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Educação em saúde – EAD UNIDADE 2 MOVIMENTOS DE MUDANÇA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE A seguir, conheça os principais conceitos que serão abordados ao longo desta unidade. Educação continuada: Processo de aquisição sequencial e acumulativa de informações técnico- científicas pelo trabalhador por meio de escolarização formal, vivências, experiências laborais e participação no âmbito institucional ou fora dele. Educação em saúde: Processo educativo, de construção de conhecimentos em saúde, que visa à apropriação temática pela população, e não à profissionalização ou à carreira na saúde. Também é considerado o conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas em seu cuidado e o debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Educação na saúde: Produção e sistematização de conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular. Educação permanente em saúde: Ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde e que tenham como objetivo: • a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações; • a reorganização da gestão setorial; • a ampliação dos laços da formação com o exercício do controle social em saúde. Educação popular em saúde: Ações educativas que têm como objetivo promover, na sociedade civil, a Educação em Saúde, mediante inclusão social e promoção da autonomia das populações na participação em saúde. Formação profissional em saúde: Processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos requeridos para o exercício de uma profissão ou ocupação regulamentada direcionado à educação técnica ou superior. Tem por objetivo propiciar ao estudante ou ao trabalhador, no exercício de sua profissão, desenvolvimento de competências técnicas, éticas e humanísticas, capacidade crítica e postura solidária perante os usuários, a fim de qualificar a resposta do setor da Saúde às necessidades da população do sistema de saúde. Secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde (SGTES): Responsável por formular políticas públicas orientadoras da gestão, formação e qualificação dos trabalhadores e da regulação profissional na área da saúde no Brasil. Cabe à SGTES: • promover a integração dos setores de saúde e educação; • fortalecer as instituições formadoras de profissionais atuantes na área; • integrar e aperfeiçoar a relação entre as gestões federal, estaduais e municipais do SUS, no que se refere aos planos de formação, qualificação e distribuição das ofertas de educação e trabalho na área da saúde. Departamento de gestão da educação na saúde (Deges): Órgão integrante da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de gestão e da regulação do trabalho em saúde (Degerts): Órgão integrante da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Formação, qualificação: A aquisição de um conjunto de saberes, a interiorização de um conjunto de valores e o domínio de um conjunto de gestos técnicos não constituem requisitos suscetíveis de transferabilidade linear, determinando a ação profissional. Competência: Propriedades globais resultantes da reorganização e do acréscimo de complexidade do cérebro. Portanto, podem-se “armazenar” informações, mas não competências. POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE Organização e estrutura do SUS Antes de abordar as políticas públicas especificamente, cabe um rápido esclarecimento sobre a organização do Sistema Único de Saúde e as atribuições e funções dos órgãos vinculados ao SUS e ao Ministério da Saúde, que são responsáveis pela Educação em Saúde. • ministério da saúde: Órgão centralizador e gestor do Sistema Único de Saúde. Cabe ao Ministério da Saúde a responsabilidade de formular, normatizar, fiscalizar, monitorar e avaliar políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional de Saúde. Também atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. São integrantes do Ministério da Saúde: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais. • Secretaria estadual de saúde (SES): Estabelecida em todos os estados. Participa da formulação das políticas e ações de saúde no estado, prestando apoio aos municípios. Articulada com o Conselho Estadual de Saúde, participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para a elaboração, aprovação e implementação do Plano Estadual de Saúde. • Secretaria municipal de saúde (SMS): Aprova e implementa o Plano Municipal de Saúde e, junto à esfera estadual, planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde. • Conselho de saúde: Atuam e se organizam conforme o âmbito: nacional, estadual e municipal. São órgãos colegiados compostos por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários. Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. • Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Foro de gestores federais, estaduais e municipais visando à administração dos aspectos operacionais do SUS • Comissão Intergestores bipartite (CIB): Foro de gestores estaduais e municipais visando à administração dos aspectos operacionais do SUS. • Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS): Entidade representativa dos estados e do Distrito Federal em assuntos relacionados à saúde na CIT. • Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS): Entidade representativa dos municípios em assuntos relacionados à saúde na CIT. • Conselhos de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS): Entidades que representam os municípios e entes municipais junto ao estado para tratar de assuntos relativos à saúde. Ligados ao CONASEMS, conforme SUS e estatutos determinarem. Órgãos vinculados ao ministério da saúde e à educação em saúde A seguir, conheça mais sobre a secretaria e os departamentos responsáveis pela Educação em Saúde no Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES): Esta secretaria foi criada pelo Decreto-Lei no 4.726, de 9 de junho de 2003. É responsável por formular as políticas públicas que direcionam a formação de recursos humanos em saúde, bem como o desenvolvimento, a distribuição, a regulação e a gestão dos trabalhadores da saúde. É um órgão importante para as políticas públicas de Educação em Saúde e desempenha um papel ampliado nesse aspecto. As principais finalidades da SGTES são: • Promover a organização da formação em saúde; • Elaborar e propor as políticas de formação e desenvolvimento profissional em saúde; • Promover a articulação entre os distintos órgãos de educação, a fiscalização do exercício profissional, dos