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Cuidado ao Idoso AULA 7 – INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA E ADESÃO TERAPÊUTICA Avaliar se o perfil da medicação é excessivo ou desnecessário. A combinação de fármacos pode ser benéfica, apropriada e suportada por evidencia. A polifarmácia tem maior prevalência em pacientes com idade mais avançada, devido ao maior numero de doenças crônicas que se manifestam com o avanço da idade e de opções farmacológicas voltadas para essa faixa etária. Polifarmácia pode levar á: • Incidência de interações medicamentosas • Incidência de reação adversa á droga • Toxicidade cumulativa O que é interação medicamentosa? É um evento clinico em que os efeitos dos fármacos são alterados pela presença de outros fármacos, alimento, planta, bebida ou algum agente químico ambiental, ou seja, eles podem interagir entre si, com aumento ou diminuição de efeitos terapêuticos ou tóxico de um ou de outro. O que é farmacocinética? 1. Absorção 2. Distribuição 3. Metabolismo 4. Excreção As alterações na farmacocinética são responsáveis por modificações na disponibilidade de drogas, resultando em diferentes concentrações nos sítios de ação de determinado fármaco. Essas alterações podem resultar em altas concentrações da droga, ocasionando um aumento da resposta no órgão efetor. Ex: • Drogas hidrossolúveis: menos água... menor distribuição • Drogas lipossolúveis: alguns idosos tem maior gordura corporal, assim aumenta a distribuição. • Metabolismo de primeira passagem diminui, por conta da redução do fluxo hepático. Absorção: esvaziamento gástrico desacelerado, perda de motilidade intestinal e o aumento do pH gástrico. Distribuição: maior nível de gordura aumenta o volume de distribuição dos medicamentos altamente lipofílicos (aumenta também a meia vida) Ex: Diazepam Metabolismo: o metabolismo de primeira passagem também é afetado pelo envelhecimento, uma redução cerca de 1% ano após os 40 anos. Assim, para uma dada dose oral, os idosos podem ter níveis circulantes mais elevados de fármacos. Exemplo importante de medicamentos potencialmente tóxicos: propranolol e nifedipina. Excreção: perda de 30 a 40% de massa renal, diminuição dos 60% dos glomérulos, queda do fluxo sanguíneo, espessamento das paredes dos túbulos renais, queda de 30 a 40% da taxa de filtração glomerular (TFG). Decorrente a isso, efeito prolongado dos fármacos de excreção renal. Ex: vancomicina. O que é farmacodinâmica? Efeito(s) do fármaco no organismo, que, no paciente idoso, depende de alterações em mecanismos homeostático e de modificações em receptores e sítio de ação. Alteração do numero de receptores na afinidade dos receptores • A sensibilidade de fármacos varia em função do numero de receptores e da capacidade de ligação a eles • O envelhecimento influencia a interação de medicamentos e receptores, alterando consequentemente o padrão de resposta orgânica aos fármacos. Interações medicamentosas: A gravidade, prevalência e possíveis consequências das IM estão relacionadas a variáveis como condições clinicas dos indivíduos, número e características dos medicamentos. • Idoso: mau uso não intencional (ex: memória) • Ex: anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), betabloqueadores, diuréticos, antilipidêmicos, depressões do sistema nervoso central são potencialmente interativos • As vezes conseguimos “prever”: prevenir eventos adversos decorrentes da combinação terapêutica. Intervenções • Realizar uma anamnese adequada, revisando antecedentes • Obter história medicamentosa completa, atentando para automedicação e associações medicamentosas • Simplificar o regime medicamentoso, quando possível • Adequar o esquema de administração às condições clínicas do paciente (insuficiência renal ou hepática, etc.) • Monitorizar cuidadosamente efeitos adversos • Dar orientações repetitivas e certificar-se de que o paciente as incorporou. Finalizando... • Contribuir na promoção do uso racional dos medicamentos • A educação dos usuários (automedicação- fitoterápicos) • A orientação acerca dos