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PROBLEMA 2- ABERTURA AGROTÓXICOS - Também são chamados de praguicidas, pesticidas ou defensivos agrícolas. São produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas e possui finalidade de alterar a composição da flora ou da fauna como forma de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Podem ser classificados de acordo com o tipo de praga a ser controlada ou com sua estrutura química. Reclassificação toxicológica em 2019: passa a adotar uma forma de classificação chamado de GHS (Sistema Global de Classificação Harmonizado), o qual é um padrão indicado pela ONU e adotado em 53 países. Por esse modelo, os dados dos testes de irritação dos olhos e da pele foram considerados apenas como medidas de alerta nos rótulos e bulas aos agricultores sobre riscos à saúde. Dessa forma, a variante usada para determinar o grau de toxicidade para um agrotóxico é a mortalidade, levando em conta diferentes tipos de exposição ao produto, sendo que, 1942 produtos foram avaliados e destes, 1924 foram reclassificados. Produtos extremamente tóxicos 43 produtos Produtos altamente tóxicos 79 produtos Produtos moderadamente tóxicos 136 produtos Produtos pouco tóxicos 599 produtos Produtos improváveis de causar dano agudo 899 produtos Produtos não classificados 168 produtos TIPOS DE AGROTÓXICOS INIBIDORES DE COLINESTERASE - São utilizados amplamente no controle de insetos e outros parasitas, com utilidade agrícola, doméstica ou veterinária. Existem 29 princípios ativos organofosforados e 14 carbamatos. Mecanismo dos efeitos tóxicos: - Inibe a acetilcolinesterase: Estes compostos inativam as enzimas acetilcolinesterase plasmática e eritrocitária, causando elevação nos níveis de acetilcolina, levando a uma síndrome colinérgica aguda, com o surgimento de sinais e sintomas muscarínicos, nicotínicos e no SNC, sendo estas manifestações dependentes da dose e da via de exposição envolvidas na ocorrência. Resulta no acúmulo de acetilcolina nas sinapses colinérgicas no SNC, periférico somático e autônomo -> Aumento da resposta nos receptores pós-sinápticos, nicotínicos e muscarínicos No caso dos inseticidas carbamatos: Inibição reversível e a reativação da enzima é espontânea e rápida (menos de 24 hrs) Na exposição a organofosforados: Inibição mais estável e a recuperação da enzima é mais lenta, pode levar dias ou semanas, sendo que a reativação depende da síntese de novas moléculas de acetilcolinesterase Farmacocinética dos Carbamatos - São absorvidos por ingestão ou inalação e através da pele e mucosas, sendo que, recentemente, demonstrou-se que atravessam a barreira hematoencefálica. São lipossolúveis, o que possibilita uma boa distribuição em todos os meus tecidos e isso inclui o SNC. Aldicarb (chumbinho) é um carbamato que possui uma elevada lipofilicidade e toxidade dérmica muito maior que outros carbamatos. Farmacocinética dos Organofosforados - São bem absorvidas por todas as vias, sendo que é importante se atentar à exposição cutânea maciça A dose tóxica varia de acordo com o princípio ativo, porém, é sempre uma intoxicação potencialmente grave -> necessita de um diagnóstico rápido e intervenção terapêutica. pois isso pode causar um grande e grave toxicidade. A dificuldade de remoção destes compostos da pele e da roupa, pode explicar algumas intoxicações crônicas, assim como o uso inadequado dos EPIs para via respiratória e cutânea. A maioria é lipofílico, o que causa um grande volume de distribuição e a possibilidade de acúmulo no tecido adiposo. Manifestações clínicas agudas Muscarínicas: Salivação, sudorese, lacrimejamento, bradicardia, miose, vômitos e diarreia >> percebidas nos sistemas respiratório, gastrointestinal, cardiovascular e urinário, através de efeitos nas glândulas exócrinas e sintomas oculares. Nicotínicas: Taquicardia, hipertensão, midríase, fraqueza muscular, podendo evoluir para paralisia dos músculos respiratórios >> surgem com efeitos na musculatura estriada e nos gânglios simpáticos Centrais: Agitação, cefaleia, tontura, confusão mental, convulsões e coma. Manifestações clínicas tardias Síndrome intermediária: ocorre cerca