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TEMAS FUVEST/VUNESP/UNICAMP PROFESSORA: DAIANE STEVANATTO TEMA 1 TEXTO I Ando muito completo de vazios. Meu órgão de morrer me predomina. Estou sem eternidades. Não posso mais saber quando amanheço ontem. Está rengo de mim o amanhecer. Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. Atrás do ocaso fervem os insetos. Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino. Essas coisas me mudam para cisco. A minha independência tem algemas. Manoel de Barros BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011. TEXTO II Não é verdade - nem mesmo em tempos de crise - que só é útil o que produz lucro ou tem uma finalidade prática. Existem saberes considerados "inúteis" que são indispensáveis para o crescimento da humanidade. Útil, portanto, é tudo aquilo que nos ajuda a termos uma vida mais plena e um mundo melhor. https://www.travessa.com.br/a-utilidade-do-inutil-um-manifesto/artigo/3662c4fd-2926-48b3-82b1-2a8257d39bbc TEXTO III Ser Útil ou Ser Necessário Durante muito tempo da minha vida, especialmente na adolescência, enquanto eu estava me divertindo com amigos, família ou fazendo atividades que me davam prazer, vi muitas pessoas abdicarem do que as satisfazia para dedicar enorme esforço a serem úteis para alguém e, inúmeras vezes, ouvi que "para ser feliz, uma pessoa precisa ter alguma utilidade!". Assim, a primeira vista, parece mesmo algo coerente. Quem consegue ser feliz não tendo utilidade? O problema é que crescemos com esta crença e, partindo dela, fazer o que gostamos e nos diferencia, passa a ser secundário. O que importa mesmo é ter utilidade! Mas a utilidade conjuga o verbo "estar" e não "ser". Ela é pontual, temporária, não está ligada a existência, portanto é um sentir passageiro, tanto para quem é "usado" como para quem "utiliza". Sendo assim pergunto a você, por que ser simplesmente útil? Se quando fazemos aquilo que gostamos e em que realmente acreditamos passamos a ser tão bons que nos tornamos necessários? Útil é aquela batedeira que até facilita o seu trabalho de bater um bolo, mas se você não possuísse uma, não tinha problema, bateria com a mão ou, quando sua vida útil acabasse, você poderia comprar uma nova que faria exatamente a mesma coisa: bater o bolo! Pessoas "são"! Pessoas diferentes fazem exatamente a mesma coisa, mas, ao contrário das batedeiras, elas fazem a mesma coisa de formas diferentes, dando um toque especial que as faz necessárias. E quando percebem ser necessárias, satisfazem-se e querem de novo, por isso, esforçam-se mais para continuar "sendo". http://www.sermelhor.com.br/trabalho/ser-util-ou-ser-necessario.html https://www.pensador.com/autor/manoel_de_barros/ https://www.travessa.com.br/a-utilidade-do-inutil-um-manifesto/artigo/3662c4fd-2926-48b3-82b1-2a8257d39bbc http://www.sermelhor.com.br/trabalho/ser-util-ou-ser-necessario.html TEXTO IV Significado de Inútil: O significado da palavra ''inútil'' : é algo que não serve para nada, que não presta. https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/in%C3%BAtil/4284/ TEXTO V O Utilitarismo é uma teoria em ética normativa que apresenta a ação útil como a melhor ação, a ação correta. O termo foi utilizado pela primeira vez na carta de Jeremy Bentham para George Wilson em 1781 e posto em uso corrente na filosofia por John Stuart Mill na obra Utilitarismo, de 1861. Até a criação do termo "consequencialismo", por Anscombe em 1958, o termo "utilitarismo" era utilizado para se referir a todas as teorias que buscavam sua justificação nas consequências das ações, em contraponto àquelas que buscam sua justificação em máximas absolutas. Após a adoção do termo consequencialismo, como uma categoria, o termo "utilitarismo" passou a designar apenas a teoria mais próxima daquela defendida por Bentham e Mill, a maximização da promoção da felicidade. https://www.infoescola.com/filosofia/utilitarismo/ Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: A UTILIDADE DO INÚTIL (FUVEST) TEMA 2 TEXTO I Quais os efeitos da cultura do cancelamento Além dos seus usos mais tradicionais – como deixar de assinar um serviço ou desmarcar um compromisso agendado –, o verbo “cancelar” tem sido empregado com frequência, recentemente, para pessoas. O ato de cancelar alguém costuma ser aplicado a figuras públicas que tenham feito ou dito algo considerado condenável, ofensivo ou preconceituoso. São inúmeros os exemplos de cancelados, e a lista aumenta a cada semana. O cancelamento é primeiramente decretado numa rede social, onde gera uma onda de críticas e comentários. Depois estampa manchetes e, normalmente, é seguido de uma retratação do cancelado, que pode ou não ser acatada por seus críticos. Em 2019, o funkeiro MC Gui foi cancelado após postar um vídeo no Instagram no qual ri de uma criança, gravado em uma viagem à Disney. No vídeo, que foi apagado, a menina está https://www.dicionarioinformal.com.br/in%C3%BAtil/4284/ https://www.dicionarioinformal.com.br/significado/in%C3%BAtil/4284/ https://www.infoescola.com/filosofia/consequencialismo/ https://www.infoescola.com/filosofia/utilitarismo/ visivelmente incomodada. Acusado de bullying nas redes sociais, o artista teve contrato e shows (literalmente) cancelados e publicou um vídeo de desculpas. Em contrapartida, porém, ganhou milhares de seguidores durante a polêmica. “Há um aspecto performativo no cancelamento, pode-se argumentar que ele paradoxalmente amplifica aquilo que busca suprimir, mesmo que só naquele momento”, diz um artigo publicado pelo site do dicionário de língua inglesa Merriam-Webster em julho de 2019. Cancelar alguém publicamente requer um anúncio, o que torna o alvo do cancelamento objeto de atenção. Isso seria um contrassenso, na visão do artigo, uma vez que “o objetivo por trás do cancelamento é muitas vezes negar essa atenção, para que a pessoa perca sua relevância cultural”. Para ser cancelado, não é preciso nem mesmo estar vivo: a internet brasileira proclamou no fim de outubro o cancelamento do músico Raul Seixas, após uma nova biografia levantar suspeitas de que ele tenha delatado o amigo Paulo Coelho a agentes da ditadura militar. O cantor americano Michael Jackson, que morreu em 2009, também foi alvo de um movimento semelhante após o lançamento do documentário “Deixando Neverland”, em março de 2019, que reavivou a discussão sobre as acusações de abuso infantil contra o músico. Quais as origens do fenômeno Internacionalmente, a ideia de cancelar celebridades é relacionada ao movimento #MeToo, série de denúncias de assédio sexual contra homens poderosos que se espalhou pelo mundo a partir de 2017, e que fez com que vários agressores fossem “genuinamente ostracizados em uma onda cultural de alta velocidade impulsionada pelas redes sociais”, segundo descreve o jornalista Osita Nwanevu em uma análise na revista americana New Republic. Em meados de 2018, uma reportagem publicada no jornal New York Times explicava o fenômeno ao declarar que todo mundo estava cancelado, citando Kanye West, Taylor Swift e Gwen Stefani, entre outras celebridades. Esse clamor pela responsabilização de pessoas públicas por seus atos e declarações tem pautado o comportamento delas nas redes e em eventos públicos, assim como o de marcas e outras figuras. Ao Nexo a arquiteta, colunista da revista Marie Claire e feminista negra Stephanie Ribeiro disse que os cancelamentos não são propriamente uma novidade. “Há um ou dois anos atrás, a gente não falava em cancelamento, mas em linchamento virtual”, disse. Ela liga essas movimentações às redes sociais, “às possibilidades de interação e de resposta muito mais rápidas”, tanto no que diz respeitoa reagir a algo que desagrada quanto a conectar pessoas que pensam da mesma maneira. Para Ribeiro, os questionamentos feitos à conduta de figuras públicas estão relacionados à popularização das pautas raciais e feministas, que passaram a ocupar um espaço maior na fala do público geral. “Não é mais uma pauta só de acadêmicos ou especialistas. As pessoas falam muito mais sobre esses assuntos, então conseguem identificar e criticar também com maior facilidade as reproduções dessas lógicas”, disse. O fato de as redes possibilitarem um canal mais direto do público com artistas e autoridades também cria condições para a cultura do cancelamento, disse ao Nexo Leonardo Goldberg, psicólogo e doutor em psicologia, que estuda as subjetividades no campo digital e suas implicações para a clínica psicanalítica. Goldberg aponta que, com isso, o usuário pode participar ativamente dos perfis, das contas e das carreiras dos artistas. “Acho que a cultura do cancelamento é uma consequência desse usuário ativo, que consegue, de modo engajado, social, político e coletivo dizer se está ou não gostando” das condutas daqueles que acompanha pelas redes. Outros dizem que, embora de fato não seja um fenômeno totalmente novo, a cultura do cancelamento tem ganhado escala. O jornalista Osita Nwanevu, em sua análise para a New Republic, defende que a novidade não está tanto na força do cancelamento, mas em quem está fazendo as críticas: “jovens progressistas, muitas minorias, mulheres” que, em grande parte devido às redes sociais “conseguiram um lugar à mesa onde questões