sindicatos e movimentos sociais, visando à melhor adequação da formação em saúde; • Promover a integração entre a Saúde e a Educação para fortalecer e apoiar as instituições formadoras; • Promover a articulação entre os três níveis de poderes visando à integração e ao aperfeiçoamento em relação à formação de recursos humanos em saúde, sua distribuição e ofertas de trabalho nas regiões; • Desenvolver ações que visem à participação e integração dos trabalhadores em saúde com o SUS; • Desenvolver ações de promoção à saúde, fortalecimento dos movimentospopulares de Educação em Saúde e gestão das políticas públicas para a área. (BRASIL, 2009) • Cabe ressaltar a importância de um órgão como a SGTES para o desenvolvimento de políticas de Educação em Saúde e de formação de recursos humanos em saúde no país e no SUS. Além disso, possui papel fundamental no processo de articulação entre outros órgãos dentro e fora do sistema de saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) Este departamento integra a SGTES e tem como função a proposição e a formulação das políticas relacionadas à: • formação profissional de trabalhadores em saúde e à sua educação permanente em todos os níveis de escolaridade, • capacitação dos mesmos e de outras áreas, como os movimentos sociais e a própria população. Este movimento intersetorial do DEGES tem como objetivo maior o fortalecimento e o incentivo da participação e do controle social no SUS. É importante compreender que este órgão, ligado ao Ministério da Saúde, tem uma função política e educacional importante no SUS, e que sua atuação está intimamente ligada à qualidade dos recursos humanos e ao atendimento eficiente e humanizado aos usuários. Sua função articuladora envolve o planejamento e a organização operacional e financeira em estados e municípios e todas as instituições educacionais e sociais envolvidas em Educação em Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde (DEGERTS) Este departamento é também um órgão ligado à SGTES. Acompanha e propõe políticas de gestão, planejamento e regulação do trabalho em saúde, envolvendo a negociação com os diversos segmentos da sociedade e do governo, bem como a regulação e regulamentação do trabalho para melhor adequação das políticas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Essa articulação também tem como objetivo maior a humanização do atendimento ao usuário do SUS por meio das melhores políticas de qualificação dos trabalhadores em saúde. Embora o foco principal deste órgão seja a formação e a manutenção de recursos humanos em saúde, ele impacta direta e indiretamente a Educação em Saúde (direcionada para toda a população, conforme conceituamos anteriormente). Bases das políticas de educação em saúde Toda formulação e proposta de políticas em Educação em Saúde tem como base os princípios e as diretrizes do SUS e a necessidade de auxiliar na autonomia dos indivíduos e da população. A estratégia de ação da Educação em Saúde é a Saúde da Família. A família é reconhecida como o núcleo primário do indivíduo, e o agente de saúde é reconhecido como o instrumento primário de contato com esta realidade. Ainda sobre essa estratégia de ação, Besen (2017) afirma: • A Educação em Saúde pode ser feita dentro da família, na escola, no trabalho ou em qualquer espaço comunitário. Este é um componente que está presente na Carta de Ottawa, resultante da I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em 1986, no Canadá, que resgata a dimensão da Educação em Saúde, além de avançar com a ideia de empowerment, ou seja, o processo de capacitação (aquisição de conhecimentos) e a consciência política comunitária. Importante: Para chegar a esse contexto em Saúde, houve uma construção lenta, contínua e fortemente elencada no processo de abertura democrática e na percepção do papel de cidadania e do direito à saúde, tanto no lado governamental quanto da própria população e dos indivíduos. Participação comunitária na saúde: Segundo Candeias (1989), a década de 1970 foi marcada por vários encontros e reuniões internacionais em que o conceito da participação comunitária começou a formar-se e a unir-se à possibilidade de participação na elaboração de políticas de Educação em Saúde. IV Reunião dos Ministros das Américas (1977) “Considerou-se que a participação comunitária poderia levar ao desenvolvimento de habilidades e à transformação de pessoas em função de suas próprias necessidades, esperando-se que pudessem assim ter mais responsabilidade e zelo em relação à própria saúde. Implícita neste conceito encontra-se a proposta de um diálogo permanente e contínuo entre o pessoal da saúde e a comunidade” (CANDEIAS, 1989). Para que a participação comunitária nos programas de saúde ocorra, são necessárias três condições: 1. As políticas de saúde devem considerar mecanismos que possibilitem e garantam o acesso à participação popular (desde o processo de elaboração da legislação), aos recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis; 2. Os órgãos e mecanismos intersetoriais formais e informais devem atuar para identificar os problemas das comunidades e suas possíveis soluções; 3. A interação do sistema formal de saúde com as comunidades deve ser fortalecida, por meio de uma relação dialógica, franca e aberta. I Conferência Internacional sobre Assistência Primária em Saúde (1978) Nesta conferência, foram reconhecidos o direito e a responsabilidade dos indivíduos de implementar os serviços de saúde em seus países. Além disso, afirmou-se que os indivíduos devem ter o conhecimento necessário para reconhecer suas próprias necessidades de saúde. Deste modo, “a educação relacionada a problemas de saúde, assim como as condições para preveni-los ou controlá-los, deveria constituir o primeiro dos oito elementos essenciais na estratégia da assistência primária de saúde. Os indivíduos deveriam conhecer melhor suas próprias condições de saúde, de modo que, a partir disto, pudessem se transformar em agentes interessados em promover seu próprio desenvolvimento, em vez de representarem apenas meros receptores passivos da ajuda veiculada por outros, muitas vezes até desnecessária” (CANDEIAS, 1989). Por fim, a receptividade da comunidade para a mudança comportamental da população foi considerada como um aspecto desejado. Outro aspecto desejado era que o sistema formal de atendimento médico-sanitário fosse capaz de auxiliar nas possíveis soluções para os problemas de saúde. Discussões Técnicas da Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS) na