de 24 e 96 horas após a exposição >> fraqueza muscular acentuada dos músculos da respiração e do pescoço. Polineuropatia tardia: pode ocorrer após 7 a 21 dias da exposição. É causada pela morte de neurônios no SNC, como resultado do envenenamento agudo ou crônico por organofosfato Desordens neuropsiquiátricas: Em exposição agudas à altos níveis ou exposições à baixas doses por períodos prolongados forma observados desordens neuropsiquiátricas por organosfosforados >> vão desde manifestações inespecíficas tais como sonolência, ansiedade, fadiga, até manifestações mais graves como delírio, agressividade e alucinação. INSETICIDAS ORGANOCLORADOS - Até os anos de 1970 foi amplamente utilizado, porém, após esse ano a maioria foi proibida ou teve seu uso restrito pois apresentava propriedades de bioacumulação, biomagnificação e persistência. Podem ser agrupados em 4 categorias, sendo que, no Brasil, os pesticidas organoclorados estão proibidos ou em processo de retirada programada Mecanismo dos efeitos tóxicos - Interfere com o fluxo normal de sódio e potássio na membrana do axônio >> Isso causa hiperexcitação do SNC e resulta em perturbações dos processos metais e convulsões. A dose tóxica varia de acordo com o princípio ativa Toxicidade baixa: DL50 (Dose letal capaz de matar 50% da população teste) -> DL50 oral animal > 1g/Kg Toxicidade moderada: DL50 animal > 50mg/Kg e < 1 g/Kg Toxicidade alta: DL50 em animal < 50 mg/Kg Farmacocinética - Todos são bem absorvidos por via oral, e por via dérmica a absorção é variável e depende do composto -> por via Inalatória é pouco absorvida. São altamente lipofílicos: Permite sua distribuição para todo organismo; possuem rápida redistribuição do SNC para o sangue e daí para o tecido adiposo, onde se acumula. - Possui o metabolismo lento para alguns, como o DDT, e isso favorece a bioacumulação. Em contrapartida, outros são mais rápidos, como o endossulfan, e são pouco persistentes nos tecidos. Manifestações clínicas - Logo após a ingestão: cefaleia, náuseas, vômitos, tremores, confusão mental, convulsão e coma. Como são lipossolúveis e se acumulam em tecido adiposo, a duração da toxicidade poderá ser demorada. INSETICIDAS PIRETRÓIDES - São inseticidas sintéticos derivados das piretrinas naturais, que são extraídas das flores de crisântemo. Podem ser divididos em 02 grupos: 1. Tipo I: Não possuem o grupo ciano. A maioria produz a síndrome T que apresenta tremores em experimentos com ratos. 2. Tipo II: Possuem um grupo ciano, e isso aumenta a neurotoxicidade em animais e insetos. Manifestação dos efeitos tóxicos Atua diretamente no axônio: Prolonga a despolarização do canal de sódio e levando a uma hiperexcitação do Sistema Nervoso. Em concentrações altas, os piretróides do tipo II ligam-se aos receptores do GABA bloqueando os canais de cloro e sua ativação o que também leva a uma hiperexcitabilidade do SNC. Farmacocinética - É absorvida por via oral e inalatória, sendo pouco absorvida pela pele, porém, pode atingir as terminações nervosas periféricas. São rapidamente metabolizados a produtos menos tóxicas por meio do sistema enzimático CYP450 e dessa forma não se acumulam no organismo. Manifestações clínicas Tontura, salivação, cefaléia, vômitos, irritabilidade, sintomas de sensibilização e fenômenos alérgicos semelhante a quadros de rinite ou asma. Sensações de formigamento e queimação podem ocorrer em áreas da pele em contato direto com o inseticida. INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS ISRS - Medicamentos usados no tratamento da depressão e outros transtornos psiquiátricos, como síndrome do pânico, fobias e transtornos alimentares. São remédios como fluoxetina, sertralina, citalopram. Mecanismos dos efeitos tóxicos - Inibe a recaptação de serotonina em SNC, SNP e plaquetas >> Estimula os receptores colinérgicos. Pode causar depressão do SNC e síndrome serotoninérgica quando usados em conjunto ou com outras substâncias que aumentam o nível de serotonina. Doses acima de 10 vezes a dose terapêutica são melhores toleradas se comparadas aos antidepressivos tricíclicos. Porém, a associação com outros medicamentos ou drogas de abuso é frequente e aumenta a probabilidade de intoxicação grave. Manifestações clínicas - Intoxicação leve a moderada: ataxia e letargia/ Intoxicação grave: bradicardia, hipotensão, depressão do SNC e coma. Caracteriza-se pela tríade: 1. Alterações do estado mental: agitação, ansiedade, confusão mental. 