Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FARMACOLOGIA E NUTRIÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA ................................................................................................ 5 INTERVENÇÕES DE FARMÁCIA CLÍNICA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ................................................................................................................. 8 DELINEAMENTO COLETA DE DADOS................................................................. 12 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES FÁRMACO-NUTRIÇÃO ENTERAL POTENCIAIS ............................................................................................................. 13 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA..... 22 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ................................................................................. 23 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) .......................................................... 24 TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL .............................................................. 28 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Pacientes de cuidados intensivos estão entre os mais vulneráveis aos problemas relacionados aos medicamentos e eventos adversos (Bourne et al.,2014). A complexidade dos processos e as condições médicas dos pacientes aumentam a probabilidade de erros e torna a segurança do paciente um processo crítico nas unidades de terapia intensiva (UTI) (Romero et al.,2013). Além disso, esses pacientes normalmente utilizam regimes complexos de medicação, principalmente por via parenteral, o que aumenta o potencial de erros de medicação (Romero et al.,2013; Lee et al.,2007; Boyle et al.,2006). A ocorrência de erros de medicação na UTI contribui para um aumento significativo no tempo de internação, morbidade, mortalidade e aumento dos custos para a instituição e sistemas de saúde (Patel e Kane-Gill, 2010). Tais erros podem ocorrer em qualquer etapa do processo de uso dos medicamentos, incluindo prescrição, transcrição, preparação, dispensação e administração (Manias et al.,2012). Deste modo, farmacêuticos que trabalham em UTI’s podem atuar em todas as etapas deste processo para promover a utilização segura de medicamentos (Horn e Jacobi, 2006). Nos últimos anos, a responsabilidade de farmacêuticos com os resultados farmacoterapêuticos do paciente tem aumentado, consolidando seu papel como membro integrante da equipe de saúde (Kane et al.,2003). Nesse cenário, muitos estudos evidenciam que os serviços de Farmácia Clínica em UTI’s têm um efeito positivo na segurança do paciente, como mostrado por Calabrese e colaboradores (2001), no qual as intervenções farmacêuticas resultaram na redução em 3,3% nos erros de medicação (Kim et al.,2014;Calabrese et al.,2001). Bourne e Choo (2012), em um estudo com 2.561 pacientes de UTI, documentaram 5623 intervenções das quais 28,2% (1.862) eram adição de medicamentos, 25,8% (1.707) revisão de dose, 17,9% (1.185) descontinuidade de tratamento, 13,7% (903) sugestão de medicamento alternativo e 11,7% (770) via de administração alternativa. Em outro estudo, após a implantação de um programa de intervenções preventivas, a prevalência de pacientes com erros de medicação reduziu de 41,9% para 28,6% (Romero et al., 2013). 4 Leape e colaboradores (1999) mostrou que a participação do farmacêutico em rounds clínicos na UTI, reduziu em 66% os erros de medicação, (10,4 para 3,5 por 1.000 pacientes-dia). Bourne e colaboradores (2014), também relataram outros serviços farmacêuticos desenvolvidos em cuidados intensivos relacionadas com a medicação, como a identificação de eventos adversos e interações medicamentosas, otimização de terapias (por exemplo, sedativos, antimicrobianos, monitoramento terapêutico e gestão de tromboembolismo), colaboração com a equipe multidisciplinar, participação das sessões clínicas, desenvolvimento de diretrizes e implantação de protocolos, contribuindo para a segurança do paciente e melhores resultados clínicos e econômicos. Apesar de haver na literatura estudos que descrevem serviços de Farmácia Clínica na UTI, estes apresentam diferentes intervenções, delineamentos metodológicos distintos e resultados variáveis (Prelascki et al.,2013; Horn e Jacobi, 2006). Ademais, o fato de existirem apenas revisões narrativas, não sistemáticas, a partir de consenso de especialistas, com metodologia de busca restrita a uma base de indexação, justifica importância de elaboração de uma revisão sistemática capaz de evidenciar o impacto desses serviços na UTI e nos resultados do paciente. 5 EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA A UTI é uma área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia (ANVISA, 2010). Além disso, é caracterizada pela concentração de recursos tecnológicos e profissionais altamente especializados, destinados ao tratamento de pacientes em estado de maior gravidade e instabilidade clínica, e, portanto, mais vulneráveis a erros diagnósticos e terapêuticos (Santos e Padilha, 2005). Essa unidade reúne pacientes de alto risco que necessitam de intervenções num ambiente complexo, caracterizado por muitas mudanças no estado fisiopatológico, exposição a um maior número de procedimentos invasivos, numerosos dispositivos médicos, além do elevado número de medicamentos administrados em esquemas terapêuticos complexos, o que aumenta a probabilidade de interações e eventos adversos a medicamentos, incluindo erros de medicação (Boyle et al., 2006; Welters et al., 2011, Kanne-Gill et al., 2010). Um evento adverso é definido como uma lesão ou dano não intencional causado ao paciente pela intervenção assistencial, e não pela doença de base (Amaya, 2009). Quando relacionados ao uso de terapia medicamentosa são chamados de eventos adversos a medicamentos. Já um erro de medicação é definido como um evento evitável que pode resultar em uso inadequado ou dano ao paciente, enquanto a medicação está no controle de um profissionalde saúde (Reis e Cassiani,2011; Patel e Kane-Gill, 2010). Estima-se que na UTI, a taxa média de erros é de aproximadamente 106 por 1000 pacientes-dia (Kane-Gill e Weber et al.,2006). Embora apenas 10% dos erros de medicação possam resultar em um evento adverso, estes têm impacto significativo para pacientes, famílias, profissionais de saúde e sobre morbidade e mortalidade (Calabrese et al.,2001; Barker et al.,2002). Em 1999, o Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos estimaram que até 98 mil pessoas morrem anualmente, como resultado de erros médicos , e representam cerca de 150 milhões de dólares por ano, como resultado desses erros (Shulman et al.,2005; Herout e Erstad, 2004;Khon et al.,1999). 