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PROBLEMA 3- ABERTURA CICLO BIOLÓGICO - O gênero Leishmania pertence a ordem Kinetoplastida, à família Trypanossomatidae e agrupa espécies de protozoários unicelulares, digenéticos (heteroxenos), encontradas nas formas promastígota e amastigota (sem flagelo livre -> parasita intracelular). A reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos os hospedeiros. Hospedeiros vertebrados: uma grande variedade de mamíferos, como roedores, canídeos, marsupiais, homem. Hospedeiros invertebrados: exclusivamente as fêmeas de insetos hematófagos conhecidos como flebotomíneos. A transmissão ocorre através da picada do inseto infectado, no momento da hematofagia. Amastigotas: organismos ovais, esféricos ou fusiformes; no citoplasma, são encontrados núcleo grande e arredondado, e cinetoplasto em forma de um pequeno bastonete. O envoltório é formado por uma membrana, que, nas diferentes espécies de Leishmania, apresenta uma invaginação na região anterior do corpo do parasito formando a bolsa flagelar, onde se localiza o flagelo -> dessa forma, o flagelo não se exterioriza para além do corpo do parasito. Promastigotas: são as formas flageladas encontradas no TGI do hospedeiro invertebrado. São alongadas, com um flagelo, livre e longo na sua porção anterior; núcleo arredondado ou oval e cinetoplasto em forma de bastão. As promastigotas metacíclicos são as formas infectantes para os hospedeiros vertebrados; possuem mobilidade intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do trato digestivo do inseto. INFECÇÃO DO HOSPEDEIRO VERTEBRADO 1. Os hospedeiros vertebrados são infectados quando as formas promastigotas metacíclicas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores, durante a hematofagia. Estes insetos possuem o aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do hospedeiro, formando condições para obter o sangue durante a alimentação. A saliva do inseto é inoculada neste ambiente e exerce papel importante como anticoagulante e vasodilatadora, favorecendo o fluxo de sangue e a linfa intersticial para o alimento. 2. As formas promastigotas metacíclicas são resistentes a lise pelo sistema complemento, facilitando a adesão a membrana do macrófago. A internalização de Leishmania se faz através da endocitose mediada por receptores na superfície do macrófago. As promatígotas metacíclica utilizam a opsonização para se ligarem a CR1 e CR3 no macrófago. Estes receptores promovem a fagocitose, sem liberar os radicais livres que normalmente são liberados pelos macrófagos. Assim, o parasito pode ser prontamente internalizado pelas células de Langerhans da derme. A rápida transformação em amastígotas é outra forma de evadir ao ataque do hospedeiro. 3. Após a internalização, o promastigota metaciclíco é encontrado dentro do vacúolo parasitóforo, que, ao ter contato com os lisossomos, permite a passagem de enzimas para o fagossomo sem, no entanto, ocorrer a fusão. A promastigota se transforma em amastigota, capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido encontrado no vacúolo digestivo. 4. A amastigota inicia o processo de sucessivas multiplicações e a célula hospedeira se rompe, sendo as amastigotas liberadas e, por mecanismo semelhante, internalizadas por outros macrófagos. INFECÇÃO DO HOSPEDEIRO INVERTEBRADO 1) Ocorre quando, durante a hematofagia, o invertebrado ingere as amastigotas presentes no sangue do indivíduo ou animal infectado. O alimento, no intestino médio do inseto, é rapidamente envolvido pela matriz peritrófica, uma membrana quitinosa secretada pelo epitélio do intestino. No interior desta matriz, após cerca de 18-24 horas, as amastigotas se transformam em flagelados pequenos, ovóides, pouco móveis. Após aproximadamente 3 e 4 dias de multiplicação intensa, ocorre a transformação em formas promastigotas delgadas e longas. 2) As formas liberadas, também por ação do LPG, se ligam através do flagelo, as microvilosidades intestinais do inseto, garantindo a sua permanência e desenvolvimento naquele local. Por volta de três a cinco dias o alimento é digerido e excretado e já são encontradas formas flagelas migrantes na porção torácica do intestino médio. Esta migração é acompanhada pela transformação dos parasitos em promastígotas curtas e largas livres na luz intestinal e promastígotas metacíclicos. 3) Em todas as espécies de Leishmania, os parasitos migram para as porções anteriores do aparelho digestivo do inseto. Para que a multiplicação dos parasitos se faça de forma a tornar o inseto capaz de transmitir a infecção, são necessários: Após a hematofagia, uma alimentação rica em açúcares, obtida geralmente de seiva de plantas, sem que ocorra infecção bacteriana no trato intestinal do flebotomíneo concomitante com a presença de Leishmania; Que o sangue do repasto infectante seja totalmente digerido antes de nova alimentação sanguínea. FORMAS CLÍNICAS LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. No início da infecção, as formas promastigotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flobotomíneo. As células destruídas pela picada do inseto