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AULA 2 - Legitimidade na execução civil Responsabilidade Patrimonial e Liquidação de sentença

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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO
JOSÉ AURÉLIO DE ARAUJO
1
Aula 02 - Legitimidade na execução civil. Responsabilidade Patrimonial e Liquidação de sentença
2
UNIDADE 2.0 – LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA, RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL E LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
1. Legitimidade ativa e passiva para promoção da execução civil
2. Responsabilidade patrimonial e Alienação Fraudulenta
3. Liquidação de sentença e suas modalidades
4. Liquidação de sentença individual
5. Liquidação de sentença coletiva
6. Conclusão
3
Aula 03 - Penhora e Expropriação. Suspensão e Extinção da execução.
4
UNIDADE 3.0 – PENHORA E EXPROPRIAÇÃO. SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO.
1. Penhora. 
2. Expropriação: Adjudicação, Alienação Particular e Alienação em Hasta Pública.
3. Hipóteses de suspensão da execução
4. Extinção da execução
5. Possibilidade de coisa julgada em sede de execução
6. Conclusão
5
Teoria Geral da Execução.
Conceito de Execução
GIUSEPPE CHIOVENDA: “Conceito de execução processual. Chama-se execução processual a atuação prática, da parte dos órgãos jurisdicionais, de uma vontade concreta da lei que garante a alguém um bem da vida e que resulta de uma verificação; e conhece-se por execução o complexo de atos coordenados a esse objetivo.” (Instituições de Direito Processual Civil, 1942, p. 399).
ENRICO TULLIO LIEBMAN:
(...) sanções, que são as medidas, cuja imposição é estabelecida pelas leis como consequência da inobservância dos imperativos jurídicos. (...) A atividade desenvolvida pelos órgãos judiciários para dar atuação à sanção recebe o nome de execução; em especial é aquela que tem por finalidade conseguir por meio do processo, e sem o concurso da vontade do obrigado, o resultado prático a que tendia a regra jurídica que não foi obedecida.” (Processo de Execução, 1980, p. 4)
LEONARDO GRECO: “Na tutela jurisdicional de execução, a atividade do órgão jurisdicional não é preponderantemente intelectual ou cognitiva, mas satisfativa, consistente na prática de atos coativos sobre o devedor e sobre o seu patrimônio para forçá-lo a cumprir a prestação decorrente de uma sentença ou de um outro título a que a lei dê força executiva.” (O Processo de Execução, vol. I, 1999, p. 158)
CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO: “Conceitua-se execução, em face do exposto, como uma cadeia de atos de atuação da vontade sancionatória, ou seja, conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o concurso da vontade do devedor (e até contra ela), invade-se seu patrimônio para, à custa dele, realizar-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito objetivo material.” (Execução Civil, 1998, p. 115)
Acesso à Justiça (artigo 5º, LIV, CR)
1) por um lado ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal;
Limites na execução. Limitação à autonomia da vontade Código Civil napoleônico. 
 
Liberalismo do Século XIX
nemo praecise potest cogi ad factum
Proteção da liberdade do indivíduo.
Intangibilidade de sua vontade.
2) por outro o acesso à justiça exige efetividade das decisões.
	
Princípio da Efetividade e duração razoável: artigos 4º e 6º, CPC.
Acesso à Justiça (artigo 5º, LIV, CR)
CEDH HORNSBY X GRÉCIA, 19 de março de 1997.
ART. 6º, § 1º., da CONVENÇÃO EUROPEIA de DIREITOS HUMANOS
FREDIE DIDIER JR: há um direito fundamental à tutela jurisdicional executiva. A favor da efetividade DIDIER admite a ponderação entre princípios constitucionais em concreto para relativizar as hipóteses de impenhorabilidade, como o bem de família.
X
LENIO STRECK: Recente decisão do STJ penhorabilidade de salário de policial militar para pagamento de dívida não alimentícia (REsp 1.658.069).
Princípio do Contraditório.
(artigo 5º, LV, CR, e artigo 9º, CPC)
Contraditório antecipado (artigo 9º, CPC);
Poder de influência;
Necessidade de intimação ou de citação antes do início da execução ou do cumprimento (Artigo 523, CPC).
LIEBMAN: não há contraditório no processo de execução, pois o executado está em posição desfavorável com relação ao autor, não há equilíbrio.
 
REDENTI e JOSÉ FREDERICO MARQUES: contraditório mitigado.
FREDIE DIDIER: contraditório eventual, técnica monitória de inversão do contraditório.
LEONARDO GRECO:
“Neste novo Estado de Direito, nenhuma decisão de qualquer autoridade pública, que possa atingir a esfera de interesses de algum particular, deve ser adotada sem que tenha sido antecedida da garantia ao interessado da ampla oportunidade de influir eficazmente na sua elaboração.”
GRECO, Leonardo. O Processo de Execução, vol. I, p. 269.
Contraditório participativo antecipado.
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701 (ação monitória).
Princípio de que a Execução se realiza em favor do credor.
	Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
LEONARDO GRECO: “Toda a atividade executória se dirige no sentido de realizar em concreto a satisfação do crédito do exequente.” (pg. 305). 
Mérito da Execução.
 
ARAKEN DE ASSIS: “A execução se dá em benefício exclusivo do credor”.
Princípio da Duração Razoável do Processo (artigo 5°, LXXVIII) como prevê o artigo 4° do CPC/2015:
 
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Princípio da Responsabilidade Patrimonial.
Artigo 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições previstas em lei.
Artigo 2740. Responsabilità patrimoniale. Il debitore risponde dell'adempimento delle obbligazioni con tutti i suoi beni presenti e futuri.
ENRICO TULLIO LIEBMAN “O objeto da execução são os bens e direitos que se encontram no patrimônio do executado.”
Alguns bens não se submetem à execução, em razão do beneficium competentiae, como as impenhorabilidades.
FREDIE DIDIER:
Caráter híbrido da responsabilidade patrimonial, conjugando:
coerção indireta, e
sujeição patrimonial.
Princípio da primazia da
tutela específica
FREDIE DIDIER decorre da superação do adágio liberal, originário do Direito Civil francês do século XIX, do nemo precise cogit potest ad factum:
intangibilidade da vontade do devedor;
toda a obrigação pode ser resolvida em perdas e danos. Preservação da liberdade humana.
Princípio da primazia da tutela específica. Direito brasileiro.
1) Adjudicação compulsória: Decreto-lei nº 58/1937;
2) Tutela específica da obrigação de fazer e não fazer no Estatuto da Criança e do Adolescente: artigo 213, da Lei nº 8.069/90;
3) Código de Defesa do Consumidor: artigo 84, da Lei nº 8.078/90;
4) Alteração do CPC/1973, através da Lei nº 8.952/1994, artigos 461 e 461-A;
5) CPC/2015: artigos 497, 499 e 538, §3º.
Ordem de Prioridade da tutela específica.
O artigos 497 e 499, CPC, criam uma ordem de prioridade:
tutela específica (artigo 497, caput, primeira parte);
resultado prático equivalente (artigo 497, caput, segunda parte);
solução indenizatória (artigo 499).
Princípio da primazia da tutela específica (DIDIER), ou
Princípio da Fungibilidade do meio executório (GRECO), ou
Princípio do resultado (ARAKEN) ou da maior coincidência possível:
Princípio do resultado
A prestação almejada pode ser satisfeita por meio diverso do que foi pleiteada. O importante é o resultado. A atividade executória amolda-se ao tipo de bem a alcançar (artigo 498 e 805).
Segundo ARAKEN “toda a execução, portanto, há de ser específica” (No mesmo sentido DIDIER). Busca da execução in natura, entrega do bem da vida como se a obrigação fosse cumprida espontaneamente.
Princípio da Adequação de Araken de Assis
Conjunto de atos, designado como “espécie” de execução, harmoniza-se como objeto da pretensão a executar. Busca e apreensão para bens móveis e imissão na posse para bens imóveis.
É a Fungibilidade do meio de GRECO: meio adequado ao fim.
 
