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FARMACOLOGIA-E-NUTRIÇÃO-EM-UNIDADE-DE-TERAPIA-INTENSIVA

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1 
 
 
FARMACOLOGIA E NUTRIÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA 
INTENSIVA 
1 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA EM UNIDADES DE 
TERAPIA INTENSIVA ................................................................................................ 5 
INTERVENÇÕES DE FARMÁCIA CLÍNICA NA UNIDADE DE TERAPIA 
INTENSIVA ................................................................................................................. 8 
DELINEAMENTO COLETA DE DADOS................................................................. 12 
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES FÁRMACO-NUTRIÇÃO ENTERAL 
POTENCIAIS ............................................................................................................. 13 
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA..... 22 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ................................................................................. 23 
TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) .......................................................... 24 
TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL .............................................................. 28 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
Pacientes de cuidados intensivos estão entre os mais vulneráveis aos 
problemas relacionados aos medicamentos e eventos adversos 
(Bourne et al.,2014). 
A complexidade dos processos e as condições médicas dos pacientes 
aumentam a probabilidade de erros e torna a segurança do paciente 
um processo crítico nas unidades de terapia intensiva (UTI) (Romero 
et al.,2013). 
Além disso, esses pacientes normalmente utilizam regimes complexos 
de medicação, principalmente por via parenteral, o que aumenta o 
potencial de erros de medicação (Romero et al.,2013; Lee et al.,2007; 
Boyle et al.,2006). 
A ocorrência de erros de medicação na UTI contribui para um aumento 
significativo no tempo de internação, morbidade, mortalidade e 
aumento dos custos para a instituição e sistemas de saúde (Patel e 
Kane-Gill, 2010). 
Tais erros podem ocorrer em qualquer etapa do processo de uso dos 
medicamentos, incluindo prescrição, transcrição, preparação, 
dispensação e administração (Manias et al.,2012). 
Deste modo, farmacêuticos que trabalham em UTI’s podem atuar em 
todas as etapas deste processo para promover a utilização segura de 
medicamentos (Horn e Jacobi, 2006). 
Nos últimos anos, a responsabilidade de farmacêuticos com os 
resultados farmacoterapêuticos do paciente tem aumentado, 
consolidando seu papel como membro integrante da equipe de saúde 
(Kane et al.,2003). 
Nesse cenário, muitos estudos evidenciam que os serviços de 
Farmácia Clínica em UTI’s têm um efeito positivo na segurança do 
paciente, como mostrado por Calabrese e colaboradores (2001), no 
qual as intervenções farmacêuticas resultaram na redução em 3,3% 
nos erros de medicação (Kim et al.,2014;Calabrese et al.,2001). 
Bourne e Choo (2012), em um estudo com 2.561 pacientes de UTI, 
documentaram 5623 intervenções das quais 28,2% (1.862) eram 
adição de medicamentos, 25,8% (1.707) revisão de dose, 17,9% 
(1.185) descontinuidade de tratamento, 13,7% (903) sugestão de 
medicamento alternativo e 11,7% (770) via de administração 
alternativa. 
Em outro estudo, após a implantação de um programa de intervenções 
preventivas, a prevalência de pacientes com erros de medicação 
reduziu de 41,9% para 28,6% (Romero et al., 2013). 
4 
 
 
Leape e colaboradores (1999) mostrou que a participação do 
farmacêutico em rounds clínicos na UTI, reduziu em 66% os erros de 
medicação, (10,4 para 3,5 por 1.000 pacientes-dia). 
Bourne e colaboradores (2014), também relataram outros serviços 
farmacêuticos desenvolvidos em cuidados intensivos relacionadas 
com a medicação, como a identificação de eventos adversos e 
interações medicamentosas, otimização de terapias (por exemplo, 
sedativos, antimicrobianos, monitoramento terapêutico e gestão de 
tromboembolismo), colaboração com a equipe multidisciplinar, 
participação das sessões clínicas, desenvolvimento de diretrizes e 
implantação de protocolos, contribuindo para a segurança do paciente 
e melhores resultados clínicos e econômicos. 
Apesar de haver na literatura estudos que descrevem serviços de 
Farmácia Clínica na UTI, estes apresentam diferentes intervenções, 
delineamentos metodológicos distintos e resultados variáveis 
(Prelascki et al.,2013; Horn e Jacobi, 2006). 
Ademais, o fato de existirem apenas revisões narrativas, não 
sistemáticas, a partir de consenso de especialistas, com metodologia de busca 
restrita a uma base de indexação, justifica importância de elaboração de uma 
revisão sistemática capaz de evidenciar o impacto desses serviços na UTI e nos 
resultados do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
EVENTOS ADVERSOS RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA EM 
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA 
A UTI é uma área crítica destinada à internação de pacientes graves, 
que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, 
materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, 
monitorização e terapia (ANVISA, 2010). 
Além disso, é caracterizada pela concentração de recursos 
tecnológicos e profissionais altamente especializados, destinados ao 
tratamento de pacientes em estado de maior gravidade e instabilidade 
clínica, e, portanto, mais vulneráveis a erros diagnósticos e 
terapêuticos (Santos e Padilha, 2005). 
Essa unidade reúne pacientes de alto risco que necessitam de 
intervenções num ambiente complexo, caracterizado por muitas 
mudanças no estado fisiopatológico, exposição a um maior número de 
procedimentos invasivos, numerosos dispositivos médicos, além do 
elevado número de medicamentos administrados em esquemas 
terapêuticos complexos, o que aumenta a probabilidade de interações 
e eventos adversos a medicamentos, incluindo erros de medicação 
(Boyle et al., 2006; Welters et al., 2011, Kanne-Gill et al., 2010). 
Um evento adverso é definido como uma lesão ou dano não intencional 
causado ao paciente pela intervenção assistencial, e não pela doença 
de base (Amaya, 2009). 
Quando relacionados ao uso de terapia medicamentosa são chamados 
de eventos adversos a medicamentos. Já um erro de medicação é 
definido como um evento evitável que pode resultar em uso 
inadequado ou dano ao paciente, enquanto a medicação está no 
controle de um profissionalde saúde (Reis e Cassiani,2011; Patel e 
Kane-Gill, 2010). 
Estima-se que na UTI, a taxa média de erros é de aproximadamente 
106 por 1000 pacientes-dia (Kane-Gill e Weber et al.,2006). 
Embora apenas 10% dos erros de medicação possam resultar em um 
evento adverso, estes têm impacto significativo para pacientes, 
famílias, profissionais de saúde e sobre morbidade e mortalidade 
(Calabrese et al.,2001; Barker et al.,2002). 
Em 1999, o Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos estimaram 
que até 98 mil pessoas morrem anualmente, como resultado de erros 
médicos , e representam cerca de 150 milhões de dólares por ano, 
como resultado desses erros (Shulman et al.,2005; Herout e Erstad, 
2004;Khon et al.,1999). 
6 
 