atraem para a área macrófagos que fagocitam as promastigotas e assim se transformam amastigotas que iniciam a sua reprodução por divisões sucessivas. A lesão inicial é manifestada por um infiltrado inflamatório composto principalmente de linfócitos e de macrófagos na derme. Período de incubação: tempo decorrido entre a picada do inseto e aparecimento da lesão inicial >> Varia entre 2 semanas e 3 meses - A forma inicial da lesão pode regredir de forma espontânea, permanecer da mesma forma ou evoluir para o que chamamos de Histiocitoma, um nódulo dérmico localizado sempre no sítio da picada. Histiocitoma: desenvolve em diferentes ritmos a depender da espécie de Leishmania. a) Nos estágios iniciais da infecção: a lesão é caracterizada pela hipertrofia do extrato córneo, com acúmulo de histiócitos nos quais o parasito se multiplica b) Gradualmente um infiltrado celular, de pequenos e grandes linfócitos e alguns plasmócitos, se forma circundando a lesão. O resultado é uma reação inflamatória do tipo tuberculoide no local, ocorre a necrose que resulta na desintegração da epiderme e membrana basal que culmina com a formação de uma lesão ulcero-crostosa c) Depois que a crosta sai, observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e com fundo recoberto por exsudato seroso ou seropurulento. - A LTA possui um amplo espectro de formas clínicas, sendo que a variação está intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e à espécie de Leishmania. Essas formas clínicas são agrupadas em 3 tipos básicos: LEISHMANIOSE CUTÂNEA (LC) - Caracteriza-se pela formação de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme. A densidade de parasitos nas bordas da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção. As moléculas de superfície de Leishmania, como o LPG e gp63, exercem papel importante nos eventos que se seguem. O LPG reveste o parasito, protegendo contra a ação enzimática digestiva no interior da matriz peritrófica. A gp63 possui ação enzimática, atuando na ruptura da matriz e consequente liberação dos parasitos, antes que o bolo alimentar siga seu percurso intestinal. A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma cutânea e geralmente está relacionada com pacientes imunossuprimidos (AIDS). Ela apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática. - As espécies de Leishmania causadoras dessa forma clínica nas Américas Central e do Sul pertencem aos subgêneros Viannia e Leishmania. No Brasil, as espécies são: L. V. braziliensis: responsável pela forma cutânea mais destrutiva, provocando feridas secas (úlcera de Bauru). L. V. guyanensis: causa lesões cutâneas conhecidas por pian bois, que podem se apresentar sob a forma de úlcera única, se disseminando em úlceras similares pelo corpo. L. L. amazonensis: produz lesões ulceradas simples e limitadas, contendo numerosos parasitos nas bordas da lesão. L. V. laisoni L.V. naiffi LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA - Caracteriza-se por lesões mucosas agressivas e destrutivas que afetam em geral as vias aéreas superiores. O agente etiológico é o L. braziliensis, que possui como um dos aspectos típicos, a frequência com que o parasito produz, meses ou anos após a lesão inicial primária, lesões destrutivas secundárias envolvendo mucosas e cartilagens. É um processo lento, de curso crônico, sendo que estas lesões secundárias podem ocorrer por extensão direta de uma lesão primária ou então por disseminação hematogênica. - As regiões mais comumente afetadas pela disseminação são o nariz, a faringe, a boca e a laringe. A destruição do septo provoca mudança anatômica e aumento do órgão, que se constitui no chamado nariz de anta. Em muitos casos ocorre completa destruição de toda a estrutura cartilaginosa do nariz. O processo ulcerativo pode atingir os lábios e se propagar pela face, sendo que essas graves mutilações podem causar no paciente dificuldades de respirar, falar e se alimentar. São frequentes, nesta fase, complicações respiratórias por infecções secundárias, podendo levar o paciente ao óbito. LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA - Caracteriza-se pela formação de lesões difusas não ulceradas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. Esta forma clínica é provocada por parasitos do complexo mexicana pertencentes ao subgênero Leishmania, cujo agente etiológico é o L. amazonenses no Brasil. Essas lesões envolvem extremidades e outras partes expostas, onde numerosas erupções papulares ou nodulares não ulceradas são vistas. O curso da infecção inicial se dá pela formação de uma úlcera única, e a multiplicidade de lesões é causada pelo resultado da disseminação do parasito de um sítio para outro através de vasos linfáticos ou migração de macrófagos parasitados. - A LCD está estreitamente associada a uma deficiência imunológica do paciente, em que a resposta imune celular está deprimida com relação aos antígenos de Leishmania, levando-o a um estado de anergia imunológica frente à infecção estabelecida. A doença caracteriza-se por curso crônico e progressivo por toda a vida, não respondendo aos tratamentos convencionais. Formas