de justiça ou de etiqueta estão sendo debatidas e estão fazendo barulho para recuperar o tempo perdido”. Os impactos: positivos, negativos e nulos Muitos daqueles que foram alvo de cancelamentos, ou que se solidarizam com pessoas que tenham sido criticadas dessa forma, se queixam de uma perseguição inquisitorial que cercearia o discurso e as ações de comediantes, artistas, políticos e youtubers. Críticos apontam ainda que as reações muitas vezes alcançam dimensões desproporcionais ou se dão sem base em fatos. “Não existe qualquer zona cinzenta a partir da lógica do espetáculo”, pondera o doutor em psicologia Leonardo Goldberg. “E a cultura do cancelamento entra nessa esteira de modo completamente arbitrário, porque [faz parte] da lógica da não contradição, tão presente na internet. Não existe conversa ou escuta”. “Acho que o [aspecto] negativo é a forma como a gente lida numa certa cultura do ‘hater’, do ódio, esquecendo que precisa fazer críticas mais embasadas e ter mais consciência coletiva da nossa responsabilidade”, disse ao Nexo a colunista e feminista Stephanie Ribeiro. Os efeitos da cultura do cancelamento, no entanto, são em geral menos efetivos do que os “canceladores” poderiam desejar e do que os “cancelados” costumam alardear. “Às vezes, é uma forma até meio rasa de lidar com questões que são estruturalmente muito complexas”, afirma Ribeiro. “Não vejo impactos muito reais em relação a manifestações virtuais que confrontam comportamentos ou falas”. Ela cita o caso do jornalista William Waack, que foi demitido da Rede Globo após o vazamento de um vídeo no qual fazia comentários racistas, e teve sua contratação recentemente anunciada por uma nova emissora. Ela afirma que a duração e o impacto do cancelamento têm “muito a ver com o lugar social que cada qual desses atingidos ocupa e o peso que a sociedade dá ou não para o que está sendo apontado”, lembrando do caso do músico Wilson Simonal, um homem negro, “cancelado” pela classe artística e intelectual na época da ditadura militar por ser visto como informante do regime. O autor do artigo da New Republic, Osita Nwanevu, vai ao encontro desses questionamentos sobre o verdadeiro impacto da cultura do cancelamento, sugerindo um entendimento mundano da questão: enxergá-la como expressões públicas e corriqueiras de desagrado, manifestadas por pessoas comuns em novas plataformas. “Se nos vemos passando vertiginosamente de ultraje em ultraje a cada semana, devemos considerar que isso nunca custou tão pouco ou resultou em provocadores e ‘contrariadores profissionais’ ganhando tanto”, escreveu. Embora critique a ausência de diálogo que impede “qualquer operação simbólica que possa fazer aquela pessoa mudar de opinião, porque ela é simplesmente cancelada”, Goldberg vê de maneira positiva que as críticas transformam os discursos públicos “em algo atravessado por uma política daquilo que concerne a população, ao bem maior. Todos aqueles que passam a emitir discursos públicos vão ter que se haver com aquilo que dizem”. Além de mostrar que temas como o feminismo e o combate ao racismo estão mais difundidos, o efeito sobre discursos preconceituosos de figuras públicas também é o aspecto da cultura do cancelamento que Stephanie Ribeiro identifica como positivo. “Hoje uma pessoa não pode dar uma entrevista e falar algo racialmente absurdo, porque alguém vai dizer 'não, isso está errado'. E aí isso vira uma chuva de comentários e de tuítes, de falas, ações, respostas, vídeos. É muito positivo perceber que as pessoas estão identificando mais facilmente determinadas condutas”, disse. Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/11/01/Quais-os-efeitos-da-cultura-do-cancelamento © 2020 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida. Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: A CULTURA DO CANCELAMENTO É HIPÓCRITA? (FUVEST) TEMA 3 TEXTO I Trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção financeira, mas pela dignificação da vida. Trabalhar se constitui numa parte importante da vida. E vai além do ganha-pão. Tem a ver com realização pessoal, com sentir-se útil e encontrar sentido para os dias. “A importância do trabalho na vida do ser humano vai muito além do fato de que, através dele, satisfazemos nossas necessidades básicas. O trabalho, por si só, é revelador da nossa humanidade, uma vez que possibilita ação transformadora sobre a natureza e si mesmo. Além disso, a nossa capacidade inventiva e criadora é exteriorizada através do ofício que realizamos”, afirma a psicóloga organizacional Vanessa Rissi. De outro lado, o fato de não trabalhar pode ter consequências negativas, que afetam diretamente a personalidade. “Em razão da centralidade que o trabalho ocupa em nossas vidas, é que podemos compreender as consequências negativas do não-trabalho, da inatividade. Um sujeito sem trabalho é impedido de se realizar como homem e cidadão, o que afeta diretamente sua dignidade”, salienta Vanessa, que é mestre em Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador, especialista em Gestão de Recursos Humanos e professora da Imed. Ter um ofício é primordial na vida do ser humano. Durante a própria evolução, cada indivíduo veio desempenhando um papel, o que não é diferente nos dias de hoje. “O trabalho é um meio inexorável da existência humana e constituinte da identidade do sujeito. Isto significa que cada um se torna o que é por meio do ofício que executa. Através do trabalho as pessoas podem imprimir sua marca, o seu registro. Isto tanto é verdadeiro que quando não conhecemos uma pessoa e, então, perguntamos ‘quem é fulano?’, a resposta sempre estará relacionada a função executada no mundo do trabalho: ‘ele é professor da escola x, ele é vendedor da empresa y, é médico’, e assim por diante”, argumenta a psicóloga. TEXTO II A visão que o Homem tem de si mesmo vem mudando constantemente com o passar do tempo. Dessa maneira, sua forma de serelacionar com o trabalho e com os meios produtivos também sofre alterações, tanto nos modos de ação como nos de interpretação. Os trabalhadores que, até um passado recente, procuravam ocupações como meios de subsistência, que lhes proporcionasse apenas o suficiente para satisfazer suas necessidades básicas, cada vez mais, veem o trabalho como uma forma de realização. O trabalhador contemporâneo mais jovem, procura encontrar na sua profissão um meio de afirmação de sua competência, uma forma de demonstrar seu valor para o mundo que o cerca. Os valores com os quais julgam um emprego mais vantajoso ou prestigioso que outro, se alteram rapidamente, mudando, por exemplo, de estabilidade financeira para reconhecimento profissional. Assim, novos modos de relação surgem nesse contexto tão antigo: o homem e trabalho. http://humanae.esuda.com.br/index.php/humanae/article/view/550/171 TEXTO III http://humanae.esuda.com.br/index.php/humanae/article/view/550/171 Cerca de 13 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O número representa, aproximadamente, 12,4% da população. Com um cenário pessimista para os empregos formais, as pessoas buscam alternativas de trabalho, seja para garantir alguma forma de sustento ou complementar a renda. Com esse contexto, e a necessidade das pessoas de ganharem dinheiro para sobreviver, surgiu o que ficou conhecido como a uberização do trabalho. Esse modelo prevê um estilo mais informal, flexível e por demanda. A advogada trabalhista Deborah Gontijo, do escritório Kolbe Advogados Associados, afirma que a uberização é, na verdade, a modernização das relações de trabalho. “É natural que isso aconteça por conta do cenário econômico, não só do Brasil, mas do mundo. Há um grande aumento na automação e na inteligência artificial, que cuida das tarefas repetitivas. Isso faz com que aumente uma demanda por um novo tipo de trabalho, onde as próprias pessoas querem ter uma nova rotina, com autonomia nas tarefas e a possibilidade de optar por quando querem trabalhar”, explica. https://www.napratica.org.br/o-que-e-a-uberizacao-do-trabalho/ Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: O SENTIDO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE (FUVEST) TEMA 4 TEXTO I O que é a nova onda da ‘body neutrality’, um meio termo entre odiar e amar o próprio corpo Juliana Domingos de Lima Discursos recentes, feministas e de combate à gordofobia, têm encorajado mulheres a amarem seus corpos. Essa atitude positiva em relação ao próprio corpo é proposta e percebida como um ato revolucionário. O objetivo é empoderar as mulheres e questionar o padrão que define o culto à magreza como a única forma possível de beleza. Há, no entanto, um movimento nos EUA que identifica problemas e simplificações nessa retórica. Ele quer substituir a positividade pela “body neutrality” (neutralidade corporal, em uma tradução literal). Isso mostra que a onda de amar o próprio corpo, chamada em inglês de “body positivity”, já passa por uma revisão no país. A principal questão é que a “body positivity” pode criar, muitas vezes, a obrigação de que se passe a ter uma atitude positiva sobre o próprio corpo. Ativistas e pesquisadores afirmam que isso é muito mais complexo do que uma mudança de mentalidade voluntária, possível de ser feita da noite