6 A documentação sobre a incidência desses eventos adversos e erros de medicação apresentam uma grande variabilidade. Segundo Willmer e colaboradores (2010), muitos estudos focam apenas numa etapa do processo (por exemplo, prescrição ou administração) e mesmo quando consideram todas as etapas do uso de medicamentos, utilizam diferentes metodologias de identificação. Além disso, o emprego de várias terminologias para esses eventos contribui para variação dos resultados (Willmer et al.,2010). Rothschild e colaboradores (2005) encontraram em seu estudo a ocorrência de 120 eventos adversos (taxa de 80,5/1000 pacientes-dia) e 223 erros graves (taxa de 149,7/1000 pacientes-dia), dos quais os medicamentos eram responsáveis por 78% (n=170). Desses os mais frequentes foram os erros de dosagens (36,5%), duplicação de medicamentos (12,4%), medicamento errado (8,8%), interrupção do tratamento (8,3%), via ou frequência inadequada (7,6%). Observaram também, que os medicamentos mais envolvidos foram os medicamentos cardiovasculares (24%), anticoagulantes (20%), agentes anti- infecciosos (13%) e agentes empregados em diagnóstico e profilaxia (contrastes, insulina e anticoagulantes). Um estudo realizado com 229 pacientes de UTI acompanhados durante 12 meses foram identificados 135 eventos adversos a medicamentos em 102 pacientes, dos quais 132 foram reações adversas e três erros de medicação (Reis e Cassiani, 2011). No estudo de Osmon e colaboradores (2004) foi verificada a ocorrência de 232 eventos envolvendo 147 pacientes (taxa de 31,9/100 pacientes) dos quais 20,2% foram erros de medicação. Patanwala e colaboradores (2010) descreveram 178 erros em 192 pacientes durante um período de nove meses, sendo mais frequentes os erros de prescrição (53,9%), administração (34,8%), transcrição (10,7%) e distribuição 26 (0,6%). Brown e colaboradores (2008) a partir da revisão da medicação por um farmacêutico clínico encontraram erros relacionados a cálculos de doses (29%); dosagens inadequadas, drogas, vias ou horários (26%); esclarecimentos ordem (16%); e alergias a medicamentos (12%). 7 Diante da possibilidade de prevenção dos erros de medicação e do risco de dano em função da sua ocorrência, torna-se relevante identificar a natureza e determinantes dos erros, como forma de dirigir ações para a prevenção. A complexidade inerente ao processo de administrar medicamentos exige que o erro de medicação seja visto como um fenômeno multicausal, de abordagem multidisciplinar cujo enfretamento envolve vários profissionais, usando conhecimentos específicos, compartilhando responsabilidades, identificando e corrigindo fatores que contribuam para sua ocorrência (Brasil, 2013; Padilha et al.,2002). Além dos erros de medicação, o paciente de UTI é suscetível à ocorrência de eventos adversos relacionados à assistência. Por exemplo, a inclusão, uso e remoção de cateteres venosos podem causar traumas mecânicos, complicações infecciosas, ou trombóticas em até 26% dos pacientes internados, muitos dos quais poderia ser evitado com o uso de locais alternativos de inserção (Mc Gee e Gould, 2003). Outra complicação reportada em até 28% dos pacientes de UTI é a pneumonia associada à ventilação mecânica, demonstrando a necessidade de utilização de protocolos de desmame e tomada de medidas de prevenção deste evento (Chastre e Fagon, 2002). Orgeas e colaboradores (2008) realizaram uma avaliação de eventos adversos em UTI e mostrou que as infecções hospitalares, como infecções da corrente sanguínea relacionadas ao cateter (OR 2,92 IC [1,6-5,32]) e pneumonia (OR 1,69 IC [1,17-2,44]) são uma consequência de erros. Embora seja difícil identificar um erro específico responsável por uma infecção, desvios de normas de boas práticas de segurança estão associados com maiores taxas de infecção (Burke, 2003). Além disso, antibióticos são frequentemente prescritos empiricamente na UTI resultando em potenciais implicações tanto para o paciente quanto para o ambiente hospitalar (Landrigan et al.,2010; Bertsche et al.,2008). Diante ao exposto, percebe-se que a segurança do paciente na UTI é uma prioridade e um desafio para os profissionais de saúde. Nesse cenário, iniciativas como a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, o Programa Nacional de Segurança do paciente, os indicadores das instituições de acreditação, e ferramentas como a do Institute for Safe Medication Practices (ISMP) tem como objetivo ajudar 8 as instituições de saúde estabelecer práticas seguras no uso de medicamentos e na assistência à saúde (Brasil, 2014). Adicionalmente, a literatura científica tem apontado diversas estratégias para prevenir eventos adversos em UTI’s, melhorar o processo de uso de medicamentos e reduzir os fatores de risco associados com a ocorrência de erros de medicação. Podemos destacar o uso de prescrição eletrônica, sistemas de administração de medicamentos intravenosos, medidas educativas, a reconciliação de medicação, implantação de protocolos e diretrizes, e os serviços de Farmácia Clínica (Manias et al.,2012; Lee et al.,2007). INTERVENÇÕES DE FARMÁCIA CLÍNICA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A Farmácia Clínica teve início no âmbito hospitalar, nos Estados Unidos, em meados da década 1960. Nesse período, a perda do papel do farmacêutico nas farmácias após a industrialização, a importância cada vez maior dos medicamentos no cuidado ao paciente, a publicação dos primeiros estudos sobre erros de medicação e reações adversas, além da publicação “Mirror to Hospital Pharmacy”, que traz recomendações para um maior envolvimento do farmacêutico com o paciente, contribuíram para a emergência de três responsabilidades relacionadas: a distribuição de medicamentos em dose unitária; a criação dos centros de informação sobre medicamentos e a Farmácia Clínica (Mesler, 1991; Franke, 1969). Durante os últimos anos, a mudança de paradigma na percepção do "cliente" para "paciente" dentro da profissão refletiu na expansão da oferta dos 28 serviços farmacêuticos e um maior envolvimento do profissional com processo de uso de medicamentos e com os resultados farmacoterapêuticos do paciente (Horn et al., 2006; Kane et al., 2003). Atualmente, o American College of Clinical Pharmacy (ACCP) define a Farmácia Clínica como a área interessada na ciência e na prática do uso racional de medicamentos. Ao englobar a filosofia da atenção farmacêutica, associa uma orientação para o cuidado com conhecimento terapêutico 9 especializado, experiência e discernimento, com o objetivo garantir ótimos resultados para o paciente (ACCP, 2012). A complexidade da medicina intensiva, o crescente aumento no número de leitos de UTI, e o foco em atendimento multidisciplinar para otimizar os resultados dos pacientes resultou na expansão dos serviços farmacêuticos em cuidados intensivos (Preslaski et al.,2013). Esse processo vem ocorrendo desde 1989, quando a Society of Critical Care Medicine, a maior organização internacional e muldisciplinar em cuidados críticos, criou uma seção de Farmacologiae Farmácia Clínica. Anos depois, outras organizações profissionais como ACCP e a Sociedade Americana de Farmacêuticos dos Sistemas de Saúde criaram grupos especiais de farmacêuticos em cuidados críticos (Rudis et al., 2000). Outro marco importante para os serviços de Farmácia Clínica na UTI foi à publicação da Society of Critical Care Medicine, no ano de 2000 sobre as atividades do farmacêutico na UTI. O documento procurou descrever várias práticas e serviços farmacêuticos, além de definir responsabilidades e classificar as atividades em níveis fundamentais, desejáveis e ótimas. As atividades fundamentais são aquelas consideradas como vitais para provisão do cuidado farmacêutico. Já as definidas como desejáveis, incluem às atividades fundamentais serviços farmacêuticos especializados. As atividades ótimas incluem as duas categorias anteriores, e reflete um modelo de cuidado envolvendo ensino, pesquisa e prática (Rudis et al., 2000). A nutrição é fundamental para a integridade metabólica e imunológica do organismo. Os pacientes críticos podem apresentar desnutrição prévia à internação ou tornarem-se desnutridos, em consequência à agressão decorrente de trauma, sepse e vários outros fatores. Nesse sentido a terapia nutricional pode ser decisiva para evolução desses pacientes, reduzindo sua morbidade e mortalidade. A nutrição enteral é a terapia de primeira escolha por ser mais fisiológica e apresentar diversas vantagens sobre a nutrição parenteral. 