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1 DOENÇAS PREVALENTE NO BRASIL O QUE SÃO, EPIDEMIOLOGIA, SINTOMAS, FASES, TRATAMENTO, ENTRE OUTROS ASPECTOS SUMÁRIO Em áreas endêmicas de malária, considera-se inapta a doar sangue a: ...................................................... 3 Como a malária é transmitida? .................................................................................................................... 3 Como prevenir a malária? ............................................................................................................................ 4 Situação epidemiológica da malária ............................................................................................................. 4 Endêmica na região Norte do país, porém requer cautela e isolamento dos casos exportados para outras regiões, haja vista, que alguns locais apresentam o mosquito vetor, porém este não entrou em contato com o plasmodium. .............................................................. 4 Viajantes e a malária .................................................................................................................................... 4 Leishmaniose Tegumentar (LT): o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção ............ 5 O que é Leishmaniose Tegumentar (LT)? ......................................................................... 5 Quais são as espécies da Leishmaniose Tegumentar (LT)? .......................................................................... 6 Quais são os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT)? ......................................................................... 6 Como é feito o diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT)? .................................................................. 6 Como a Leishmaniose Tegumentar (LT) é transmitida? ............................................................................... 6 Hospedeiros e reservatórios da Leishmaniose Tegumentar (LT) ................................................................. 7 Reservatórios silvestres da Leishmaniose Tegumentar (LT) ......................................................................... 7 Animais domésticos e a Leishmaniose Tegumentar (LT) .............................................................................. 7 Coinfecção de Leishmaniose Tegumentar (LT) / HIV .................................................................................... 7 Como é feito o tratamento da Leishmaniose Tegumentar (LT)? .................................................................. 7 Distribuição da Leishmaniose Tegumentar (LT) no Brasil e mundo ............................................................. 8 Como prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT)? ....................................................................................... 8 O que é dengue? .......................................................................................................................................... 8 Quais são os sintomas de dengue? .............................................................................................................. 9 Dengue tem cura? ........................................................................................................................................ 9 Transmissão da dengue ................................................................................................................................ 9 Como é feito o Tratamento de dengue? .................................................................................................... 10 Como prevenir a dengue? .......................................................................................................................... 10 Dicas para os viajantes ............................................................................................................................... 11 O que é Esquistossomose? ......................................................................................................................... 11 Como a Esquistossomose é transmitida? ................................................................................................... 12 Quais são os fatores de risco da Esquistossomose? ................................................................................... 12 Quais são os sintomas da esquistossomose? ............................................................................................. 12 Quais são as complicações possíveis da esquistossomose? ....................................................................... 12 2 Como é feito o diagnóstico da esquistossomose? ..................................................................................... 13 Quem são os hospedeiros da esquistossomose? ....................................................................................... 13 Como ocorre a transmissão da esquistossomose? .................................................................................... 13 Quais são as fases da esquistossomose? .................................................................................................... 13 Fase inicial ........................................................................................................................ 13 Fase tardia ......................................................................................................................... 14 Como prevenir a esquistossomose? ........................................................................................................... 15 Grupos-alvo para o tratamento são: ............................................................................... 15 Como é feito o tratamento da esquistossomose? ..................................................................................... 15 Situação epidemiológica da esquistossomose .............................................................. 16 No mundo .......................................................................................................................... 16 Nas Américas ................................................................................................................................... 16 No Brasil ........................................................................................................................................... 16 Viajantes e a esquistossomose ....................................................................................... 16 Transmissão da larva migrans cutânea .................................................................................. 16 Sintomas da larva migrans cutânea ........................................................................................ 17 Tratamento da larva migrans cutânea ..................................................................................... 18 O que é febre amarela? .................................................................................................... 18 Quais são os sintomas da febre amarela? ...................................................................... 19 Quais são as complicações da febre amarela? .............................................................. 19 Como a febre amarela é transmitida? ............................................................................. 19 Como é feito o tratamento da febre amarela? ................................................................ 20 Como é feito o diagnóstico da febre amarela? ............................................................... 20 Como prevenir a febre amarela? ..................................................................................... 20 Eventos adversos pós-vacinação ........................................................................................................ 21 Doação de sangue após a vacinação .................................................................................................. 