clínicas Localização Teste de Montenegro LC Infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Positivo LCM Infecção na derme, com úlceras. Lesões invadindo a mucosa e destruição da cartilagem. Positivo (resposta exagerada) LCD Infecção confinada na derme, formando nódulos não ulcerados; disseminação por todo o corpo. Negativo (imunidade celular comprometida) LEISHMANIOSE VISCERAL - É uma doença crônica e sistêmica que quando não tratada pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. É caracterizada por febre irregular de intensidade média e de longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia acompanhados de sinais como anemia, leucopenia, trombocitopenia; a linfadenopetia periférica é comum em alguns focos da doença. O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a caquexia e o óbito, se o paciente não for submetido ao tratamento específico. - A leishmaniose visceral ou calazar é causada por parasitos do complexo Leishmania donovani, o qual reúne duas espécies: Leishmania (Leishmania) donovani; Leishmania (Leishmania) infantum -> alguns autores consideram como sinônimo de L. chagasi. Espécies Características L. L. donovani Antroponose: transmissão restrita aos seres humanos; calazar (todas as idades) e leishmaniose dérmica pós-calazar (adultos) L. L. infantum Zoonose: forma visceral em crianças; canídeos os principais reservatórios. - A L. chagasi é um parasito do sistema mononuclear fagocitário, em especial do baço, fígado, linfonodo e medula óssea, porém, durante a evolução da doença, outros órgãos podem ser acometidos. A pele continua sendo porta de entrada pra infecção, a inoculação é acompanhada pela saliva do inseto, a qual é rica em atividade inflamatória. Quando a infecção ocorre por L. donovani, os indivíduos podem desenvolver uma lesão nodular local. O sinal de porta de entrada nesses casos é transitório e representando pelo que chamamos de Leishmanioma, um nódulo Já em caso de infecção por L. chagasi, o local de inoculação passa de uma forma geral desapercebido. O processo pode evoluir para a cura espontânea ou, a partir da pele, ocorrer a migração dos parasitos, principalmente para os linfonodos, seguida da migração para as vísceras, onde induzem infiltração local ou difusa de macrófagos não parasitados, além de infiltrado de linfócitos. A via de disseminação de Leishmania pode ser a hematogênica elou linfática. Alterações esplênicas: esplenomegalia; na fase inicial da doença, o quadro pode não ocorrer, porém, na doença estabelecida e crônica toma-se uma característica. Ocorre hipertrofia das células do SMF -> macrófagos podem ser observados densamente parasitados, na polpa branca e vermelha. Alterações hepáticas: hepatomegalia; ocorre hipertrofia das células de Kupffer, em geral densamente parasitadas. Os baixos níveis de albumina associados a fatores vasculares locais podem levar a formação de edema dos membros inferiores. Alterações do tec. Hematopoiético: A medula óssea geralmente se encontra com hiperplasia e densamente parasitada. A anemia é o achado mais frequente nos indivíduos doentes -> entre os mecanismos envolvidos na anemia está a destruição das hemácias no baço. Alterações renais: deposição de imunocomplexos, causando glomerulonefrite. A albuminúria ocorre em cerca de 50% dos pacientes no Brasil, e elevados níveis de creatinina, uréia e hematúria são vistos nos casos terminais. Alterações dos linfonodos: frequentemente aumentados; na zona paracortical há depleção de células T e presença de plasmócitos e macrófagos parasitados. Alterações do aparelho digestivo: Excessiva proliferação de células do SMF, em especial no jejuno e íleo, com a presença de amastigotas; ocorre edema e alongamento das vilosidades. Alterações cutâneas: Parasitas podem por vezes se encontrarem na pele normal >> Pode ocorrer descamação e queda de cabelo. - Em relação ao quadro clínico, a relação parasito/hospedeiro no calazar pode resultar em diversas formas clínicas, que podem variar em: 1. Forma assintomática (subclínica): os indivíduos podem desenvolver sintomas poucos específicos, como febre baixa recorrente, tosse seca, diarreia, sudorese e pode apresentar cura espontânea ou manter o parasito, sem nenhuma evolução clínica por toda a vida. A ruptura do equilíbrio nessa fase pode ser causada por quadro de desnutrição ou estado imunodeprimido >> A ruptura é induzida pela quebra da barreira funcional dos linfonodos acompanhada da baixa na produção de IL 10. 