10 A terapia nutricional enteral é administrada através de sondas nasoentéricas, nasogástricas ou estomias. Entretanto, esses dispositivos não são exclusivos para administração da nutrição enteral, pois, frequentemente, são também empregados para administração de medicamentos. A consequência dessa prática é o risco de eventos adversos como: obstrução da sonda, incompatibilidades físico-químicas e potenciais interações fármaco-nutriente. A interação fármaco-nutriente é uma interação medicamentosa que consiste na modificação da resposta farmacológica ou clínica de um medicamento devido à administração prévia ou simultânea com um nutriente ou a alteração da atividade do nutriente devido a administração prévia ou concomitante com um medicamento, envolvendo processos farmacocinéticos ou farmacodinâmicos. Os nutrientes podem ser componentes dos alimentos ou de suplementos nutricionais como os destinados à terapia nutricional enteral. Diante dessas interações é necessário monitorar a resposta terapêutica e quando necessário realizar ajustes da terapia nutricional ou farmacológica visando alcançar os resultados clínicos desejáveis. Considerando o exposto, o objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de interações fármaco-nutrição enteral em unidades de terapia intensiva de sete hospitais brasileiros e analisar a significância clínica dos mesmos. Pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) encontram- se normalmente em estado grave, necessitando de processos complexos de suporte à vida, e recebendo grande número de medicamentos e intervenções. Esse cenário contribui para ocorrência de erros e é responsável por cerca de 30 % dos gastos financeiros do hospital. Além disso, como resultado destas pressões clínicas, econômicas e sociais, é fundamental a incorporação de um número adequado de profissionais com as habilidades apropriadas para promover a qualidade e segurança dos cuidados. Nas últimas décadas, o farmacêutico tem aumentado seu papel em cuidados intensivos, com um maior envolvimento no processo de uso e gestão 11 da farmacoterapia e a participação em tempo integral da equipe de cuidado à beira do leito. Vários estudos, tem evidenciado a sua importância na identificação de interações medicamentosas, na redução do tempo e dos eventos associados a ventilação mecânica, na implementação de protocolos assistenciais, na profilaxia de úlcera por stress , na redução de erros de medicação , na redução de custos, do tempo de internação em UTI e nas taxas de mortalidade associadas a infecções relacionadas a assistência. Entretanto muitos desses estudos são descritivos, retrospectivos, a partir de análise de bancos de dados, ou estudos pré e pós-intervenção, nos quais os riscos de fatores de confundimento não são controlados, e o impacto das intervenções nos desfechos do paciente são apenas estimados. Além disso, há carência de revisões sistemáticas sobre o tema. As revisões sistemáticas viabilizam de forma clara e explícita, um resumo de todos os estudos sobre determinada intervenção, nos permitem integrar as informações de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre determinada terapêutica/ intervenção, ao invés de limitar as nossas conclusões à leitura de somente alguns estudos. Outras vantagens incluem a possibilidade de avaliação da consistência e generalização dos resultados entre populações ou grupos clínicos. Ante ao exposto, é evidente que revisões sistemáticas e metanálises consistem no melhor nível de evidência científica sobre uma questão específica. Embora a maioria dos estudos sobre os serviços farmacêuticos em UTI seja observacional, a realização de revisões e metanálises apresentam desafios particulares devido aos vises inerentes dos estudos primários, nos diferentes delineamentos e a heterogeneidade dos resultados. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é mostrar o impacto dos serviços farmacêuticos em UTI’s adulto nos desfechos do paciente, bem como investigar as potenciais fontes de heterogeneidade. 12 DELINEAMENTO COLETA DE DADOS Estudo multicêntrico, transversal e retrospectivo desenvolvido em Unidades de Terapia Intensiva de sete hospitais de ensino do Brasil. Os hospitais estão localizados nas regiões centro oeste, nordeste e sudeste do país, todos pertencentes à Rede Sentinela de hospitais da Agência Nacional de vigilância Sanitária - ANVISA. A investigação foi aprovada pelos comitês de ética de acordo com os Certificados de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) dos respectivos hospitais: Comitê de Ética da Universidade Federal de Uberlândia CAAE 0180.1.004.000-07, Universidade Federal de São Paulo- Faculdade de Medicina CAAE 0180.1.004.000-07, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto CAAE - 0180.1.004.000-07, Hospital da Restauração em Recife CAAE nº 0024.0.102.1000-07, Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará CAAE nº 0180.1.004.000-07, Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais CAAE nº 0043.0.203.000-08 e Hospital Geral de Goiânia CAAE nº 0043.1.206.000-07. A amostra do estudo foi composta por prontuários de pacientes internados em 2007 nas UTI dos hospitais estudados, que preenchiam os critérios de inclusão: indivíduos maiores de 18 anos; tempo de permanência na UTI por um período igual ou superior a 24 horas. De acordo com o instrumento de coleta de dados foram coletadas informações demográficas dos pacientes (idade e sexo), tempo de internação na UTI, diagnósticos principais (segundo o CID10) e informações sobre medicamentos e nutrição enteral administrados com 24 horas e 120 horas de internação. Esses momentos foram escolhidos devido à quantidade de medicamentos prescritos no primeiro dia de hospitalização do paciente na UTI, e por ser a primeira semana de hospitalização o período de maior ajuste terapêutico. Todos os medicamentos identificados no estudo foram classificados segundo o nível 1 do sistema de classificação anatômico terapêutico químico. 