2. Instabilidade autonômica: taquicardia, hipertensão, sudorese, hipertermia, midríase; 3. Hiperatividade neuromuscular: hiperreflexia, rigidez, tremores. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS E TETRACÍCLICOS - Utilizados no tratamento da depressão maior, insônia e síndromes dolorosas crônicas. São remédios como: amitriplina, clomipramina, imipramina, maportilina e nortriptilina. Mecanismo de efeitos tóxicos - Possuem ações em diversos receptores no organismo >> Gera antagonismo colinérgico, bloqueio alfa-adrenérgico, inibição da recaptação da noradrenalina, serotonina e dopamina, bloqueio de canais de sódio e potássio e depressão respiratória e do SNC. Em relação à intoxicação, os efeitos mais importantes são no SNC e cardiovascular. Cardiovascular SNC Taquicardia e hipertensão por ação anticolinérgica; hipotensão pelo bloqueio alfa-adrenérgico; depressão miocárdica e distúrbios da condução cardíaca por bloqueio dos canais de sódio. Sedação e coma por atividade anticolinérgica; convulsões por provável inibição da recaptação de catecolaminas cerebrais. Manifestações clínicas - Intoxicação leve a moderada: Sonolência, sedação, taquicardia, alucinações, midríase/ Intoxicações graves: Convulsões, coma, aumento do intervalo QRS no ECG, arritmias ventriculares, insuficiência respiratória, e hipotensão. ANTIPSICÓTICOS - Termo genérico aplicado de forma ampla a diversas classes químicas de medicamento empregados em condições psicóticas, caracterizadas por alterações do pensamento, alucinações, delírios e paranoia. Classificados em: Típicos ou de 1º geração: - São mais eficientes no controle dos sintomas positivos das psicoses tais como delírios, alucinações, agitação e agressividade, mas podem acentuar os sintomas negativo tais como apatia, isolamento social e redução do afeto. Agem em receptores muscarínicos M1, histamínicos H1 e alfa1- adrenérgicos, com afinidade significativa, levando a confusão mental, constipação, xerostomia, efeitos sedativos e hipotensores. Atípicos ou de 2º geração: - São mais eficazes no tratamento dos sintomas negativos da esquizofrenia. Têm ação nos receptores 5-HT2 com antagonismo serotoninérgico. Manifestações clínicas - Intoxicações leves a moderadas consistem basicamente de sedação e distonias. Toxicidade grave inclui depressão do SNC, taquicardia, pele seca e quente. Síndrome neuroléptica maligna: distúrbio neuro-vegetativo agudo, caracterizado por hipertermia de até 42°C, rigidez muscular, tremor intenso, sudorese profusa, taquicardia, coma. PRODUTOS DE LIMPEZA CAÚSTICOS ALCALINOS E ÁCIDOS - Substâncias que pode causar lesão corrosiva, podendo ser produtos ácidos, álcalis, agentes oxidantes, desnaturantes e solventes. O mecanismo de efeito tóxico varia: Ácidos: O mecanismo de lesão é por necrose de coagulação, produzindo ressecamento da mucosa e escaras. Resultando em edema, eritema, ulceração e necrose do tecido. Alcalinos: O mecanismo de lesão é por necrose de liquefação, ocorrendo dissolução de proteínas, destruição de colágeno, saponificação de gorduras, resultando em lesão extensa por penetração profunda no tecido - Pode causar: Disfagia, dor em cavidade oral, vômitos, etc. A inalação de gases corrosivos (ex.: cloro e amônia) pode provocar intensa irritação do trato respiratório, com sintomas como rouquidão, estridor, e edema pulmonar. EPIDEMIOLOGIA E NOTIFICAÇÃO DE CASOS - As intoxicações também chamadas envenenamentos, são um problema global de saúde, sendo que as causas relacionadas às intoxicações e mortes estão ligadas a acidentes, erro na administração e tentativas de suicídio (com maior número em adolescentes e jovens). Dessa forma, é preciso conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes e os fatores associados às intoxicações medicamentosas no Brasil e no território metropolitano de Salvador. INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NO