 
A documentação sobre a incidência desses eventos adversos e erros de 
medicação apresentam uma grande variabilidade. 
Segundo Willmer e colaboradores (2010), muitos estudos focam 
apenas numa etapa do processo (por exemplo, prescrição ou 
administração) e mesmo quando consideram todas as etapas do uso 
de medicamentos, utilizam diferentes metodologias de identificação. 
Além disso, o emprego de várias terminologias para esses eventos 
contribui para variação dos resultados (Willmer et al.,2010). 
Rothschild e colaboradores (2005) encontraram em seu estudo a 
ocorrência de 120 eventos adversos (taxa de 80,5/1000 pacientes-dia) 
e 223 erros graves (taxa de 149,7/1000 pacientes-dia), dos quais os 
medicamentos eram responsáveis por 78% (n=170). 
Desses os mais frequentes foram os erros de dosagens (36,5%), 
duplicação de medicamentos (12,4%), medicamento errado (8,8%), interrupção 
do tratamento (8,3%), via ou frequência inadequada (7,6%). 
Observaram também, que os medicamentos mais envolvidos foram os 
medicamentos cardiovasculares (24%), anticoagulantes (20%), agentes anti-
infecciosos (13%) e agentes empregados em diagnóstico e profilaxia (contrastes, 
insulina e anticoagulantes). 
Um estudo realizado com 229 pacientes de UTI 
acompanhados durante 12 meses foram identificados 135 
eventos adversos a medicamentos em 102 pacientes, dos quais 132 
foram reações adversas e três erros de medicação (Reis e Cassiani, 
2011). 
No estudo de Osmon e colaboradores (2004) foi verificada a ocorrência 
de 232 eventos envolvendo 147 pacientes (taxa de 31,9/100 pacientes) 
dos quais 20,2% foram erros de medicação. 
Patanwala e colaboradores (2010) descreveram 178 erros em 192 
pacientes durante um período de nove meses, sendo mais frequentes 
os erros de prescrição (53,9%), administração (34,8%), transcrição 
(10,7%) e distribuição 26 (0,6%). 
Brown e colaboradores (2008) a partir da revisão da medicação por um 
farmacêutico clínico encontraram erros relacionados a cálculos de 
doses (29%); dosagens inadequadas, drogas, vias ou horários (26%); 
esclarecimentos ordem (16%); e alergias a medicamentos (12%). 
 
7 
 
 
Diante da possibilidade de prevenção dos erros de medicação e do risco 
de dano em função da sua ocorrência, torna-se relevante identificar a natureza 
e determinantes dos erros, como forma de dirigir ações para a prevenção. 
A complexidade inerente ao processo de administrar medicamentos 
exige que o erro de medicação seja visto como um fenômeno 
multicausal, de abordagem multidisciplinar cujo enfretamento envolve 
vários profissionais, usando conhecimentos específicos, 
compartilhando responsabilidades, identificando e corrigindo fatores 
que contribuam para sua ocorrência (Brasil, 2013; Padilha et al.,2002). 
Além dos erros de medicação, o paciente de UTI é suscetível à ocorrência 
de eventos adversos relacionados à assistência. 
Por exemplo, a inclusão, uso e remoção de cateteres venosos podem 
causar traumas mecânicos, complicações infecciosas, ou trombóticas 
em até 26% dos pacientes internados, muitos dos quais poderia ser 
evitado com o uso de locais alternativos de inserção (Mc Gee e Gould, 
2003). 
Outra complicação reportada em até 28% dos pacientes de UTI é a 
pneumonia associada à ventilação mecânica, demonstrando a 
necessidade de utilização de protocolos de desmame e tomada de 
medidas de prevenção deste evento (Chastre e Fagon, 2002). 
Orgeas e colaboradores (2008) realizaram uma avaliação de eventos 
adversos em UTI e mostrou que as infecções hospitalares, como 
infecções da corrente sanguínea relacionadas ao cateter (OR 2,92 IC 
[1,6-5,32]) e pneumonia (OR 1,69 IC [1,17-2,44]) são uma 
consequência de erros. 
Embora seja difícil identificar um erro específico responsável por uma 
infecção, desvios de normas de boas práticas de segurança estão 
associados com maiores taxas de infecção (Burke, 2003). 
Além disso, antibióticos são frequentemente prescritos empiricamente 
na UTI resultando em potenciais implicações tanto para o paciente 
quanto para o ambiente hospitalar (Landrigan et al.,2010; Bertsche et 
al.,2008). 
Diante ao exposto, percebe-se que a segurança do paciente na UTI é uma 
prioridade e um desafio para os profissionais de saúde. 
Nesse cenário, iniciativas como a Aliança Mundial para a Segurança 
do Paciente, o Programa Nacional de Segurança do paciente, os 
indicadores das instituições de acreditação, e ferramentas como a do 
Institute for Safe Medication Practices (ISMP) tem como objetivo ajudar 
8 
 
 
as instituições de saúde estabelecer práticas seguras no uso de 
medicamentos e na assistência à saúde (Brasil, 2014). 
Adicionalmente, a literatura científica tem apontado diversas estratégias 
para prevenir eventos adversos em UTI’s, melhorar o processo de uso de 
medicamentos e reduzir os fatores de risco associados com a ocorrência de 
erros de medicação. 
Podemos destacar o uso de prescrição eletrônica, sistemas de 
administração de medicamentos intravenosos, medidas educativas, a 
reconciliação de medicação, implantação de protocolos e diretrizes, e 
os serviços de Farmácia Clínica (Manias et al.,2012; Lee et al.,2007). 
 
 
INTERVENÇÕES DE FARMÁCIA CLÍNICA NA UNIDADE DE 
TERAPIA INTENSIVA 
A Farmácia Clínica teve início no âmbito hospitalar, nos Estados Unidos, 
em meados da década 1960. 
Nesse período, a perda do papel do farmacêutico nas farmácias após 
a industrialização, a importância cada vez maior dos medicamentos no 
cuidado ao paciente, a publicação dos primeiros estudos sobre erros 
de medicação e reações adversas, além da publicação “Mirror to 
Hospital Pharmacy”, que traz recomendações para um maior 
envolvimento do farmacêutico com o paciente, contribuíram para a 
emergência de três responsabilidades relacionadas: a distribuição de 
medicamentos em dose unitária; a criação dos centros de informação 
sobre medicamentos e a Farmácia Clínica (Mesler, 1991; Franke, 
1969). 
Durante os últimos anos, a mudança de paradigma na percepção do 
"cliente" para "paciente" dentro da profissão refletiu na expansão da 
oferta dos 28 serviços farmacêuticos e um maior envolvimento do 
profissional com processo de uso de medicamentos e com os 
resultados farmacoterapêuticos do paciente (Horn et al., 2006; Kane et 
al., 2003). 
Atualmente, o American College of Clinical Pharmacy (ACCP) define a 
Farmácia Clínica como a área interessada na ciência e na prática do uso racional 
de medicamentos. 
Ao englobar a filosofia da atenção farmacêutica, associa uma 
orientação para o cuidado com conhecimento terapêutico 
9 
 