para o dia. https://www.napratica.org.br/o-que-e-a-uberizacao-do-trabalho/ A “body neutrality” defende um objetivo mais realista: simplesmente não odiar o próprio corpo. Em outras palavras, ser capaz de mudar o foco de uma cultura tão obcecada pelo corpo perfeito para a mera neutralidade já é visto como um avanço. Qual o problema com o discurso ‘ame seu corpo’ Em um texto publicado em setembro de 2016 no site “Everyday Feminism” (cuja versão traduzida pode ser lida aqui), a escritora Caleb Luna expõe o que considera falho na abordagem da positividade. Para ela, a estratégia coloca uma pressão desnecessária na ideia de atingir a aceitação do corpo de maneira sincera e descomplicada. O esforço de amar o próprio corpo todos os dias também pode apagar progressos já feitos na direção de uma autoimagem mais positiva que não esteja necessariamente vinculada à aparência física. Segundo Luna, esse imperativo ignora os fatores externos que nos fizeram odiar nossos corpos em primeiro lugar - por exemplo, o padrão de beleza e a indústria de cosméticos - e o fato de que esse dificilmente é um trabalho que se possa realizar sozinho. Segundo a escritora, há um ambiente cultural intolerante aos corpos fora do padrão, que está conspirando (e lucrando) para que seja impossível nutrir esse amor próprio. “Embora eu tenha uma enorme quantidade de amor próprio, esse amor está mais ligado a quem eu sou do que ao corpo no qual eu existo” Caleb Luna Escritora Também há quem defenda que uma mudança maior de paradigma é necessária. Para esses, o fato de sermos “obrigados” a amar nossos corpos para conseguirmos atribuir valor a nós mesmos também é um problema, porque continua a fazer do corpo o centro da discussão. Quando venerar o próprio corpo se torna obrigatório, o mal-estar criado por uma celulite é substituído pela impossibilidade de ver beleza em si mesmo a todas as horas do dia ou da noite, como define um artigo do site de moda, comportamento e cultura Man Repeller. O que querem os adeptos da neutralidade Pensar menos sobre o próprio corpo e apenas aceitá-lo, em vez de amá-lo, são bandeiras de quem considera a neutralidade mais saudável. A ideia é eliminar a sensação de fracasso por não ser capaz de se amar - que é comparada por quem critica a positividade ao fracasso de não ter um corpo perfeito. Dessa forma, a neutralidade consiste em um meio caminho entre as duas exigências. “Você ainda pode gostar de comer direito, se mexer e se cuidar, mas com a neutralidade, você estará fazendo isso com aceitação e alegria, não de maneira forçada e perfeccionista” disse a naturopata Cassie Mendoza-Jones à revista “Elle” australiana. Essa mentalidade menos estressante tem potencial para diminuir o peso da vontade de ser outra pessoa, de ter outro corpo. Como a positividade ainda pode ser uma ferramenta O Brasil ainda é um país de rígidos padrões de beleza - que recaem mais sobre as mulheres - e de culto à boa forma e à juventude. Aqui, o discurso que evoca o amor ao o próprio corpo continua sendo útil para tornar normal e aceitável todo tipo de corpo. Mesmo entre sites e revistas estrangeiros que já falam em “body neutrality”, há quem enxergue a positividade como um estágio intermediário para a etapa “neutra”, em que o corpo se torna menos importante. Nesse sentido, a diversidade seria um passo para cessar a obsessão causada por um padrão único. Mas tem sido distorcida e apropriada de maneira a continuar reforçando um padrão não tão diverso assim (que ainda exclui mulheres negras, trans ou muito mais gordas do que uma plus size “padrão”, por exemplo). Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/04/17/O-que-%C3%A9-a-nova-onda-da- %E2%80%98body-neutrality%E2%80%99-um-meio-termo-entre-odiar-e-amar-o-pr%C3%B3prio-corpo © 2020 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA. TEXTO II O lado obscuro da beleza Em 93% das certidões de óbito de pessoas que morreram após se submeterem a cirurgia de lipoaspiração há falhas no preenchimento, afirma o dermatologista e pesquisador Érico Pampado Di Santis. Em cerca de 64% dos documentos examinados as informações são imprecisas, ou seja, foram colocadas fora dos padrões preconizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Ministério da Saúde(MS), e em 29% as causas estabelecidas estão como indeterminadas ou a esclarecer. Apenas 7% das certidões estavam preenchidas corretamente. “A falta de informações dificulta não só estabelecer a causa da morte, como pode também mascarar eventuais erros médicos e impedir a adoção de medidas que poderiam poupar vidas”, explica o pesquisador. Os dados fazem parte da tese de doutorado de Di Santis, defendida no Programa de Pós- Graduação em Saúde Baseada em Evidências, na Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo. O trabalho reacendeu, entre os especialistas, um antigo debate para a criação de um projeto de lei que torne obrigatória a notificação de casos de complicações e mortes por lipoaspiração em todo o território nacional. O Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos cirúrgicos – perdendo somente para os Estados Unidos – e o pesquisador analisou apenas o universo de 102 casos que foram noticiados na imprensa brasileira, entre janeiro de 1987 e setembro de 2015. A pesquisa foi documental, descritiva e quantitativa e utilizou como fontes a mídia impressa – que forneceu o nome e a cidade de ocorrência da morte – e as certidões de óbito levantadas em cartórios de registro civil pelo país. O apontamento referente à necessidade de notificação compulsória nos casos de mortes ou complicações não fatais em cirurgias estéticas foi consenso entre representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), sociedades brasileiras de Dermatologia (SBD) e de Cirurgia Plástica (SBCP) e do Centro Cochrane do Brasil, em audiência pública realizada no Congresso Nacional, em dezembro de 2017. Também opinaram a favor da mudança representantes e convidados das comissões de Seguridade Social e Família (CSSF) e de Defesa dos Direitos da Mulher (CMulher). Di Santis esclarece que essa discussão se arrasta há anos. “Apesar do empenho do próprio CFM na conscientização para o correto preenchimento da declaração de óbito e do questionamento, há quase dez anos, pela atual deputada federal Luiza Erundina, junto ao Ministério da Saúde, questionando não só o número de óbitos relacionados à lipoaspiração, como suas causas e outras questões, nada mudou”, diz. “Não sei explicar o porquê essa obrigatoriedade não foi levada em conta até o momento. A notificação, hoje, é um projeto de lei da deputada federal Pollyana Gama (PL 9.602/2018), está protocolado e, agora, depende de ser pautado pelo presidente da Câmara dos Deputados”. https://www.unifesp.br/reitoria/dci/edicao-atual-entreteses/item/3527-o-lado-obscuro-da- beleza TEXTO III A sociedade do espetáculo, segundo Debord, é produto do sistema de produção dominante, que produz a mercantilização da cultura e da vida, ao passo que constrói a “imagem” como símbolo do não-real, como a negação da vida. Nesse sentido, as imagens são manipuladas com o intuito do lucro, criando uma indústria do espetáculo, comprometida com a venda de um modelo de beleza, de modelos e padrões de comportamento pelo qual o ‘parecer’ vale mais do que o ‘ser’. Assim, cria a necessidade das pessoas se afirmarem como imagem, como entidade, como ser que quer ver e quer ser visto, e a partir disso produz os paradigmas de status nesse contexto. Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: A ESPETACULARIZAÇÃO DOS PADRÕES DE BELEZA (FUVEST) https://www.unifesp.br/reitoria/dci/edicao-atual-entreteses/item/3527-o-lado-obscuro-da-beleza https://www.unifesp.br/reitoria/dci/edicao-atual-entreteses/item/3527-o-lado-obscuro-da-beleza TEMA 5 TEXTO I O Brasil é mesmo um país de impunidade? Muito se ouve dizer que no Brasil impera a impunidade. Mas afinal, o Brasil realmente é um país de impunidade? Para responder essa pergunta é necessário refletir: sobre quem recai essa impunidade? De fato, muitos saem impunes pelos crimes cometidos. Mas, se o Brasil fosse um país que não punisse ninguém, como se explicaria a questão da superlotação presidiária? Ocupamos o terceiro lugar no ranking de países com maior população carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e para a China. Temos aproximadamente 209,3 milhões de habitantes e, até 2017, tínhamos 726 mil presos. Ou seja, em média, 35% dos brasileiros eram presidiários, e o número só vem aumentando desde então. A pergunta então: é sobre quem recai essa impunidade e por quê? Basta analisarmos com olhar crítico: cada espécie de crime costuma ter uma predominância quanto ao “tipo” de pessoa que os comete (obviamente que não há uma regra geral que diga que tipo de indivíduo comete tal crime e que sempre será dessa forma, bem como não é o intuito estabelecer estereótipos criminais). Além disso, alguns tipos penais recebem muito mais punição do que outros, como, por exemplo, os crimes de tráfico de drogas ou roubo geram muito mais encarceramentos no nosso país do que os crimes de lavagem de dinheiro ou corrupção passiva. E, enquanto muitos já estão presos antes mesmo da sentença condenatória, inclusive excedendo o tempo