Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS BOVINOCULTURA DE CORTE Alana Soares Souza, Alvino Santana de Souza, Itamar Evodio dos Santos, Larissa Nascimento Lima e Samille Oliveira Santos. Cruz das Almas - Bahia 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS BOVINOCULTURA DE CORTE Trabalho apresentado ao professor José Humberto Teixeira Santos para fins avaliativos do componente curricular GCET002- Construções Rurais. Discentes: Alana Soares, Alvino de Souza, Itamar Evodio, Larissa Lima e Samille Oliveira. Cruz das Almas - Bahia 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 1.1 Principais raças ........................................................................................... 4 1.2 Fase de Criação .......................................................................................... 5 2 SISTEMAS DE CRIAÇÃO ........................................................................... 5 2.1 Sistema extensivo ....................................................................................... 5 2.2 Sistema semi-intensivo ............................................................................... 7 2.3 Sistema Intensivo ........................................................................................ 7 3 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................... 8 4 INSTALAÇÃO ............................................................................................. 9 4.1 Instalações Confinamento e a Pasto ......................................................... 10 4.2 Aspectos Ambientais ................................................................................. 12 4.3 Pasto/ Piso ................................................................................................ 13 4.4 Curral ........................................................................................................ 13 4.5 Reservatório de água ................................................................................ 19 4.6 Bebedouros ............................................................................................... 20 4.7 Cochos ...................................................................................................... 26 4.8 Creep- Feeding ......................................................................................... 34 4.9 Sombreamento .......................................................................................... 35 4.10 Instalações e equipamentos auxiliares .................................................. 39 4.11 Armazenamento de insumos ................................................................. 45 REFERENCIA .................................................................................................. 47 4 1 INTRODUÇÃO A bovinocultura de corte é uma atividade difundida e bem estabelecida em todo o mundo. É caracterizada pela criação de bovinos com o objetivo de produzir carne e seus derivados. Os maiores produtores de gado de corte do mundo são a Índia, o Brasil, a China, os Estados Unidos e a União Europeia detêm os maiores rebanhos de bovinos do mundo. O Brasil atua como um dos principais produtores no comércio de carne bovina no mundo, isso se da pela qualidade do sistema produtivo nacional e a crescente confiança do conceito de alimentação saudável estimulando a produção de carnes de boa procedência e qualidade superior. No decorre do ano de 2015 o Brasil foi declarado como o país com o maior rebanho bovino (209 milhões de cabeças), e como o segundo maior consumidor (38,6 kg/habitante/ano) e o segundo maior exportador (1,9 milhões toneladas equivalente carcaça) de carne bovina do mundo, tendo abatido mais de 39 milhões de cabeças. E o estado do Mato Grosso tem o rebanho mais relevante na criação de bovinos de corte, sendo que, com cerca de 28,72 milhões de cabeças de gado, no ano de 2010, atingiu o seu maior plantel da história, mantendo o status de maior rebanho de bovinos do brasil. A pecuária de corte é uma atividade produtora que consequentemente é geradora de custos, devendo ser considerados os custos de produção como parte primordial para sustentação e continuidade da organização cujo controle permite ao produtor melhorar seu planejamento e alavancar resultados positivos. O atual destaque em produção, no comércio e mercado do Brasil da carne bovina é uma imagem totalmente diferente do que se encontrava há 40 anos no Brasil. Quando se tinha menos da metade do rebanho atual, cuja produção não atendia em muito nem a demanda da população brasileira. Desta forma, pode-se considerar que nas últimas quatro décadas, a pecuária bovina sofreu uma modernização revolucionária sustentada por avanços no nível tecnológico dos sistemas de produção e na organização da cadeia, com claro reflexo na qualidade da carne bovina. 1.1 Principais raças 5 No Brasil, a maioria dos bovinos de corte são zebuínos, cerca de 80% da produção. O sucesso e a expansão desses animais no território nacional se deram, principalmente em função da sua adaptação em climas tropicais e fez do país um dos líderes mundiais em produção de carne. São animais rústicos, com menor exigência nutricional e maior resistência a doenças. Entretanto, também tem as raças do tipo taurinas que são utilizadas por produzirem carne de alta qualidade. Dos estados de São Paulo até o Rio Grande do Sul, a maioria dos animais são de raças taurinas como o Charolês, Angus, Braford e seus cruzamentos com raças zebuínas. No entanto, como já foi citada a predominância é do gado zebuíno, e suas principais raças são Nelore, Tabapuã (É a única raça de zebuínos desenvolvida no Brasil), Brahman, Guzerá. 1.2 Fase de Criação A pecuária de corte envolve três fases: cria, recria e engorda. A cria compreende a reprodução e o crescimento do bezerro até a desmama, que ocorre entre seis e oito meses de idade; A recria ocorre da desmama até o início da reprodução das fêmeas ou fase de engorda dos machos. Ela retém os animais por mais tempo, pois é onde ocorre o desenvolvimento do animal para que ele expresse todo o seu potencial genético. Se houver algum erro de manejo na fase do desenvolvimento, o processo de engorda poderá ficar comprometido; A engorda, ou terminação como é conhecida, é a fase final da criação de bovinos de corte. Nessa etapa os animais recebem uma alimentação específica para aumentar o de peso, e produzir carnes de melhor qualidade. Desse modo, o lucro na criação depende de que cada uma dessas fases seja executada de forma eficiente e respeitando todas as estratégias de manejo. 2 SISTEMAS DE CRIAÇÃO Basicamente existem três sistemas de produção onde os bovinos de corte podem ser alocados para sua exploração. 2.1 Sistema extensivo 6 O sistema extensivo é caracterizado pela criação dos animais a pasto em grandes extensões de pastagens com poucos insumos, equipamentos e mão de obra. O Brasil se destaca neste quesito, pois em torno de 75% do seu rebanho bovino é produzido nesse sistema. A principal vantagem nisso é o baixo custo de produção. O grande problema é a sazonalidade imposta pelas condições adversas do clima no país. Ou seja, no período das águas existe abundância de alimentos a campo, o crescimento e desenvolvimento da forragem são favorecidos em função das condições climáticas favoráveis (luminosidade, temperatura e precipitação). Desde que adotadas boas práticas de manejo, a forragem disponível para o pastejo se apresenta com boa disponibilidade, estrutura e valor nutritivo o quereflete em ganhos de peso satisfatórios. Enquanto que no período da seca a baixa precipitação, temperatura e redução da luminosidade reduzem o crescimento das plantas, que acabam por senescer e perde valor nutritivo, esta fase é marcada por baixos ganhos ou até mesmo perda de peso dos animais, por isso há necessidade de suplementação mineral com ureia ou proteinado de baixo consumo, para que os animais mantenha seu peso. Visto que existem momentos distintos ao longo do ano em relação à qualidade e quantidade de forragem ofertada para os animais, devemos nos planejar e adotar algumas estratégias que permitam que o animal apresente uma curva constante e/ou crescente de crescimento. A grande desvantagem é a necessidade de ocupar amplas áreas de terra, o que acarreta em impacto ambiental e degradação de vegetação nativa. Há também, ineficiência no controle do desempenho de cada animal, pois o rebanho se espalha pela propriedade. Imagem: Google imagens 7 2.2 Sistema semi-intensivo Pode-se aplicar esse sistema para diferentes situações. A mais comum é a terminação dos animais. Assim, bovinos criados a campo recebem um reforço de alimentos no cocho. A suplementação pode ser tanto energética (milho moído ou polpa cítrica, por exemplo) como volumosa (principalmente silagem de milho). Isso irá acelerar o ganho de peso e melhorar a rentabilidade do pecuarista. Outra situação em que o semi-confinamento é bastante utilizado é quando há falta de forragem ou ela tem baixo valor nutritivo, o que acontece em períodos de seca. As dietas utilizadas devem ser formuladas seguindo os mesmos princípios daquelas utilizadas para bovinos confinados. Imagem: Google imagens 2.3 Sistema Intensivo Esse sistema de criação é considerado o mais moderno os animais são criados em instalações próprias, recebem alimentação volumosa, concentrada e mineral necessária para sua necessidade e engorda. Nesse sistema faz-se o emprego de técnicas mais avançadas que trazem os melhores resultados do ponto de vista de eficiência de produção. Assim, ocorre