 
especializado, experiência e discernimento, com o objetivo garantir 
ótimos resultados para o paciente (ACCP, 2012). 
A complexidade da medicina intensiva, o crescente aumento no 
número de leitos de UTI, e o foco em atendimento multidisciplinar para 
otimizar os resultados dos pacientes resultou na expansão dos 
serviços farmacêuticos em cuidados intensivos (Preslaski et al.,2013). 
Esse processo vem ocorrendo desde 1989, quando a Society of Critical 
Care Medicine, a maior organização internacional e muldisciplinar em cuidados 
críticos, criou uma seção de Farmacologiae Farmácia Clínica. 
Anos depois, outras organizações profissionais como ACCP e a 
Sociedade Americana de Farmacêuticos dos Sistemas de Saúde 
criaram grupos especiais de farmacêuticos em cuidados críticos (Rudis 
et al., 2000). 
Outro marco importante para os serviços de Farmácia Clínica na UTI foi à 
publicação da Society of Critical Care Medicine, no ano de 2000 sobre as 
atividades do farmacêutico na UTI. 
O documento procurou descrever várias práticas e serviços 
farmacêuticos, além de definir responsabilidades e classificar as atividades em 
níveis fundamentais, desejáveis e ótimas. 
As atividades fundamentais são aquelas consideradas como vitais para 
provisão do cuidado farmacêutico. 
Já as definidas como desejáveis, incluem às atividades fundamentais 
serviços farmacêuticos especializados. 
As atividades ótimas incluem as duas categorias anteriores, e reflete 
um modelo de cuidado envolvendo ensino, pesquisa e prática (Rudis 
et al., 2000). 
A nutrição é fundamental para a integridade metabólica e imunológica do 
organismo. 
Os pacientes críticos podem apresentar desnutrição prévia à internação 
ou tornarem-se desnutridos, em consequência à agressão decorrente de trauma, 
sepse e vários outros fatores. 
Nesse sentido a terapia nutricional pode ser decisiva para evolução 
desses pacientes, reduzindo sua morbidade e mortalidade. 
A nutrição enteral é a terapia de primeira escolha por ser mais fisiológica 
e apresentar diversas vantagens sobre a nutrição parenteral. 
10 
 
 
A terapia nutricional enteral é administrada através de sondas 
nasoentéricas, nasogástricas ou estomias. 
Entretanto, esses dispositivos não são exclusivos para administração da 
nutrição enteral, pois, frequentemente, são também empregados para 
administração de medicamentos. 
A consequência dessa prática é o risco de eventos adversos como: 
obstrução da sonda, incompatibilidades físico-químicas e potenciais interações 
fármaco-nutriente. 
A interação fármaco-nutriente é uma interação medicamentosa que 
consiste na modificação da resposta farmacológica ou clínica de um 
medicamento devido à administração prévia ou simultânea com um nutriente ou 
a alteração da atividade do nutriente devido a administração prévia ou 
concomitante com um medicamento, envolvendo processos farmacocinéticos ou 
farmacodinâmicos. 
Os nutrientes podem ser componentes dos alimentos ou de suplementos 
nutricionais como os destinados à terapia nutricional enteral. 
Diante dessas interações é necessário monitorar a resposta terapêutica e 
quando necessário realizar ajustes da terapia nutricional ou farmacológica 
visando alcançar os resultados clínicos desejáveis. 
Considerando o exposto, o objetivo deste estudo foi determinar a 
prevalência de interações fármaco-nutrição enteral em unidades de terapia 
intensiva de sete hospitais brasileiros e analisar a significância clínica dos 
mesmos. 
Pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) encontram-
se normalmente em estado grave, necessitando de processos complexos de 
suporte à vida, e recebendo grande número de medicamentos e intervenções. 
Esse cenário contribui para ocorrência de erros e é responsável por cerca 
de 30 % dos gastos financeiros do hospital. 
Além disso, como resultado destas pressões clínicas, econômicas e 
sociais, é fundamental a incorporação de um número adequado de profissionais 
com as habilidades apropriadas para promover a qualidade e segurança dos 
cuidados. 
Nas últimas décadas, o farmacêutico tem aumentado seu papel em 
cuidados intensivos, com um maior envolvimento no processo de uso e gestão 
11 
 
 
da farmacoterapia e a participação em tempo integral da equipe de cuidado à 
beira do leito. 
Vários estudos, tem evidenciado a sua importância na identificação de 
interações medicamentosas, na redução do tempo e dos eventos associados a 
ventilação mecânica, na implementação de protocolos assistenciais, na profilaxia 
de úlcera por stress , na redução de erros de medicação , na redução de custos, 
do tempo de internação em UTI e nas taxas de mortalidade associadas a 
infecções relacionadas a assistência. 
Entretanto muitos desses estudos são descritivos, retrospectivos, a partir 
de análise de bancos de dados, ou estudos pré e pós-intervenção, nos quais os 
riscos de fatores de confundimento não são controlados, e o impacto das 
intervenções nos desfechos do paciente são apenas estimados. 
Além disso, há carência de revisões sistemáticas sobre o tema. As 
revisões sistemáticas viabilizam de forma clara e explícita, um resumo de todos 
os estudos sobre determinada intervenção, nos permitem integrar as 
informações de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre 
determinada terapêutica/ intervenção, ao invés de limitar as nossas conclusões 
à leitura de somente alguns estudos. 
Outras vantagens incluem a possibilidade de avaliação da consistência e 
generalização dos resultados entre populações ou grupos clínicos. Ante ao 
exposto, é evidente que revisões sistemáticas e metanálises consistem no 
melhor nível de evidência científica sobre uma questão específica. 
Embora a maioria dos estudos sobre os serviços farmacêuticos em UTI 
seja observacional, a realização de revisões e metanálises apresentam desafios 
particulares devido aos vises inerentes dos estudos primários, nos diferentes 
delineamentos e a heterogeneidade dos resultados. 
Nesse sentido, o objetivo deste estudo é mostrar o impacto dos serviços 
farmacêuticos em UTI’s adulto nos desfechos do paciente, bem como investigar 
as potenciais fontes de heterogeneidade. 
 
 
12 
 
 
DELINEAMENTO COLETA DE DADOS 
Estudo multicêntrico, transversal e retrospectivo desenvolvido em 
Unidades de Terapia Intensiva de sete hospitais de ensino do Brasil. 
Os hospitais estão localizados nas regiões centro oeste, nordeste e 
sudeste do país, todos pertencentes à Rede Sentinela de hospitais da Agência 
Nacional de vigilância Sanitária - ANVISA. 
A investigação foi aprovada pelos comitês de ética de acordo com os 
Certificados de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) dos respectivos 
hospitais: Comitê de Ética da Universidade Federal de Uberlândia CAAE 
0180.1.004.000-07, Universidade Federal de São Paulo- Faculdade de Medicina 
CAAE 0180.1.004.000-07, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto CAAE - 
0180.1.004.000-07, Hospital da Restauração em Recife CAAE nº 
0024.0.102.1000-07, Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará 
CAAE nº 0180.1.004.000-07, Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas 
Gerais CAAE nº 0043.0.203.000-08 e Hospital Geral de Goiânia CAAE nº 
0043.1.206.000-07. 
A amostra do estudo foi composta por prontuários de pacientes internados 
em 2007 nas UTI dos hospitais estudados, que preenchiam os critérios de 
inclusão: indivíduos maiores de 18 anos; tempo de permanência na UTI por um 
período igual ou superior a 24 horas. 
De acordo com o instrumento de coleta de dados foram coletadas 
informações demográficas dos pacientes (idade e sexo), tempo de internação na 
UTI, diagnósticos principais (segundo o CID10) e informações sobre 
medicamentos e nutrição enteral administrados com 24 horas e 120 horas de 
internação. Esses momentos foram escolhidos devido à quantidade de 
medicamentos prescritos no primeiro dia de hospitalização do paciente na UTI, 
e por ser a primeira semana de hospitalização o período de maior ajuste 
terapêutico. 
Todos os medicamentos identificados no estudo foram classificados 
segundo o nível 1 do sistema de classificação anatômico terapêutico químico. 
 
