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EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 1 Apresentação ......................................................................................................................... 3 Aula 1: Atendimento nas situações Clínicas emergenciais no ambiente de trabalho .......... 4 Introdução .......................................................................................................................... 4 Conteúdo ............................................................................................................................ 5 A emergência ..................................................................................................................... 5 Asma ................................................................................................................................... 12 Suporte básico de vida.................................................................................................... 14 O funcionamento do suporte básico de vida ............................................................ 15 Hemorragias internas ..................................................................................................... 19 Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 20 Referências ....................................................................................................................... 21 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 22 Chaves de resposta .............................................................................................................. 26 Aula 2: Atendimento nas situações traumáticas emergenciais no ambiente de trabalho . 28 Introdução ........................................................................................................................ 28 Conteúdo .......................................................................................................................... 28 O trauma ........................................................................................................................... 28 Diferentes tipos de trauma ............................................................................................ 30 Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 37 Reposição volêmica ........................................................................................................ 37 Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 38 Referências ....................................................................................................................... 39 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 40 Chaves de resposta .............................................................................................................. 45 Aula 5: Transporte de acidentados ..................................................................................... 47 Introdução ........................................................................................................................ 47 Conteúdo .......................................................................................................................... 47 Os materiais usados em transporte ............................................................................. 47 Colar cervical .................................................................................................................... 48 A prancha longa ............................................................................................................... 48 Colete de imobilização dorsal ....................................................................................... 49 Ambulâncias terrestres ................................................................................................... 50 Métodos e as técnicas utilizadas no transporte de acidentados ............................ 53 EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 2 Explicações referentes as ambulâncias ....................................................................... 54 Atividade proposta .......................................................................................................... 56 Referências ....................................................................................................................... 57 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 58 Chaves de resposta .............................................................................................................. 62 Aula 6: Queimaduras ........................................................................................................... 64 Introdução ........................................................................................................................ 64 Conteúdo .......................................................................................................................... 64 Queimadura ...................................................................................................................... 64 Os sinais e sintomas das vítimas de queimadura ...................................................... 65 Atividade proposta .......................................................................................................... 70 Referências ....................................................................................................................... 71 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 72 Chaves de resposta .............................................................................................................. 76 Conteudista ......................................................................................................................... 78 EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 3 A disciplina de emergência em Saúde do trabalhador aborda os temas que são frequentes nos cenários de trabalho em indústrias, fábricas e em diversos locais em que há riscos ocupacionais seja pela operação de máquinas ou por aspectos relacionados ao ambiente e a manipulação de produtos de diferentes naturezas. Nesta disciplina você verá como se deve atender às pessoas vítimas e acidentes, de infarto do coração, de queimaduras. Saberá ainda como se comportar quando estiver fazendo o socorro a estas vítimas e como proceder ao transporte delas para as unidades de atendimento de emergência. Seja na própria unidade ou em um hospitala propriamente dito. Estes temas vão ajudar você, não apenas a atender aos seus colegas durante o período de trabalho de maneira segura, mas também a reconhecer eventos de risco ao desenvolver sua atividade. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar os sinais e sintomas de diferentes situações que podem ocorrer em ambientes de trabalho. 2. Explicar as técnicas utilizadas para o atendimento de Emergência no ambiente de trabalho. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 4 Introdução Nesta aula, vamos apresentar, de maneira abrangente, como é uma situação de emergência e de que maneira a pessoa que fará o socorro deve se comportar. Você verá como é feita a abordagem das diferentes e frequentes situações de emergência relacionadas ao ambiente de trabalho, tais como pressão arterial elevada, manifestada por sintomas de órgão-alvo, as crises asmáticas provocadas por poeira, mas, também, pela aspersão de produtos químicos em caso de vazamento. Veremos também como resolver inicialmente um envenenamento.Além disso, explicaremos quais os medicamentos utilizados para cada caso específico e que ações eles fazem no organismo para reverter o quadro apresentado. Também apresentaremos as ações que podem ser implementadas por uma pessoa que presencia uma parada cardíaca e o que deve ser feito até que o serviço especializado de saúde chegue ao local de atendimento. Aprenda quais procedimentos podem ser realizados em ambientes de trabalho antes do atendimento hospitalar. Objetivo: 1. Apresentar os sinais e sintomas de diferentes situações que podem ocorrer em ambientes de trabalho; 2. Explicar as técnicas utilizadas para o atendimento de emergência. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 5 Conteúdo A emergência O termo emergência está diretamente relacionado a uma situação de risco iminente à vida; ou seja, se a situação em que o paciente se encontra não for rapidamente resolvida por meio de uma intervenção médica imediata, este pode vir a morrer em decorrência dos sintomas apresentados. O Conselho Federal de Medicina, em sua resolução CFM nº 1451, de 10/03/1995, define emergência como “constatação de agravo à saúde que implique em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento imediato”. A emergência O termo emergência está diretamente relacionado a uma situação de risco iminente à vida; ou seja, se a situação em que o paciente se encontra não for rapidamente resolvida por meio de uma intervenção médica imediata, este pode vir a morrer em decorrência dos sintomas apresentados. O Conselho Federal de Medicina, em sua resolução CFM nº 1451, de 10/03/1995, define emergência como “constatação de agravo à saúde que implique em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento imediato”. Urgência Vamos então fazer uma ligeira comparação entre urgências e emergências. Acompanhe: EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 6 Pode-se ainda relacionar o termo emergência a situações que envolvam acidentes e violências. Estamos vivendo em cidades cada vez mais populosas, e a circulação de pessoas e de carros é um fator muito evidenciado no cotidiano destas metrópoles. Os acidentes com carros e motos são corriqueiros e envolvem situações de exposição do corpo ao risco de fraturas, entre outras lesões, que podem colocar as pessoas em risco à vida. Os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de morte no Brasil, principalmente entre jovens. Nas emergências, os pacientes experimentam sintomas de início imediato (súbito), que não são percebidos por eles ao longo do tempo; além disso, os enfermos não sabem como descrevê-los por se tratar de algo que nunca sentiram antes. Alguns pacientes relatam que são coisas estranhas e que não entendem como acontecem. Eles só conseguem dizer que aconteceu de repente e que não têm explicação. Isso se dá pelo fato de os pacientes apresentarem sintomas que não são conhecidos por eles e, às vezes, envolver áreas do corpo que nunca foram afetadas antes por dores ou qualquer outro problema. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 7 Emergência Diante do que acabamos de ver, podemos afirmar que a emergência é uma situação em que os pacientes apresentam os sintomas de maneira rápida e intensa, e que o fator tempo deve ser levado a sério para que o paciente seja atendido com segurança, enquanto que, na urgência, a relação de tempo é maior e não há risco iminente à vida. As situações que envolvem emergências estão diretamente relacionadas aos órgãos do corpo que são importantes à vida, tais como o coração, os pulmões e o cérebro. São alguns exemplos de situações de emergência envolvendo esses órgãos: Infarto (IAM): quando o paciente sente uma dor em pressão no centro do peito. Dispneia: quando o paciente sente falta de ar e não consegue respirar satisfatoriamente. Acidente Vascular Cerebral (AVC): quando o paciente não consegue controlar os músculos de braços, pernas e, às vezes, da face. Eventos cardiológicos Os eventos cardiológicos são frequentes em cenários de emergência, chegando a constituir a terceira causa mundial de mortes entre adultos. A seguir, elencamos alguns desses eventos. As síndromes coronarianas são caracterizadas por algum grau de oclusão da artéria coronariana. O desenvolvimento começa com uma ruptura da erosão da placa. São fatores de doença cardíaca: histórico familiar, obesidade, sedentarismo, diabetes, hipertensão, entre outros. A dor torácica decorre da oclusão da artéria coronária ou da progressão do trombo com consequente oclusão, obstruindo o fluxo sanguíneo. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 8 Necessariamente, há um desequilíbrio no fluxo sanguíneo e, com isso, o suprimento do miocárdico fica comprometido em relação ao aporte de oxigênio oferecido a ele. De acordo com o estado do vaso sanguíneo e do percentual de oclusão, o paciente pode experimentar sensações diferentes. No caso de uma obstrução parcial em vaso calibroso, por exemplo, o paciente experimenta a dor torácica anginosa, que pode cessar com o repouso (angina estável). Em casos de obstruções parciais em vasos de menor calibre, além da dor, o paciente apresenta alterações na estrutura miocárdica (infarto não Q). Os sintomas clássicos no caso de dor torácica coronariana são a opressão torácica (angina pectoris), queimação e irradiação para membros superiores, mandíbula e pescoço. No entanto, nunca deixe de pesquisar a dor torácica em pacientes sabidamente diabéticos e, também, com queixas mal definidas. Nesses casos, os pacientes podem relatar sintomas inespecíficos, tais como fadiga, falta de ar, sudorese, ansiedade, náuseas, vômito, entre outros. Caso a pessoa ao seu lado no trabalho apresente alguns desses sintomas, é importante mantê-la em repouso para que o trabalho cardíaco seja reduzido, e o sangue possa circular com maior facilidade; em seguida, chame o serviço de saúde especializado. No hospital, serão solicitados exames que permitirão avaliar o dano causado ao músculo do coração. Envenenamento A questão dos envenenamentos, que chamaremos de intoxicações, é sempre dúbia em ambientes de trabalho, pois, em termos gerais, pressupõe-se que não há por que haver uma ingestão acidental de produtos durante o trabalho. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 9 Nesse sentido, ainda que elas ocorram, é preciso sempre identificar que tipo material foi ingerido ou, ainda, se entrou em contato com a pele da pessoa. As intoxicações exógenas acontecem pelos mais variados motivos e produzem efeitos diferentes conforme a substância que foi ingerida e pela via pela qual foi absorvida. Nesse sentido, é importante que o hospital para o qual o paciente foi encaminhado tenha o contato de algum centro de intoxicação da região para que eles informem o tratamento correto. Além disso, deve-se enviar, junto com o paciente, a embalagem do produto e, se for o caso, realizar a lavagem da área afetada com água em abundância, o que contribui para minimizar as lesões. Listamos as três intoxicações mais frequentes em ambientes de trabalho, que geram acidentes e situações de emergência: No caso da ingestão excessiva de álcool, o indivíduo experimenta a sensação de sonolência e agressividade, além de ter dificuldade de concentração e equilíbrio. Quanto à ingestão de cocaína, os efeitos são adversos aos do álcool, ou seja, a pessoa fica alerta, porém trêmula e com taquicardia. As pessoas que ingerem sedativos, assim como nos efeitos do álcool, ficam sonolentas, letárgicas e, até mesmo, desacordadas. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 10 Crise hipertensiva A crise hipertensiva é a condição clínica onde há aumento súbito da pressão arterial (PA), que é diagnosticada acima de 180 m.m.Hg depressão arterial sistólica (PAS), e de 120 m.m.Hg de pressão arterial diastólica (PAD), acompanhada de sintomas que poderão estar associados a um órgão-alvo e, por isso, serem de maior gravidade. Essa crise apresenta duas classificações gerais, que determinam a gravidade do evento e, portanto, a necessidade de intervenção prioritária. São elas: A urgência hipertensiva, que, ao alcançar esses valores, faz com que o paciente manifeste sintomas de leves a moderados, tais como cefaleia, tontura e zumbido. A emergência hipertensiva, que é expressa quando os sintomas, além de surgirem com maior intensidade, apresentam alterações na funcionalidade dos órgãos ditos alvos, tais com cérebro, coração e pulmão. Esses sintomas são considerados graves e estão relacionados à dispneia, dor precordial e coma. Em ambos os casos, os pacientes devem ser hospitalizados em unidade de tratamento intensivo e iniciar a terapia com o uso de anti-hipertensivos, betabloqueadores e anticoagulantes de ação imediata. Essas drogas deverão ser administradas sob rigoroso controle de infusão em bomba infusora, e a mensuração dos parâmetros pressóricos são importantes na avaliação do paciente. Os hipertensos sem adesão ao tratamento medicamentoso chegam a 40 % desses casos por diversas razões, como o custo da medicação, informação inadequada do paciente, uso de mais de uma droga, efeitos adversos, cronicidade da doença e ausência de sintomas específicos. As classes sociais menos favorecidas são responsáveis pela maior demanda de hipertensos nos serviços de urgência. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 11 Hemorragias As hemorragias são condições de emergência em que há perda de sangue para o meio externo ao vaso sanguíneo. Ela pode ser interna ao corpo humano, quando fica restrita aos órgãos e aos vasos sanguíneos que o vascularizam. E poder ser uma hemorragia externa, quando o sangue é visualizado fora do corpo por meio de uma lesão cortante ou da comunicação de um órgão com o meio externo (ex.: estômago, traqueia). Além dessa classificação, as hemorragias são ainda diferenciadas conforme o tipo de vaso sanguíneo. Existem as hemorragias venosas, quando o sangramento é proveniente de veias, e hemorragia arterial, quando vazão de sangue é proveniente de artérias. A intensidade e as características dos sangramentos são também diferentes, conforme o seguinte quadro: EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 12 Asma A asma é uma afecção respiratória permanente, que ataca as vias aéreas e é manifestada por uma reação exacerbada e edematosa das vias aéreas. Embora crônica, não é instalada, ou seja, manifesta-se de vez em quando por meio de crises asmáticas (conforme o ambiente e os fatores predisponentes) e atinge igualmente homens e mulheres. O tratamento da asma é muito demorado e, em geral, tem pouca adesão do doente. A pessoa apresenta edema de via aérea, produção excessiva de muco e deposição de colágeno (produto do metabolismo do sistema imunológico). No tecido respiratório, é pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes, ou seja, o colágeno se deposita na membrana basal, dificultando a passagem do líquido intracelular, causando edema de via aérea. É preciso reduzir esse edema de alguma forma, pois, com o colágeno, a membrana fica mais rígida, causando maior dificuldade na transferência de líquido, o que diminui a osmolaridade (a permeabilidade da célula) e ocasiona coleção de líquido dentro da célula e, também, fora dela. Além disso, ocorre acúmulo de macrófagos e mastócitos para fazer fagocitose, e o produto da fagocitose eleva a infiltração de eosinófilos e neutrófilos. O brônquio, para compensar o edema, aumenta de tamanho e coloca a secreção para fora. Essa secreção, se estagnada, causa infecção. O início da crise asmática se dá por qualquer agente que produza irritação, como, por exemplo, a poeira, que, em cascata, produz irritação da mucosa e deposição de colágeno. Como uma resposta imunológica com células de defesa, o brônquio aumenta de tamanho e expele mais secreção para fora. O resultado do metabolismo da resposta inflamatória é a hipertrofia do brônquio, e o aumento da secreção é uma reação imunológica para expelir o organismo agressor ou a substância que desencadeou essa resposta. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 13 Os sinais e sintomas apresentados pela pessoa, que podem ser observados em sua avaliação, são: dispneia, sibilos expiratórios (provocados pelo estreitamento do brônquio, obrigando a pessoa a fazer força para colocar o ar para fora), tosse, entre outros. Fatores desencadeantes da asma Além de saber quais sintomas as pessoas apresentam quando estão em crise, é preciso conhecer também o que os provoca. Diante disso, listamos alguns fatores desencadeantes da asma: • Refluxo gastroesofágico; • Doenças respiratórias infecciosas e inflamatórias; • Contato com fumantes (a fumaça é irritativa e diminui a competência dos pulmões); • Aumento de partículas de ozônio e óxidos sulfídrico e nítrico, causado pela poluição; • Exercício físico, devido ao ressecamento de via aérea. Assim como outras doenças, se a asma não for rapidamente tratada pode gerar complicações para todo o corpo, tais como a hipercapnia caracterizada pelo aumento da concentração de CO2, exaustão pelo esforço respiratório, Neste caso, pode ser necessária intubação para poupá-lo do esforço respiratório e evitar uma acidose respiratória pelo aumento de CO2. A pessoa nesta condição está em geral torporosa, muito cansado e o nível de consciência já está deprimindo. Em outras situações em que a pessoa tem dificuldade respiratória, porém não apresenta sinais de cansaço pode-se usar CPAP traduzido do inglês como pressão positiva contínua nas vias aéreas. A pessoa pode ainda ter agravada a concentração de oxigênio na corrente sanguínea e apresentar hipóxia por dificuldade de hematose. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 14 Asma tratamento O tratamento para a asma baseia-se em medicamentos que buscam atenuar os sintomas e corrigir as consequências da crise asmática. Abaixo, listamos algumas desses drogas que são comumente utilizadas em emergências. • Beta-adrenérgicos (ipratrópio e fenoterol): faz broncodilatação imediata; • Anticolinérgico (epinefrina): é a adrenalina subcutânea para broncodilatar e tirar da situação de hipoxemia; • Corticóide (hidrocortisona e metilpredinisolona): hormônio com ação broncodilatadora. São aplicados diretamente na corrente sanguínea e possuem dois tipos de ação: rápida com efeito curto, ou lenta com efeito prolongado. A escolha depende da condição da pessoa ao chegar à emergência e de quanto tempo a pessoa está em crise; • Metilxantinas (aminofilina): pouca ação durante a crise, mas com efeito duradouro na redução do broncoespasmo. Suporte básico de vida O suporte básico de vida é uma série de ações realizadas por uma pessoa que presencia um mal súbito em que a perda da consciência é o primeiro sinal de destaque. Essa sequência foi determinada há muito anos e passa por revisões periódicas em consenso com grandes estudos ao redor do mundo. O suporte básico de vida é representado pelas três primeiras letras do alfabeto, mas que tem um significado único no que diz respeito a atendimento de emergência. Compressões Airway (via Aerea) Breathing (Ventilação) EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 15 A letras, traduzidas do inglês, são: “A”, como vias aéreas; “B”, como ventilação; e “C”, como circulação. Aquele que socorre precisa saber que cada etapa é muito importante para a sobrevida da vítima de mal súbito. O funcionamento do suporte básico de vida A última atualização do protocolo de reanimação cardiopulmonar básica ocorreu em 2010e faz uma ressalva de que a compressão torácica deva ser iniciada mesmo que não se disponha de métodos adequados de ventilação. Nessa situação, as compressões, ao invés de obedecerem à relação de 30 compressões para duas ventilações, deverão ocorrer em 2 minutos ininterruptamente, com frequência maior que 100 por minuto. Com a ajuda que foi solicitada anteriormente, espera-se que haja um desfibrilador automático ou semiautomático para que seja avaliado o ritmo, e o choque seja efetuado. O ritmo mais comum (85 % dos casos) é a fibrilação ventricular. Quanto antes for exercida a compressão torácica e o choque, menor o risco de lesão cerebral irreversível e de assistolia para o paciente. Fundamentalmente, o atendimento consiste no restabelecimento neurológico, cardiológico e pulmonar da pessoa que tem uma parada cardiorrespiratória. Para se iniciar o atendimento é preciso: 1 – Determinar o nível de consciência da vítima e chamada por ajuda caso ela não responda. 2 - Manter a permeabilidade das vias aéreas com a hiperextensão do pescoço e se não for presenciada a inconsciência com a proteção da coluna cervical elevando-se apenas a mandíbula e a observação da dinâmica torácica (respiração). EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 16 3 - Ventilar artificialmente a pessoa com métodos de barreira caso a respiração espontânea não esteja presente ou a freqüência seja reduzida (respiração de resgate <8 irpm) com duas ventilações. 4 - Avaliar se o paciente possui pulso carotídeo e não outro qualquer. Isto por que caso a pressão sistólica for baixa, a perfusão cerebral é mantida mesmo com um pulso fraco e lento nesta região. Se não for palpado qualquer pulso em 10 segundos, iniciam-se as compressões torácicas com ritmo acelerado e com 5 ciclos de compressões torácicas e ventilações (30:2). As compressões devem deprimir o tórax para que estes junto com a coluna possam exercer pressão sobre o coração e haja bombeamento do sangue. Interrupções nas compressões antes do término dos cinco ciclos são contraindicadas por reduzirem a pressão em válvula aórtica e consequentemente o débito cardíaco. A colocação do desfibrilador não deve interromper a compressão torácica e mesmo tendo sido deflagrado o choque, novo ciclo de compressões deve ser iniciado e completado para se checar o pulso e verificar se a pessoa retornou ao ritmo espontâneo. Com chegada da equipe de saúde especializada no atendimento às emergências serão instituídas medidas para a manutenção qualitativa da vida do paciente. A primeira delas é a intubação orotraqueal e concomitante acesso venoso. Neste acesso venoso serão infundidas drogas (adrenalina), além da reposição volêmica para o paciente. Uma vez feito isso novas avaliações são necessárias como exames de imagem para confirmar ou descartar hipóteses assim como, exames laboratoriais. Dor torácica Na admissão do paciente na sala de emergência, são solicitados exames para o rápido diagnóstico ou avaliação do dano já causado pelo sofrimento do miocárdico. Entre eles, está o eletrocardiograma, que não é definidor, isoladamente, para o diagnóstico de infarto. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 17 Como dito anteriormente, esse exame deve ser realizado na admissão e, pelo menos, a cada quatro horas de intervalo em três séries. Isso porque o eletrocardiograma pode se manter inalterado nas primeiras 12 horas a partir da ocorrência da dor anginosa. Em relação a exames laboratoriais, como os marcadores de necrose miocárdica, que são importantes para a concreta definição do quadro de infarto do miocárdio. As creatinoquinases permitem a avaliação da injúria causada pela redução do fluxo sanguíneo (isquemia) ao músculo cardíaco. Assim como o eletrocardiograma, a alteração pode aparecer de imediato ou elevar-se com o tempo. A troponina deve ser colhida no caso de o paciente ter apresentado dor a quatro horas antes da admissão na emergência ou na segunda coleta da curva enzimática (marcadores cardíacos). É fundamental que se investigue o uso de medicamentos por via intramuscular e atividade física prévia. Outros exames diagnósticos podem ser efetuados em caráter de urgência se houver alteração eletrocardiográfica com menos de 12 horas do evento de dor. O cateterismo cardíaco avalia o estado das coronárias obstruídas quanto à percentual obstruído e ramo arterial afetado. Os medicamentos que serão utilizados no atendimento ao paciente com dor torácica visam o restabelecimento do fluxo sanguíneo à coronária e previnem os danos que podem ocorrer referente ao período em que o músculo ficou desprovido de oxigenação. São eles: Nitratos – medicamento utilizado por via sublingual com o objetivo de dilatar as artérias coronárias. Pode ser utilizado até o máximo de 15 mg em três doses. -bloqueadores – procura reduzir a carga de trabalho miocárdio e as demandas por oxigênio. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 18 Antiplaquetários - reduzem o risco da oclusão e da agregação de plaquetas ao trombo que obstrui a artéria. Oxigênio – aumentar a oferta na corrente sanguínea Nitroglicerina – quando administrada por via endovenosa, atua dilatando as artérias coronarianas e as veias (venodilatação). Com isso, além de aumentar o fluxo sanguíneo na artéria também reduz a pré-carga e, por conseguinte o trabalho cardíaco. Atenção aos valores sistólicos e a frequência cardíaca. Morfina – alívio da dor, porém, com reflexos simpáticos. Heparina – ativação do plasminogênio aumentando as chances de permeabilidade arterial. Após a realização de todos estes exames na sala de emergência é possível que a pessoa siga três caminhos diferentes. O primeiro é o tratamento clínico com a dosagem regular de marcadores cardíacos e o uso de medicamentos que melhoram a circulação sanguínea. O segundo caminho é a realização de cateterismo cardíaco em que por imagens radiológicas observa-se a localização da obstrução na artéria e se indicado faz-se uma intervenção para que seja desobstruída a artéria e a colocação de uma prótese (stent) e assim, manter as permeabilidade do fluxo sanguíneo. A terceira hipótese é a de que a pessoa precise fazer uma intervenção cirúrgica com a colocação de pontes desviando o fluxo sanguíneo na artéria comprometida pela obstrução. Crise hipertensiva Um dos motivos mais frequentes de admissão de pacientes hipertensos nos serviços de emergência é a elevação súbita da pressão arterial, e é, geralmente, quando a doença é descoberta. Durante a admissão do paciente na emergência ou na unidade de atendimento, deve-se: • Obter a história do paciente; • Realizar exame físico; • Aferir a pressão em ambos os braços; EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 19 • Monitorar a pressão arterial, obtendo o controle de forma gradativa e segura; • Avaliar a intensidade e frequência de sinais e sintomas que caracterizem o quadro como emergência hipertensiva; • Administrar drogas por vias parenteral e oral; • Executar o tratamento. O tratamento para as crises hipertensivas é baseado na administração de medicamentos anti-hipertensivos, tais como os inibidores da E.C.A. por via oral, mas também pode ser feito com o uso de vasodilatadores potentes, como o nitroprussiato de sódio por via endovenosa e controle de infusão por bombeamento. Hemorragias internas Para o tratamento das hemorragias internas, o paciente deverá passar por procedimento cirúrgico para que os vasos lesionados sejam rafiados pelo cirurgião e, então, cesse o sangramento. Até que tal procedimento seja efetuado, o enfermeiro deverá avaliar e mensurar sinais vitais, principalmente aqueles relacionados à pressão arterial e à frequência cardíaca. A oxigenioterapia é indicada para suplementar a perda desse gás presente no sangue, que é perdido com o sangramento. Nos casosde hemorragias externas, o procedimento imediato deverá ser a contenção do sangramento com gazes e a realização de curativos compressivos até que a rafia da pele e, até mesmo, do vaso, se necessária, seja realizada pelo médico cirurgião. Atividade proposta 01 Conforme estabelecido no atendimento à pessoa com dor torácica, o reconhecimento precoce dos sintomas aumentam as chances de sobrevida. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 20 Chave de resposta: Como é possível reconhecer precocemente os sintomas da dor torácica coronariana, o aluno poderá responder que, a partir da definição clara dos sintomas apresentados pela pessoa, que caracterizam a dor torácica típica, é possível determinar o desenvolvimento do evento coronariano e a abordagem precisa ao caso. Atividade proposta 02 Os envenenamentos são práticas comuns entre pessoas com distúrbios de ordem psíquica e emocional. Essas ações geram afastamentos do ambiente de trabalho e risco ao desenvolvimento das atividades laborais e do contato com outras pessoas. De que maneira o enfermeiro do trabalho deve conduzir esses casos de alteração psíquica no ambiente de trabalho? Chave de resposta: O aluno deverá expor que, ao atender ou identificar alguém com alteração de ordem psíquica, o enfermeiro deve encaminhar esta pessoa para tratamento adequado e afastá-la da atividade que exerce, principalmente se esta função causar risco direto ao trabalhador. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 21 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da unidade de emergência/Hospital São Rafael: Monte tabor. Ministério da Saúde. 10ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O. Enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu, 2013. FORTES, J. I. Enfermagem em emergências. São Paulo: EPU, 2008. NASI, L. A. Rotinas em pronto-socorro. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 22 Exercícios de fixação Questão 1 Um dos sintomas clássicos que caracterizam a dor torácica de origem coronariana é: a) A dor em pontada no hemitórax direito. b) A dor em fisgada no hemitórax esquerdo. c) A dor opressiva em hemitórax direito. d) A dor opressiva em hemitórax esquerdo. e) A dor em fisgada em hemitórax esquerdo. Questão 2 De que maneira os nitratos atuam no tratamento da dor torácica coronoariana? a) Dilatando as artérias. b) Reduzindo a carga de trabalho miocárdio e as demandas por oxigênio. c) Reduzindo o risco da oclusão e da agregação de plaquetas ao trombo que obstrui a artéria. d) Alíviando da dor, porém, com reflexos simpáticos. e) Dissolvendo os coágulos para restabelecer o fluxo sanguíneo. Questão 3 Os sintomas que definem a crise hipertensiva como uma emergência hipertensiva são: a) Cefaleia e vômito. b) Cefaleia e tontura. c) Cefaleia e dor abdominal. d) Cefaleia e diarreia. e) Cefaleia e mioclonia. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 23 Questão 4 De que maneira reage o brônquio diante de uma condição de irritabilidade exógena inflamatória? a) Com tosse secretiva. b) Com a contração de seus músculos e tosse secretiva. c) Com o aumento da frequência cardíaca e tosse secretiva. d) Com a hiperinsuflação pulmonar e contração de seus músculos. e) Com a tosse secretiva e edema. Questão 5 O suporte básico de vida é uma cadeia de atitudes tomadas pelos socorristas para que a pessoa com um mal súbito seja atendida de maneira rápida e eficiente. Com isso, ela é preconizada em uma sequência representada por qual conjunto de letras? a) ABC b) CAB c) BCA d) CBA e) BAC Questão 6 O suporte básico de vida sofreu modificações no ano de 2010. Dentre elas, está a sequência de atendimento quanto às ventilações e compressões torácicas. Diante disso, assinale abaixo a alternativa que corresponde ao preconizado pela Associação Americana do Coração como a relação correta entre ventilações e compressões torácicas. a) 15:2 com dispositivo de barreira b) 2:15 com dispositivo de barreira EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 24 c) 2:30 com dispositivo de barreira d) 30:2 com dispositivo de barreira e) 30:15 com dispositivo de barreira Questão 7 Como deve ser posicionado no leito um paciente que apresenta ruídos respiratórios adventícios e que tem histórico recente de infecção pulmonar e asma? a) Em fowler b) Em posição supina c) Em posição sentada d) Em posição de ancoragem e) Em posição lateral sentado Questão 8 As hemorragias podem ser classificadas quanto ao tipo de vaso comprometido. Nesse sentido, algumas diferenças são identificadas quanto a este sangramento. No caso de hemorragias arteriais, como o sangue é evidenciado? a) Em jato e escuro. b) Em jato e claro. c) Derramando sobre a pele e claro. d) Derramando sobre a pele e escuro. e) Enegrecido e com pontas escuras sobre a lesão. Questão 9 Em pacientes que sofrem intoxicação ou envenenamento, a sondagem nasogástrica serve para que resíduos/substâncias do veneno fiquem em contato EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 25 com a mucosa gástrica por um tempo menor. Sendo assim, a técnica de sondagem nasogástrica é contraindicada quando: a) O paciente está inconsciente para que não broncoaspire. b) Quando o paciente está acordado para que não retire. c) Quando a substância é alcalina. d) Quando a substância é cáustica. e) Quando a substância é desconhecida. Questão 10 Na condução do paciente com dor torácica, o enfermeiro tem a autonomia para realizar um eletrocardiograma até que o médico trace uma conduta para o tratamento dele. Dessa forma, o que o enfermeiro deve fazer antes de iniciar os procedimentos de atendimento do paciente com vistas a trazer segurança e minimizar os efeitos da isquemia cardíaca? a) Colocá-lo em repouso e aguardar. b) Administrar medicamentos que são padronizados para esse tratamento. c) Realizar um exame de sangue antecipando o pedido médico, já que se trata de rotina. d) Posicionar o paciente confortavelmente com oxigênio sob máscara. e) Posicionar o paciente à frente da fila de atendimento, priorizando sua consulta m EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 26 Questão 1 - D Justificativa: Dentre as queixas apresentadas pelos pacientes, a dor opressiva em hemitórax esquerdo é a caracterização definida pela Associação Americana do Coração como aquela que representa a isquemia do músculo cardíaco. Questão 2 - A Justificativa: Os nitratos são substâncias vasodilatadoras coronarianas, que, além de favorecerem a circulação sanguínea, também reduzem a pré-carga circulatória. No entanto, não podem ser administrados se a PAS estiver abaixo de 100 m.m.hg. Questão 3 - A Justificativa: Dentre todos esses sintomas, a associação da cefaleia com vômito refere-se ao aumento da pressão intracraniana, que sugere redução do fluxo sanguíneo para o cérebro e possibilidade de áreas isquêmicas. Questão 4 - B Justificativa: Ao ser invadido por algum tipo de alergênico, o trato respiratório procura expulsar aquilo que o está irritando e, com isso, contrai os músculos brônquicos, impedindo a progressão do invasor e forçando a tosse para que ele seja expelido. Questão 5 - C Justificativa: As compressões cardíacas não devem ser retardadas quando a pessoa não responde ao comando verbal ou quando não mexe o tórax. Assim a letra “C”, referente à compressão, seguida da letra “B”, de ventilação (breathing, em inglês), e a letra “A”, de via aérea, formam a sequência preconizada pela Associação Americana do Coração. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 27 Questão 6 - C Justificativa: Nesta questão, há um detalhe: ela propõe que as ventilações ocorram antes da compressão torácica; por isso, a relação inverte-se.Questão 7 - E Justificativa: A vantagem de posicionar o paciente sentado no leito em posição lateral permite aumentar não somente a ventilação pulmonar do paciente, como dá segurança a ele, minimizando o risco de quedas. Uma terceira vantagem é a redução do trabalho cardíaco em caso de congestão pulmonar. Questão 8 - B Justificativa: Em virtude de ser um sangue oxigenado, a sua coloração apresenta-se vermelho-claro e, por estar em uma artéria em que este sangue circula sobre pressão, ele é evidenciado em jato. Questão 9 - D Justificativa: A sondagem nasogástrica é contraindicada quando a substância ingerida é cáustica, visto que pode agravar a lesão provocada pela ingestão e, também, pelo trauma da própria sonda introduzida no esôfago, ação que causa fístulas. Questão 10 - D Justificativa: O posicionamento no leito, reduzindo o trabalho cardíaco, e a suplantação de oxigênio garantem um atendimento competente e adequado. No entanto, nada impede que o médico seja alertado sobre a urgência do atendimento caso o paciente apresente, além da dor, uma frequência cardíaca anormal. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 28 Introdução Nesta aula vamos ver como deve ser feito o atendimento a uma pessoa que foi vítima de um acidente por queda, acidente de trânsito ou ainda pelo trauma de uma estrutura sobre o corpo. Discutiremos em breves palavras quais conceitos da física estão relacionadas a esses eventos. Apresentaremos ainda as regras internacionais utilizadas para o atendimento ao paciente politraumatizado de maneira segura para a pessoa acometida pelo trauma. Descreveremos as técnicas usadas na imobilização da região cervical, como se faz uma ventilação artificial utilizando equipamentos específicos para este fim e também como é feito o exame físico do politraumatizado. Objetivo: 1. Apresentar os sinais e sintomas de diferentes situações que podem ocorrer em ambientes de trabalho com um politraumatizado; 2. Explicar as técnicas utilizadas para o atendimento de emergência ao politraumatizado. Conteúdo O trauma O trauma pode ser entendido de diversas maneiras. Se formos procurar seu significado em um dicionário da língua portuguesa veremos que pode significar uma condição psicológica por uma experiência negativa, como a morte de um animal de estimação, ou também o choque entre duas estruturas, tais como a cabeça que bate contra a bola ou uma parede. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 29 Nestes exemplos a palavra trauma está associada a uma circunstância em que a partir de um evento qualquer, seja ele emocional ou físico, ficou uma lembrança ou uma experiência negativa sobre algo. O trauma e as leis da física Quando falarmos em trauma nesta aula, estaremos nos referindo a uma situação em que houve a transferência de energia entre dois corpos ou dois sistemas, mesmo que eles não tenham entrado em contato um com o outro. O trauma é estudado a partir de leis da física que buscam explicar a dinâmica das lesões. A primeira lei que vamos estudar é lei da inércia. Essa lei é bastante interessante, pois todas as vezes em que estamos no ônibus, por exemplo, ela acontece sem que percebamos. Já percebeu que todas as vezes que o ônibus sai do ponto acelerando para frente, o seu corpo é projetado para trás? Já? Então você percebeu que está acontecendo uma transferência de energia entre o solo e você, ou seja, o ônibus e você, quando estão parados no ponto. Quando o ônibus começa a acelerar, o seu corpo ainda está parado e só depois de um tempo é que você começa a acelerar e ter a mesma velocidade do ônibus, do mesmo jeito que tinha quando o ônibus estava no ponto. Já a segunda lei que contribui para a ocorrência de lesões decorrente do trauma é a lei de aceleração das massas. Neste caso ela se aplica quando os objetos estão sofrendo aceleração. Essa aceleração faz o impacto de um objeto sobre o outro produzir lesões que serão proporcionais à velocidade desse objeto, ou seja, mesmo que um objeto seja leve, quando está acelerado o impacto dele sobre outra estrutura pode produzir grandes estragos. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 30 A próxima lei que está envolvida nas lesões produzidas pelo trauma é a lei de ação e reação. Essa lei diz que quando uma força age sobre um corpo, esse corpo devolve a mesma força em intensidade e em sentido contrário. Essa lei é mais fácil de entender. Um carro colide contra um poste e carro fica amassado, significa dizer que a força devolvida pelo poste e fez o carro amassar é maior do que a intensidade que o ferro do carro pode resistir. E por fim, as duas outras leis que contribuem ocorrência de lesões traumáticas são a lei de conservação de energia, à qual diz que na natureza energia não se perde, não se cria, mas se transforma. E a energia cinética, que é a energia relacionada com o estado de movimento de um corpo. Portanto, todos os corpos em movimento geram energia entre si. Atenção Sobre o que se pode aprender sobre o trauma, ainda, é que a repercussão que a ação dessas leis da física tem sobre a pessoa que sofre um acidente é sistêmica, ou seja, ocorre em todo o corpo e não apenas na região do corpo em que houve o choque. A energia é transferida por propagação. Diferentes tipos de trauma Embora tenhamos dito que o trauma tem uma repercussão sistêmica, para falar dos diferentes tipos de trauma precisaremos dividi-los conforme os sistemas. Mas, em hipótese nenhuma quer dizer que, uma vez ocorrido o trauma, diferentes regiões do corpo e diferentes órgãos não possam sofrer consequências. Veja a seguir: Trauma cranioencefálico: é a condição em que o cérebro colide contra o crânio e o paciente pode sofrer sérias consequências para sua condição de EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 31 saúde. A primeira condição alterada é o nível de consciência, ou seja, o paciente pode ficar confuso, não falar corretamente, aparentar lentidão do pensamento, entre outros sintomas. Neste caso uma breve observação da pessoa que sofreu uma queda e bateu coma cabeça bastaria para que pudesse ser levada ao hospital com segurança e com calma. Já na situação de a cabeça bater com maior intensidade ou quando há um golpe muito severo como um chicote em que a cabeça é jogada para trás e para frente tal como na foto abaixo. A pessoa pode sofrer m séria lesão que provocará um sangramento interno na cabeça e assim agravar a condição da pessoa. Quanto ao nível de consciência este será sempre avaliado com uma escala chamada Escala de Coma de Glasgow que busca identificar três principais elementos desta avaliação do nível de consciência e da função do cérebro. São elas a abertura ocular, a resposta verbal do paciente e a resposta motora. É possível ainda que associado ao trauma crânio encefálico o paciente apresente um trauma na face. Esta situação traz à necessidade de se avaliar mais criteriosamente o uso de sonda nasogástricas ou de se fazer a aspiração da via aérea com sondas flexíveis. Isso por que há a possibilidade de que com o trauma da face, ossos importantes que dividem o crânio e a face sejam fraturados abrindo uma fenda e permitindo a passagem desta sonda para o cérebro no momento da introdução delas no nariz. A esta caso chamamos de encefalização e é uma condição grave e de risco para o paciente. Nos casos de suspeita de fratura ou de fratura de ossos da face confirmados não se deve introduzir nenhum tipo sonda através das narinas. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 32 Trauma raquimedular: neste tipo de trauma a coluna vertebral é que é lesionada. Desta forma, o funcionamento de órgão e o movimento dos braços e pernas podem ficar comprometidos se a coluna, por qualquer razão, for lesionada. Dentro dos ossos que formam a coluna vertebral existe uma espécie de canal poronde passa a medula espinhal, e é ela que transmite ao corpo todo as informações mandadas pelo cérebro para executarmos os movimentos e o restante do funcionamento dos diferentes órgãos. Se não existir a transmissão dessa informação não realizamos nenhuma das tarefas do dia a dia, como andar, comer entre, outras atividades. Atenção A lesão na medula decorrente do trauma pode ocorrer de duas maneiras: lesão medular incompleta ou lesão medular completa: • Lesão medular incompleta - nesta situação o trauma produziu uma lesão sobre a medula espinhal, porém, a pessoa ainda guarda algum movimento dos braços ou pernas. • Lesão medular completa - neste caso a lesão é completa, ou seja, a medula espinhal se rompeu e a pessoa não mais consegue realizar movimentos com os braços e pernas, além de outras funções dos órgãos ficarem comprometidas. Trauma torácico: é uma das consequências mais graves quando a pessoa sofre um trauma. No tórax estão localizados órgãos importantes como o pulmão, responsável pela respiração, e o coração responsável pelo bombeamento do sangue. Devido à importância destes dois órgãos o risco de morte é maior quando um deles ou ambos são atingidos. Dividiremos, conforme os órgãos, os tipos de lesões mais graves. No pulmão as lesões podem ser o pneumotórax, o hemotórax, a contusão torácica, e no coração pode ocorrer a contusão cardíaca. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 33 Atenção • Pneumotórax – por definição, significa o acúmulo de ar dentro do tórax. O ar deveria ficar apenas dentro dos pulmões, mas devido ao trauma tem a sua estrutura rompida e o ar acaba sendo coletado no tórax. • Hemotórax – significa que o trauma provocou uma lesão que sangrou e esse sangue ficou coletado também no tórax. • Contusão torácica – nesta situação o trauma sobre o tórax foi tão intenso que a parede do tórax pressionou o pulmão e fez uma lesão sobre o tecido deste. Com o tempo e a evolução do paciente essa lesão pode produzir redução da capacidade do pulmão de trocar o oxigênio (gás que respiramos) pelo gás carbônico (gás que colocamos para fora ao final da respiração), ou seja, fazer a hematose. • Contusão cardíaca - Essa situação é semelhante à contusão torácica, pois a intensidade do trauma faz com que a parede do tórax pressione o coração. Podem ocorrer dois problemas: o tamponamento cardíaco e a arritmia cardíaca. Trauma abdominal: assim como o trauma de tórax tem um risco de morte elevado e por isso merece bastante atenção quando na história do trauma houver indício de que ele sofre um trauma. Na avaliação inicial do paciente é importante levar em consideração os sinais e os sintomas que ele apresenta. Esses sinais e sintomas podem levar a suspeita de que haja uma hemorragia dentro do abdômen e isso significa uma condição de gravidade e risco de morte. O sinal, frequentemente identificado nos paciente que tem sangramento dentro do abdômen, é a rigidez da barriga ao toque e distensão abdominal e o sintoma é de dor quando o abdômen é palpado. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 34 Traumas musculoesqueléticos: são aqueles que acometem a musculatura dos membros superiores e inferiores. Podem provocar desde fraturas nos ossos até a separação entre as partes do corpo. As lesões são classificadas em incompletas, quando não lesionam completamente o músculo ou o osso, e completas, quando os rompem totalmente. A segunda classificação das lesões músculoesqueléticas ocorre quando parte do osso fraturado é exteriorizado, sendo denominada de fratura exposta, ou seja, ele fica para fora do corpo da pessoa. Caso não haja a perfuração da pele pelo osso a fratura é considerada interna. Existe ainda possibilidade de amputação traumática quando o membro que sofre o trauma é separado do restante do corpo, quando a transferência de energia do trauma é muito intensa. Análise dos diferentes tipos de traumas Os diferentes tipos de trauma apresentam sintomas que são correlatos, pois a dinâmica do trauma não é localizada e sim, sistêmica. Portanto, mesmo que um paciente tenha o trauma localizado pode haver repercussões em outros sistemas e a avaliação precisar ser global independente do efeito observado de imediato. Veja: Trauma cranioencefálico No trauma cranioencefálico a Letra A é avaliada conforme o nível de consciência da vítima. Em geral a permeabilidade das vias aéreas em traumas cranioencefálicos importantes geram a queda da língua e por isso a obstrução das vias aéreas. A Letra B é tratada conforme o que há na permeabilidade das vias aéreas. Se o paciente estiver com uma respiração ruidosa ele será entubado para que a respiração artificial seja instituída. Na sequência, a Letra C se refere à circulação sanguínea, o sangramento precisará ser tratado, mas até lá o paciente precisará receber oxigênio em uma EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 35 máscara e ter sua via aérea protegida para evitar ficar sem respirar adequadamente. Atenção A cabeça deverá ser imobilizada com a prancha longa e o colar cervical e o contentor lateral de cabeça. Para atender a Letra D, o paciente que foi inicialmente avaliado primariamente com a regra AVDI (Alerta – responde a estímulo Verbal – responde a estímulo Doloroso e Irresponsivo) é agora avaliado com a escala de coma de Glasgow por completo. Já na letra E o politraumatizado terá o couro cabeludo tricotomizado ou exposto em caso de curativos compressivos para que se evidencie outras lesões existentes. O paciente poderá receber medicamentos que reduzem a pressão que o sangramento faz na cabeça, chamados diuréticos osmóticos. Além disso, precisará ser mantido em observação rigorosa de seus sinais vitais para assim ser conduzido com segurança. Trauma raquimedular No atendimento inicial e até se confirmar a existência ou inexistência de uma fratura na coluna vertebral ou na medula espinhal o paciente deverá ser mantido imobilizado com a prancha longa, o colar cervical e o contentor lateral de cabeça. O tratamento médico para os casos de trauma raquimedular, além da imobilização, inclui o uso de medicamentos que contribuem para a redução do inchaço (edema) do canal medular, chamados corticoides (dexametasona). Esses medicamentos são administrados no paciente pela veia e o volume da administração deverá ser controlado. Em alguns casos é necessário um procedimento cirúrgico para a fixação do pescoço da pessoa que sofre um trauma desse tipo e a recuperação é lenta e gradativa. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 36 Trauma de tórax Nos casos de Pneumotórax e hemotórax é necessário a drenagem tanto do ar quanto do sangue que irão sair por esse dreno para que o pulmão volte a expandir e a respiração seja normalizada. Aqui o enfermeiro, além de separar o material estéril para ao procedimento, auxilia o médico durante a inserção do tubo no tórax e também mensurando o débito de líquido coletado no dreno de tórax em selo d’água. Trauma abdominal Quando existe a suspeita do sangramento pelo fato desses sintomas aparecerem o paciente precisa realizar uma tomografia abdominal que revelará ou não a presença de sangue. Outro exame que pode ser feito é a ultrassonografia, que também permite identificar líquidos anormais dentro do abdômen. Uma vez detectado o sangue, o paciente obrigatoriamente é submetido à procedimento cirúrgico para a contenção do sangramento ou em alguns casos a retirada de algum órgão abdominal muito danificado pela lesão traumática. Trauma músculo esquelético Os pacientes que sofrem fraturas nos ossos e articulações decorrentes da liberação de energia do trauma precisam ser imobilizados com talas específicas para essa ação, pois mantêm o alinhamento ósseo e preservam a circulação sanguínea e a função motora do segmento. Após a realização e uma radiografiao paciente pode ser submetido à imobilização plena com calha gessada ou outros dispositivos também feitos com gesso, mas em decorrência da lesão poderão, antes disso, serem submetidos à ato cirúrgico para fiação das partes fraturadas, principalmente se ocorrerem fraturas em diferentes pontos de um mesmo segmento ósseo, as fraturas múltiplas. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 37 Atividade proposta 01 Diante da repercussão que o trauma traz à sociedade, como essa doença pode interferir na dinâmica de trabalho de uma empresa de transporte? Chave de resposta: Você deverá apresentar as implicações do afastamento do profissional de transporte para a sustentabilidade do negócio. Precisará abordar aspectos econômicos, de reabilitação e de funcionalidade da empresa em virtude do afastamento por acidentes de trânsito. Reposição volêmica Esta é uma ação inerente a qualquer evento traumático. O paciente tem dois acessos venosos puncionados bilateralmente e com dispositivos calibrosos para que seja realizada a reposição volêmica, principalmente nos casos em que a perda de sangue é significativa. Para esses casos inicia-se a infusão de solução cristaloide obedecendo ao critério de determinar o volume correspondente à proporcionalidade de 20 ml para da cada kg da pessoa. Essa infusão é feita em duas etapas de igual volume, porém com velocidades de infusão relacionadas aos parâmetros fisiológicos de pressão arterial e saturação de oxigênio circulante. Concomitante a isso, pode-se infundir outra solução denominada coloide, que mantém o líquido dentro do vaso sanguíneo. Assim que possível a reposição de volume deve ser iniciada com concentrado de hemácias preferencialmente do tipo sanguíneo da vítima. A cada momento é importante a investigação de lesões adicionais para que se identifique sangramentos não observados na avaliação inicial. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 38 Atividade proposta 02 O traumatismo raquimedular pode deixar sequelas irreversíveis. Como isso afeta o profissional em início de carreira? Chave de resposta: Você deverá ter descrito de que forma o trauma afeta o profissional e entendido que é possível realocar esse profissional nas empresas. Deverá, ainda, ter citado exemplos de atividades relacionadas à formação da pessoa em que ele possa ser realocado e desenvolver sua cidadania e empregabilidade. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 39 Referências CALIL, A.M.; PARANHOS, W.Y. O Enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. ESTRAN, N.V.B. (Coord.); MACHADO, C.S. (Org.) Sala de emergência: emergências clínicas e traumáticas. Porto Alegre: UFRGS, 2003. FERNANDES, Ronald T. P. Protocolo de cuidados contínuos de enfermagem a politraumatizados na sala de emergência: um instrumento para o cuidar/cuidados em enfermagem de emergência. Curitiba: Editora CRV, 2013. 97 p. FERNANDES, Ronald T.P.; FERNANDES, Vladimir C. In: SANTORO, D. C. et al. Cuidados de enfermagem em terapia intensiva – recomendações. Rio de Janeiro: Ed. Águia Dourada.2008. cap. 1. MORTON, Patrícia G.; FONTAINE, Dorrie K. Fundamentos dos cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. 1. ed. Rio de janeiro: GBK, 2014. OMAN, K. et al. Segredos em enfermagem de emergência. Porto Alegre: Artmed, 2003. TASHIRO, M.T.O. Assistência de enfermagem em ortopedia e traumatologia. São Paulo: Atheneu, 2001. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 40 Exercícios de fixação Questão 1 O atendimento ao politraumatizado está restrito àqueles casos em que: I. o indivíduo teve uma das partes do seu corpo em contato com um agente que causou o dano. II. a lesão é primária, secundária ou terciária ao evento causal. III. o evento causal em nada tem haver com as lesões apresentadas pelo paciente. Está correta a alternativa: a) I e II b) I e III c) Apenas a I d) Apenas a II e) Apenas a III Questão 2 Nos traumas abdominais existe a possibilidade de sangramentos de grande vulto, e, por isso, é uma região muito importante de ser avaliada na abordagem inicial ao politraumatizado. Além da dor, que outros sintomas são indicativos de sangramento intra-abdominal? a) Rigidez abdominal e defesa à palpação b) Rigidez abdominal e equimose c) Rigidez abdominal e lesão abrasiva d) Rigidez abdominal e sinal de Murphy positivo e) Rigidez abdominal e Laseg positivo EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 41 Questão 3 Na escala de Coma de Glasgow são avaliados três parâmetros para que seja determinada a condição neurológica do paciente. Entre eles está a melhor resposta ocular apresentada pelo paciente, que quando estimulado ao comando verbal, recebe a seguinte quantidade de pontos: a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 Questão 4 O Pneumotórax é uma condição em que o indivíduo tem ar coletado na cavidade torácica. Entre os sintomas referidos pelo paciente estão: a) Dor torácica e sudorese b) Dor torácica e dispneia c) Dor torácica e sialorreia d) Dor torácica e hiperventilação e) Dor torácica e cefaleia Questão 5 A reposição volêmica serve para manter e corrigir a perfusão sanguínea nos órgãos, em caso de sangramentos de grande vulto. Essa reposição é feita a partir de uma fórmula em que são infundidos em duas etapas 20 ml solução cristaloide multiplicada pelo peso do paciente. Assim, um paciente que tem 100 kg recebe cerca de 2000 ml de solução por via endovenosa. O que pode ocorrer com o paciente se a quantidade de volume for superior ao que foi calculado por negligência de um profissional que não controlou o que já foi infundido no paciente? EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 42 a) Desmaiar devido ao volume excessivo. b) Infartar o coração devido ao volume excessivo. c) Hemoconcentrar o sangue devido ao volume excessivo. d) Hemodiluir o sangue devido ao volume excessivo. Questão 6 Na abordagem ao politraumatizado, o paciente deve ser mobilizado de que maneira para reduzir as chances de uma segunda lesão ao evento causal? a) Pelas pernas b) Em decúbito c) Em bloco d) Em pronação e) Em elevação com os braços sob o paciente Questão 7 Na metodologia do Colégio Americano de Cirurgiões, que preconiza um atendimento hierarquizado e organizado ao trauma, a sequência de letras traduz a facilidade com que se deve seguir esta metodologia. Portanto, o conhecimento de cada uma delas e seus respectivos significados faz diferença na eficiência e agilidade do atendimento. Assim, o significado e a sequência das letras que representam a metodologia tem a seguinte ordem: a) A: permeabilidade de vias aéreas, C: circulação, B: ventilação, D: avaliação neurológica e E: exposição da vítima. b) A: permeabilidade de vias aéreas, E: exposição da vítima, C: circulação, B: ventilação e D: avaliação neurológica. c) A: permeabilidade de vias aéreas, D: avaliação neurológica, E: exposição da vítima, B: ventilação e C: circulação. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 43 d) A: permeabilidade de vias aéreas, C: circulação, D: avaliação neurológica, E: exposição da vítima e B: ventilação. e) A: permeabilidade de vias aéreas, B: ventilação, C: circulação, D: avaliação neurológica, E: exposição da vítima. Questão 8 Os exames realizados no trauma abdominal servem para que a imagem mostre o local e a intensidade do sangramento, mas em situações em que a tomografia ou o ultrassom abdominal é impossível de se realizar, outro método investigativo serve como parâmetro para confirmar a presença de sangue na cavidade abdominal. Que método é este: a) Paracentese b) Toracocentese c) Aminiocentese d) Lavado peritoneal dialítico e) Broncoscopia Questão 9 Os diagnósticos de Enfermagem relacionados a fraturas expostas que devem ser observadospela enfermagem durante o atendimento ao politraumatizado são: a) Dor e isolamento social temporário b) Dor e risco de infecção c) Dor e medo de perda do membro afetado d) Dor e luto antecipatório e) Dor e restrição do seu papel social EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 44 Questão 10 No caso de trauma raquimedular, o paciente experimenta a perda de movimento e da sensibilidade a partir das lesões do canal medular e das vértebras. Essas lesões também podem comprometer o correto funcionamento de outros sistemas pela interrupção da transmissão dos impulsos elétricos através da medula espinhal. Um desses sistemas é o cardiovascular em que podem ocorrer bradicardia sinusais súbitas. No trauma, se o paciente apresentar uma alteração no padrão pressórico, o enfermeiro deve imediatamente suspeitar que esse evento tem como causa: a) Arritmias b) Hipotensão c) Bradisfigmia d) Bloqueios atrioventriculares e) Hemorragias EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 45 Questão 1 - D Justificativa: Nos eventos traumáticos, as lesões decorrentes da transferência de energia podem ocorrer no momento da transferência, após a transferência da energia pela lesão em vasos sanguíneos, por exemplo, e também após, em virtude das consequências destas lesões, tais como infecções e isquemias. Questão 2 - A Justificativa: A rigidez abdominal sugere a coleção de líquido na cavidade abdominal que em virtude do trauma pode ser um sinal de sangramento. A defesa é outra condição que sugere a irritação do peritônio. Questão 3 - C Justificativa: Nessa avaliação o paciente recebe 4 pontos se tem a abertura ocular espontânea, 3 pontos se a resposta for ao comando verbal, 2 pontos se a abertura ocular ocorrer com estímulo de dor e 1 ponto quando não há resposta ocular alguma. Questão 4 - B Justificativa: A dor torácica é um sintoma referido pelo paciente que possui um pneumotórax, mesmo quando o pneumotórax não é causado por trauma. E a dispneia é um reflexo pela condição ventilatória do paciente que fica subitamente reduzida à metade. Questão 5 - D Justificativa: Infusões volumosas podem alterar a relação entre o volume sanguíneo e a quantidade de hemácias circulantes. É importante lembrar que as hemácias são os elementos sanguíneos que carregam a hemoglobina que se liga ao oxigênio para nutrir os tecidos. Se essa proporção estiver em desalinho os tecidos receberão oxigenação menor. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 46 Questão 6 - C Justificativa: A movimentação em bloco impede que as articulações trabalhem e sobrecarreguem partes lesionadas do corpo e mobilize os órgãos internamente. Questão 7 - E Justificativa: A sequência preconizada pelo Colégio Americano de Cirurgiões é a ABCDE, o que confere uma memorização e aplicação ordenada e hierarquizada em que uma etapa só pode ser avançado com o cumprimento e resolução da anterior. Questão 8 - D Justificativa: Embora a paracentese e a aminiocentese sejam procedimentos com realizados com punção abdominal, é o lavado peritoneal dialítico que permite a infusão de certa quantidade de volume na cavidade abdominal para que seja investigado o quantitativo de hemácia no peritônio. Questão 9 - B Justificativa: Embora todos os diagnósticos apresentados possam estar relacionados à uma fratura exposta como evento, no caso do atendimento ao politraumatizado o enfermeiro precisa observar as condições evolutivas da dor do paciente e também os riscos para o desenvolvimento de infecções. Questão 10 - E Justificativa: Todas estas alterações circulatórias são relevantes para o paciente com trauma raquimedular. No entanto, na alteração no padrão pressórico deve ser primeiro investigado se há relação com sangramentos. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 47 Introdução Nesta aula você verá os critérios utilizados para o transporte de pacientes dentro e fora de uma unidade hospitalar. Apresentaremos os materiais usados na imobilização e no transporte propriamente dito de pessoas que se acidentam ou que precisam ser deslocadas dentro do hospital para a realização de exames complementares. Conversaremos também sobre os equipamentos utilizados no transporte de pacientes por meio terrestre, aquático e aéreo e suas características específicas. Embarque neste aula para saber mais sobre o transporte de paciente com segurança. Objetivo: 1. Conhecer os aspectos funcionais e de infraestrutura para o transporte de acidentados em ambientes de trabalho; 2. Analisar os métodos e as técnicas utilizadas no transporte de acidentados. Conteúdo Os materiais usados em transporte Assim como não é possível atender aos pacientes sem profissionais de saúde qualificados e muito bem treinados, não será possível também que o atendimento de emergência seja eficiente e seguro, se não houver os materiais necessários para oferecer tanto ao profissional de saúde que atende quanto ao paciente que é atendido essa eficiência e segurança. Portanto, é preciso que as unidades de atendimento a urgências e emergências sejam equipadas com os materiais de atendimento de qualidade e em quantidade suficiente à demanda dos atendimentos. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 48 Esses equipamentos são diversos em tamanho e em funcionalidade, por isso, separamos para mostrar a você aqueles que são utilizados com maior frequência em cenários de urgência e emergência e também outros que, embora não sejam tão comuns, são importantes serem conhecidos para aprofundar a sua formação. Colar cervical É um instrumento que deve ser utilizado sempre quando há a suspeita de algum problema na coluna,seja esse problema provocado por uma queda, acidentes de caro ou moto, ou ainda provocado por brigas entre duas ou mais pessoas. O colar cervical existe em 4 tamanhos. São eles: • O Infantil, identificado pela sigla “PP” e também por uma tarja de cor branca; • O pequeno(P), que tem uma tarja de cor azul; • O médio (M), que tem uma tarja laranja; • O grande (G), identificado por uma tarja de cor verde. Essas cores são uniformes no mundo inteiro, ou seja, onde quer que você venha a atender um paciente no mundo essas cores serão iguais em relação ao tamanho dos colares. A prancha longa O próximo equipamento usado em atendimentos é a prancha longa para imobilização. Ela é uma prancha feita em compensado naval, que é um tipo de madeira especial, mais resistente e que flutua por algum tempo mesmo com peso sobre ela. Possui orifícios por onde passam fitas para segurar o paciente sobre ela e trilhos para poder escorregar sobre o chão. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 49 Algumas dessas pranchas não são feitas de madeira, mas de fibra de carbono, que são mais resistentes e duram mais tempo. Em sua maioria as pranchas longas de imobilização suportam um peso de 250 a 350 kg. As pranchas longas servem não só para a imobilização dos pacientes, mas também para que sejam transportados. Tem aproximadamente 1,80 m de comprimento e 0,45 m de largura por 0,10 m de altura. Na parte inferior existem trilhos que facilitam o deslizamento da prancha por superfícies e também impedem que as mãos sejam posicionadas incorretamente para o transporte. O paciente é colocado sobre ela com um movimento em bloco de modo a não instabilizar a coluna dorsal. Colete de imobilização dorsal O terceiro equipamento é o colete de imobilização dorsal. Esse equipamento é particularmente especial, pois, além de imobilizar o paciente, ele também permite que se retire a vítima de locais de difícil manejo, como por exemplo, carros, ônibus e outros lugares muito apertados. A técnica usada para retirar uma pessoa de dentro de um carro, por exemplo, chama-se extricação e compreende a imobilização de uma vítima para que ela seja retiradade um lugar do qual não pode ou não deve sair por meios próprios. É um equipamento que envolve o paciente e imobiliza tanto a parte do pescoço quanto das costas e da pelve. Além disso, se for usado ao contrário, de ponta- cabeça, pode também imobilizar as pernas no caso de um osso da perna quebrado. Maca de transporte A maca de atendimento é um equipamento que serve tanto para transportar o paciente dentro de uma ambulância como para fora dela de maneira segura e rápida. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 50 Possui quatro rodas é feita de alumínio, metal que dura bastante e muito resistente. É articulada, ou seja, pode ser abaixada no chão facilitando o posicionamento do paciente sobre ela. Colocada dentro da ambulância, as rodas ficam presas a ela para conduzir o paciente ao hospital. Pode ainda adquirir a posição em que o paciente fique sentado durante o transporte. Precisam de grades para a proteção do paciente contra quedas. Atenção Diferentes tipos de transporte de pacientes O transporte dos pacientes é um momento de grande preocupação. Todo transporte, por mais rápido e planejado que seja, traz risco para o paciente e requer bastante atenção aos detalhes do profissional que o realiza. Os transportes de pacientes podem ser feitos de diversas maneiras. Primeiro vamos falar dos transportes terrestres feitos por ambulâncias, as quais são classificadas em diversos tipos. Você pode encontrar as diferentes classificações na Lei nº GM/MS 2048/2002, assim como os demais tipos de ambulâncias, sejam marítimas ou aéreas. Ambulâncias terrestres As ambulâncias terrestres são equipamentos de transporte que levam os pacientes da cena em que ocorre o sinistro até a unidade hospitalar que fará o atendimento definitivo da vítima. 1 - Em seu interior é preciso que haja um dispositivo, chamado inversor, que permite que as baterias dos equipamentos sejam mantidas com carga e possam funcionar durante a transferência no interior das unidades de saúde. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 51 2 - Dentro delas existem os equipamentos necessários à manutenção da vida da pessoa que passa por uma situação de urgência e emergência. Entre os equipamentos estão a maca, que já mencionamos anteriormente, assim como a prancha longa, colares cervicais e o colete de imobilização dorsal. 3 - Existem ainda dentro da ambulância equipamentos que permitem avaliar periodicamente os sinais vitais dos pacientes e poder observar se ele está mantendo esses sinais dentro dos padrões de normalidade. Ambulâncias marítimas O segundo tipo de transporte é o marítimo, feito por meio de lanchas de médio porte e que atuam principalmente em transportes para locais de onde os pacientes não podem sair por meio terrestre, tais como ilhas. Não haverá diferença entre as ambulâncias terrestres ou marítimas em virtude do tipo de equipamento que cada uma possui em seu interior. O tipo de ambulância é mantido conforme a necessidade do paciente. Ambulâncias aéreas A última maneira de se transportar os pacientes em situação de urgência e emergência em cenários pré-hospitalares é através de helicópteros ou aviões. Esses dois tipos de transportes são usados em situações de grandes distâncias ou quando o local em que o paciente se encontra tem o transporte facilitado com o uso de um desses meios, como por exemplo, os helicópteros em situações em que o paciente está no meio de uma floresta ou no alto de uma montanha. Para se transportar os pacientes em um desses dois tipos de ambulância é necessária a preparação prévia dos pacientes quanto à segurança, não só do próprio paciente, que pode ficar nervoso pelo fato de estar voando, como também da própria tripulação, que pode se colocar em perigo, pela ansiedade do paciente. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 52 O transporte dentro do hospital No transporte intra-hospitalar o paciente precisa ser também preparado para que ele ocorra de maneira rápida e segura. Uma das ações importantes é certificar-se de que o local para onde vai o paciente está preparado para recebê-lo. Por exemplo, se o paciente estiver usando oxigênio e for para um setor de exames é importante saber se neste setor há saídas de oxigênio para continuar ofertando a ele durante o exame, caso contrário um cilindro de oxigênio para transporte deve ser providenciado. Uma maleta de transporte é também um instrumento útil de se utilizar durante a transferência intersetorial no interior do hospital. Nesta maleta devem conter medicamentos, tais como antiarrítmicos, sedativos, antieméticos e analgésicos. Os insumos para a administração destes medicamentos também devem compor a lista de materiais disponíveis. Sondas de aspiração de vias aéreas e demais materiais que conforme a gravidade do paciente ou peculiaridade possam compor esta maleta. Nunca se sabe que tipo de intercorrência ele pode apresentar. Pode ser um enjoo, uma obstrução do tubo orotraqueal por secreção, enfim, uma série de circunstâncias. Um segundo ponto que é considerado como importante é que o paciente seja a todo o momento acompanhado de uma profissional de enfermagem conforme a complexidade de seu caso. Quanto mais complexo o paciente em termos de gravidade da doença e de instabilidade hemodinâmica ou uso de drogas que interfiram na hemodinâmica, mais importante a presença do enfermeiro para avaliar a condição do paciente durante todo o transporte. Se possível a presença do médico é também importante, principalmente em casos de transferências entre setores e principalmente se estes setores forem terapias intensivas ou cardio-intensivas. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 53 Por fim, o setor para o qual o paciente está sendo levado precisa estar ciente de que irá recebê-lo. Não só para que esteja preparado para tal coisa, como também haja a disponibilidade de pessoas para admiti-lo corretamente e de forma segura. Métodos e as técnicas utilizadas no transporte de acidentados Vejamos algumas explicações quanto aos métodos e as técnicas utilizadas no transporte de acidentados: Colar cervical O colar cervical deve ser posicionado no pescoço do paciente sem que haja muito movimento dessa região para colocá-lo. Afinal, você não sabe se existe alguma fratura ou qualquer lesão no pescoço do paciente. Um dos profissionais estabiliza a cervical com as mãos e o outro posiciona o colar evitando a movimentação do pescoço. O colar tem aberturas que servem para que se mantenha a visualização de todo o pescoço, mesmo com ele imobilizado. Prancha longa A prancha longa deve ser utilizada para a imobilização, mas também para o transporte dos pacientes quando precisam ser retirados de locais difíceis de se alcançar. Eles podem então ser içados por cordas presas à prancha para que desçam em segurança. De maneira geral o paciente é preso à prancha longa com o corpo retificado ao longo dela e a cabeça é posicionada em alinhamento com a prancha assim, como o restante do corpo. O formato triangular da prancha favorece esse alinhamento em que a cabeça fica na parte mais larga e os pés na parte mais estreita. Caso não seja possível o posicionamento do paciente alinhado na prancha, ele poderá ser transportado, desde que contido adequadamente em qualquer posição que esteja. Isso serve para condições em que o alinhamento do paciente traz riscos ou provoca o aumento da dor. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 54 Colete de imobilização dorsal Este é colete usado para a retirada de pessoas de locais de onde elas não podem ou não devem sair por meios próprios. Além disso, ele serve também para imobilizar outros segmentos do corpo, como por exemplo, as pernas. Ele deve ser colocado ao redor da região que será feita a imobilização e as tiras de fixação presas aos seus respectivos encaixes,
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