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Cuidado integral aos pacientes nas doenças infecto-parasitarias AULA 3 – MALÁRIA A malária representa grave problema de saúde pública no mundo. A área endêmica do Brasil compreende a região amazônica brasileira, incluindo os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Desde 2000, tem ocorrido uma redução de mais de 50% no número de casos de malária no Brasil. Em 2012 o número de casos graves e óbitos apresentou uma grande redução. A letalidade por malária na região amazônica é baixa (2/100.000 hab.), enquanto no restante do país chega a ser 100 vezes maior. População sob risco, vive em condições precárias de habitação e saneamento. No Brasil, 86% dos casos ocorrem em áreas rurais ou indígenas. No Brasil, em 2018, foram notificados em todo o país, 194.271 casos da doença. Em 2020, do total de casos autóctones na região Extra-Amazônica, um terço (1/3) foram registros com infecção nas áreas de Mata Atlântica. Os estados da Bahia e Espírito Santo são áreas receptivas para a malária, e enfrentaram grandes desafios para a contenção do surto da doença. Sete municípios considerados prioritários no enfrentamento da doença: Bagre; Oeiras do Pará; Anajás; Curralinho; Itaituba; Cametá; e Portel. MALÁRIA 1. Doença infecciosa febril aguda. 2. Potencial gravidade clínica 3. Agente etiológico -> Protozoário: Plasmodium -> 3 espécies no Brasil: P. vivax, P. falciparum e P. malariae 4. Transmitida por vetores ----> Principal vetor no Brasil Anopheles darlingi (mosquito-prego, carapanã, muriçoca). 5. Homem principal reservatório com importância epidemiológica • A doença é adquirida por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles conhecido como: muriçoca, mosquito-prego e bicuda. • São 400 espécies, das quais 60 ocorrem no Brasil sendo 11 de importância epidemiológica na transmissão da doença • Anopheles darlingi é o principal vetor de malária no Brasil • No estado de SC: Anopheles (Keteszia) cruzii e o anpheles albitarsis possuem maior potencial de transmissão • o anopheles prefere temperatura de 20 a 30° e altas taxas de umidade. Não sobrevive se as temperaturas médias diárias caírem abaixo dos 15°c não gosta de altitude acima dos 1500 metros. TRANSMISSÃO • Incubação ----> P. falciparum: 8 a 12 dias; P. vivax: 13 a 17; e P. malariae: 18 a 30 dias. • Ciclo do parasito dentro do mosquito ----> duração variada ----> conforme as espécies envolvidas ----> duração média de 12 a 18 dias. • Os vetores são abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. • Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. • Transmissibilidade ----> Gametócitos surgem na CS em poucas horas para P. vivax; de 7 a 12 dias para o P. falciparum a partir do início dos sintomas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Em alguns pacientes aparecem sintomas prodrômicos vários dias antes dos paroxismos (ápice), da doença: • Náuseas • Vômitos • Fadiga • Anorexia Período de infecção: a fase sintomática inicial caracteriza-se por mal-estar, cansaço e mialgia. PADRÕES CÍCLICOS Ataque paroxístico: inicia-se por calafrios, acompanhado de tremor generalizado com duração de 15 minutos a 1 hora. Fase febril (~41°c) podendo ser acompanhada de cefaleia, náuseas e vômitos seguida de sudorese intensa. Baço e fígado podem estar aumentados e dolorosos à palpação. Remissão: declínio da temperatura (fase de apirexia). A diminuição dos sintomas causa sensação de melhora no paciente. Contudo novos episódios de febre podem acontecer em um mesmo dia ou com intervalos variáveis caracterizado um estado de febre intermitente. SINAIS E SINTOMAS PREDITORES DE MALÁRIA GRAVE • Prostração/vômitos • Alteração da consciência • Dispnéia ou hiperventilação • Convulsões • Hipotensão arterial ou choque • Edema pulmonar ao Rx de tórax • Hemorragias/anemia • Icterícia • Hemoglobinúria • Hiperpirexia (>41°c) • Oligúria DIAGNÓSTICO Diagnóstico • Demonstração do parasito -> antígenos relacionados -> sangue periférico do paciente • Gota espessa -> método oficialmente utilizado no Brasil Tratamento • Principal alicerce -> controle da doença • Toda suspeição -> notificada tanto na área endêmica -> Sivep-Malária, quanto na área endêmica -> sinan TRATAMENTO – ESQUEMA PREVENÇÃO • em área de transmissão fique atento aos horários de maior atividade dos mosquitos vetores da doença, no amanhecer e no por do sol • use roupas claras e com manga longa. Durante atividades de exposição elevada. • Nas áreas de risco, preste atenção às condições inadequadas de acomodação: dormir ao ar livre em acampamentos, barcos ou habitações precárias sem proteção contra mosquitos. • Aplique repelentes nas áreas expostas da pele, seguindo a orientação do fabricante. Em crianças com idade inferior a dois anos, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. • Atenção ao surgimento de sintomas como febre, dor no corpo e dor de cabeça. Em caso de manifestação de algum destes sintomas procure uma unidade de saúde especializada mais próxima em no máximo 48 horas. ATIVIDADE O