etc. 
NO EXEMPLO AO LADO DÁ PARA VERIFICAR QUE 
HÁ UM FENÔMENO REPETITIVO EM DOIS ANDA-
RES SOBREPOSTOS. 
 
 Em medidas cautelares de emergência, em que se quer provar um fato e não há 
tempo para solicitar vistoria judicial (altamente preferível), pode-se fotografar a 
situação com uma folha de rosto de jornal daquele dia. Isto indica que o fato não 
ocorreu antes. Em seguida imprimir a fotografia e, no seu verso, declarar que a 
fotografia mostra a situação existente no dia tal, a tantas horas do seguinte fato 
(legenda). Datar, assinar e reconhecer a firma do profissional no mesmo dia. Isto 
mostra que o fato não ocorreu depois desta data. Esta prova é passível de perícia, 
pois existem truques fotográficos, razão pela qual é conveniente guardar os arqui-
vos originais. 
QUARTO DE 
EMPREGADA 
APTO 21 
QUARTO DE EM-
PREGADA 
APTO 11 
21 / 45 
 
O CPC prevê: 
Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a 
fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas repre-
sentadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele 
contra quem foi produzida. 
§ 1º - As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores 
fazem prova das imagens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada 
a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia. 
... 
§ 3º - Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrô-
nica. 
 
Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando: 
... 
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o do-
cumento. 
 
22 / 45 
 
ANEXOS 
ANEXO 1 - GLOSSÁRIO E DEFINIÇÕES 
 
AVARIA: Dano causado em qualquer bem, ocasionado por defeito ou outra causa a ele ex-
terno. 
DANO: Ofensa ou diminuição do patrimônio moral ou material de alguém, resultante de delito 
extracontratual ou decorrente da instituição de servidão. No Código de Defesa do Con-
sumidor, são as consequências dos vícios e defeitos do produto ou serviço. 
DEFEITOS: Anomalias que podem causar danos efetivos, ou representar ameaça potencial, de 
afetar a saúde ou segurança do dono ou consumidor decorrentes de falhas do projeto 
ou execução de um produto ou serviço, ou ainda, de informação incorreta ou inade-
quada de sua utilização ou manutenção. 
DEPRECIAÇÃO: Diminuição do valor econômico ou do preço de um bem, porquanto lhe mo-
dificou o estado ou qualidade. Costuma ser qualificada em: 
 Decrepitude: depreciação de um bem pela idade, no decorrer da sua vida útil, em 
consequência de sua utilização e desgastes naturais com manutenções normais; 
 Deterioração: depreciação de um bem devido ao desgaste de seus componentes ou 
falhas de funcionamento de sistema, em razão de uso ou manutenção inadequados; 
 Mutilação: depreciação de um bem devido à retirada de sistemas ou componentes 
originalmente existentes; 
 Obsoletismo: depreciação de um bem devido à superação da tecnologia do equipa-
mento ou do sistema; 
 Desmontagem: depreciação de um bem devido a efeitos deletérios decorrentes dos 
trabalhos normais de desmontagem necessários para a remoção do equipamento. 
FISSURA: Fenda estreita e pouco profunda. 
MANUTENÇÃO: Ato de manter um bem no estado em que foi recebido, com reformas pre-
ventivas ou corretivas de sua deterioração natural. 
RACHADURA: Fenda mais acentuada e profunda que uma trinca. 
RISCO: Perigo, probabilidade ou possibilidade de ocorrência de dano. 
SEGURANÇA: Condição daquele ou daquilo que é seguro, ou firme, ou está livre de perigo, ou 
apresenta coeficiente de segurança adequado. 
SOLIDEZ: Qualidade daquilo que é sólido, ou resistente ou durável. 
TRINCA: Fissura acentuada e mais profunda, em estágio intermediário entre a fissura e a ra-
chadura. 
23 / 45 
 
VÍCIOS: Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços, ou os tornam inade-
quados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou prejuízos materiais ou 
financeiros a outrem. Podem decorrer de falhas de projeto, ou da execução, ou ainda 
da informação defeituosa sobre sua utilização ou manutenção. 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS: São os vícios ocultos que diminuem o valor da coisa ou a tornam im-
própria ao uso a que se destina, e que, se fossem do conhecimento prévio do adqui-
rente, ensejariam pedido de abatimento de preço pago, ou inviabilizariam a venda. 
 
DANOS CAUSADOS POR VÍCIO DE CONSTRUÇÃO 
Tipos de ocorrência Incidência Principais causas 
Manchas de umidade/bolor 
em paredes, infiltrações 
70% Impermeabilização, instalação e qualidade de es-
quadrias e revestimentos 
Trincas e fissuras decorrentes 
de movimentação estrutural 
47% Ausência de estrutura: alvenaria convencional sem 
pilares e vigas 
Trincas e fissuras decorrentes 
de recalque de fundações 
26% Falta de fundação ou tipo inadequado para o solo 
Afundamento de pisos ocos 9% Má compactação do aterro 
Flexão da estrutura do telhado 7% Uso de madeira de baixa qualidade ou com trata-
mento inadequado; dimensionamento inade-
quado da estrutura de telhado 
Fixação deficiente de telhas 7% Muitas vezes associada ao problema anterior; ins-
talação de telhas de fibrocimento sem seguir nor-
mas do fabricante 
Cupim em madeiras 2% Uso de madeira de baixa qualidade ou com trata-
mento inadequado 
 