XVII Reunião do Conselho Diretor (1980) Neste evento, houve indicação evidente da necessidade de novos enfoques e estratégias de integração entre educação e participação comunitária, além de mudanças estruturais dos serviços de saúde visando à desburocratização do acesso. Debateu-se também que as populações que eram mais ativas nos processos de Educação em Saúde eram expostas a abordagens e estratégias não tradicionais, como teatro, música, feiras da saúde e dinâmicas de grupo (CANDEIAS, 1989). Comissão Técnica de Novos Enfoques da Educação em Saúde na Assistência Primária da Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) (1982) Como resultado desta Comissão, houve a mudança de paradigma do processo de ensino, recomendando-se que “o educador de saúde passe a ser aluno e facilitador e os membros da comunidade sejam professores e também alunos. À comunidade, cabe ensinar aos educadores de saúde sua ‘cultura da saúde’, suas crenças e como atuam na área da saúde — onde buscam tratamento e qual sua percepção em situações relacionadas à saúde” (CANDEIAS, 1989). Essa inversão de papéis entre o educador e a comunidade proporcionou novos desafios e novas formas de ensinar e aprender, inclusive, e principalmente, para os educadores que passaram a focar o processo não em si nem no conteúdo, mas no indivíduo, na comunidade e nas suas necessidades Assembleia Mundial da OMS (1983) Segundo a OMS, as seguintes ações requerem o envolvimento da população, e não apenas a sua participação: enfoque na mudança do planejamento das novas políticas de ação em saúde, enfatizando- se o planejamento local, os diversos objetivos, em vez de doenças específicas, a visão ampliadae globalizada de educação, as ações políticas capazes de facilitar as mudanças de comportamento dos indivíduos e da população, visando à promoção de estilos saudáveis de vida. Reunião Internacional para a Promoção da Saúde em Ottawa O resultado desta reunião foi a elaboração do documento denominado Carta de Ottawa, no qual são declarados os princípios de um novo conceito de saúde pública, com o fortalecimento da ação comunitária e das habilidades pessoais da população necessárias para a saúde. Tratando-se de uma carta com a visão de diversas realidades, de países mais desenvolvidos a outros que ainda têm muitos desafios a ultrapassar, é óbvio que há questões a serem contextualizadas de acordo com a realidade brasileira. No entanto, ela serviu como uma base, um ideal a ser alcançado. Você observou que o conceito de participação comunitária nas ações de saúde e na Educação em Saúde foi construído lentamente no cenário internacional. De forma análoga, aos poucos, foi se estabelecendo o ambiente propício para a criação e o desenvolvimento, no contexto brasileiro, de políticas que refletissem a discussão mundial sobre saúde e que fossem voltadas para a participação e o envolvimento da comunidade. Veja a seguir. PRINCIPAIS REGULAMENTAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE Acompanhe, na linha do tempo, a evolução da legislação sobre Educação em Saúde: 1988: Artigo 200 da Constituição Federal de 1988 - O inciso III deste artigo determina que cabe ao SUS ordenar a formação na área de saúde. Para que isso ocorra, as questões de educação na saúde fazem parte dos seus objetivos, visando qualificar os profissionais de saúde para atender melhor às necessidades da população. A formação e a organização do processo de formação de recursos humanos no país são de extrema importância para que os profissionais possam ser capacitados e distribuídos de maneira adequada pelo país. 1990: Lei Orgânica da Saúde (Leis Federais números 8.080/90 e 8.142/90) - No Título I, art. 2o, da Lei nº 8.080/90, institui-se a saúde como “um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. Reconhece-se também a necessidade de formular políticas que garantam o acesso igualitário e universal às ações de promoção e aos serviços de saúde, bem como à alimentação, à moradia, ao saneamento básico, ao meio ambiente, ao trabalho, à renda, à educação, ao transporte, ao lazer e aos bens e serviços essenciais. Enquanto a Lei nº 8.080 trata dos direitos fundamentais da população e de regulamentar o funcionamento da rede, dos serviços e da formação de recursos humanos e financiamento, a Lei nº 8.142 determina como ocorrerão a participação popular na saúde, a composição das comissões bi e tripartite e a representação do CNS, do CONASS e dos CONASEMS e como serão feitos os repasses de recursos. 2003: NOB-RH/SUS (resolução CNS n° 330, de 4 de novembro de 2003) - Resolução que determina a composição do Conselho Nacional de Saúde (CNS), garantindo e regulamentando a participação de 50% dos usuários e do restante dividido entre gestores e profissionais de saúde. A Resolução determina a representação dos seguintes grupos: • Associações de portadores de patologias; • Associações de portadores de deficiências; • Entidades indígenas; • Movimentos sociais e populares organizados; • Movimentos organizados de mulheres, em saúde; • Entidades de aposentados e pensionistas; • Entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, confederações e federações de trabalhadores urbanos e rurais; • Entidades de defesa do consumidor; • Organizações de moradores; • Entidades ambientalistas; • Organizações religiosas; • Trabalhadores da área de saúde (associações, sindicatos, federações, confederações e conselhos de classe); • Comunidade científica; • Entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais campo de estágio, de pesquisa e desenvolvimento; • Entidades patronais; • Entidades dos prestadores de serviço de saúde; • Governo. 