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Indaial – 2021 Instrumentação eletroeletrônIca Sagah Educação S.A. 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Sagah Educação S.A. Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Conteúdo produzido: Copyright © Sagah Educação S.A. Impresso por: apresentação Prezado acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Instrumentação Eletroeletrônica. Nesta disciplina, são estudados os princípios de funcionamento de diversos sensores e também são vistas técnicas de instrumentação para leituras confiáveis. Você, acadêmico da Educação a Distância, deve saber que existem fatores importantes para um bom desempenho: disciplina, organização e um horário de estudos pré-definido para que obtenha sucesso. Em sua caminhada acadêmica, você é quem faz a diferença. Como todo texto técnico, por vezes denso, você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora e muita concentração. Lembre-se que o estudo é algo primoroso. Aproveite esta motivação para iniciar a leitura desde livro. Apesar deste ser um material destinado à instrumentação, é importante que você, prezado acadêmico, tenha estudado previamente alguma disciplina que sobre eletricidade. Então, se determinado assunto está gerando dúvidas para você não deixe de consultar o livro da disciplina Eletricidade Básica ou Eletromagnetismo, ou mesmo outros títulos indicados na bibliografia desta disciplina. Na Unidade 1, você estudará os principais conceitos sobre instrumentação tais como: erros de medição, tipos de instrumentos de medida e de controle de sistemas. Na Unidade 2, são estudados os diversos dispositivos e sistemas utilizados para realizar a medição de grandezas elétricas, como tensão, corrente, resistência e potência. Já na Unidade 3 são abordados tópicos sobre formas de aquisição de dados (de modo analógico e digital) e também maneiras de tratar estes dados adequadamente. Estimamos que, ao término deste estudo, você tenha agregado a sua experiência de acadêmico, um mínimo de entendimento sobre instrumentação eletroeletrônica a fim de lidar com este tema de forma satisfatória tanto na área acadêmica quanto profissional. Destacamos, ainda, a necessidade do contínuo aprimoramento através de atualizações e aprofundamento dos temas estudados. Bons estudos! Os autores. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Oi! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. Desejo a você excelentes estudos! UNI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumárIo UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO .............................................................. 1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO ................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 CONTROLE DE PROCESSO ............................................................................................................ 4 3 DEFINIÇÕES DOS ELEMENTOS EM UMA MALHA DE CONTROLE ................................. 5 4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE INSTRUMENTAÇÃO ..................................................................... 9 5 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE INSTRUMENTAÇÃO .......................................................... 9 6 SISTEMAS DE UNIDADE E OS PADRÕES NAS MEDIÇÕES .............................................. 12 7 A MEDIÇÃO E O ERRO DOS INSTRUMENTOS ..................................................................... 14 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO ............................................. 21 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21 2 SINAIS DIGITAIS ............................................................................................................................. 21 2.1 NÚMEROS BINÁRIOS ................................................................................................................ 22 2.2 CIRCUITOS LÓGICOS................................................................................................................. 24 2.3 CONVERSÃO ANALÓGICA-DIGITAL.................................................................................... 25 3 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO PARA CONTROLE E AUTOMAÇÃO............................ 26 4 INSTRUMENTOS DE CONTROLE .............................................................................................. 27 4.1 MANÔMETROS E VACUÔMETROS ........................................................................................ 27 4.2 PRESSOSTATOS ............................................................................................................................ 28 4.3 TACÔMETROS .............................................................................................................................. 29 4.4 MEDIDOR DE VAZÃO ................................................................................................................ 