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Tutorial 03 – Módulo X Doença Renal Crônica Ocorre na presença de dano renal irreversível, com perda de função por mais ou igual a 3 meses, tendo TFG < 60ml/min, e podendo ser detectada por albuminúria > ou igual a 30mg/dia. Causada por processos patológicos lentamente progressivos, nos quais não ocorre regeneração do parênquima renal, havendo perda de néfrons irreversíveis. Tambem pode ser agudo (necrose cortical aguda e Glomerulonefrite rapidamente progressiva), tornando-se crônico, pois não tem como regenerar o rim perdido. Todas podem evoluir em 3-20 anos pra doença renal em fase terminal com TFG<15% do normal. Histopatologia universal = fibrose glomerular e intersticial, junto com atrofia dos túbulos. Pode ter características de síndrome urêmica e necessitando de dialise regular, pois há redução do tamanho do rim devido á atrofia, ganhando formato lobulado. ESTADIAMENTO KDIGO: estratifica o pcte quanto ao risco de complicações por meio da TFG e do grau de albuminúria. G1A2 significa TFG normal, porem com dano renal. G5DA2 significa falência renal e proteinuria em dialise. EPIDEMIOLOGIA: o numero de pctes renais terminais aumenta a cada ano, Brasil tem mais de 100.000 pctes em dialise crônica. Quanto maior o nível de proteinúria, mais rápida é a queda anual da TFG, então a prevenção se dá pelo diagnostico e tratamento precoce. A medida que a perda de néfrons progride, ocorre Hiperfiltração adaptativa dos outros néfrons remanescentes, os quais são sobrecarregados. Isso induz lesão glomerular, podendo ter glomeruloesclerose global difusa (fibrose e atrofia dos nefros). Após certo grau de injuria, DRC entra em fase de perpetuação num ciclo vicioso, induzindo glomeruloesclerose segmental focal. IECA e Antagonista da Angio II ajudam a prevenir/atrasar a evolução, devido a queda dos níveis tensionais pela dilatação da arteríola aferente e redução da pressão intraglomerular (reduz sobrecarga dos néfrons remanescentes). Tambem possuem efeito antifibrótico e anti- inflamatório no rim, retardando a nefropatia. ETIOLOGIA: glomeruloesclerose diabética e nefroesclerose hipertensiva são as principais (70%). Doenças glomerulares primarias são a terceira causa de falência crônica. O percentual das outras é baixo, como nefrite lúpica, nefrites intersticiais, necrose tubular aguda permanente, nefropatia isquêmica e do HIV. Independente da causa, a resposta adaptativa é a mesa = Hiperfiltração adaptativa, por isso no inicio pode ter creatininemia normal, sem hipervolemia ou alterações eletrolíticas. FISIOPATOLOGIA DA SINDROME UREMICA: »Toxinas Dialisáveis (perda de função de filtro) = eram as principais causas de morte antes da dialise, mesmo ainda ter prognostico ruim. A disfunção renal grave leva ao acumulo de substancias toxicas endógenas e dialise consegue filtras as que possuem menos de 500 daltons, como toxinas nitrogenadas (ureia). Esses compostos são os compostos guanidínicos (creatinina, acido guanidinoacético, acido guaninosuccínico), os quais alteram o estado mental, compostos aromáticos (acido fenólico, hidroxifenolico, benzoico, fenilacetico, indolacetico), os quais elevam o angion-gap por ter carga negativa, e a ureia. A ureia não é a maior vilã, so vai ter efeito toxico quando > 380mg/dL, manifestando sintomas no TGI e hematológicos. Os sinais aparecem quando >140-180 em diabéticos. Quando parcialmente tratada, somada aos efeitos adversos da dialise e os distúrbios residuais levam á queda da qualidade de vida dos pctes. Síndrome Residual = resíduos que a dialise não consegue filtrar e acabam se acumulando. Gera astenia, falta de energia, distúrbios do sono e cognição, alteração psiquiátrica, disfunção sexual e déficit de crescimento. »Distúrbios Hormonais (perda de função endócrina) = ocorre elevação do PTH gerado pelo hiperparatireoidismo secundário, e assim considerado uma toxina urêmica que contribui pro quadro clinico (causa encefalopatia, cardiomiopatia, anemia, prurido, osteodistrofia renal). O rim produz eritropoietina e calcitriol, e nessa lesão a produção fica comprometida, levando aos sintomas. Ocorre também deficiência na produção de amônia pelo parênquima renal, isso contribui pra acidose metabólica urêmica. O déficit na produção de oxido nítrico contribui pra HAS. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: conjunto de sinais e sintomas que aparece na insuficiência renal grave, quando FG < 30ml/min, separadas nas que respondem e nas que não respondem á dialise. »Manifestações que respondem á dialise: Desequilíbrio hidroeletrolítico = enquanto a TFG>20ml/min, o equilíbrio HAB fica normal, mas a regulação torna-se limitada se cai muito. O aumento da fração de excreção de Na é estimulado por retenção inicial de sódio, que mantem o pcte hipervolêmico, estimulando a liberação do PNA que suprime o SRAA, aumentando a FEna. Porém, qualquer aumento na ingestão provoca maior retenção, ate que um novo equilíbrio seja atingido (principio de retenção na síndrome urêmica). Ocorre então hipervolemia, Hiponatremia, hipercalemia, acidose metabólica, hiperfosdfatemia, hipermagnesemia e hipocalcemia. Os néfrons do pcte urêmico não conseguem reduzir a FE em estados de privação, podendo ter uma perda mínima obrigatória de agua e eletrólitos maior que indivíduos normais. Desequilíbrio ácido-básico = pra ser excretado, o H+ precisa se ligar a uma base (2/3 amonia e 1/3 outras como fosfato). Na injuria renal crônica, a produção de amônia cai e excreção de H+ é prejudicada, tendo acidose metabólica hiperclorêmica (aumenta Cl- pra compensar queda do bicarbonato) e assim o pH depende da compensação respiratória. A acidose crônica promove desminelização óssea. TFG < 5-10ml/min surge acidose com anion-gap aumentado e cloreto normal (anion-gap é pela dissociação do acido sulfúrico e retenção de sulfato). Promove aceleração do catabolismo proteico, perdendo massa muscular. Manifestações gastrointestinais = ocorrem os primeiros sintomas de anorexia, náuseas, plenitude abdominal e vômitos. Comprometimento da mucosa intestinal pelo levar a diarreia uremia, íleo uremico, tudo pela inflamação da mucosa com retenção das vilosidades. Hemorragia digestiva pode ser complicação da uremia por inflamação. Manifestações neurologias = no SNC se deve pelo acumulo de toxinas nitrogenadas dialisáveis, com declínio cognitivo aparecendo quando TFG < 60ml/min, e o PTH contribui pros sintomas. Ocorre encefalopatia urêmica aguda com desorientação, letargia, confusão mental, delirium, nistagmo, disartria, asterixis, fasciculações, sinal de Babinski bilateral, óbito. Ocorre envolvimento dos nervos periféricos em 65% dos casos, tendo polineuropatia axonal, sensorimotora, simétrica e com predomínio distal e de MMII. Os sintomas iniciais incluem parestesias dos pes tipo agulhada, com hipoestesia em bota no exame fiscio. Ocorre envolvimento do SNA com hipotensão postural, hipotensão durante hemodiálise, perda da influencia vagal com arritmias, anidrose, impotência. HAS = pode ser causa e consequência. Presente em 90% dos pctes com TFG < 10ml/min. Causada pela retenção de sódio e água em 80%, os outros pode ser devido SRAA hiperativo; HAS na uremia é mais perigosa que as HAS primária, tem maior risco de óbito e complicações. Manifestações cardíacas e pericárdica = ICC e pericardiopatia. Manifestações pulmonares e pleurais = geralmente ocorre aumento do conteúdo liquido e derrame pleural em 1/5 dos pctes. Disturbios de Hemostasia = ocorre síndrome urêmica com tendência ao sangramento, pois inibe funções plaquetárias e fator de Von Willebrand e fator III. Intolerancia á glicose e metabolismo da insulina= o metabolismo dos carboidratos fica alterado, tendo resistência periférica da insulina e disfunção de celula beta. »Manifestações que não respondem