13 CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES FÁRMACO-NUTRIÇÃO ENTERAL POTENCIAIS Para a identificação das potenciais interações fármaco-nutrição enteral dos medicamentos administrados em 24 horas e 120 horas de internação empregou-se o software Drug Reax®, desenvolvido por Thomson MicromedexTM, Greenwood Village, Co, USA paraidentificação das potenciais interações medicamentosas . O Drug Reax® fornece informações sobre as consequências clínicas ou reações adversas a medicamentos resultantes da interação e caracteriza o mecanismo de ação. Classifica as interações em relação a gravidade em cinco categorias (contra indicado, grave, moderada, leve e desconhecida), tempo de início (imediato e tardio ) e ao nível de evidência científica (excelente, boa, regular, pobre, improvável e desconhecida). A tipologia dessa classificação é apresentada no Quadro 1. O mecanismo de ação das interações foi classificado em farmacocinético, farmacodinâmico ou misto. Para as interações farmacocinéticas foi identificado o processo envolvido (absorção, distribuição, metabolismo ou excreção). Quadro 1 Tipologia para classificação da gravidade, documentação e o tempo de início das interações potenciais fármaco-nutriente. (Brasil, 2009). Gravidade Tipos Definições 1. Contraindicada Os medicamentos são contraindicados para uso concomitante. 2. Grave A interação pode trazer riscos à vida do paciente ou requer intervenção médica imediata para evitar eventos adversos graves. 3. Moderada A interação pode resultar em exacerbação da condição clínica do paciente ou demandar alteração da terapia. 4. Leve A interação pode ter efeitos clínicos limitados. A manifestação implica em aumento da frequência e https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t01 14 Gravidade gravidade dos eventos adversos, sem demandar alteração da farmacoterapia. 5. Desconhecida Não tem definição do grau de gravidade. Documentação Tipos Definições 1.Excelente Estudos controlados estabeleceram a existência da interação. 2. Boa Documentação forte sugere a existência da interação, mas faltam estudos bem controlados. 3. Regular Documentação disponível é escassa, mas as bases farmacológicas permitem suspeitar da interação ou a documentação é boa para fármacos da mesma classe terapêutica. 4. Pobre Estudos clínicos em número reduzido e de baixa evidência, como relato de caso, mas os eventos são considerados teoricamente possíveis de serem resultados de uma interação. 5. Improvável A documentação é pobre e faltam bases farmacológicas. 6. Desconhecida A documentação sobre a interação não é conhecida. Tempo de Início 1. Imediato Quando o efeito da interação manifesta imediatamente, ou nas primeiras 24 horas da administração conjunta dos medicamentos. 2. Tardio Quando o efeito da interação manifesta depois de 24 horas da administração conjunta dos medicamentos. 15 Análise estatística Os dados foram armazenados no software Access Office 2007 da Microsoft®. Para a análise estatística foi utilizado o software Statistica versão 8.0. A análise descritiva foi realizada utilizando distribuição de frequência para as variáveis categóricas e medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio-padrão) para as variáveis quantitativas. Resultados A casuística investigada foi de 1.124 prontuários; sendo 630 (56%) de pacientes do sexo masculino. Idade média dos pacientes foi de 52,5 anos (±19,0), com um mínimo de 18 e máximo de 96,8 anos. O tempo médio de internação foi de 19,4 dias (± 23,0). Os diagnósticos mais frequentes tanto em 120 horas como em 24 horas foram: doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório e lesões por envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. Para os 1.124 pacientes foram prescritos com 24 horas de internação 15.343 medicamentos e empregados 327 fármacos. 120 horas foram prescritos 14.087 medicamentos e utilizados 329 fármacos. O número médio de medicamentos prescritos por paciente em 24 horas e 120 horas foi equivalente, respectivamente, a 13,6 (± 4,5) e 13,2 (± 4,8). Os medicamentos mais prescritos eram dos seguintes grupos terapêuticos do sistema ATC: B- Agentes que atuam no Sangue e Órgãos Hematopoéticos (24 horas 32,3%; 120 horas 28,0%), N- Sistema Nervoso (24 horas 19,3%, 120 horas 19,0%), A-Trato Alimentar e Metabolismo (24 horas 15,0%, 120 horas 15,5%) e C- Sistema Cardiovascular (24 horas 14,2%, 120 horas 16,2%). Dos 1.124 prontuários investigados, 320 eram de pacientes com 24 horas de internação que estavam em uso de nutrição enteral. Destes, 20 (6,3%) apresentaram interação fármaco-nutrição enteral. Dos 504 pacientes, com 120 horas de internação, em uso de nutrição enteral, 39 (7,7%) apresentaram interação fármaco-nutrição enteral. 16 As potenciais interações fármaco-nutrição enteral, identificadas nas prescrições de 24 horas foram: fenitoína-nutrição enteral, hidralazina-nutrição enteral e levotiroxina-nutrição enteral. 120 horas, além dessas potenciais interações, identificou-se a varfarina- nutrição enteral. As potenciais interações mais frequentes em 24 e 120 horas foram respectivamente levotiroxina-nutrição enteral e hidralazina-nutrição enteral (Tabela 1). Tabela 1 Distribuição do número de pacientes com prescrições contendo potenciais interações fármaco-nutrição enteral identificadas nos hospitais investigados. Brasil, 2009. Pacientes Interação 24 horas 120 horas n % n % Fenitoína - Nutrição Enteral 01 05,0 08 20,5 Hidralazina - Nutrição Enteral 05 25,0 17 43,6 Levotiroxina - Nutrição Enteral 14 70,0 12 30,8 Varfarina - Nutrição Enteral - - 02 05,1 Total 20 100,0 39 100,0 O Quadro 2 apresenta características importantes para a prevenção e acompanhamento clínico das potenciais interações fármaco-nutrição enteral, identificadas nas prescrições de 24 e 120 horas, como: nível de evidência científica, manejo, mecanismo de ação, monitoramento, processo, gravidade e tempo de início. Quadro 2 Características das potenciais interações fármaco-nutrição enteral identificadas nos hospitais investigados. Brasil, 2009. Fenitoína- NE Hidralazina -NE Levotiroxin a-NE Varfarina- NE Document ação Científica Boa Boa Boa Boa Manejo Otimização do planejamento de horários de administração Otimização do planejamento de horários de administração Otimização do planejamento de horários de administração Ajuste de dose Otimizaçã o do planejamento de horários de administração https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t02 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t03 17 Fenitoína- NE Hidralazina -NE Levotiroxin a-NE Varfarina- NE Mecanism o de ação Farmacocin ético Farmacocin ético Farmacocin ético Não informado Monitoram ento Determinaç ão dos níveisplasmáticos do fármaco Não Informado Não informado Determina ção do INR* Processo Absorção Absorção Excreção Não informado Gravidade Moderada Moderada Moderada Moderada Tempo de início Imediato Imediato Tardio Imediato Razão Normalizada Internacional Destaca-se que as potenciais interações detectadas são farmacocinéticas e o manejo clínico envolve a otimização do planejamento do horário de administração dos medicamentos para prevenir a ocorrência das mesmas. Quanto à gravidade, todas as interações apresentam gravidade moderada e tempo de inicio imediato com exceção da Levotiroxina-Nutrição Enteral. Neste estudo foi identificada uma prevalência de 6,6% (24 horas) e 7,6% (120 horas) de potenciais interações fármaco-nutrição enteral. Na literatura pesquisada não foi localizado nenhum estudo de avaliação desse tipo de interação em pacientes críticos, o que não permite comparações. Entre os softwares de análise de interação, a detecção de potenciais interações fármaco-nutrição enteral é uma particularidade do Drug Reax. Independente da prevalência vale ressaltar que as potenciais interações fármaco-nutrição enteral podem terimpacto clínico, com interferências nos resultados do plano farmacoterapêutico e nutricional desenvolvido para o paciente. As investigações a respeito das potenciais interações fármaco-nutrição enteral são incipientes e em número reduzido. Também são escassas pesquisas sobre a biodisponibilidade de fármacos administrados por cateter em conjunto com formas farmacêuticas sólidas. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t03-fn01 18 Dessa forma, o conhecimento gerado nessas investigações além de identificar novas interações fármaco-nutrição enteral, produzirá evidências para subsidiar a administração segura desses medicamentos por meio de cateter, sendo esta uma aplicação do conhecimento científico na prática assistencial. Destaca-se que, essa lacuna foi identificada em uma revisão sistemática sobre administração de medicamentos por sondas enterais. Os medicamentos do grupo B da classificação ATC, que abrange agentes anti-hemorrágicos, trombolíticos e soluções eletrolíticas parenterais endovenosas, foi o grupo terapêutico mais utilizado nas UTI investigadas. Quanto ao potencial de produzir interação com nutrição enteral, destacam-se, entre os representantes desses grupos a varfarina. Os medicamentos dos grupos N e C também apareceram entre os medicamentos mais prescritos nas UTI se destacando, a fenitoína, a carbamazepina e a hidralazina os quais são fármacos dessas classes terapêuticas de interesse e que apresentam potenciais interações fármaco- nutrição enteral. Em relação aos mecanismos das potenciais interações fármaco-nutriente, envolvem reações físico-químicas com os componentes da dieta acarretando redução da biodisponibilidade dos fármacos. Outro fator que também contribui para reduzir a concentração plasmática dos fármacos é a adsorção nas paredes da sonda enteral O impacto da prevalência de interações medicamentosas no contexto assistencial, ganha maior significância quando acompanhado de informações que permitem identificar a sua importância clínica. A importância clínica das interações é determinada pela gravidade, nível de evidência e consequências clínicas. As potenciais interações fármaco-nutrição enteral identificadas no estudo envolveram quatro fármacos: a hidralazina e três fármacos de índice terapêutico estreito (fenitoína, levotiroxina e varfarina), o que sinaliza a importância clínica dessas potenciais interações. A absorção da hidralazina quando administrada concomitantemente com nutrição enteral, acarreta em redução da concentração plasmática máxima que pode implicar na ausência da resposta anti-hipertensiva. Desta forma, em 19 pacientes em uso de hidralazina e nutrição enteral é necessário um maior controle dos níveis pressóricos. A interação fenitoína-nutrição enteral implica em redução da biodisponibilidade da fenitoína, determinando níveis plasmáticos subterapêuticos, porém o mecanismo dessa redução não está bem definido. A fenitoína é um fármaco de índice terapêutico estreito e potente indutor enzimático com características farmacológicas que predispõem a potenciais interações medicamentosas acarretando consequências clínicas importantes. Para os fármacos de índice terapêutico estreito, como a fenitoína, a determinação dos níveis plasmáticos é um instrumento adequado para monitorar a evolução da interação e realizar o manejo com o ajuste da dose. Os estudos in vitro sugerem uma formação de complexos entre a fenitoína e a proteína ou cloreto de cálcio da dieta. A equipe de terapia nutricional da UTI deve orientar o prescritor sobre a possível necessidade de administrar doses maiores que as habituais, de fenitoína, em pacientes submetidos à nutrição enteral. A resposta clínica do paciente e os níveis plasmáticos de fenitoína devem ser monitorizados durante e após a suspensão da terapia nutricional enteral. A respeito da levotiroxina, as formulações à base de soja aumentam a sua excreção fecal causando hipotireoidismo. Nos pacientes em uso de levotiroxina e nutrição enteral, uma medida preventiva para evitar essa ocorrência é evitar, formulações a base de soja e monitorar a função tireoidiana, devido o risco de hipotireoidismo. O Drug Reax classifica essa interação como tardia, em consonância com estudos recentes que relatam que a modificação do esquema terapêutico não é necessário em tratamento inferiores a sete dias. Entretanto, durante a administração conjunta por mais de sete dias, a nutrição enteral deve ser interrompida uma hora antes ou depois da administração da levotiroxina. A frequência da avaliação da função tireoidiana deve ser semanal para permitir a identificação do efeito adversos da interação. Sobre a varfarina, está descrito na literatura sua resistência devido ao conteúdo de vitamina K e proteína da nutrição enteral. 20 Todavia, estudos demonstraram que a interação é observada mesmo com o emprego de formulações com baixo teor de vitamina K, mas o mecanismo determinante da interação ainda não é totalmente conhecido. Sendo assim, é necessário a monitorização frequente dos parâmetros de coagulação dos pacientes em uso de varfarina quando administrada em conjunto com nutrição enteral, para avaliar o ajuste da dose ou a prescrição de uma alternativa terapêutica. Uma estratégia para reduzir os efeitos das potenciais interações fármaco- nutrição enteral identificadas é o planejamento do horário de administração do medicamento, considerando a frequência e o tipo de administração da nutrição enteral. Esse aspecto é mais facilmente manejado quando o medicamento é administrado em dose única e a nutrição administrada em bolus ou intermitente. Certa complexidade surge com esquemas múltiplos de administração de medicamentos e com a dieta em infusão contínua, pois demanda interrupção da dieta para administrar o medicamento e posterior ajuste da taxa de administração da dieta para garantir o aporte calórico prescrito. Normalmente é recomendado interromper a dieta uma a duas horas antes e depois da administração dos medicamentos. O enfermeiro como responsável pelo planejamento dos horários de administração dos medicamentos e da dieta é um profissional essencial para prevenção das potenciais interações fármaco-nutrição enteral, contribuindo para a efetividade da farmacoterapia dos pacientes. Entretanto, o impacto das ações será mais efetivo se desenvolvidas numa perspectiva multidisciplinar. Nesse sentido, a atuação do farmacêutico clínico também aprimora a segurança da assistência prestada ao paciente. Em suma, a atuação integrada de enfermeiros, farmacêuticos, médicos e nutricionistas, otimiza os resultados da