29 5 APLICAÇÃO DOS MEIOS DE CONTROLE ............................................................................... 30 6 CUIDADOS PARA UMA BOA MEDIÇÃO ................................................................................. 34 6.1 ESCOLHA DO EQUIPAMENTO ............................................................................................... 35 6.2 CONSERVAÇÃO E USO .............................................................................................................. 36 6.3 VARIAÇÃO DE TEMPERATURA ..............................................................................................36 6.4 ERRO DE PARALAXE ................................................................................................................. 37 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 39 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 — INSTRUMENTOS INDICADORES ELETROMECÂNICOS ............................. 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45 2 CARACTERÍSTICAS DOS INSTRUMENTOS ELETROMECÂNICOS ................................ 45 2.1 AMORTECIMENTO DO MOVIMENTO DO CONJUNTO MÓVEL ................................... 46 2.2 SUSPENSÃO DO CONJUNTO MÓVEL ................................................................................... 48 3 INSTRUMENTOS COM BOBINA MÓVEL E ÍMÃ PERMANENTE ..................................... 50 3.1 PRINCÍPIO FÍSICO DE FUNCIONAMENTO DA BOBINA MÓVEL .................................. 51 3.2 CÁLCULO DO CONJUGADO MOTOR DA BOBINA MÓVEL ........................................... 52 3.3 AMPERÍMETROS ......................................................................................................................... 53 3.4 VOLTÍMETROS ............................................................................................................................. 53 3.5 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA ......................................................................................... 54 4 INSTRUMENTOS ELETROSTÁTICOS, DE FERRO MÓVEL E ELETRODINÂMICOS ....... 54 4.1 INSTRUMENTOS ELETROSTÁTICOS ..................................................................................... 54 4.2 CÁLCULO DO CONJUGADO MOTOR DO INSTRUMENTO ELETROSTÁTICO ............. 56 5 INSTRUMENTOS DE FERRO MÓVEL ........................................................................................ 57 6 INSTRUMENTOS ELETRODINÂMICOS ................................................................................... 59 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 62 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 65 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 66 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 68 UNIDADE 2 — MEDIDAS ELÉTRICAS E SENSORES DIVERSOS ......................................... 69 TÓPICO 1 — MEDIDAS ELÉTRICAS ............................................................................................. 71 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71 2 DISPOSITIVOS DE MEDIÇÃO ..................................................................................................... 71 3 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ................................................................................................. 76 3.1 UTILIZAÇÃO DE GALVANÔMETROS EM MEDIÇÕES DE TENSÃO E CORRENTE ................................................................................................................................ 79 4 ERROS EM MEDIÇÕES ................................................................................................................... 82 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 86 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87 TÓPICO 2 — SENSORES .................................................................................................................... 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 SENSORES .......................................................................................................................................... 89 2.1 SENSORES DE PROXIMIDADE ................................................................................................ 90 2.1.1 Sensores de Proximidade Indutivos ................................................................................. 91 2.1.2 Sensores de Proximidade Capacitivos .............................................................................. 93 2.2 SENSORES FOTOELÉTRICOS ................................................................................................... 94 2.2.1 Varredura por interrupção de feixe ................................................................................... 95 2.2.2 Varredura por retrorreflexão .............................................................................................. 95 2.2.3 Varredura por difusão ......................................................................................................... 