o investimento em técnicas modernas de melhoramento genético e inseminação artificial aplicada ao rebanho. Ele é utilizado principalmente para terminação dos animais e Imagem: Arquivo pessoal/UFRB 8 resulta em carcaças bem acabadas, com boa deposição de gordura subcutânea e intramuscular. Uma desvantagem desse sistema é o alto custo de implantação e os custos de produção, uma vez que, o sistema é guiado pela compra de insumos como milho e farelo de soja e a reposição de animais. Apesar disso, os altos níveis de produtividade e a oportunidade de abater animais o ano inteiro fez desse sistema um sucesso e ajudou a aumentar a produção de carne vermelha. É importante falar também que, as fases de cria e recria são realizadas em sistemas extensivos e semi-intensivos no Brasil. A terminação pode ser realizada tanto nesses dois sistemas, como em confinamento. O que irá decidir primeiramente é o preço do milho, potencial de valorização do boi gordo e sua relação com o preço do boi magro no momento que o gado irá entrar no confinamento. Por que se essas condições não forem favoráveis o sistema não é vantajoso para o produtor. Imagem: Santa fé- gado de corte 3 LOCALIZAÇÃO As instalações para confinamento devem possuir os seguintes componentes: um centro de manejo dos animais, área para produção e preparo dos alimentos e área para os currais de engorda. A grande parte dos custos de engorda em confinamento se refere à alimentação, portanto é importante que a 9 região onde esteja localizado o confinamento seja próxima da aquisição de alimentos, a facilidade para aquisição e venda de animais é outro fator a ser considerado na escolha para o local do confinamento. A localização de um confinamento esta em função da existência de gado, alimento e de mercado, bem como água farta e limpa, e energia elétrica também devem ser consideradas na escolha do local. As instalações da engorda do gado confinado devem ser retiradas de rodovias e vizinhanças com grandes movimentações isso para evitar contaminações, furtos e estresse nos animais. O curral deve se localizado numa posição central da propriedade, em um terreno firme e seco, preferencialmente plano e bem posicionado em relação à sede e às invernadas. Os Reservatórios d’água devem ser localizados nos pontos altos que permitam a distribuição d’água por gravidade. No caso de áreas planas ou com pequena declividade, justifica-se elevar o local de instalação por meio de aterro nivelado e compactado. Cercado para creep- feeding deve ser localizado junto às áreas de descanso das vacas (malhadouro), às aguadas, ou nas proximidades do cocho de sal. 4 INSTALAÇÃO Inicialmente, a produção não adota muita tecnologia, é extensiva, à base de pasto (cercado com arame liso ovalado, contendo equipamentos de 10 manobra), exigindo maior área disponível com relação à bovinocultura de leite, por exemplo. A produção é anual, requer menos cuidados (assistência) quando comparada à exploração leiteira, o rebanho abrange maior número de cabeças e, além disso, exige capital inicial maior, apesar das instalações serem mais simples a rústicas. A produção de bovinos de corte não pode ser focada apenas no animal em terminação. Há necessidade que se estabeleçam programas que viabilizem todas as fases da pecuária com atenção especial à fase de cria. 4.1 Instalações Confinamento e a Pasto As instalações para a produção de bovinos de corte devem se caracterizar pelos aspectos relacionados com a funcionalidade, resistência, economia e segurança. Instalações inadequadas podem comprometer a qualidade do produto final, por causa da ocorrência de hematomas e ferimentos na carcaça e de furos, cortes e riscos profundos no couro bovino, entre outros problemas advindos de instalações inadequadas que depreciam o valor comercial do produto, reduzindo assim a rentabilidade do produtor. 4.1.1 Instalações de acordo com as Fases Da Exploração Na fase da exploração denominada como criação das bezerras e bezerros, de 0 a 1 ano de idade, são necessários piquetes-maternidade contendo abrigos para proteção dos animais contra condições ambientais desfavoráveis. No sistema tradicional, nesta fase de aleitamento, as vacas permanecem com os bezerros durante 24 horas por dia. Mais recentemente, o manejo tem sido feito de forma que os bezerros fiquem com as vacas somente em um determinado período do dia, pela manhã, por exemplo. A fase de criação pode ser conduzida também em sistema de semi-confinamento na época seca, em instalações apropriadas dentro do curral (abrigos contendo comedouros, bebedouros, cocho para sal mineral) onde os animais recebem o pasto reservado e alimentação suplementar. A fase de recria tem como objetivo completar o desenvolvimento ósseo do animal e também de grande parte de sua musculatura, correspondendo, em termos de planejamento a idade de 1 a 2 anos. Vai da desmama ao início da 11 reprodução das fêmeas ou ao início da fase de engorda dos machos. Feita à base de pasto na estação chuvosa e à pasto mais suplementação alimentar na estação seca. A fase de terminação ou de engorda visa preparar o animal para o corte e pode ser conduzida à base de pasto o ano todo (extensivo), pasto na estação chuvosa e pasto mais alimentação suplementar na estação seca (semi- intensivo) ou em sistema de confinamento, técnica alternativa de engorda intensiva. Normalmente, os animais são confinados per um período de 90 a 100 dias, de forma que ganhem aproximadamente 1 kg no peso corporal por dia, até a época do abate, quando estão com 400 a 500 kg de peso vivo, com idade menor ou igual a 3 anos. 4.1.2 Instalações de acordo com os Tipos De Confinamento O confinamento a céu aberto consiste de curraletes feitos para confinarna ordem de 50 a 100 animais, devendo ser disponível área de 8 a 20 m2 por animal no Brasil, sendo mais comum de 9 a 12 m2 por cabeça. Cada curralete contém comedouros para volumosos tendo dimensões entre 0,5 a 0,7 metros lineares por cabeça, cochos para sal com dimensões 0,03 metros lineares por cabeça e para melaço/uréia e ainda, bebedouro com disponibilidade de 20 a 40 litros por animal por dia. Todos os comedouros devem estar ao longo das cercas, devem ser cobertos, observando-se sempre a orientação leste-oeste no sentido das cumeeiras dos telhados e aproximadamente 1,8 a 2,0 m à frente dos mesmos deve ser pavimentado (concreto ou pedras graníticas), sendo o resto de piso natural (terra). As divisórias dos curraletes de confinamento devem ter altura variando de 1,80 m até 2,0 m e podem ser confeccionadas de madeira (tábuas afixadas em esteios distanciados de 1,5 a 2,0 m), de cordoalha de aço 1/4" (6,4 mm) com esteios a cada 2,0 a 2,5 m ou de arame liso ovalado com esteios de madeira a cada 6,0 m balancins a cada 2 m. O projeto deve prever aumento do número de curraletes e o curral de confinamento deve permitir acesso para o curral de manobras. O Galpão Fechado consiste de galpão com área disponível de 3 a 5 m2 por animal (1,8 m2 /cabeça para vitelos), contendo comedouro com dimensões de 0,7 a 1,0 m/cabeça para volumosos, sal mineral, melaço-uréia a ainda 12 bebedouro. Deve ter beiral do telhado com largura aproximada de 1,0 m, pé- direito de 4 m, sendo recomendado para confinar de 50 a 60 animais. Deve ter ainda uma porteira de entrada com dimensões entre 3,0x3,5 m. 4.1.3 Instalações Para bovinos a Pasto O sistema de criação de bovinos a pasto consiste em manter os animais em pastos nativos, dependendo somente de recursos naturais e em alguns casos sem alimentação suplementar e sem cuidados veterinários constantes. As instalações utilizadas nesse sistema são os pastos que são subdivididos em piquetes, nos quais são delimitados por cercas constituídas geralmente de estacas de madeira com arames lisos ou farpados; bebedouros e cochos, constituídos de diversos materiais. Esse sistema conta com as instalações de apoio como reservatórios de água, curral ara apartação, marcação, identificação, vacinação, inseminação, pesagem, controle de ectoparasitos e endoparasitos; exames ginecológico e andrológico; embarque e desembarque de animais. 4.2 Aspectos Ambientais O ambiente dos bovinos envolve todos os elementos capazes de afetar a vida deles, onde o meio físico é caracterizado pelas pastagens e instalações que apresentam diversas funções, dentre elas, servir de abrigo e contenção dos animais, fornecimento de água e alimentos, como também para o armazenamento de insumos. As instalações, para serem efetivas, devem ser duradouras, econômicas, proporcionarem conforto e segurança aos animais e colaboradores, ou seja, devem ser planejadas, projetadas e construídas considerando as características da área, tipo de solo, topografia, disponibilidade de água, benfeitorias existentes, e as necessidades dos animais e pessoas. A construção correta, a manutenção e o correto uso das instalações fazem com que elas apresentem vida útil maior, como também proporcionam condições que não coloquem em risco o bem-estar dos animais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal– (OIE, 2002), bem-estar animal significa como um animal está respondendo às condições em 13 que vive, ou seja, um animal é considerado em bom estado de bem-estar se (com comprovação científica) estiver saudável, confortável, bem nutrido, seguro, capaz de expressar seu comportamento natural, e se não estiver sofrendo com dores, medo e angústias. Nesse contexto, podemos afirmar que o ambiente, ou seja, as instalações e uma rotina de manejo adequada, tem papel importante na definição do nível de bem-estar dos animais e, consequentemente, no sucesso da produção animal. 