assistência contribuindo para a segurança do paciente e a prevenção de interações medicamentosas indesejáveis. Esse estudo, de caráter multicêntrico, contribuiu de forma significativa para conhecer o perfil das interações fármaco-nutrição enteral em unidades de 21 terapia intensiva brasileiras, constituindo um referencial importante para o planejamento de ações para melhoria da segurança do paciente crítico. Entretanto para ampliar a segurança dos pacientes é essencial implementar estratégias que auxiliem a equipe de saúde a identificar as potenciais interações e implementar medidas de prevenção e monitorização de pacientes em riscos de desenvolver interação fármaco-nutrição enteral, antes das mesmas se manifestarem. Ressalta-se que além da identificação e prevenção de interações fármaco-nutrição enteral deve-se implementar um programa amplo que inclua também interações fármaco-fármaco e interação fármaco-alimento. A presença de prescrição informatizada acoplada a sistemas de suporte de decisão, com software para identificação de potenciais interações é uma ferramenta que favorece o trabalho da equipe de saúde na identificação das potenciaisinterações fármaco-nutriente. Ainda, o enfermeiro, como peça fundamental nesse sistema, deve atuar em conjunto com os demais membros da equipe de modo a conscientizá-los da importância da comunicação escrita, a fim de procederem adequadamente às anotações, pois desta forma será possível a notificação das reações adversas a medicamentos. A equipe multiprofissional de terapia nutricional é, também, um referencial importante para os profissionais da UTI no desenvolvimento de ações para prevenção de interação fármaco-nutrição enteral e outros eventos adversos relacionados à terapia nutricional. Ressalta-se que o presente estudo, devido ao delineamento retrospectivo, não analisou a composição da nutrição enteral e investigou prescrições somente em dois momentos da internação, sem identificar o impacto clínico da interação identificada. Novas investigações com delineamentos prospectivos ampliarão o conhecimento sobre a ocorrência da interação e identificação de fatores de risco relacionados ao paciente, a farmacoterapia e a composição da nutrição enteral, minimizando as limitações citadas. Essa investigação apresenta caráter pioneiro por identificar potenciais interações fármaco-nutriente no contexto da terapia intensiva. 22 As interações fármaco-nutrição enteral podem interferir na qualidade e no custo efetividade da assistência prestada em UTI, para tanto é essencial que a equipe de saúde tenha conhecimento sobre as interações fármaco-nutrição enteral. Pacientes em uso concomitante de nutrição enteral e fármacos de baixo índice terapêuticos devem ser monitorizados devido à significância clínica das interações desses fármacos com a nutrição enteral. A equipe multiprofissional de terapia nutricional deve elaborar protocolo para a administração de medicamentos em pacientes em uso de terapia nutricional enteral, pois este constitui um importante instrumento para prevenir as interações fármaco-nutrição enteral no contexto das UTI. AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA O paciente crítico é aquele indivíduo que se encontra em situação grave de saúde, apresentando comprometimento de um ou mais sistemas e consequente perda de autor-regulação, necessitando assim de substituição artificial das funções orgânicas (ANVISA, 2006). É oportuno ressaltar que o indivíduo em cuidados críticos ocasionalmente apresenta disfunções do tipo: Traumatismo Cranioencefálico (TCE) grave, morte encefálica em potencial doação de órgãos, hemorragia intracraniana, estado de mal convulsivo, obstrução de vias aéreas, troca de gases prejudicada, instabilidade hemodinâmica (arritmias, insuficiência coronariana aguda, tamponamento cardíaco, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)), hepatite fulminante, pancreatite aguda grave, Hemorragia Digestiva Alta (HDA), Insuficiência Renal Aguda (IRA), pós-operatório instável, politraumatismo, intoxicação exógena em risco de vida, grande queimaduras, entre outros agravos. Condições estas que, por vezes, necessitam de intubação traqueal ou traqueostomia e Ventilação Mecânica (VM), uso de vasopressores e agentes antiarrítmicos, monitorização invasiva de parâmetros hemodinâmicos (Pressão Arterial Media (PAM), Pressão da Artéria Pulmonar (PAP), Pressão do Capilar Pulmonar (PCP), Pressão Venosa Central (PVC)) e parâmetros neurológicos (Pressão Intracraniana (PIC), por exemplo), etc (CALDEIRA FILHO e WESTPHAL, 2011). 23 Portanto, é de fundamental importância que o enfermeiro de terapia intensiva realize uma avaliação rigorosa e atenta do paciente, desde a identificação deste, a listagem dos problemas pregressos, a listagem e a história de problemas observados da doença atual e sua evolução, bem como, a avaliação diária e a cada turno dos sistemas orgânicos (neurológico, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, metabólico, renal, hematológico e psicossocial) (CALDEIRA FILHO e WESTPHAL, 2011). AVALIAÇÃO NUTRICIONAL O estado nutricional do paciente gravemente enfermo pode variar desde a nutrição ótima até a desnutrição durante o tratamento. Muitas vezes o motivo de internação do paciente proporciona uma ingesta alimentar inadequada, a própria terapêutica pode comprometer o Trato Gastrointestinal (TGI) e reduzir a capacidade do organismo em absorver nutrientes (MORTON e FONTAINE, 2011). Acrescentam, estes autores, que, alguns sinais e sintomas que sugerem distúrbios nutricionais são específicos e fáceis de perceber, contudo, situações como o edema ou derrames, podem mascarar as perdas de lipídios e proteínas. Assim, entende-se que a avaliação nutricional é necessária e essencial para se determinar a existência de depleção nutricional. Para tanto, de acordo com os mesmos, a enfermeira deve avaliar a quantidade e qualidade do alimento consumido pelo paciente. Para paciente com dieta via oral, a avaliação é feita através dos registros feitos pela equipe e pelo questionamento ao próprio paciente. Para os pacientes com dieta enteral, esta avaliação fica a cargo da equipe de nutrição e dietética. Contudo, o enfermeiro deve estar atento a problemas de aceitação, como: episódios de êmese, diarreias ou obstipação/constipação. O estado nutricional do paciente crítico pode ser melhorado ou mantido com a instalação precoce de um suporte nutricional adequado as suas necessidades. Pacientes com condições fisiológicas de alimentar-se adequadamente, sem auxílio, devem fazer uso da dieta via oral; aqueles que possuem um TGI íntegro e funcional, sem possibilidade de alimentar-se por via oral, devem fazer uso da nutrição enteral; caso contrário, indica-se a nutrição parenteral (MORTON e FONTAINE, 2011; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). 