97 2.2.4 Fibra óptica ........................................................................................................................... 97 2.3 SENSORES DE EFEITO HALL ................................................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 100 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101 TÓPICO 3 — OUTROS TIPOS DE MEDIÇÃO ............................................................................ 103 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103 2 TERMOS BÁSICOS ........................................................................................................................ 104 3 MEDIÇÃO DE PRESSÃO .............................................................................................................. 105 4 FÓRMULAS DE PRESSÃO ........................................................................................................... 107 5 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO PARA CONTROLE DIMENSIONAL ........................... 109 6 INSTRUMENTOS BÁSICOS DE MEDIÇÃO DIMENSIONAL ............................................ 109 6.1 RÉGUA GRADUADA E ESQUADRO .................................................................................... 109 6.2 PAQUÍMETRO ............................................................................................................................ 111 6.3 PAQUÍMETRO DIGITAL .......................................................................................................... 112 6.4 PAQUÍMETRO COM RELÓGIO .............................................................................................. 112 6.5 PAQUÍMETRO DE PROFUNDIDADE ................................................................................... 113 6.6 PAQUÍMETRO DE ENGRENAGENS ..................................................................................... 113 7 PROCEDIMENTO PARA LEITURA COM PAQUÍMETRO NA ESCALA MÉTRICA ............. 114 7.1 PROCEDIMENTO PARA LEITURA COM PAQUÍMETRO NA ESCALA EM POLEGADAS ............................................................................................................................... 115 7.2 ERROS DE MEDIÇÃO NA UTILIZAÇÃO DO PAQUÍMETRO ......................................... 116 8 OUTROS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DIMENSIONAL ............................................ 117 8.1 MICRÔMETRO ...........................................................................................................................117 8.1.1 Micrômetro digital ............................................................................................................. 118 8.1.2 Micrômetro interno de três pontas .................................................................................. 119 8.1.3 Micrômetro interno tipo paquímetro .............................................................................. 119 8.1.4 Micrômetro com ponta tipo disco ................................................................................... 119 8.2 PROCEDIMENTOS PARA LEITURA COM MICRÔMETRO NA ESCALA MÉTRICA ......... 120 8.3 RELÓGIO COMPARADOR ....................................................................................................... 121 8.4 RUGOSÍMETRO .......................................................................................................................... 121 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 126 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 127 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 128 UNIDADE 3 — AQUISIÇÃO DE DADOS E ADEQUAÇÃO DE SINAL ............................... 131 TÓPICO 1 — MEDIÇÃO DE VAZÃO ............................................................................................ 133 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 133 2 TERMOS BÁSICOS ........................................................................................................................ 133 3 FÓRMULAS DE FLUXO................................................................................................................. 136 3.1 EQUAÇÃO DE CONTINUIDADE .......................................................................................... 136 3.2 EQUAÇÃO DE BERNOULLI .................................................................................................... 137 4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE FLUXO ......................................................................... 139 4.1 TAXA DE VAZÃO ...................................................................................................................... 139 4.2 FLUXO TOTAL ........................................................................................................................... 144 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 145 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 146 TÓPICO 2 — TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS (TC, TPI E TPC) ................... 