DIDIER a prisão civil para as obrigações alimentares é expressão do Princípio da Adequação objetiva.
 
A impenhorabilidade dos bens da Fazenda Pública é Adequação subjetiva.
Princípio do Favor debitoris (art. 805, CPC).
Meio menos gravoso ao executado.
Exs: princípio do preço vil (artigo 891, CPC), impossibilidade de penhorar bem que somente pague as custas (artigo 836, CPC);
Busca impedir o abuso do direito (artigo 187, CCB), a execução abusiva, e proteger a Dignidade da Pessoa Humana.
Regime da prisão.
Teses STJ Edição 77 nº 4) O cumprimento da prisão civil em regime semiaberto ou em prisão domiciliar é excepcionalmente autorizado quando demonstrada a idade avançada do devedor de alimentos ou a fragilidade de sua saúde.
32
Informativo nº 0681
Publicação: 20 de novembro de 2020. 
HC 569.014-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 06/10/2020, DJe 14/10/2020
Devedor de alimentos. Regime fechado. Pedido de soltura. Pandemia do novo coronavírus. Análise caso a caso. Manifesta teratologia/ilegalidade. Antes ou depois da Lei n. 10.410/2020.
É ilegal/teratológica a prisão civil do devedor de alimentos, sob o regime fechado, no período de pandemia, anterior ou posterior à Lei n. 14.010/2020.
33
Em atenção:
ao estado de emergência em saúde pública declarado pela Organização Mundial de Saúde, que perdura até os dias atuais, decorrente da pandemia de Covid-19, doença causada pelo Coronavírus (Sars-Cov-2);
à adoção de medidas necessárias à contenção da disseminação levadas a efeito pelo Poder Público, as quais se encontram em vigor;
à Recomendação n. 62 do Conselho Nacional de Justiça consistente na colocação em prisão domiciliar das pessoas presas por dívida alimentícia; e, mais recentemente,
à edição da Lei n. 14.010/2020, de 10 de junho de 2020, que determinou, expressamente, que, até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida de alimentos seja cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da exigibilidade das respectivas obrigações, mostra-se flagrante a ilegalidade no ato atacado.
As Turmas de Direito Privado do STJ são uníssonas em reconhecer a indiscutível ilegalidade/teratologia da prisão civil, sob o regime fechado, no período de pandemia, anterior ou posterior à Lei n. 14.010/2020.
34
Dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia do coronavírus (Covid-19).
CAPÍTULO X
DO DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES 
Art. 15. Até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia, prevista no art. 528, § 3º e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), deverá ser cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da exigibilidade das respectivas obrigações.
LEI Nº 14.010, DE 10 DE JUNHO DE 2020 
35
O QUE PREVALECE?
A TUTELA ESPECÍFICA OU O FAVOR DEBITORIS?
DIDIER inspira a escolha do meio executório pelo juiz: adequação e necessidade do meio, mas não quanto ao resultado.
Para o autor prevalece a tutela específica da obrigação, não podendo o devedor optar pelo resultado prático equivalente ou pelas perdas e danos. Prevalece a tutela específica. O resultado é determinado pelo direito material, mas o caminho deve ser o menos gravoso possível.
Artigo 805, Parágrafo único. Indicação do executado que impugnar a medida mais gravosa deverá indicar a menos gravosa, sob pena de que seja mantida a medida gravosa.
 
Caso não indique:
DIDIER mantêm-se a medida mais gravosa.
GRECO: não deve gerar a inversão do ônus probatório do exequente de indicar o meio executório.
Mantem-se a necessidade de julgamento pelo juiz na ponderação entre o Princípio da Efetividade e o Princípio da menor onerosidade.
Princípio da Tipicidade e Atipicidade dos Meios Executivos.
Meios Executórios.
Próprio: satisfação do provimento condenatório no mundo fático.
Impróprio: é aquele da eficácia declaratória e da constitutiva. Em verdade não há execução, mais auto satisfação do provimento; decorrendo atos posteriores meramente documentais.
Indireto: coerção moral do devedor a cumprir com a obrigação; multa, prisão civil, astreintes. Atos executórios de coação pessoal para que o devedor cumpra a obrigação voluntariamente, artigos 139, IV, 497, 500 e 814, CPC.
Segundo Didier a execução direta pode ser:
1) desapossamento, comum nas execuções para entrega de coisa mediante o desapossamento do bem (busca e apreensão e imissão na posse);
2) transformação, a obrigação é praticada por terceiro às expensas do executado;
3) expropriação, para pagamento de quantia certa mediante adjudicação, alienação judicial ou expropriação de frutos e rendimentos.
A execução indireta pode ser:
1) patrimonial, como a imposição de multa coercitiva; ou
2) pessoal, prisão civil em alimentos.
 
Pode ainda ser pelo:
1) temor, como as citadas, ou pela
2) “sanção premial” ou sanção positiva, como isenção do pagamento de custas em cumprimento de mandado monitório (artigo 701, § 1º); redução, pela metade, do pagamento dos honorários no caso de pagamento integral de execução por quantia certa (artigo 827, § 1º).
Novidades CPC 2015.
protesto de certidão do trânsito em julgado (artigo 517) após o prazo de 15 dias para cumprimento da decisão (artigo 523);
multa do parágrafo primeiro do artigo 523;
inclusão no cadastro de inadimplentes inclusive para execução definitiva de título judicial (artigo 782, §§ 3º, 4º e 5º);
coerção moral em execução por quantia certa (artigo 139, IV).
A teoria de Fredie Didier Jr. quanto a atipicidade dos meios executórios
Não é possível ao legislador prever todas as hipóteses de direito que exijam a tutela executiva.
Crescente prevalência do Princípio da Atipicidade ou de concentração de poderes de execução do juiz.
Poder Geral de Efetivação.
No Brasil há previsão expressa do Princípio da Atipicidade: artigo 139, IV, 297 e 536, § 1º, CPC.
São Cláusulas Gerais Executivas.
 