Perfil das construções pesquisadas: 
Padrão de construção: 
 normal – 56%; 
 baixo – 44%. 
Tipo de edificação: 
 casa – 67%; 
 apartamento – 33% 
CONSTRUÇÃO São Paulo nº 2346 janeiro 93 
24 / 45 
 
 
 
ESPESSURA 
(mm) 
ANOMALIA CARACTERÍSTICAS≤ 0,5 Fissura Abertura ligniforme que aparece na superfície de qualquer 
material sólido proveniente de ruptura pouco profunda de 
sua massa, sem causar divisão do sólido em partes separadas. 
0,5 a 1,5 Trinca Abertura ligniforme que aparece na superfície de qualquer 
material sólido proveniente de ruptura mais profunda de sua 
massa, sem causar, todavia, divisão dos sólidos em partes se-
paradas. 
1,5 a 5,0 Rachadura Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer 
material sólido, proveniente de clara ruptura de sua massa, 
causando divisão do sólido em partes separadas. 
5,00 a 10,00 Fenda Grande abertura que aparece na superfície de qualquer mate-
rial sólido, proveniente da total ruptura de sua massa, cau-
sando divisão do sólido em partes separadas, permitindo 
ainda a passagem de luz entre ela. 
> 10,00 Brecha Fenda de maior dimensão. 
 
 
25 / 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACOMODAÇÃO 
CISALHAMENTO 
 
ROTAÇÃO 
CISALHAMENTO - Corte 
VIBRAÇÃO 
ABALO SÍSMICO TÉRMICO (Incêndio) 
FADIGA 
26 / 45 
 
ANEXO 2 - O ASSISTENTE TÉCNICO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
ENGº CIVIL E ADVOGADO FRANCISCO MAIA NETO 
Caderno Brasileiro de Avaliações e Perícias - Nov. 98. 
 
A publicação da Lei 8455 de 24 AGO 92, que já completou seis anos, trouxe alterações signifi-
cativas no texto processual civil, especialmente no capítulo que disciplina a prova pericial, no 
bojo de um movimento que envolve uma série de modificações no texto legal, que já passa 
dos vinte anos, objetivando a simplificação do processo civil brasileiro. 
O texto legal em análise introduziu alterações relativas à dispensa do compromisso, perícia 
informal, parecer extrajudicial, impedimentos e suspeição dos assistentes técnicos, nomea-
ção, escusa, recusa, e substituição do perito e lavratura e entrega do laudo pericial. 
Embora os assuntos em sua totalidade mereçam, sem dúvida alguma, um estudo sobre as 
implicações trazidas ao cotidiano dos profissionais que atuam como peritos nomeados por 
juízes ou assistentes técnicos indicados pelas partes, nos deteremos neste trabalho apenas às 
questões relativas ao posicionamento destes últimos, tamanha a polêmica que se formou 
quanto às suas reais funções e importância no processo. 
Antes, porém, apresentaremos uma retrospectiva histórica da atuação destes profissionais 
nos diversos dispositivos legais surgidos, a partir do Código de 1929, que previa, em seu artigo 
129, a nomeação de um perito de livre escolha do juiz, enquanto o artigo 132 seguinte permi-
tia a indicação pelas partes de assistentes técnicos, que poderiam acompanhar os trabalhos 
do perito e impugnar as conclusões trazidas em seu laudo. 
Estes dispositivos legais não se apresentavam em consonância com a tradição jurídica de en-
tão, o que levou os legisladores a elaborarem, três anos mais tarde o Decreto-Lei 4.565, onde 
se previa que o juiz nomearia o perito somente na hipótese das partes não chegarem a um 
consenso sobre a escolha de um nome comum, que deveriam inclusive apresentar antes 
mesmo do despacho do juiz, assim como poderiam substituir o nome indicado, desde que 
prevalecesse o consenso. 
Em 1946, surge outra alteração no texto legal, desta vez consagrando a figura que vigorou até 
a publicação do Código de Processo Civil de 1973, do perito desempatador, que só era nome-
ado caso as partes não indicassem um perito comum, ou, na hipótese de cada parte indicar o 
seu perito, se as conclusões não satisfizessem o juiz, o que invariavelmente ocorria, pois estes 
se transformavam em “advogados de defesa” das partes que os haviam indicado. 
A mudança introduzida pelo Código de 1973 retroage ao dispositivo previsto no Código de 
1939, inovando apenas quanto a determinados requisitos exigidos dos assistentes técnicos, 
27 / 45 
 