2006: Pacto pela Saúde – Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006 - Discorre sobre as diretrizes das responsabilidades da educação na saúde e estabelece algumas questões centrais sobre outros assuntos relacionados à saúde e às ações em saúde. Responsabilidades municipais: • Todo município deve formular e promover a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade da atenção à saúde, criando, quando for o caso, estruturas de coordenação e de execução da política de formação e desenvolvimento, participando do seu financiamento; • Todo município deve promover diretamente ou em cooperação com o estado, com os municípios da sua região e com a União processos conjuntos de educação permanente em saúde; • Todo município deve apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educação popular em saúde na formação dos profissionais de saúde, em consonância com as necessidades sociais em saúde; • Todo município deve incentivar, junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a realização de ações educativas e de conhecimento do SUS; • Articular e cooperar com a construção e implementação de iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profissões de saúde de acordo com as diretrizes do SUS; • Promover e articular junto às escolas técnicas de saúde uma nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o SUS, diversificando os campos de aprendizagem. Responsabilidades estaduais: • Formular, promover e apoiar a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual; • Promover a integração de todos os processos de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação permanente, no âmbito da gestão estadual do SUS; • Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre os mesmos para processos de educação e desenvolvimento de trabalhadores para o SUS; • Articular o processo de vinculação dos municípios às referências para o seu processo de formação e desenvolvimento; • Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de mudanças no campo da graduação e das especializações das profissões de saúde; • Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação processos de formação de acordo com as necessidades do SUS, cooperando com os demais gestores para processos na mesma direção; • Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito estadual. Responsabilidades do distrito federal: • Formular e promover a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade da atenção à saúde, criando, quando for o caso, estruturas de coordenação e de execução da política de formação e desenvolvimento, participando no seu financiamento; • Promover a integração de todos os processos de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação permanente; • Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de mudanças no campo da graduação e das especializações das profissões de saúde; • Articular e cooperar com a construção e a implementação de iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profissões de saúde de acordo com as diretrizes do SUS; • Articular e pactuar com o Sistema Distrital de Educação processos de formação de acordo com as necessidades do SUS, cooperando com os demais gestores para processos na mesma direção; • Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito do Distrito Federal; • Promover e articular juntoàs escolas técnicas de saúde uma nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o SUS, diversificando os campos de aprendizagem; • Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educação popular em saúde da formação dos profissionais de saúde, em consonância com as necessidades sociais em saúde; • Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações educativas e de conhecimento do SUS. 2007: Criação do Programa Saúde na Escola (PSE): criado pela Portaria nº 204, de 29 de janeiro de 2007 - O PSE regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle. O PSE desenvolve as ações educativas em várias frentes: • Alimentação saudável de prevenção de obesidade e desnutrição; • Formação de técnicos em saúde; • Prevenção de gravidez na adolescência; • Saúde auditiva; • Saúde bucal; • Saúde ocular; • Levantamento de possíveis casos de hanseníase, verminose e tracoma; • Acompanhamento da situação vacinal; • Educação ambiental; • Segurança alimentar e promoção de alimentação saudável; • Práticas corporais, atividades físicas e de lazer; • Direitos humanos e programas de tolerância à diversidade, cultura de paz e igualdade racial. O PSE é executado pelos Grupos de Trabalho Intersetoriais (GTI), que devem ser compostos por representantes da Secretaria da Saúde e Educação e outros representantes das políticas públicas e sociais, fazendo esse trabalho intersetorial. 2007: Portaria MS/GM nº 1.996, de 20 de agosto de 2007 Esta Portaria cria as Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES) e determina suas atribuições e os recursos financeiros para as ações de Educação em Saúde, bem como reativa a Comissão Nacional de Acompanhamento da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde com a função de formular políticas nacionais e definir as prioridades nacionais em educação na saúde. Os anexos desta Portaria tratam das diretrizes e da responsabilidade da formação de recursos humanos em saúde nos níveis técnico e superior. 2013: portaria n° 2.761, de 19 de novembro de 2013 Esta Portaria institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS). Além disso, está Portaria vem regulamentar a participação da Educação Popular fortalecendo a Educação em Saúde, em conformidade com os princípios e as diretrizes do SUS, e em seu artigo 3o estabelece suas diretrizes: • diálogo; • amorosidade; • problematização; • construção compartilhada do conhecimento; • emancipação; e • compromisso com a construção do projeto democrático e popular. E estabelece também seus eixos estratégicos no artigo 4°: • participação, controle social e gestão participativa; • formação, comunicação e produção de conhecimento; • cuidado em saúde; e • intersetorialidade e diálogos multiculturais. 2017: Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017 Por meio desta Portaria, vieram algumas mudanças importantes, regulamentando as normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. Nesta Portaria, estão elencadas todas as políticas nacionais de saúde e que, a título de consolidação de todas as ações e políticas em prol do SUS, ficaram agrupadas em seções, conforme a área a que se referem, sem alteração no texto original, mas agora constando de um grande documento declarativo da importância desse conjunto de políticas para todo o processo que trouxe o SUS ao século XXI. No Anexo I do documento, em seu 1o artigo, é instituída a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), definida da seguinte forma: “conceito ampliado de saúde e o referencial teórico da promoção à saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social, com ampla participação e controle social”. A instituição da PNPS estabelece as diretrizes com base em um conceito ampliado de saúde e no referencial teórico de promoção à saúde e pela formação da RAS – Rede de Atenção à Saúde –, visando articular a RAS com outras redes de proteção social, com garantias de acesso e participação social ampliada também. Neste sentido, a PNPS adota como valores norteadores das ações em saúde a solidariedade, a