BRASIL E EM SALVADOR - Alguns estudos analisaram as ocorrências de intoxicação no Brasil no ano de 2013, e perceberam que 28% das intoxicações foram causadas por medicamentos. Este alto índice está associado a vários fatores, como: Marketing, Fácil acesso de medicamentos isentos de prescrição Automedicação passada através do boca a boca que se tornou em uma prática cultural -> falta o acompanhamento adequado dos profissionais - A intoxicação proposital por medicamentos é a principal causa de tentativas de suicídios nos países desenvolvidos, o que pode ser mostrado por um estudo feito na cidade de Feira de Santana, onde constataram que a ‘tentativa de suicídio’ foi o principal responsável pelos números de casos referente a intoxicação medicamentosa em mulheres nos anos entre 2007 a 2010. - Através de dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), referentes ao ano de 2011, foi observado que nas emergências de hospitais, a maior prevalência de intoxicados foi em adultos e idosos, depois em crianças seguido de pacientes sem faixa etária. As principais classes de medicamentos envolvidas nas causas de intoxicações na população são analgésicos, antitérmicos, antibióticos sistêmicos, psicoativos, antiepilépticos, sedativos, entre outros. - O elevado consumo de medicamentos mostra que o Brasil e a América Latina têm alta prevalência, isso porque, muitas vezes os usuários não aderem à prescrição conforme orientado nos serviços de saúde. Isso se relaciona à automedicação, o que afasta o medicamento da sua finalidade fundamental. - As intoxicações medicamentosas podem ser consideradas como um problema de saúde pública, que está presente no território metropolitano de Salvador. Das 13 cidades que compõem o território, Salvador foi a cidade que obteve o maior número de casos, e as mulheres apresentaram maior índice de notificações. Além disso, a faixa etária de 20 a 39 anos obteve maior número de casos e a evolução dos foram cura sem sequelas. INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS AGRÍCOLAS NA BAHIA - O artigo avalia os índices de intoxicações por agrotóxicos agrícolas no estado da Bahia no período de 2007 a 2018, a partir da análise de dados disponibilizados pela Suvisa (BA). As diversas pesquisas afirmam que os casos de intoxicações são mais frequentes entre os trabalhadores rurais, sendo que, na Bahia, de 2007 a 2011, foram registrados 696 casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas, incluindo casos de óbito e cura com sequelas. - Os dados da SUVISA revelaram que, entre 2007 e 2018, a Bahia registrou aumento de 273% nos casos de intoxicações por agrotóxicos, sendo que os homens foram as principais vítimas. Essa prevalênciamasculina segue tendência nacional e retrata um aspecto cultural no qual os homens são diretamente responsáveis pela aplicação do agrotóxico, embora mulheres, idosos e crianças componham o grupo de maior vulnerabilidade (maior fragilidade imunológica). - A faixa etária predominante entre os casos de intoxicações corresponde à do jovem adulto, ou seja, daqueles que se encontram no ápice da atividade econômica, entre 20 e 34 anos, agrupando 40% dos casos notificados. - Outro ponto observado é a baixa escolaridade das vítimas, demonstrando ser este mais um fator de vulnerabilidade, pois as maiores vítimas de intoxicação são detentoras de ensino fundamental incompleto, além de analfabetos e aqueles que apresentam ensino médio incompleto. Estudos também relacionaram a baixa escolaridade ao despreparo e ao desconhecimento das normas de segurança; além da falta de informação sobre a manipulação e aplicação dos produtos, realidade muitas vezes advinda da dificuldade em compreender rótulos e bulas. - Foi encontrada também uma sazonalidade mensal nos registros de intoxicações ao longo dos 12 anos, sendo que os meses de fevereiro, janeiro, agosto e setembro foram aqueles com maior ocorrência de registros. De modo geral, a intensificação no uso de agrotóxicos ocorre no período de temperaturas amenas, quando há maior propagação de fungos e plantas espontâneas, havendo necessidade de fortalecimento do solo. ANÁLISE CRÍTICA