no que se refere a sua imparcialidade, pois ao contrário da concepção anterior, estes não eram 
mais os auxiliares da parte que os indicava, mas, antes de tudo, auxiliares do juiz. 
Esta foi a sistemática adotada até a mudança objeto deste artigo, ocorrida em 1992, onde o 
assistente técnico, na prática, nunca pautou pela imparcialidade, pois ninguém contratava um 
profissional senão com o intuito de demonstrar o acerto de suas posições, obviamente estri-
bado nas limitações legais e dentro do estrito rigor da ética profissional. 
Diante disso, nos fixaremos na figura atual do assistente técnico, caracterizado realmente 
como um consultor da parte, figura já existente no Direito Italiano (consulenti tecnici di parti), 
cuja função consiste na assistência a todas as investigações e operações que executa o perito 
judicial. 
Igualmente no Direito Argentino encontramos a figura do consultor técnico, considerado um 
verdadeiro defensor da parte, indicado para assessorá-lo em questões técnicas, alheias ao 
saber jurídico. 
O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar 
ou complementar o laudo do perito oficial, através de seu parecer, cabendo ao juiz, pelo prin-
cípio do livre convencimento, analisar seus argumentos, podendo fundamentar sua decisão 
neste parecer. 
O parecer fundamentado deve ser entregue no prazo de 10 dias após a apresentação do laudo, 
independente de intimação, o que chegou a gerar controvérsias quanto à contagem deste 
prazo. (Texto modificado vide nota abaixo). 
Recentemente, em decisão oriunda do 2º Tribunal de Alçada Cível do Estado de São Paulo, o 
acórdão esclareceu o que diversos juristas vinham defendendo, ou seja, que o prazo se conta 
“a partir da intimação às partes da juntada do laudo do perito”. 
Na transcrição do voto do relator, encontramos as seguintes justificativas que fundamentam 
a decisão: 
“O fato de o prazo de dez dias, após a apresentação do laudo, correr independente-
mente de intimação, significa simplesmente que não haverá intimação ao assis-
tente técnico. Não, porém, que este, ou a parte à qual presta assessoria, tenha que 
fazer plantão diário no Cartório para saber de foi apresentado ou não o laudo do pe-
rito. 
3.1 – A parte, como está expresso na lei, deve ser intimada de todos os atos do pro-
cesso (CPC, Arts. 234 e ss., especialmente o Art. 237); atos que se inclui à evi-
dência a apresentação do laudo pericial. 
3.2 – E o assistente técnico, sem nenhum compromisso com a justiça – a não ser 
aquele genérico previsto no art. 339 do CPC fica adstrito à instância da parte a 
28 / 45 
 
que presta assessoria. Se esta não é cientificada do oferecimento do laudo, não 
tem como providenciar a manifestação do assistente. 
3.3 – Vale destacar que, em face das alterações feitas pela referida Lei 8.455, não há 
necessidade de que os técnicos façam averiguação conjunta, nem muito menos 
de conferência deles, antes da lavratura do laudo (conferência que permitiria o 
conhecimento do entendimento do perito e, consequentemente, as críticas dos 
assistentes técnicos, até mesmo antes da juntada do laudo). 
3.4 – Nenhuma dificuldade, pois para se extrair a conclusão de que, só a partir da 
intimação às partes da juntada do laudo, correrá o prazo para a apresentação 
de críticas dos assistentes técnicos. ” (grifo nosso) 
 
Nota: A Lei 10.358 de 27/12/2001 deu nova redação ao § único do art. 433 do CPC, versando 
“Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após 
intimadas as partes da apresentação do laudo”, atendendo aos apelos de juristas e assistentes 
técnico. 
Finalmente, gostaríamos de apresentar uma série de sugestões, direcionadas especificamente 
a advogados, no sentido de pautar sua atenção em relação ao assistente técnico, dentro da 
nova sistemática que rege o processo civil no que tange à prova pericial: 
 Procurar contatar o assistente técnico antes mesmo do início da ação, pois este po-
derá tornar-se seu consultor técnico em todas as fases do processo. 
 Antecipar-se à nomeação do peritooficial, permitindo ao assistente técnico tomar 
conhecimento do processo, realizar um levantamento dos dados e propor suges-
tões de quesitos. 
 Avisar ao assistente técnico da nomeação do perito oficial, fornecendo seu nome, 
endereço e telefone, para que ele possa contatá-lo com facilidade, a fim de forne-
cer-lhe as informações necessárias e fazer as solicitações que eventualmente ocor-
ram. 
 Inteirar-se com o assistente técnico dos honorários que usualmente são cobrados 
pelos peritos oficiais naquele tipo de ação, que poderá ser guiado pelas tabelas pro-
fissionais ou costumes locais. 
 Não se manifestar com relação aos atos praticados pelo perito sem discutir o as-
sunto com o assistente técnico, pois muitas vezes envolvem temas de caráter res-
trito à categoria profissional em que se inserem estes profissionais. 
 Dar ciência ao assistente técnico do depósito dos honorários do perito oficial, a par-
tir do qual a perícia pode ter início a qualquer momento. 
29 / 45 
 
 Comunicar ao assistente técnico sobre a determinação para início da perícia, forne-
cendo-lhe o completo teor do despacho, pois muitos juízes costumam fixar dia e 
hora para a realização da vistoria, que, preferencialmente, deve contar com a pre-
sença do assistente técnico. 
 Informar ao assistente técnico de qualquer publicação sobre despacho relacionado 
à prova pericial direta ou indiretamente. 
 Fornecer ao assistente técnico, imediatamente, informação sobre publicação rela-
tiva à entrega do laudo pericial por parte do perito oficial. 
 Tomar conhecimento, e passar ao assistente técnico, o teor da manifestação do as-
sistente técnico da parte contrária sobre o laudo pericial entregue pelo perito ofi-
cial. 
 Discutir com o assistente técnico o conteúdo de seu parecer sobre o laudo pericial 
entregue pelo perito oficial, pois o seu trabalho deve obedecer uma linha de racio-
cínio e estratégia elaborada pelo advogado na construção da lide. 
 Trocar informações com o assistente técnico relativamente ao teor da petição sobre 
a vista ao laudo pericial do perito oficial e parecer do assistente técnico da parte 
contrária. 
 