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149 2 CARACTERÍSTICAS DOS TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS ..................... 149 2.1 TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC) ........................................................................... 151 2.2 TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP) .......................................................................... 152 2.3 RELAÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS CONFORME A APLICAÇÃO ............................................................................................................................... 155 2.3.1 TC tipo barra ...................................................................................................................... 155 2.3.2 TC tipo enrolado ................................................................................................................ 156 2.3.3 TC tipo janela...................................................................................................................... 156 2.3.4 TC tipo bucha ..................................................................................................................... 156 2.3.5 TC tipo núcleo dividido .................................................................................................... 157 2.3.6 TC com vários enrolamentos primários ......................................................................... 157 2.3.7 TC com vários enrolamentos secundários ..................................................................... 157 2.3.8 TC com vários núcleos secundários ................................................................................ 157 3 AMPLIFICADORES DE INSTRUMENTAÇÃO ........................................................................ 158 4 O AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO ........................................................................ 158 4.1 CARACTERÍSTICAS DO AMPLIFICADOR DE INSTRUMENTAÇÃO ............................ 161 4.2 CIRCUITOS INTEGRADOS DEDICADOS ............................................................................. 163 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169 TÓPICO 3 — INSTRUMENTAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL .............................................. 171 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 171 2 INSTRUMENTAÇÃO ANALÓGICA .......................................................................................... 171 2.1 CIRCUITOS ANALÓGICOS ..................................................................................................... 172 2.1.1 Amplificadores operacionais ............................................................................................ 172 2.2 AMPLIFICADORES DE CORRENTE ...................................................................................... 175 2.2.1 Amplificadores diferenciais ............................................................................................. 175 2.2.2 Amplificadores não lineares ............................................................................................. 176 2.2.3 Amplificador de instrumentação ..................................................................................... 176 2.3 CIRCUITOS DIGITAIS ............................................................................................................... 177 2.3.1 Sinais digitais ...................................................................................................................... 178 2.3.2 Circuitos lógicos ................................................................................................................. 178 3 TRANSMISSÃO ANALÓGICA ................................................................................................... 181 3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE RUÍDO ......................................................................................... 181 3.2 SINAIS DE TENSÃO .................................................................................................................. 183 3.3 SINAIS DE CORRENTE ............................................................................................................. 184 3.4 CONVERSÃO DE SINAIS ......................................................................................................... 185 3.4.1 Termopares ......................................................................................................................... 186 3.5 TRANSMISSÃO DIGITAL .........................................................................................................186 3.5.1 Sensores inteligentes ......................................................................................................... 188 3.5.2 Foundation Fieldbus e Profibus ....................................................................................... 