24 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) A TNE consiste em um procedimento terapêutico para a manutenção e recuperação do estado nutricional (PADILHA et al., 2010). Refere-se a administração de dieta especializada por meio de sondas com posicionamento gástrico, entérico ou via estomas (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011; PADILHA et al., 2010). A nutrição enteral deve ser a primeira escolha terapêutica, já que evita a translocação bacteriana, apresenta menor custo, é um método mais próximo do fisiológico e apresenta baixa probabilidade de contaminação (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). Algumas indicações para o uso da TNE incluem, conforme as autoras, pacientes de alto risco com queimaduras extensas, politraumas, complicações cirúrgicas, pacientes impossibilitados de se alimentar entre conta a sete dias. É contraindicado em casos de peritonite, obstrução intestinal, vômito intratável ou diarreia severa. O enfermeiro, junto a sua equipe, é essencial para uma terapia nutricional bem sucedida, pois, é responsável por prover e manter a via de acesso escolhida, instalar e administrar a dieta prescrita em doses plenas, e, detectar precocemente possíveis intercorrências durante a terapêutica (PADILHA et al., 2010). A sonda nasoentérica está indicada para uso em curto prazo (de quatro a seis semanas). É inserida pelo nariz e avançadas até o estômago (sonda nasogástrica), duodeno (sonda nasoduodenal) ou jejuno (sonda nasojejunal). Qualquer sonda inserida por via nasal pode provocar sinusite, erosão do septo nasal ou esôfago, otite, paralisia das cordas vocais, epistaxe, ou estenoses esofágicas distais (MORTON e FONTAINE, 2011). Os tipos de sonda nasoentérica, mencionados por Morton e Fontaine (2009), são: Sondas nasogástricas: Esse tipo de sonda é apropriado para pacientes que possuem reflexos de náusea e tosse preservados e esvaziamento gástrico adequado. As sondas de pequeno calibre são utilizadas para a alimentação, enquanto as sondas de maior calibre podem ser utilizadas para descompressão gástricas, monitoração de pH gástrico e administração de medicamentos e alimentação. A desvantagem das sondasgástricas está no maior risco de broncoaspiração, especialmente em pacientes inconscientes, em ventilação mecânica, ou incapazes de proteger suas vias aéreas. 25 Sondas nasoduodenais e sondas nasojejunais: São mais adequadas para o uso prolongado. Estas passam pelo piloro e, usualmente migram para a terceira porção do duodeno. Em teoria, o esfíncter pilórico representa uma barreira que diminui o risco de broncoaspiração ou regurgitação. A principal desvantagem dessa via consiste na dificuldade de se inserir a extremidade da sonda além do esfíncter pilórico. a. Complicações: Embora seja a primeira escolha terapêutica devido as suas vantagens, a TNE também oferece risco de complicações. Em sua maioria, as complicações da nutrição enteral advêm de anormalidades gastrointestinais, complicações mecânicas, e infecciosas (MORTON e FONTAINE, 2011; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). Complicações gastrointestinais: - Náuseas e vômitos: Esses sintomas são comuns na TNE. São diversas as etiologias para as náuseas e vômitos associados à nutrição enteral: intolerância à lactose, excesso de gordura na dieta, infusão rápida da dieta, solução hiperosmolares, sabor desagradável, estase gástrica, refluxo gastroesofágico. Para tanto, o enfermeiro deve estar atento à presença da sintomatologia a fim de prevenir ou abolir o vomito, no intuito de não ocasionar maiores complicações e manter o paciente recebendo aporte nutricional adequado. É indicado avaliar a etiologia e assim agir, modificando a fórmula da dieta, reduzindo a velocidade de infusão e/ou o volume da dieta, avaliando posicionamento correto da sonda, entre outros. - Cólicas, distensão abdominal e flatulência: Também são característicos das anormalidades gastrointestinais associadas à TNE. Podem estar associadas à grande volume da dieta, administração em bolus, infusão rápida da dieta e intolerância à lactose. Geralmente estes são sintomas que causam desconforto ao paciente, e, portanto, devem ter tanta importância quantos os outros e as medidas para saná-los devem ser tomadas (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). - Constipação/Obstipação: A ausência ou uma baixa frequência de evacuações pode estar associada ao posicionamento do paciente, que 26 permanece por longo tempo em decúbito horizontal; à desidratação e ao uso de algumas classes de medicamentos (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). - Diarreia: É a complicação mais comum decorrente da TNE. Porém, antes de se avaliar a diarreia como consequência da dieta, é importante analisar outras possíveis causas. Dentre as etiologias relacionadas à dieta está o uso de antibióticos ou de outros medicamentos indutores da diarreia; uma flora bacteriana alterada; a composição da fórmula dietética; intolerância à lactose; velocidade de infusão alta; hipoalbuminemia ou contaminação da fórmula enteral (MORTON e FONTAINE, 2011). Complicações Mecânicas (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011): - Obstrução da sonda: As possíveis causas para obstrução da sonsa incluem a lavagem incorreta da sonda após administração da dieta e/ou medicação, impactação de medicamentos pouco solúveis em água, dobramento e nó na sonda. A lavagem da sonda deve ser feita sempre após a administração da dieta e fármacos e a cada 4 horas se necessário, com a injeção de 30 a 60 ml de água filtrada. - Saída ou migração acidental da sonda: Ocasionada por alterações do peristaltismo ou pelo próprio paciente, quando hiperativo ou recém-retirado de sedação. Deve-se avaliar o posicionamento da sonda aproximadamente três vezes ao dia com ausculta e aspiração do conteúdo gástrico. A avaliação da fixação da sonda também é importante para a prevenção de saída acidental da mesma. - Erosão nasal, necrose e abscesso de septo nasal: Podem ocorrer devido sondas de grosso calibre e/ou pouco flexíveis. Independente do material e do calibre, o posicionamento da sonda inserida pelo nariz provoca irritação na mucosa nasal, contudo, grossos calibres e ausência de flexibilidade aumentam o risco. Deve-se ficar atento ao posicionamento da sonda, para que esta não pressione a narina, causando isquemia e necrose da mesma. A lubrificação e limpeza devem ser feitas regularmente para não haver acumulo de resíduos e formação de crostas. 