30 / 45 
 
 
ANEXO 3 - EXEMPLO DE LAUDO PERICIAL 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA CÍVEL DA CAPITAL – SSA 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº 140.95.000000-0 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS 
AUTORAS: FULANA DE TAL 
SICRANA DE TAL 
RÉU: FULANO DE TAL 
 
JOSÉ FIDELIS AUGUSTO SARNO, Perito do Juízo na ação supracitada, após estudos, pesquisas 
e vistoria ao local, vem apresentar seu laudo na forma que se segue: 
 
1. HISTÓRICO 
Trata-se de Ação de Reparação de Danos proposta por FULANA DE TAL E SICRANA DE TAL, 
proprietárias do imóvel situado na Rua da Esperança, nº 07 (fundos) - Pituba, em face do seu 
vizinho, FULANO DE TAL, proprietário do imóvel de nº 17, na mesma rua. 
As Autoras solicitam a reparação dos danos causados a seu imóvel devido a obras de terrapla-
nagem e contenção realizadas inadequadamente pelo Réu, entre 1992 e 1993. O muro desa-
bou em maio de 1994, carreando grande quantidade de terra, durante período chuvoso. 
O Réu contesta, afirmando que executou corretamente os serviços citados e que o sinistro foi 
causado pelas Autoras que dirigiram o fluxo de águas pluviais para o muro de contenção, atra-
vés da construção de mureta perpendicular ao mesmo. 
As Autoras anexaram certidão de Vistoria da SEMADE/CODESAL, fls. 15 e Laudo Técnico do 
profissional Antônio da Silva Santos, fls. 16, em que se pronunciaram sobre o ocorrido. 
31 / 45 
 
Este perito realizou vistoria nos imóveis objeto da lide, no dia 07 NOV 96 às 9:00hs, estando 
presentes a Autora, o Réu e seu ilustre Assistente Técnico. 
Autoras e Réu formularam quesitos que passam a ser atendidos. 
 
2. QUESITOS DAS AUTORAS (fls. 52/53) 
 
1º QUESITO 
O prédio de propriedade das A.A., construído há mais de dez anos, sofreu danos e apresenta 
rachaduras? Essas rachaduras atingem a estrutura do prédio? 
RESPOSTA 
Sim. Observam-se rachaduras na estrutura de sustentação do prédio, conforme foto 1 e outras 
em cômodos diversos do mesmo. Existem rachaduras típicas de deslocamento estrutural (fo-
tos 2, 3, 4 e 5 do Anexo II e fotos de fls. 22) e outras de simples acomodação construtiva (fotos 
6, 7 e 8). 
2º QUESITO 
As rachaduras nas paredes e pisos são posteriores ao ano de 1992, quando o Réu realizou 
obras de escavação, terraplanagem e construção civil no terreno vizinho ao prédio? 
RESPOSTA 
O simples exame visual hoje não pode garantir a data dos danos no prédio. Conforme resposta 
anterior há rachaduras descritas como de deslocamento estrutural que têm como causa mais 
provável as obras de escavação no terreno vizinho ao prédio e, principalmente, o tombamento 
do muro de contenção e o carreamento de terras. 
3º QUESITO 
As rachaduras são consequência da queda do muro divisório e desmoronamento de parte 
do terreno contíguo ao prédio? 
RESPOSTA 
Respondido nos quesitos anteriores. 
4º QUESITO 
As obras de terraplanagem e contenção de encostas devem ser executadas observando-se a 
topografia da área trabalhada e as construções vizinhas para não comprometer o equilíbrio 
do talude, como aconteceu na situação narrada no presente processo? 
RESPOSTA 
32 / 45 
 