á diálise: Anemia = é uma das primeiras manifestações da uremia, instalada quando TFG<30-40ml/min. Ocorre por causa da deficiência da eritropoietina produzida normalmente por fibroblastos intersticiais renais em resposta a hipóxia tecidual, e age na medula estimulando diferenciação de CTp. Instaura anemia normocítica normocronica, com indisposição, depressão, déficit cognitivo, insônia, cefaleia, diminuição da libido, anorexia e tendência ao sangramento. Pode ser agravado nos pctes renais crônicos por deficiência férrica, B12 e acido fólico. Faz diagnostico por Ferritina < 100mg/ml e saturação transferrica < 20% (anemia ferropriva). Osteodistrofia renal = alteração da matriz óssea e sua desmineralização, predispondo dor óssea, fraturas patologias e deformidade esquelética. Instala quando TFG < 30-50ml/min. Manifestações cutâneas = pele seca e hiperpigmentada devido redução de vitamina A cutânea e ao acumulo de urocromos. Manifestações articulares e musculares Manifestações cardíacas e coronarianas = causa mais comum de óbito, e na DRC tem fatores de risco como aterosclerose, dislipidemia, DM. Dislipidemia = muito comum, hipertrigliceridemia isolada em 80% dos pctes, ocorrendo por inibição da degradação, pois uremia inibe enzimas desse metabolismo. Estado hipercatabolico = desnutrição proteico-calorica. Distúrbio imunológico = crônica leva a imunodeficiência moderada, e pode ser relacionada a hemodiálise. TRATAMENTO: depende da fase da patologia em que o pcte se encontra. Fase precoce (estagio G1 e G3A): HAS e proteinuria são comuns nessa fase devido ao agravamento da nefropatia. Deve-se controlar a PA com uso de IECA ou antagonistas da angio II. Em caso de glomerulonefrites e vasculites usar corticoesteroides e imunossupressores. Combater obesidade, sedentarismo, tabagismo, dislipidemia e DM. Usar alopurinol pra hiperuricemia. Restrição proteica na dieta pra diminuir a produção de escorias nitrogenadas. Fase inicial da síndrome urêmica (G3B e G4): controlar PA, anemia, osteodistrofia e metabolismo cálcio-fosforo. Uso de furosemida em altas doses pra HAS. Cuidar com IECA e antagonistas da angio II pelo risco de hipercalemia e retenção aguda de escorias. Doença Renal na Fase Terminal (G5): é quando TFG < 15ml/min, creatinina > 6- 8mg/dL e ureia > 120-180, com debito urinário normal ou reduzido. Deve fazer transplante renal ou programa de dialise. Restrição proteica menos acentuada, restringir Na, K e agua, cuidar com acidose, repor se preciso bicarbonato de sódio, ferro e acido fólico. »Transplante renal = indicada sempre que a dialise não é suficiência, mas o ideal seria pra todos os nefropatas crônicos agravados. É necessário uso de medicação imunossupressora, geralmente melhora a qualidade de vida e sobrevida do pcte receptor. Portadores de enfermidades hepáticas, cardiovasculares ou infecciosas que não se encontrem controladas e pacientes gravemente desnutridos são contraindicações formais para esta operação. Estratégia de tto depende da idade, causa da DRC, comorbidades, fatores econômico-sociais. »Hemodiálise: constitui na remoção de solutos (depuração ou convecção) e remoção de fluido (Ultrafiltração pela transmembrana). Hemodiálise intermitente: método escolhido nos pctes hemodinamicamente estáveis. Dura 3-4 horas, é rápido e pode ocorrer hipotensão. Dialise peritoneal continua: método de escolha pra pctes sem doença abdominal ou peritoneal e sem estado hipercatabolico. Comum em crianças. Hemodiafiltração venosa continua: pctes hemodinamicamente instáveis. Retirada de liquido de forma lenta e gradual, menos repercussão hemodinâmica no pcte. Tem filtração rápida do sangue, pode ter complicação como caibra, infecção por cateter, problema com heparina em pctes com problemas plaquetários. IECA A conversão diminuída da angio I em II inibe a vasoconstrição arteriolar, diminui síntese de aldosterona, inibe a reabsorção tubular