27 - Sinusite aguda, otite e faringite: Esses processos infecciosos podem ocorrer devido à longa permanência da sonda (mais de seis semanas). A enfermeira deve ficar atenta à sinais de início da infecção a fim de realizar a troca da TNE e início de tratamento. - Esofagite, ulceração esofágica e estenose: Ocorrem pelo uso de sondas de grosso calibre e/ou Vômitos persistentes e refluxo gastroesofágico. O pH ácido do suco gástrico causa irritação na mucosa e propicia tais complicações. Complicações metabólicas, segundo (MORTON e FONTAINE, 2011; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011): - Desidratação: Está relacionada ao uso de fórmulas hipertônicas, diarreia e baixa oferta hídrica. Deve-se avaliar o balanço hídrico e os sinais de desidratação como pele e mucosa secas, PVC baixa, taquicardia e baixo débito urinário. - Hiperglicemia: Relacionada com deficiências de insulina. Além do diabetes, em traumas, sepse e no uso de medicamentos como os corticoides pode haver o aumento da glicemia no paciente. - Hipoglicemia: Pode estar relacionada à suspensão súbita da dieta em pacientes hiperglicêmicos. O paciente pode apresentar sudorese, palidez cutânea e queixa de vertigem. Dependendo da gravidade do quadro clínico apresentado, é necessária a administração de glicose 50% endovenosa. Complicações Infecciosas: A complicação infecciosa inerente ao TNE está associada ao sistema respiratório, e, portanto, também pode ser considerada uma complicação respiratória. A broncoaspiração da dieta pode ocasionar hipóxia ou pneumonia, e, por isso, consiste em uma complicação de grande importância que merece devida atenção. Para tanto, é essencial manter a cabeceira do leito elevada a 30 graus. A interrupção da dieta 30 minutos antes de qualquer procedimento para qual o paciente deva descansar também é um cuidado importante para se evitar a aspiração da dieta (MORTON e FONTAINE, 2011). b. Cuidados de Enfermagem 28 Durante a TNE os pacientes estão susceptíveis à uma série de complicações que podem interferir na boa evolução da mesma. Sendo assim, compete ao enfermeiro avaliar as condições do paciente durante a terapêutica a fim de intervir precoce e resolutivamente (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011; PADILHA et al., 2010; SMELTZER et al., 2009). Certificar-se do posicionamento adequado da sonda; Analisar a fixação da sonda a fim de evitar a tração da mesma, que pode exteriorizá-la e ocasionar lesões na narina; Checar a velocidade de infusão, bem como a quantidade de dieta recebida pelo paciente; Checar a presença de eliminações para balanço hídrico, assim como suas características; Monitorizar e anotar sinais e sintomas de intolerância à dieta (náuseas, vômitos, distensão abdominal e diarreia); Observar sinais de desidratação. TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL A Nutrição Parenteral (NP) está indicada unicamente quando o TGI não pode ser utilizado em nenhuma hipótese ou não está funcional. Desta maneira a NP está indicada quando há ressecção maciça do intestino delgado, vômitos e diarreia intratável, pancreatite aguda severa, fístula enterocutânea de alto débito (>500ml), obstrução Mintestinal não hipovolêmica e má absorção severa (PADILHA et al., 2010; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). Segundo Padilha et al. (2010), e, Cintra, Nishide e Nunes (2011), trata- se de uma solução composta de aminoácidos (nitrogênio), glicose (carboidratos), lipídeos, minerais, vitaminas, fluidos (água destilada), em quantidades calculadas individualmente para o paciente. Essasolução é acondicionada em recipiente próprio para infusão endovenosa. A NP pode ser administrada por um acesso venoso periférico ou por um acesso central. Deve ser administrada em via exclusiva, sendo que no acesso venoso central triplo lúmen deve ser infundida através da via medial ou distal (SMELTZER et al., 2009). 29 O autor cita ainda que, a NP em acesso periférico normalmente é prescrita para uso por curto período (sete a 10 dias) em pacientes que não apresentam desnutrição severa, sem restrição hídrica e com bom acesso venoso. Também é utilizada para complementar a dieta via oral ou TNE em pacientes que o aporte calórico por essas vias não é suficiente. Constitui-se de uma solução menos hipertônica, com concentrações de glicose entre 5% e 10%. A NP por via de acesso central é administrada através de veias de grande calibre como a subclávia e a jugular interna; desta maneira pode ser. A instalação da NP é de responsabilidade privativa do enfermeiro, que deve ter certos cuidados para a mesma. Recomenda-se que a solução seja administrada em temperatura ambiente, devendo ser retirada de refrigeração uma hora antes da instalação. Não é aconselhável aquecer o recipiente, pois, a temperatura degrada os componentes. O equipo deve ser trocado a cada nova instalação e sua conexão deve ser feita de forma asséptica (PADILHA et al., 2010). 30 REFERÊNCIAS McClave SA, Martindale RG, Vanek VW, McCarthy M, Roberts P, Taylor B, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically III Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.). JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2009;33(3):277-316. Heineck I, Bueno D, Heydrich J. Study on the use of drugs in patients with enteral feeding tubes. Pharm World Sci. 2009;31(2):145-8. Lourenço R. Enteral feeding: drug/nutrient interaction. Clin Nutr. 2001;20(2):187- 93. Lima REF, Cassiani SHB. Potential drug interactions in intensive care patients at a teaching hospital. Revista Latinoam Enferm. 2009;17(2):222-7. Biswal S, Mishra P, Malhotra S, Puri GD, Pandhi P. Drug utilization pattern in the intensive care unit of a tertiary care hospital. J Clin Pharmacol. 2006;46(8):945- 51. Organização Mundial de Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde - CID-10 [homepage na internet]. [S.l.]:OMS; [s.d.] [acesso em 12 jan 2009]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm. DRUG-REAX® System. Thomson Healthcare. Greenwood Village. Acesso em: 16 de nov.2008. Disponível em: http://www.micromedexsolutions- com.ez27.periodicos.capes.gov.br/micromedex2/librarian. Vonbach P, Dubied A, Krähenbühl S, Beer JH. Evaluation of frequently used drug interaction screening programs. Pharm World Sci. 2008;30(4):4367-74. Wohlt PD, Zheng L, Gunderson S, Balzar SA, Johnson BD, Fish JT. Recommendations for the use of medications with continuous enteral nutrition. Am J Health Syst Pharm. 2009;66(16):1458-67. Williams NT. Medication administration through enteral feeding tubes. Am J Health System Pharm. 2008;65(24):2347-57. Phillips NM, Nay R. A systematic review of nursing administration of medication via enteral tubes in adults. J Clin Nurs. 2008;17(17):2257-65. Wohlt PD, Zheng L, Gunderson S, Balzar SA, Johnson BD, Fish JT. Recommendations for the use of medications with continuous enteral nutrition. Am J Health System Pharm. 2009;66(16):1458-67. 31 Amariles P, Giraldo NA, Faus MJ. Interacciones medicamentosas: aproximación para establecer y evaluar su relevancia clínica. Med Clin . 2007;129(1):27-35. Van den Bemt PM, Cusell MB, Overbeeke PW, Trommelen M, van Dooren D, Ophorst WR, Egberts AC. Quality improvement of oral medication administration in patients with enteral feeding tubes. Qual Saf Health Care. 2006;15(1):44-7. Mouly S, Meune C, Bergmann JF. Mini-series: I. Basic science. Uncertainty and inaccuracy of predicting CYPmediated in vivo drug interactions in the ICU from in vitro models: focus on CYP3A4. Intensive Care Med. 2009;35(3):417-29. Wohlt PD, Zheng L,Gunderson S, Balzar SA, Johnson BD, Fish JT. Recommendations for the use of medications with continuous enteral nutrition. Am J Health System Pharm. 2009;66(15):1458-67. Cassiani SHB, Teixeira TCA, Opitz SP, Linhares JC. O sistema de medicação nos hospitais e sua avaliação por um grupo de profissionais. Rev Esc Enferm USP. 2005;39(3):280-7. Martins TSS, Silvino ZR, Silva LR. Eventos adversos na terapia farmacológica pediátrica: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm. 2011;64(4):745- 50.
Compartilhar