22 Diferençaentre a dose fracionada e a dose padrão da vacina........................................................... 22 Quem não deve tomar a vacina contra febre amarela? ..................................................................... 22 Como saber se tenho alergia ao ovo? ................................................................................................ 22 Situação epidemiológica da febre amarela ..................................................................... 22 Viajantes e a febre amarela .............................................................................................. 23 Viagens nacionais ............................................................................................................................ 24 Viagens internacionais .................................................................................................................... 24 A saúde passou ao longo dos anos por diversas modificações em seus conceitos, agregando aspectos biológicos, espirituais, culturais e sociais. Atualmente o termo mais utilizado para agregar todos esses aspectos em torno as saúdes são os Determinantes Sociais da Saúde 3 (DSS), os quais envolvem elementos como educação, ambiente de trabalho, desemprego, habitação, ou também chamadas de microdeterminantes, os quais estão contidos nos macrodeterminantes como condições socioeconômicas, culturais e ambientas. (www.scielo.br/pdf/sausoc/v22n1/06.pdf) Tendo em mente essa abordagem sobre os DSS, fica nítido sua influência direta sobre a incidência de doenças infecto parasitárias, já que muitas dessas doenças necessitem de determinadas circunstâncias e meios de transmissão específicos para infectar o hospedeiro. Algumas das várias doenças onde essa relação é facilmente estabelecidas são : Doença de Chagas, a qual requer contato com as fezes do inseto barbeiro, sendo que habitações de pau a pique facilitam a entrada do vetor, enquanto casas de alvenaria impedem entrada do vetor; Amebíase e Giardíase, ou qualquer parasitose que utilize como veículo água e alimentos contaminadas, indivíduos que não possuem saneamento básico adequado são grupo de risco evidente para essas doenças, principalmente se não tiverem conhecimento sobre higienização correta de alimentos (uso de água sanitária ou Hipoclorito). Em diversas outras doenças essas relações podem se estabelecer, mas está mais do que evidente a grande influência dos DSS sobre a incidência dessas doenças. Além desse aspecto abordado, fale ressaltar a importância dos dados epidemiológicos e ações em saúde. Sem a coleta de dados epidemiológicos não é possível priorizar, direcionar e realizar ações em saúde eficientes, pois comunidades diferentes atuam sobre diferentes condições de DDS. Logo apresentam perfis epidemiológicos diferentes, requerendo ações em saúde específicas as doenças que atingem aquela comunidade, assim será possível realizar juntamente com a comunidade profilaxia e tratamento precoce precisos e eficientes, reduzindo a incidências das doenças infecto parasitárias. Vale ressaltar que a unidade Básica necessita de uma infraestrutura mínima adequada para a realização dessas atividades, sendo imprescindível a equipe profissional e o município manterem essa estrutura mínima de modo a não prejudicar o usuário. (http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-16731997000300002) (https://ava.ufmt.br/graduacao/pluginfile.php/276224/mod_resource/content/1/Planejamento%2 0das%20ações%20das%20equipes%20-%20PES.pdf) MALÁRIA EM ÁREAS ENDÊMICAS DE MALÁRIA, CONSIDERA-SE INAPTA A DOAR SANGUE A: • 1) pessoa que tenha tido malária nos 12 meses que antecedem a doação; • 2) pessoa com febre ou suspeita de malária nos últimos 30 dias; • 3) pessoa que tenha se deslocado ou procedente de área de alto risco (IPA ≥50,0 casos/1.000 habitantes) há menos de 30 dias. Se a pessoa teve malária por Plasmodium malariae, ela não poderá mais doar sangue. Já para as outras espécies, depende do tempo entre a doença e a doação de sangue. Os hemocentros sabem orientar o doador. COMO A MALÁRIA É TRANSMITIDA? A malária é transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito ANOPHELES, infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos são mais abundantes ao entardecer e ao http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v22n1/06.pdf http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-16731997000300002 https://ava.ufmt.br/graduacao/pluginfile.php/276224/mod_resource/content/1/Planejamento%20das%20ações%20das%20equipes%20-%20PES.pdf https://ava.ufmt.br/graduacao/pluginfile.php/276224/mod_resource/content/1/Planejamento%20das%20ações%20das%20equipes%20-%20PES.pdf 4 amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, em menor quantidade. Apenas as fêmeas de mosquitos do gênero ANOPHELES são capazes de transmitir a malária. O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio. A malária não pode ser transmitida pela água. IMPORTANTE: A malária não é uma doença contagiosa. Ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa. É necessário o vetor para realizar a transmissão. COMO PREVENIR A MALÁRIA? Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão: uso de mosquiteiros; roupas que protejam pernas e braços; telas em portas e janelas; uso de repelentes. Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são: borrifação intradomiciliar; uso de mosquiteiros; drenagem; pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor; aterro; limpeza das margens dos criadouros; modificação do fluxo da água; controle da vegetação aquática; melhoramento da moradia e das condições de trabalho; uso racional da terra. IMPORTANTE: Não existe vacina contra a malária. Algumas substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA Endêmica na região Norte do país, porém requer cautela e isolamento dos casos exportados para outras regiões, haja vista, que alguns locais apresentam o mosquito vetor, porém este não entrou em contato com o plasmodium. VIAJANTES E A MALÁRI A Os riscos de adoecimento durante uma viagem são variáveis e dependem das características do indivíduo, da viagem e do local de destino e as orientações a serem feitas se baseiam nestas informações. Recomenda-se que os viajantes recebam uma avaliação e orientação criteriosa realizada por profissionais especializados em saúde do viajante antes da viagem. Uma lista das unidades de atendimento ao viajante é divulgada pelo Ministério da Saúde. Ao ser identificado potencial risco de adquirir malária devem ser orientadas as medidas de prevenção contra picada de mosquitos: • Usar roupas claras e longas, como camisas de manga comprida e calças, cobrindo áreas do corpo em que o mosquito possa picar; • Usar repelentes nas áreas de pele expostas, seguindo as orientações do fabricante do produto quanto à faixa etária e frequência de aplicação; • Evitar locais próximos a criadouros naturais dos mosquitos vetores (beira de rios e lagos, áreas alagadas ou coleções hídricas, região de mata nativa), principalmente nos horários http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/malaria/centros-de-diagnostico-e-tratamento-no-brasil 5 da manhã e ao entardecer, por ser neste horário a maior atividade dos mosquitos vetores da malária; • É recomendado o uso de ar condicionado ou ventiladores em ambientes fechados. Outra informação importante é a orientação para busca ao diagnóstico e tratamento imediatamente após o início dos sintomas, uma vez que o atraso no tratamento está associado ao um maior risco de gravidade e óbito, principalmente em viajantes que, em geral, são não imunes. A quimioprofilaxia (QPX),uso antimaláricos em pequenas doses durante o período de exposição, deve ser reservada para situações específicas, nas quais o risco de adoecer de malária grave por P. FALCIPARUM for superior ao risco de eventos adversos graves, relacionados ao uso das drogas quimioprofiláticas. No Brasil, onde a malária tem baixa incidência e há predomínio de P. VIVAX em toda a área endêmica, deve-se lembrar de que a eficácia da profilaxia para essa espécie de PLASMODIUM é baixa. Assim, pela ampla distribuição da rede de diagnóstico e tratamento para malária, não se indica a QPX para viajantes em território nacional. Entretanto, a QPX poderá ser, excepcionalmente, recomendada para viajantes que visitarão regiões de alto risco de transmissão de P. FALCIPARUM na Região Amazônica, que permanecerão na região por tempo maior que o período de incubação da doença (e com duração inferior a 6 meses) e em locais cujo acesso ao diagnóstico e tratamento de malária estejam distantes mais de 24 horas. Por fim, é importante frisar que o viajante que se desloca para áreas de transmissão de malária deve procurar orientação de prevenção antes da viagem e acessar o serviço de saúde, caso apresente sintomas de doença dentro de 6 meses após retornar de uma área de risco de transmissão, mesmo que tenha realizado quimioprofilaxia. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT): O QUE É, C AUSAS, SINTOMAS, TRATAMENTO, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO O QUE É LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? A Leishmaniose Tegumentar é uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania. No Brasil, há sete espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de LT. As mais importantes são: Leishmania (Leishmania) amazonensis, L. (Viannia) guyanensis e L.(V.) braziliensis. A doença é transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos (espécie de mosca) infectadas. Os insetos pertencentes à ordem Diptera, família PSYCHODIDAE, subfamília PHLEBOTOMINAE, gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito palha, tatuquira e birigui, são os principais vetores da Leishmaniose Tegumentar. IMPORTANTE: A suscetibilidade de infecção por Leishmaniose Tegumentar (LT) é universal. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente. 6 QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? As três principais espécies de Leishmania, protozoário causador da Leishmaniose Tegumentar (LT), são: • LEISHMANIA (LEISHMANIA) AMAZONENSIS – distribuída pelas florestas primárias e secundárias da Amazônia legal (Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e Maranhão). Sua presença amplia-se para o Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), Centro- oeste (Goiás) e Sul (Paraná); • LEISHMANIA (VIANNIA) GUYANENSIS – aparentemente limitada à Região Norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e estendendo-se pelas Guianas. É encontrada principalmente em florestas de terra firme, em áreas que não se alagam no período de chuvas; • LEISHMANIA (VIANNIA) BRAZILIENSIS – foi a primeira espécie de LEISHMANIA descrita e incriminada como agente etiológico da LT. É a mais importante, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Tem ampla distribuição, desde a América Central até o norte da Argentina. Esta espécie está amplamente distribuída em todo país. Quanto ao subgênero Viannia, existem outras espécies de LEISHMANIA recentemente descritas: L. (V) LAINSONI IDENTIFICADA NOS ESTADOS DO PARÁ, RONDÔNIA E ACRE; L. (V) NAIFFI, ocorre nos estados do Pará e Amazonas; L. (V) SHAWI, com casos humanos encontrados no Pará e Maranhão; L. (V.) LINDENBERG foi identificada no estado do Pará. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? Os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT) são lesões na pele e/ou mucosas. As lesões de pele podem ser única, múltiplas, disseminada ou difusa. Elas apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta. Quando atingem o nariz, podem ocorrer: entupimentos; sangramentos; coriza; aparecimento de crostas; feridas. Na garganta, os sintomas são: dor ao engolir; rouquidão; tosse. COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? O diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT) é feito por métodos parasitológicos. Essa confirmação laboratorial é fundamental, tendo em vista o número de doenças que fazem diagnóstico diferencial com a LT - como, por exemplo, sífilis, hanseníase e tuberculose. A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial é importante não apenas para a confirmação dos achados clínicos, mas também pode fornecer informações epidemiológicas - por meio da identificação da espécie circulante -, fundamentais para o direcionamento das medidas a serem adotadas para o controle do agravo. COMO A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) É TRANSMITIDA? Os vetores da Leishmaniose Tegumentar (LT) são insetos conhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros. A transmissão da Leishmaniose Tegumentar (LT) ocorre pela picada de fêmeas infectadas desses insetos. São numerosos os registros de infecção em animais domésticos. Entretanto, http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/sifilis-2 http://www.saude.gov.br/hanseniase http://www.saude.gov.br/tuberculose 7 não há evidências científicas que comprovem o papel desses animais como reservatórios das espécies de leishmanias, sendo considerados hospedeiros acidentais da doença. No homem, o período de incubação, tempo que os sintomas começam a aparecer desde a infecção, é de, em média, 2 a 3 meses, podendo apresentar períodos mais curtos, de 2 semanas, e mais longos, de 2 anos. HOSPEDEIROS E RESERVATÓRIOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) A interação reservatório-parasito é considerada um sistema complexo, na medida em que é multifatorial, imprevisível e dinâmica, formando uma unidade biológica que pode estar em constante mudança, em função das alterações do meio ambiente. São considerados reservatórios da LT as espécies de animais que garantam a circulação de leishmanias na natureza, dentro de um recorte de tempo e espaço. Infecções por leishmanias que causam a LT foram descritas em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esse último, seu papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi definitivamente esclarecido. RESERVATÓRIOS SILVESTRES DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) Já foram registrados, como hospedeiros e possíveis reservatórios naturais, algumas espécies de roedores, marsupiais, edentados e canídeos silvestres. ANIMAIS DOMÉSTICOS E A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) São numerosos os registros de infecção em animais domésticos. Entretanto, não há evidências científicas que comprovem o papel desses animais como reservatórios das espécies de leishmanias, sendo considerados hospedeiros acidentais da doença. A LT nesses animais pode apresentar-se como uma doença crônica, com manifestações semelhantes as da doença humana, ou seja, o parasitismo ocorre preferencialmente em mucosas das vias aerodigestivas superiores. COINFECÇÃO DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) / HIV A Leishmaniose Tegumentar (LT) pode modificar a progressão da doença pelo HIV e a imunodepressão causada por esse vírus facilita a progressão da LT. A avaliação do conjunto de manifestações clínicas da LT em pacientes portadores de HIV indica que não existe definição de um perfil clínico que possa ser indiscutivelmente associado à coinfecção. O diagnóstico da coinfecção com HIV tem implicações na abordagem da leishmaniose em relação ao diagnóstico, à indicação terapêutica e ao monitoramento de efeitos adversos, à resposta terapêutica e à ocorrência derecidivas. Portanto, recomenda-se oferecer a sorologia para HIV para todos os pacientes com LT, independentemente da idade, conforme as recomendações do Ministério da Saúde. COMO É FEITO O TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento específico e gratuito para a Leishmaniose Tegumentar (LT). O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos, repouso e uma boa alimentação. 