riscos das interrupções, troca, substituição ou inclusão de medicamentos sem conhecimento dos profissionais da saúde • O aprazamento criterioso dos horários da prescrição/receita médica, de modo a evitar a administração simultânea de medicamentos que podem interagir entre si ou com alimentos • O monitoramento de eventos adversos. ADERÊNCIA TERAPÊUTICA A organização mundial da saúde define aderência como adequação do indivíduo, como fazer dieta, exercícios e usar medicamentos, à recomendação médica. Já a aderência a medicamentos é entendida como a utilização dos medicamentos prescritos em pelo menos 80% do seu total, observando horários, doses e tempo de tratamento. • Complacência • Concordância • Persistência Adesão é um fenômeno multidimensional determinado pela interação de cinco fatores como dimensões, no qual os fatores relacionados ao paciente são apenas um determinante. Magnitude e custos... • A falta de adesão ao tratamento farmacológico, nas enfermidades crônicas, em países desenvolvidos, atinge cifras de ate 50% dos pacientes que recebem tratamento • Nos países em desenvolvimento bem como nos subdesenvolvidos essa cifra é bem maior, variando de acordo com o país e com a doença. Indivíduos... • Aderentes, indivíduos que seguem totalmente o tratamento • Desistentes, são aqueles que abandonam o tratamento • Persistente, dentro do grupo dos não- aderentes, que são aqueles indivíduos que ate comparecem às consultas, mas não seguem o tratamento. Método empregados para avaliação de aderência: • Subjetivos, como o relato do próprio paciente e do médico que prescreve ou outro o Problema do subjetivo: superestima! • Objetivos: contagem do medicamento residual, pela família; registro da dispensação pelo farmacêutico; dosagem química do medicamento ou de um marcador, no sangue ou na urina do paciente • MEMS (medication event monitoring system) problema: considerado um método objetivo e que apenas indica o horário em que o estojo foi aberto e o medicamento foi retirado do estojo, e não que o medicamento foi deglutido. Dosagem química do fármaco ou de um marcador, no sangue ou na urina do paciente, continua sendo método mais seguro para aferir a adesão ao tratamento farmacológico Fatores que prejudicam a adesão: com relação ao paciente... • Relacionados com a atitude frente à doença e, frequentemente, dificuldade de aceitar o fato de ser portar de uma doença determinada e, em particular, uma enfermidade crônica • Relacionados com a descrença quanto à utilidade e à eficácia dos procedimentos farmacológicos em determinadas enfermidades, que não são atribuídas a uma disfunção biolófica • Relacionados com algumas doenças particulares, que incluem os esquizofrênicos delirantes, os quais acreditam que os antipsicóticos podem lhes causar danos; os deprimidos graves que acham “que se tratar não vale a pena” • Em uso de terapias alternativas Fatores ligados aos tratamentos e medicamentos: prendem-se a noções ora corretas, ora distorcidas, acerca da eficácia limitada dos tratamentos; a persistência de sintomas residuais, resistentes aos tratamentos; à necessidade de tratamento prolongados ou permanentes e às recaídas e recidivas frequentes. Efeitos colaterais Fatores ligados ao médico e a equipe de saúde • A falta de qualificação técnica • A falta de capacidade para estabelecer vinculo cúmplice com o paciente • Dificuldade para exercer liderança e conquistar o apoio de sua equipe • O sujeitar-se, passivamente, a condições precárias de trabalho, geralmente, decorrenteda obrigatoriedade de atendimento a um numero excessivo de pacientes o Divergências de orientação, existentes dentro da equipe, e que costumam ser facilmente detectados pelos pacientes e pelos familiares. Consequências: agravamento e prolongamento do curso das enfermidades; aumento do numero de hospitalizações; aumento do numero de exames laboratoriais; cronificação das doenças • Aumento de morbidade e mortalidade; rebaixamento da qualidade de vida dos pacientes • Desmoralização dos tratamentos empregados; diminuição da eficácia dos programas de saúde • Encarecimento inútil, dos planos de saúde; sentimentos de frustação dos provedores e das equipes executoras Estratégias... • Intervenção farmacológicas • Intervenções psicossociais Farmacológicas: aumento ou diminuição de dose; substituição da medicação oral ou injetável, de ação prolongada; emprego de medicamentos que possam mitigar os efeitos colaterais dos medicamentos principais; mudança da medicação para grupos farmacológicos diferentes. Alteração do regime posológico e sua simplificação Psicossociais: terapia de esclarecimento e apoio; terapia interpessoal. Monitoramento da tomada da medicação; adoção de entrevistas de avaliação mais prolongadas; assistência social dirigida para solução de problemas logísticos dos pacientes e da família. • A melhora do índice das intervenções sobre a aderência pode ter um impacto maior, na qualidade da saúde pública, do que a introdução de novos tratamentos específicos. • Os sistemas de saúde devem evoluir para enfrentar novos desafios • Os pacientes devem receber apoio e não censuras e acusações. Os pacientes costumam ser responsabilizados pelos problemas de falta de adesão ao tratamento, apesar das evidencias em contrário. Continua a haver uma tendencia em negligenciar os fatores ligados aos provedores e aos sistemas de saúde • Exige-se intervenção sob medida, para cada paciente e para cada situação • Torna-se cada vez mais necessário a adoção de um enfoque multidisciplinar para realizar algum progresso nessa área • A aderência é um processo dinâmico que exige acompanhamento As propostas da OMS para melhorar a aderência: • Fornecimento de informações adequadas e continuadas. o Treinamento das equipes provedoras em estratégias motivacionais ▪ adoção e aplicação continuada dessas estratégias junto aos pacientes. Integração entre a informação e a motivação para obter mudanças de conceitos frente à doença e o que, por sua vez... pode levar à adoção de comportamentos que favorecem a adesão aos tratamentos medicamentosos em enfermidades crônicas. Isso não é possível com pacientes bem informados, mas desmotivados, bem como com pacientes motivados, mas desinformados. Consulta de enfermagem ▪ a participação de enfermeiros e outros profissionais de saúde, devem ser estimuladas em todas as etapas do atendimento. O aconselhamento, a detecção de situações de risco. ▪ Excepcionalmente os enfermeiros poderão prescrever e aplicar medicamentos estabelecidos em programas de saúde publica e em rotina aprovada pela instituição de saúde (lei do exercício profissional n° 7.498/86 de 25 de junho de 1986 e regulamentada pelo decreto n°94.406 de 9 de junho de 1987) Conclusão Em países em desenvolvimento, o aumento de doenças crônicas, assim como a deterioração dos serviços de saúde, ocorreu mais rapidamente que nos países desenvolvidos. Os efeitos da falta de aderência, em tratamento a longo prazo, resultam em consequências que repercutem sobre a saúde pública, encarecem os seus custos e comprometem, severamente, a eficácia dos tratamentos. Esses fatos tem um forte impacto na saúde da população, tanto sob o ponto de vista da qualidade de vida como sob o ponto de vista econômico. As intervenções que visam melhorar a adesão ao tratamento podem proporcionar um retorno positivo, muito significativo, dos investimentos que são feitos na prevenção primária e secundária das práticas ligadas à saúde. EXERCÍCIO ▪ O que é a aderência terapêutica? ▪ Cite e explique as 5 dimensões que são consideradas determinantes na aderência terapêutica. ▪ No ponto de vista da aderência terapêutica, qual a diferença entre individuo aderente, desistente e persistente? ▪ Dentre os métodos empregados para avaliação de aderência, comente pelo menos um subjetivo e um objetivo ▪ Dentre os fatores que prejudicam a aderência, cite e explique 3 com relação ao paciente e 3 com relação a equipe de saúde ▪ Explique as intervenções farmacológicas e as intervenções psicossociais ▪ Diante de um caso de falta de aderência terapêutica, como você como enfermeiro iria atuar?
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