 
13 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES FÁRMACO-NUTRIÇÃO 
ENTERAL POTENCIAIS 
Para a identificação das potenciais interações fármaco-nutrição enteral 
dos medicamentos administrados em 24 horas e 120 horas de internação 
empregou-se o software Drug Reax®, desenvolvido por Thomson MicromedexTM, 
Greenwood Village, Co, USA paraidentificação das potenciais interações 
medicamentosas . 
O Drug Reax® fornece informações sobre as consequências clínicas ou 
reações adversas a medicamentos resultantes da interação e caracteriza o 
mecanismo de ação. 
Classifica as interações em relação a gravidade em cinco categorias 
(contra indicado, grave, moderada, leve e desconhecida), tempo de início 
(imediato e tardio ) e ao nível de evidência científica (excelente, boa, regular, 
pobre, improvável e desconhecida). 
A tipologia dessa classificação é apresentada no Quadro 1. O mecanismo 
de ação das interações foi classificado em farmacocinético, farmacodinâmico ou 
misto. Para as interações farmacocinéticas foi identificado o processo envolvido 
(absorção, distribuição, metabolismo ou excreção). 
Quadro 1 Tipologia para classificação da gravidade, documentação e o tempo de 
início das interações potenciais fármaco-nutriente. (Brasil, 2009). 
Gravidade 
Tipos Definições 
1. 
Contraindicada 
Os medicamentos são contraindicados para uso 
concomitante. 
2. Grave 
A interação pode trazer riscos à vida do paciente ou 
requer intervenção médica imediata para evitar eventos 
adversos graves. 
3. Moderada 
A interação pode resultar em exacerbação da 
condição clínica do paciente ou demandar alteração da 
terapia. 
4. Leve 
A interação pode ter efeitos clínicos limitados. A 
manifestação implica em aumento da frequência e 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t01
14 
 
 
Gravidade 
gravidade dos eventos adversos, sem demandar alteração 
da farmacoterapia. 
5. 
Desconhecida 
Não tem definição do grau de gravidade. 
Documentação 
Tipos Definições 
1.Excelente 
Estudos controlados estabeleceram a existência da 
interação. 
2. Boa 
Documentação forte sugere a existência da 
interação, mas faltam estudos bem controlados. 
3. Regular 
Documentação disponível é escassa, mas as bases 
farmacológicas permitem suspeitar da interação ou a 
documentação é boa para fármacos da mesma classe 
terapêutica. 
4. Pobre 
Estudos clínicos em número reduzido e de baixa 
evidência, como relato de caso, mas os eventos são 
considerados teoricamente possíveis de serem resultados 
de uma interação. 
5. 
Improvável 
A documentação é pobre e faltam bases 
farmacológicas. 
6. 
Desconhecida 
A documentação sobre a interação não é conhecida. 
Tempo de Início 
1. Imediato 
Quando o efeito da interação manifesta 
imediatamente, ou nas primeiras 24 horas da 
administração conjunta dos medicamentos. 
2. Tardio 
Quando o efeito da interação manifesta depois de 
24 horas da administração conjunta dos medicamentos. 
 
 
 
 
15 
 
 
Análise estatística 
Os dados foram armazenados no software Access Office 2007 
da Microsoft®. Para a análise estatística foi utilizado o software Statistica versão 
8.0. 
A análise descritiva foi realizada utilizando distribuição de frequência para 
as variáveis categóricas e medidas de tendência central (média) e de dispersão 
(desvio-padrão) para as variáveis quantitativas. 
 
Resultados 
A casuística investigada foi de 1.124 prontuários; sendo 630 (56%) de 
pacientes do sexo masculino. 
Idade média dos pacientes foi de 52,5 anos (±19,0), com um mínimo de 
18 e máximo de 96,8 anos. 
O tempo médio de internação foi de 19,4 dias (± 23,0). Os diagnósticos 
mais frequentes tanto em 120 horas como em 24 horas foram: doenças do 
aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório e lesões por 
envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. 
Para os 1.124 pacientes foram prescritos com 24 horas de internação 
15.343 medicamentos e empregados 327 fármacos. 
120 horas foram prescritos 14.087 medicamentos e utilizados 329 
fármacos. O número médio de medicamentos prescritos por paciente em 24 
horas e 120 horas foi equivalente, respectivamente, a 13,6 (± 4,5) e 13,2 (± 4,8). 
Os medicamentos mais prescritos eram dos seguintes grupos 
terapêuticos do sistema ATC: B- Agentes que atuam no Sangue e Órgãos 
Hematopoéticos (24 horas 32,3%; 120 horas 28,0%), N- Sistema Nervoso (24 
horas 19,3%, 120 horas 19,0%), A-Trato Alimentar e Metabolismo (24 horas 
15,0%, 120 horas 15,5%) e C- Sistema Cardiovascular (24 horas 14,2%, 120 
horas 16,2%). 
Dos 1.124 prontuários investigados, 320 eram de pacientes com 24 horas 
de internação que estavam em uso de nutrição enteral. 
Destes, 20 (6,3%) apresentaram interação fármaco-nutrição enteral. Dos 
504 pacientes, com 120 horas de internação, em uso de nutrição enteral, 39 
(7,7%) apresentaram interação fármaco-nutrição enteral. 
16 
 
 
As potenciais interações fármaco-nutrição enteral, identificadas nas 
prescrições de 24 horas foram: fenitoína-nutrição enteral, hidralazina-nutrição 
enteral e levotiroxina-nutrição enteral. 
120 horas, além dessas potenciais interações, identificou-se a varfarina-
nutrição enteral. 
As potenciais interações mais frequentes em 24 e 120 horas foram 
respectivamente levotiroxina-nutrição enteral e hidralazina-nutrição enteral 
(Tabela 1). 
Tabela 1 Distribuição do número de pacientes com prescrições contendo 
potenciais interações fármaco-nutrição enteral identificadas nos hospitais investigados. 
Brasil, 2009. 
 Pacientes 
Interação 24 horas 120 horas 
 n % n % 
Fenitoína - Nutrição Enteral 01 05,0 08 20,5 
Hidralazina - Nutrição Enteral 05 25,0 17 43,6 
Levotiroxina - Nutrição Enteral 14 70,0 12 30,8 
Varfarina - Nutrição Enteral - - 02 05,1 
Total 20 100,0 39 100,0 
 
O Quadro 2 apresenta características importantes para a prevenção e 
acompanhamento clínico das potenciais interações fármaco-nutrição enteral, 
identificadas nas prescrições de 24 e 120 horas, como: nível de evidência 
científica, manejo, mecanismo de ação, monitoramento, processo, gravidade e 
tempo de início. 
Quadro 2 Características das potenciais interações fármaco-nutrição enteral 
identificadas nos hospitais investigados. Brasil, 2009. 
 