Âmbito de aplicação:
 
1) Artigo 139, IV: a toda execução;
2) Artigo 297: à tutela provisória;
3) Artigo 536, § 1º:
a) obrigação de fazer e não fazer fundada em decisão judicial;
b) cumprimento para entrega de coisa (artigo 538, § 3º);
c) execução fazer, não fazer e entrega de coisa em título extrajudicial (artigo 771, § único).
Conclusão Didier: Como o 139, IV, é mais amplo que o 536, § 1º, pois também inclui a execução por quantia certa, a atipicidade na execução por quantia certa é subsidiária, enquanto nas demais execuções é regra.
A prova dessa subsidiariedade é a suspensão da execução quando não forem encontrados bens do devedor (artigo 921, III e 924, V, CPC, iniciando-se o prazo prescricional, pois esgotados os meios executivos diretos suspende-se a execução, não podendo prosseguir se não vai ser possível a penhora e alienação de bens.
Postulados e critérios para a aplicação de medidas executivas atípicas
 Postulados:
Proporcionalidade: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito;
Razoabilidade: dever de equidade, congruência e equivalência;
Proibição de excesso;
Eficiência;
Menor onerosidade.
 PROPORCIONALIDADE:
Adequação: o meio promove o fim?
Necessidade: dentre os meios disponíveis e igualmente adequados para promover o fim, não há outro meio menos restritivo dos direitos fundamentais afetados?
Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens trazidas pela promoção do fim correspondem às desvantagens provocadas pela adoção do meio?
 RAZOABILIDADE:
dever de equidade: harmonização da norma geral com o caso individual e a generalidades dos casos;
dever de congruência: harmonização da norma com as condições externas de aplicação;
dever de equivalência: relação de equivalência entre a medida adotada e o critério que a dimensiona.
Critérios para aplicação das medidas atípicas (DIDIER):
1) a medida deve ser adequada: Ojuiz deve considerar uma relação de meio e fim entre a medida executiva e o resultado a ser obtido.
2) a medida deve ser necessária: Não se pode ir além do necessário para se alcançar o fim desejado, não se pode sacrificar o executado além do necessário.
3) a medida deve conciliar os interesses contrapostos: O juiz deve ponderar os interesses em jogo. Postulados da proporcionalidade e razoabilidade.
Conclusão de Fredier Didier Jr. acerca das
medidas coercitivas atípicas:
A retirada de CNH, de passaporte e o cancelamento de cartão de crédito, corte de fornecimento de luz ou de água, como medidas possíveis de serem implementadas, pois não são adequadas ao atingimento do fim almejado, não gerando o pagamento do débito, violando a razoabilidade.
A teoria de Leonardo Greco quanto a atipicidade dos meios executórios
JOSÉ ALBERTO DOS REIS (...) Seguindo o mesmo entendimento, inclusive quanto à necessidade de previsão legal para as coações indiretas, (...) fazia duas interessantes observações para o objeto da nossa reflexão:
a primeira, de que as últimas, as coações, constituem uma espécie intermediária entre a sanção executiva e a pena;
a segunda, de que o Estado na execução deve primeiro fazer uso dos meios sub-rogatórios, porque geralmente por meio deles consegue a eliminação do estado de fato contrário ao direito. Se o devedor tem bens acessíveis capazes de, transformados em dinheiro, satisfazer o credor, esta deve ser a via normal da execução.
 
REIS, José Alberto dos. Processo de execução. Vol. 1º. 3ª ed. Coimbra Editora. 1985. P. 24-35.
Também Carnelutti e Talamini assinalam que as medidas coercitivas contra o obrigado são um tertium genus, intermédio entre a execução e a pena.
Têm a estrutura da pena, enquanto atingem um bem do obrigado diverso daquele que constitui objeto da obrigação violada; mas, ao contrário, têm em comum com a execução a função, enquanto agem com o fim de obter a efetiva satisfação do interesse de quem tem o direito à efetiva subordinação do interesse de quem tem a obrigação.
CARNELUTTI, Francesco. Processo di Esecuzione, Vol I. Padova: CEDAM. 1932. P. 7-8.
A origem das coações indiretas no direito moderno se encontra nos remédios da equity, do direito inglês e posteriormente norteamericano, principalmente nas injunctions. No contempt of court.
Pressupostos:
Aferição em concreto;
Excepcionalidade;
Subsidiariedade;
Necessidade;
Adequação;
Instrumentalidade específica;
Proporcionalidade;
Razoabilidade;
Devido processo legal;
Proteção do periculum in mora inverso.
70: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo.
 
323: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.
 
547: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.
Súmulas do Supremo Tribunal Federal:
Decisões do STJ contrárias as medidas coercitivas desproporcionais
HC 453870 Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Data da Publicação DJe 15/06/2018 Decisão HABEAS CORPUS Nº 453.870 - PR (2018/0138962-0)
IMPETRANTE: ALDAMIRA GERALDA DE ALMEIDA AFFORNALLI E OUTROS ADVOGADOS: MARCOS VINÍCIUS AFFORNALLI - PR016246 ALDAMIRA GERALDA DE ALMEIDA AFFORNALLI - PR023143 BRUNA CAROLINE DE ALMEIDA AFFORNALLI - PR079697
IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ PACIENTE : CELSO SÂMIS DA SILVA
 