Brasil é considerado, pela Organização Mundial da Saúde, um país endêmico para malária. A área endêmica da doença no Brasil compreende a região amazônica – responsável por 99% dos casos autóctones, incluindo Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins. Avalie as afirmativas abaixo sobre a epidemiologia da malária no Brasil, e classifique- as como CORRETAS ou INCORRETAS: 1. O Brasil apresenta reduções constantes no número de casos de malária, principalmente a partir do ano de 2008. Por ser uma doença, hoje em dia, basicamente da Amazônia, esta redução é dada principalmente pelo progressivo desmatamento do país. AFIRMATIVA INCORRETA. A redução de malária no país é reflexo da ampliação da rede de diagnóstico e tratamento com diminuição do prazo do início de tratamento dos pacientes, e consequente redução de fontes de infecção para os mosquitos e da introdução de drogas e tecnologias mais potentes para evitar as recaídas. A transformação da paisagem, a exemplo dos desmatamentos florestais da Amazônia, favorece condições ecológicas que propiciam, positiva ou negativamente, as dinâmicas da reprodução de anofelinos e o consequente risco de transmissão da malária 2. Apesar dos poucos casos autóctones de malária na região extra-amazônica, a doença não pode ser negligenciada diante do risco de reintrodução de sua transmissão, agravado pelo fluxo migratório de pessoas de áreas endêmicas para áreas suscetíveis, bem como pela possibilidade de aumento da letalidade devido ao diagnóstico tardio e manejo clínico inadequado AFIRMATIVA CORRETA. Na região extra- amazônica, os casos autóctones ocorrem em áreas cobertas pela Mata Atlântica nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, além de casos esporádicos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Piauí e Ceará. A afirmação está correta 3. A malária é um agravo rural, ou seja, os casos ocorrem em áreas indígenas, de garimpo, assentamentos e ribeirinhas. As ações de vigilância concentram-se nestas áreas, não havendo necessidade de ações em áreas urbanas. AFIRMATIVA INCORRETA. A maioria dos casos de malária da Região Amazônica é registrada em ambientes rurais, mas, nos últimos anos, vem aumentando o percentual de participação das áreas urbanas, principalmente em grandes cidades. A Amazônia, por sua estrutura e cenário epidemiológico, representa sérios desafios para o controle da malária e a gestão de ações de proteção da saúde da população. O desmatamentoe a expansão urbana acentuada, nas áreas de transmissão e manutenção da endemia, contribuem para um perfil epidêmico da malária em áreas urbanas periféricas. Portanto, a afirmação está incorreta. 4. A malária é uma doença facilmente tratada; por essa razão, as complicações de sua evolução são raras. AFIRMATIVA INCORRETA. Se não há o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado do caso, a malária pode evoluir em gravidade, inclusive para óbito. As internações por malária no país têm relação direta com a oferta de diagnóstico oportuno e tratamento adequado. 5. Um aspecto preocupante na região extra- amazônica é o incremento da taxa de letalidade por malária (TLM) que vem aumentando a cada ano. Os registros indicam que na região extra- amazônica esse indicador é 100 vezes maior que na Região Amazônica, geralmente, em pessoas que, vindo infectadas de outros países ou de estados da Região Amazônica, não recebem o diagnóstico e o tratamento oportunos e consequências dos sintomas antes de o tratamento ter iniciado. adequados conforme preconizado. AFIRMATIVA CORRETA. A taxa de letalidade por malária que vem aumentando em áreas não- amazônicas, especialmente em pessoas que não recebem o diagnóstico e o tratamento oportunos e adequados. CASO CLÍNICO Teresa, de 25 anos, moradora de área urbana de cidade de médio porte no interior do Amazonas, procura a Unidade Básica de Saúde local com febre há 5 dias, associada a calafrios, cefaleia intensa, inapetência e icterícia leve. Ela trabalha como professora na área rural e, há duas semanas, viajou de barco para participar de uma feira agropecuária. Relata que fez uso de paracetamol (2 comprimidos de 500mg) no dia anterior por conta própria, para melhorar os sintomas de dor e febre. Nega uso de outros medicamentos. Não possui comprovante vacinal. Você como Enfermeiro em uma Unidade de Saúde, de que maneira conduziria esse caso? Teresa apresenta vários sintomas que caracterizam um possível diagnóstico de malária, e devemos ter uma atenção ainda maior pois ela apresenta icterícia, mesmo sendo leve é um sinal de que a malária está indo para um quadro mais agravado. Devemos solicitar um exame de gota espessa e ate mesmo o exame de sangue para confirmar o diagnóstico. Podemos fazer o teste rápido de malária para identificar se é positivo e qual o tipo de plasmodium que esta presente no organismo dela. Depois dessa informação devemos fazer o esquema medicamentoso para esta paciente. Devendo ressaltar que não deve ser interrompido de forma alguma.
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