Fenitoína-
NE 
Hidralazina
-NE 
Levotiroxin
a-NE 
Varfarina-
NE 
Document
ação Científica 
Boa Boa Boa Boa 
Manejo 
Otimização 
do planejamento de 
horários de 
administração 
Otimização 
do planejamento de 
horários de 
administração 
Otimização 
do planejamento de 
horários de 
administração 
Ajuste de 
dose 
Otimizaçã
o do planejamento 
de horários de 
administração 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t02
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t03
17 
 
 
 
Fenitoína-
NE 
Hidralazina
-NE 
Levotiroxin
a-NE 
Varfarina-
NE 
Mecanism
o de ação 
Farmacocin
ético 
Farmacocin
ético 
Farmacocin
ético 
Não 
informado 
Monitoram
ento 
Determinaç
ão dos 
níveisplasmáticos do 
fármaco 
Não 
Informado 
Não 
informado 
Determina
ção do INR* 
Processo Absorção Absorção Excreção 
Não 
informado 
Gravidade Moderada Moderada Moderada Moderada 
Tempo de 
início 
Imediato Imediato Tardio Imediato 
 
Razão Normalizada Internacional 
Destaca-se que as potenciais interações detectadas são farmacocinéticas 
e o manejo clínico envolve a otimização do planejamento do horário de 
administração dos medicamentos para prevenir a ocorrência das mesmas. 
Quanto à gravidade, todas as interações apresentam gravidade 
moderada e tempo de inicio imediato com exceção da Levotiroxina-Nutrição 
Enteral. 
Neste estudo foi identificada uma prevalência de 6,6% (24 horas) e 7,6% 
(120 horas) de potenciais interações fármaco-nutrição enteral. 
Na literatura pesquisada não foi localizado nenhum estudo de avaliação 
desse tipo de interação em pacientes críticos, o que não permite comparações. 
Entre os softwares de análise de interação, a detecção de potenciais 
interações fármaco-nutrição enteral é uma particularidade do Drug Reax. 
Independente da prevalência vale ressaltar que as potenciais interações 
fármaco-nutrição enteral podem terimpacto clínico, com interferências nos 
resultados do plano farmacoterapêutico e nutricional desenvolvido para o 
paciente. 
As investigações a respeito das potenciais interações fármaco-nutrição 
enteral são incipientes e em número reduzido. 
Também são escassas pesquisas sobre a biodisponibilidade de fármacos 
administrados por cateter em conjunto com formas farmacêuticas sólidas. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672014000100085#t03-fn01
18 
 
 
Dessa forma, o conhecimento gerado nessas investigações além de 
identificar novas interações fármaco-nutrição enteral, produzirá evidências para 
subsidiar a administração segura desses medicamentos por meio de cateter, 
sendo esta uma aplicação do conhecimento científico na prática assistencial. 
Destaca-se que, essa lacuna foi identificada em uma revisão sistemática 
sobre administração de medicamentos por sondas enterais. 
Os medicamentos do grupo B da classificação ATC, que abrange agentes 
anti-hemorrágicos, trombolíticos e soluções eletrolíticas parenterais 
endovenosas, foi o grupo terapêutico mais utilizado nas UTI investigadas. 
Quanto ao potencial de produzir interação com nutrição enteral, destacam-se, 
entre os representantes desses grupos a varfarina. 
Os medicamentos dos grupos N e C também apareceram entre os 
medicamentos mais prescritos nas UTI se destacando, a fenitoína, a 
carbamazepina e a hidralazina os quais são fármacos dessas classes 
terapêuticas de interesse e que apresentam potenciais interações fármaco-
nutrição enteral. 
Em relação aos mecanismos das potenciais interações fármaco-nutriente, 
envolvem reações físico-químicas com os componentes da dieta acarretando 
redução da biodisponibilidade dos fármacos. 
Outro fator que também contribui para reduzir a concentração plasmática 
dos fármacos é a adsorção nas paredes da sonda enteral 
O impacto da prevalência de interações medicamentosas no contexto 
assistencial, ganha maior significância quando acompanhado de informações 
que permitem identificar a sua importância clínica. 
A importância clínica das interações é determinada pela gravidade, nível 
de evidência e consequências clínicas. 
As potenciais interações fármaco-nutrição enteral identificadas no estudo 
envolveram quatro fármacos: a hidralazina e três fármacos de índice terapêutico 
estreito (fenitoína, levotiroxina e varfarina), o que sinaliza a importância clínica 
dessas potenciais interações. 
A absorção da hidralazina quando administrada concomitantemente com 
nutrição enteral, acarreta em redução da concentração plasmática máxima que 
pode implicar na ausência da resposta anti-hipertensiva. Desta forma, em 
19 
 
 
pacientes em uso de hidralazina e nutrição enteral é necessário um maior 
controle dos níveis pressóricos. 
A interação fenitoína-nutrição enteral implica em redução da 
biodisponibilidade da fenitoína, determinando níveis plasmáticos 
subterapêuticos, porém o mecanismo dessa redução não está bem definido. 
A fenitoína é um fármaco de índice terapêutico estreito e potente indutor 
enzimático com características farmacológicas que predispõem a potenciais 
interações medicamentosas acarretando consequências clínicas importantes. 
Para os fármacos de índice terapêutico estreito, como a fenitoína, a 
determinação dos níveis plasmáticos é um instrumento adequado para monitorar 
a evolução da interação e realizar o manejo com o ajuste da dose. 
Os estudos in vitro sugerem uma formação de complexos entre a fenitoína 
e a proteína ou cloreto de cálcio da dieta. 
A equipe de terapia nutricional da UTI deve orientar o prescritor sobre a 
possível necessidade de administrar doses maiores que as habituais, de 
fenitoína, em pacientes submetidos à nutrição enteral. 
A resposta clínica do paciente e os níveis plasmáticos de fenitoína devem 
ser monitorizados durante e após a suspensão da terapia nutricional enteral. 
A respeito da levotiroxina, as formulações à base de soja aumentam a sua 
excreção fecal causando hipotireoidismo. Nos pacientes em uso de levotiroxina 
e nutrição enteral, uma medida preventiva para evitar essa ocorrência é evitar, 
formulações a base de soja e monitorar a função tireoidiana, devido o risco de 
hipotireoidismo. 
O Drug Reax classifica essa interação como tardia, em consonância com 
estudos recentes que relatam que a modificação do esquema terapêutico não é 
necessário em tratamento inferiores a sete dias. 
Entretanto, durante a administração conjunta por mais de sete dias, a 
nutrição enteral deve ser interrompida uma hora antes ou depois da 
administração da levotiroxina. 
A frequência da avaliação da função tireoidiana deve ser semanal para 
permitir a identificação do efeito adversos da interação. 
Sobre a varfarina, está descrito na literatura sua resistência devido ao 
conteúdo de vitamina K e proteína da nutrição enteral. 
20 
 