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO SANCIONADOR. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIREITO DE IR E VIR, CUJA PROTEÇÃO É DEMANDADA NO PRESENTE HABEAS CORPUS, COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR.
CONDENAÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EM FASE DE EXECUÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELA FAZENDA DO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR. PENALIDADE DE REPARAÇÃO DE DANO AO ERÁRIO. MEDIDAS CONSTRICTIVAS DETERMINADAS PELA CORTE ARAUCARIANA PARA GARANTIR O DÉBITO, EM ORDEM A INSCREVER O NOME DO DEVEDOR EM CADASTRO DE INADIMPLENTES, APREENDER PASSAPORTE E SUSPENDER CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. CONTEXTO ECONÔMICO QUE PRESTIGIA A LEX MERCATORIA NAS EXECUÇÕES COMUNS, NORTEANDO A SATISFAÇÃO DE CRÉDITOS COM ALTO RISCO DE INADIMPLEMENTO.
RECONHECIMENTO DE QUE NÃO SE APLICA ÀS EXECUÇÕES FISCAIS O ALUDIDO POSTULADO ECONÔMICO, ESPECIALMENTE PORQUE O PODER PÚBLICO JÁ É DOTADO PELA LEI 6.830/1980 DE ALTÍSSIMOS PRIVILÉGIOS PROCESSUAIS, QUE NÃO JUSTIFICAM O EMPREGO DE ADICIONAIS MEDIDAS AFLITIVAS FRENTE À PESSOA DO EXECUTADO. ADEMAIS, CONSTATA-SE A DESPROPORÇÃO DO ATO APONTADO COMO COATOR, POIS O EXECUTIVO FISCAL JÁ CONTA COM A PENHORA DE 30% DOS VENCIMENTOS DO RÉU.
Informativo n. 0631, Publicação: 14 de setembro de 2018.
RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018
DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Execução de título extrajudicial. Medidas coercitivas atípicas. CPC/2015. Retenção de passaporte. Coação à liberdade de locomoção. Ilegalidade.
Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de retenção do passaporte em decisão judicial não fundamentada e que não observou o contraditório, proferida no bojo de execução por título extrajudicial.
O CPC de 2015, em homenagem ao princípio do resultado na execução, inovou o ordenamento jurídico com a previsão, em seu art. 139, IV, de medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação da obrigação exequenda, inclusive as de pagar quantia certa.
As modernas regras de processo, no entanto, ainda respaldadas pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância, poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a implementação de comandos não discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. Assim, no caso concreto, após esgotados todos os meios típicos de satisfação da dívida, para assegurar o cumprimento de ordem judicial, deve o magistrado eleger medida que seja necessária, lógica e proporcional. Não sendo adequada e necessária, ainda que sob o escudo da busca pela efetivação das decisões judiciais, será contrária à ordem jurídica.
Nesse sentido, para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da ineficácia dos meios executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual. A adoção de medidas de incursão na esfera de direitos do executado, notadamente direitos fundamentais, carecerá de legitimidade e configurar-se-á coação reprovável, sempre que vazia de respaldo constitucional ou previsão legal e à medida em que não se justificar em defesa de outro direito fundamental.
A liberdade de locomoção é a primeira de todas as liberdades, sendo condição de quase todas as demais. O reconhecimento da ilegalidade da medida consistente na apreensão do passaporte do paciente, na hipótese em apreço, não tem qualquer pretensão em afirmar a impossibilidade dessa providência coercitiva em outros casos e de maneira genérica.
HC 443348 Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO Data da Publicação DJe 12/04/2018 Decisão HABEAS CORPUS Nº 443.348 - SP (2018/0073134-9)
(...) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - Ação indenizatória em fase de execução - Fase de cumprimento que se arrasta desde 2013, sem satisfação do crédito exequendo, nem mesmo parcialmente - Exequente que requereu a retenção da CNH e do passaporte do devedor, bem como o bloqueio de todos seus cartões de débito e de crédito - Decisão interlocutória do juízo de origem que indeferiu tais providências - Inconformismo da exequente - Acolhimento parcial - Medidas atípicas pleiteadas determináveis com fulcro no art. 139, IV, do CPC/2015, que ampliou as providências à disposição dos magistrados para além da penhora e da expropriação de bens como meios de cobrança - Situação processual que justifica a adoção das indigitadas providências, em razão do insucesso de todas as medidas anteriormente tomadas, à exceção do bloqueio de cartões de débito, porquanto inócua, ante a inexistência de saldo nas contas bancáriasdo devedor - Recurso parcialmente provido.
Decisão STJ favorável às medidas coercitivas desproporcionais
Informativo nº 0673. Publicação: 3 de julho de 2020.
Rcl 37.521-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 13/05/2020, DJe 05/06/2020
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Recusa tácita ao fornecimento de material genético pelo herdeiro e por terceiros. Adoção de medidas indutivas, coercitivas e mandamentais contra o herdeiro. Art. 139, IV, CPC. Possibilidade.
O juiz deve adotar todas as medidas indutivas, mandamentais e coercitivas, como autoriza o art. 139, IV, do CPC, com vistas a refrear a renitência de quem deve fornecer o material para exame de DNA, especialmente quando a presunção contida na Súmula 301/STJ se revelar insuficiente para resolver a controvérsia.
Questão? Prisão fora do caso do devedor de alimentos.
DIDIER admite a prisão em casos excepcionais fora da previsão da prisão civil por alimentos, para o cumprimento de obrigações de fazer e não fazer, por crime de desobediência do artigo 330 CP c/c artigo 536, § 3° (Vide p. 632).
								STJ
O STJ entende que somente pode ser aplicada a pena do crime de desobediência se não houver outra sanção prevista de natureza administrativa, civil ou processual. 
Para tanto o artigo 536, § 3º, fez a ressalva de aplicação cumulativa.
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente (...) § 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
De qualquer forma o juiz cível não poderá decretar a prisão: terá de mandar ao MP para propor a ação penal, que se enquadra nos juizados especiais como crime de menor potencial ofensivo, o que privilegia a pena não privativa de liberdade e a recomposição do dano.
Responsabilidade Patrimonial Primária.
Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
(...)
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
(...)
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
Art. 793.  O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
O devedor responde pelo débito com os bens que se encontram em seu patrimônio no momento da Execução (art. 789). É a sujeição dos bens do devedor aos meios executórios.
Liebman “O objeto da execução são os bens e direitos que se encontram no patrimônio do executado.”
Crítica à redação do artigo 789, idêntica ao art. 2.740, CC italiano: futuros e presentes: somente os bens existentes no patrimônio do devedor no momento da execução é que se sujeitam à estas, caso contrário estar-se-ia admitindo o congelamento do patrimônio do devedor. (CRD, Carnelutti).
Art. 2740. Responsabilità patrimoniale. Il debitore risponde dell'adempimento delle obbligazioni con tutti i suoi beni presenti e futuri.”
Hipóteses de Responsabilidade Patrimonial Primária.
Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
(...)
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
(...)
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
Art. 793.  O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
Credor com direito de retenção.
1) depositário (arts. 643, 644, CPC);
2) mandatário (art. 664 e 681, CC);
3) credor pignoratício (arts. 1.433, I e II, CC);
4) locatário (art. 35 da Lei nº 8.245/91);
5) hospedeiro (arts. 647, I, e 649, CC).
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembaraçados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe couber.