188 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 190 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 196 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 197 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 199 1 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar sensores e atuadores; • explicar erros, confiabilidade e precisão de medidas; • interpretar os sistemas de unidade, padrões e prefixos utilizados na medição de parâmetros; • reconhecer a medição e o erro em instrumentação; • explicar as diferenças de sinais analógicos e digitais quanto aos meios de controle e tratamento; • identificar conversores analógico/digital (A/D) e digital/analógico (D/A); • reconhecer o sistema binário e suas características em base 2 em comparação ao sistema decimal; • reconhecer os instrumentos de medição para controle e automação; • reconhecer as características dos instrumentos indicadores eletromecânicos; • interpretar o funcionamento dos instrumentos de bobina móvel a imã permanente; • diferenciar instrumentos eletrostáticos de ferro móvel e eletrodinâmicos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO TÓPICO 2 – CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO TÓPICO 3 – INSTRUMENTOS INDICADORES ELETROMECÂNICOS 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 1 INTRODUÇÃO A instrumentação é a base para o controle de processos na indústria. No entanto, também está presente em muitos tipos de aquecedores de água domésticos e HVAC, onde a temperatura variável é medida e utilizada para controlar o fluxo de gás, óleo ou eletricidade para o aquecedor de água ou para sistema de aquecimento, ou ainda para controlar a energia elétrica utilizada pelo compressor para a refrigeração. Além disso, a instrumentação é utilizada em aplicações de controle de processos industriais complexas, como as utilizadas na indústria de petróleo ou química. No controle industrial, um grande número de variáveis, que compreende desde a vazão, temperatura e pressão até o tempo e a distância, pode ser detectado simultaneamente. Todas podem ser variáveis interdependentes em um único processo que exige sistemas microprocessados complexos e desempenham um controle total. Devido aos rápidos avanços na tecnologia, os instrumentos atualmente em uso podem se tornar obsoletos em um futuro próximo, visto que novas técnicas de medição mais eficientes são constantemente concebidas. Essas mudanças são impulsionadas pela necessidade de melhorar a exatidão, qualidade, precisão e desempenho. Para medir parâmetros de forma precisa, foram desenvolvidas técnicas que eram impossíveis há poucos anos. A sigla HVAC (heating, ventilating and air conditioning – aquecimento, ventilação e ar-condicionado) constitui a tecnologia destinada ao conforto do interior de ambientes, sobretudo em edifícios e em veículos. DICAS UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 4 2 CONTROLE DE PROCESSO Para produzir um produto com qualidade consistentemente alta, um controle de processo adequado é necessário. Um exemplo de controle de processo de fácil compreensão seria o fornecimento de água a uma série de estações de tratamento, onde a temperatura da água deve ser mantida constante, independentemente da demanda. Um bloco de controle simples mostrado na Figura 1a, onde vapor e água fria são aplicados em um trocador de calor, de modo que o calor do vapor d’água é usado para aquecer a água fria até a temperatura de operação necessária. Um termômetro é utilizado para medir a temperatura da água (variável medida), a partir do processo ou do trocador. A temperatura é monitorada por um operador que ajusta o fluxo de vapor (variável manipulada) no trocador de calor para manter a água que sai deste dispositivo em uma temperatura constante. Essa operação é conhecida como controle de processo e, na prática, pode ser automatizada, como é mostrado na Figura 1b. Controle de processo é o controle automático de uma variável de saída por meio da medição da amplitude do parâmetro de saída a partir do processo, comparando-a com um valor desejado ou estabelecido e realimentando um sinal de erro no intuito de controlar uma variável de entrada, que nesse caso é o vapor. Observe a Figura 1b. Um sensor de temperatura conectado à tubulação de saída mede a temperatura da água. À medida que a demanda de água quente aumenta ou diminui, a mudança na temperatura da água é detectada e convertida em um sinal elétrico, o qual, por sua vez, é amplificado e enviado a um controlador que o avalia e envia um sinal de correção para um atuador. O atuador ajusta o fluxo de vapor para o trocador de calor, a fim de manter a temperatura da água no valor predeterminado. FIGURA 1 – CONTROLE DE PROCESSO: (A) CONTROLE MANUAL ENVOLVENDO UMA MALHA DE PROCESSO EM UM TROCADOR DE CALOR SIMPLES. (B) CONTROLE AUTOMÁTICO ENVOLVENDO UMA MALHA DE PROCESSO EM UM TROCADOR DE CALOR FONTE: Os autores TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 5 FIGURA 2 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UMA MALHA DE CONTROLE DE PROCESSO FONTE: os autores O diagrama da Figura 1b representa uma malha de realimentação simplificada, a qual é mostrada de forma expandida na Figura 2. Em qualquer processo, há uma série de entradas, isto é, há desde produtos químicos até elementos sólidos. Esses são manipulados no processo, sendo que um novo produto químico ou componente surge na saída. As entradas controladas do processo e os parâmetros de saída medidos no processo são chamados de variáveis. Em uma instalação com controle de processo, o controlador não é necessariamente limitado a uma variável, mas pode medir e controlar muitas variáveis. Um exemplo adequado da medição e controle multivariável encontrado no dia a dia é o processador existente no motor de automóvel. A Figura 3 lista algumas das funções desempenhadas pelo processador do motor. A maioria das variáveis controladas consiste em seis ou oito dispositivos, dependendo do número de cilindros do motor. O processador do motor deve ser capaz de executar todas essas funções em cerca de 5 ms. Esse exemplo de controle do motor pode ser relacionado com as operações desempenhadas no controle de processos. 3 DEFINIÇÕES DOS ELEMENTOS EM UMA MALHA DE CONTROLE A Figura 4 divide os elementos individuais dos blocos existentes em uma malha de controle de processo. O elemento de medição é constituído por um sensor, um transdutor e um transmissor que possui a sua própria fonte de alimentação regulada. O elemento de controle possui um atuador, um circuito de controle de alimentação e sua própria fonte de alimentação. O controlador possui um processador com memória e um circuito somador para comparar o ponto de ajuste com o sinal medido de modo a gerar um sinal de erro. O processador usa entãoo sinal de erro para gerar um sinal de correção que controla o atuador e a variável de entrada. A definição desses blocos é dada a seguir. UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 6 FIGURA 3 – MOTOR DE AUTOMÓVEL COM IDENTIFICAÇÃO DE ALGUMAS VARIÁVEIS MEDIDAS E CONTROLADAS FONTE: Os autores A malha de realimentação é o percurso do sinal da saída até a entrada para corrigir qualquer variação entre o valor da saída e o nível definido. Em outras palavras, a saída de um processo é continuamente monitorada, o erro entre o ponto de ajuste e o parâmetro de saída é determinado, e um sinal de correção é, em seguida, enviado de volta para uma das entradas do processo, buscando corrigir eventuais alterações no parâmetro de saída. Variável controlada ou medida é a variável de saída monitorada a partir de um processo. O valor do parâmetro de saída monitorado é normalmente mantido dentro de certos limites estabelecidos. Variável manipulada é a variável de entrada ou parâmetro de um processo que é alterado por um sinal de controle proveniente do processador para um atuador. Ao alterar a variável de entrada, o valor da variável medida pode ser controlado. FIGURA 4 – DIAGRAMA DE BLOCOS DOS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O CAMINHO DE REALIMENTAÇÃO EM UMA MALHA DE CONTROLE DE PROCESSO FONTE: Os autores TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 7 Ponto de ajuste é o valor desejado do parâmetro de saída ou variável a ser monitorada por um sensor. Qualquer desvio em relação a este valor gerará um sinal de erro. Instrumento é o nome dado a qualquer um dos vários tipos de dispositivos usados na indicação ou medição de grandezas físicas ou condições, desempenho, posição, direção, entre outros parâmetros semelhantes. Sensores são dispositivos capazes de detectar as variáveis físicas, tais como a temperatura, a intensidade luminosa ou movimento, possuindo a capacidade de fornecer uma saída mensurável que varia em relação à amplitude da variável física. O corpo humano possui sensores nos dedos das mãos, que podem detectar a rugosidade da superfície, a temperatura e a força. Um termômetro é um bom exemplo de um sensor de linha de visão, o qual fornece uma indicação visual da temperatura exata. Em outros sensores, como um sensor de pressão de membrana, um transdutor de pressão pode ser necessário para converter a deformação do diafragma num sinal elétrico ou pneumático antes que possa ser medido. Transdutores são dispositivos que podem converter uma forma de energia em outra como, por exemplo, um termômetro de resistência que converte a temperatura em resistência elétrica, ou ainda um termopar que converte a temperatura em tensão. Ambos esses dispositivos fornecem uma saída que é proporcional à temperatura. Muitos transdutores são classificados como sensores. Conversores são dispositivos usados para alterar o formato de um sinal sem provocar alterações na forma de energia, isto é, uma conversão de uma tensão em um sinal de corrente. Atuadores são dispositivos usados para controlar uma variável de entrada em resposta a um sinal proveniente de um controlador. Um exemplo de atuador típico é uma válvula de controle de vazão, capaz de controlar a taxa de vazão de um fluido de forma proporcional à amplitude de um sinal