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N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A Produtora Verificada NICOLE SILVA MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI CONSEQUÊNCIAS DA HIPO E HIPERCALCEMIA E DA HIPERCALEMIA Oriundos da alimentação, os eletrólitos não são totalmente absorvidos pelo trato digestivo, havendo excreção do excesso (urina, fezes, suor, saliva e bile) quando há um estado de saturação na circulação porta. Quando absorvidos, sofrem pouco ou nenhum processamento hepático sendo transferidos aos tecidos periféricos para exercer suas funções fisiológicas. Assim, as mudanças no equilíbrio ácido-básico têm uma ampla influência sobre a função das células e, o animal deve regular a entrada e saída de íons para manter a homeostase. O sódio e o potássio são os elementos mais importantes dos líquidos corporais. A falha em manter o equilíbrio eletrolítico correto dentro da célula significa que as vias metabólicas são incapazes de funcionar de forma eficiente e os recursos são desviados para alcançar a homeostase em detrimento das demais funções tais como crescimento e produção. - Sódio: é responsável pela manutenção do equilíbrio osmótico sendo absorvido no intestino delgado por transporte ativo ligado a absorção de aminoácidos, bicarbonato e glicose. . Atua na manutenção do potencial da membrana; . Essencial em funções celulares como contrações musculares e transmissão de impulsos nervosos e; . Regulação do equilíbrio ácido básico, onde atua associado ao cloreto e ao bicarbonato. A aldosterona, hormônio secretado pelo córtex adrenal estimula a reabsorção de Na+ nos túbulos renais ao mesmo tempo em que facilita e excreção de K+. O número de moléculas de Na+ por unidade de água determina a osmolalidade do liquido extracelular, ou seja, se o Na+ é perdido, a água é excretada na tentativa de manter a osmolalidade normal enquanto que, se o Na+ é retido, a água também deve ser retida para diluí-lo. - Potássio: que é o eletrólito em maior quantidade no liquido intracelular, é absorvido em todos os segmentos do trato digestivo (difusão), possui baixa concentração plasmática. . Atua na síntese de proteínas e glicogênio; . Na transmissão de impulsos nervosos para contração muscular (determinante do potencial elétrico transmembranal) e na correção do desequilíbrio ácido-básico. . Além disso, o potássio é essencial na manutenção do volume celular, além de ser requerido para correto funcionamento de enzimas como a piruvato quinase que age transferindo o grupo fosfato para o ATP na fosforilação durante a glicólise. A concentração de K é regulada principalmente pelos rins, através dos níveis de aldosterona, que quando elevado estimula a eliminação de urina com maior quantidade de K+. Além disso, estimula a reabsorção de Na+ aumentando assim o gradiente elétrico para a difusão do K+ das células tubulares para o lúmen e, aumenta a permeabilidade da membrana luminal ao K+ facilitando sua difusão para o lúmen. Hipercalemia: ocorre quando a concentração sérica de potássio está acima de 5 mEq/L. Geralmente é resultado da excreção defeituosa de potássio pela urina, porém também pode se desenvolver por ingestão excessiva de potássio ou após o deslocamento de potássio do meio intracelular para o extracelular. A hipercalemia é incomum quando a função renal e a excreção urinária estão normais. NICOLE SILVA MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI Vai dificultar a saída do K da célula, já que o gradiente de concentração está maior no LEC. A comporta de inativação fecha, inibindo a entrada do Na+ na célula, já que a quantidade de cargas negativas está excessiva na célula, então a tendência da célula é não despolarizar. . Sintomas: Frequentemente é assintomática embora possa causar sérias alterações na função muscular e do ritmo cardíaco em casos graves. A depressão cardíaca e do sistema nervoso central estão relacionados com o teor elevado de potássio no plasma e não a aumentos dos níveis intracelulares. Pode ser classificada de acordo com a gravidade do caso em leve (K+ menor que 6 mEq/L), moderada (K+ entre 6 a 8 mEq/L) e grave (K+ maior que 8 mEq/L). . Tratamento: depende da gravidade do quadro, embora de modo geral se deva sempre restringir ou suspender a administração de potássio e corrigir os fatores causais. Nos casos moderados além da restrição de potássio, antagonizar os efeitos neuromusculares da hipercalemia com gluconato de cálcio a 10%, redistribuir o potássio interno (bicarbonato de sódio e glicoinsulinoterapia) e aumentar da eliminação de potássio (diuréticos ou diálise). Hipocalemia: concentrações de potássio menores do que 4 mEq/L. O potássio sairá mais da célula para compensar o gradiente reduzido (desequilíbrio) no LEC, aumentando ainda mais a eletronegatividade intracelular (hiperpolarizada e em repouso, pois não vai gerar potencial