4.3 Pasto/ Piso Os pastos podem apresentar diferentes formas, tamanho, espécies de forragem e utilização. No entanto, recomendam-se que todos tenham disponibilidade de água de boa qualidade, cochos para suplementação mineral ou outro tipo de suplementação e sejam formados por uma espécie forrageira adaptada à região e ao manejo da propriedade, e que atendam à demanda nutricional do gado. Outro fator a se considerar é a capacidade de suporte da pastagem, expressa pela produtividade da forrageira que irá determinar o número de bovinos que poderão ocupar o pasto. A capacidade de suporte depende diretamente da pressão de pastejo (número de animais por unidade de forragem disponível) e dos períodos de ocupação e de descanso. A capacidade de suporte da pastagem tem variação nas diferentes estações do ano, quando se faz necessário ajustar o número de animais com a disponibilidade de forragem. No piso das vias de acesso e corredores podem ser de terra natural, cascalho ou mistura de cascalho com areia. Nos currais são utilizados laje de pedra ou concreto 1:4:8 com capeamento áspero 1:3. Os galpões e instalações para armazenamento podem ser terra natural, cascalho ou mistura de cascalho com areia, laje de pedra ou concreto. 4.4 Curral Um curral é um cercado para confinar animais de criação ou gado. Pode ser construído de madeira, pedra ou pau-a-pique, coberto ou não. Ou seja, é o espaço constituído por um meio físico e, em simultâneo, por um meio 14 psicológico preparado para o exercício das atividades dos animais que nele vivem. Curral deve ser construído de forma a permitir a realização de práticas de manejo com os animais, como apartação, marcação, identificação, vacinação, inseminação, pesagem, controle de ectoparasitas e endoparasitas, exames ginecológico e andrológico, embarque e desembarque de animais. Todas essas atividades devem ser realizadas com segurança, agilidade e eficiência. Para definir o dimensionamento e arquitetura dos currais do confinamento deve-se ter em conta a topografia do terreno, o tipo de solo e o clima predominante na região (em particular o regime de chuvas). Eleger terrenos com boa topografia e boa drenagem para construir o confinamento é importante. Bovinos não gostam de deitar em locais enlameados. Grande parte da ruminação acontece com os animais deitados, quando se deitam menos há redução na ruminação, resultando em menor ingestão dos alimentos, que pode resultar em queda na produção (Fraser e Broom, 2002). Um piso adequado é aquele que permite um bom escoamento e/ou drenagem da água de chuvas, não deixando que poças de lama sejam formadas e que não resulte em erosão. Um recurso interessante para aqueles currais onde é difícil controlar a formação de lama é a construção de elevações, proporcionando locais secos para descanso. O dimensionamento dessas elevações dependerá do tamanho do curral. Recomenda-se que as áreas próximas aos cochos de alimentação e de água (de maior risco de formação de lama) sejam calçadas (cimento, pedras, etc.). Esse piso deve possuir estruturas antiderrapantes que evitem que animais escorreguem e caiam, de forma a evitar acidentes. Para que os currais apresentem características funcionais e ainda garantam o bem estar aos animais, eles não necessitam ser muito grandes. De acordo com Quintiliano et al. (2014), a ideia de que propriedades que possuem grandes rebanhos necessitam de grandes currais é equivocada. Uma alternativa mais eficiente seria implantar um projeto de menor custo, que oferece boas condições para a realização dos procedimentos de manejo e 15 construir um conjunto de piquetes no entorno do curral, com o propósito de acomodar os bovinos enquanto esperam pelo início ou final do manejo. As paredes internas do curral, seringa, tronco de contenção e rampas de acesso ao embarcadouro devem ser lisas e livres de saliência, como pregos, parafusos ou ferragens que possamprovocar ferimentos ao animal e, se possível, devem ser totalmente vedadas para impedir a passagem de luz, o que faz com que os animais se distraiam causando lentidão no manejo. 4.4.1 Corredores e porteiras As cercas são um dos aspectos mais importantes dentro da estrutura do curral. São elementos de definição de espaço, delimitando a área total, corredores, separam de outras propriedades vizinhas e dividem as pastagens, tornando a utilização da área mais eficiente, elas devem ser resistentes e de fácil manutenção. Geralmente são construídas com lascas de madeira, quanto melhor esticadas as cercas, menores as chances de fugas ou acidentes com animais enroscados. Os corredores devem possuir largura suficiente para permitir o trânsito de tratores que efetuam a alimentação dos animais. O piso do corredor deve estar compactado e nivelado de forma que a água de chuva não escorra para dentro dos currais. Os corredores de um curral de engorda possuem estrutura feita de madeira tratada e preparada para sofrer ações climáticas com cerca de arame. As cercas de arame liso não energizadas são muito utilizadas, principalmente em locais que necessitam de uma cerca com alta durabilidade e que não machuque os animais. O corredor deve possuir porteiras que limitem sua extensão, este tipo de estrutura facilita o manejo de apartação e de condução dos animais, além de reduzir o número de funcionários necessários para realizar o trabalho. A distância entre essas porteiras depende das dimensões dos currais e de outros aspectos estruturais do confinamento. 16 As passagens de um compartimento do curral para o outro devem ser controladas por meio de porteiras, que devem ter de 2,50 a 3,20 metros de largura, serem posicionadas de canto, de forma a facilitar a entrada e saída dos animais, possuir trancas que sejam fáceis de abrir e fechar, como também, preferencialmente, consigam abrir para os dois lados. A localização das porteiras (ou colchetes) nos currais do confinamento deve ser bem estudada; tenha em conta o sentido predominante de movimentação dos animais, e procure posicionar a porteira de forma que quando os animais passam por ele ela é fechada por trás. Porteiras que abrem para os dois lados geralmente são mais convenientes. 4.4.2 Remangas As remangas fazem parte das estruturas que compõem o curral, cuja principal finalidade é acomodar os animais enquanto eles aguardam o momento do manejo. Elas são usadas como elo entre os locais de criação dos animais e o curral de manejo. 4.4.3 Mangas As mangas são as divisórias do curral, sendo menores que as remangas, e servem para acomodar pequenos grupos de animais, antes e após as apartações. O número e as dimensões das mangas devem ser definidos de acordo com os manejos da propriedade. Existem as mangas de entrada, ou seja, aquelas onde os animais aguardam previamente o manejo, usadas para garantir o fluxo constante de animais para o embute ou para a seringa; e as mangas de saída, que são aquelas posicionadas logo após os apartadouros ou o tronco de contenção, onde os animais são acomodados logo após o manejo. 17 4.4.4 Embute O embute é uma divisória do curral geralmente posicionada na entrada da seringa ou em qualquer outro ponto estratégico do curral, com a finalidade de realizar apartações. A dimensão dos embutes pode variar, mas se deve evitar que sejam muito grandes ou muito pequenos, pois dificultam a realização dos manejos. Como regra, pode-se dimensionar o embute com área duas vezes maior que a da seringa. O local não precisa ser totalmente fechado, sendo estratégico fechar as laterais próximas à seringa e porteiras. 4.4.5 Seringas A seringa é a estrutura do curral que tem a função de facilitar a entrada dos animais no tronco coletivo ou embarcadouro. Os mesmos autores ainda ressaltam que ela pode ter formato triangular ou circular, cujas laterais levam a uma passagem estreita, por onde os animais devem entrar enfileirados, um a um. A seringa com formato circular apresenta menor congestionamento dos animais na entrada do tronco, pois, além de não formar cantos, ela dispõe de uma ou duas porteiras giratórias que auxiliam o direcionamento dos bovinos, facilitando a condução de animais em uma das áreas mais críticas da instalação, que é a transição. 4.4.6 Tronco de contenção individual O tronco de contenção individual é um equipamento projetado e construído para contenção ou imobilização completa do bovino, de maneira a realizar procedimentos com segurança tanto para o operador quanto para o animal. Para isso, o tronco deve possuir janelas e portas laterais que permitem 18 o acesso a diferentes partes do corpo do animal, e estruturas que imobilizem a cabeça dos animais (pescoceira), sendo estas de preferência lisas (sem saliências), assim como estruturas que prendem os animais no vazio (vazieira). Existem ainda modelos de troncos em que as paredes são móveis, as quais reduzem o tamanho da estrutura, contendo o animal através da restrição de espaço e leve pressão das paredes sobre todo o corpo do animal. Outra estrutura importante é a coiceira, que consiste em uma estrutura que protege o colaborador de coices enquanto efetua algum procedimento na região traseira do animal. 4.4.7 Apartadouro O apartadouro é uma estrutura do curral localizada geralmente após o tronco de contenção individual e/ou balança e tem a finalidade de separar os grupos de animais, de acordo com as exigências de manejo. 