2. Forma aguda: corresponde ao período inicial da doença; apresenta febre alta, palidez de mucosas e hepatoesplenomegalia discretas >> A evolução não ultrapassa mais de 2 meses e os pacientes apresentam altos títulos de IgG anti-Leishmania. O parasitismo é mais frequente no fígado e no baço. 3. Forma sintomática crônica ou Calazar clássico: É a forma de evolução prolongada; caracterizada por febre intermitente e associada ao contínuo agravamento aos sintomas. O emagrecimento é progressivo e conduz o paciente para desnutrição protéico- calórica, caquexia acentuada, mesmo com apetite preservado; hepatoesplenomegalia + ascite (abdome aumentado); edema generalizado, dispneia, cefaleia, dores musculares, perturbações digestivas. O calazar é uma doença de caráter debilitante e imunodepressivo, e por isso, as infecções bacterianas são especialmente importantes na determinação do óbito. LEISHMANIOSE DÉRMICA PÓS- CALAZAR - É um manifestação cutânea de leishmaniose causada pelo L. donovani que ocorre após o tratamento da forma visceral; aparece de seis meses a cinco anos depois da cura clínica do calazar. As lesões da pele têm aparência variável e caracterizadas por áreas com hipopigmentação, pápulas ou maculas, e, às vezes, nódulos, principalmente na face, tronco e membros. Embora o parasitismo cutâneo seja intenso, a medula óssea e vísceras em geral são negativas e não há febre ou outro sintoma de envolvimento visceral -> as pessoas infectadas são importantes fonte de infecção. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DA LTA - O diagnóstico clínico da LTA pode ser feito com base na característica da lesão apresentada pelo paciente. Em relação ao diagnóstico laboratorial, constitui-se fundamentalmente pelos exames parasitológicos, imunológicos e molecular I. Parasitológico: pesquisa de amastigotas em esfregaço da lesão. II. Imunológicos: Intradermorreação de Montenegro (IDRM) ou sorologia por imunofluorescência (IFI) ou ELISA. III. Molecular: reação em cadeia polimerase (PCR). -> possui alta sensibilidade. PARASITOLÓGICOS Exame histopatológico (pesquisa de amastigotas): o fragmento de pele obtido pela biopsia é submetido a técnicas histológicas de rotina. Encontrar amastigotas ou um infiltrado inflamatório compatível pode definir ou sugerir o diagnóstico, respectivamente. Exame direto de esfregaços corados (imprint de tecidos): após anestesia local, pode-se fazer biopsia ou curetagem nas bordas da lesão. Retira- se um fragmento que será usado para fazer o esfregaço em lâmina por aposição (pressão). IMUNOLÓGICOS Teste de Montenegro: avalia a reação de hipersensibilidade retardada do paciente; possui sensibilidade que varia 82,4% e 100% a depender da diferença na preparação do antígeno utilizado, sendo que o antígeno que usa formas de promastigotas mortas foi padronizado e oferece melhores resultados. O teste ocorre por meio da inoculação de 0,1 mL de antígeno intradérmica na face interna do braço. Em caso de reações positivas, ocorre uma reação inflamatória local e forma um nódulo que possui seu auge em 48-72 horas e posterior a isso vai regredindo. - Ao interpretar resultados, devem ser observados os seguintes aspectos: Forma cutânea simples: a reação inflamatória varia conforme a evolução da doença >> É maior em úlceras crônicas Forma mucosa: a reação inflamatória pode ser tão intensa a ponto de provocar necroses e isso é devido ao estado hiper-reativo do paciente Forma difusa: a resposta é usualmente negativa por conta do estado anérgico do paciente Paciente tratados: instala-se a imunidade celular duradoura Reação de Imunofluorescência indireta: possui sensibilidade relativamente alta; os anticorpos são normalmente baixos em casos de lesão cutânea recente, porém, em formas crônicas da doença (em especial se houver envolvimento das mucosas) podem estar aumentados. O teste não é espécie-específico e isso pode levar a ocorrência de reações cruzadas com outros tripanossomatídeos. DIAGNÓSTICO DA LV - Em relação ao diagnóstico clínico, esse se baseia em sinais e sintomas apresentados pelo paciente associados a história de residência em área endêmica. >>É necessário atenção para outras doenças que possuem sintomatologia semelhantes (p.ex. malária). Já em relação ao diagnóstico laboratorial, ele se baseia em exames imunológicos e parasitológicos. IMUNOLÓGICOS - Pesquisa de anticorpos contra Leishmania, pode ser por meio de: Imunofluorescência Indireta (RIFI): O antígeno utilizado são formas de promastigotas fixadas em lâminas. É um método de fácil execução e apresenta alta sensibilidade na detecção de casos de leishmaniose visceral. Um ponto negativo é que fornece reações cruzadas com outros tripanossomatídeos. Testes rápidos imunocromatográficos: São testes com base em imunocromatografia de papel, onde se utiliza o antígeno recombinante fixado no papel. Este antígeno reconhece anticorpos específicos anti-Leishmania, do complexo donovani. Trata-se de um método sensível, específico e de rápida execução. Ensaio Imunoenzimático (ELISA): Permite a realização de grande número de exames em pouco tempo; usa antígenos solúveis e o teste mostra sensibilidade muito alta ao detectar casos de calazar. Porém, o antígeno utilizado é produzido a partir de lisados de formas promastígotas do parasito e por isso mostra reações cruzadas com outros tripanossomatídeos. PARASITOLÓGICOS - É o diagnóstico de certeza feito pelo encontro de formas amastigotas do parasito, em material biológico obtido preferencialmente da medula óssea, linfonodo ou baço. Se o local do material biológico for o baço, deve ser realizado em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas. TRATAMENTO TRATAMENTO DA LTA - De acordo com o Guia de Vigilância, a droga de primeira escolha é o antimonial