DOS DADOS - No caso da intoxicação exógena através dos medicamentos, podemos trazer os casos de tentativa de suicídio. No Brasil, entre os meio empregados, predomina-se o enforcamento, seguido pelo uso da arma de fogo e pelo envenenamento. Nesse último método, é possível encontrar principalmente o uso de agrotóxicos e medicamentos como os principais agentes de suicídio. - O artigo traz justamente um estudo feito através dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em relação ao município de Barra do Garças (Mato Grosso) e, através dele, foram encontrados 164 casos de tentativas de suicídio por intoxicações exógenas no período de 2008 a 2013, sendo que 70,1% pertenciam ao gênero feminino, e 29,1%, ao masculino. Além disso, A faixa etária mais frequente foi de 20 a 59 anos (adulto), representando 81% dos casos, seguido pelos idosos (10,4%). Em relação ao nível de escolaridade, a maioria das vítimas cursou até o ensino fundamental (42,7%), o ensino médio (37,8%) e apenas 9,7% cursaram o nível superior. Quanto ao predomínio do sexo feminino nos casos de autoenvenenamento, isso é constantemente relatado na literatura. De acordo com alguns autores, o sexo feminino é quatro vezes mais propenso a tentar o suicídio do que o sexo masculino. Os homens tendem a usar meios mais violentos do que as mulheres devido a uma maior intenção suicida, à agressividade, ao conhecimento sobre meios violentos e a uma menor preocupação com a desfiguração do corpo, enquanto as mulheres tendem a tomar doses excessivas de substâncias ou de venenos -> isso encaixa perfeitamente nos dados da tabela 1 - Analisando a faixa etária das vítimas e o agente tóxico, os resultados sugerem que os adultos teriam mais acesso aos medicamentos, o que justificaria a escolha desse agente no ato suicida. Quanto ao predomínio do uso de agrotóxicos por idosos, pode ser justificado pelo fato que estes moram em municípios menores e menos urbanizados, assim têm maior contato com esses produtos, por exemplo na lavoura. - Com relação à escolaridade, a falta dela traz prejuízos à qualidade de vida individual e familiar, sendo geradora de estresse e aumentando, dessa forma, o risco de suicídio. PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO AGROTÓXICOS 1) Realização de uma triagem rápida, seguida de uma anamnese adequada: Identificar o agente tóxico, estimar a quantidade absorvida, determinar via de exposição, tempo entre a exposição e atendimento 2) Ligar para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da sua região >> Orientações sobre suspeita de intoxicações com manifestações clínicas atípicas, quadros iniciais de difícil identificação. 3) Pacientes assintomáticos ou que apresentam sintomas leves, geralmente, não requerem hospitalização >> O paciente deve ser monitorado por um período mínimo de 6 a 12 horas. A monitorização deve ser em: Vias aéreas com proteção da coluna cervical >> Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário Monitorizar sinais vitais >> Circulação, estado neurológico, ventilação e respiração 4) A ausência de sinais e sintomas, após 12 h, reduz a probabilidade de sua ocorrência. É preciso se atentar aos casos de intoxicações com inibidores de colinesterase ou com compostos organofosforados altamente lipofílicos, pois, esses compostos podem produzir os primeiros sinais de debilidade muscular e insuficiência respiratória mesmo depois de 48 h da exposição. - O paciente intoxicado pode apresentar um amplo espectro de manifestações clínicas, mas de forma geral os sinais e sintomas são irritações dérmicas e oculares, irritações do trato respiratório superior e inferior, respostas alérgicas, sintomas gastrintestinais e manifestações neurológicas. 