equivalente ao que seria de sua pena se condenados, “travados” na prisão provisória, outros respondem em liberdade, pagam fiança, ou nem chegam a sofrer um processo, por possuir recursos abundantes seja para a contratação de ótimos advogados, ou até mesmo – no pior dos cenários –, para subornar aqueles que deveriam fazer cumprir a lei sem parcialidade. Não somente isso, mas é evidente que o rapaz da comunidade não irá praticar o delito de corrupção passiva, bem como um político não irá praticar um roubo à mão armada. Afinal, por que para alguns crimes não é aplicada a punição prevista em lei? Porque são praticados por pessoas que possuem poder e dinheiro o bastante para se manterem onde estão, sem a devida punição, enquanto outros crimes são punidos de fato pois, para os detentores do poder, isso serve como meio de segregação social. http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias-2016/relatorio_2016_22111.pdf https://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf Afinal, quanto mais poder e dinheiro se tem, maiores são as chances de passar impune pelos delitos cometidos, enquanto há, ainda, aqueles que nem se quer cometeram crime algum e estão injustamente presos, sem ter condições de arcar com uma defesa digna e eficiente para tirá-los desta condição. Existe punição no país, punição esta, aliás, que é muito pesada, onde nossos presídios estão entre os piores do mundo, onde a dignidade humana não é respeitada, onde a pena que se recebe vai muito além da restrição da liberdade… Mas, de outro lado, muitos delitos ficam impunes, as leis são aplicadas de forma “afrouxada” para alguns, deixando de serem aplicadas como deveriam, a depender de quem é o autor do crime. Há então um desequilíbrio nítido em nosso sistema penal, pois, de um lado, muitos crimes saem impunes ou são aplicadas as leis de forma distinta de como deveriam ser porquanto foram atos cometidos por pessoas de poder e influência, e, de outro lado, há muitos crimes que são punidos e os infratores são esquecidos lá dentro, como se os presídios fossem uma espécie de “depósito de pessoas indesejadas”, distorcendo a razão de existirem tais meios coercitivos, tornando as penas muito piores e desproporcionais em relação aquilo que foi cometido em alguns casos. Não obstante, há ainda aqueles que, devido a inúmeras circunstâncias, sejam elas erros de homônimos, corrupção, morosidade do Judiciário, etc., estão presos sem terem cometido crime algum, sem previsão de saírem disso, enquanto outros casos, cometidos por pessoas não tãopoderosas também passam impune por erro, ou até mesmo descaso de quem deveria fiscalizar isso. O Brasil é mesmo o país da impunidade? Então, nenhuma impunidade é justa mas, quando olhamos para a dinâmica do nosso sistema prisional e da falácia que muitas vezes ocorre acerca das penas alternativas, vemos também que nenhuma pena nos moldes do nosso sistema é justa, sempre sendo mais ou menos do que deveria ser, não cumprindo o princípio da proporcionalidade, ferindo o princípio da dignidade humana, etc. E isso tudo não se dá pela falta de leis, pois temos muitas leis e muitas delas de fato se fariam muito eficazes se realmente fossem aplicadas corretamente. O problema reside justamente na https://canalcienciascriminais.com.br/?s=sistema+prisional https://canalcienciascriminais.com.br/?s=sistema+prisional aplicação das leis. A eficácia de uma lei na sociedade depende muito de sua aplicação correta e imparcial, o que, em muitos casos, não ocorre em nosso país. Daí a discrepância entre as leis e a realidade, entre punição e impunidade. https://canalcienciascriminais.com.br/o-brasil-e-mesmo-um-pais-de-impunidade/ . TEXTO II Em vez de ‘país da impunidade’, Brasil é país da punição O professor francês Loïc Wacquant, autor de vários livros sobre o Estado penal publicados no Brasil, e que, portanto, muito já escreveu sobre a punição aos mais pobres como forma de “gestão da miséria”, sobretudo no USA, observou certa vez, lá pela década de 1990, e com perspicácia, que a penitenciária é a verdadeira política habitacional do capitalismo em sua fase mais avançada. É a contrapartida para a bancarrota de todas as políticas públicas ditas “de bem estar social” e para a deterioração dos serviços públicos essenciais, em suma, para tudo o que as classes trabalhadoras arrancaram dos Estados burgueses por meio de honradas lutas ao longo do século XIX e do século XX. Segundo os dados oficiais divulgados no fim de junho pelo Ministério da Justiça (dados, atentem, referentes a junho de 2014), o Brasil já ultrapassou a barreira das 600 mil pessoas atrás das grades, passando a ocupar o vergonhoso posto de quarto país do mundo com mais gente encarcerada, ficando atrás apenas do USA, da Rússia e da China. No intervalo de apenas uma década, as masmorras do velho Estado duplicaram sua clientela (“população carcerária”). No mesmo período, a população brasileira aumentou 10%. Há superlotação em presídios de todos (todos!) os estados brasileiros, sendo que a média é de prisões operando a 66% acima da sua capacidade, ou seja, com cerca de 16 presos ocupando o espaço que seria “apropriado” para 10 — isso em condições de (in)salubridade que, por diversas vezes, já foram classificadas por ONGs de “direitos humanos” como um autêntico inferno na terra. Segundo consta no próprio relatório do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen) do Ministério da Justiça, a clientela do sistema penal brasileiro é eminentemente formada por “jovens negros, de baixa escolaridade e de baixa renda”, o que mostra que o Estado semifeudal e semicolonial ora gerenciado pelo PT/pecedobê afinal parece esmerado em seguir a receita da gestão da pobreza através dos presídios. Diante dos novos números, ou melhor, destes números atualizados sobre as masmorras do velho Estado, as fileiras mais reacionárias do monopólio da imprensa burguesa não deram o braço a torcer. Fizeram repercutir os dados mais impactantes como quem nada têm a ver com esta nuance da escalada fascista em curso (são os grandes arautos do “endurecimento” das leis e das penas), sacramentando que a disparada da população carcerária é reflexo do aumento dramático da https://canalcienciascriminais.com.br/o-brasil-e-mesmo-um-pais-de-impunidade/ criminalidade e de alguma eficiência das polícias, e não o resultado da sanha incontrolável deste Estado fascista em remediar com a penitenciária a degradação geral das condições de vida das classes populares, esta sede de aumentar a clientela do seu autêntico e genuíno programa de habitação popular: o xadrez. Nem sequer se fizeram de rogados, os veículos do monopólio, em manejar aqueles novos dados, que denotam uma faceta especialmente degenerada do velho Estado brasileiro, ou seja, o encarceramento em massa da população negra, jovem e pobre, para tentar fazê-los parecer indicar o seu exato inverso. Assim, os chefes dos veículos do grupo Globo, por exemplo, pareciam possuídos pelos instintos mais irracionais ao, com o relatório em mãos, manchetearem: “Brasil tem hoje déficit de 200 mil vagas no sistema prisional”. Incitando, desta forma, o apoio à construção de mais penitenciárias, por certo não para aliviar os suplícios da gente espremida em prisões não exatamente escandinavas, mas sim martelando, feito animais obcecados pela repetição do gesto, a tecla de que faltam celas e sobra impunidade. Utiliza-se do analfabeto político que, escandalizado e alarmado, julga ter disparado a prática deste ou daquele tipo de crime com base apenas no número de pessoas presas pelas forças da ordem pela prática daquela específica violação da lei. Este ainda desconhece que o “processo seletivo”, por assim dizer, do Estado penal obedece a critérios outros que não o do literal “combate à criminalidade”, e que o próprio ordenamento jurídico burguês está aí como parte de um sistema opressivo maior, expressão da liberdade total para o capital e da dominação de uma classe sobre a outra. Vide a informação que começa a circular entre os veículos do monopólio no momento em que este artigo é redigido: a do lançamento de um “programa” pelo gerenciamento do PT/pecedobê, cinicamente batizado de “Programa de Proteção ao Emprego”, em que as empresas “em crise” terão liberdade para reduzir as jornadas de trabalho e os salários dos trabalhadores. Eis aqui uma característica denunciadora da vigência do Estado penal: as “autoridades”, seus porta-vozes e seus papagaios promovem e apresentam a insegurança que toma conta de todos os aspectos da vida do cidadão comum, do trabalhador, como uma fatalidade incontornável, por vezes até algo fruto de políticas repletas de virtudes, especialmente em conjunturas de agudização da crise geral — como a privatização de tudo, as contrarreformas na previdência, na educação, na saúde, o corte de verbas para toda gama de serviços públicos, a “flexibilização” dos direitos trabalhistas, etc. Trata-se da promoção da incerteza e da insegurança, da falta de garantias mínimas no trabalho, na saúde, na educação, enfim, no dia a dia e sobre o futuro. Tudo apresentado como absolutamente “inevitável” ou incensado como muito moderno. Em contrapartida, todas as preocupações voltam-se para a questão da violência urbana, a