de ação), podendo ser insuficiente e causar uma bradicardia (os impulsos nervosos não vão acontecer). Pode se desenvolver por ingestão reduzida de potássio na dieta que é menos comum, pela translocação de potássio do fluido intra para o extracelular, pela perda excessiva de potássio pelas vias gastrointestinais ou urinária, por consequência de uma alcalose, hormônios adrenocorticais, particularmente a aldosterona, aumentam a excreção do potássio, a hiperatividade do córtex adrenal ou a injeção de quantidades excessivas de corticosteróides ou de corticotropina (ACTH) podem causar um déficit. . Sintomas: Geralmente é assintomática, embora quando grave pode causar alterações que vão de fraqueza muscular, arritmias cardíacas e paralisia da musculatura esquelética e alterações na musculatura lisa. As consequências cardíacas da hipocalemia incluem contratilidade reduzida do miocárdio, débito cardíaco reduzido e distúrbios do ritmo cardíaco. Os distúrbios cardíacos assumem uma variedade de sinais clínicos, evidenciados geralmente apenas pelo ECG. As arritmias cardíacas podem se desenvolver porque a hipocalemia aumenta a automaticidade ventricular e atrasos na repolarização. . Tratamento: quando a concentração sérica de potássio é inferior a 3 mEq/L, caso estejam presentes os sinais clínicos, ou caso a capacidade do animal em compensar a perda de potássio sérico esteja comprometida. O cloreto de potássio é o aditivo de escolha para terapia parenteral, não deve ser infundido a uma taxa superior a 0,5 mEq/kg/h e deve-se dar preferência para veias periféricas (alta concentração de potássio nas veias centrais próximas ao coração pode causar arritmias cardíacas) - Cálcio: Hipercalcemia: a elevação de cálcio até 12mg/dl corresponde a uma alteração leve. Enquanto isto, níveis plasmáticos de cálcio acima de 14mg/dl correspondem a hipercalcemia grave, que se associa a um NICOLE SILVA MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI quadro amplo de manifestações clínicas, como poliúria e vômitos tendem a manter ou aumentar a concentração de cálcio circulante, levando o paciente a uma piora progressiva de seu estado geral. Vai evitar a entrada do Na na célula, inibindo a despolarização. O hiperparatireoidismo primário e as doenças malignas são responsáveis por 90% dos casos de hipercalcemia. . Sintomas: As repercussões gastrointestinais mais frequentes são dispepsia, constipação, anorexia, náusea, e vômito, sendo rara a ocorrência de pancreatite. - Os sintomas urinários são poliúria, polidipsia e pode ocorrer nefrocalcinose, particularmente no hiperparatireoidismo primário. - As manifestações neurológicas podem variar de dificuldade para concentração, sonolência e evoluir para confusão mental e finalmente, coma. - As manifestações cardiovasculares maisfrequentes são a hipertensão arterial e alterações de ritmo cardíaco, não sendo raro bradicardia e arritmia. . Tratamento: envolve manobras de estímulo de excreção urinária de cálcio, a qual, se faz por meio de hidratação e posterior administração de diuréticos de alça. - Calcitonina pode reduzir a calcemia, por inibir a reabsorção óssea e estimular a excreção urinária de cálcio. A vantagem da calcitonina é que sua ação é mais rápida que a das outras drogas, que têm ação hipocalcemiante. - A diálise peritoneal ou a hemodiálise podem ser utilizadas em pacientes refratários a outras medidas ou em pacientes com insuficiência renal e com elas, a queda da calcemia ocorre rapidamente. Hipocalcemia: a queda nos níveis séricos de cálcio, em geral, surge em decorrência de falência de secreção ou de ação dos hormônios calciotróficos. A redução dos níveis séricos de cálcio iônico aumenta a permeabilidade de membrana ao sódio e aumenta a excitabilidade de todos os tecidos excitáveis. Vai facilitar a entrada de sódio na célula, favorecendo a despolarização/potencial de ação. . Sintomas: parestesia periférica e perioral, cãibra, podendo ocorrer nos casos mais graves laringoespasmo, convulsão, tetania e evoluir para óbito. - A evidência clínica de manifestação cardíaca pode ficar restrita a alteração em ECG, contudo alguns pacientes podem apresentar taquicardia e raramente uma fibrilação arterial ou ventricular. . Tratamento: o tratamento pode ser realizado com administração oral de 2 a 4g de cálcio elementar (a dose deve aumentar de acordo a gravidade) e reajuste da dose de vitamina D. REFERÊNCIAS . PAULA FJA & FOSS MC Tratamento da hipercalcemia e hipocalcemia. Medicina, Ribeirão Preto, 36:370-374, abr./dez. 2003. . STIVANIN, S.C.B. Desequilíbrio eletrolítico: sódio, potássio e cloro. Seminário apresentado na disciplina Transtornos Metabólicos dos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 10p. . Hall, John E. (John Edward), 1946- Tratado de fisiologia médica / John E. Hall. - 13. ed. - Rio de Janeiro
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