5) Solicitar hemograma e bioquímica sanguínea em todos os pacientes intoxicados sintomáticos >> Posteriormente, solicitar outros exames complementares de acordo com os sistemas comprometidos para cada substância e com a evolução do paciente. O uso de antídoto também é indicado em alguns casos >> Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias. Descontaminação dérmica a) Remover as roupas contaminadas b) Lavar a pele com água em temperatura ambiente e sabão neutro >> Isso inclui cabelo, unhas, região axilar, umbigo e genitálias c) Irrigar exaustivamente com água d) Se o agente tóxico for pó ou sólido, antes de lavar o paciente, retire o excesso de produto com pano seco ou compressa e) Considerar cobrir todos os ferimentos antes de iniciar a lavagem do corpo f) Evitar hipotermia Descontaminação ocular I. Lavar os olhos mantendo um fluxo contínuo de água ou soro fisiológico, com as pálpebras abertas, a partir do canto interno do olho (próximo ao nariz), em direção à lateral da face, por, no mínimo, 20 minutos. II. Nos casos de exposição de um único olho, evite contaminar o olho não afetado, lateralizando a cabeça Descontaminação gástrica A. Lavagem nasogástrica com carvão ativado >> Não é recomendado o uso rotineiro de doses múltiplas de carvão ativado, dessa forma, considerar a administração de uma única dose de carvão ativado aos pacientes atendidos em até 60 min da exposição, com histórico de ingestão de grandes quantidades de agrotóxicos altamente tóxicos e que sejam adsorvidos pela substância. B. Realize a lavagem gástrica em casos de ingestão de dose potencialmente letal de agrotóxicos, desde que eles que não tenham sido diluídos em solventes orgânicos e corrosivos e a exposição tenha ocorrido a menos de 60 minutos antes do procedimento C. O vômito não deve ser induzido como medida de descontaminação. Entretanto, também não é indicada a sua inibição, caso ele ocorra de forma espontânea em pacientes intoxicados D. Irrigação intestinal total: consiste na administração, por meio de sonda nasoenteral, de grandes quantidades de uma solução osmoticamente equilibrada (polietilenoglicol). O objetivo é limpar fisicamente o tóxico até a sua completa eliminação por via retal, impedindo assim a sua absorção pelo trato gastrintestinal >> Não realizada em paciente intoxicados por agrotóxicos. - Medidas de eliminação em pacientes com intoxicação aguda por agrotóxicos: pode ser realizada eliminação corpórea e não corpórea. Eliminação corpóreaEliminação extracorpórea Catárticos Diurese forçada Alcalinização urinária Hemodiálise Hemofiltração Exsanguineotransfusão EXEMPLOS Descontaminação de benzodiazepínicos: Lavagem gástrica e carvão ativado: administrar carvão ativado 1 g/Kg; Descontaminação de antidepressivos ISRS: Lavagem gástrica + carvão ativado; Em intoxicações graves com ingestão de grande quantidade, ou coingestão de outros toxicantes, realizar lavagem gástrica precocemente (até 1 hora da ingestão) com SF 0,9%; administrar em seguida carvão ativado por sonda nasogástrica Descontaminação de produtos caústicos alcalinos e ácidos: Quando for uma exposição cutânea ou ocular, lavar a pele e irrigar os olhos copiosamente com água ou soro fisiológico; em casos de ingestão, a descontaminação gastrintestinal é contraindicada. Descontaminação de desinfetantes e antissépticos: não há medidas de descontaminação indicadas, sendo que a única coisa que ela faz referência em relação às medidas de suporte é desobstruir vias aéreas e administrar O2 se necessário; monitorizar sinais vitais; manter acesso venoso calibroso. PROTOCOLOS DE ÓBITO - Hoje, com as novas técnicas de exames, a identificação do morto é cada vez mais rápida, e isso garante que sejam mantidas partes importantes de tecidos para os exames de DNA. A mesma coisa em relação ao diagnóstico, pois depois de um exame visual cuidadoso, metódico e procedente, temos recursos de exames de imagem, histopatológicos, toxicológicos e antropológicos, que colabora nessa tecnicidade. GUIA DE ENCAMINHAMENTO DO CADÁVER - O primeiro local de marcação indica para onde será encaminhado o corpo: SVO ou IML. Em seguido possui alguns “blocos” onde deverão ser preenchidas algumas informações: 1) Responsável encaminhamento: indica natureza do óbito (natural ou causa externa), a data, o horário e informações relevantes sobre a Unidade Hospitalar (nome, endereço, telefone). 2) Identificação do cadáver: indica se foi um óbito fetal (natimorto) ou não, o nome, sexo, idade, raça, endereço, etc. 3) Óbitos fetais em menores de 1 ano 4) Óbitos por causas externas: indica se foi caso de acidente, suicídio, agressão por terceiro ou evento de intenção indeterminada. No caso do suicídio, existe um espaço para indicar o meio utilizado, como a intoxicação/envenenamento. 