8 DISTRIBUIÇÃO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) NO BRASIL E MUNDO A Leishmaniose Tegumentar (LT) tem ampla distribuição mundial e no continente americano há registro de casos desde o sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina, com exceção do Chile e Uruguai. Em 1909, foi descrita formas de leishmânias em úlceras cutâneas e nasobucofaríngeas em indivíduos que trabalhavam na construção de rodovias no interior de São Paulo. Desde então, a doença vem sendo descrita em vários municípios de todas as Unidades Federadas. Em média, são registrados cerca de 21.000 casos/ano, com coeficiente de incidência de 8,6 casos/100.000 habitantes nos últimos 5 anos. A região Norte apresenta o maior coeficiente (46,4 casos/100.000 habitantes), seguida das regiões Centro-Oeste (17,2 casos/10.000 habitantes) e Nordeste (8 casos/100.000 habitantes). COMO PREVENIR A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? As principais formas de prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT), segundo orientações do Ministério da Saúde, são as seguintes ações direcionadas: • População humana: adotar medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado; • Vetor: manejo ambiental, por meio da limpeza de quintais e terrenos, para evitar o estabelecimento de criadouros para larvas do vetor; • Atividades de educação em saúde: devem ser inseridas em todos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle da LT, com o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multinstitucionais, para um trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviços. DENGUE: CAUSAS, SINTOMAS, TRATAMENTO E PREVENÇÃO O QUE É DENGUE? O vírus da dengue é um arbovírus. Arbovírus são vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente os mosquitos. Existem quatro tipos de vírus de dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4). Cada pessoa pode ter os 4 sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. O transmissor (vetor) da dengue é o mosquito Aedes AEGYPTI, que precisa de água parada para se proliferar. O período do ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada região, mas é importante manter a higiene e evitar água parada todos os dias, porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver. 9 IMPORTANTE: Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis, porém as pessoas mais velhas têm maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações que podem levar à morte. O risco de gravidade e morte aumenta quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DE DENGUE? Os principais sintomas da dengue são: febre alta > 38.5ºC, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. Neste último caso pode levar até a morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele. Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). São sinais de alarme de dengue: Dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome, vômitos persistentes, acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico), sangramento de mucosa ou outra hemorragia, aumento progressivo do hematócrito, queda abrupta das plaquetas. DENGUE TEM CURA? A dengue, na maioria dos casos, tem cura espontânea depois de 10 dias. A principal complicação é o choque hemorrágico, que é quando se perde cerca de 1 litro de sangue, o que faz com que o coração perca capacidade de bombear o sangue necessário para todo o corpo, levando a problemas graves em vários órgãos e colocando a vida da pessoa em risco. Como toda infecção, pode levar ao desenvolvimento Síndrome de Gulliain-Barre, encefalite e outras complicações neurológicas. TRANSMISSÃO DA DENGUE A dengue é transmitida pela picada do mosquito AEDES AEGYPTI. Após picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus, a fêmea pode transmitir o vírus para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea. Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou ter um parto prematuro, além da gestante estar mais exposta para http://www.saude.gov.br/guillainbarre 10 desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte. Por isso, é importante combater o mosquito da dengue, fazendo limpeza adequada e não deixando água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas, pneus ou outros recipientes que possam servir de reprodução do mosquito Aedes Aegypti. Em populações vulneráveis, como crianças e idosos com mais de 65 anos, o vírus da dengue pode interagir com doenças pré-existentes e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações nas condições clínicas de saúde da pessoa. ATENÇÃO: A dengue não é transmissível de pessoa a pessoa e não provoca sequelas, se tratada corretamente Como é feito o diagnóstico da dengue? O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. É confirmado com exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral, ou confirmado com teste rápido (usado para triagem). A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR, isolamento viral e teste rápido. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Em caso de confirmação da doença, a notificação deve ser feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas. COMO É FEITO O TRATAMENTO DE DENGUE? Não existe tratamento específico para a dengue. Em caso de suspeita é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico. A assistência em saúde é feita para aliviar os sintomas. Estão entre as formas de tratamento: fazer repouso; ingerir bastante líquido (água); não tomar medicamentos por conta própria; a hidratação pode ser por via oral (ingestação de líquidos pela boca) ou por via intravenosa (com uso de soro, por exemplo); o tratamento é feito de forma sintomática, sempre de acordo com avaliação do profissional de saúde, conforme cada caso. COMO PREVENIR A DENG UE? A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada que podem se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas pláticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia - quando os mosquitos são mais ativos - proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser uma das medidas adotadas, principalmente durante surtos.Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia, como bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos. 11 No momento, só existe uma vacina contra dengue registrada na Anvisa, que esta disponível na rede privada. Ela é usada em 3 doses no intervalo de 1 ano e só deve ser aplicada, segundo o fabricante, a OMS e a ANVISA, em pessoas que já tiveram pelo menos uma infecção por dengue. Esta vacina não está disponível no SUS, mas o Ministério da Saúde acompanha os estudos de outras vacinas. DICAS PARA OS VIAJANTES A dengue é uma doença cujo período de maior transmissão coincide com o verão, devido aos fatores climáticos favoráveis à proliferação do mosquito AEDES AEGYPTI em ambientes quentes e úmidos. Para quem vai viajar e deixar a casa fechada, a orientação é não deixar oportunidade para o vetor se proliferar. Medidas simples podem ser adotadas, como substituir a água dos pratos dos vasos de planta por areia; deixar a caixa d´água tampada; cobrir os grandes reservatórios de água, como as piscinas, e remover do ambiente todo material que possa acumular água (garrafas pet, latas e pneus). ESQUISTOSSOMOSE: CAUSAS, SINTOMAS, TRATAMENTO, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO O QUE É ESQUISTOSSOMOSE? A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo SCHISTOSOMA MANSONI. Inicialmente a doença é assintomática, mas pode evoluir e causar graves problemas de saúde crônicos, podendo haver internação ou levar à morte. No Brasil, a esquistossomose é conhecida popularmente como “xistose”, “barriga d’água” ou “doença dos caramujos”. A pessoa adquire a infecção quando entra em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes causadores da esquistossomose. Os vermes, uma vez dentro do organismo da pessoa, vivem nas veias do mesentério e do fígado. A maioria dos ovos do parasita se prende nos tecidos do corpo humano e a reação do organismo a eles pode causar grandes danos à saúde. O período de incubação, ou seja, tempo que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é de duas a seis semanas. IMPORTANTE: A infecção por esquistossomose é prevalente em áreas tropicais e subtropicais, em comunidades carentes sem acesso a água potável e sem saneamento adequado. Milhões 12 de pessoas em todo o mundo sofrem de patologias graves em consequência da esquistossomose. COMO A ESQUISTOSSOMOSE É TRANSMITIDA? Para que haja transmissão é necessário um indivíduo infectado liberando ovos de SCHISTOSOMA MANSONI por meio das fezes, a presença de caramujos de água doce e o contato da pessoa com essa água contaminada. Quando uma pessoa entra em contato com essa água contaminada, as larvas penetram na pele e ela adquire a infecção. Alguns hábitos como nadar, tomar banho ou simplesmente lavar roupas e objetos na água infectada favorecem a transmissão. A esquistossomose está relacionada ao saneamento precário. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e a sua evolução, conferem a esquistossomose uma grande relevância como problema de saúde pública. QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO DA ESQUISTOSSOMOSE? Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e sexo, pode ser infectada com o parasita da esquistossomose, mas as situações abaixo são grandes fatores de risco para se contrair a infecção. • Existência do caramujo transmissor. • Contato com a água contaminada. • Fazer tarefas domésticas em águas contaminadas, como lavar roupas. • Morar em comunidades rurais, especialmente populações agrícolas e de pesca. • Morar em região onde há falta de saneamento básico. • Morar em regiões onde não há água potável. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA ESQUISTOSSOMOSE? A maioria dos portadores são assintomáticos. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas, como: febre; dor de cabeça; calafrios; suores; fraqueza; falta de apetite; dor muscular; tosse; diarreia. IMPORTANTE: Em alguns casos, o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho. Na forma crônica da doença, a diarreia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode apresentar outros sinais, como: tonturas; sensação de plenitude gástrica; prurido (coceira) anal; palpitações; impotência; emagrecimento; endurecimento e aumento do fígado. Nos casos mais graves, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água. QUAIS SÃO AS COMPLIC AÇÕES POSSÍVEIS DA ESQUISTOSSOMOSE? Se não tratada adequadamente, a esquistossomose pode evoluir e provocar algumas complicações, como, por exemplo: aumento do fígado; aumento do baço; hemorragia digestiva; hipertensão pulmonar e portal; morte. 13 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA ESQUISTOSSOMOSE? O diagnóstico da esquistossomose é feito por meio de exames laboratoriais de fezes. É possível detectar, por meio desses exames, os ovos do parasita causador da doença. O médico também pode solicitar teste de anticorpos para verificar sinais de infecção e para formas graves ultrassonografia. QUEM SÃO OS HOSPEDEI ROS DA ESQUISTOSSOMOSE? No ciclo da esquistossomose estão envolvidos dois hospedeiros: • Hospedeiro definitivo: o homem é o principal hospedeiro definitivo. Nele, o parasita desenvolve a forma adulta e reproduz-se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas naturais (córregos, riachos, lagoas) ou artificiais (valetas de irrigação, açudes e outros). • Hospedeiro intermediário: o ciclo biológico do S. MANSONI depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família PLANORBIDAE e gênero BIOMPHALARIA, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto. No Brasil, as espécies BIOMPHALARIA GLABRATA, BIOMPHALARIA STRAMINEA e BIOMPHALARIA TENAGOPHILA estão envolvidas na disseminação da esquistossomose. Há registros da distribuição geográfica das principais espécies em 24 estados, localizados, principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. COMO OCORRE A TRANSMISSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE? A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas. Destaca-se que a transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do contato direto com o doente. Também não ocorre “autoinfecção”. QUAIS SÃO AS FASES DA ESQUISTOSSOMOSE? Clinicamente, a esquistossomose pode ser classificada em fase inicial e fase tardia. FASE INICIAL Corresponde à penetração das cercarias por meio da pele. Nessa fase, as manifestações alérgicas predominam; são mais intensas nos indivíduos hipersensíveis e nas reinfecções. Além das alterações dermatológicas ocorrem também manifestações gerais devido ao comprometimento em outros tecidos e órgãos. As formas agudas podem ser assintomáticas ou sintomáticas. => Assintomática – em geral, o primeiro contato com os hospedeiros intermediários da esquistossomose ocorre na infância. Na maioria dos portadores a doença é assintomática, passa despercebida e pode ser confundida com outras doenças dessa fase. Geralmente é 14 diagnosticada nas alterações encontradas nos exames laboratoriais de rotina (eosinofilia e ovos viáveis de S. MANSONI nas fezes). => Sintomática – a dermatite cercariana corresponde à fase de penetraçãodas larvas (cercarias) através da pele. Caracteriza-se por micropápulas eritematosas e pruriginosas, semelhantes a picadas de inseto e eczema de contato, com duração de até 5 dias após a infecção. Pode ocorrer a febre de Katayama após 3 a 7 semanas de exposição. É caracterizada por alterações gerais que compreendem: linfodenopatia, febre, cefaléia, anorexia, dor abdominal e, com menor frequência, o paciente pode referir diarréia, náuseas, vômitos e tosse seca. Ao exame físico, pode ser encontrado hepatoesplenomegalia. O achado laboratorial de eosinofilia elevada é bastante sugestivo, quando associado aos dados epidemiológicos. FASE TARDIA => Formas crônicas – iniciam-se a partir do sexto mês após a infecção, podendo durar vários anos. Podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam a depender da localização e intensidade da carga parasitária, da capacidade de resposta do indivíduo ou do tratamento instituído. Apresenta-se nas seguintes formas clínicas: => Hepatointestinal – Em geral, nesta forma da doença as pessoas não apresentam sintomas e o diagnóstico torna-se acidental, quando o médico se depara com a presença de ovos viáveis de S. MANSONI no exame de fezes de rotina. Nas pessoas com queixas clínicas, a sintomatologia é variável e inespecífica: desânimo, indisposição para o trabalho, tonturas, cefaleia e sintomas distônicos. Os sintomas digestivos podem predominar: sensação de plenitude, flatulência, dor epigástrica e hiporexia. Observam-se surtos diarreicos e, por vezes, disenteriformes, intercalados com constipação intestinal crônica. Esse quadro clínico, exceto pela presença de sangue nas fezes, não difere do encontrado em pessoas sem esquistossomose, mas com a presença de outras parasitoses intestinais. => Hepática – a apresentação clínica dos pacientes pode ser assintomática ou com sintomas da forma hepatointestinal. Ao exame físico, o fígado é palpável e endurecido, à semelhança do que acontece na forma hepatoesplênica. Na ultrassonografia, verifica-se a presença de fibrose hepática, moderada ou intensa. => Hepatoesplênica - Apresenta-se de nas formas: compensada e descompensada ou complicada. => Hepatoesplênica compensada – a característica fundamental desta forma é a presença de hipertensão portal, levando à esplenomegalia e ao aparecimento de varizes no esôfago. Os pacientes costumam apresentar sinais e sintomas gerais inespecíficos, como dores abdominais atípicas, alterações das funções intestinais e sensação de peso ou desconforto no hipocôndrio esquerdo, devido ao crescimento do baço. Às vezes, o primeiro sinal de descompensação da doença é a hemorragia digestiva com a presença de hematêmese e/ou melena. Ao exame físico, o fígado encontra-se aumentado. O baço aumentado mostra-se endurecido e indolor à palpação. Esta forma predomina nos adolescentes e adultos jovens. http://www.saude.gov.br/hipertensao 15 => Hepatoesplênica descompensada – considerada uma das formas mais graves da esquistossomose mansoni, responsável por óbitos por essa causa específica. Caracteriza-se por diminuição acentuada do estado funcional do fígado. Essa descompensação relaciona-se à ação de vários fatores, tais como os surtos de hemorragia digestiva e consequente isquemia hepática e