Hipóteses de Responsabilidade
Patrimonial Primária.
Hipóteses de Responsabilidade Patrimonial Secundária.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Responsabilidade Patrimonial Secundária.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
Art. 109.  A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes.
(...)
§ 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário.
Obrigação reipersecutória não é propter rem!
Maria Helena Diniz “essas ações pessoais são designadas “reipersecutórias”, porque, embora oriundas de relação de direito pessoal, têm por finalidade a aquisição de um direito real ou o esclarecimento de dúvidas sobre uma coisa”.
Ex.: ação pauliana e comodato.
Responsabilidade Patrimonial Secundária do Sócio.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
(...)
II - do sócio, nos termos da lei;
Desconsideração da personalidade jurídica: artigos 50, CCB e artigo 28, CDC: utilização abusiva da sociedade.
Desconsideração inversa.
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: artigo 133, c/c o artigo 795.
Art. 795.  Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo.
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente previsto neste Código.
Benefício de Ordem a favor do Sócio.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...)
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
Cuidado!
Termo a quo da fraude para o sócio.
Sócio minoritário saiu da empresa em 2000;
A empresa é citada em 2002;
O sócio vende seu bem em 2003;
É citado no incidente de desconsideração em 2017.
Questão?
Responsabilidade Patrimonial do Cônjuge e do Companheiro. Artigo 790, IV, CPC.
Regime da comunhão parcial de bens (artigo 1.658, 1.659 e 1660 CC):
Há bens particulares, adquiridos antes do casamento, e bens comuns adquiridos após o casamento;
Há dívidas anteriores e posteriores (artigo 1.659, III, CC).
Para as dívidas que reverteram em proveito comum, responde o patrimônio comum e particular (artigos1.663, § 1º, e 1664, CC).
As dívidas oriundasde ilícito não se comunicam 1.659, IV, CC ou aquelas tributárias em proveito de pessoa jurídica.
Aplicam-se a união estável por força do artigo 1.725, CC.
Regime da comunhão universal de bens (artigo 1.667, CC):
Comunicam-se ativo e passivo.
Dívidas anteriores às núpcias não se comunicam e respondem os bens havidos antes do matrimônio (artigo 1.668, III, do CC); as dívidas contraídas em proveito pessoal posteriores ao casamento são garantidas pelos bens comuns até a meação (artigo 1.667 do CC).
O artigo 1.644 do CC, aplicável ao regime da comunhão universal por força do artigo 1.670 do CC, tornou solidárias as dívidas contraídas em relação “as coisas necessárias à economia doméstica”.
Regime da separação total de bens, artigo 1.687, CC:
Patrimônio separado, bens particulares dívidas particulares.
Súmula 377. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
Três últimas hipóteses elencadas no Artigo 790, CPC.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
(...)
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
OBS: Em verdade é responsabilidade patrimonial primária pois os bens migram para o patrimônio do adquirente com a ineficácia parcial da Fraude.
Três últimas hipóteses elencadas no Artigo 790, CPC.
Art. 790.  São sujeitos à execução os bens:
(...)
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
OBS: Desconsideração inversa pois a hipótese do sócio já está no inciso II. 
Fraude Contra Credores.
Conceito. Instituto de Direito material.
Nelson Néry Junior: “a Fraude contra Credores é vício de negócio jurídico, é anulável; 158, CC/02 (106, CC/16), devendo ser proposta ação 161, CC/02 (109, CC/16) para anular o ato. Para isto existe a ação pauliana ou revocatória 158 e 165, CC/02 (106 e 113 CC).”
Cândido Rangel Dinamarco: “É a diminuição patrimonial provocada pelo devedor, de modo que em virtude dela o seu ativo passe a ser menor que o passivo, tornando-se insolvente.”
Fraude contra credores.
Artigo 158, CC.
Requisitos:
Subjetivo: consilium fraudis: é a ciência do devedor em causar o dano.
Objetivo: eventus damni: é a insolvência.
Fraude à execução.
Instituto único de direito brasileiro: os outros sistemas não fazem a diferenciação entre as fraudes.
NNJr.: “é causa de ineficácia do negócio jurídico relativamente ao credor. O negócio é válido e existente mas ineficaz. Não há necessidade de ação para declará-la, basta a simples menção ao juiz, pois trata-se de matéria de ordem pública, para que ele determine a constrição judicial do bem.”
Art. 792. § 1º. "A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente."
CRD eficácia-parcial, pois não priva o negócio de toda a sua eficácia, somente quanto à resistência extrínseca do terceiro interessado. Presume-se. Para o Adquirente, Embargos de Terceiro.
Fraude à execução.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público (scientia fraudis), se houver;
(...)
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
(...)
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Averbação do processo pendente no respectivo registro público se houver é a scientia fraudis;
Liga-se ordinariamente à execução para entrega de coisa;
Sem registro, o ônus da prova de que o terceiro tinha ciência será do exequente;
Como é direito real independe da demonstração de insolvência;
A eficácia erga omnes é uma característica do direito real.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...)
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
(...)
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
(...)
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 828.  O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação. Presunção absoluta de fraude
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.”
Embargos de terceiro com caráter preventivo (artigo 674, CPC).
Embora não se trate de ato de efetiva constrição judicial, a averbação da existência de processo executivo sobre determinado bem, conforme prevê o artigo 615-A do Código de Processo Civil de 1973 (atual art. 828, CPC/2015), implica para o terceiro proprietário ou possuidor do bem o justo receio de apreensão judicial, o que autoriza, nessas situações, a oposição dos embargos de terceiro.
O entendimento da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi fixado ao reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) que julgou extintos embargos de terceiro com base na inexistência de ato de apreensão judicial ou de ameaça à posse da parte embargante.
Processo REsp 1726186 / RS RECURSO ESPECIAL 2016/0076144-4 Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 08/05/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 11/05/2018
Embora não se trate de ato de efetiva constrição judicial, a averbação da existência de processo executivo sobre determinado bem, conforme prevê o artigo 615-A do Código de Processo Civil de 1973, implica para o terceiro proprietário ou possuidor do bem o justo receio de apreensão judicial, o que autoriza, nessas situações, a oposição dos embargos de terceiro.
O entendimento da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi fixado ao reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) que julgou extintos embargos de terceiro com base na inexistência de ato de apreensão judicial ou de ameaça à posse da parte embargante.
Fraude à execução.
Ato de disposição de bem constrito.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...)
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
Hipoteca judiciária: arts. 495, e art. 167, I, 2, da Lei nº 6.515/1973.
Caso mais grave de fraude: atos de disposição de bem constrito, como a penhora e o arresto;
Atinge a dignidade da justiça, se constituindo ato atentatório, (artigo 774, I, CPC), punível como contempt of court;
Não depende da insolvência do devedor.
Bem não sujeito à registroprova de boa-fé pelo terceiro adquirente (art. 792, §§2º e 4º):
 