proximal renal de NaCl e diminui a liberação de ADH. Isso diminui PA e aumenta natriurese. FARMACODINAMICA: a ECA cliva a bradicinina, então os inibidores dela vao aumentar os níveis de bradicinina. A bradicinina causa relaxamento do musculo liso vascular, mobilização do cálcio, ativação de eNOS e aumento da produção de NO. O sítio de ação da IECA é nos pulmões. A elevação da pressão capilar glomerular provoca lesão glomerular, os IECA reduzem esse parâmetro ao diminuir a PA e ao dilatar as arteríolas eferentes renais; Aumentam a seletividade da permeabilidade da membrana de filtração; Existe uma exacerbação do sistema cinina- calicreína, promove vasodilatação através do fator relaxante derivado do endotélio(EDRF) e de prostaciclinas; Captopril = primeiro padrão de metabolismo do IECA, pois é processado a um metabolito ativo. Enalapril e Ramipril = segundo padrão, convertidos também em metabolitos ativos. EFEITOS ADVERSOS: tosse e Angioedema por causa da bradicinina. INDICAÇÂO: tto da HAS, IAM e DRC. Equilíbrio Acidobasico O principal mecanismo fisiopatológica que pode alterar o equilíbrio AB nas células é a isquemia tecidual: uma queda acentuada na perfusão impede a chegada de O2 e nutrientes na celula, e também a retirada de CO2 e toxinas. O acumulo do CO2, acido lático e outras substancias acidas leva a redução do pH e perda de ATP. Esse processo isquêmico pode ser tecidual local, sem repercussão sobre o pH plasmático, ou pode ser um processo generalizado, como no choque e na sepse, levando a disfunção orgânica múltipla. Os distúrbios que reduzem o pH plasmático são chamados e acidose, e ao contrario é a alcalose. Podem ser metabólicos, definidos pelos níveis de bicarbonato, ou respiratórios, definidos pela alteração primaria dos níveis de CO2. SISTEMA TAMPAO: é o sistema de equilíbrio do compartimento extracelular e plasmático, consistindo na equação: HCO3- + H+ H2CO2 CO2 + H2O O excesso de hidrogênio é tamponado pelo bicarbonato, formando acido carbônico H2CO3, o qual é convertido em CO2 e agua pela anidrase carbônica nas hemácias circulantes. Esse sistema apenas ameniza as variações de pH, mas não impede. O pH plasmático depende diretamente da relação base/acido, ou seja, relação HCO3/CO2. O excesso de hidrogênio consome o bicarbonato no tamponamento e reduz essa relação, então o pH plasmático cai, tendo acidose metabólica. A perda de H+ é reposta por CO2, que segue a formação de bicarbonato e aumenta a relação novamente, tendo alcalose metabólica. Existem outros tampões no sangue e no interstício, como Hb e algumas proteínas plasmáticas, com o bicarbonato constituindo o total de bases (buffer bases). Base excesso é uma variação no total de bases, positivo se acumula e negativo quando há déficit. A eficácia do tampão é limitada, 2-3h após uma variação, células e ossos ajudam no tamponamento, captando ou liberando H+ trocado por sódio e potássio. Nas células, as proteínas e o fosfato são as principais substâncias tampão. Nos ossos, a captação contínua de H + se dá pela degradação do fosfato de cálcio, leva a desmineralização óssea, podendo causar raquitismo e osteomalácia. RESPOSTA COMPENSATORIA: ativas para evitar grande variação na relação base/acido, fazendo com que os níveis plasmáticos de base acompanhem os níveis ácidos, ou ao contrario. Disturbios metabólicos = resposta tem inicio quase que de imediato (minuto). É eficaz, mas não perfeita, não evita que o pH varie de forma perigosa nos distúrbios graves. A variação do pH écaptada por quimiorreceptores no arco aórtico, os quais modulam impulsos aferentes pelo nervo vago até o centro respiratório bulbar. A redução do pH estimula o centro respiratório, levando a hiperventilação, eliminando mais CO2 e reduzindo a PCO2. O aumento do pH inibe o centro respiratório, promovendo hipoventilação, retenção de CO2 e aumenta a PCO2. Disturbios respiratórios = resposta mais lenta, demorando 