fatores associados (hepatite viral, alcoolismo). Existem, ainda, outras formas clínicas: vasculopulmonar, a hipertensão pulmonar, verificadas em estágios avançados da doença e a glomerulopatia. Dentre as formas ectópicas, a mais grave é a neuroesquistossomose (mielorradiculopatiaesquistossomótica), caracterizada pela presença de ovos e de granulomas esquistossomóticos no sistema nervoso central. O diagnóstico é difícil, mas a suspeita clínica e epidemiológica conduz, com segurança, ao diagnóstico presuntivo. O diagnóstico e a terapêutica precoces previnem a evolução para quadros incapacitantes e óbitos. A prevalência dessa forma nas áreas endêmicas tem sido subestimada. => Outras localizações – são formas que aparecem com menos frequência. As mais importantes localizações encontram-se nos órgãos genitais femininos, testículos, na pele, na retina, tireóide e coração, podendo aparecer em qualquer órgão ou tecido do corpo humano, uma vez que a esquistossomose mansoni é considerada uma doença granulomatosa. => Forma pseudoneoplásica – a esquistossomose pode provocar tumores que parecem neoplasias e, ainda, apresentarem doença linfoproliferativa. => Doenças associadas que modificam o curso da esquistossomose – salmonelose prolongada, abscesso hepático em imunossuprimidos (AIDS), infecção pelo vírus t-linfotrópico humano- HTLV), pessoas em uso de imunossupressores e outras hepatopatias: virais, alcoólica entre outras. COMO PREVENIR A ESQUISTOSSOMOSE? A prevenção da esquistossomose consiste em evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. O controle da esquistossomose é baseado no tratamento coletivo de comunidades de risco, acesso a água potável e saneamento básico, educação em saúde e controle de caramujos em lagos e rios. GRUPOS-ALVO PARA O TRATAMENTO SÃO: • Comunidades inteiras que vivem em áreas de alta contaminação. • Crianças em idade escolar nas áreas urbanas residentes em áreas endêmicas. • Pessoas com profissões que envolvem contato com a água contaminada, tais como pescadores, agricultores, trabalhadores de irrigação. • Pessoas que praticam tarefas domésticas que envolvem contato com água contaminada. IMPORTANTE: Ainda não há vacina contra a esquistossomose. COMO É FEITO O TRATAMENTO DA ESQUISTOSSOMOSE? O tratamento da esquistossomose, para os casos simples, é em dose única e supervisionado feito por meio do medicamento Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação. http://www.saude.gov.br/aids 16 SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA ESQUISTOSSOMOSE NO MUNDO A esquistossomose mansoni é uma doença de ocorrência tropical, registrada em 54 países, principalmente na África e Leste do Mediterrâneo, atinge as regiões do Delta do Nilo e países como Egito e Sudão. NAS AMÉRICAS Atinge a América do Sul, destacando-se a região do Caribe, Venezuela e Brasil. NO BRASIL Estima-se que cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em áreas sob o risco de contrair a doença. Os estados das regiões Nordeste e Sudeste são os mais afetados sendo que a ocorrência está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores. Atualmente, a doença é detectada em todas as regiões do país. As áreas endêmicas e focais abrangem os Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e Minas Gerais (predominantemente no Norte e Nordeste do Estado). No Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal, a transmissão é focal, não atingindo grandes áreas. VIAJANTES E A ESQUISTOSSOMOSE A esquistossomose é uma doença cuja transmissão ocorre em área rural e nas periferias das cidades relacionada ao déficit no saneamento. Nesse sentido, é importante que as pessoas que vão fazer turismo ecológico e esportes radicais em qualquer município, se informem nas Secretarias Municipais de Saúde, sobre as coleções hídricas que representam risco para contrair a doença. LARVA MIGRANS CUTÂNEA – TRANSMISSÃO, SINTOMAS E TRATAMENTO A larva migrans cutânea, conhecida popularmente por bicho geográfico, é uma infecção causada pelas larvas de parasitas que vivem nos intestinos de cães e gatos, como os helmintos Ancylostoma braziliense ou Ancylostoma caninum.Neste texto vamos explicar o que é a larva migrans cutânea, como é feita a sua transmissão, quais são os seus sintomas e quais são as opções de tratamento. TRANSMISSÃO DA LARVA MIGRANS CUTÂNEA 17 O ciclo de vida dos parasitas que causam a larva migrans cutânea começa quando animais infectados pelos helmintos eliminam os ovos do parasita nas fezes. As fezes contaminadas quando em contato com um solo quente, úmido e arenoso se tornam um meio ótimo para a evolução dos ovos, que eclodem, liberando as larvas. No solo, as larvas recém-nascidas se alimentam de bactérias, e ao longo de 5 a 10 dias, passam por duas fases evolutivas até se tornarem aptas a infectar humanos ou outros animais. Larvas na 3º fase evolutiva (fase infecciosa) podem sobreviver no ambiente por até 4 semanas, se encontrarem condições favoráveis. A contaminação do homem se dá quando há um contato da pele com o solo contaminado por larvas, habitualmente, quando andamos descalços sobre terreno arenoso. Praias, principalmente aquelas onde há fezes de cães e gatos na areia, são locais propícios para conterem larvas de helmintos. As regiões da areia onde há sombra, mas não há contato com a água do mar, são os melhores pontos para o desenvolvimento das larvas. Outro local comum de contaminação são as caixas de areia ao ar livre onde as crianças brincam. Gatos costumam procurar locais com terra ou areia para enterrar suas fezes, podendo facilmente contaminar estas áreas. Cerca de 3/4 dos casos de contaminação com larvas de parasitas que provocam a larva migrans ocorrem nos membros inferiores, principalmente nos pés. Contaminações no tronco ou nos membros superiores ocorrem em menos de 10% dos casos. Nas crianças que brincam sentadas em caixas de areia ou na praia, os glúteos e as coxas são habitualmente acometidos. As larvas na 3º fase evolutiva conseguem penetrar a camada mais superficial da pele humana, mas não conseguem atravessar as camadas subjacentes. Sem conseguir invadir mais profundamente, os vermes passam se movimentar ao acaso por baixo da pele, formando um pequeno túnel que dá origem a desenhos na pele, parecendo um mapa, daí o nome popular de bicho geográfico. SINTOMAS DA LARVA MIGRANS CUTÂNEA O momento da penetração das larvas pode passar despercebido, mas em alguns pacientes é possível notar a presença de uma pápula (um ponto com relevo de mais ou menos 1 cm de diâmetro) avermelhado e pruriginoso. Se o solo estiver intensamente contaminado por larvas, várias pápulas podem surgir na pele, indicando vários pontos de invasão. Dentro de dois a três dias depois da invasão, surgem os pequenos túneis causados pela migração do verme por baixo da pele. Cada invasão origina um túnel. Estas lesões são discretamente elevadas, serpiginosas, marrom-avermelhadas e provocam muita coceira. Os túneis avançam cerca de 2 a 5 cm por dia e podem formar desenhos caprichosos. Com o passar dos dias, a parte mais antiga do trajeto tende a desinflamar, deixando em seu lugar apenas uma faixa mais escurecida, que desaparecerá mais tarde. A duração do processo é muito variável podendo curar-se espontaneamente ao fim de 2 semanas ou durar meses. A larva migrans quando desaparece espontaneamente, sem tratamento, pode reaparecer semanas ou meses depois. 