falta da mínima segurança em tudo é toda canalizada para a tal “crise de segurança pública”. É ele, o Estado penal, como contrapartida para o Estado mínimo em direitos para o povo (e o mínimo reservado ao povo são exatamente as forças de repressão) e máximo para azeitar as condições de livre-operação para os monopólios, a burguesia e o latifúndio. Resulta que a única política pública realmente eficaz neste país é o encarceramento em massa da juventude mais pobre, como os novos dados sobre o estado do “sistema carcerário” não deixam margem para dúvidas, não obstante o esforço do monopólio dos meios de comunicação em fazer crer que, apesar de ter mais de 600 mil pessoas atrás das grades, ainda somos o tal “país da impunidade”. Um “jornalista” destes da revista Veja, um desses provocadores mais empenhados na catequese do fascismo mais aberto, enfim, um desses esbirros chegou a escrever que o Brasil na verdade ocupa a “vergonhosa posição” de 34º no mundo em número de presos por 100 mil habitantes, tentando minimizar a infame duplicação da população carcerária brasileira em apenas 10 anos, e ainda acusou o “governo” do PT de conseguir emplacar o assunto na imprensapara tentar atrapalhar a aprovação da redução da maioridade penal — “vergonhosa posição”, como se quem está no topo do tal ranking tivesse algo de bom para ostentar. Referia-se esta grande arara da direita ao pronunciamento de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça do gerenciamento Dilma, quando da divulgação do relatório do Sistema Nacional de Informações Penitenciárias. Na ocasião, Cardozo arrotou expertise e cacarejou sobre os perigos do “ritmo atual de encarceramento”. “Os senhores têm alguma dúvida de que estamos enxugando gelo, especialmente se considerarmos que tenho mais de 400 mil mandados de prisão em aberto. Se for mantido o atual ritmo de encarceramento, sem a mudança da legislação [da maioridade penal], nós teremos ultrapassado em 2022 um milhão de pessoas encarceradas .” Como se esse ritmo não fosse ditado na toada das políticas fascistas que há 12 anos esta falsa esquerda, verdadeira camarilha de sabujos dos monopólios internacionais e da grande burguesia e latifúndio nativos, implementa nesta semicolônia miserável contra as massas trabalhadoras. O mesmo José Eduardo “Enxugando Gelo” Cardozo anunciou, no mesmo dia, a abertura de mais 40 mil vagas no sistema carcerário brasileiro, o “Minha Cela, Minha Vida”, até 2017 (o gerenciamento Dilma se gaba de ter feito um “investimento recorde” de R$ 1,1 bilhão nos últimos anos para construção e ampliação de presídios), e ainda fez coro com o monopólio da imprensa reacionária, falando que “o país tem um déficit de 231 mil vagas” em penitenciárias, coisa que só diz quem não pretende diminuir o ritmo, aquele ritmo, rumo a um milhão de brasileiros atrás das grades. https://anovademocracia.com.br/no-154/6022-em-vez-de-pais-da-impunidade-brasil-e-pais- da-punicao https://anovademocracia.com.br/no-154/6022-em-vez-de-pais-da-impunidade-brasil-e-pais-da-punicao https://anovademocracia.com.br/no-154/6022-em-vez-de-pais-da-impunidade-brasil-e-pais-da-punicao Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: Existe impunidade no Brasil? (FUVEST) TEMA 6 TEXTO I Seguindo Roberto DaMatta, (1987, 1999) a renúncia engendra uma forte individualização. No sistema social brasileiro o ato de individualizar-se pode ser o equivalente a renúncia, pois somente uma individualização plena pode levar o renunciante ao ato. Dessa forma, individualizar significa, antes de tudo, desvincular-se dos segmentos tradicionais, como a casa, a família, o eixo das relações pessoais como meios de ligação com a totalidade. A palavra individualismo abrange várias idéias, doutrinas e atitudes cujo fator comum é a atribuição de centralidade ao “indivíduo” e significa a dissolução dos laços sociais, o abandono, pelos indivíduos, de suas obrigações e compromissos sociais. O individualismo seria uma ideologia central da civilização ocidental, mas que é projetada em outras sociedades e culturas como um dado universal da experiência humana. “A individualidade é a experiência fundamental de “estar-fora-do-mundo” e, portanto, livre de obrigações sociais imperativas e rotineiras, presente nos papéis que assumem os profetas, líder messiânicos, do xamã (...) do bandido social, dos santos, dos peregrinos, dos mártires e, em parte dos malandros” (DaMatta, 1999). . TEXTO II De acordo com a Psicologia, empatia é a habilidade de se imaginar no lugar de outra pessoa ou ainda a compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outro indivíduo. Já fica mais fácil compreender o quanto isso é importante, seja no relacionamento com o outro em família ou no ambiente de trabalho. Reflita: em seus relacionamentos, será que você se importa sinceramente com os sentimentos e emoções da outra pessoa? No dia a dia, não é difícil que em muitos momentos tenhamos a atitude de uma pessoa apática, uma vez que a individualidade e a competição são presenças fortes em nossa realidade. Vivemos numa era em que há evidente falta de empatia por todos os lados. Por isso, é fundamental entender melhor o que podemos fazer para, de forma sincera, deixar o egocentrismo de lado e passar a entender o ponto de vista do outro. A capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das ferramentas da inteligência emocional, como a autoconsciência ou o autoconhecimento. Ser uma pessoa empática, portanto, possui estreita relação com entender melhor nossos próprios sentimentos e ter uma compreensão mais ampla do mundo que nos rodeia. Além disso, a empatia pode conectar pessoas, dissipar preconceitos e atenuar hostilidades. Construir pontes para aproximar as pessoas é diferente de erguer muros para separá-las. Esta é, afinal, a importância da empatia. https://www.slacoaching.com.br/artigos-do-presidente/o-que-e-empatia TEXTO III Menciono “humanidade”, “povo”, “população”. Mas não há homogeneidade aí, não existe um genérico chamado “humano”. Assim como não estamos todos no mesmo barco. Nem para o coronavírus nem para a crise climática. Mais uma vez, a comparação entre coronavírus e crise do clima faz todo o sentido. A ONU criou o conceito de “apartheid climático”, um reconhecimento de que as desigualdades de raça, sexo, gênero e classe social são determinantes também para a mudança do clima, que as reproduz e as amplia. Aqueles que serão os mais atingidos pelo superaquecimento global —negros e indígenas, mulheres e pobres —foram os que menos contribuíram para provocar a emergência climática. E aqueles que produziram a crise climática ao consumir o planeta em grandes porções e proporções —os brancos ricos de países ricos, os brancos ricos de países pobres, os homens, que nos últimos milênios centralizaram as decisões, nos trazendo até aqui— são os que serão menos afetados por ela. São esses que já passaram a erguer muros e a fechar as fronteiras muito antes do coronavírus porque temem os refugiados climáticos que criaram e que serão cada vez mais numerosos no futuro bem próximo. Na pandemia de coronavírus há o mesmo apartheid. É bem explícito qual é a população que tem o direito a não ser contaminada e qual é a população que aparentemente pode ser contaminada. https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-25/o-virus-somos-nos-ou-uma-parte-de- nos.html#?sma=newsletter_brasil_diaria20200326 Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: A EMPATIA SELETIVA DA HUMANIDADE (FUVEST) TEMA 7 Texto I O papel do novo educador https://www.slacoaching.com.br/artigos-do-presidente/a-forca-do-autoconhecimento https://www.slacoaching.com.br/artigos-do-presidente/o-que-e-empatia https://brasil.elpais.com/brasil/2020-03-24/morte-em-campo-limpo-acende-alerta-para-quarentena-nas-periferias-de-sao-paulo.html https://brasil.elpais.com/brasil/2020-03-24/morte-em-campo-limpo-acende-alerta-para-quarentena-nas-periferias-de-sao-paulo.html https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-20/moradores-de-rua-a-margem-da-prevencao-contra-a-covid-19-lavamos-as-maos-nas-pocas-quando-chove.html https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-25/o-virus-somos-nos-ou-uma-parte-de-nos.html#?sma=newsletter_brasil_diaria20200326 https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-25/o-virus-somos-nos-ou-uma-parte-de-nos.html#?sma=newsletter_brasil_diaria20200326 Apesar de ser uma forte aliada na aprendizagem, a tecnologia não substitui a metodologia nem a intervenção do professor que, por exemplo, pode ajudar o aluno a perceber a relevância e aplicação do que está sendo aprendido, além de ajudá-lo em alguma dificuldade no aprendizado. Aliás,o uso de um aparato tecnológico no aprendizado implica no redimensionamento das funções do professor, que precisa ser mais do que um transmissor de conteúdo ou um explicador: ele precisa assumir funções de mediação, supervisão e orientação no processo de aprendizado. Dessa forma, a tecnologia passa a servir como instrumento e base de apoio para a implementação de uma nova abordagem pedagógica. https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de- aprendizagem/ (acessado em 30/03/2020). Texto II Aprendizagem por sala de aula invertida Oferece ao