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...) § 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
(...) § 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Fraude à execução.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...)
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
JCBM, Frederico Marques, STJ 4.ª Turma; Sálvio de Figueiredo Teixeira: Somente a alienação após a citação válida, litispendência, é que configura fraude à execução (arts. 240, 312 e 792);
STF Pleno: Citação válida devidamente registrada no CRI (LRP 21 e 167 I);
NNJr.: Após a simples propositura da ação; 
Theotônio e CRD, a partir de quando o Réu tomou ciência da demanda antes da citação, caracterizando a fraude, TN: “o CPC não mais exige para a instauração da instância a citação do Réu ...”; o ônus da ciência é do Exequente.
Presumida agora com a averbação da execução (Art. 792, II, 828).
Somente com o registro da penhora Súmula 375 STJ.
Fraude à execução.
Superior Tribunal de Justiça
Persiste a Súmula nº 375?
O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Recurso Especial Repetitivo.
Requisitos para reconhecimento da fraude à execução.  (Tema: 243)
REsp 956.943-PR, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/8/2014.
No que diz respeito à fraude de execução, definiu-se que:
é indispensável citação válida para configuração da fraude de execução, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC;
o reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula 375/STJ);
a presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume, a má-fé se prova;
inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência, sob pena de tornar-se letra morta o disposto no art. 659, § 4º, do CPC; e
conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no dispositivo.
Superior Tribunal de Justiça. Conclusões:
1) Com a averbação da certidão de que a execução foi admitida pelo juiz (artigo 828, § 4º) há presunção absoluta de má-fé;
2) Com a citação válida e registro da penhora há presunção absoluta de má-fé (artigo 844, CPC);
3) Com a citação válida sem registro da penhora o credor deverá provar a má-fé, ou seja, que o adquirente tinha ciência da ação quando da aquisição.
4) O STJ praticamente equiparou fraude à execução com fraude contra credores de acordo com a Súmula STJ 375.
Fraude à execução.
Outros casos previstos em lei
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
(...)
V – nos demais casos expressos em lei;
Execução fiscal: Artigo 185, CTN, com redação dada pela Lei complementar nº 118/2005.
STJ: na Execução Fiscal não se aplica a Súmula STJ nº 375.
Superior Tribunal de Justiça, 1ª Seção, REsp 1141990/PR, Rel. Min Luiz Fux, j. 10.11.2010, DJe 19.11.2010.
A transferência de bens do devedor ocorrida após a inscrição do débito tributário em dívida ativa configura fraude contra a execução fiscal, independentemente de haver qualquer registro de penhora e de ser provada a má-fé do adquirente. Essas condições são exigíveis apenas para se caracterizar a fraude em caso de dívidas não tributárias, conforme decidiu a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
A decisão foi tomada no julgamento de um recurso da fazenda nacional destacado como representativo de controvérsia. De acordo com o artigo 543-C do Código de Processo Civil, o entendimento deverá agora orientar as decisões da Justiça sobre os demais recursos que abordam a mesma questão jurídica, e que haviam sido sobrestados à espera de uma posição do STJ. 
O relator do caso, ministro Luiz Fux, afirmou em seu voto que “a lei especial prevalece sobre a lei geral, por isso que a Súmula 375 do STJ não se aplica às execuções fiscais”.
* Somente para a hipótese do inciso IV.
Fraude à execução (art. 792, II, CPC):
1) Averbação;
2) Insolvência (eventus damni);
3) Incidental.
Fraude à execução (art. 792, I e IV, CPC):
1) Citação;
2) Insolvência (eventus damni)*;
3) Incidental.
Fraude à execução (art. 792, III, CPC):
1) Ato de constrição;
2) Incidental.
STJ
STJ
Obrigação
1) Alienação;
Conhecimento de processo cautelar, conhecimento ou executivo.
Fraude à execução (art. 792, IV, CPC):
1) Ciência;
2) Insolvência (eventus damni);
3) Incidental.
Averbação da execução (art. 828, CPC)
2) Insolvência;
3) consilium fraudis;
4) Ação pauliana.
Fraude contra credores (artigo 162, CC):
Ato de disposição de bem constrito
Litispendência de ação real ou executiva
Pressupostos para o estudo da
Liquidação e das Formas de Defesa na Execução.
Leonardo Greco. Ações na execução reformada. In: Execução Civil: estudos em homenagem ao Professor Humberto Theodoro Junior. Coord. Ernane Fidélis dos Santos [et al], São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2007.
“O conceito de ação que interessa a este estudo é o de direito à prestação jurisdicional sobre o direito material, ou seja, o de direito subjetivo público, autônomo e abstrato, de exigir do Estado a prestação jurisdicional sobre uma demanda de direito material.
O direito de ação se exerce através da instauração de um processo (...)”
	Daí pode-se extrair facilmente a consequência de que a unidade do processo, ou seja, uma única relação processual, possa ser o instrumento do exercício da jurisdição em relação a uma ou mais ações, não decorrendo da unidade ou pluralidade de relações processuais a unidade ou pluralidade de ações.
(...)
Há procedimentos incidentes que são ações e outros não.
(...)
Incidente é qualquer questão ou procedimento que surge no curso de um processo e que exige um pronunciamento judicial antes da apreciação final do pedido.
Conclusões.
Há cognição na execução: atos e fases cognitivas (incidentes);
Tais fases podem ter natureza de ação, de exceção (defesa) ou meramente cognitiva (para definir atos executivos);
A relação processual, o processo, segue sincrético, sendo um processo complexo com várias fases cognitivas;
Liquidação, intervenções de terceiro e formas de defesa são fases cognitivas;
A imutabilidade (coisa julgada) do que foi decidido na fase cognitiva depende da qualidade da cognição.
Fredie Didier et al. Curso de Direito Processual Civil. 10 ed. Salvador: JusPodivm, 2015. vol 1, p. 476-477.
Processo incidente é um processo novo, instaurado em razão de um processo existente, que dele se desgarra, mas nele produz efeitos. É um processo filhote: nasce de um processo existente, mas adquire vida própria. Considera-se incidente esse processo, porque foi instaurado sempre de algum modo relacionado a algum processo pendente e porque visa a um provimento jurisdicional que de algum modo influirá sobre esse ou seu objeto. São exemplos: a) embargos de terceiro (arts. 674 e segs., CPC); b) oposição (arts. 682 e segs., CPC); c) reclamação (arts. 988 e segs., CPC); d) mandado de segurança contra ato judicial.
Fredie Didier et al. Curso de Direito Processual Civil. 10 ed. Salvador: JusPodivm, 2015. vol 1, p. 476-477.
Incidente do processo é processo novo, que de modo não necessário surge de um processo já existente, e a elese incorpora, tornando-o mais complexo. O incidente do processo é um galho novo, que o processo, como árvore, passa a ter.
Toda a intervenção de terceiro é um incidente de processo, pois terceiro ingressa em processo existente, impondo-lhe alguma modificação e dele passando a fazer parte. Se gera processo novo autônomo, terceiro não está intervindo em processo anterior para dele fazer parte: por isso a intervenção de terceiro não é um processo incidente.
Liquidação de sentença. Artigo 509, CPC.
CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO:
“atividade jurisdicional cognitiva destinada a produzir a declaração do quantum debeatur ainda não revelado na obrigação constante do título judicial a ser executado.”
NELSON NÉRY JUNIOR:
“ação de conhecimento, de natureza constitutivo-integrativa, pois visa completar o título executivo (judicial ou extrajudicial) com o atributo da liquidez, com o quantum debeatur, e a decisão que a julga tem eficácia ex tunc.”
Leonardo Greco:
No meu livro sobre execução, bem antes da reforma de 2005, caracterizei a liquidação como um procedimento cognitivo, “que prepara, auxilia ou frustra a execução, declarando, em complemento ao título executivo, a existência ou inexistência dos pressupostos necessários à sua executoriedade”
ATRIBUTOS DO TÍTULO EXECUTIVO:
Certeza. Liquidez e Exigibilidade.
Pedido certo e genérico.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
Art. 509.  Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
1) de decisão interlocutória parcial de mérito (artigo 356, § 1º, CPC);
2) em execução de título extrajudicial nas hipóteses dos artigos 809, § 1º, 816, 821, par. ún., e 823, par. Ún., para conversão da obrigação especifica em pecúnia;
3) de benfeitorias indenizáveis para execução para entrega de coisa do artigo 810, II, CPC;
4) de sentença na pendência de recurso com ou sem efeito suspensivo (artigo 512).
Natureza da Liquidação.
Leonardo Greco.
Tendo deixado de constituir um processo autônomo, passou a constituir uma ação incidente, ou seja, uma ação proposta no curso de um processo em andamento, ou seja, no curso do processo iniciado com a ação condenatória e que prosseguirá com a ação de execução, entre ambas intercalada a liquidação, se necessário: ação consequente da ação cognitiva da primeira fase e antecedente da ação executória da fase posterior, se necessária.
Modelos processuais de Liquidação.
Classificação de Didier:
Fase: dentro de um processo existente, como comumente é definida a liquidação;
Processo: processo autônomo de liquidação para a sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença estrangeira e sentença de processo coletivo;
Liquidação incidental: incidente cognitivo na execução, como para a conversão da obrigação específica em obrigação pecuniária (arts. 809); liquidação de benfeitorias indenizáveis (art. 810); ou individualização do bem a ser entregue no caso de obrigação de entrega de coisa incerta (art. 498, par. ún. e 811, par. ún.).
Espécies de Liquidação.
Liquidação por artigos;
Liquidação por arbitramento.
Enunciado 71 do Aviso Conjunto. TJ/CEDES 22/2015:
A decisão que resolve a liquidação pelo rito comum tem natureza jurídica de sentença, desafiando apelação. 
Justificativa: A decisão que resolve a liquidação de sentença pelo procedimento comum é uma sentença de mérito, pois põe fim à fase cognitiva do mesmo, nos termos do artigo 203 par. 1º do CPC. Considerando ser uma sentença, será atacável via apelação, nos termos do art. 1009 do CPC.
0057270-21.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO
Des(a). RENATA MACHADO COTTA - Julgamento: 08/03/2017 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. CABIMENTO DO AGRAVO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE CARÁTER CONTENCIOSO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO. Cabimento do recurso. Alegou o agravado o descabimento do recurso, uma vez que a decisão que resolve a liquidação de sentença consistiria em sentença, recorrível por apelação, nos termos do enunciado nº 71 do TJERJ, constante do aviso conjunto TJ/CEDES 22/2015.
Como cediço, a liquidação pode ocorrer por arbitramento ou pelo procedimento comum, na forma do art. 509, do NCPC. Na liquidação por arbitramento, o juiz decidirá de plano, ou nomeará perito para apuração dos valores, conforme art. 510, do NCPC. Por outro lado, na liquidação por procedimento comum, há a necessidade de averiguação de fatos novos, com a intimação da parte contrária para apresentar contestação, consoante art. 511, do NCPC. Nesse sentido, a decisão final na liquidação pelo rito comum consiste em sentença, recorrível por apelação, nos termos do enunciado nº 71 supramencionado.
A liquidação por arbitramento, ao revés, apresenta mero caráter incidental, consistindo em decisão interlocutória. Não por outro motivo, o enunciado nº 71 se restringe a reconhecer a natureza de sentença da decisão final em liquidação pelo procedimento comum, o que não é a hipótese dos autos. Rejeição da preliminar.
Mérito. No que se refere ao cabimento de honorários na fase de liquidação, a jurisprudência do STJ autoriza a sua fixação, desde que o procedimento contenha litigiosidade de grande monta. Na hipótese dos autos, cuida-se de liquidação por arbitramento através de prova pericial. Nesse sentido, não se verifica a existência de litigiosidade excessiva. Com efeito, a mera impugnação ao laudo não enseja, por si só, em caráter contencioso de grande porte. Note-se que a litigiosidade excessiva, requisito para fixação de honorários, coaduna-se com a liquidação por procedimento comum, que abrange contestação e demonstração de fatos novos. Recurso desprovido.
DUAS QUESTÕES CONTROVERTIDAS
NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
Há Revelia na Liquidação?
A liquidação pode redundar em zero?
Questão? Revelia na Liquidação.
Didier não tem revelia na liquidação por arbitramento pois é incidente que trata de fatos afirmados como existentes na fase anterior, mas incide na liquidação por artigos, podendo o juiz afastar pois se trata de presunção relativa, determinando a produção de outras provas.
Fredie Didier Jr et alli. Curso de Direito Processual Civil, v. 5. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 240/244.
OBS 1.: A Liquidação por arbitramento é uma produção de prova é verdade, mas que ao final vai gerar um provimento de definição do quantum debeatur, de natureza declaratória e fazer coisa julgada.
OBS 2.: Depende do que se entende por revelia e presunção relativa. Hoje o artigo 345, IV, permitem ao juiz determinar a produção de prova mesmo no caso de revelia, depende da livre convicção. A aplicação da presunção não é imediata.
Observe que o juiz pode na prova pericial dispensar a produção da prova diante dos laudos apresentados pelas partes (artigos 510 e 472, CPC)!
A liquidação pode redundar em zero?
Araken de Assis:
Não pode redundar em saldo zero na liquidação por arbitramento, pois não é possível, pois o Réu foi condenado a pagar alguma coisa. O árbitro não pode determinar zero.
Fredie Didier Jr et alli:
“A contraposição entre uma decisão que diz que existe o dano e outra que diz que esse dano é zero – isto é, que ele inexiste - é uma anomalia juridicamente inadmissível em nosso sistema.”
Nem sempre. Por vezes o corte cognitivo na demanda originária é de tal monta que suprime o próprio an debeatur, como na liquidação individual de ação coletiva, ou apesar de firmado o an debeatur ou quantum redunda em zero, como nas ações de danos materiais sem prova do custo dos medicamentos ou do tratamento do hipossuficiente atendido na rede pública.
É precisoanalisar objetivamente o corte cognitivo originário.
Liquidação individual em ação coletiva.
Direitos individuais homogêneos e coletivos.
Corte cognitivo: an debeatur e quantum debeatur.
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E SEU SUBSTRATO COLETIVO: AÇÃO COLETIVA E OS MECANISMOS PREVISTOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional | vol. 10/2015 | p. 1983 - 2006 | Ago / 2015
DTR\2015\11542.
EDUARDO TALAMINI
A divisibilidade se opera apenas no momento da liquidação (quantificação) dos danos pessoalmente sofridos e da execução. Aí, cada vítima ou sucessor de vítima que tenha sido beneficiado com a sentença de procedência, tem legitimação ordinária para pretender apurar o quantum devido, provando apenas o nexo causal entre o fato danoso e os prejuízos sofridos, pois a obrigação de indenizar (an debeatur) já estará certa, posto que incluída na condenação genérica, que vale como título executivo judicial para as execuções individuais (muito embora esteja prevista em lei também a possibilidade do ente coletivo promover a liquidação e execução individuais, sendo certo que nestas hipóteses, estar-se-á, aí sim, atuando na defesa de um interesse individual, divisível, em benefício destas ou daquelas vítimas).
Basta considerar que se não surgirem indivíduos em número suficiente para executar a sentença de procedência nesta hipótese, haverá mesmo assim liquidação e execução, e o valor irá para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos (art. 100 do CDC). A lei alude à falta de “habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano”.
Direito Processual. Recurso Representativo de Controvérsia (Art. 543-C, CPC). Direitos Metaindividuais. Ação Civil Pública. Apadeco X Banestado. Expurgos Inflacionários. Execução/Liquidação Individual. Foro Competente. Alcance Objetivo e Subjetivo dos Efeitos da Sentença Coletiva. Limitação Territorial. Impropriedade. Revisão Jurisprudencial. Limitação aos Associados. Inviabilidade. Ofensa à Coisa Julgada. Para efeitos do art. 543-C do CPC: A liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).
REsp n. 1.243.887 – PR, da relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em 19/10/2011.
Se um, apenas um, pequeno número de compradores lesados habilitar-se para promover a liquidação e execução individuais, em proporção incompatível com a gravidade da lesão, caberá a sanção pecuniária que reverterá para o fundo coletivo. Se nenhum dos lesados habilitar-se, igualmente caberá tal sanção – que não reverterá, nem nessa hipótese nem na anterior, para os indivíduos lesados.
ATIVIDADE PROPOSTA:
Um navio de empresa petrolífera despejou acidentalmente óleo na baía de Guanabara. Mais de mil ações foram propostas por supostos pescadores da região, que afirmavam a culpa da petrolífera pelo acidente e sustentavam que o vazamento gerou danos ambientais que impediram a pesca por determinado período. Pretendiam indenização por haverem sido privados de sua atividade de sustento. 
QUESTIONAMENTOS:
Como definir se cada autor era mesmo pescador na região e qual prejuízo teve com o acidente era algo para ser feito individualmente, em cada caso, e a existência de culpa da petrolífera e a efetividade e extensão dos danos ao ambiente.
Como satisfazer tais pretensões e qual a competência para tais demandas?
Legitimidade ad causam Ativa na Execução (Artigos 778).
REGRAS
Legitimação Ativa Ordinária Primária: credor constante do título (artigo 778, caput, “credor a quem a lei confere título executivo”).
Legitimidade Ativa Ordinária Superveniente.
Fatos supervenientes à criação do crédito que titulam o exequente.
1) Artigo 63, CPP: o ofendido.
Incisos do artigo 778, §1°:
2) II – o espólio, os herdeiros e sucessores mortis causa;
3) II – o cessionário;
4) IV – o sub-rogado legal (346 CC) ou convencional (347 CC).
5) Artigo 16, Lei nª 4.717/65: qualquer cidadão na ação popular.
Legitimidade Ativa Extraordinária Autônoma Concorrente.
A legitimação do extraordinário não exclui a do legitimado ordinário.
1) Ministério Público: artigo 778, § 1°, I:
1.1) art. 16, Lei nº 4.717/65;
1.2) art. 100, Lei nº. 8.078/90;
1.3) art. 68, CPP, vítima pobre;
1.4) art. 91, Lei nº 8.078/90;
1.5) Art. 553, § ú., CC, doação com encargo em benefício da coletividade;
Legitimidade Ativa Extraordinária Autônoma Concorrente
2) Advogado para executar os honorários é legitimidade ordinária primária (artigo 85 e seu § 14, CPC/2015): natureza alimentar e privilégios dos créditos trabalhistas.
OBS: É extraordinária (Araken de Assis) quando o vencedor executa a verba honorária.
OBS: “(...) o advogado embora não tenha sido parte na fase de conhecimento, é legitimado ordinariamente (...)” (Fredie Didier Junior).
3) Fiador executando o devedor: art. 834, CC.
3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.651.057-CE. Rel. Ministro Moura Ribeiro
1. A legitimidade passiva, na ação rescisória, se estabelece em função do pedido deduzido em juízo. Assim, conforme informado pela teoria da asserção, devem figurar no polo passivo da demanda todos aqueles (e somente aqueles) que foram concretamente beneficiados pela sentença rescindenda.
2. A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que fixou honorários advocatícios sucumbenciais deve ser proposta não apenas contra o titular do crédito principal formado em juízo, mas também contra o advogado em favor de quem foi fixada a verba honorária de sucumbência, porque detém, com exclusividade, a sua titularidade.
Legitimidade ad causam Passiva na Execução (Artigo 779).
REGRAS
Legitimação Passiva Ordinária Primária: devedor constante do título (artigo 779, I, “o devedor, reconhecido como tal no título executivo”).
Exs: o devedor da sentença condenatória ou do título extrajudicial, o denunciado à lide, os litisconsortes, o avalista etc.
Legitimidade Passiva Ordinária Superveniente.
Fatos supervenientes à criação do crédito que titulam o exequente.
Incisos do artigo 779:
1) II – o espólio, os herdeiros e sucessores mortis causa;
2) III – o novo devedor que assumiu a obrigação;
A Questão da Legitimidade do Fiador.
Artigo 779, IV – fiador do débito constante em titulo extrajudicial.
O fiador judicial é legitimado ordinário: arts. 533, § 2º, e 895, § 1º, CPC.
GRECO: legitimidade passiva derivada: quando a execução recai sobre bens de um sujeito que não é o devedor principal na execução.
Cândido Rangel Dinamarco: “não é parte passiva na execução ao menos que tenha sido parte vencida no processo de conhecimento ou haja prestado fiança em contrato que em si mesmo é título executivo extrajudicial (contrato de locação)”. Legitimidade passiva ordinária.
  
