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Universidade Federal do Amazonas – UFAM Instituto de Ciências Exatas – ICE Departamento de Química – DQ 5° Relatório de Físico-Química Experimental Manaus – AM 2018 Universidade Federal do Amazonas – UFAM Instituto de Ciências Exatas – ICE Departamento de Química – DQ Alunos: Esthefany Guedes Coitim – 21603744 Evelyn Barreiros Conde de Oliveira – 2155 3868 Thiago da Silva e Damasceno - 21457308 Data: 16 / 04 /2018 Professor: Dr. Kelson Mota Cinética Química – Determinação da ordem de uma reação Manaus – AM 2018 RESUMO Utilizando o método das concentrações em excesso proposto pela equação de Maucourt-Fissen pode-se determinar, titulando uma solução contendo água destilada, iodeto de potássio (1,0M), ácido sulfúrico (3,0M), amido (0,5%), tiossulfato de sódio (0,1M), através da adição de uma solução de peróxido de hidrogênio padronizada. Dessa forma, anotou-se os tempos de viragem, registrados em um cronômetro, calculando as suas médias. Anotou-se ainda os volumes de reagentes gastos para o cálculo do numero de mols e a concentração de peróxido em excesso. Através desses valores, calculou-se as equações integradas de ordem zero, primeira e segunda ordem de reação, obtidas através da plotagem dos gráficos. Com o uso do coeficiente angular identificou-se a constante cinética de velocidade da reação. Por fim, pode-se encontrar o valor do melhor coeficiente de correlação (R² =1), para equação (1/[H2O2 – 1/[H2O2]0), verificando então que a reação descrita é de segunda ordem. Além disso, obteve-se ainda o valor da constante de velocidade encontrada através do coeficiente angular k= 1 s-1 mol-1 L. OBJETIVO O objetivo dessa prática foi o de determinar a ordem de uma reação química utilizando o método das concentrações e excesso. INTRODUÇÃO TEÓRICA Entende-se a velocidade de reação como sendo o tempo em que ocorre a formação de produtos, a qual pode acontecer de forma instantânea, ou até mesmo levar um longo tempo para a sua completa realização, como por exemplo, em decomposições de materiais orgânicos. Com isso, pode-se definir a velocidade da reação como sendo a razão entre a mudança do valor de uma propriedade pelo tempo em que ela necessita para ocorrer. Considerando a reação em equilíbrio descrita acima, devemos considerar que a sua velocidade será obtida da seguinte forma: O valor de “k” encontrado na reação descreve a constante de velocidade de uma reação, a qual é característica para cada tipo de reação da que se deseja obter a velocidade. Os coeficientes “a” e “b” correspondem a ordem de cada reação para cada componente, logo, podemos entender que através da soma desses expoentes teremos a ordem da reação total.[1] Pouco se observa na literatura a abordagem de ordens de reações não inteiras. E isso se deve ao fato de que geralmente, ao se verificar tal situação, acredite que há algo errado com a reação. Porém, o aparecimento desse tipo de ordem é consequência de um mecanismo um pouco mais complexo do que os utilizados para se obter as leis de velocidades integradas, dentre os quais se pode citar o modelo de Michaelis-Menten, o modelo ativador-inibidor e o modelo com reações em paralelo, ondem em todos esses poderão se verificar ordens de reação não inteiras. O estudo da cinética de uma reação é uma ferramenta eficaz para se desvendar os mecanismos das reações, de modo que se compreenda detalhes de como esta ocorre e conhecendo as etapas que determinam o desenvolvimento da reação. Através desse estudo, pode se determinar a lei de velocidade de uma reação e a sua constante de velocidade.[2] Do ponto de vista prático, além da velocidade das reações, deve-se analisar ainda mais a velocidade dos processos que acontecem no decorrer desta até que venha a encontrar um equilíbrio, ou até mesmo o consumo total dos reagentes.