19 4.5 Reservatório de água A água é um dos nutrientes mais essenciais na dieta dos bovinos e ela tem papel fundamental no desempenho e produção do rebanho. Em vários lugares a água é disponibilizada de forma errada e com baixa qualidade, e em bebedouros sem manutenção, principalmente para o manejo a pasto. E isso, pode ocasionar doenças nos bovinos. Por isso, é muito importante cuidar da qualidade e da disponibilidade da água para os animais, evitando assim prejuízos na fazenda. Os reservatórios devem estar preferencialmente, localizados nos pontos altos, de forma que permita a distribuição da água por gravidade. Devem ser construídos em áreas planas ou com pequena declividade, recomenda-se elevar o local de instalação dos reservatórios, por meio de aterro nivelado e compactado. Eles podem ser construídos de alvenaria ou chapa metálica, (RODRIGUES, 2018). A qualidade da água que será ofertada precisa ser constantemente analisada pelo produtor, e sempre que necessário fazer análise da água, para medir índices de acidez, alcalinidade, bactérias e população de algas, para monitorar a qualidade dela. Para o atendimento adequado das necessidades do rebanho, devem ser observadas as seguintes questões. Deve-se atentar se a caixa d’água é suficiente para abastecer continuamente os bebedouros ou se depende da água via roda d’água, se a espessura do cano é o ideal para que a água não demore muito para chegar aos bebedouros. Por isso, é necessário também calcular a capacidade do reservatório, em função do número de bebedouros que serão abastecidos, prevendo-se, inclusive, uma margem de segurança para casos de reparos no sistema de captação e elevação da água. Ou se a água é bombeada via bomba elétrica e tem constantemente risco de faltar energia, é aconselhável ter uma reserva para mais dias, e caso a fazenda não tem essa reserva, é interessante que o bebedouro seja maior, para que não falte água para os animais, porém não ultrapassando os limites dos bebedouros. Em relação à temperatura da água fornecida aos animais devem levar em consideração a região. Em regiões muito frias, como o Sul do país, o ideal 20 é servir água morna. Já em estados muito quentes, como Norte e Nordeste, a água fria auxilia no esfriamento do organismo do animal, proporcionando bem- estar. Pois ajuda a combater o estresse térmico.Essa inversão de temperatura ambiente versus temperatura da água só traz vantagens para a produção. Imagem: Portal DBO 4.6 Bebedouros Os bebedouros estão entre os equipamentos mais importantes para produção de bovinos de corte. Levando em consideração que o gado de corte adulto necessita consumir 3 litros de água para cada kg de matéria seca consumida. Já os bezerros e animais jovens precisam consumir uma quantidade maior. Cada um deve consumir seis litros de água para cada quilo de matéria seca ingerida, o que evita a desidratação. Essas medidas variam de acordo com o clima, umidade, variações da região onde está localizado. E quando eles não consomem a quantidade esperada, pode-se observar que há uma queda na produção e na lucratividade deste animal. Por isso, é necessário disponibilizar bebedouros com capacidade adequada para que os animais não fiquem sem água. E esses bebedouros devem ser localizados de forma estratégica a fim de aumentar a produtividade destes animais, (RODRIGUES, 2018). 4.6.1 Localização e Dimensionamento A localização dos bebedouros é influenciada por diversos fatores, como o número de animais, clima, reservatório de água, categoria animal, sistema de 21 produção, entre outros. Eles devem localizados estrategicamente e dimensiona-los em função do número de animais a serem atendidos, considerando o consumo de 50/60 litros por animal, em manejos mais intensivos, trabalhar com 25% da necessidade total diária do lote. Na maioria das vezes, o recomendado é 4cm de linha de frente de perímetro do bebedouro para o animal, ou 25 animais por metro de frente, (ALVES NETO, 2021). Para o dimensionamento dos bebedouros, além de garantir um mínimo de 4 cm linear/UA, é preciso considerar-se o volume armazenado no reservatório e a vazão da água. O consumo de água pelos animais ao longo do dia tem alta correlação com a temperatura ambiente, quanto maior a temperatura maior o consumo de água. Durante o dia ocorrem picos de consumo, em casos extremos os animais chegam a consumir cerca de 50% do volume diário de água em apenas duas horas. Sabendo-se o consumo de água pelos animais e a vazão de água que chega ao bebedouro e considerando o pico de consumo em duas horas, é possível se calcular o tamanho do reservatório. Considerando um animal de 450 kg que irá consumir 40 L de água por dia, o lote é de 500 animais, o que indica um consumo de 20.000 L. No pico de consumo esses animais irão consumir 10.000 L (50% em duas horas), isso significa que a soma da vazão de duas horas mais o reservatório deve ser de 10.000 L. Além disso, é necessário também ter reservatórios de água para que possam atender as necessidades de todo rebanho. Deve levar em consideração que é melhor sobrar água do que faltar. Mas também não é interessante que os bebedouros sejam muito grandes, pois isso dificulta muito o processo de limpeza. Acaba lavando o bebedouro com menos frequência e a água ficando suja, o lodo fica armazenado no fundo. E acaba tendo que desperdiçar muita água no momento da limpeza. Por isso, é interessante que a escolha do tamanho do bebedouro atenda todas as necessidades da produção, (ALVES NETO, 2021). Outro ponto é o sistema de produção. Se os animais estão em pastos grandes, mais extensivos, ou se é mais intensivo, tipo os rotacionados, em que os animais caminham distâncias menores para chegar ao bebedouro. Por 22 exemplo, se eles têm que caminhar 400 metros ou mais, anda o lote todo junto, e vão todos os animais ao bebedouro. Nesse caso, o bebedouro tem que ser maior para poder comportar um maior número de animais. Mas se os animais caminham 400 metros ou menos o lote até pode ser grande, com bastantes animais, mas eles vão se subdividir em vários lotes e irão várias vezes ao bebedouro durante o dia beber água. Nesse caso o bebedouro pode ser menor, porque irá um menor número de animais por vez para beber água, (ALVES NETO, 2021). Quando se trata de confinamento o bebedouro não pode ser construído próximo aos cochos, pois a contaminação com alimento será grande. Localizar estrategicamente os bebedouros. Quando ele é localizado mais distante do cocho essa contaminação é diminuída. A distância adequada é de 10 metros dos cochos. Quando os bebedouros são construídos mais próximos ao fundo do curral é mais fácil resolver problemas de vazamento, e manter as condições do curral sem muitos prejuízos. Independe de onde esteja localizados os bebedouros é necessário um calçamento ao redor do mesmo, que deve ser de pelo menos 3 x 3 metros. Os bebedouros podem ser construídos de forma a atender um ou dois lotes, porém essa escolha dependente da intensidade de uso e tamanho do projeto, mas a melhor opção é de um bebedouro por curral. Independente do material em que será feito o bebedouro é recomendado profundidade de 50 cm e 3 cm lineares para cada animal, com uma vazão mínima de 0,3%/minuto do volume estimado para consumo diário, (BRANCO, 2020) 4.6.2 Tipos de bebedouros O material usado na produção do bebedouro deve aferir boa resistência, impermeabilização, fácil acesso, ser livre de substâncias contaminantes e apresentar acabamentos que busquem evitar quaisquer tipos de acidentes e/ou lesões ao animal durante seu uso, como exemplo: concreto, borracha, metal, chapa. 4.6.2.1 Concreto 23 Os bebedouros de concreto fornecem mais tranquilidade e qualidade para os seus animais. Isso porque os bebedouros fabricados em concreto são extremamente resistentes, mantém a água limpa, são de fácil instalação e contribuem para o meio ambiente, devido a sua vida de longo prazo que elimina a necessidade de manutenção e de substituição com frequência. Duas coisas você deve levar em consideração na hora de escolher o bebedouro: o número de animais que você possui e o tamanho do pasto em que eles estão colocados. a. Bebedouro Retangular 600 litros: é o modelo mais comum de bebedouro de concreto. É mais indicado para as propriedades pequenas, com poucos animais. É fácil de ser instalado e ocupa pouco espaço. b. Bebedouro sextavado de 300 LT e 600 LT: com menor capacidade e maior capacidade, é possível encontrar o bebedouro no formato sextavado. As recomendações são as mesmas: para pequenos espaços com poucos animais. c. Bebedouro Retangular de 1100 e 1200 LT: Com o dobro da capacidade dos anteriores, os bebedouros são capazes de fornecer água suficiente para um maior número de animais, esse bebedouro também exige um espaço um pouco maior para ser instalado. O ideal é que seja colocado no meio do curral, de modo que os animais possam ter fácil acesso. d. Bebedouro Retangular de 2200 LT: e por fim, um bebedouro de concreto com maior capacidade, indicado para grandes propriedades com grande número de animais. e. Bebedouros circulares: já os bebedouros circulares ajudam a evitar acidentes e lesões nos animais. Como eles possuem alta durabilidade e é resistente a ações externas do tempo, além de possuir fácil limpeza e manutenção. A água a ser fornecida aos animais deve evitar a presença de agentes contaminantes químicos ou microbiológicos. 