felicidade, a ética, o respeito à diversidade, a humanização, a corresponsabilidade individual e coletiva, a justiça e a inclusão social. Os princípios adotados estão todos alinhados com os princípios do SUS e são: equidade, participação social, autonomia, empoderamento, intersetorialidade, sustentabilidade, integralidade, territorialidade, todos direcionados à promoção da saúde no SUS. Entre as diretrizes adotadas pela PNPS na Educação em Saúde, mencionam-se alguns tópicos específicos: • Em seu artigo 5o, parágrafo VI, prevê “apoio à formação e à educação permanente em promoção à saúde para ampliar o compromisso e a capacidade crítica e reflexiva dos gestores e trabalhadores de saúde, bem como o incentivo ao aperfeiçoamento de habilidades individuais e coletivas, para fortalecer o desenvolvimento humano sustentável. • Em seu artigo 6o, a PNPS tem por objetivo geral promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e da saúde coletiva, reduzindo vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. Em geral, a PNPS institui vários aspectos de valores, diretrizes e eixos operacionais que visam à sustentabilidade para o SUS, à participação popular e à Educação em Saúde, agregando todas as legislações produzidas nos últimos anos. Saiba mais: O Pacto pela Saúde foi a reafirmação da importância do SUS e dos seus princípios e organização, bem como a descrição detalhada das ações necessárias nas linhas de atenção e promoção à saúde, seu financiamento e as responsabilidades de cada ente da federação. O pacto determina, além disso, dois aspectos principais: • a revisão da normatização vigente que institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, contemplando a consequente e efetiva descentralização das atividades de planejamento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Educação Permanente para o trabalho no SUS; • a centralização do planejamento, da programação e do acompanhamento das atividades educativas e das consequentes alocações de recursos na lógica de fortalecimento e de qualificação do SUS e no atendimento das necessidades sociais em saúde. NOVAS TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE Movimento dinâmico da educação em saúde A Educação em Saúde é dinâmica, assim como a realidade, que se transforma e se modifica constantemente. Segundo Leite (2010), a demanda de cuidados de saúde é crescente devido a três motivos. Espaços de educação Os processos educacionais surgem em espaços formais e em espaços não formais, tais como empresas, organizações não governamentais, movimentos sociais, entre outros. Movimentos dinâmicos A saúde, a organização dos serviços, a formação dos profissionais e as necessidades dos usuários também participam desse movimento dinâmico, não ficando isentas de modificações. Para Leite (2010), em Educação em Saúde algumas tendências já podiam ser percebidas. • Desenvolvimento e expansão na formação e na educação continuada de enfermeiros, principalmente. • Reconfiguração dos “territórios” de atuação profissional, abandonando o modelo biomédico e reformulandoos aspectos direcionados à equipe multidisciplinar em saúde e à valorização do clínico geral e do enfermeiro com formação em saúde pública. • Redirecionamento da formação dos enfermeiros com base nas novas diretrizes curriculares nacionais, que, além de definirem o perfil profissional, determinam as competências e os conteúdos a serem estudados visando à formação de um profissional humanizado, crítico e reflexivo. • Inserção do médico no processo saúde-doença e prevenção das doenças. • Utilização de metodologias ativas no ensino • Tentativa de aproximação dos conteúdos ensinados com a prática e a realidade do trabalho das profissões da saúde • Fortalecimento da educação em saúde como instrumento para a conexão dos profissionais com o contexto do trabalho em saúde e a qualidade da assistência ao usuário. • Necessidade de adequação dos currículos a um modelo não flexneriano, isto é, não totalmente organizado segundo o modelo biomédico, fazendo a diferenciação entre a formação e a competência. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS EM EDUCAÇÃO EM SAÚDE São quatro as principais tendências em Educação em Saúde: 1. Escolas promotoras da saúde São as escolas que aderem ao Programa Saúde na Escola e desenvolvem as atividades de promoção e Educação em Saúde, conforme determina a política do PNE. Segundo Barbieri (2013): o PSE “propõe contribuir para a promoção de saúde na escola, tendo a Educação em Saúde como um de seus pilares fundamentais”. Esse programa deve ser articulado com o Programa Saúde da Família (PSF). Com essa parceria, é possível acompanhar o crescimento e as condições de saúde com ações de prevenção à saúde e formação das equipes do PSF. 2. Metodologias ativas Você sabe o que são metodologias ativas? São aquelas que priorizam o aluno, e não o conteúdo ou o professor. As estratégias mais utilizadas consistem na problematização e na aprendizagem baseada em problemas. Observe o quadro abaixo, que apresenta a estratégia da metodologia ativa segundo Alves (2017): Você conhece o Arco de Charles Maguerez? Segundo Alves (2017), é uma estratégia educacional utilizada para a problematização que consiste em cinco momentos sequenciais. Momento 1: Observação da realidade Consiste na observação da realidade com base em um determinado tema. Como funciona? A partir do tema, o grupo escolhe um dos problemas para ser trabalhado e desenvolvido ou, como opção, desenvolve vários problemas com um número maior de grupos. Resultado A percepção da realidade analisada pelo grupo ou grupos é socializada com o professor, sendo elaborada uma síntese do que foi encontrado e discutido. Momento 2: Percepção dos pontos-chave A partir da observação dos principais pontos da realidade, são determinados os pontos-chave, as possíveis hipóteses causadoras dos problemas elencados e a discussão das diferentes dimensões (educacional, econômica, cultural etc.) Resultado A partir dessa percepção, são determinados os níveis de complexidade dos problemas e sintetizam-se novamente os principais aspectos do problema elencado e as possíveis formas de intervenção. Momento 3: teorização - A teorização compreende encontrar fontes e referências bibliográficas confiáveis para definir melhor o problema. Como funciona? Os alunos são orientados a consultar fontes bibliográficas, especialistas no assunto e, possivelmente, coletar dados por meio de questionário devidamente registrado para ser analisado e avaliado. Momento 4: Hipóteses para a solução do problema São feitas suposições de possíveis soluções para o problema, decididas pelo grupo após análise de qual seria a mais factível. Aplicação à realidade É a aplicação da melhor alternativa, escolhida pelo grupo, para a resolução do problema. Todo esse processo é muito importante para apreender a realidade, socializar com o grupo, mobilizando todo o potencial ético, social, emocional, intelectual e político do aluno na imersão da realidade. 