3-5 dias pra se iniciar, pois depende dos rins, onde o pH das células tubulares acompanha o pH plasmático. Na acidose respiratória crônica, o pH esta baixo, então isso estimula a excreção renal de hidrogênio e retenção de bicarbonato. Um pcte com DPOC avançada (retentor crônico de CO2) tem gasometria com pH baixo (7,34), PCO2 muito alta (80mmHg) e HCO3 elevado (38mEq/L). Na alcalose respiratória crônica, o pH esta alto, então o rim reduz a excreção de hidrogênio e promove perda de HCO. REGULAÇAO RENAL DO EQUILIBRO AB: rins precisam eliminar o excesso de H+ diariamente produzido pelo metabolismo proteico, sendo de 50-100mEq de H produzidos por dia. O hidrogênio é secretado pelo túbulo coletor, o qual é bastante influenciado pela reabsorção de sódio e secreção de potássio. Para cada um hidrogênio secretado no lumen, 1 bicarbonato é regenerado no plasma, isso se chama regeneração renal de bicarbonato. A célula do túbulo coletor possui na membrana luminal H+ ATPase, a qual faz a secreção tubular deste íon e mantém o pH urinário mais ácido que o plasmático. A acidez máxima da urina é um pH = 4,50, e a secreção tubular de H+ é necessári a m as não suficiente p eliminar os 50-100 mEq produzidos. A acidez urinaria máxima equivale a uma concentração de hidrogênio de apenas 0,04mEq/L, e quase todo ele é excretado ligado a bases urinarias, sendo a principal a amônia NH3. A amônia é produzida pelas células tubulares proximais, e sua produção é regulada pelo pH, podendo aumentar 10x nas acidoses e ser suprimida na alcalose. Esse é o principal mecanismo que regula a excreção de H, porem na IRC, isso fica danificado, pois a reserva de amônia fica reduzida, gerando acidose. Além disso, os rins precisam reabsorver todo o bicarbonato filtrado (3.300mEq/dia), ocorrendo no TCP. A celula tubular secreta H em troca de sódio, e o hidrogênio combina com o HCO3 filtrado formando CO2 e agua no lumen. O CO2 passa livremente pra celula tubular, e no citoplasma ocorre a reação inversa, enquanto o bicarbonato é reabsorvido e o H novamente secretado. Na alcalose metabólica, quando o HCO3 plasmático 28 mEq/L, parte do bicarbonato é eliminada na urina (bicarbonatúria), pois o limiar de reabsorção de bicarbonato foi ultrapassado. Acidose Metabólica A acidose metabólica pura é definida por HCO3<22mEq/L e pH < 7,35, sendo um distúrbio bem comum. As consequências clinicas não são tao graves quanto as da acidose respiratória aguda, mas a acidose metabólica grave (HCO3 < 10mEq/L e BE < -10mEq/L) pode deixar o pH < 7,10. Ocorre quando há excesso de H+ não derivado do CO2 ou há perda de HCO3 para o meio externo. As causas são varias e pode ser elucidada pelo quadro clinico. ACIDOSES COM ANION-GAP ALTO: algumas ocorrem por acumulo de substancias acidas na circulação, como a acidose lática, ou seja, uma substancia acida consegue se dissociar do H + base (qualquer acido). Acido lático H+ + lactato- Assim o hidrogênio liberado consome o HCO3 no plasma, levando a acidose metabólica com o anion formado (lactato), o qual se acumula na circulação caso o rim não excrete. Esse anion retido faz aumentar o chamado anion-gap. Pra manter o equilíbrio eletroquímico, o total de cátions tem que ser igual ao total de anions. O principal cátion plasmático é o sódio, e os principais anions são o cloreto e o bicarbonato, porem a concentração de sódio é maior que o cloreto e o bicarbonato juntos. Entao o equilíbrio é mantido pela existência de outros anions, o somatório deles é o anion-gap. Equivalencia elétrica no plasma Na = Cl + HCO3 + anion-gap. Fórmula do anion-gap Anion-gap = Na – (Cl + HCO3) = 8-12mEq/L. O ânion gap inclui todos os ânions “não medidos” subtraído de todos os cátions “não medidos” Ânions considerados “não medidos”: albumina é o principal, além de fosfato, sulfato, lactato e cetoânions (derivados dos corpos ce tônicos). Cátions “não medidos” → potássio , cálcio e