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Alterações hematológicas em pacientes oncológicos Alterações ocasionadas pela quimioterapia Afeta muito os leucócitos, em especial os neutrófilos (por conta da meia vida curta) --> neutropenia. Mielossupressão: porque age em células com rápida multiplicação. Principal alteração hematológica em pacientes oncológicos: anemia A alteração laboratorial mais comum em pacientes oncológicos é a anemia, porém ela aparece na forma multifatorial. Sendo assim, tem-se as seguintes causas de anemia: 1. Anemia da doença crônica/câncer --> anemia normocítica normocrômica (arregenerativa) Os principais mecanismos que levam a anemia na doença crônica são: • A liberação de citocinas pelo tumor na corrente sanguínea --> diminuição da ½ vida das hemácias • A liberação de interleucinas que vão diminuir a resposta da medula à EPO. • O estímulo ao sequestro de ferro pelos macrófagos. 2. Anemia hemolítica imunomediada --> geralmente anemia macrocítica hipocrômica (regenerativa)-presença de reticulócitos aumentados Comum no dia a dia, mas é mais raro estar associada ao câncer. Mecanismo: • O tumor estimula a formação de anticorpos que vão destruir as hemácias. Regenerativa porque age na periferia enquanto a medula está trabalhando. SÍNDROMES PARANEOLPLÁSICAS 3. Mieloftise Geralmente causada por: linfomas em estágio 5, leucemias agudas e mielomas (proliferação de plasmócitos na MO) múltiplos. São tumores que se originam ou infiltram a MO e diminui sua produção (em especial das hemácias), enquanto ela está produzindo células neoplásicas. 4. Hemólise microangiopática --> destruição das hemácias nos pequenos vasos formados pelo tumor Geralmente causada por: carcinoma inflamatório, hemangiossarcoma esplênico, que tem uma alta capacidade de angiogênese. Mecanismos: • Hemólise mecânica: ocorre devido a estrutura do vaso anômalo formado. • Hemólise microangiopática: ocorre quando a hemácia sofre deformação e vai ser retirada da circulação. Quando se observa poiquilocitose no exame é interessante avaliar a possibilidade de um câncer, além de outras que levam a essas alterações. 5. Hipocobalaminemia (baixa de vit. B12) Linfomas em íleo podem estimular a baixa da cobalamina, a qual vem da dieta, se liga no fator intrínseco pancreático e é absorvida no íleo. Dessa forma problemas pancreáticos e problemas no íleo vão levar a falhas na absorção da cobalamina. • Pancreatite crônica: não tem fator pancreático. • Linfoma gastrointestinal/doença intestinal inflamatória: falha na absorção. O problema desse processo é que a cobalamina é importante para a amaturação das hemácias. Em humanos tende a ser uma anemia macrocítica hipocrômica, mas na veterinária ela também pode aparecer como normo normo. * Na maioria dos casos os pacientes oncológicos não apresentam baixa de vitamina; não é comum suplementar, pois algumas vitaminas do complexo B são pró proliferação. 6. Sarcoma histiocítico hemofágico É originado dos macrófagos esplênicos que fazem fagocitose das hemácias. Não é muito comum, mas leva a uma anemia hemolítica. 7. Perda de sangue Anemia por hemorragias, alguns exemplos de hemorragias crônicas: hemangioma cutâneo, carcinoma nasal, carcinoma de bexiga. 8. Quimioterapia É o último fator que altera os exames laboratoriais. O quimioterápico age em células com rápida multiplicação, como a meia vida do neutrófilo é muito baixa ocorre uma neutropenia, seguida de trombocitopenia e posteriormente a anemia. 9. Idade Importante lembrar que este fator acompanha algumas enfermidades, como IRC, presença de hemoparasitas. * Nem toda anemia em pacientes oncológicos é derivado do câncer ou oriunda da quimioterapia. * Quedas bruscas no hematócrito não são normais em quadros crônicos. * Anemia hemolítica oxidativa secundária ao uso de dipirona. * Tumores muito agressivos: carcinoma inflamatório de mama e hemangiossarcoma esplênico. Alterações plaquetárias em pacientes oncológicos 1. Trombocitopenia: Mecanismos: • Redução da produção medular Pode ser causada por leucemia, mielomas múltiplos, linfomas em estágio 5. • Aumento do consumo Hemorragias, vasculites, carcinoma nasal e de bexiga, hemangiossarcomas, tumores esplênicos. • Aumento da destruição Trombocitopenia imunomediada secundária ao câncer: o câncer pode estimular a produção de anticorpos antiplaquetários. • Aumento do sequestro Esplenomegalia por tumores esplênicos: o baço retém cerca de 30% das plaquetas, quando ele fica aumentado sequestra mais de 30% levando a trombocitopenia. A esplenomegalia pode ser: focal (hemangiossarcoma, sarcoma histiocítico, sarcoma estromal, linfoma) e difusa (linfoma de baixo ou alto grau). * Nos gatos é muito comum o mastocitomas, a exemplo do esplênico. 2. Trombocitose O carcinoma, principalmente os carcinomas liberam interleucinas 6, as quais estimulam o fígado a produzir a trombopoetina, que estimula a MO produzir mais plaquetas. * Outras causas de liberação de IL-6: trombocitose de rebote, doenças inflamatórias, animais esplenectomizados, fármacos, anemia hemolítica (confusão nos receptores da MO, por uma semelhança entre a EPO e a trombopoetina), doenças endócrinas (hiperadrenocorticismo- que também pode ser ocasionado pelo câncer: age nas três hemostasias- aumenta as plaquetas, aumenta os fatores de coagulação e retarda a fibrinólise. * Os tumores estão mais relacionados a hipercoagulabilidade do que hipo. Tumores que mais causam alterações hematológicas e quais são elas 1. Linfoma Lembrando que nem todo paciente tem alteração laboratorial. Principais alterações: anemia, trombocitopenia, leucócitos nem sempre são levados em conta para fechar o diagnóstico, uma vez que podem estar normais, aumentados ou diminuídos. As alterações em linfócitos ocorrem em: • Linfomas de alto grau: cerca de 15% vai atingir a MO e começar a liberar linfócitos malignos na circulação. Oberva-se linfocitoses com alterações morfológicas e células atípicas (blastos circulantes). • Linfomas de baixo grau: a exemplo do linfoma de zona T que causam linfocitose imatura em aproximadamente 50% dos casos. Padrão racial: Golden e Shih-Tzu. 2. Leucemia Não é obrigatório ter alteração no hemograma (não é diagnóstico), o diagnóstico pode ser feito por punção de medula ou citometria de fluxo. Leucemia aleucêmica: não atinge sangue periférico. Leucemia leucêmica: atinge MO e sangue periférico. Grupos da leucemia: linfoblástica aguda, linfocítica crônica, mieloide aguda e mieloide crônica. • Leucemia aguda: presença de blastos na circulação. Desafio: caracterizar em linfoide e mieloide. • Leucemia linfocítica crônica: linfocitose: morfologicamente normal e numericamente muito aumentado. Desafio: diferenciar se a causa é neoplásica ou reacional (ex: erlichiose). Linfocitose até 30mil: só diferencia com técnica mais avançada, ex: citometria de fluxo. 30mil-60mil: mais provável ser leucemia. Acima de 60mil: muito difícil ser causas reacionais. Citometria de fluxo: processo reacional (aumento da população de LB, LTCD4, TCD8), câncer induz processo clonal (aumento de apenas uma das populações). Normalmente na leucemia linfocítica crônica: gatos (TCD4) e cães (TCD8).
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