3. Uso de tecnologia O uso da tecnologia na Educação em Saúde tem propiciado novas situações e o atendimento de novas demandas sociais. Como exemplos de uso de tecnologia a favor da saúde e da Educação em Saúde, podemos citar: • aprendizagem a partir de vídeos educativos; • uso de sistemas de observatório de saúde on-line; • ensino a distância; • uso da telemedicina por meio da internet; • uso de aplicativos de celular para monitoramento de pacientes e troca de informações. Sobre o uso de vídeos educativos, Dalmollin (2016) afirma: como estratégias para a Educação em Saúde, podem-se incluir diversos recursos tecnológicos como ferramentas que potencializam práticas colaborativas e aprendizagem autônoma, sendo estas apresentadas por meio de tecnologias de informação e comunicação. Dentre esses recursos, o vídeo educativo apresenta-se como um instrumento didático e tecnológico, constituindo-se em uma ferramenta que proporciona conhecimento, favorece a consciência crítica e a promoção da saúde. Importante: A visualização de determinados assuntos, exemplificados por vídeos, ajuda a elucidar e a aprofundar o conhecimento sobre os mais variados temas. O uso de vídeos tem se mostrado uma estratégia extremamente útil para auxiliar no processo de tomada de decisão e de autonomia no autocuidado. Sistemas de observatório de saúde on-line: Os sistemas de observatório de saúde on-line agregam diversas informações sobre os pacientes. De acordo com os estudos de Pinto (2016), observatórios em saúde pública: para além de serem centros de análise são também estruturas bem claras de comunicação para dentro (informando/apoiando/avaliando a tomada de decisão e a intervenção, nomeadamente, a nível local) e para fora do setor de saúde (fazendo a advocacia da saúde e influenciando as políticas públicas com maior impacto na saúde). A partir de redes de observatório, é possível monitorar as ações em saúde, bem como produzir blogs e outros produtos multimídia que auxiliarão equipes em saúde de diversas áreas. Entre os objetivos mencionados por Pinto (2016), os principais seriam de apoio à: • formação dos trabalhadores do SUS; • disseminação de dados; • comunicação em saúde; e • qualificação e à gestão da informação em atenção primária em saúde. Ensino a distância O ensino a distância, segundo Lopes (2016), recomenda a telemedicina como forma de “provisão de serviços com o objetivo de promover a manutenção dos cuidados com a saúde por meio da utilização das TIC em diagnóstico, prevenção e tratamento de enfermidades, e na educação contínua e no desenvolvimento dos profissionais de saúde”. Cibermedicina ou o uso de telemedicina por meio da internet Essa modalidade de tecnologia pode atender ao treinamento de profissionais, à educação de usuários e à melhoria dos serviços de saúde. O que é e-saúde? Lopes (2016) afirma que e-saúde são: as informações de saúde disponíveis na internet, permitindo a rápida troca de informações entre médicos, pacientes e profissionais de saúde com outros especialistas, independentemente da distância. Possibilitando o acesso a dados úteis e atualizados, uma busca simples na ferramenta Google pode gerar o encontro de inúmeros sites acadêmicos e periódicos online, sendo que na mesma ferramenta é possível encontrar blogs e fóruns que relatam as dificuldades fornecidas por pacientes e profissionais da saúde. Importante: O uso da telemedicina proporciona a troca de experiências entre centros de referência e locais mais remotos e sem recursos de especialistas principalmente. Saiba mais: Em 2009, o Ministério da Saúde lançou o programa Telessaúde Brasil Redes, reunido e sediado em instituições formadoras, como instrumento deteleconsultoria e de telediagnóstico para profissionais do SUS. Esse programa visa, principalmente, oferecer apoio remoto a diversas áreas de especialidade, como a cardiologia, a dermatologia e outras. Uso de aplicativos de celular para monitoramento e informações: O uso de aplicativos de celular para monitoramento de pacientes e troca de informações é conhecido também como mobile health. Quais as vantagens do uso de mobile health? • Lopes (2016) afirma que: O uso desta tecnologia reduz a espera para o atendimento e provê a documentação de todo o registro do paciente, colaborando para aumentar a qualidade nos serviços oferecidos. Tais aplicações podem ser voltadas tanto para profissionais de saúde quanto para qualquer população que está interessada em manter hábitos saudáveis, assim como os que possuem doenças crônicas e necessitam de monitoramento diário. Até aqui você estudou três das quatro principais tendências de Educação em Saúde. Além disso, viu com maiores detalhes como o uso de tecnologia pode ser fundamental para o acompanhamento de pacientes e para a troca de informações entre as diversas áreas da medicina. A seguir, conheça mais uma tendência de Educação em Saúde, agora com foco na Saúde da Família. Com esta, completamos as quatro tendências citadas anteriormente. 4. Estratégia Saúde da Família Pereira (2014) realizou uma pesquisa sobre Educação em Saúde e mostrou que uma das ações que necessitam ser compreendidas nos serviços de atenção primária seria a corresponsabilização. E o que vem a ser a corresponsabilização? É a importância de os usuários se responsabilizarem por sua saúde e a necessidade de seu protagonismo e empoderamento. Nesse sentido, indicam-se algumas atividades que podem ser utilizadas para a Educação em Saúde dos usuários, algumas mais exitosas que outras: • Palestras ativas com demonstração da ação em saúde (p. ex., higiene e saúde bucal com escovação como prática). • • • Rodas de conversas sobre cultura da paz e bullying na escola para crianças e adolescentes. • • • Orientação para gestantes por equipe multiprofissional composta por nutricionista, assistente social, educador físico, psicólogo e fisioterapeuta do Núcleo de Atendimento. Este tipo de atendimento visa à criação de vínculos para conhecer melhor as necessidades do grupo e à troca de informação. Para