Sim. As obras realizadas por terceiros devem sempre respeitar e garantir o “status quo” dos 
imóveis contíguos, por mais precários que sejam. Qualquer alteração, mesmo que para intro-
duzir melhorias, deve ter o prévio assentimento do proprietário do imóvel a ser atingido. Em 
qualquer hipótese deve garantir o equilíbrio do talude, do terreno e benfeitorias adjacentes. 
Observar que a topografia original carreava água na direção do prédio e do terreno do Réu 
(fotos fls. 20). O muro construído no fundo do terreno das Autoras melhorou a drenagem no 
local (foto 9), assim como a canalização executada lateralmente. 
5º QUESITO 
O muro construído (sem atender às normas edilícias) pelo Réu desabou carreando grande 
quantidade de terra do terreno das Autoras, na ocasião das fortes chuvas. Por quê? 
RESPOSTA 
A execução de um muro de contenção deve garantir a estabilidade do terreno contido. Esta é 
sua finalidade primordial. Para tanto, deve resistir ao empuxo causado pelo peso da terra. O 
solo tem uma força de coesão que lhe dá sustentação, permanecendo estável, dentro de cer-
tos limites, mesmo sem qualquer estrutura de suporte, dependendo da geometria do talude. 
Os solos de Salvador são particularmente resistentes ao tombamento e por isso se cometem 
muitos abusos, frequentemente com consequências desastrosas. 
O muro é para ser projetado, calculado e executado por profissionais competentes e habilita-
dos, que devem levar em conta essas condições, e garantirem que não sejam alteradas por 
fatores previsíveis. 
Ora, o maior risco para a estabilidade de uma encosta é a perda da coesão do solo, e o fator 
mais comum de provocá-la é a água, que lubrifica as partículas de que é composto o solo, 
causando o seu deslizamento. 
Deve-se prever a garantia da estabilidade da estrutura de contenção, mesmo que novas edi-
ficações sejam erguidas pelo proprietário do terreno contido, de acordo com as normas edilí-
cias. Deve-se prever, também, sua segurança com a ocorrência de chuvas, executando-se dre-
nagens superficiais, sub-superficiais ou profundas, conforme o caso, garantindo que não será 
interrompido o equilíbrio. 
O muro construído desabou carreando grande quantidade de terra, porque não atendeu às 
exigências técnicas descritas anteriormente. 
Uma estrutura de contenção com aquela geometria (altura de cerca de 5,00m) teria que ser 
feita de alvenaria de pedra ou concreto armado atirantado no terreno ou apoiado em outra 
estrutura, podendo-se admitir painéis de alvenaria de bloco, desde que contidos em estrutu-
ras de concreto devidamente dimensionadas e apoiadas, o que não foi o caso. Vide croquis do 
Anexo II. 
33 / 45 
 
6º QUESITOHá um nexo de causalidade entre as obras e serviços executados no imóvel vizinho (terra-
planagem, escavações, construção do muro divisório, levantamento de paredes) e os danos 
ocorridos no imóvel das A.A.? 
RESPOSTA 
Sim. Em relação ao desmoronamento do muro divisório dos dois imóveis e ao carreamento de 
terra destruindo parte do pátio e quintal interno. Muito provavelmente, em relação às racha-
duras descritas na resposta ao 1º Quesito como “de deslocamento estrutural” (fotos 2, 3, 4 e 
5 do Anexo I e fotos de fls. 22). Negativamente, em relação às rachaduras descritas na mesma 
resposta como “de simples acomodação construtiva” (fotos 6, 7 e 8). 
7º QUESITO 
Poder-se-ia evitar o dano? Como? 
RESPOSTA 
Sim. Projetando, calculando e executando adequadamente a contenção multireferida, por 
profissionais habilitados, conforme descrito na resposta ao 5º Quesito. 
8º QUESITO 
Quais as obras que se fazem necessárias à reparação dos danos levantados? 
RESPOSTA 
Executar adequadamente a estrutura de contenção, onde desabou, com o sistema de drena-
gem de águas pluviais adequado; executar o muro divisório sobre o mesmo; reaterrar o trecho 
desmoronado, recompondo o terreno vizinho na geometria original; recuperar as benfeitorias 
danificadas do terreno vizinho: pátios, muros, pavimentações, revestimentos, canalizações 
etc. 
Executar adequadamente, também a estrutura de socalque sob o prédio que já apresenta ra-
chaduras (foto 1), pois foi executado sem obedecer às normas técnicas e legislação pertinente. 
Esse reforço sob o prédio deveria ter sido executado em alvenaria de pedra, concreto armado 
ou equivalente, para suportar o peso do prédio e do solo. 
9º QUESITO 
Quais as medidas que devem ser providenciadas para evitar novos prejuízos? 
RESPOSTA 
Respondido no 7º e 8º Quesitos. 
10º QUESITO 
34 / 45 
 
Os serviços de reparação dos danos devem ser executados em caráter de urgência? Quais os 
riscos em retardar as obras de reparação? As chuvas apresentam risco para o prédio na si-
tuação atual? 
RESPOSTA 
Sim. Não há qualquer garantia de estabilidade do terreno e edificação vizinha, na situação 
atual, mesmo estando em equilíbrio desde maio de 1994, data do desmoronamento. As chu-
vas, pelos motivos descritos na resposta ao 5º Quesito, constituem sempre motivo de risco 
adicional e, na situação atual, é preocupante. 
 