 
Todavia, estudos demonstraram que a interação é observada mesmo com 
o emprego de formulações com baixo teor de vitamina K, mas o mecanismo 
determinante da interação ainda não é totalmente conhecido. 
Sendo assim, é necessário a monitorização frequente dos parâmetros de 
coagulação dos pacientes em uso de varfarina quando administrada em conjunto 
com nutrição enteral, para avaliar o ajuste da dose ou a prescrição de uma 
alternativa terapêutica. 
Uma estratégia para reduzir os efeitos das potenciais interações fármaco-
nutrição enteral identificadas é o planejamento do horário de administração do 
medicamento, considerando a frequência e o tipo de administração da nutrição 
enteral. 
Esse aspecto é mais facilmente manejado quando o medicamento é 
administrado em dose única e a nutrição administrada em bolus ou intermitente. 
Certa complexidade surge com esquemas múltiplos de administração de 
medicamentos e com a dieta em infusão contínua, pois demanda interrupção da 
dieta para administrar o medicamento e posterior ajuste da taxa de 
administração da dieta para garantir o aporte calórico prescrito. 
Normalmente é recomendado interromper a dieta uma a duas horas antes 
e depois da administração dos medicamentos. 
O enfermeiro como responsável pelo planejamento dos horários de 
administração dos medicamentos e da dieta é um profissional essencial para 
prevenção das potenciais interações fármaco-nutrição enteral, contribuindo para 
a efetividade da farmacoterapia dos pacientes. 
Entretanto, o impacto das ações será mais efetivo se desenvolvidas numa 
perspectiva multidisciplinar. 
Nesse sentido, a atuação do farmacêutico clínico também aprimora a 
segurança da assistência prestada ao paciente. 
Em suma, a atuação integrada de enfermeiros, farmacêuticos, médicos e 
nutricionistas, otimiza os resultados da assistência contribuindo para a 
segurança do paciente e a prevenção de interações medicamentosas 
indesejáveis. 
Esse estudo, de caráter multicêntrico, contribuiu de forma significativa 
para conhecer o perfil das interações fármaco-nutrição enteral em unidades de 
21 
 
 
terapia intensiva brasileiras, constituindo um referencial importante para o 
planejamento de ações para melhoria da segurança do paciente crítico. 
Entretanto para ampliar a segurança dos pacientes é essencial 
implementar estratégias que auxiliem a equipe de saúde a identificar as 
potenciais interações e implementar medidas de prevenção e monitorização de 
pacientes em riscos de desenvolver interação fármaco-nutrição enteral, antes 
das mesmas se manifestarem. 
Ressalta-se que além da identificação e prevenção de interações 
fármaco-nutrição enteral deve-se implementar um programa amplo que inclua 
também interações fármaco-fármaco e interação fármaco-alimento. 
A presença de prescrição informatizada acoplada a sistemas de suporte 
de decisão, com software para identificação de potenciais interações é uma 
ferramenta que favorece o trabalho da equipe de saúde na identificação das 
potenciaisinterações fármaco-nutriente. 
Ainda, o enfermeiro, como peça fundamental nesse sistema, deve atuar 
em conjunto com os demais membros da equipe de modo a conscientizá-los da 
importância da comunicação escrita, a fim de procederem adequadamente às 
anotações, pois desta forma será possível a notificação das reações adversas a 
medicamentos. 
A equipe multiprofissional de terapia nutricional é, também, um referencial 
importante para os profissionais da UTI no desenvolvimento de ações para 
prevenção de interação fármaco-nutrição enteral e outros eventos adversos 
relacionados à terapia nutricional. 
Ressalta-se que o presente estudo, devido ao delineamento retrospectivo, 
não analisou a composição da nutrição enteral e investigou prescrições somente 
em dois momentos da internação, sem identificar o impacto clínico da interação 
identificada. 
Novas investigações com delineamentos prospectivos ampliarão o 
conhecimento sobre a ocorrência da interação e identificação de fatores de risco 
relacionados ao paciente, a farmacoterapia e a composição da nutrição enteral, 
minimizando as limitações citadas. 
Essa investigação apresenta caráter pioneiro por identificar potenciais 
interações fármaco-nutriente no contexto da terapia intensiva. 
22 
 
 
As interações fármaco-nutrição enteral podem interferir na qualidade e no 
custo efetividade da assistência prestada em UTI, para tanto é essencial que a 
equipe de saúde tenha conhecimento sobre as interações fármaco-nutrição 
enteral. 
Pacientes em uso concomitante de nutrição enteral e fármacos de baixo 
índice terapêuticos devem ser monitorizados devido à significância clínica das 
interações desses fármacos com a nutrição enteral. 
A equipe multiprofissional de terapia nutricional deve elaborar protocolo 
para a administração de medicamentos em pacientes em uso de terapia 
nutricional enteral, pois este constitui um importante instrumento para prevenir 
as interações fármaco-nutrição enteral no contexto das UTI. 
 
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA 
INTENSIVA 
O paciente crítico é aquele indivíduo que se encontra em situação 
grave de saúde, apresentando comprometimento de um ou mais 
sistemas e consequente perda de autor-regulação, necessitando assim 
de substituição artificial das funções orgânicas (ANVISA, 2006). 
É oportuno ressaltar que o indivíduo em cuidados críticos 
ocasionalmente apresenta disfunções do tipo: Traumatismo 
Cranioencefálico (TCE) grave, morte encefálica em potencial doação 
de órgãos, hemorragia intracraniana, estado de mal convulsivo, 
obstrução de vias aéreas, troca de gases prejudicada, instabilidade 
hemodinâmica (arritmias, insuficiência coronariana aguda, 
tamponamento cardíaco, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)), hepatite 
fulminante, pancreatite aguda grave, Hemorragia Digestiva Alta (HDA), 
Insuficiência Renal Aguda (IRA), pós-operatório instável, 
politraumatismo, intoxicação exógena em risco de vida, grande 
queimaduras, entre outros agravos. Condições estas que, por vezes, 
necessitam de intubação traqueal ou traqueostomia e Ventilação 
Mecânica (VM), uso de vasopressores e agentes antiarrítmicos, 
monitorização invasiva de parâmetros hemodinâmicos (Pressão 
Arterial Media (PAM), Pressão da Artéria Pulmonar (PAP), Pressão do 
Capilar Pulmonar (PCP), Pressão Venosa Central (PVC)) e parâmetros 
neurológicos (Pressão Intracraniana (PIC), por exemplo), etc 
(CALDEIRA FILHO e WESTPHAL, 2011). 
23 
 