pentavalente, sendo a única exceção os pacientes coinfectados com HIV e pacientes gestantes. Se não houver resposta satisfatória com o antimonial pentavalente, as drogas de segunda escolha são a anfotericina B e o isotionato de pentamidina. - O livro de parasitologia humana traz que o seguinte esquema terapêutico apresenta efeitos muito positivos: 17 mg/ kg de antimoniato de N-metil glucamina durante 10 dias -> faz um intervalo de 10 dias e inicia outra série de tratamento durante 10 dias. A dose máxima por injeção deve ser de 10 ml, independente do peso do paciente >> Recomenda-se a continuação do tratamento até completa cicatrização da úlcera. A via de administração é geralmente intramuscular, mas também pode ser feito endovenoso ou local - O Ministério da Saúde preconiza: Títulos variáveis dos exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, mesmo após o tratamento. Assim, o resultado de um teste positivo, na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição de terapêutica. 1ª escolha de tratamento: administrar antimoniato de N-metil glucamina (antimonial pentavalente), por via endovenosa ou intramuscular, com acompanhamento semanal para menores de 50 anos e ECG 2 vezes na semana para 50 anos ou acima. Necessita de acompanhamento mensal, por 3 meses, sendo que, em caso de resposta não satisfatória, deve-se utilizar as drogas alternativas. Alternativas: desoxicolato de anfotericina B; anfotericina B lipossomal ou isotionato de pentamidina. Os dois primeiros necessitam de um acompanhamento diário, e o último 2 vezes na semana. Todos eles necessitam de acompanhamento mensal, por 3 meses, após o tratamento. RECOMENDAÇÕES DURANTE O TRATAMENTO Repouso físico relativo + abstinência de bebidas alcóolicas devido às possíveis alterações hepáticas Pacientes com + de 50 anos que portam cardiopatias, nefropatias, hepatopatias ou doença de Chagas: rigorosa avaliação clínica antes e durante o tratamento, com acompanhamento eletrocardiográfico duas vezes por semana, hemograma e exame bioquímico do sangue >> Exames monitorizados semanalmente para poder orientar a redução da dose ou suspensão da droga, assim como a indicação de terapêutica alternativa. TRATAMENTO DA LV - A confirmação parasitológica deve preceder o tratamento sempre que possível, sendo que, em casos em que o diagnóstico sorológico ou parasitológico não estiver disponível ou na demora da sua liberação, o tratamento deve ser iniciado. Sistema de escores indicadores de gravidade: são um critério para a decisão sobre o nível de atenção que o tratamento do paciente deve começar. Escore clínico maior ou igual a 4 ou escore clínico-laboratorial for maior ou igual a 6: tratamento no hospital Para os demais casos, a hospitalização do paciente é opcional - O tratamento engloba terapêutica específica e medidas adicionais, como hidratação, antitérmicos, antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional. Exames laboratoriais e eletrocardiográficos deverão ser realizados durante o tratamento para acompanhar a evolução e identificar possível toxicidade medicamentosa. Recomenda-se que o antimoniato de N-metil glucamina seja o fármaco de primeira escolha para o tratamento da LV, exceto quando: Idade menor que 1 ano ou maior que 50 anos; escore clínico > 4 ou clínico- laboratorial > 6; insuficiência renal, hepática ou cardíaca Infecção pelo HIV; gestantes; uso de medicação imunossupressora; etc. - O antimoniato de N-metil glucamina deve ser administrado uma dose máxima de 3 ampolas ao dia, preferencialmente por via endovenosa lenta. A dose poderá ser diluída em soro glicosado a 5% (100mL) para facilitar a infusão endovenosa. Nas situações em que o paciente apresente hipersensibilidade ou falha terapêutica ao antimonial pentavalente e não se enquadre em nenhum dos critérios de indicação para utilização da anfotericina B lipossomal, poderá ser adotado como alternativa terapêutica o desoxicolato da anfotericina B. PROBLEMÁTICA DO TRATAMENTO - O estudo foi feito através da análise das notificações dos casos confirmados de LV e LTA no Sinan em 2009 e a ficha de solicitação de anfotericina B lipossomal para o tratamento da LV no período de janeiro a outubro de 2010. Observou-se que para uma parcela considerável dos pacientes a prescrição dos medicamentos não seguiu as recomendações do Ministério da Saúde quanto a dosagem constante nos manuais de LV e LTA. Foram constatadas doses diárias inferiores ao recomendado, o que pode levar ao não tratamento adequado da LV com consequente reincidência e para a LTA, lesões de pele que deixam cicatrizes podendo levar às deformidades. EPIDEMIOLOGIA BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DA LV NA BAHIA - Ao analisar o número de casos e incidência da leishmaniose visceral na Bahia entre 2008 e 2020, percebe-se uma tendência de redução do número de casos. Os anos com maiores incidências foram 2014 (3,4 casos por 100 mil habitantes), 2010 (3 casos por 100 mil habitantes), 2009 (2,6 casos por 100 mil habitantes) e 2011 (2,6 casos por 100 mil habitantes). Até julho de 2020, foram registrados 56 casos novos confirmados de LV, dispersos em 42 municípios. Isso corresponde a uma redução de 54,5% com relação ao mesmo período do ano anterior (123 casos). - No período de 2008 a 2020, a macrorregião de Saúde Centro- Norte concentrou o maior número de casos (974 - 24,2 %), seguido da Centro-Leste (962 - 23,9%) e da Sudoeste. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO EXPOSTA - No intervalo de 2008 a 2020, a doença mostrou-se mais frequente em pessoas na faixa etária de 1 a 4 anos, do sexo masculino, em residentes da zona urbana, da raça parda. Predominância na zona urbana -> o processo migratório para os grandes centros urbanos, somados à condições de vidas precárias, provocou uma mudança no padrão epidemiológico da LV, que antes era conhecida como uma “endemia rural”. Predominância em crianças -> devido à imaturidade imunológica associada às condições de pobreza, além de indicar que o vetor está no peridomicílio ou intradomicílio. - Nesse mesmo período, foram confirmados 85 casos de leishmania/HIV em 49 municípios, sendo que as leishmanioses podem modificar a progressão da doença pelo HIV e a imunodepressão causada pelo vírus facilita a progressão das leishmanioses. Desta forma, a coinfecção acelera o processo de adoecimento pelo HIV. Houve predominância do sexo masculino, na faixa etária de 35-49 anos. - No período de 2008 a 2020 foram registrados 250 óbitos por LV, representando uma letalidade de 6,0%. Até julho de 2020, foram registrados 3 óbitos, representando uma taxa de letalidade de 5,1%. Há concentração de óbitos na faixa etária de 1-4 anos e 35-49 anos. A redução da letalidade por LV, requer melhora na estruturação das unidades de saúde e na capacitação e atualização dos profissionais de saúde para o reconhecimento precoce dos sinais e sintomas clínicos. ESTRATIFICAÇÃO DA LV NA BAHIA - A estratificação classifica as áreas de transmissão em 5 categorias: baixa, média, alta, intensa e muito intensa. De acordo com a nova estratificação, a Bahia possui 183 municípios com transmissão de LV, sendo: 162 de baixa transmissão (38,9%) 22 municípios com médio risco de transmissão (5,3%) 2 com alto risco de transmissão (0,5%): classificados como prioritários pela OPAS. - A Região de Saúde de Irecê contribuiu nos últimos três anos em média com 49 casos, seguida das regiões de Feira de Santana, média de 30,7 casos e Santa Maria da Vitória, média de 26,7 casos. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DA LT NA BAHIA - Ao analisar o número de casos e incidência da leishmaniose tegumentar de 2008 a 2020 na Bahia, percebe-se que a doença possui ampla distribuição. Foram registrados o total de 35.256 casos novos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana, sendo que os anos com maiores incidências foram 2010 (33,9 casos por 100 mil habitantes), 2012 (30,8 casos por 100 mil habitantes) e 2017 (17,7 casos por 100 mil habitantes). Até setembro de 2020, foram registrados 818 casos novos confirmados de LT, dispersos em 125 municípios. Isso corresponde a uma redução de 21,9% com relação ao mesmo período do ano anterior. - No período de 2008 a 2020, a macrorregião de Saúde Sul concentrou o maior número de casos, seguido da macrorregião Leste. CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO EXPOSTA - No intervalo de 2008 a 2020, observa-se que a doença ainda possui transmissão em zona rural, o que corrobora com os 3 padrões de transmissão da leishmaniose tegumentar americana: silvestre, ocupacional e lazer, ou seja, a transmissão está relacionada a ambientes de matas fechadas, geograficamente modificados pela ação humana (desmatamentos), além de casas próximas a área de matas. Houve predominância em indivíduos do sexo masculino, na raça parda, notando-se predominância na faixa etária economicamente ativa 20 a 34 anos e 35 a 49 anos. Quanto a escolaridade, observa-se predominância de baixa escolaridade. - De 2008 a 2020, a forma clínica predominante é a cutânea, semelhante aos dados do Brasil, e a forma clínica mucosa, contribuiu com 2,9%. Essa forma clínica merece especial atenção pois é de difícil diagnóstico e, além de cicatrizes deformantes, podem causar complicações importantes ao indivíduo acometido. Desta forma, atenta-se para a ocorrência dos casos nos extremos de idade, pela possibilidade de formas graves e complicações. Nesse mesmo período, foram registrados 169 casos de coinfecção leishmaniose tegumentar/HIV. Houve predominância do sexo masculino, com concentração na faixa etária de 20-34 anos. ESTRATIFICAÇÃO DA LT NA BAHIA - A doença está presente em 195 municípios da Bahia, sendo: 161 de baixo risco de transmissão 24 municípios classificados como médio risco de transmissão 4 classificados como alto risco de transmissão 2 classificados como intenso risco de transmissão 4 classificados como risco muito intenso de transmissão MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE ZOONOSES EM GERAL - Para qualquer grupo de zoonoses, as ações e estratégias de prevenção e controle de zoonoses executadas pela área de vigilância de zoonoses se pautam em atuar sobre as populações de animais alvo, de modo a reduzir ou eliminar o risco iminente