3. QUESITOS DO RÉU (fls. 54) 
1º QUESITO 
Se o muro de contenção construído pelo Réu, obedeceu aos requisitos de segurança? 
RESPOSTA 
Não, conforme respondido na série anterior. 
2º QUESITO 
O material utilizado pelo Réu foi o adequado para a construção da aludida contenção? 
RESPOSTA 
Não, conforme respondido na série anterior. 
3º QUESITO 
Referidas obras deram segurança e estabilidade ao prédio das Autoras? 
RESPOSTA 
Não, pois desabou provocando danos e riscos no prédio das Autoras, por drenagem indevida 
das obras realizadas sem capacidade de suporte adequado, conforme descrito na resposta ao 
5º Quesito das Autoras. 
4º QUESITO 
Havia drenagem na construção daquela contenção que possibilitavam o escoamento das 
águas pluviais? 
RESPOSTA 
Foram colocados blocos “a tição” à guisa de drenos, na alvenaria de blocos com cintas e pilares 
de concreto usada para conter o talude, o que é insuficiente como solução de drenagem. Não 
há indícios de drenagem superficial que impedisse a infiltração das águas pluviais no talude. 
5º QUESITO 
35 / 45 
 
O muro construído de forma perpendicular pelas Autoras colocou em risco o muro de con-
tenção construído pelo Réu? 
RESPOSTA 
Não. A mureta construída perpendicularmente ao muro executado pelo Réu possui abertura 
inferior que permite o escoamento das águas de chuva que caem no seu terreno e é canali-
zado ao longo da escadaria lateral (fotos 10, 11, 12 e 13). 
Conforme foi explicado na resposta ao 4º e 5º Quesitos da série anterior, as águas pluviais de 
livre curso para o terreno do Réu, onde foram realizadas as obras de terraplanagem, teriam 
que ser drenadas por quem executou o corte do maciço e sua contenção. 
O fato de o terreno natural ter caimento duplo: no sentido do prédio das A.A. e no sentido do 
terreno do Réu, e o fato de não ter proteção no fundo, conduzia as águas pluviais dos terrenos 
ao fundo e do quintal das A.A. para o terreno do Réu. 
Era de responsabilidade do Réu, portanto, a execução do sistema de drenagem superficial 
necessário ao direcionamento adequado das águas pluviais, para impedir sobrecarga de es-
forços no muro de contenção. 
6º QUESITO 
O desabamento do muro de contenção ocorreu por conta da construção do muro perpendi-
cular levantado pelas Autoras? 
RESPOSTA 
Não. O muro de contenção construído pelo Réu desabou porque foi construído sem obedecer 
às normas técnicas de projeto e execução, conforme exposto na resposta ao 5º Quesito das 
Autoras. 
7º QUESITO 
Poderia as Autoras para evitar o fluxo de águas pluviais no interior de seu prédio, adotar 
outro tipo de procedimento? 
RESPOSTA 
O fluxo de águas pluviais está adequadamente direcionado por canaleta e tubulação no prédio 
das Autoras, conforme descrito na resposta ao 5º Quesito do Réu. 
8º QUESITO 
Efetivamente, qual foi a causa do desabamento do muro de contenção construído pelo Réu? 
RESPOSTA 
Respondido no 6º Quesito do Réu. 
9º QUESITO 
36 / 45 
 
O levantamento do muro perpendicular, feito pelas Autoras, comprometeu o muro de con-
tenção construído pelo Réu. 
RESPOSTA 
Respondido no 6º Quesito do Réu. 
 
4. CONCLUSÃO 
 
Este perito conclui que houve dano à edificação das Autoras por obra realizada inadequada-
mente pelo Réu, ao executar terraplanagem e contenção sem seguir as normas técnicas em 
vigor. 
O tombamento do muro de contenção e o carreamento de terras do imóvel das Autoras são 
de responsabilidade do Réu. Há que recompor a conformação do terreno das Autoras, assim 
como recuperar os danos causados nas suas benfeitorias e restaurar a estabilidade do prédio 
residencial. 
Tais serviços são urgentes, pois a estabilidade do conjunto é precária e a responsabilidade por 
executá-los é do Réu. 
 
5. ENCERRAMENTO 
 
E, tendo concluído o presente laudo, contendo 7 folhas datilografadas, 13 fotos coloridas e 
numeradas no Anexo I e croquis no Anexo II, perfazendo um total de 17 páginas, tudo rubri-
cado por este perito que o subscreve, requer sua juntada aos Autos. 
E. DEFERIMENTO 
Salvador, 13 de novembro de 1996. 
 
José Fidelis Augusto Sarno 
PERITO DO JUÍZO 
CREA 4.151 – D/BA 
Membro nº 23 do IBAPE/BA 
 
37 / 45 
 
 
ANEXO 4 - EXEMPLO DE PARECER TÉCNICO 
 
(Observar como o parecer descreve a reclamação, que em princípio a cons-
trutora estava aceitando, elimina as suspeitas contra ela, e depois esclarece 
a provável origem do problema e sua solução). 
 