 
Portanto, é de fundamental importância que o enfermeiro de terapia 
intensiva realize uma avaliação rigorosa e atenta do paciente, desde a 
identificação deste, a listagem dos problemas pregressos, a listagem 
e a história de problemas observados da doença atual e sua evolução, 
bem como, a avaliação diária e a cada turno dos sistemas orgânicos 
(neurológico, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, metabólico, 
renal, hematológico e psicossocial) (CALDEIRA FILHO e WESTPHAL, 
2011). 
 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
O estado nutricional do paciente gravemente enfermo pode variar desde 
a nutrição ótima até a desnutrição durante o tratamento. 
Muitas vezes o motivo de internação do paciente proporciona uma 
ingesta alimentar inadequada, a própria terapêutica pode comprometer 
o Trato Gastrointestinal (TGI) e reduzir a capacidade do organismo em 
absorver nutrientes (MORTON e FONTAINE, 2011). 
Acrescentam, estes autores, que, alguns sinais e sintomas que sugerem 
distúrbios nutricionais são específicos e fáceis de perceber, contudo, situações 
como o edema ou derrames, podem mascarar as perdas de lipídios e proteínas. 
Assim, entende-se que a avaliação nutricional é necessária e essencial para se 
determinar a existência de depleção nutricional. 
Para tanto, de acordo com os mesmos, a enfermeira deve avaliar a 
quantidade e qualidade do alimento consumido pelo paciente. 
 Para paciente com dieta via oral, a avaliação é feita através dos registros 
feitos pela equipe e pelo questionamento ao próprio paciente. Para os pacientes 
com dieta enteral, esta avaliação fica a cargo da equipe de nutrição e dietética. 
Contudo, o enfermeiro deve estar atento a problemas de aceitação, como: 
episódios de êmese, diarreias ou obstipação/constipação. 
O estado nutricional do paciente crítico pode ser melhorado ou mantido 
com a instalação precoce de um suporte nutricional adequado as suas 
necessidades. Pacientes com condições fisiológicas de alimentar-se 
adequadamente, sem auxílio, devem fazer uso da dieta via oral; 
aqueles que possuem um TGI íntegro e funcional, sem possibilidade 
de alimentar-se por via oral, devem fazer uso da nutrição enteral; caso 
contrário, indica-se a nutrição parenteral (MORTON e FONTAINE, 
2011; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). 
24 
 
 
TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) 
A TNE consiste em um procedimento terapêutico para a manutenção 
e recuperação do estado nutricional (PADILHA et al., 2010). Refere-se 
a administração de dieta especializada por meio de sondas com 
posicionamento gástrico, entérico ou via estomas (CINTRA, NISHIDE 
e NUNES, 2011; PADILHA et al., 2010). 
A nutrição enteral deve ser a primeira escolha terapêutica, já que evita 
a translocação bacteriana, apresenta menor custo, é um método mais 
próximo do fisiológico e apresenta baixa probabilidade de 
contaminação (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). 
Algumas indicações para o uso da TNE incluem, conforme as autoras, 
pacientes de alto risco com queimaduras extensas, politraumas, complicações 
cirúrgicas, pacientes impossibilitados de se alimentar entre conta a sete dias. É 
contraindicado em casos de peritonite, obstrução intestinal, vômito intratável ou 
diarreia severa. 
O enfermeiro, junto a sua equipe, é essencial para uma terapia 
nutricional bem sucedida, pois, é responsável por prover e manter a via 
de acesso escolhida, instalar e administrar a dieta prescrita em doses 
plenas, e, detectar precocemente possíveis intercorrências durante a 
terapêutica (PADILHA et al., 2010). 
A sonda nasoentérica está indicada para uso em curto prazo (de quatro a 
seis semanas). É inserida pelo nariz e avançadas até o estômago (sonda 
nasogástrica), duodeno (sonda nasoduodenal) ou jejuno (sonda nasojejunal). 
Qualquer sonda inserida por via nasal pode provocar sinusite, erosão 
do septo nasal ou esôfago, otite, paralisia das cordas vocais, epistaxe, 
ou estenoses esofágicas distais (MORTON e FONTAINE, 2011). 
Os tipos de sonda nasoentérica, mencionados por Morton e Fontaine 
(2009), são: 
 Sondas nasogástricas: Esse tipo de sonda é apropriado para pacientes 
que possuem reflexos de náusea e tosse preservados e esvaziamento gástrico 
adequado. As sondas de pequeno calibre são utilizadas para a alimentação, 
enquanto as sondas de maior calibre podem ser utilizadas para descompressão 
gástricas, monitoração de pH gástrico e administração de medicamentos e 
alimentação. A desvantagem das sondasgástricas está no maior risco de 
broncoaspiração, especialmente em pacientes inconscientes, em ventilação 
mecânica, ou incapazes de proteger suas vias aéreas. 
25 
 
 
 Sondas nasoduodenais e sondas nasojejunais: São mais adequadas 
para o uso prolongado. Estas passam pelo piloro e, usualmente migram para a 
terceira porção do duodeno. Em teoria, o esfíncter pilórico representa uma 
barreira que diminui o risco de broncoaspiração ou regurgitação. A principal 
desvantagem dessa via consiste na dificuldade de se inserir a extremidade da 
sonda além do esfíncter pilórico. 
a. Complicações: 
Embora seja a primeira escolha terapêutica devido as suas vantagens, a 
TNE também oferece risco de complicações. 
Em sua maioria, as complicações da nutrição enteral advêm de 
anormalidades gastrointestinais, complicações mecânicas, e 
infecciosas (MORTON e FONTAINE, 2011; CINTRA, NISHIDE e 
NUNES, 2011). 
 Complicações gastrointestinais: 
- Náuseas e vômitos: Esses sintomas são comuns na TNE. São diversas 
as etiologias para as náuseas e vômitos associados à nutrição enteral: 
intolerância à lactose, excesso de gordura na dieta, infusão rápida da dieta, 
solução hiperosmolares, sabor desagradável, estase gástrica, refluxo 
gastroesofágico. Para tanto, o enfermeiro deve estar atento à presença da 
sintomatologia a fim de prevenir ou abolir o vomito, no intuito de não ocasionar 
maiores complicações e manter o paciente recebendo aporte nutricional 
adequado. É indicado avaliar a etiologia e assim agir, modificando a fórmula da 
dieta, reduzindo a velocidade de infusão e/ou o volume da dieta, avaliando 
posicionamento correto da sonda, entre outros. 
- Cólicas, distensão abdominal e flatulência: Também são característicos 
das anormalidades gastrointestinais associadas à TNE. Podem estar associadas 
à grande volume da dieta, administração em bolus, infusão rápida da dieta e 
intolerância à lactose. 
Geralmente estes são sintomas que causam desconforto ao paciente, 
e, portanto, devem ter tanta importância quantos os outros e as 
medidas para saná-los devem ser tomadas (CINTRA, NISHIDE e 
NUNES, 2011). 
- Constipação/Obstipação: A ausência ou uma baixa frequência de 
evacuações pode estar associada ao posicionamento do paciente, que 
26 
 