24 Imagens: Google fotos 4.6.2.2 Pneu Os bebedouros de pneu têm varias qualidades como sua durabilidade, a mobilidade e a facilidade de manejar o equipamento se apresentam como diferenciais. Outro ponto importante é que quando os animais estão brigando, se eles baterem no bebedouro, nenhum animal sai manco, não sai machucado e não estraga o bebedouro porque o pneu devolve a pressão. Além disso, a instalação é muito simples, ela é feita somente com cimento, areia e pedra, um concreto que é feito lá no local de uso para tampar o fundo do pneu. Ele ainda melhora o conforto térmico dos animais, pois sua composição de borracha serve como isolante térmico e demora mais tempo para a água ficar muito quente. Imagem: Compre Rural4.6.2.3 Australiano O bebedouro do tipo Australiano possui fundo cônico e é de fácil locomoção podendo ser deslocado de acordo com a necessidade. São 25 confeccionados em aço carbono, material com alta durabilidade e qualidade, o que oferece melhor desempenho ao seu sistema. Fonte: Fiagro 4.6.3 Limpeza e Manutenção dos bebedouros É indicado que se façam duas vezes por semana a limpeza dos bebedouros, porém essa quantidade de vezes pode aumentar se for observado que os bebedouros não estão limpos o suficiente. Nessa lavagem pode-se usar apenas água, uma vassoura e um escovão e esfregar bastante as paredes, para retirar matéria orgânica e o lodo. Os animais quando consomem pastagens, levam folhas na boca até o bebedouro e essas folhas acabam ficando depositadas nele. Deve-se monitorar, periodicamente, a qualidade da água. Estudos mostram que a qualidade da água proveniente de recursos naturais pode impactar de forma negativa no desempenho animal, bem como o próprio curso da água. Por isso, deve-se evitar o uso de fonte natural como açudes, córregos e riachos, pois os animais acabam deixando dejetos na água e em áreas próximas, tornando a água fonte de contaminação da eimeriose, leptospirose, botulismo, verminoses, causar surto e morte de muitos animais de forma inesperada, problemas durante a estação de monta, aumento de abortos e vários outras complicações. Para minimizar esses impactos negativos é recomendada a vedação da área onde se encontram as fontes naturais de água, e estruturar o acesso dos animais de forma direcionada e controlada. E utilizar sistemas de bebedouros artificiais ao invés de fonte natural resulta em um maior consumo de água e ganho de peso dos animais. Trabalhos também apresentam dados sobre a preferencia dos bovinos, foi 26 observado que ao dar as duas opções de ingestão, os bovinos demonstraram preferência por utilizar bebedouro e apresentaram ganho de peso diário superior em 29% em relação aos animais que só bebiam em açude. Pois os bebedouros oferecem água de melhor qualidade, limpa, fresca e com fácil acesso, isso implica diretamente na produção animal, (RODRIGUES, 2018). Imagem: Compre Rural 4.7 Cochos Os cochos são complementos fundamentais para a alimentação dos bovinos, e tem a função de ofertar produtos de nutrição em quantidade, qualidade e período adequados para todo o lote. Antes de escolher o tipo de bebedouro, é necessário planejar o local ideal para a implantação dele. Além disso, eles podem ser construídos com vários materiais e também de vários modelos, mas a escolha deve recair sobre aqueles materiais e modelos que facilitem a distribuição e o consumo de alimentos pelos animais, que não tragam riscos de acidentes e que minimizem o desperdício. 4.7.1 Localização e Dimensionamento Deve-se traçar uma estratégica de localização para que os animais tenham fácil acesso aos cochos e pasto. Se o pasto de uma área extensa deve ter mais de um cocho, para que os bovinos transitem por toda extensão, pastejando por toda a pastagem. A ida e permanência ao cocho não deve ser associada a situações de risco e/ou desconforto pelo animal, por isso deve-se atentar a algumas condições para promover o bem-estar dos animais, como evitar colocar os cochos em locais que fiquem alagados e com formação de lama, observar se o animal pode encontrar dificuldades no solo para chegar ao 27 cocho como presença de pedras ou outros materiais pontiagudos, por exemplo. Manter uma distância de pelo menos 15 metros da cerca até o cocho em questão, devido à zona de fuga do animal, que é uma região imaginária delimitada pelo próprio animal com um raio de aproximadamente 2 metros, onde ele se sente seguro. O dimensionamento dos cochos deve atender a alguns quesitos, tais como: Volume de alimentos a ser distribuído; Forma de distribuição dos alimentos; Conforto dos animais, no sentido de facilitar o consumo e, portanto, devem ser construídos sem cantos nas partes internas. As medidas mostradas aqui podem servir de base para a construção dos cochos. Largura no topo deve ficar entre 70 e 80 cm; a largura na base entre 45 e 60 cm; a profundidade deve ser de 50 cm e a borda superior deve estar a 70 cm do solo. O comprimento por animal depende da categoria, e para que todos os animais dos diferentes currais sejam alimentados ao mesmo tempo, deve ser de 70 cm/animal (para animais mais pesados), e de 40 a 60 cm por animal para lotes mais jovens, (RODRIGUES, 2018). A altura do cocho depende da categoria animal que irá utilizá-lo, é importante que todos os animais consigam alcançar confortavelmente o produto que lhes é oferecido, e que este não seja contaminado por barro, fezes, urina e/ou qualquer outro tipo de sujeira proveniente do ambiente externo ao cocho. A fim de evitar a entrada de animais nos cochos, recomenda-se a colocação de três fios de arame ou cabo de aço, a altura conveniente, o primeiro a 0,6 m e os outros a 0,15m um do outro, acima da borda interna do cocho. Em lotes de animais com a presença de bezerros, os cochos devem ficar a 50 cm de altura e deve-se colocar uma proteção na parte superior, evitando o trânsito de animais sobre o mesmo. Nos pastos de animais de recria (animais em crescimento) o cocho deve ter entre 60 e 70 cm de altura e nas áreas de engorda (animais adultos) cerca de 1 m, (GOULART, 2020). 4.7.2 Estrutura do cocho O espaço de cocho é imprescindível para a homogeneidade do consumo dos animais, permitindo que todos tenham acesso ao produto. Esse espaçamento pode variar de acordo com a estratégia nutricional, mas deve ser 28 respeitado em todas elas. Eles podem ter vários formatos e tamanhos diferentes, e eles podem ser descobertos ou cobertos, sendo que a adoção de um ou de outro, dependerá principalmente das condições climáticas da região e da frequência de uso das instalações. Em regiões onde ocorrem baixas precipitações durante a época seca do ano, e as instalações são usadas somente nesta época, deve-se optar pelo cocho descoberto. Se houver uso mais intenso das instalações, eliminando assim os riscos de alterações climáticas imprevisíveis que prejudicam o manejo alimentar, deve-se utilizar os cochos cobertos. A cobertura dos cochos pode auxiliar bastante na conservação do produto oferecido, (GOULART, 2020). Imagem: Boi Saúde e Giro do Boi – Cochos com cobertura 4.7.2.1 Cochos para suplementos minerais Os cochos para minerais devem ser cobertos para evitar que o suplemento seja desperdiçado pela chuva e posicionados na pastagem, de forma a permitir a visita diária dos animais, pelo menos uma vez ao dia. Devem ser construídos de forma a disponibilizar espaço suficiente para que todos os animais tenham acesso livre e sem competição. E devem ser bem distribuídos nos pastos ou em área de repouso, quando os animais são manejados em sistemas de pastejo rotacionado. Como consumo é auto-regulado, normalmente com consumo de até 500 gramas por cabeça dia (Exemplos: sais minerais, sais nitrogenados, sais proteinados, etc), o espaçamento pode variar de 5 a 15 cm por cabeça. 29 Imagem: Boi Saúde 4.7.2.2 Cochos para volumosos e concentrados Os cochos para suplementação de volumosos e concentrados devem ser mais largos (40 a 80 cm de largura) do que os de minerais. No caso de suplementação em pasto, é recomendável que eles sejam leves para facilitar as mudanças de locais. Disponibilizar 40 cm lineares para bezerros desmamados e 70 cm para animais adultos. Para os de consumo pré-estabelecido em um valor fixo por cabeça por dia, normalmente com consumo acima de 500 gramas por cabeça por dia (Exemplos: rações), o espaçamento pode variar de 40 a 60 cm por cabeça. O cocho mal estruturado, dentre várias outras, pode ser a causa de um desvio de consumo. O que acarreta em lotes desuniformes, que não chegarão juntosao ponto de abate. Imagem: Canal Rural e Giro do Boi 30 4.7.3 Tipo de cochos Antes de escolher qual o cocho é mais indicado para sua produção, devem considerar informações como tamanho do pasto, topografia da fazenda e o número de animais. Vale ressaltar ainda, que o mais importante é pensar no fácil acesso dos animais à alimentação. Existem vários modelos de cocho, e os materiais que podem ser utilizados para a confecção deles são os mais diversos possíveis, como a madeira, borracha, pneus, barris de plástico, concreto, metal, entre outros, (GOULART, 2020). 