Araken de Assis: legitimidade passiva extraordinária conforme a 3.ª T. STJ e o direito português, 585, III, conjuga-se a legitimidade ordinária do devedor com a extraordinária dos garantes.
Fredie Didier: é legitimidade passiva ordinária superveniente.
Súmula STJ 268: “O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução do julgado.”
Art. 513. (...) § 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
Art. 62.  Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
        I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação;nesta hipótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito; (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
Conclusão quanto ao Fiador
Ou constou do polo passivo da fase de conhecimento e é legitimado ordinário primário, ou consta do título extrajudicial e é legitimado passivo ordinário primário, não se aplicando a Súmula 268 para título extrajudicial.
Legitimidade Passiva Extraordinária
Quem pode ser rotulado como parte legitima passiva extraordinária na execução, submetendo seu patrimônio à solução da divida de outrem?
1) Os que assumiram a dívida mediante declaração de vontade, como o fiador e o proprietário do bem gravado;
2) Os responsáveis pela solução da dívida mesmo sem ter assumido do débito, como o sócio.
Legitimidade Passiva Extraordinária
1) O sucessor a título singular na aquisição da coisa litigiosa: arts. 109, 779, III, CPC;
2) O responsável tributário: arts.128 a 135, CTN, e art. 779 VI, CPC
3) O sócio: arts. 790, II, e 795, CPC. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (artigos 133 e ss).
4) O proprietário do bem gravado por direito real de garantia em favor da dívida do devedor (art. 799, V).
Legitimidade Passiva Extraordinária
5) O cônjuge ou companheiro: arts. 1.639 e ss do CC, arts. 790, IV, e 842, par. ún., CPC. Regra: “dívidas que reverteram em proveito comum” art. 1.668, III, CC.
Súmula STJ 134: “Embora intimado da penhora do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação.”
6) O síndico, comissário, liquidante, administrador: art. 4.º, § 1.º, Lei n.º 6.830/80, nos casos de recuperação judicial ou extrajudicial.
Intervenção de terceiros na execução.
Previstas na Parte Geral do CPC: a) assistência, b) incidente de desconsideração da personalidade jurídica e c) amicus curiae.
Intervenções de terceiros típicas na execução.
Intervenção de terceiros típica na execução.
a) protesto pelo direito de preferência do credor com garantia real ou privilégio (artigo 908, CPC);
b) concurso especial de credores no caso de penhoras sucessivas (art. 889, V, 908 e 909 CPC);
c) exercício do benefício de ordem pelo fiador (art. 794, CPC);
d) embargos de terceiro (art. 674, CPC).

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