 
permanece por longo tempo em decúbito horizontal; à desidratação e ao uso de 
algumas classes de medicamentos (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). 
- Diarreia: É a complicação mais comum decorrente da TNE. Porém, antes 
de se avaliar a diarreia como consequência da dieta, é importante analisar outras 
possíveis causas. 
Dentre as etiologias relacionadas à dieta está o uso de antibióticos ou de 
outros medicamentos indutores da diarreia; uma flora bacteriana alterada; a 
composição da fórmula dietética; intolerância à lactose; velocidade de infusão 
alta; hipoalbuminemia ou contaminação da fórmula enteral (MORTON e 
FONTAINE, 2011). 
 Complicações Mecânicas (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011): 
- Obstrução da sonda: As possíveis causas para obstrução da sonsa 
incluem a lavagem incorreta da sonda após administração da dieta e/ou 
medicação, impactação de medicamentos pouco solúveis em água, dobramento 
e nó na sonda. 
A lavagem da sonda deve ser feita sempre após a administração da dieta 
e fármacos e a cada 4 horas se necessário, com a injeção de 30 a 60 ml de água 
filtrada. 
- Saída ou migração acidental da sonda: Ocasionada por alterações do 
peristaltismo ou pelo próprio paciente, quando hiperativo ou recém-retirado de 
sedação. 
Deve-se avaliar o posicionamento da sonda aproximadamente três vezes 
ao dia com ausculta e aspiração do conteúdo gástrico. 
A avaliação da fixação da sonda também é importante para a prevenção 
de saída acidental da mesma. 
- Erosão nasal, necrose e abscesso de septo nasal: Podem ocorrer devido 
sondas de grosso calibre e/ou pouco flexíveis. Independente do material e do 
calibre, o posicionamento da sonda inserida pelo nariz provoca irritação na 
mucosa nasal, contudo, grossos calibres e ausência de flexibilidade aumentam 
o risco. 
Deve-se ficar atento ao posicionamento da sonda, para que esta não 
pressione a narina, causando isquemia e necrose da mesma. A lubrificação e 
limpeza devem ser feitas regularmente para não haver acumulo de resíduos e 
formação de crostas. 
27 
 
 
- Sinusite aguda, otite e faringite: Esses processos infecciosos podem 
ocorrer devido à longa permanência da sonda (mais de seis semanas). 
A enfermeira deve ficar atenta à sinais de início da infecção a fim de 
realizar a troca da TNE e início de tratamento. 
- Esofagite, ulceração esofágica e estenose: Ocorrem pelo uso de sondas 
de grosso calibre e/ou Vômitos persistentes e refluxo gastroesofágico. 
O pH ácido do suco gástrico causa irritação na mucosa e propicia tais 
complicações. 
 Complicações metabólicas, segundo (MORTON e FONTAINE, 2011; 
CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011): 
- Desidratação: Está relacionada ao uso de fórmulas hipertônicas, diarreia 
e baixa oferta hídrica. 
Deve-se avaliar o balanço hídrico e os sinais de desidratação como pele 
e mucosa secas, PVC baixa, taquicardia e baixo débito urinário. 
 - Hiperglicemia: Relacionada com deficiências de insulina. Além do 
diabetes, em traumas, sepse e no uso de medicamentos como os corticoides 
pode haver o aumento da glicemia no paciente. 
- Hipoglicemia: Pode estar relacionada à suspensão súbita da dieta em 
pacientes hiperglicêmicos. 
O paciente pode apresentar sudorese, palidez cutânea e queixa de 
vertigem. Dependendo da gravidade do quadro clínico apresentado, é 
necessária a administração de glicose 50% endovenosa. 
 Complicações Infecciosas: A complicação infecciosa inerente ao TNE 
está associada ao sistema respiratório, e, portanto, também pode ser 
considerada uma complicação respiratória. 
A broncoaspiração da dieta pode ocasionar hipóxia ou pneumonia, e, por 
isso, consiste em uma complicação de grande importância que merece devida 
atenção. 
Para tanto, é essencial manter a cabeceira do leito elevada a 30 graus. 
A interrupção da dieta 30 minutos antes de qualquer procedimento 
para qual o paciente deva descansar também é um cuidado importante 
para se evitar a aspiração da dieta (MORTON e FONTAINE, 2011). 
 
b. Cuidados de Enfermagem 
28 
 
 
Durante a TNE os pacientes estão susceptíveis à uma série de 
complicações que podem interferir na boa evolução da mesma. 
Sendo assim, compete ao enfermeiro avaliar as condições do paciente 
durante a terapêutica a fim de intervir precoce e resolutivamente (CINTRA, 
NISHIDE e NUNES, 2011; PADILHA et al., 2010; SMELTZER et al., 2009). 
 Certificar-se do posicionamento adequado da sonda; 
 Analisar a fixação da sonda a fim de evitar a tração da mesma, que pode 
exteriorizá-la e ocasionar lesões na narina; 
 Checar a velocidade de infusão, bem como a quantidade de dieta 
recebida pelo paciente; 
 Checar a presença de eliminações para balanço hídrico, assim como 
suas características; 
 Monitorizar e anotar sinais e sintomas de intolerância à dieta (náuseas, 
vômitos, distensão abdominal e diarreia); 
 Observar sinais de desidratação. 
 
 
TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL 
A Nutrição Parenteral (NP) está indicada unicamente quando o TGI 
não pode ser utilizado em nenhuma hipótese ou não está funcional. 
Desta maneira a NP está indicada quando há ressecção maciça do 
intestino delgado, vômitos e diarreia intratável, pancreatite aguda 
severa, fístula enterocutânea de alto débito (>500ml), obstrução 
Mintestinal não hipovolêmica e má absorção severa (PADILHA et al., 
2010; CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2011). 
Segundo Padilha et al. (2010), e, Cintra, Nishide e Nunes (2011), trata-
se de uma solução composta de aminoácidos (nitrogênio), glicose 
(carboidratos), lipídeos, minerais, vitaminas, fluidos (água destilada), 
em quantidades calculadas individualmente para o paciente. 
Essasolução é acondicionada em recipiente próprio para infusão 
endovenosa. A NP pode ser administrada por um acesso venoso periférico ou 
por um acesso central. 
Deve ser administrada em via exclusiva, sendo que no acesso venoso 
central triplo lúmen deve ser infundida através da via medial ou distal 
(SMELTZER et al., 2009). 
29 
 
 
O autor cita ainda que, a NP em acesso periférico normalmente é prescrita 
para uso por curto período (sete a 10 dias) em pacientes que não apresentam 
desnutrição severa, sem restrição hídrica e com bom acesso venoso. Também 
é utilizada para complementar a dieta via oral ou TNE em pacientes que o aporte 
calórico por essas vias não é suficiente. 
Constitui-se de uma solução menos hipertônica, com concentrações de 
glicose entre 5% e 10%. A NP por via de acesso central é administrada através 
de veias de grande calibre como a subclávia e a jugular interna; desta maneira 
pode ser. 
A instalação da NP é de responsabilidade privativa do enfermeiro, que 
deve ter certos cuidados para a mesma. 
Recomenda-se que a solução seja administrada em temperatura 
ambiente, devendo ser retirada de refrigeração uma hora antes da instalação. 
Não é aconselhável aquecer o recipiente, pois, a temperatura degrada os 
componentes. 
O equipo deve ser trocado a cada nova instalação e sua conexão deve 
ser feita de forma asséptica (PADILHA et al., 2010). 
 
30 
 
 
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