4.7.3.1 Cochos de concreto e metal Os cochos de concreto e metal não são recomendados para formulações minerais por corroerem com a presença de sal mineral, podendo em casos mais graves, desbalancear a nutrição oferecida, já que o metal e o concreto liberarão componentes que serão ingeridos pelo gado. E esse é um ponto de atenção porque a participação na nutrição no custo de produção animal, que pode variar de 30% a 60% do custeio. Imagem: Agropecuária ZC – cocho concreto com cobertura 4.7.3.2 Cochos de tambor/ Bombona São suportes plásticos mais utilizados no Brasil, pois são os mais baratos. Suas unidades não possuem sistema de dreno, pesam cerca de 100 Kg e duram aproximadamente 2 anos. Não precisa de instalação, para suplementos minerais devem considerar espaços de 4 a 6 cm lineares por cabeça, nos proteicos e energéticos de 10 a 15 cm lineares por cabeça. A 31 ração 20 a 50 cm lineares por cabeça. Os animais não comem simultaneamente. Esses não são os mais indicados. Esses tipos de cochos também podem ser feitos de cobertura, utilizando madeiras e telhas de zinco para sua construção. Podem ser fixos ou móveis e sua durabilidade é de 6 a 10 anos. Ambos possuem capacidade para até 10 sacas, não tem sistema de dreno e protegem das variações climáticas. Para uso de suplementos minerais devem considerar espaços de 4 a 6 cm lineares por cabeça, nos proteicos e energéticos de 10 a 15 cm lineares por cabeça. A ração 20 a 50 cm lineares por cabeça. Porém eles precisam de instalações e manutenção. Imagens: Google fotos 4.7.3.3 Cochos de polietileno Também chamado de giro cocho 2100, tem sido bastante aceito. Ele é leve, pesa apenas 53 kg, pode ser transportados com facilidade na fazenda e evita atoleiros. Tem ótimo custo benefício, não precisa de manutenção e sua durabilidade é superior a 5 anos. São resistentes a impactos, anticorrosivos e possui drenos. Não precisa de instalação e sua capacidade de armazenamento é de 15 sacas de 30 kg. Para suplementos minerais devem considerar espaços de 4 a 6 cm lineares por cabeça, nos proteicos e energéticos de 10 a 15 cm lineares por cabeça. A ração 20 a 50 cm lineares por cabeça. 32 Imagem: Boi Saúde 4.7.3.4 Cochos trenó Desenvolvido pela Embrapa, o cocho trenó é fabricado de material plástico reciclado e muito resistente. São cochos móveis, e cada módulo do cocho possui 2,80 metros de comprimento, por 1,70 metros de altura. Apoiados sobre dois esquis, o que permite sua suspensão do solo, o cocho pode ser amarrado por uma corda na parte dianteira de cada módulo e puxado de lugar a outro por trator na fazendo, por isso seu nome. Imagem: Compre Rural 4.7.3.5 Cochos de madeira Muito tradicional na pecuária brasileira, é o mais comum dos cochos e facilita muito a lida. O principal fator aqui é estar atento no tamanho, cobertura e manutenção. Na verdade, todas as indicações servem para o cocho, independentemente do material. Como temos diversas opções de madeira, 33 escolha uma que apresenta uma boa resistência ao tempo. E que não seja muito atrativa a cupins. Os cochos de madeira precisam ser constantemente vistoriados. Pregos enferrujados, madeiras soltas, coberturas com furos e partes faltando devem ser corrigidos assim que detectados. A madeira tem tempo de vida. Dependendo do estado da madeira utilizada, nova ou usada, o produtor precisa ter noção do tempo de troca, ao observar o estado da madeira. Dessa forma, a manutenção do cocho é necessária. Uma madeira solta que se move sozinha pode atingir os animais e pessoas que circulam no local ou manipulam a alimentação. Imagem: Boi Saúde 4.7.4 Limpeza O ideal é não deixar sobras de ração diárias no cocho. Isso pode atrai moscas, dependendo da nutrição fornecida. E se da espécie da mosca for transmissora de alguma doença, pode trazer grande risco à saúde dos animais e também dos humanos. Você pode lavá-lo com frequência, sempre que restos de ração e suplementos estiverem acumulados. Para efetivar a limpeza do cocho de gado, utilize uma vassoura, água e sabão. Não precisa de materiais e produtos elaborados e caros. O cocho merece uma atenção especial ao redor dele. Fezes, lama, poças de água e lixo são vilões quando se trata de sanidade animal. Tudo isso atrai moscas, parasitas e bactérias, sendo que eles precisam ficar longe dos 34 nossos bovinos para não transmitirem doenças. Uma dica é concretar a área ao redor do cocho. Isso evita até a famosa doença do casco. 4.8 Creep- Feeding O creep-feeding é um sistema utilizado para aumentar o ganho de peso dos bezerros pré-desmama, iniciado após os 30 dias de vida através da utilização de um cocho privativo, dentro de um cercado, ao qual só o bezerro tem acesso. Trata-se de um reforço alimentar com uma ração concentrada balanceada enquanto o bezerro ainda está mamando, estimulando o desenvolvimento precoce do rúmen e incentivando os bezerros a procurar outros alimentos, além do leite materno, ingerindo, assim, uma quantidade maior de nutrientes necessários para o seu bom desempenho. Os animais habituam-se a suplementação em cochos, diminuindo consequentemente o stress e a perda de peso na desmama. No entanto, as instalações do creep- feeding devem ser adaptadas para possibilitar somente o acesso exclusivo dos bezerros, não permitindo a entrada das vacas e de outros animais adultos. Para facilitar o acesso dos bezerros e atender adequadamente o sistema de alimentação, devem-se observar os seguintes pontos: A área de suplementação deve estar localizada junto das áreas de descanso das vacas, dos bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal. Possuir área de 1,5 m²/cria, deixando espaço de dois metros entre o cocho e a cerca, para circulação. O tamanho de cada área de suplementação dependerá do número de animais a serem suplementados. O cercado pode ser construído de estrutura metálica e móvel ou com postes de madeira, com espaço entre eles de dois metros e com seis a oito fios de arame liso esticados com catracas. O acesso de entrada, exclusivo aos bezerros, deve ter abertura de 0,40 x 1,20 m. E disponibilizar cerca de dez centímetros lineares de cocho por animal, sendo um de cada lado, por animal. Esse sistema influencia diretamente na eficiência de processo de criação, pois os bezerros desmamados pesam mais e consequentemente menor será seu tempo de abate, reduzindo seu tempo de permanência e custos na fazenda, ou maior será seu valor de venda. 35 Imagem: Boi saúde 4.9 Sombreamento O estresse por calor, além de reduzir o bem-estar dos animais, causa diminuição nos ganhos diários de bovinos, o calor causa redução do apetite dos animais, diminuindo o consumo de alimentos e proporcionando menor grau de acabamento nas carcaças em animais confinados por um determinado período de tempo. A necessidade de sombra é muitas vezes circunstancial, portanto, é difícil estabelecer uma regra geral sobre o oferecimento de sombra aos animais (quando oferecer e com que espaço); cabe apenas a regra de que deve haver sombra suficiente para abrigar todos os animais ao mesmo tempo a qualquer hora do dia. O tipo de sombra oferecida pode ser natural (proporcionada por árvores) ou artificial (geralmente proporcionada por telasde sombreamento). Aconselha- se a trabalhar sempre com sombras projetadas. A sombra deve mudar de posição de acordo com a movimentação do sol, possibilitando assim a secagem do solo pelo sol evitando o acumulo de urina e fezes que irão aumentar a ocorrência de lama no curral. Para alcançarmos este efeito a orientação da sombra deve ser no sentido norte-sul. A Embrapa, uma das principais entidades do agronegócio no país e que promove estudos e pesquisas na área, ressalta que vacas que têm acesso à sombra, rendem quatro vezes mais embriões do que as que ficam expostas ao sol. Quando o bovino fica exposto a altas temperaturas, acaba ficando estressado. Isso proporciona alterações fisiológicas até na respiração e no 36 aumento da temperatura corporal, queda na reprodução, impactos na produtividade e até desidratação (EMBRAPA, 2020). 4.9.1 Exemplos de sombreamento 1 – ILPF (A Integração lavoura pecuária floresta). Pode usar o plantio de eucaliptos. 2 – Corredores agroflorestais – Utilizar fruteiras para beneficiar também às pessoas. 3 – Galpões – Deve haver boa iluminação, corrente de ar adequada e proteção animal em relação à chuva. No Brasil, o clima é tropical, logo o objetivo do sombreamento é proporcionar melhores sensações térmicas para os animais, o que consequentemente afeta seu conforto térmico. Diante da variabilidade dos grupos raciais de bovinos terminados em confinamento, são esperados diferentes graus de tolerância às variações de temperatura. É de conhecimento geral que animais zebuínos são mais adaptados às regiões de clima quente em comparação aos taurinos, adaptados aos ao clima mais frio ou temperado. Porém, isso não significa dizer que os zebuínos não necessitam de um ambiente confortável termicamente (RIOBUENO, 2018). O mesmo autor ainda afirma que quando se oferece aos animais boas condições, aumentam-se as chances de adaptação ao sistema de produção. O 37 uso de sombra promove vários benefícios, como: amenizar a radiação solar diretamente, diminuição do estresse térmico e redução do estresse devido à alteração do comportamento (disputa pelo alimento e estabelecimento de hierarquia), benefícios que resultarão em ganho adicional no desempenho do animal. O sucesso deste recurso depende de um bom planejamento, e da escolha dos materiais ideais para sua construção. O primeiro ponto a ser planejado é a área sombreada ofertada aos animais. Ao falarmos em oferecer 1,5m2 /animal (480 kg peso vivo), em uma baia de 100 animais = 150m2 de sombra/baia, pode correr o risco de que nem todos os animais poderão usar o recurso no horário mais crítico do dia (ou sol a pino), resultando em uma disputa semelhante àquela por alimento, quando a área de cochos não é suficiente para o lote. Havendo essa disputa terá um enorme impacto – aos animais - em função do elevado estresse, no qual todos os benefícios promovidos pelo uso da sombra seriam perdidos. Por esse motivo, é melhor ofertar o máximo possível de sombra a fim de evitar um indesejável nível de estresse, prejudicando o desempenho como um todo ao lote. Trabalhos realizados em fazendas do estado de Mato Grosso apontaram área de sombra utilizável de 2,6m2 por animal, ou mais, e obtiveram resultados superiores a 0,100 kg adicional/animal/dia (RIOBUENO, 2018). O sentido e posicionamento da cobertura também são muito importantes e devem seguir orientação Norte-Sul, permitindo que a projeção da sombra possa ser móvel dentro da baia ao longo do dia, promovendo também a secagem na superfície debaixo da tela de sombreamento, diminuindo assim a formação de lama. Além disso, as estruturas de sombreamento não devem ficar no mesmo lugar que o bebedouro ou o cocho, para evitar a disputa entre os animais pelo recurso. Vale ressaltar que a disputa nem sempre é uma briga propriamente dita. Por vezes, pode ser um domínio da área para evitar que alguns animais deitem e/ou impeçam com ameaças que outros animais acessem o cocho ou o bebedouro. 