aluno a possibilidade de se preparar por meio de conteúdo prévio disponibilizado pelo professor no portal do aluno. Em sala de aula, alunos e professores têm mais tempo para trabalharem em atividades práticas, tirarem dúvidas e aprofundarem assuntos específicos. https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de- aprendizagem/ (acessado em 30/03/2020). Texto III https://usandoticsnaeducacao.wordpress.com/2016/10/13/dicas-para-utilizacao-de-tecnologia-digital-em-sala-de-aula/ (acessado em 30/03/2020). Texto IV O termo “Nativo digital” foi criado pelo norte-americano Marc Prensky, trazendo a esse grupo definições de novas características, que consolida um abismo com relação aos imigrantes digitais (outro termo criado pelo autor e que define pessoas que desconhecem https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de-aprendizagem/ https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de-aprendizagem/ https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de-aprendizagem/ https://educare.estacio.br/blog/posts/2018/april/dentro-e-fora-de-sala-de-aula-tecnologia-%C3%A9-forte-aliada-no-processo-de-aprendizagem/ https://usandoticsnaeducacao.wordpress.com/2016/10/13/dicas-para-utilizacao-de-tecnologia-digital-em-sala-de-aula/ o funcionamento dos meios de comunicação e tornam-se consumidores passivos). Um nativo digital é aquele que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais presentes em sua vivência. Tecnologias como videogames, Internet, telefone celular, MP3, iPod, etc. Caracterizam-se principalmente por não necessitar do uso de papel nas tarefas com o computador. E contribui para o reconhecimento de outros tipos de aprendizagem e expressão cultural dessa nova geração. No sentido mais amplo, refere-se a pessoas nascidas a partir da década de 1980 e mais tarde, na Era da Informação que teve início nesta década. Geralmente, o termo foca sobre aqueles que cresceram com a tecnologia do século XXI. Uma característica habitual dos nativos digitais é trabalhar com gratificações imediatas e recompensas frequentes. Este termo tem sido aplicado em contextos como a educação, relacionado ao termo Aprendizes do Novo Milênio. https://pt.wikipedia.org/wiki/Nativo_digital (acessado em 30/03/2020). Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO É PRIVILÉGIO? (FUVEST) TEMA 8 Texto I Texto II https://pt.wikipedia.org/wiki/Digital https://pt.wikipedia.org/wiki/Videogame https://pt.wikipedia.org/wiki/Internet https://pt.wikipedia.org/wiki/Telefone_celular https://pt.wikipedia.org/wiki/MP3 https://pt.wikipedia.org/wiki/IPod https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1980 https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_da_Informa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXI https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Nativo_digital Os conflitos agrários no Brasil vêm se acentuando nos últimos anos como parte da expressão concreta das contradições do modelo agrícola/agrário em curso. A violência contra os camponeses, os povos indígenas e outras populações tradicionais tem sido uma característica da realidade agrária brasileira que atualiza práticas coloniais, sobretudo na expansão territorial do capital que, para essas populações, não são frentes de expansão, mas sim frentes de invasão. O Estado tem tido um papel de protagonismo nesses conflitos e nesse processo de expansão/invasão territorial do capital, tanto pelo apoio desigual aos diferentes grupos sociais no campo, como pelo exercício da prerrogativa formal de deter o monopólio da violência. Os movimentos camponeses contemporâneos – enquanto sujeitos excluídos dos Estados coloniais, na legitimidade e legalidade da sociedade nacional – manejam um discurso que evoca luta por território e por dignidade (reconhecimento identitário). Desta forma, o conceito de território, que era entendido como base natural do Estado-Nação, passa a ser re-significado por esses movimentos sociais que mostram que há diferentes territorialidades dentro de um mesmo território. Ou seja, mostram que suas reivindicações não são simplesmente por terra, mas por território, uma vez que o acesso à parcela produtiva (terra como recurso) deve estar inserido em um contexto que permita a viabilidade econômica, cultural, social e política das formas de vida de populações camponesas, indígenas, quilombolas. http://www.lemto.uff.br/index.php/pesquisas/questaoagraria Texto III O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária brasileira. Como se sabe, no Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade do acesso a terra, consequência direta de uma organização social patrimonialista e patriarcalista ao longo de séculos, predominando o grande latifúndio como sinônimo de poder. Desta forma, dada a concentração fundiária, as camadas menos favorecidas como escravos, ex-escravos ou homens livres de classes menos abastadas teriam maiores dificuldades à posse da terra. Assim, do Brasil colonial da monocultura a este do agronegócio em pleno século XXI, o que prevalece é a concentração fundiária, o que traz à tona a necessidade da discussão e da luta política como a encabeçada pelo MST. Conforme Bernardo M. Fernandes em seu livro A formação do MST no Brasil (2000), o MST nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu instrumento de luta contra a concentração fundiária e o próprio Estado. Segundo este autor, pelo fato da não realização da reforma agrária, por meio das ocupações, os sem–terra intensificam a luta, impondo ao governo a realização de uma política de assentamentos rurais. A organização do MST enquanto movimento social começou nos anos 80 do século passado e hoje já se faz presente em 24 estados da federação, fato que ilustra sua representatividade em termos nacionais. A fundação deste movimento se deu em um contexto político no qual o duro regime militar que se iniciava na década de 60 do século passado chegava ao fim, permitindo à sociedade civil brasileira uma abertura política para reivindicações e debates. Neste contexto de redemocratização do país, em 1985 surgiu a proposta para a elaboração do primeiro PNRA (Plano Nacional da Reforma Agrária). Sua segunda versão (II PNRA) foi proposta apenas em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os objetivos do MST, para além da reforma agrária, estão no bojo das discussões sobre as transformações sociais importantes ao Brasil, principalmente àquelas no tocante à inclusão social. Se por um lado existiram avanços e conquistas nesta luta, ainda há muito por se fazer em relação à reforma agrária no Brasil, seja em termos de desapropriaçãoe assentamento, seja em relação à qualidade da infraestrutura disponível às famílias já assentadas. Segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o número de famílias assentadas nestes últimos anos foi de 614.093, sendo criados neste mesmo período 551 assentamentos. Ainda conforme o INCRA, no total, o Brasil conta com 85,8 milhões de hectares incorporados à reforma agrária e um total de 8.763 assentamentos atendidos, onde vivem 924.263 famílias. Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até 2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e 22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas 1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do trabalhador do campo. Se por um lado a luta pela terra além de ser louvável é legítima, por outro, os meios praticados pelo movimento para promover suas invasões em alguns determinados casos geram muita polêmica na opinião pública. Em determinados episódios que repercutiram nacionalmente, o movimento foi acusado de ter pautado pela violência, além de ter permeando suas ações pela esfera da ilegalidade, tanto ao invadir propriedades que, segundo o Estado, eram produtivas, como ao ter alguns de seus militantes envolvidos em depredações, incêndios, roubos e violência contra colonos dessas fazendas. Contudo, vale ressaltar que em muitos casos a violência e a ação truculenta do Estado ao lidar como uma questão social tão importante como esta também se fazem presentes. Basta lembrarmos o episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, em 1996, quando militantes foram mortos em confronto com a polícia. A data em que ocorreu este fato histórico, 17 de Abril, tornou-se a data do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Se a polêmica da violência (seja por parte do movimento, seja do Estado) não bastasse, outras vêm à tona, como a da regularização fundiária pelo país, a qual pode atender a interesses de latifundiários e famílias ligadas ao agronegócio. Dessa forma, a despeito das críticas que recebe (não apenas por seus atos polêmicos em si, mas algumas vezes por desconhecimento da opinião pública influenciada por uma mídia que pode ser tendenciosa), o MST trata-se de um instrumento importante na transformação de uma realidade rural no país: a concentração fundiária. A reforma agrária está entre tantas outras reformas que a sociedade brasileira tanto almeja para uma agenda de erradicação da miséria e da desigualdade, valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do trabalhador do campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto brasileiro. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mst.htm Texto IV Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: A EXTINÇÃO DE RAIZES CULTURAIS EM RAZÃO DO AGRONEGÓCIO (FUVEST) http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mst.htm TEMA 9 TEXTO I Texto II A solidão é uma manifestação humana que considero de extrema preocupação, dado ao sofrimento que a pessoa sente, ao ver-se, ainda que fantasiosamente, sozinha no mundo. Essa percepção de solidão pode referir-se aos amigos, à família, ambiente de trabalho, enfim, a todas as situações onde, havendo a possibilidade da interação social, o depressivo não a vivencia, acabando por ser inundada pelo sentimento de estar só, no caso em que me refiro, à perda das relações interpessoais. Para melhor compreender o conceito de solidão, Gomes (2001) tenta defini-la em termos sociológicos, de acordo com os quais é subproduto da construção social do indivíduo. Ao afirmar sua individualidade, o homem afirma também a fragmentação do universo social e o isolamento do outro. Esse isolamento, porém, pode tornar-se insuportável e gerar a tentativa de ser superado por meio da relação interpessoal. Do ponto de vista sociológico, a solidão é, assim, o resultado da produção social de um homem "egocentrado", individualista, narcisista. Na visão psicológica, a solidão caracteriza-se pela falta de afeto dos outros e está intimamente relacionada com o sentimento, com a sensação de se estar só. A outra pessoa, mesmo estando próxima geograficamente, não é percebida como um ser que realiza a aproximação psicológica, logo, é visto como aquele a quem falta interação e comunicação emocional. É importante considerarmos, também, que os tempos atuais, marcados por grandes avanços científicos e tecnológicos e pela expansão dos meios de comunicação, tem gerado uma crescente solidão no ser humano haja vista que esta comunicação está altamente comprometida devido ao estilo de vida individualista e consumista. Assim, a solidão assume uma posição de relevância entre os mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem. O mundo da tecnologia e da crescente expansão dos meios de comunicação tem, cada vez mais, produzido indivíduos solitários. O desenvolvimento tecnológico, com suas extraordinárias potencialidades de humanização e de socialização, contrapõe-se à crescente solidão e ao individualismo gerados nas relações sociais. O individualismo narcisista aparece como sintoma social nas sociedades ocidentais contemporâneas e produz a solidão, a sensação de vazio, de falta, no homem: A falta ou, melhor dizendo, a suposta falta, levará a comportamentos de compensação ligados ao consumo, tais como comprar e comer. (http://psicologo-paulocesar.blogspot.com.br/2010/01/solidao-um-sinal-de-depressao.html) Texto III Solidão e internet A solidão pode, algumas vezes, levar às compulsões, e a internet está sendo vista como uma delas. A realidade concreta se torna tão ameaçadora que o indivíduo se refugia na internet. Pessoas com dificuldades de fazer amigos e de se integrar em grupos tentam se esconder atrás de um mundo virtual e acabam se viciando no anonimato. Se o indivíduo efetivamente não consegue mais se relacionar com as pessoas a sua volta, isso pode se tornar uma doença. Pessoas ansiosas, irritadas e de temperamento explosivo muitas vezes usam a internet como válvula de escape para se manter longe das relações interpessoais, pois assim garantem o anonimato e afastam receios, insegurança e medo de não ser aceitas. O mundo virtual é um mundo protegido, mas que pode levar a sérios distúrbios emocionais. O prazer do isolamento Nem todo solitário vai cair de cama, doente, com problemas físicos ou psicológicos. Tem gente que gostade se isolar e sente prazer em ter responsabilidades e cuidar de si, sem ajuda de outros. http://psicologo-paulocesar.blogspot.com.br/2010/01/solidao-um-sinal-de-depressao.html "Para quem gosta do isolamento, a solidão não é fator de risco. Isso depende do perfil psicológico de cada indivíduo. O perigo surge quando a sensação de isolamento é constante, e isso independe de ter ou não uma companhia", explica a psicóloga. "Mas quem tem companhia de qualidade consegue se cuidar mais. Isso, sim, é um fator protetor", conclui Ana Lucia. http://www.einstein.br/einstein-saude/bem-estar-e-qualidade-de-vida/Paginas/solidao-saiba-o-que-fazer-para-nao- adoecer.aspx Texto IV Política da solidão Clinicalização do estar só escamoteia o verdadeiro mal da sociedade atual, que é a hiperconectividade Algo vai muito mal com a autocompreensão do ser humano sob a crença de que existe um padrão normal dos afetos que calibraria o todo da experiência emocional humana. A crença na normalidade confirma apenas que vivemos mergulhados na incomunicabilidade. Os sentimentos humanos são nebulosos e confusos, mas não são expressos senão por meio de atos desesperados que falam por si mesmos. Se a norma fosse estabelecida pelo que há de mais comum, teríamos de voltar ao paradoxo de Bacamarte: o anormal é normal, o normal é anormal. O fenômeno contemporâneo da psiquiatrização da vida nasceu como tentativa de eliminar a estranheza humana. Hoje ele sustenta a indústria cultural da saúde, que se serve do sofrimento humano como a hiena se serve da carniça. Para os fins do logro capitalista já não basta aproveitar a desgraça do outro, também se pode ajudar a incrementar a produção do infortúnio usando a arma do discurso. A moral une-se à ciência nessas horas e quem paga o preço é o indivíduo humano, do qual se extirpa a capacidade de pensar sobre sua própria vida. Se a indústria farmacêutica depende da evolução das drogas e dos remédios, depende também da existência de doenças. Criar um remédio pode implicar a criação da doença. Assim é que uma das mais fundamentais experiências humanas na mira dos sacerdotes da moral que propagam a psiquiatrização da vida é, hoje, a solidão. A banalidade da proposta não é pouco violenta. Em pesquisa recentemente divulgada, um médico norte-americano definiu a solidão não apenas como doença, mas como epidemia. Tratou-a como uma tendência contrária à evolução. Definida como um erro da “natureza humana”, a solidão passa a ser vista fora de sua dimensão social e histórica. Como doença, ela seria a causa do sofrimento e não o efeito da perda de sentido da convivência entre as pessoas. Em última instância, daquilo que seria o significado mais próprio da política como universo da integração entre indivíduos e comunidades. Em um mundo em que a política foi destruída pelo poder transformado em violência, a solidão é o sintoma do medo do outro que ameaça o indivíduo. http://www.einstein.br/einstein-saude/bem-estar-e-qualidade-de-vida/Paginas/solidao-saiba-o-que-fazer-para-nao-adoecer.aspx http://www.einstein.br/einstein-saude/bem-estar-e-qualidade-de-vida/Paginas/solidao-saiba-o-que-fazer-para-nao-adoecer.aspx Diz-se indivíduo daquele que não pode ser dividido, que é inteiro. Podemos dizer que a solidão é constitutiva de si no mais simples sentido metafísico. Mas há a solidão como um fato que diz respeito à vida vivida fora das relações. É essa solidão que deve ser inscrita na filosofia política como afeto político. Mas não há nada de anormal em um indivíduo viver só. A solidão da qual muitos se queixam hoje como um desprazer pode ser para outros tantos um prazer. Viver em comunidade não faz sentido para todo mundo e isso não leva necessariamente à conclusão de antissociabilidade da qual o indivíduo seria a vítima ou o culpado. A solidão nas cidades grandes é muito mais um sinal da precariedade do sentido da comunidade e da convivência, é mais um problema sociocultural do que de escolha individual. Selva de pedra Certamente ela reflete a impossibilidade de retornar às florestas, como um dia fez Henry Thoreau. As florestas estão em extinção, assim como, curiosamente, a ideia de humanidade. Resta fugir para a moderna caverna na selva de pedra – sem querer reeditar lugares-comuns – que é a casa de cada um. A solidão é, assim, a categoria política que expressa a nostalgia de uma vivência de si mesmo. Ela é, por isso, a tentativa de preservar a subjetividade e a intimidade consigo mesmo que não tem lugar no contexto de relações sociais transformadas em mercadorias baratas. A sociedade da antipolítica precisa tratar a solidão como uma pena e um mal- estar quando não consegue olhar para a miséria da vez: o fetiche da hiperconectividade, que ilude que não somos sozinhos. Marcia Tiburi Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: SOLIDÃO, UMA NOVA EPIDEMIA? (FUVEST) OU O DILEMA DA SOLIDÃO NO MUNDO CONECTADO (FUVEST) TEMA 10 Texto I Geografia da dor A fome sabe onde o pobre mora, e a felicidade não sabe andar nos becos e vielas. A Geografia da dor registra no mapa gente viva com a barriga morta. O arroz e o feijão alegam não ter nada a ver com isso. Quem se importa? No vazio do garfo e da faca, o tempero da revolta. Sérgio Vaz Texto II A redução mais significativa da fome no Brasil aconteceu em 2012, aponta relatório das Nações Unidas divulgado nesta quarta-feira (27). Nesse ano, o País alcançou duas metas da entidade internacional: cortar pela metade o número de pessoas passando fome e reduzir esse número para menos de 