de transmissão de zoonose. - As ações de prevenção de zoonoses são executadas de forma temporária ou permanente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de: Educação em saúde: atividades de educação em saúde na comunidade como um todo, priorizando as localidades mais vulneráveis. Manejo ambiental: realizado somente quando possível, para controlar eliminar vetores e roedores. Deve-se incentivar, orientar e educar a população na realização do manejo ambiental. - Já as ações de controle das zoonoses, elas devem ser feitas assim que for constatado o risco eminente de transmissão ou introdução de zoonose no território local. As estratégias de controle de zoonoses se subdividem em 3 tipos: 1. Controle do risco eminente de transmissão de zoonose: ações que visem o alcance da redução ou da eliminação do risco iminente de transmissão da zoonose para a população humana. 2. Controle da zoonose incidente: redução ou eliminação do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. 3. Controle da zoonose prevalente: se a zoonose reincidir com frequência na área-alvo, é necessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua eliminação. LEISHMANIOSE VISCERAL - A LV é uma doença endêmica no Brasil, sendo que as estratégias de controle dessa endemia estão centradas no diagnóstico e no tratamento precoce dos casos humanos, na redução da população de flebotomíneos, na eliminação dos reservatórios e nas atividades de educação em saúde. MEDIDAS DE PREVENÇÃO Dirigidas à população humana: medidas de proteção individual, como uso de mosquiteiro com malha fina, telas nas portas e janelas, não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde ele pode ser encontrado. Dirigidas ao vetor: saneamento ambiental, por meio da limpeza urbana, eliminação e destino adequado dos resíduos sólidos orgânicos, eliminação de fonte de umidade, não permanência de animais domésticos dentro de casa. Dirigidas aos cães: realizar exame sorológico para LV, em casos de doação de animais; uso de telas em canis individuais ou coletivos; coleiras impregnadas com deltrametrina a 4% (é um inseticida que espanta e mata o mosquito-palha). Educação em saúde: deve-se divulgar à população a ocorrência de LV na região, orientando para o reconhecimento de sinais clínicos, em cães e em humanos, e para a procura dos serviços de saúde para o diagnóstico e o tratamento humano. - Para evitar o risco de transmissão, algumas medidas preventivas de caráter individual e coletivo devem ser estimuladas: Uso de repelentes e mosquiteiros Limpeza de quintais e terrenos, a fim de alterar as condições do meio que propiciem o estabelecimento de criadouros para formas imaturas do vetor. Poda de árvores, para aumentar a insolação, o que reduz o sombreamento do solo e evita as condições favoráveis (temperatura e umidade) ao desenvolvimento de larvas de flebotomíneos. Limpeza periódica dos abrigos de animais domésticos. Manter animais domésticos distantes do intradomicílio durante a noite, de modo a reduzir a atração dos flebotomíneos para esse ambiente. MEDIDAS DE CONTROLE - As estratégias de controle dessa endemia estão centradas no diagnóstico e no tratamento precoce dos casos humanos, na redução da população de flebotomíneos, na eliminação dos reservatórios e nas atividades de educação em saúde. Dirigidas ao controle do vetor: atividades voltadas para o controle vetorial dependerá das características epidemiológicas de cada localidade. Dirigidas ao controle do reservatório canino: engloba a eutanásia dos cães com sorologia positiva ou parasitológico positivo; a devida eliminação dos cadáveres e carcaças, entre outros. Observação Nos chamados “municípios silenciosos”, onde não há registro de casos autóctones de LV em seres humanos e em cães, mas que há risco de introdução da doença devido à vulnerabilidade da área, os serviços de vigilância de zoonoses devem executar as ações de vigilância e prevenção, visando reduzir esse risco. Já em municípios com transmissão da doença, devem-se adotar, também, as ações de controle, a fim de reduzir ou eliminar os casos humanos. Observação - Em áreas não endêmicas, mas de risco, os serviços de vigilância de zoonoses devem executar as ações de vigilância e prevenção, visando reduzir o risco de implantação da doença na região. Já em áreas de transmissão da doença (endêmicas), devem-se adotar também as ações de controle, a fim de reduzir ou eliminar os casos humanos. Municípios silenciosos (sem transmissão): devem focar as suas ações na vigilância de reservatórios domésticos, por meio da realização anual de inquéritos sorológicos amostrais da população canina, além de ações de manejo ambiental. Municípios com registro de primeiro caso ou em situação de surto: recomenda-se atividades de manejo ambiental, inquérito sorológico censitário canino anual no local de transmissão e eutanásia dos cães sororreagentes. Municípios com transmissão esporádica: além das ações recomendadas para os municípios silenciosos, recomenda-se a eutanásia dos cães sororreagentes e ações de vigilância e assistência de casos humanos. Municípios com transmissão moderada e intensa: devem realizar o monitoramento entomológico e o controle químico vetorial, por meio de dois ciclos anuais de aplicação de inseticidas de ação residual. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - É considerada uma zoonose de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato com florestas, e agora passou a ocorrer em zonas rurais já praticamente desmatadas e em regiões periurbanas. Ações de vigilância e prevenção Realizar a Vigilância Entomológica -> estudos bioecológicos das espécies apontadas como vetoras). Vigilância dos reservatórios silvestres. Vigilância dos animais domésticos: não são recomendadas ações objetivando a vigilância de animais domésticos para a LTA. No entanto, em áreas de transição ou de ocorrência concomitante de LTA e leishmaniose visceral, faz-se necessária a identificação da espécie do parasito. Para isso, a Secretaria de Estado de Saúde deverá avaliar a necessidade dessa identificação. Capacitação das equipes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, ESF, vigilâncias ambiental e epidemiológica para diagnóstico precoce e tratamento adequado. Educação em Saúde: atividades de informação, educação e comunicação nos níveis local, regional e municipal. Além disso, deve-se divulgar, à população, a ocorrência de LTA na região. - Para evitar o risco de transmissão, algumas medidas preventivas de caráter individual e coletivo devem ser estimuladas: Uso de repelentes; evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite), em áreas de ocorrência de L. umbratilis, evitar a exposição durante o dia e a noite. Uso de mosquiteiros de malha fina e a telagem de portas e janelas. Manejo ambiental por meio de limpeza de quintais e terrenos Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir a aproximação de mamíferos comensais, como marsupiais e roedores, prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos. Em áreas potenciais de transmissão, sugere-se uma faixa de segurança de 400 metros a 500 metros entre as residências e a mata. Ações de controle - As estratégias de controle devem ser flexíveis, distintas e adequadas a cada região ou a cada foco em particular. Recomenda-se a utilização de inseticidas de ação residual como medida de controle vetorial, no âmbito da proteção coletiva -> essa medida é dirigida apenas para o inseto adulto. A indicação do controle químico deverá ser determinada pelas análises conjuntas dos Observação Em áreas não endêmicas, mas de risco, os serviços de vigilância de zoonoses devem executar as ações de prevenção, para reduzir o risco de implantação da doença na região. Já em áreas de transmissão da doença (endêmicas), devem-se adotar também as ações de controle, a fim de reduzir ou eliminar os casos humanos. dados epidemiológicos -> não há indicação do controle químico para ambiente silvestre. Não são recomendadas ações objetivando o controle de populações de animais domésticos com LTA e o controle de populações de animais silvestres. PREVENÇÃO DE ACORDO À SESAB - As medidas de prevenção relacionadas à LV e à LTA trazidas no site da Sesab são basicamente as mesmas trazidas no manual do ministério da saúde. Prevenção da Leishmaniose visceral: - As medidas visam a redução do contato homem- vetor, sendo realizadas medidas de proteção individual, dirigidas ao vetor e à população canina, tais como: uso de mosquiteiros com malha fina, telagem de portas e janelas, uso de repelentes, manejo ambiental, através da limpeza de quintais, não permanência de animais domésticos dentro de casa, eliminação e destino adequado de resíduos sólidos orgânicos, etc. Prevenção da Leishmaniose tegumentar americana: - Traz as medidas de prevenção propostas pelo Ministério da Saúde, como uso de repelentes, limpeza de terrenos e educação em saúde. PROGRAMA DE CONTROLE DA LEISHMANIOSE VISCERAL 1953: criada a Campanha Contra a Leishmaniose visceral (CCL), com o objetivo de estudar e combater a LV, devido ao aumento do número de casos no país. 1960-1980: a CCL foi interrompida e em seguida retomada em 1980, sendo que nesse período a Bahia foi um dos focos endêmicos mais importantes do país. 1985: o Programa de Controle da Leishmaniose (PCL) foi implantado na Bahia com muitas limitações (pouco conhecimento da endemia, insuficiência de recursos humanos e carência de recursos materiais). 1986: PCL incrementou atividades de vigilância entomológica e aplicação de inseticidas no domicílio; identificação de cães com sorologia positiva e sua posterior eliminação; detecção ativa e passiva dos casos humanos suspeitos com a garantia do diagnóstico e tratamento dos doentes. 1985-1998: Bahia passou a ser responsável pela notificação do maior número de casos humanos de LV do Brasil. Em 1995, ocorreu uma epidemia de LV no Município de Feira de Santana. - A Vigilância epidemiológica é um dos componentes do PCLV, cujos objetivos são reduzir as taxas de letalidade e grau de morbidade através do diagnóstico e tratamento precoce dos casos, bem como diminuir os riscos de transmissão mediante controle da população de reservatórios e do agente transmissor.
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