38 Uso de sombra (artificial) de acordo a posição da estrutura na baia 4.9.2 Quebra-Vento Segundo Carvalho (2015), afirma que o vento pode em diversas situações ser desfavorável para as plantas e os animais assim como ter efeitos negativos ao nível do solo e do clima. Pode também prejudicar o bem-estar das pessoas, em meios rurais e urbanos. Neste sentido, a instalação de cortinas quebra-ventos pode constituir uma forma de controlar os efeitos do vento. Simultaneamente, podem fornecer diversos produtos e serviços. As cortinas quebra-ventos podem providenciar importantes benefícios ambientais e sócio- económicos, sendo também diversas as situações em que se pode proceder à sua implantação. O mesmo autor, ainda afirma que as cortinas quebra-ventos consistem em linhas ou faixas de árvores e arbustos instaladas de forma a alterar o fluxo do vento, e consequentemente do microclima, de modo a proteger determinadas áreas específicas dos efeitos do vento. São habitualmente instaladas em bordaduras de campos agrícolas ou pastagens, melhorando a produção agrícola e pecuária, e em torno de zonas residenciais, rurais ou urbanas, beneficiando as condições de vida dos residentes. Assim, por exemplo, uma cortina pode proteger uma zona agrícola do vento e, ao mesmo tempo, proporcionar habitat para a vida selvagem, fornecer diversos produtos, melhorar a paisagem e aumentar o valor patrimonial da propriedade. No nosso país, a instalação de cortinas é de grande interesse tanto em planícies e planaltos como em áreas de montanha (CARVALHO, 2015). 39 As cortinas atuam sobre os ventos superficiais reduzindo a sua velocidade, protegendo terrenos e diversas estruturas. A seguinte figura mostra o efeito de uma cortina na redução da velocidade do vento a diferentes distâncias da cortina assim como a influência de diferentes densidades da cortina. O efeito de redução do vento é maior nos primeiros metros e estende- se até uma certa distância da cortina em função da sua altura (H). 4.10 Instalações e equipamentos auxiliares As mudanças, bem como a adoção de uma nova instalação sem que haja primeiro um planejamento, podem promover sérios prejuízos para qualquer propriedade rural, por isso devem-se escolher as melhores estratégias para que os objetivos finais sejam eficazes. Em se tratando de instalações rurais, existem aquelas destinadas às atividades agrícolas (galpões de armazenamento, de beneficiamento, as edificações destinadas ao armazenamento de agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, viveiros, estufas) e as instalações destinadas à produção animal, que são as Instalações. Atualmente, o homem do campo conta com inúmeras ferramentas para realizar o seu trabalho. Desde instrumentos mais simples como a enxada, enxadão, rastelo, foice, ancinho, carrinho de mão, entre outros. Até tecnologias mais modernas como trator, colheitadeira, arado, grade, pulverizador, plantadeira, etc O pastejo pode ser distribuído basicamente em dois sistemas: o pastejo contínuo e o rotativo. No sistema rotativo, os animais ficam em áreas diferentes, por tempo determinado, em média de três dias, sendo o piqueteamento bem maior que o contínuo. Assim, é necessário que se utilizem cercas mais econômicas e com flexibilidade de utilização, adequando a essas condições às cercas elétricas. Entretanto, em sistemas de pastejo contínuo, geralmente composto por grandes áreas de pastos, onde há dificuldade de operacionalização das cercas elétricas, temos uma demanda por estruturas de cercas mais fixas e com menor necessidade de monitoramento. Como é o caso de cercas de arame farpado, de arame liso e elástico (LAZIA, 2011). 40 A mesma autora afirma que no sistema de produção de bovinos, é importante que haja a instalação de cercas, a qual influencia de forma direta sobre a produtividade e o bem estar animal. As cercas podemser feitas com mourões de concreto ou madeira, conforme o custo/benefício que cada um pode fornecer. A inspeção das cercas deve ocorrer periodicamente, observar os fios soltos ou frouxos, mourões quebrados, entre outros. Dando atenção especial às cercas que delimitam propriedades vizinhas. Uma cerca mal feita ou sem manutenção, incorrerá na saída de bovinos para outra propriedade. O curral de manobra deve estar localizado em um terreno plano ou levemente ondulado, o que vai permitir a diminuição de custos com terraplenagem. O curral não deve ficar a grandes distâncias dos pastos. Por isso, em propriedades muito grandes, serão necessários mais currais, distribuídos de forma a oferecer facilidade de acesso (LAZIA, 2011). Aquisição de uma geladeira também é importante, com a finalidade de armazenamento das vacinas a serem utilizadas nos bovinos. A qual deverá estar sempre limpa, organizada e regulada, para que mantenha as vacinas em temperatura ideal. Enfim, todas as instalações rurais são de grande importância para o homem do campo viver, basicamente, bem. Segundo Novais (2014), algumas características devem ser levadas em consideração, acerca de algumas instalações rurais. São elas: 4.10.1 GALPÕES RURAIS O galpão é uma das principais benfeitorias da propriedade rural. Serve para guardar máquinas, implementos e equipamentos agrícolas, para armazenar a produção e também como depósito e materiais e insumos rurais. Podem ser usados ainda como estábulo, pocilga, aviário e para a criação de bicho-da-seda, cabras, ovelhas e outros animais. O comprimento, a altura, a largura, as condições de ventilação e iluminação e a facilidade de limpeza dos galpões rurais devem atender às necessidades funcionais da atividade a ser desenvolvida dentro deles, porque todos esses itens têm muita importância na 41 produtividade. Por esse motivo, um galpão só deve ser construído em local adequado à sua finalidade e depois de feito o respectivo projeto. Além disso, o ideal é que o espaço interno do galpão rural seja inteiramente livre, sem pilares. Os galpões rurais pré-moldados de concreto oferecem algumas vantagens como: • Permite atender às necessidades funcionais; • Possibilita um espaço interno inteiramente livre; • São mais duráveis; • Dispensam a manutenção rotineira; • São fáceis de construir e simples de montar; • São muito resistentes à intempéries (temporais, chuvas e ventos fortes); • Têm custo bastante reduzido. Existem várias soluções técnicas para construção de galpões rurais pré- moldados de concreto. As duas mais econômicas e simples são: - Galpão de uma água, para vãos de até 6,5m; - Galpão de duas águas, para vãos com mais de 6,5m. Galpão de uma água Uma solução econômica e eficaz é construir o galpão de uma água com peças de concreto pré-moldado no próprio local. Os galpões rurais podem ser abertos ou fechados, dependendo da finalidade de uso. 4.10.2 SILO TRINCHEIRA O silo trincheira é uma construção permanente (benfeitoria). O tipo trincheira é caracterizado por uma vala feita no chão, preferencialmente em lugar alto e contra um barranco, na qual se deposita a silagem, compactada com um trator e posteriormente fechada a sua frente com tábuas e com lona plástica recoberta por terra, areia ou pneus. 42 Para reduzir custos de construção, pode ser utilizado sem revestimento de alvenaria, porém há deterioração rápida das paredes laterais, mesmo que se utilize lona plástica nas laterais e no fundo do silo. As paredes laterais devem ser inclinadas (25%), como também deve haver uma inclinação das laterais para o meio do silo e do fundo para a boca do silo. Esse procedimento facilita o escoamento de um possível efluente. Quando revestidos com alvenaria ou tijolos em espelho, reduzem acentuadamente as perdas. Deve haver atenção com relação a profundidade do lençol freático. A execução do silo-trincheira começa pela marcação previa do terreno. Depois é feita a escavação manual ou mecânica (com trator), dependendo do seu tamanho e do local onde o silo vai ser construído. O fundo do silo deve ser bem compactado, com caimento mínimo de 2% (2cm/m) do fundo para a entrada. As paredes laterais devem ter inclinação, em relação a vertical, correspondente a 25% da profundidade do silo. Depois devem ser preparadas as fundações das paredes. Elas podem ser do tipo baldrame, com altura de 30cm e largura igual a da parede. Se o revestimento do talude das paredes for de solo-cimento, o baldrame também poderá ser desse material. O revestimento das paredes e do piso do silo-trincheira deve ser feito com materiais de boa qualidade, resistentes a ação do tempo e a trepidação gerada por tratores ou carretas forrageiras no seu interior. Dependendo da situação, do tipo de solo local e das condições gerais da região, podem ser adotadas várias soluções de revestimento. As paredes laterais podem ser revestidas com: • Concreto • Placas de concreto • Blocos de concreto • Solo-cimento • Ferrocimento 43 A definição do melhor tipo de revestimento para as paredes vai depender das condições do local onde o silo será construído. Por exemplo, em regiões de boa drenagem e com solos arenosos, o uso do solocimento pode proporcionar grande economia. O piso do silo trincheira pode ser feito com concreto ou solo-cimento. O piso de concreto, com uma camada maciça moldada no próprio local, tem as seguintes vantagens: • Elevada resistência ao peso e ao desgaste produzido por tratores ou carretas forrageiras; • Maior resistência à ação das chuvas, por ser impermeável; • Facilidade de limpeza; •Possibilidade de construção na propriedade, sem o auxílio de equipamentos especiais; • Utilização de materiais de construção fáceis de comprar; • O piso do silo-trincheira também pode ser feito com uma camada maciça de solo-cimento executada no próprio local da obra. Essa solução é a mais econômica, principalmente quando há disponibilidade de solo adequado (arenoso) para a execução do solo-cimento no local da obra ou próximo a ela, porque esse material constitui a maior parcela da mistura. Além disso, o piso de solo-cimento tem outras vantagens: • Menor consumo de materiais comprados no comércio; • Grande durabilidade; Tanto no caso do piso de concreto como no de solo-cimento, a espessura recomendada é variável: para silos com compactação e trânsito de carroça e microtrator, é de 10 cm; para silos com compactação e trânsito de trator e caminhão, é de 15 cm. Devem ser previstos pilares laterais na entrada do silo ou sulcos nas paredes laterais, para possibilitar o fechamento com pranchões de madeira. Os 44 silos de maior capacidade, com carregamento nas duas extremidades e compactação mecânica da silagem, devem ter rampa de saída semelhante a de entrada. Elas facilitam a movimentação de tratores, para descarregar, carregar e compactar o material, e evitam o risco de acidentes por manobras arriscadas. 4.10.3 BIODIGESTOR O biodigestor é um equipamento com o fim de promover a finalização de resíduos orgânicos de uma forma economicamente aproveitável, sendo a maneira mais correta de evitar a poluição ambiental por resíduos de criações. O biodigestor produz de forma direta e simples 2 produtos, o biogás e o biofertilizante. De maneira geral o biogás poderá ser utilizado como fonte de energia variada. No caso agrícola o melhor do aproveitamento deste equipamento será o biofertilizante, que terá retorno imediato ao solo e com bom resultado de fertilização orgânica. O biogás produzido a partir de resíduos agropecuários pode promover a autonomia energética de diversos produtores rurais. Seu uso pode contribuir para agregação de valor de produtos agroindustriais, suprimento autônomo de combustível para muitas utilidades, como para alimentação de sistemas de bombeamentopara irrigação, podendo viabilizar tais empreendimentos. 4.10.4 FOSSAS SÉPTICAS As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação e transformação da matéria sólida contida no esgoto. As fossas sépticas, uma benfeitoria complementar e necessária às moradias, são fundamentais no combate a doenças, verminoses e endemias (como a cólera), pois evitam o lançamento dos dejetos humanos diretamente em rios, lagos, nascentes ou mesmo na superfície do solo. O seu uso é essencial para a melhoria das condições de higiene das populações rurais. Esse tipo de fossa nada mais é que um tanque enterrado, que recebe os esgotos (dejetos e águas servidas), retém a parte sólida e inicia o processo. Não devem ficar muito perto das moradias (para evitar mau cheiro) nem muito longe (para evitar tubulações muito longas). 45 A distância recomendada é de 4 metros. Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar curvas nas canalizações. Também devem ficar num nível mais baixo do terreno e longe de poços ou de qualquer outra fonte de captação de água (no mínimo 30m de distância), para evitar contaminações, no caso de um eventual vazamento. O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela a dimensionada em função de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa, por dia. Porem a capacidade nunca deve ser inferior a 1000 litros. As fossas sépticas podem ser de dois tipos: Pré-moldadas e as Feitas no local. As fossas sépticas pré-moldados, de formato cilíndrico, são encontradas no mercado. A menor fossa pré-moldada tem capacidade de 1000 litros, medindo 1,1 x 1,1 metros (altura x diâmetro). 4.11 Armazenamento de insumos Estes devem ser armazenados em locais apropriados de modo a evitar a deterioração dos produtos, bem como para reduzir as possibilidades de contaminação de alimentos, sementes, rações, pessoas e animais. Para tal, devem-se seguir as seguintes recomendações: Localização dos depósitos ou galpões devem ser distantes de residências, fontes de água e abrigos para animais; 4.11.1 Para a segurança do galpão deve-se considerar: Proteção das aberturas existentes para evitar a entrada de pássaros e outros animais no interior do depósito; Proteção contra a entrada de umidade proveniente das paredes, portas, janelas e telhado; Identificação e sinalização dos produtos armazenados; Proibição de fumar, comer, beber ou acender fogo; no interior do depósito; • Manter as portas de acesso trancadas com cadeado; Não permitir acesso de crianças ou pessoas estranhas; Manter em local visível os equipamentos de emergência e equipamentos de proteção individual. 46 4.11.2 Para a estocagem insumos, deve-se considerar: Adubos e agroquímicos devem ser mantidos em depósitos separados dos galpões de rações e suplementos alimentares; Agroquímicos devem ser armazenados em ambiente ventilado e com a sinalização correta, para o fácil acesso aos equipamentos de proteção individual (EPC); Manter sacaria sobre estrados de madeira, para evitar umidade e corrosão das embalagens; Sacarias e outras formas de embalagens devem conter rótulos bem visíveis; Identificação visual de cada grupo de insumos localizados sobre os estrados, nas prateleiras ou outras formas de armazenamento; Respeitar a altura de empilhamento das embalagens e a distância entre as pilhas e as paredes do depósito; Embalagens de líquidos devem estar com as tampas fechadas e a bocas voltadas para cima; • Manter vacinas e medicamentos nas embalagens originais e nas condições recomendadas pelo fabricante. Observar a temperatura de armazenamento, o prazo de validade e uso ao qual se destina; Manter controle de entrada e saída dos insumos, da data de utilização e destino. 47 REFERENCIA ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. Perfil da Pecuária no Brasil – Relatório Anual 2016. Disponível em http://abiec.siteoficial.ws/images/upload/sumario-pt-010217.pdf. ALVES NETO, José Luiz. Tamanho certo do reservatório de água para o gado. Giro do Boi. 2021. Disponível em: <https://www.girodoboi.com.br /videos/gestao-eficiente-traz-vida-nova-para-pecuarista/amp/>. Acesso em: 16 Agosto 2021. BRANCO, Antonio Ferriani. Manual de instalações para confinamento de bovinos. Instituto de Estudos Pecuários (IEPEC) e ASSOCON. 2020. Disponível em: www.iepec.com. Acesso em 12 Agosto 2021. Do VALLE, Ezequiel Rodrigues. Instalações Rurais. Cartilha da Bovinocultura de corte. EMBRAPA, ACRIMART. Mato Grosso, 2ª Edição. 2011. EMBRAPA. Descubra a importância da sombra para a agropecuária. 2020. Disponível em: https://dicas.boisaude.com.br/descubra-a-importancia-da- sombra-na-pecuaria/. Acesso em: 17 Ago 2021. EMBRAPA. INSTALAÇÕES RURAIS. Mato Grosso: Embrapa, 2016. Disponível em: https://www.bibliotecaagptea.org.br/administracao/construções /livros/. Acesso em: 22 Agosto 2021. GOULART, Pedro. Manejo de cocho. Prodap. 2020. Disponível em: <https://prodap.com.br/pt/blog/cocho-para-gado-de-corte-o-que-saber-antes- de-fazer-um> Acesso em: 18 Agosto 2021. LAZIA, Beatriz. Instalações e equipamentos para pecuária de corte. 2011. Disponível em: https://www.portalagropecuario.com.br/bovinos/pecuaria-de- corte/instalacoes-equipamentos-para-pecuaria-corte-praticidade dimensionamento-para-produtor-rural. Acesso em: 17 Ago 2021. NOVAIS, Dirlane. Instalações rurais. 2014. Disponível em: http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/13-35-34- apostilainstalacoesrurais.pdf. Acesso em: 17 Ago 2021. 48 OLIVEIRA FILHO, Amado de. Produção e Manejo de Bovinos de Corte. Cuiabá: KCM Editora, 2015. Disponível em: https://acrimat.org.br/portal/wp- content/uploads/2017/05/livro-producao-e-manejo-de-gado-de-corte.pdf. Acesso em: 18 Agosto 2021. PASETTI, Maximiliano. Gado de corte: tudo que o produtor precisa saber. Agromove. 2019. Disponível em: <https://blog.agromove.com.br/gado-de- corte/> Acesso em: 19 Agosto 2021. QUINTILIANO, M. H. E PARANHOS DA COSTA, M. J. R. Manejo Racional de Bovinos de Corte em Confinamentos: Produtividade e Bem-estar Animal. In: IV SINEBOV, 2007, Seropédica, RJ. Anais. RIOBUENO, Arquimedes. Falando em Bem - Estar: Bovinos também gostam de sombra. 2018. Disponível em: https://agroceresmultimix.com.br/blog/falando-em-bem-estar-bovinos-tambem- gostam-de-sombra/. Acesso em: 17 Agosto 2021. RODRIGUES, Daphene de Oliveira Machado. A Importância da Água na Produção de Bovino de Corte. TCC. Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá, MG. 2018. SOUZA, Cecília de F.. Informações Básicas Para Projetos De Construções Rurais. Viçosa: Departamento de Engenharia Agrícola, 2003. TEIXEIRA NETO, José Ferreira; da COSTA, Norton Amador. Criação de Bovinos de Corte no Estado do Pará. EMBRAPA. Belém – PA, 2006.
Compartilhar