[3] No decorrer do experimento consideraremos a equação cinética de Maucourt-Fissen, que pode ser representada da seguinte forma: Para a obtenção da sua velocidade devemos considerar que trabalhamos em meio ácido, com um excesso significativo de iodeto. Com isso, pode-se afirmar que a sua velocidade equivale a: Dessa forma, podemos estabelecer que, caso estejamos nos referindo a uma reação de ordem zero, o tempo se relacionará linearmente com [H2O2]0 – [H2O2]. Caso for uma reação de primeira ordem, a relação linear com o tempo será com ln([H2O2]/[H2O2]0). Entretanto caso estejamos nos referindo a uma reação de segunda ordem, o tempo se relaciona com {1/[H2O2]} – {1/[H2O2]0}. A determinação da velocidade dessa reação acontece a partir do tempo de intervalo entre o inicio da reação até a sua mudança de coloração, a qual muda de uma solução transparente ao azul, intensificando de acordo com o tempo. Tal situação acontece devido a adição de quantidades de tiossulfato com concentração conhecida, onde o iodo produzido, inicialmente pela reação descrita anteriormente, é novamente reduzido através dos íons de tiossulfatos, retornando a sua forma inicial de iodeto, conforme podemos observar na seguinte equação: MATERIAIS E REAGENTES: Pipeta volumétrica de 20 mL Balão volumétrico de 500 mL Pipeta volumétrica de 5 mL Béquer de 500 mL Proveta de 10 mL Bureta de 25 mL Suporte universal Termômetro Cronômetro H2O2 a 3% 100 mL de KI (0,1 M) 50 mL de H2SO4 (3 M) 300 mL de Na2S2O3 (0,1 M) 50 mL de solução de amido a 0,5% PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Preparo da solução Colocou-se em uma bureta tiossulfato de sódio (0,1 M) – Na2S2O3 Em um béquer de 500 mL adicionou-se na seguinte ordem: 150 mL de água destilada 20 mL de KI (0,1M) 10 mL de H2SO4 (3 M) 2 mL de Na2S2O3 (0,1M) da bureta 5 mL de solução de amido (0,5%) Agitou-se medindo posteriormente a temperatura da solução Medida do tempo de reação Em uma proveta adicionou-se 20 mL da solução de H2O2 padronizada preparada anteriormente, adicionando-a à solução, disparando imediatamente o cronômetro. Agitou-se a solução, anotando o tempo em que a solução tornou-se azul adicionando imediatamente mais 2 mL da solução de tiossulfato de sódio. Anotou-se o tempo em que a solução tornou-se azul novamente, adicionando novamente 2 mL de tiossulfato de sódio. Repetiu-se o procedimento por 14 vezes RESULTADOS E DISCUSSÃO: A reação do peróxido de hidrogênio e iodeto de potássio e meio acido se deve de acordo com a seguinte reação: A determinação da ordem de reação é possível devido a utilização da concentração de todos os reagentes em excesso, exceto a do peróxido. Logo, a equação cinética para esta reação dependerá somente da concentração do mesmo. Dessa forma, temos o seguinte: A ordem de reação é determinada quando uma reação linear com o tempo for encontrada. Com isso, pode se estabelecer que existirá uma relação linear entre [H2O2]0 – [H2O2] e o tempo, caso estejamos nos referindo a uma reação de ordem zero. Caso estejamos nos referindo a uma reação de primeira ordem, o tempo se relaciona com com o tempo. Já em uma reação de segunda ordem o tempo se relaciona com {1/[H2O2]} – {1/[H2O2]0}. Para os posteriores cálculos estequiométricos, precisou-se calcular o volume total da solução inicial utilizada. Os valores e as concentrações dos reagentes empregados foram descritos de acordo com a Tabela 1 abaixo: Tabela 1 - Volume dos reagentes para o preparo da solução inicial a ser titulada em mL Reagente Volume/mL H2O 150 KI (1,0M) 20 H2SO4 (3 M) 10 Na2S2O3 (0,1M) 1 Amido (0,5%) 3 H2O2 (3%) 20 Volume total 204 mL Concentração inicial de H2O2 Consideramos que utilizamos uma água oxigenada padrão 3%. Para cálculos mais precisos, foi necessário o cálculo da