isto, são implementadas ações como: rodas de conversa, palestras de temáticas compactuadas com o grupo, exposição de vídeos e de material multimídia, além de atividades de sala de espera em maior quantidade e periodicidade para alcançar objetivos educacionais. FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE A Educação em Saúde tem grande importância social, pois favorece uma visão abrangente da saúde, dos dinamismos sociais e da sua relação com a promoção da saúde. Promoção da saúde: A promoção da saúde tem dois eixos norteadores: • um ligado à prevenção de doenças e mudanças de comportamentos da população; • outro direcionado ao conceito ampliado de saúde, com foco nos profissionais de saúde. Instrumentalização dos usuários: A instrumentalização dos usuários para assumirem o controle do seu autocuidado visa efetivar o controle social, sendo uma forte estratégia para a produção da saúde individual. Empoderamento dos usuários: Um dos aspectos importantes sobre a educação é o empoderamento, que é a capacidade de desenvolver a promoção em saúde. Este foi sendo construído ao longo do tempo, transformando o cenário do país. Aos poucos, as pessoas se percebiam com autonomia de decisão e protagonistas de suas próprias histórias. Analise as duas afirmações a seguir: • A participação social envolve diversos atores, como, por exemplo, a comunidade, com a capacidade de permitir o controle social da saúde. • A sociedade não é totalmente equiparada, devido à desigualdade dialógica existente entre governo e população. Qual seria, então, a importância do fortalecimento da Educação em Saúde? Refletindo sobre os aspectos da promoção da saúde por meio da Educação em Saúde, caberia estimular o empoderamento das comunidades para que, assim, concretizassem as questões que envolvem a elaboração de políticas que garantam o pleno acesso e a qualidade de vida do exercício pleno de sua cidadania. ABRANGÊNCIA E LIMITES DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE A Educação em Saúde tem uma abrangência muito maior do que se pode perceber em um primeiro momento. Seu objetivo não se limita à aquisição de informações sobre doenças e hábitos saudáveis, mas envolve questões de cidadania, igualdade e autonomia. Além dessas questões importantes para a comunidade e para os indivíduos, Machado (2010) menciona a abrangência ampliada da Educação em Saúde a partir de dois aspectos, detalhados a seguir. Atuação das equipes de saúde da família e seu processo de trabalho Convergência entre educação e saúde A educação influencia as condições de saúde e estabelece diálogo com movimentos que estão inseridos na prática e na realidade das situações cotidianas, auxiliando a compreensão da complexidade dessa realidade nas dimensões social, política, econômica e cultural, entre outras. As equipes de saúde conseguem desenvolver a aproximação da comunidade e uma relação dialógica com os usuários, na qual se estabelecem as prioridades de ação com base na necessidade deles e, também, na formação dos profissionais para atender a essas demandas. Bases e fundamentos Fundamentadas na política norteadora de promoção à saúde e nas diretrizes estabelecidas pela Carta de Ottawa, educação e saúde são práticas sociais inseparáveis e interdependentes que sempre estiveram articuladas, sendo consideradas elementos essenciais no processo de trabalho dos profissionais da saúde. Para o SUS, esta percepção é muito importante, pois serve como base para ações e processos de educação continuada em diferentes formatos: capacitações, treinamentos, rodas de conversa, teleconferências, cursos EAD, aplicativos, entre outros. Influência na rotina de trabalho dos profissionais de saúde A Educação em Saúde influencia a rotina de trabalho dos profissionais de saúde da seguinte maneira: • interação profissional-profissional: no processo de supervisão em enfermagem visando à relação hierárquica dialógica; • atendimento individual: focando no atendimento das necessidades dos usuários; • processo de territorialização: para que este seja dinâmico e desenvolvedor de potencialidades e parcerias, bem como mobilize a comunidade; • espaços de reunião: comunicação intersetorial, com articulação sobre os aspectos de participação e de controle social e sobre os problemas da coletividade para viver com qualidade de vida e cidadania; • acolhimento do usuário na unidade: trabalhando a corresponsabilização e a autonomia e reconhecendo os saberes e as necessidades dos usuários; • visita domiciliar: reconhecimento dos indivíduos em seus espaços individuais e respeito a seus valores, crenças e autonomia; • reuniões de equipe: com democratização e construção de saberes, fortalecimento do trabalho em equipe, pactuação do desenvolvimento das diferentes habilidades, fomentando a aprendizagem significativa e o processo de humanização de assistência ao usuário. Influencia na educação permanente e na formação de recursos humanos A influência da Educação em Saúde na educação permanente ocorre quando se aproximam a necessidade dos usuários e a necessidade de treinamento e capacitação do pessoal. “A Educação Permanente em Saúde (EPS) parte do pressuposto da aprendizagem significativa e problematizadora, propondo estratégias que possibilitam a construção coletiva, além de nortear caminhos para uma relação dialógicae horizontal, em que cada protagonista do SUS (trabalhadores, usuários e gestores) possa compartilhar, ensinar e aprender, construir e desconstruir concepções, ideias e conceitos acerca da saúde, de sua produção e operação e de seus papéis.” (MACHADO, 2010) Resultado prático Essa aproximação valoriza os saberes e as práticas populares e rompe com o modelo biomédico como única dimensão para o cuidado e a saúde, propondo ações programáticas não centradas apenas na doença. LIMITES DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE As situações limitadoras da Educação em Saúde estão conectadas principalmente aos aspectos estruturais, organizacionais, de inflexibilidade e à falta de comprometimento das equipes. Desafio 1 Observe a lista de dificuldades encontradas quando falta apoio da gestão: 1. Falta de meios e instrumentos de trabalho 2. Baixa remuneração dos profissionais; 3. Falta de motivação dos profissionais; 4. Sobrecarga do enfermeiro pelo excesso de responsabilidades. 