À 
CONSTRUTORA XXX LTDA. 
RUA W S/N 
SÃO PAULO 
 
PREZADOS SENHORES 
BELTRANO DE TAL, engenheiro civil portador da carteira do CREA nº 00000000000 
tendo sido convidado por V. Sas. para examinar um problema de vazamento em coluna de 
água fria do Condomínio Edifício Y, situado na rua R. nº 7, cuja origem estaria sendo atribuída 
à cravação de perfis metálicos na obra da Rua R. nº 3, que agora se inicia. Tendo feito os exa-
mes e diligências necessários, vem pelo presente apresentar seu 
 
PARECER TÉCNICO 
 
1 – HISTÓRICO 
 
Em janeiro de 1995 a CONSTRUTORA XXX Ltda. iniciou as obras do Edifício EXEMPLO, situado 
na Rua R. nº 3, no bairro da Bela Vista, nesta capital, pela cravação de perfis metálicos que 
iriam se constituir no suporte estrutural de arrimos projetados, inclusive no alinhamento da 
divisa esquerda, de quem da rua olha para a obra, onde se localiza o Condomínio Edifício Y, 
reclamante. 
No mesmo período, apareceu na parede externa do Edifício Y um vazamento numa coluna de 
água fria que alimenta os banheiros sociais dos apartamentos de finais 4 e 5, na altura do 4º 
andar. A reclamação inicial foi dos moradoresdo apto. 31, cujo banheiro foi quebrado pelo 
encanador contratado pelo Condomínio. Verificando que o vazamento vinha de cima, o 
mesmo quebrou os banheiros do 4º e 5º andares, ficando evidenciado vazamento nesse seg-
mento de coluna, cujos serviços de conserto e reposição dos azulejos foram orçados em Cr$ 
38 / 45 
 
15.600.000,00 em 31/01/1995 e, com autorização do síndico do Edifício Y, iniciados na mesma 
data, conforme cópias do orçamento que estão no ANEXO I deste parecer. 
Tendo sido levantada pelo síndico a suspeita de que esse vazamento tivesse sido provocado 
pelas vibrações originadas da cravação dos perfis metálicos na obra que se iniciava, a constru-
tora honrou este perito com o pedido de examinar o problema, emitindo parecer sobre o 
mesmo. 
 
2 – DILIGÊNCIAS REALIZADAS 
 
No dia 01/02/1995 das 8 às 12h, foram realizadas as seguintes diligências: 
a) Conhecimento da situação dos 3 edifícios da vizinhança, para verificação dos efeitos da 
cravação dos perfis metálicos, que a esta altura já estava concluída, (a obra estava inici-
ando as escavações), feito na companhia dos respectivos zeladores e do engenheiro resi-
dente da obra, Fulano de Tal; 
b) Exame do projeto estrutural do prédio em construção, incluindo as fundações, elaborado 
pela ENGENHARIA DE ESTRUTURAS LTDA. e respectiva sondagem do terreno, realizada 
pela FURASOLOS; 
c) Vistoria dos banheiros tipo da prumada afetada do Edifício Y; 
d) Exame do segmento de coluna defeituoso extraído do local pelo encanador, e cuidadosa-
mente guardado para exame pericial pelo síndico do Edifício Y, que o manteve guardado 
em quarto do subsolo, pois o conserto já havia sido concluído e recolocados os azulejos; 
e) Vistoria na loja de nº 5, situada no pavimento térreo do Edifício Y, e justaposta à obra. 
 
3 - RELATÓRIO TÉCNICO 
 
3.1– DA SONDAGEM 
A sondagem de nº SP 000/94 efetuada pela firma Furasolos teve o seu referencial de nível 
0,00 fixado na guia da calçada, no alinhamento lateral esquerdo de quem da rua olha para o 
imóvel. 
Foi constatada uma camada inicial de argila siltosa dura até a cota – 4m, seguida de uma ca-
mada de areia fina e média, pouco argilosa, de pouco compacta a compacta até a cota – 8m, 
seguida de uma camada de argila siltosa dura cinza com uma pequena camada intermediária 
de areia de espessura aproximada de 1m. No dia da sondagem, foi detectada a presença de 
água na cota – 4,5m. 
39 / 45 
 
Desta sondagem pode-se concluir que as camadas superficiais do terreno eram suficiente-
mente duras para possibilitar a transmissão das ondas vibratórias, e, portanto, ao menos em 
tese, as suspeitas do síndico do Condomínio Y, poderiam ser procedentes. 
 
3.2 – DOS PERFIS CRAVADOS 
Foram cravados 20 perfis metálicos de 10” x 4 5/8”, de comprimento médio de 11m, com 
“ficha” de aproximadamente 4m a partir da cota – 6m, onde se localizam as sapatas mais 
profundas da fundação direta projetada para o edifício EXEMPLO. 
 
3.3 – DAS REPERCUSSÕES NOS VIZINHOS 
 
 
Foram vistoriados os 3 prédios situados 
na vizinhança: 
- Edifício Y, da rua R. nº 7 (vizinho da 
esquerda); 
- Edifício W, da rua R. nº 1 (vizinho da 
direita); 
- Edifício Z, da Praça W. nº 20 (vizinho 
dos fundos). 
 
Nestas inspeções foram colhidos vários 
depoimentos verbais dos zeladores, 
faxineiros e moradores, alguns 
informando que durante a cravação 
dos perfis ocorriam trepidações, mas 
nenhum deles informando de trincas 
ou mesmo fissuras novas provocadas 
por essas trepidações. 
 