magnésio. O aumento do anion-gap mantem o equilíbrio eletroquímico no plasma nesse tipo de acidose, pois compensa a queda do anion HCO3, e o cloreto não precisa ser retido. Exemplos de acidose assim: acidose lática (isquemia grave, hipoxemia extrema, sepse, intoxicação por CO), cetoacidose diabética (deficiência de insulina na DM1 pode levar a produção de corpos cetônicos no fígado), uremia, intoxicação por salicilatos, metanol ou etilenoglicol. ACIDOSES COM AG NORMAL (HIPERCLOREMIAS OU HIPOCALEMICA): ocorrem por perda de bicarbonato pro meio externo com retenção direta do hidrogênio. Exemplos: diarreia, fistublas biliares/entéricas/pancreáticas, ureterossigmoidostomia, acidoses tubulares renais, nutrição parenteral total, acetazolamida e diuréticos poupadores de potássio. A análise do AG urinário é muito importante para o diagnóstico diferencial das acidoses hiperclorêmicas. O valor normal é o oposto do AG plasmático, oscilando entre -8 e -12 mEq/L. Se existir uma dificuldade de excretar hidrogênio, o cloreto também vai deixar de ser eliminado, assim com pouco cloro na urina e o AG fica positivo. A diarreia é um exemplo comum, pois os fluidos do TGI produzidos abaixo do piloro (bile, suco entérico e suco pancreático) são ricos em bicarbonato, assim a acidose se instala pela perda fecal de bicarbonato. Hipoaldosteronismo é um exemplo de acidose por retenção direta de H+, pois a aldosterona tem a função de promover reabsorção de sódio e secreção de potássio e H+ no túbulo coletor cortical. A deficiência predispõe à retenção de potássio e H+ Nesse caso, para que o equilíbrio do plasma seja mantido, a redução do HCO3 deve ser compensada pelo aumento do cloreto plasmático, pois nenhum outro ânion foi retido. TRATAMENTO: o mandatório é o diagnostico da etiologia, dosagem de cloreto e calculo do AG pra diferenciar as acidoses tubulares renais das acidoses hipercloremicas. Lactato > 2,5 mMol/L = acidose lática. Pesquisa de glicemia e cetonúria = cetoacidose. Dosar natremia, calemia, dosagem de ureia e creatinina. Azotemia > 100mg/dL e creatinina > 5mg/dL = acidose urêmica. Reposição de bases: feita em alguns casos além da terapia especifica com uso de bicarbonato de sódio, dependendo da causa e da gravidade. Acidoses hipercloremicas: indicada pra reposição de bases em todas, exceto ATR IV, hipoaldosteronismo e por uso de diuréticos. Pode ser reposto com soro de hidratação venosa pra atingir mais de 50mEq a cada fluido digestivo eliminado. ATR tipo I = reposição com citrato de potássio VO ATR tipo II = reposição em dose maior pois a perda urinaria de bicarbonato é grande, mas VO. Acidoses com ânion-gap alto: reposição não esta indicada na acidose lática (apenas se muito grave e refrataria) e na cetoacidose, mas indicada na uremia grave e intoxicação exógena. Cetocidose diabética = repor insulina pra frear a produção de cetoácidos e ajudar os cetoânions serem convertidos em bicarbonato. Repor fluido melhora volemia e função renal. Cetoacidose alcolica = repor glicose hipertônica pra estimular liberação de insulina. IRA = repor bicarbonato de sódio quando HCO3 < 17 IRC = repor bicarbonato de sódio quando HCO3 < 20 Citrato de potássio é contraindicado e pode gerar necessidade de dialise. Intoxicações = bicarbonatode sódio EV pra facilitar eliminação do veneno. Uso de bicarbonato EV = indicado na acidose grave quando pH < 7,2 ou 6,9 na cetoacidose diabética. O disponível tem concentração de 8,4%, e cada ml contem 01mEq. Pode causar edema agudo de pulmão, hipernatremia, redução de cálcio ionizado, redução de pH, IC e acidose liquoria paradoxal. Alcalose Metabólica A pura é definida por HCO3 > 26 mEq/L e pH > 7,45. Frequente na pratica medica, associada a vômitos e diuréticos tiazidicos e de alça. Associado frequentemente com hipocalemia (uma leva a outra). Uma alcalose metabólica grave (HCO3 > 35 e BE > +10) pode deixar o pH > 7,7. Ocorre quando