concentração real de peróxido utilizado no preparo da solução. Concentração de H2O2 = 3% m/V Após testes, realizaram-se duas diluições do volume, obtendo-seos valores calculados abaixo: Primeira diluição, realizada para 500 mL: Segunda diluição, realizada para 250 mL Número de mols de H2O2 presentes em 20 mL Número de mols de Na2S2O3 0,1M em 2mL: Número de mols de I2 formado com a adição de 2 mL de Na2S2O3 0,1M Considerando-se as seguintes reações e as suas relações estequiométricas, teremos: Quantidade de H2O2 consumida com a adição de 2 mL de Na2S2O3 Como descrito anteriormente na introdução, para a realização da determinação da ordem de reação, anotou-se o tempo de viragem da solução, quais os valores estão descritos na abaixo(Tabela 2): Tabela 2 - Tempo de viragem (em segundos) para cada adição de 2 mL de Na2S2O3 Tempo de Virada – ΔT(s) 1 2 MÉDIA t0 30,11 30,2 30,155 t1 37,24 34,61 35,925 t2 39,17 35,23 37,2 t3 41,63 40,75 41,19 t4 42,86 42,49 42,675 t5 47,45 50,57 49,01 t6 59,13 52,89 56,01 t7 65,73 65,31 65,52 t8 82,2 79,26 80,73 t9 101,86 87,33 94,595 t10 124,31 115,59 119,95 t11 158,76 164,19 161,475 t12 249,33 225,05 237,19 t13 463,38 390,27 426,825 Através desses valores é possível calcular as concentrações do peróxido de hidrogênio para cada momento da reação. Deve-se ressaltar ainda que o volume onde acontece o processo reacional aumenta cerca de 2 mL para cada adição de Na2S2O3, diminuindo consequentemente o número de mols de peróxido de hidrogênio. A Tabela 3, a seguir, apresenta os dados calculados. Tabela 3 - Valores calculados para as espécies obtidas no decorrer do processo reacional Tempo de virada volume de Na2S2O3 adicionado volume total da solução Mols de Na2S2O3 usados Mols de I2 formados Mols de [H2O2] restantes s mL mL mol mol mol t0 30,155 2 204 0 0 1,76E-03 t1 35,925 4 206 2,00E-04 1,00E-04 1,66E-03 t2 37,2 6 208 4,00E-04 2,00E-04 1,56E-03 t3 41,19 8 210 6,00E-04 3,00E-04 1,46E-03 t4 42,675 10 212 8,00E-04 4,00E-04 1,36E-03 t5 49,01 12 214 1,00E-03 5,00E-04 1,26E-03 t6 56,01 14 216 1,20E-03 6,00E-04 1,16E-03 t7 65,52 16 218 1,40E-03 7,00E-04 1,06E-03 t8 80,73 18 220 1,60E-03 8,00E-04 9,64E-04 t9 94,595 20 222 1,80E-03 9,00E-04 8,64E-04 t10 119,95 22 224 2,00E-03 1,00E-03 7,64E-04 t11 161,475 24 226 2,20E-03 1,10E-03 6,64E-04 t12 237,19 26 228 2,40E-03 1,20E-03 5,64E-04 t13 426,825 28 230 2,60E-03 1,30E-03 4,64E-04 No instante t = 30,15 s No instante t =35,92 s No instante t = 37,2 s No instante t = 41,19 s No instante t = 42,67 s No instante t = 49,01 s No instante t = 56,01 s No instante t = 65,52 s No instante t = 80,73 No instante t = 94,60 s No instante t = 119,95 s No instante t = 161,48 s No instante t = 237,19 s No instante t = 426,825 s Os valores obtidos acima foram descritos na Tabela 4 abaixo a seguir, em conjunto com os seus valores correspondentes, utilizados para a suas devidas obtenções. Tabela 4 - Valores de concentração do H2O2 consumidos e obtidos de acordo com o volume empregado na solução Tempo de virada Volume total da solução mols de H2O2 restantes H2O2 s mL mL M t0 30,155 0,204 1,76E-03 8,65E-03 t1 35,925 0,206 1,66E-03 7,59E-03 t2 37,2 0,208 1,56E-03 7,04E-03 t3 41,19 0,21 1,46E-03 6,50E-03 t4 42,675 0,212 1,36E-03 5,96E-03 t5 49,01 0,214 1,26E-03 5,44E-03 t6 56,01 0,216 1,16E-03 4,93E-03 t7 65,52 0,218 1,06E-03 4,42E-03 t8 80,73 0,22 9,64E-04 3,93E-03 t9 94,595 0,222 8,64E-04 3,44E-03 t10 119,95 0,224 7,64E-04 2,96E-03 t11 161,475 0,226 6,64E-04 2,50E-03 t12 237,19 0, 228 5,64E-04 2,04E-03 t13 426,825 0,23 4,64E-04 1,58E-03 As reações de ordem zero, de primeira e segunda ordem podem ter os valores de seus pontos no gráfico calculados através de equações, as quais foram descritas no decorrer do experimento. Dessa forma, possuindo os valores até então mencionados, pode-se obter tais