3.4 – DA VISTORIA DA LOJA JUSTAPOSTA 
Particularmente, chamou a atenção a preciosa informação trazida pelo sr. SICRANO DE TAL, 
zelador do Condomínio Y, que nos possibilitou o acesso à loja de nº 5 da rua R., situada no 
pavimento térreo e justaposta ao local da escavação. 
EDIFÍCIO Y 
 
 
 
 
 
 
 
Nº 7 
EDIFÍCIO Z 
Nº 20 
LO 
JA 
 
Nº5 
OBRA 
 
 
Vaza-
mento 
 
 
Nº 3 
 
EDIF. 
W 
 
 
 
 
 
 
Nº 1 
RUA R 
PRAÇA W 
40 / 45 
 
 Esta loja teve algumas paredes perpendiculares à divisa com a obra construídas recentemente 
para a instalação, não concretizada, de uma pizzaria, paredes estas que não foram 
solidarizadas às paredes antigas existentes. 
Estas paredes não apresentaram nenhum sinal de movimentação ou destacamento das 
outras, nas posições mais próximas possíveis do local da cravação das estacas, onde a 
energia vibratória é máxima, pois ela se dissipa ao longo do caminho físico percorrido 
(estrutura vibrante)! 
Nesta loja foram encontradas várias cicatrizes de trincas antigas, que já haviam sido 
calafetadas com massa corrida, em cujo local a pintura estava saliente, indicando fenômeno 
típico de movimentação térmica da parede, nada tendo a ver com a vibração. 
Ainda nesta loja, os pontos de encontro da alvenaria “antiga” com a estrutura de concreto 
armado do Edifício Y, não apresentaram nenhuma fissura constatável com lente de aumento, 
também nos locais justapostos aos da cravação das estacas, locais estes onde a energia 
vibratória seria máxima. 
 
3.5 – DO PARAMENTO VERTICAL EXTERNO DO EDIFÍCIO Y, NA DIVISA COM A OBRA 
Em pontos mais distantes da origem vibratória, no caso de prédios, os pontos mais altos, a 
energia vibratória é menor, pois é dissipada ao longo do trajeto percorrido, embora a 
amplitude do movimento possa ser maior pois o prédio, como um todo, se comporta como 
uma grande “viga em balanço”. 
Dos depoimentos verbais colhidos, não foi possível detectar nenhuma indicação de danos 
provocados pela trepidação. Exame visual do paramento vertical externo do prédio indicou 
que ele se apresenta íntegro, sem fissuras atribuíveis às vibrações. 
 
3.6 – VISTORIA DAS PAREDES DAS GARAGENS DO EDIFÍCIO Y 
As paredes das garagens situadas no subsolo do Edifício Y apresentam várias trincas, em 
posições claramente correspondentes às juntas de dilatação previstas no projeto estrutural e, 
inadvertidamente, revestidas de argamassa no seu acabamento. Esta argamassa, como 
deveria ocorrer ao longo do tempo, com as variações de temperatura, trincou. 
Outras fissuras muito antigas, em forma mapeada, típicas de retração de argamassa foram 
localizadas, bem como fissuras de origem térmica (pois estão muito próximas do “centro” do 
vão das alvenarias de divisa) entre os pilares estruturais. 
Não obstante, nos pontos de junção da alvenaria com a estrutura, nenhuma fissura foi 
constatada com lente de aumento, principalmente na parede de divisa com a obra do 
Edifício EXEMPLO ( local de energia vibratória máxima). 
41 / 45 
 
 
4 – CONCLUSÕES QUANTO ÀS VIBRAÇÕES 
Se não houve ocorrência de fissuras em pontos frágeis como alvenarias e argamassas nas 
áreas mais próximas do local da cravação, conforme se constata nos itens anteriores, com 
maior razão deve-se destacar a hipótese destas vibrações serem a origem do vazamento na 
referida coluna de água fria situada na altura do 4º andar do prédio, onde a energia vibratória 
é menor. 
Argumentando por absurdo. Se a origem do problema fosse vibratória, seria obvio que a 
coluna apresentasse problemas muito mais graves nos pavimentos inferiores, mais próximos 
da origem da vibração, fato que não ocorreu. 
PELA GRANDE QUANTIDADE DE EVIDÊNCIAS LÓGICAS ACIMA EXPOSTAS, TORNAM-SE 
DESNECESSÁRIOS EXAMES OU INSTRUMENTAÇÃO TÉCNICA PARA PODER CONCLUIR QUE A 
CRAVAÇÃO DOS PERFIS METÁLICOS NO TERRENO VIZINHO NÃO FOI A “CAUSA MATER” DO 
VAZAMENTO NA COLUNA DE ÁGUA FRIA NO EDIFÍCIO Y, ASSIM COMO O CUSTO DESSES 
SERVIÇOS SERIA MUITO SUPERIOR AO PRÓPRIO CUSTO JÁ APROPRIADO DO CONSERTO. 
 
5 – DA VERDADEIRA CAUSA DO VAZAMENTO 
 
A conclusão acima deixa implícita a afirmação de que teria sido mera coincidência a 
simultaneidade da cravação dos perfis metálicos e a ocorrência do vazamento. 
Para esclarecer esta dúvida, em princípio uma questão difícil, pois o problema estava sendo 
examinado “a posteriori” da conclusão do conserto, foi de inestimável auxílio a conservação

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