existe perda de H pras células ou pro meio externo, havendo retenção de bicarbonato. Os rins eliminam bicarbonato em excesso, não reabsorvendo do filtrado no nefron proximal quando a concentração excede 28 (bicarbonatúria). Existem condições em que a reabsorção fica aumentada, como em hipovolemia e depleção de cloreto. Reabsorção de bicarbonato é junto com a de sódio. Na depleção de cloreto, o bicarbonato é trocado com ele. Hipocalemia pode causar e perpetuar a alcalose metabólica, assim como o contrario. No nefron distal, sódio é reabsorvido em troca da secreção de potássio e hidrogênio, então se tem pouco K, hidrogênio é secretado no lugar. Aciduria paradoxal (alcalose sérica + acidoseurinária) = ocorre quando tem alcalose metabólica na presença de hipovolemia, hipocloremia e hipocalemia. Na alcalose metabólica espera-se uma urina alcalina, porem a urina se mantem acida nesse caso. A hipovolemia e a hipoclermia impedem que o excesso de bicarbonato seja eliminado. A hipocalemia também secreta hidrogênio, contribuindo pra acidificar urina. CLASSIFICAÇAO, CAUSAS E DIAGNOSTICO: procurar na historia clinica detalhada uma historia medicamentosa recente, uso de álcalis, presença de diarreia ou vomito. Dosar cloro sérico e avaliar estado volêmico do pcte, e também dosar cloro urinário. »Alcaloses metabólicas extrarenais responsivas ao cloreto: condições que levam a perda do cloero em secreções do TGI, como vômitos, drenagem nasogastrica e algumas causas de diarreia. Laboratorio mostra hipocloremia e cloro urinário diminuído (<20mEq). Vomitos e drenagem nasogastrica = suco gástrico rico em HCl, então a perda do hidrogênio nessas condições gera uma alcalose metabólica. Adenoma viloso de cólon. Cloretorreia congênica = patologia congenica autossômica e recessiva, ocorrem defeitos nos trocadores de cloro/bicarbonato na mucosa. Assim ocorre perda fecal de cloreto associada a déficit de excreção do bicarbonato fecal, uma alcalose hipocloremica. Síndrome de Zollinger-Ellison = hipersecreção de gastrina por um turmo de duodeno ou pâncreas. Muita secreção de HCl deixam as fezes acidas e perda fecal de cloreto. »Alcaloses metabólicas renais responsivas a cloreto: ocorre por um distúrbio renal primário, tendo eliminação urinaria inapropriada ou excessiva de cloreto, devido a defeitos na reabsorção desse anion nos túbulos. Pctes ficam com hipovolemia variada, com cloro sérico baixo e cloro urinário alto > 20. Diureticos tiazidicos e de alça = eliminam muito hidrogênio e potássio. Pode ocorrer por aumento da aldosterona e pela hipovolemia induzida, contribuindo ainda mais p excreção. Alcalose pós-hipercapnia crônica = ocorre em pctes em DPOC em ventilação mecânica. »Alcaloses metabólica extrarenais não responsivas ao cloreto: devido ao uso de bases como citrato e bicarbonato, ou excesso de cátions circulantes (acetato) ou depleção de anions (albumina). Estimulam retenção compensatória de bicarbonato pra manter o gradiente eletroquímico. Hemotransfusão maciça = o anticoagulante mais usado é o citrato, funcionando como base. Síndrome leite-álcali = ingestão crônica e abusiva de leite pode levar a discreta hipercalcemia e alcalose metabólica. Administração exógena de bicarbonato de sódio = alcalose iatrogênica em pctes internados. »Alcaloses metabólicas renais não responsivas ao cloreto: originadas no túbulo coletor, ocorre secreção de hidrogênio mediada pela aldosterona, hipocalemia, presença de anions não reabsorvíveis. O cloreto fica normal ou pouco reduzido com eliminação urinaria > 20. Hipocalemia = perpetua alcalose. Hiperaldosteronismo primário = lesão a HAS, hipocalemia e alcalose. Hipertensao renovascular = ativação do SRAA. Sindrome de Cushing = leva ao hiperaldosteronismo. Excreção de anions tituláveis = anions não reabsorvives no DC, estimula excreção de hidrogênio e potássio. Nitratos e penicilinas. QUADRO CLINICO: uma alcalose metabólica grave (pH>7) pode levar a confusão mental, convulsões, torpor, tetania, parestesias, arritmias, hipoventilação pulmonar compensatória, aumento da produção de lactato e etc. O cálcio circula 50% ligado a proteínas (albumina) e 50% livre cálcio ionizado. O pH alcalino aumenta a avidez da albumina pelo cálcio, ou seja, fica mais ligado, reduzindo a fração ionizada, e assim alcalose pode precipitar sintomas de hipocalcemia O pH ácido faz o efeito inverso, aumentando a fração ionizada, e a acidose ”protege” dos sintomas. TRATAMENTO: devemos permitir que o rim consiga excretar o excesso de bicarbonato durante 3-5 dias. Pcte hipovolêmico e hipocloremico = manter pcte euvolemico e normocalemico e corrigir depleção de cloreto. Usa SF a 0,9% associado a reposição oral ou venosa de KCl. Pcte hipervolêmico e alcaloses não responsivas ao cloreto = usar acetazolamida. Quando não funcionar faz infusão de ácidos minerais (HCl ou monoidroclotero de arginina). Hiperaldosteronismo ou hipercostisolismo = reposição de K e uso de diuréticos poupadores do potássio. Acidose Respiratória Definida por uma PCO2 > 45 mmHg e pH < 7,35. O hidrogênio acumulado é derivado do CO2 da hipoventilação pulmonar. Comum em pctes com insuficiência respiratória, gerando acidose respiratória aguda. Geralmente decorre de uma patologia pulmonar grave que levou a fadiga dos músculos respiratórios, ou a obstrução grave das VAS por corpo estranho, edema e glote e etc. Pode ainda ser por lesão SNC, medicamentos que inibem o centro respiratório, doenças da medula espinhal e etc. ACIDOSE RESPIRATORIA CRONICA: ocorre em pneumopatias crônicas como DPOC ou síndrome de Pickwick, que começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva. Há um reajuste no centro respiratório pra manter PCO2 mais alta e um distúrbio grave da troca gasosa pulmonar, levando a aumento do espaço morto pulmonar (áreas ventiladas e não perfundidas). O centro respiratório desses pacientes está hipossensível à PCO2 e hipersensível à hipoxemia O aumento da PCO2 é compensada pela retenção renal de HCO3 , que aumenta o base excesso na gasometria, sendo eficaz uma vez que é lento e progressivo e o pH não cai muito. Uma pneumopatia pode descompensar essa acidose, causando retenção aguda e queda grande do pH. TRATAMENTO: pcte evolui com síndrome da carbonarcose, pois CO2 vasodilata o cérebro caso aumente agudamente, tendo alteração do sensório. Tratamento deve ser intubação traqueal e ventilação mecânica, trazendo a PCO2 pro valor normal ou prévio e o pH pra faixa normal. A acidose respiratória crônica não precisa ser tratada, quando compensado, apenas tratamento da doença de base. Se descompensar, intubar se houver alteraç ão do sensório, fadiga respiratória ou pH < 7,25 Alcalose Respiratória Definida por PCO2 < 35 e um pH > 7,45 por hiperventilação pulmonar. Geralmente por causa psicogênica por crise de ansiedade ou angustia., ou por patologia pulmonar aguda (crise asmática, pneumonia, tromboembolismo). A alcalose respiratóriacrônica é por algum fator estimulando continuamente o centro respiratório, como sepse por GN, insuficiência hepática, doenças que comprometem o diencéfalo, mesencéfalo ou ponte Na alcalose respiratória crônica, o rim elimina mais bicarbonato para compensar o pH e leva a um base excesso mais negativo. O consumo de hidrogênio é pela perda de CO2, diminuindo a PCO2. TRATAMENTO: deve ser rápido pois leva de forma instantânea á vasoconstrição cerebral e á síndrome do hipofluxo cerebral, tendo alteração do sensório, tetania e parestesias. Deve-se tratar a causa básica como a ansiedade, depressão, sepse, crise asmática e TEP. O uso de bolsas coletoras de ar é necessário nos casos graves e refratários, onde exala o ar numa bolsa e inspira o CO2 exalado. Se estiver em ventilação mecânica, aumentar o espaço morto, aumentando o circuito do respirador.
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