18 O sintoma que mais incomoda é a coceira, podendo, inclusive, impedir o paciente de dormir. Se o paciente cocar demais a área, pode causar feridas e facilitar a contaminação da pele por bactérias, levando a quadros de celulite ou erisipela (leia: ERISIPELA | CELULITE | Sintomas e tratamento). TRATAMENTO DA LARVA MIGRANS CUTÂNEA O tratamento da larva migrans é feito com drogas antiparasitárias que tenham ação contra helmintos, como Tiabendazol, Albendazol ou Ivermectina. A Ivermectina é usada na dose de 200 mcg/kg por dia, por um ou dois dias. Já o Albendazol é habitualmente prescrito na dose de 400 mg por dia por três dias (leia: BULA SIMPLIFICADA DO ALBENDAZOL). O Tiabendazol pode ser usado como pomada nos casos iniciais, leves ou com poucas lesões. O tratamento tópico dura de 5 a 7 dias, mas as lesões e a coceira costumam apresentar melhora já nas primeiras 48 horas de tratamento . FEBRE AMARELA: SINTOMAS, TRATAMENTO, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO O QUE É FEBRE AMARELA? A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito AEDES AEGYPTI. É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo evento suspeito (tanto morte de primatas não humanos, quanto casos humanos com sintomatologia compatível) deve ser prontamente comunicado, em até 24 horas após a suspeita inicial, às autoridades locais competentes pela via mais rápida (telefone, fax, email, etc). Às autoridades estaduais de saúde cabe notificar os eventos de febre amarela suspeitos ao Ministério da Saúde. Atualmente, a febre amarela silvestre (FA) é uma doença endêmica no Brasil (região amazônica). Na região extra-amazônica, períodos epidêmicos são registrados ocasionalmente, caracterizando a reemergência do vírus no País. O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio, e com surtos que ocorrem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão (elevadas temperatura e pluviosidade; alta densidade de vetores e hospedeiros primários; presença de indivíduos suscetíveis; baixas coberturas vacinais; eventualmente, novas https://www.mdsaude.com/2010/03/erisipela-celulite.html https://www.mdsaude.com/bulas/albendazol 19 linhagens do vírus), podendo se dispersar para além dos limites da área endêmica e atingir estados das regiões Centro. IMPORTANTE: Qualquer pessoa não vacinada, independentemente da idade ou sexo, que se exponha em áreas de risco e/ou com recomendação de vacina. É fundamental cobertura vacinal da população em todo o território nacional, esta é a principal forma de prevenir a febre amarela. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA FEBRE AMARELA? Os sintomas iniciais da febre amarela incluem: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença. Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou, assim como picadas de mosquito. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data. Se você identificar macacos mortos na região onde vive ou está, informe imediatamente as autoridades sanitárias do município ou estado, de preferência, diretamente para a vigilância ou controle de zoonoses. O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância em Saúde, elabora normas e coordena as ações de vigilância e controle da doença. Também auxilia os estados e municípios na implementação e manutenção dessas ações, supervisiona as atividades e fornece a vacina contra a febre amarela. QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES DA FEBRE AMARELA? Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver algumas complicações, como: • febre alta; • icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos); • hemorragia (especialmente a partirdo trato gastrointestinal); • eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. IMPORTANTE: Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem febre amarela grave podem morrer. Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata. COMO A FEBRE AMARELA É TRANSMITIDA? O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A doença não é passada de pessoa a pessoa. A série histórica da doença no Brasil tem demonstrado maior frequência de ocorrência de casos humanos nos meses de dezembro e 20 maio, como um padrão sazonal. Esse fato ocorre principalmente no verão, quando a temperatura média aumenta na estação das chuvas, favorecendo a reprodução e proliferação de mosquitos (vetores) e, por consequência o potencial de circulação do vírus. Os vetores silvestres têm hábito diurno, realizando o repasto sanguíneo durante as horas mais quentes do dia, sendo os vetores dos gêneros Haemagogus e Sabethes, geralmente, mais ativos entre às 9h e 16h da tarde. Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão: silvestre; urbano. Apesar desses ciclos diferentes, a febre amarela tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico. No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros HAEMAGOGUS e SABETHES os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (AEDES AEGYPTI) infectados. A pessoa apresenta os sintomas iniciais da febre amarela de 3 a 6 dias após ter sido infectada. IMPORTANTE: O ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942 e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão. COMO É FEITO O TRATAMENTO DA FEBRE AMARELA? O tratamento da febre amarela é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de óbito. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico. COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA FEBRE AMARELA? Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a febre amarela. No caso de qualquer um dos sintomas da doença, procure imediatamente uma unidade de saúde para avaliação médica adequada. O profissional fará os exames necessários para diagnosticar a doença, assim como sua gravidade, para escolher a melhor forma de tratamento. COMO PREVENIR A FEBRE AMARELA? 21 A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacina contra febre amarela para a população. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Toda pessoa que reside em Áreas com Recomendação da Vacina contra febre amarela e pessoas que vão viajar para essas áreas deve se imunizar. A vacina, que é administrada via subcutânea, está disponível durante todo o ano nas unidades de saúde e deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para áreas de risco, principalmente, para os indivíduos que são vacinados pela primeira vez. A vacinação para febre amarela é ofertada na rotina dos municípios com recomendação de vacinação. IMPORTANTE: A vacina é feita a partir do vírus vivo atenuado, isso quer dizer que existe uma pequena chance de desenvolver a doença no entanto ela existe na proporção de 1 reação adversa para cada 400 mil doses de vacinas aplicadas segundo as referências científicas existentes. Em áreas as áreas consideradas de maior risco de exposição como matas, florestas, rios, cachoeiras, parques e o meio rural, utilizar roupas recomenda-se que medidas de proteção individual sejam adotadas, principalmente para quem tem alguma contraindicação para receber a vacina como: usar repelente de insetos de acordo com as indicações do produto; proteger a maior extensão possível de pele através do uso de calça comprida, blusas de mangas compridas e sem decotes, de preferência largas, não coladas ao corpo, meias e sapatos fechados; evitar na medida do possível o deslocamento para áreas rurais e, principalmente, adentrar em matas, seja a trabalho ou turismo; passar o maior tempo possível em ambientes refrigerados, uso de mosquiteiros e telas nas janelas. Atenção às crianças menores de 9 meses de idade, pois não irão receber a vacina, devendo utilizar-se repelente de acordo com as orientações de faixa etária de cada produto, bem como utilizar mosquiteiros e ou ambiente protegido. Além da vacina, deve-se manter os cuidados para evitar a proliferação dos mosquitos, mantendo as casas e as ruas limpas sem acúmulo de água parada, habitat ideal para reprodução dos vetores. Locais que têm matas e rios, onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente, são consideradas como áreas de risco. No Brasil, no entanto, a vacinação é recomendada para as pessoas a partir de 9 meses de idade conforme orientações para vacinação e que residem ou se deslocam para os municípios que compõem a Área Com Recomendação de Vacina. EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO Os eventos adversos são possíveis reações após a vacinação da febre amarela. Os mais comuns relatados segundo estudos são: reações de hipersensibilidade, e as manifestações da própria doença com o desenvolvimento dos sinais e sintomas observados. A ocorrência de morte em até 30 dias após a vacinação deve ser investigada para confirmação se foi ou não relacionada ao