5) Informações do Serviço Médico: espaço para notificar possíveis lesões apresentadas em regiões do corpo; uma síntese da história clínica e exames complementares de relevância; causa possível do óbito e informações sobre o médico responsável (nome e CRM). PARA ONDE ENCAMINHAR O CORPO SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITOS (SVO) - Em caso de óbito por causa natural, ou seja, aquele cuja causa básica é uma doença ou estado mórbido. Exemplos: Óbito em pacientes previamente saudáveis, sem suspeitas de causas externas; Óbitos em pacientes com suspeita de doenças de investigação epidemiológica (ex. suspeitas de dengue, febre amarela) Histórico de uso de drogas sem indícios de uso no momento do óbito Morte no domicílio desde que não exista suspeita de intoxicação exógena ou outra causa externa e o cadáver não esteja em estado de decomposição. - Quando os critérios de encaminhamento apontam para o SVO, a funerária realiza o transporte do corpo. INSTITUTO MÉDICO LEGAL (IML) - Em caso de óbito por causa externa ou não natural, ou seja, aquele que decorre de lesão provocada por violência (homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita. Exemplos: Ferimento por arma de fogo ou arma branca, enforcamento, afogamento; Acidentes: automobilístico, por animais peçonhentos, corpo estranho; Intoxicação exógena: medicamentos, envenenamento, uso de drogas, overdose, inseticidas -> necessita de argumentos plausíveis para suspeitar de intoxicação exógena, como achados físicos, informação testemunhal ou histórico do caso. - As mortes envolvendo usuários de drogas ou dependentes químicos podem apresentar diferentes causas, devendo ser encaminhadas para a devida elucidação ao SVO aquelas que inexistam uma "suspeita fundamentada" do óbito ter sido relacionado diretamente por intoxicação exógena aguda decorrente da utilização do agente químico. Cadáver sem identificação. Resultado desfavorável associado às normas e prescrições médicas questionado pela família no momento do óbito (suspeita de erro médico). - Quando os critérios de encaminhamento apontam para o IML, o próprio Instituto é responsável pelo deslocamento do corpo. Quando o IML for ao local da ocorrência e constatar que se trata de morte natural entrará em contato com o SVO para informar sobre o caso. DECRETO N. 35.566 - Esse decreto aprova o Regulamento do IML. Artigo 3º: A perícia será feita, em regra, pelos médicos-legistas e demais servidores legalmente habilitados, com exercício no Instituto Médico- Legal. Artigo 5º: Compete ao Laboratório de Toxicologia realizar pesquisas de tóxicos em geral, em líquidos orgânicos, vísceras, alimentos, medicamentos e outras substâncias, nos casos de: Envenenamento (suicídio, homicídio e acidente); Intoxicações profissionais; Intoxicações medicamentosas; Intoxicações provenientes do vasilhame usado (cobre, chumbo e outros); Intoxicações e asfixia por monóxido de carbono e outros gases; Intoxicações alcoólicas; Exames de líquidos suspeitos de contaminação tóxica; Exames de substâncias entorpecentes; Análises microquímicas, espectroscópicas e outras, usadas na perícia de envenenamento - Compete, ainda, ao Laboratório de Toxicologia, proceder às necropsias nos casos de envenenamento ou suspeita de envenenamento. CONDUTAS Em casos fatais de intoxicação por agrotóxicos, a conduta deve ser a seguinte: Coleta de sangue (50 ml); Urina (50 ml ou quantidade disponível); Conteúdo gástrico; Fígado e rim (100 g cada), sem formol; - pulmão, em caso de substâncias voláteis. Os exames histopatológicos podem ser solicitados a critério dos peritos. Em caso de óbito devido ao envenenamento por monóxido de carbono (CO), que é um gás inodoro, incolor e não irritante, os sinais clássicos são lábios róseos, cianose e hemorragia retiniana. Níveis de carboxihemoglobina acima de 10% confirmam o diagnóstico, a menos que o indivíduo seja um fumante crônico. Pode ser coletado sangue arterial ou venoso.
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