5% da população. O relatório “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015”, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nesta quarta- feira (27), destaca os avanços brasileiros na redução do número de pessoas em situação de fome conquistado nos últimos anos. O Brasil é o país, entre os mais populosos, que teve a maior queda de subalimentados entre 2002 e 2014, 82,1%. No mesmo período, a América Latina reduziu em 43,1% esta quantidade. Entre os mais populosos, o País também é aquele que apresenta a menor quantidade de pessoas subalimentadas. São 3,4 milhões no Brasil, pouco menos de 10% da quantidade total da América Latina, 34,3 milhões. “O relatório confirma o esforço e reconhece a trajetória do Brasil na ação de redução da pobreza e do combate à fome”, ressaltou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. “O Brasil, ao contrário de outros países do mundo, sempre foi um grande produtor de alimentos. E, mesmo assim, a população passava fome. O nosso problema não era a disponibilidade de alimentos, era acesso aos alimentos e à renda. E isso conseguimos alcançar com políticas públicas”, explicou. A publicação aponta também que o País alcançou todas as metas das Nações Unidas em relação à fome. O Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) era de reduzir pela metade a fome e o da Cúpula Mundial de Alimentação era de reduzir pela metade os números absolutos de subalimentados. O Brasil é um dos 29 países que conseguiram alcançar essas duas metas. “O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que está em processo de formatação, visa reduzir em até menos de 5% até 2030. Desde o ano passado, nós já conseguimos alcançar esta meta”, contou a ministra. As ações de segurança alimentar desenvolvidas e o Programa Bolsa Família foram citados como cruciais para o crescimento inclusivo que o Brasil alcançou. “A proteção social pode estabelecer um círculo virtuoso de progresso à população pobre com melhores salários, empregos e rendas”,destaca o relatório. “Estes programas reduziram significativamente a desigualdade de renda – entre 2000 e 2012, a renda média do quintil mais pobre da população (20%) cresceu três vezes mais rápido que a dos 20% mais ricos.” Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/05/fome-cai-82-no-brasil-destaca-relatorio-da-onu Texto III Texto IV “A fome também mata e como mata, mas não só a fome de comida. A fome de esperança talvez mate mais, dia a dia, hora a hora; a fome de comida vai embora quando alguém estende a mão, mas a fome de esperança, quem pode matar senão só eu!” Morte e Vida Severina. http://www.justificando.com/2014/12/13/morte-e-vida-severina-na-atualidade-2/ Com base nas ideias presentes nos textos acima apresentados, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: O COMBATE À FOME COMO UM DIREITO DE HUMANIDADE (FUVEST) TEMA 11 Texto I O presidente Jair Bolsonaro sancionou com vetos a Lei 13.977, de 2020, que cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). A http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/05/fome-cai-82-no-brasil-destaca-relatorio-da-onu http://www.justificando.com/2014/12/13/morte-e-vida-severina-na-atualidade-2/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L13977.htm norma foi batizada de Lei Romeo Mion, que é filho do apresentador de televisão Marcos Mion e tem transtorno do espectro autista. A sanção foi publicada na edição desta quinta- feira (9) do Diário Oficial da União. O texto altera a Lei Berenice Piana (12.764, 2012), que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. De acordo com a nova lei, a Ciptea deve assegurar aos portadores atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. A carteira será expedida pelos órgãos estaduais, distritais e municiais que executam a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A família deve apresentar um requerimento acompanhado de relatório médico com a indicação do código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Fonte: Agência Senado Texto II Aguarda relatório na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) o projeto de lei que determina que os censos demográficos terão de incluir dados e informações específicos sobre pessoas com autismo. O PLC 139/2018, da deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC), altera a Lei 7.853, de 1989, para que seja obrigatório que os censos populacionais do país incluam “especificidades inerentes ao autismo”. De acordo com a autora, não existem dados oficiais sobre as pessoas com transtorno do espectro autista. “Não se sabe quantos autistas vivem no país, sua realidade socioeconômica e as barreiras por eles enfrentadas”, afirma a deputada na justificação do projeto. Ela avalia que a ausência desses dados cria obstáculos para a criação de políticas públicas específicas e eficazes. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição resultante de uma complexa desordem no desenvolvimento cerebral. Engloba o autismo, a Síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e o transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado. A condição acarreta modificações importantes na capacidade de comunicação, na interação social e no comportamento. Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil. Porém, até hoje nenhum levantamento foi realizado no país para identificar essa população. A relatora da proposta na CDH é a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP). Fonte: Agência Senado Texto III O transtorno, que afeta hoje uma em cada 59 crianças, não tem cura e o tratamento adequado pode custar R$20 mil por mês. Em 2012, a legislação brasileira passou a assegurar às http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/134964 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853compilado.htm pessoas diagnosticadas com TEA os mesmos direitos garantidos aos deficientes físicos e mentais. Mas, como a última edição do programa mostrou, nem sempre a lei é garantida na prática. SAÚDE O que acontece quando a cidade não oferece o tratamento? Diana Serpe - De acordo com a Lei 13.146/15, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve disponibilizar atenção integral e tratamento completo ao paciente diagnosticado com TEA em qualquer grau de complexidade. O município tem a obrigação de fornecer o transporte para deslocamento à cidade vizinha que disponibiliza o tratamento. Se for necessário, o governo também tem de pagar pela pernoite do paciente e de seu acompanhante. Quando não houver serviço em um município próximo, o Estado tem a obrigação de pagar pelo tratamento na rede particular. A família precisa ter em mãos relatórios médicos que comprovem a necessidade do tratamento e fazer a solicitação judicialmente. "A aplicação da lei fará a diferença. Cabe às pessoas, em caso de descumprimento, buscar o poder judiciário.", afirma Diana Serpe. Como solicitar tratamento pela justiça? Serpe - Procure um advogado. Caso a família não tenha condições financeiras, e possível entrar em contato com um defensor do Ministério Público ou advogado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade. O indivíduo diagnosticado com autismo tem direito a um tratamento multidisciplinar. E importante requerer, por escrito, a solicitação do atendimento pretendido em detalhes. Quando a solicitação for feita por telefone, anote o número do protocolo, data e horário de atendimento. O pedido médico deve justificar o tratamento solicitado e a urgência do atendimento. O plano de saúde pode recusar meu filho autista? Serpe - Não. A Lei 12.764/12 afirma que o plano de saúde não pode negar beneficiário com TEA em razão de sua condição de pessoa com deficiência. Segundo a advogada, era comum que planos de saúde se recusassem a pagar terapias comportamentais, como o ABBA, com a justificativa de que não constavam entra as terapias previstas pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Apesar desse tipo de negativa não ser mais tão recorrente, as famílias com pessoas com TEA ainda enfrentam problemas para conseguir tratamento via planos de saúde. Nas poucas clínicas particulares credenciadas para o atendimento, é difícil conseguir horário. Alguns locais chegam a oferecer terapias que deveriam ser individuais, em grupo. De acordo com a advogada, a família precisa ficar atenta e cobrar que as terapias necessárias sejam fornecidas da maneira apropriada e com a duração indicada pelo médico. O convênio não pode limitar o número de horas ou sessões para o tratamento do autismo. Quem define isso é o medico. Além disso, o tratamento deve ser feito por profissionais capacitados nas técnicas exigidas para as terapias indicadas. A família pode, inclusive, solicitar a comprovação da capacitação dos profissionais por parte da clínica. Todos os profissionais envolvidos no tratamento do autismo precisam ser especializados. O local não pode se negar a apresentar os certificados. Denúncias e reclamações podem ser feitas diretamente para a ANS. A advogada Diana Serpe complementa que os familiares que cuidam de pessoas com autismo têm direito a um acompanhamento psicológico e toda a orientação necessária para lidar e tratar o indivíduo autista.
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