uso da vacina. https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/ http://www.saude.gov.br/images/ACRV-FA.pdf http://www.saude.gov.br/images/ACRV-FA.pdf 22 Todo evento adverso deve ser investigado e tratado da mesma forma que os casos suspeitos de Febre Amarela. Se qualquer pessoa vacinada desenvolver os sinais e sintomas comuns para doença em até 15 dias após a vacinação, deve rapidamente procurar o serviço de saúde mais próximo para atendimento. DOAÇÃO DE SANGUE APÓS A VACINAÇÃO Após 28 dias da vacina, as doações de sangue podem ser realizadas. Sugere-se que antes de tomar a vacina as pessoas procurem um hemocentro ou serviço de coleta para doação, evitando que haja desabastecimento dos estoques de bolsas de sangue. DIFERENÇA ENTRE A DOSE FRACIONADA E A DOSE PADRÃO DA VACINA A diferença está na dosagem e no tempo de proteção. Na dose padrão será aplicado 0,5 mL da vacina febre amarela, enquanto da dose fracionada será aplicado 0,1 mL. O tempo de proteção da dose padrão é para toda a vida, já com a dose fracionada ela tem duração de pelo menos 8 anos. Estudos em andamento continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período. QUEM NÃO DEVE TOMAR A VACINA CONTRA FEBRE AMARELA? • Crianças menores de 9 meses de idade. • Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade. • Pessoas com alergia grave ao ovo. • Pessoas que vivem com HIV e que tem contagem de células CD4 menor que 350. • Pessoas em de tratamento com quimioterapia/ radioterapia. • Pessoas portadoras de doenças autoimunes.• Pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo). COMO SABER SE TENHO ALERGIA AO OVO? Segundo previsto na política nacional de alimentação e nutrição do SUS, os profissionais da atenção básica devem fazer avaliação clínica e orientação nutricional das crianças e adultos identificando alergias alimentares e/ou problemas relacionados à alimentação e nutrição. Assim, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde devem fazer a orientação sobre a dieta alimentar mais adequada em cada caso (incluindo a recomendação de não vacinação quando há componentes alergênicos) e caso haja necessidade, os usuários poderão ser encaminhados para um serviço especializado para realização de avaliação complementar e o melhor encaminhamento em cada caso. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA FEBRE AMARELA Nas duas últimas décadas, foram registradas transmissões de FA além dos limites da área considerada endêmica (região amazônica). Casos humanos e/ou epizootias em PNH ocorridos na Bahia, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul representaram a maioria dos registros de FA no período, caracterizando uma expansão recorrente da área de circulação viral nos sentidos leste e sul do País, que afetou áreas consideradas “indenes” até então, onde o vírus não era registrado há décadas. 23 Processos de reemergência do vírus da FA produziram importante impacto na saúde pública, representado pelos mais extensos surtos em humanos e epizootias em PNH pela doença das últimas décadas, sendo que os mais recentes ocorreram entre 1998 e 2003 [do Norte (PA;1998/1999) ao Sudeste (MG; 2002/2003) e Sul (RS; 2002/2003)], e entre 2007 e 2009 [do Norte/Centro-Oeste (2007/2008) ao Sudeste (SP; 2008/2009) e Sul (PR, RS; 2008/2009)]. A observação de um padrão sazonal de ocorrência de casos humanos a partir da análise da série histórica deu suporte à adoção da estratégia de vigilância baseada na sazonalidade. Assim, o período anual de monitoramento da FA inicia em julho e encerra em junho do ano seguinte, de modo que os processos de transmissão que irrompem durante os períodos sazonais (dezembro a maio) possam ser analisados à luz das especificidades de cada evento (Figura 1). De tempos em tempos, a febre amarela silvestre reemerge no Brasil, produzindo surtos de magnitude e extensão variáveis. Após a expansão da área de circulação viral ocorrida entre 2007 e 2009, quando o vírus atingiu as regiões Sudeste e Sul do país e causou mais de 100 casos da doença, com letalidade de 51%, a reemergência do vírus no Centro-Oeste brasileiro volta a causar preocupação. No período de monitoramento 2014/2015, a reemergência do vírus da FA foi registrada além dos limites da área considerada endêmica (região amazônica), manifestando-se por epizootias em PNH confirmadas por critério laboratorial (TO; julho/2014). Novos registros de epizootias e casos humanos isolados na região Centro-Oeste (GO, MG, SP) demonstraram o avanço da área de circulação do vírus, novamente percorrendo os caminhos de dispersão nos sentidos sul e leste do país, aproximando-se de grandes regiões metropolitanas densamente povoadas, com populações não vacinadas e infestadas por AEDES AEGYPTI. É importante ressaltar que toda esta expansão da circulação do vírus está associada à ocorrência do ciclo silvestre da doença, não havendo nenhum indício da sua urbanização. Mais recentemente, no período 2017/2018, foi registrado um dos eventos mais expressivos da história da FA no Brasil. A dispersão do vírus alcançou a costa leste brasileira, na região do bioma Mata Atlântica, que abriga uma ampla diversidade de primatas não humanos e de potenciais vetores silvestres e onde o vírus não era registrado há décadas. Em 2017, após a redução da incidência da doença no inverno, a retomada da transmissão do vírus tem sido observada em áreas/regiões afetadas durante o final do último surto (2016/2017), indicando o potencial para dispersar para outras áreas sem histórico de circulação do vírus e com populações de mosquitos silvestres e PNH. Nesse sentido, a Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS iniciou em novembro/2017 o monitoramento sazonal da Febre Amarela, no qual vem publicando boletins semanais com a atualização dos casos humanos e epizootias em PNH notificados no País. VIAJANTES E A FEBRE AMARELA O Ministério da Saúde recomenda a vacina Febre Amarela (atenuada) para toda a população que viaja para Áreas Com Recomendação de Vacina (ACRV). A vacina está disponível em qualquer unidade básica de saúde (Postos de Saúde do SUS) e deve ser aplicada pelo menos 24 10 dias antes do deslocamento, para garantir o desenvolvimento da imunidade. Após a vacinação, é fornecido o Cartão Nacional de Vacinação, que deve ser conservado como documento pessoal. VIAGENS NACIONAIS Recomenda-se a vacina contra febre amarela (atenuada) para toda a população a partir dos 9 meses de idade que se desloca da área sem recomendação de vacina (ASRV) para a área com recomendação da vacina (ACRV). Como os anticorpos protetores contra o vírus são produzidos entre o 7º e 10º dia após a administração da vacina, ela deve ser realizada no mínimo 10 dias antes da viagem, para que a pessoa seja considerada protegida. Uma dose confere proteção por toda vida. Além da vacina, outras medidas de proteção individual devem ser levadas em consideração, como o uso de calças e camisas de manga longa e de repelentes contra insetos. VIAGENS INTERNACIONAIS Por ocasião de viagem internacional, conforme disposto no RSI (2005) alguns países podem exigir a comprovação da vacinação contra febre amarela para entrada em seu território. Esta comprovação é feita por meio do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) emitido, no Brasil, por serviços públicos e privados cadastrados pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para este fim. Segundo a atualização do anexo 7 do RSI (2005), uma única dose de vacina de febre amarela é necessária para conferir proteção ao longo da vida da pessoa vacinada. Assim, o CIVP passa automaticamente a ter validade por toda vida, não sendo necessário receber doses de reforço para emissão do certificado nem emissão de um novo CIVP para aqueles que já o possuem. No entanto, para a emissão do CIVP é fundamental que o lote da vacina de febre amarela esteja corretamente registrado no comprovante de vacinação do viajante, pois este certificado somente será emitido para as vacinas aprovadas pela OMS.
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