gráficos, de modo a se analisar que a reação de que nos referimos é de ordem zero, ou de primeira ou segunda ordem. Os valores utilizados e calculados para a obtenção desses valores para cada tipo de reação foram descritos a seguir(Tabela 5): Tabela 5 - Valores calculados para cada tipo e ordem de reação (0, 1ª ou 2ª) Tempo de virada H2O2 [H2O2]0 - H2O2] ln([H2O2]/H2O2]O} 1/[H2O2] - 1/[H2O2]O s M t0 30,155 0,000E+00 0,000E+00 0 0,000E+00 t1 35,925 1,055E-03 1,055E-03 -0,13009349 1,607E+01 t2 37,2 1,609E-03 1,609E-03 -0,205829628 2,643E+01 t3 41,19 2,152E-03 2,152E-03 -0,286149935 3,831E+01 t4 42,675 2,685E-03 2,685E-03 -0,371768943 5,208E+01 t5 49,01 3,208E-03 3,208E-03 -0,46357763 6,820E+01 t6 56,01 3,721E-03 3,721E-03 -0,562706981 8,736E+01 t7 65,52 4,225E-03 4,225E-03 -0,670623011 1,105E+02 t8 80,73 4,720E-03 4,720E-03 -0,78927402 1,390E+02 t9 94,595 5,206E-03 5,206E-03 -0,921328835 1,749E+02 t10 119,95 5,683E-03 5,683E-03 -1,070583145 2,217E+02 t11 161,475 6,151E-03 6,151E-03 -1,242699991 2,851E+02 t12 237,19 6,612E-03 8,645E-03 -1,44668032 3,757E+02 t13 426,825 7,064E-03 7,064E-03 -1,698144684 5,162E+02 A partir dos valores obtidos e descritos na Tabela 5, podemos plotar os seguintes gráficos para as diferentes ordens de reação. Figura 1 - Variação da concentração de peróxido de hidrogênio em função do tempo de virada para uma reação de ordem zero Figura 2 - Variação da concentração de peróxido de hidrogênio em função do tempo de virada para uma reação de primeira ordem Figura 3 - Variação da concentração de peróxido de hidrogênio em função do tempo de virada para uma reação de segunda ordem Analisando a Figura 3, pode-se observar que esta permite determinar experimentalmente a constante de velocidade (k) da reação, onde “k” é o coeficiente angular, ou inclinação da reta, como podemos observar a seguir y = a + b . x y = -115,65 + x k = 1 s-1 mol-1 L Observando os dados experimentais e os valores descritos durante as reações, pode-se analisar possíveis fontes de erros, como por exemplo a concentração das espécies, como o tiossulfato de sódio, assim como da solução de amida, ou até mesmo do peróxido de hidrogênio utilizado. Outra provável fonte que tenha causado erro é a marcação do tempo da reação, visto que a precisão não é tão grande, já que o parâmetro de marcação é a cor da solução no momento da virada da reação. Em uma reação de segunda ordem, a dependência da velocidade se deve ao quadrado da concentração dos reagentes, conforme se observou no decorrer do experimento. CONCLUSÃO A ordem de uma reação é uma grandeza que pode ser obtida determinada a partir de dados experimentais. Para tal, deve-se adicionar os reagentes em excesso, exceto um, o qual determinará a velocidade da reação. Com isso, determina-se a ordem da reação, de acordo com uma relação linear existente entre a concentração e o tempo. No decorrer da prática empregou-se o método das concentrações em excesso, observando que a reação do consumo do [H2O2] é de segunda ordem, uma vez que o coeficiente de correlação observado na Figura 3, apresentou valor 1, indicando uma melhor linearização. Para se realizar o cálculo da constante de velocidade de uma reação utilizou-se o valor do coeficiente angular, ou inclinação da reta, representado por k = 1 s-1 mol-1 L. REFERÊNCIAS 1. ATKINS, P., JONES, L. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Traduzido porRicardo Bicca de Alencastro. 5ª edição. Porto Alegre, p. 561-569, 2012. 2. OLIVEIRA, A.P., FARIA, R.B. Ordens não inteiras em cinética química. Química Nova. v.33, n.6, p.1412-1415, 2010. 3. LEAL, R.C., MONTEIRO, E.A.S., NASCIMENTO, T.L.A.B., NETO, J.M.M. Explorando a cinética química através da queima de uma vela. Educação química. v.25, n.2, p.93-96, 2014.
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