5. Complete esta lista com outros itens referidos no artigo anterior. Desafio 2 A seguir, estão embaralhados diversos desafios e situações limitadoras da Educação em Saúde. Reflita sobre cada um deles e separe-os de acordo com as categorias: EDUCAÇÃO EM SAÚDE E COMUNICAÇÃO sempre ouvimos dizer que é importante ter uma boa comunicação. Afinal, o que é comunicação? E mais, o que é comunicação em saúde? Como é feita a comunicação em saúde no Brasil? O que é comunicação em saúde? Para Teixeira (2004), a “comunicação em saúde diz respeito ao estudo e à utilização de estratégias de comunicação para informar e para influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a sua saúde”. Aspectos histórico-políticos do Brasil A questão da comunicação em saúde está intimamente conectada com os aspectos histórico- políticos do Brasil. Foram muitos os limitadores de comunicação devido ao processo político-ditatorial e ao contexto social de transição, até chegar ao momento atual, globalizado e democrático. Antes do processo democrático Antes do processo democrático, a comunicação era meramente informativa, e as desigualdades sociais eram ligadas apenas a aspectos políticos, e não aos aspectos sociais da comunidade. Materiais de campanhas Durante muito tempo, os materiais das campanhas de saúde foram elaborados com base no modelo biomédico e curativo, contendo apenas orientações técnicas, sem considerar a realidade local. Participação social Atualmente, sabe-se que a comunicação em saúde, para ser eficiente, deve contar com a participação social e deve ser democrática. Para garantir a participação emancipatória e os espaços de participação social, é necessária a qualificação das condições de fala e de escuta dos atores envolvidos. Políticas públicas De acordo com Silva (2013), é por meio da comunicação que acontece a “construção e implementação das políticas públicas, uma vez que informa para a tomada de decisão, amplia a participação e o debate, considera e negocia com a pluralidade os interesses da sociedade e territórios”. Agora que você já entendeu um pouco sobre a evolução da comunicação em saúde no Brasil, conheça suas finalidades, segundo os estudos de Teixeira (2004). A comunicação pode ser feita a partir de três enfoques diferentes, e sua importância assume um caráter diferente conforme o enfoque. Veja esta classificação de acordo com Teixeira (2004): • Enfoque transversal: este tipo de enfoque perpassa os diversos contexto da saúde • Enfoque central: este tipo de enfoque se baseia na relação entre os profissionais de saúde e os usuários • Enfoque estratégico: o enfoque é estratégico quando indica a satisfação dos usuários Cabe perceber que a comunicação pode influenciar, além da mudança de comportamento da comunidade e dos indivíduos, a adesão correta a tratamentos e medicamentos, auxiliando na reabilitação e no autocuidado em relação às doenças crônicas. Além do tipo de enfoque, a comunicação também pode ser classificada de acordo com seu nível de influência. Veja a seguir. Ainda segundo Teixeira (2004), a influência da comunicação em saúde ocorre em dois níveis distintos. • Nível individual: No nível individual, a comunicação em saúde ajuda os usuários a tomarem consciência das ameaças para a saúde. Além disso, também pode influenciar a motivação para a mudança que visa reduzir riscos, reforçar atitudes favoráveis aos comportamentos protetores da saúde e ajudar a adequar a utilização dos serviços e dos recursos de saúde. • Nível comunitário: No nível comunitário, a comunicação pode: o promover mudanças positivas nos ambientes socioeconômicos e físicos; o melhorar a acessibilidade dos serviços de saúde; o facilitar a adoção de normas que contribuam positivamente para a saúde e para a qualidade de vida. E quando a comunicação não acontece de forma eficiente? A seguir, conheça os principais problemas de comunicação em saúde. Profissionais de saúde e usuários são responsáveis por uma boa comunicação em saúde. Entretanto, é o profissional de saúde que deve garantir a efetividade dessa comunicação. Saiba mais: Além das questões apresentadas anteriormente, há outras envolvendo a comunicação em saúde que devem ser consideradas, como, por exemplo, a personalização da saúde e a necessidade do usuário de obter informações e orientações específicas. Como a informação sobre saúde pode ser personalizada? Segundo Teixeira (2004), é possível que alguns usuários necessitem de: muita informação sobre o problema de saúde, os exames e os tratamentos e há quem prefira pouca informação. Por outro lado, a natureza da informação necessária pode variar de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, em relação à realização de exames e mesmo de intervenções cirúrgicas há quem necessite de informação sensorial (o que vou sentir), há quem necessite de informação de confronto (o que posso fazer) e há quem necessite de informação de procedimento (o que vai acontecer) Lembre-se: o maior responsável pela comunicação em saúde é o profissional de saúde. Caso existam dificuldades neste sentido, é possível os profissionais de saúde desenvolverem suas competências comunicacionais com o objetivo de melhorar. Entenda como. MEIOS DE MELHORAR A COMUNICAÇÃO EM SAÚDE O desenvolvimento de uma comunicação assertiva e da capacidade de lidar com situações de conflito e negociação seriam algumas das competências necessárias para uma boa comunicação. Ao desenvolver a assertividade, o profissional de saúde consegue transmitir respeito e segurança na comunicação, tanto com outros profissionais de saúde quanto com o usuário e a comunidade. Outras características importantes a serem desenvolvidas pelos profissionais de saúde são: • conhecer variadas formas de transmitir más notícias aos usuários; • saber elencar novos hábitos e propostas de mudanças de comportamento com ênfase nos comportamentos desejáveis e positivos; • ter repertório para transmitir informação em saúde de forma adequada; • entender como se dá a elaboração de guidelines. Importante: Ainda assim, existem os aspectos éticos que devem ser observados na comunicação e que envolvem o sigilo das informações fornecidas pelo usuário e o respeito aos aspectos culturais, étnicos e sociais de grupos e de indivíduos. Na prática: Que tal exercitar um pouco as habilidades de comunicação necessárias aos profissionais de saúde? Experimente a assertividade na comunicação nas duas situações descritas a seguir. Situação 1: O usuário veio buscar o resultado de um exame e este foi extraviado na unidade. Ele está irritado com a situação. Situação 2: O usuário recebeu informaçõeserradas e perdeu o dia e o horário da consulta.
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