elétrico fornecido pelo controlador. Outros tipos de atuadores são relés magnéticos, que conectam e desconectam o fornecimento de energia elétrica. Exemplos desses são os atuadores que controlam a alimentação de ventiladores e compressores em um sistema de ar-condicionado em resposta a sinais obtidos por sensores de temperatura ambiente. Controladores são dispositivos que monitoram sinais de transdutores e atuam de forma adequada para manter o processo dentro de limites especificados de acordo com um programa predefinido, ativando e controlando os atuadores necessários. Controladores lógicos programáveis (CLP) são usados em aplicações de controle de processo e são sistemas microprocessados. Pequenos sistemas têm a capacidade de monitorar diversas variáveis e controlar diversos atuadores, com capacidade de expansão para monitorar de 60 a 70 variáveis e controlar um número de atuadores correspondente, o que pode ser necessário em uma refinaria petroquímica. Os CLPs, os quais possuem a capacidade de utilizar a UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 8 informação de entrada na forma analógica ou digital, bem como sinais de controle de saída analógicos ou digitais, podem se comunicar globalmente com outros controladores, são facilmente programados on-line ou off-line, e fornecem uma ampla quantidade de dados e informações para o operador. Redes em escada (ladder) são normalmente usadas para programar os controladores. Um sinal de erro é a diferença entre o ponto de ajuste e a amplitude da variável medida. Um sinal de correção é o sinal utilizado para controlar a energia enviada ao atuador para definir o nível da variável de entrada. Transmissores são dispositivos utilizados para amplificar e formatar sinais, sendo adequados para a transmissão em grandes distâncias com perda nula ou mínima de informação. O sinal transmitido pode possuir vários formatos como, por exemplo, pneumático, digital, tensão analógica, corrente analógica ou como um sinal modulado em radiofrequência (RF). A transmissão digital é mais adequada em sistemas mais recentes porque o controlador é um sistema digital, e como os sinais analógicos podem ser digitalizados com precisão, os sinais digitais podem ser transmitidos sem perda de informação. O controlador compara a amplitude do sinal do sensor com um ponto de referência pré-determinado, o que na Figura 1 corresponde à amplitude do sinal do sensor de água quente. Então, o controlador enviará um sinal que é proporcional à diferença entre a referência e o sinal transmitido para o atuador, de modo que este deva abrir ou fechar a válvula de controle do fluxo de vapor d’água para ajustar a temperatura da água no respectivo valor de referência. EXEMPLO A Figura 5 mostra o diagrama de blocos de um sistema de controle de vazão em malha fechada. Identifique os seguintes elementos: (a) o sensor, (b) o transdutor, (c) o atuador, (d) o transmissor, (e) o controlador, (f) a variável manipulada e (g) a variável medida. FIGURA 5 – CONTROLE DO PROCESSO COM UM REGULADOR DE VAZÃO UTILIZADO NO EXEMPLO 1.1 FONTE: Os autores TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 9 4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE INSTRUMENTAÇÃO A ciência da instrumentação surgiu devido à necessidade do desenvolvimento de técnicas para a medição, indicação, registro e do controle de dados quantitativos nos mais diversos campos de atuação. Na área de engenharia elétrica, utilizam- se os efeitos físicos (força eletromagnética, força eletrostática, efeito Joule, efeito termoelétrico, entre outros) para fornecer esses dados aos instrumentos através de grandezas elétricas. Neste subtópico, você conhecerá melhor algumas dessas grandezas elétricas e seus sistemas de medida. Também aprenderá sobre os instrumentos utilizados para a medição das unidades e como minimizar os erros dessas medições. 5 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE INSTRUMENTAÇÃO A instrumentação tornou possível o processo de medição e comparação das grandezas físicas que possuem um padrão único e comum entre si (FERNANDES, 2008). As grandezas físicas estão divididas em duas categorias: as ditas grandezas fundamentais e as grandezas derivadas, que, como o nome diz, são derivadas das fundamentais. As Tabelas 1 e 2 mostram algumas dessas grandezas. TABELA 1 – GRANDEZAS FUNDAMENTAIS FONTE: Adaptada de Fernandes (2008) TABELA 2 – GRANDEZAS DERIVADAS ELÉTRICAS UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 10 FONTE: Adaptada de Fernandes (2008) Os instrumentos utilizados podem ser classificados quanto a sua função: • Instrumentos Indicadores: mostram o valor da mediçãono instante de sua utilização, descartando a mesma no instante seguinte. • Instrumentos Registradores: registram o valor da medição para posterior análise e podem ou não indicar sua medição. • Instrumentos Integradores: mostram o valor acumulado das medições em um determinado intervalo de tempo. • Instrumentos Controladores: comparam o valor da medição com um valor pré-determinado e, baseando-se na diferença entre os valores, podem emitir um sinal para a correção. • Instrumentos Conversores: permitem transformar um valor de medição em sua entrada em outro proporcional em sua saída. Para exemplificar, a Figura 6 mostra alguns desses instrumentos. FIGURA 6 – EXEMPLO DE ALGUNS TIPOS DE INSTRUMENTOS FONTE: Os autores É comum que os instrumentos apresentem uma faixa de medição (calibre ou range), ou seja, um conjunto de valores admitidos pelo instrumento numa determinada medição. Dentro dessa faixa de medição temos a resolução, que mostra a sensibilidade de variação a cada mudança no valor da medição. Pode- se avaliar a mesma pelo número de casas decimais mostradas pelo instrumento. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 11 Além disso, os instrumentos possuem uma classe de exatidão, que nada mais é do que a aproximação entre o resultado obtido de uma medição e o valor adotado como padrão. Não confundir com precisão, que demonstra a variabilidade dos resultados de diversas medições sucessivas. A aferição de um instrumento é o procedimento que compara o valor lido por ele e o valor padrão apropriado, sendo sua calibração efetuada quando da correção para o valor padrão (FERNANDES, 2008). Um instrumento é identificado de acordo com o tipo de grandeza que é capaz de medir (voltímetro, amperímetro, wattímetro etc.). O princípio físico do funcionamento dos instrumentos utilizados em medições elétricas é caracterizado pela forma como ele se comporta sob o efeito da corrente elétrica: eletrodinâmico – efeito de corrente elétrica sobre corrente elétrica; ferro-móvel – efeito do campo magnético da corrente elétrica sobre peça de material ferromagnético; térmico – efeito do aquecimento produzido pela corrente elétrica ao percorrer um condutor; entre outros (FERNANDES, 2008). Veja os padrões das grandezas elétricas: Corrente Elétrica: o ampere é a corrente constante que, mantida entre dois condutores paralelos de comprimento infinito e seção transversal desprezível separados em 1m, no vácuo, produz uma força entre os dois condutores de 2 · 10-7N/m. Na prática, são utilizados instrumentos, chamados “balanças de corrente”, que medem a força de atração entre duas bobinas idênticas e de eixos coincidentes. Tensão: o padrão do volt é baseado numa pilha eletroquímica conhecida como “Célula Padrão de Weston”, constituída por cristais de sulfato de cádmio (CdSO4) e uma pasta de sulfato de mercúrio (HgSO4) imersos em uma solução saturada de sulfato de cádmio. Em uma concentração específica da solução e temperatura de 20 °C, a tensão medida é de 1,01830V. Resistência: o padrão do ohm é normalmente baseado num fio de manganina (84% Cu, 12% Mn e 4% Ni) enrolado sob forma de bobina e imerso num banho de óleo a temperatura constante. A resistência depende do comprimento e do diâmetro do fio, possuindo valores nominais entre 10-4Ω e 106Ω. Capacitância: o padrão do farad é baseado no cálculo de capacitores de geometria precisa e bem definida com um dielétrico de propriedades estáveis e bem conhecidas. Normalmente, usam-se duas esferas ou 2 cilindros concêntricos separados por um dielétrico gasoso. Indutância: o padrão do henri é também baseado no cálculo de indutores sob a forma de bobinas cilíndricas e longas em relação ao diâmetro com uma única camada de espiras (FERNANDES, 2008). IMPORTANT E UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 12 6 SISTEMAS DE UNIDADE E OS PADRÕES NAS MEDIÇÕES Todas as grandezas físicas possuem uma unidade padrão e estão reunidas no chamado Sistema Internacional (SI). A unidade e a grandeza física são coisas distintas. Enquanto a grandeza física é o fenômeno físico envolvido, a unidade a forma de medir o valor dessa grandeza. Exemplo: tempo é a grandeza física e o segundo é como o medimos, a unidade de tempo. As Tabelas 1 e 2 mostradas anteriormente demonstram algumas dessas grandezas e suas unidades correspondentes. Além das unidades padronizadas, também são utilizados prefixos que representam um fator multiplicador dessa unidade, favorecendo a sua representação escrita. A Tabela 3 mostra alguns desses prefixos. TABELA 3 – PREFIXOS UTILIZADOS NO SI FONTE: Adaptada de Medeiros Filho (1981) Para entender melhor os diferentes funcionamentos dos instrumentos utilizados em medições elétricas (eletrodinâmico, ferro-móvel, bobina-móvel, indução, bobinas cruzadas, sistema com fio térmico e eletrostático), acesso o link: https://goo.gl/Z2Z25P. DICAS TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 13 Uma outra padronização internacional para os instrumentos é a categoria de segurança da medição, uma divisão que oferece isolação elétrica de acordo com a localização da medição. É baseada no fato de que um transiente perigoso de alta energia, como uma descarga atmosférica, será atenuado ou amortecido por uma resistência de corrente alternada do sistema (FERNANDES, 2008). A Figura 7 exemplifica as categorias de segurança. FIGURA 7 – CATEGORIAS DE SEGURANÇA FONTE: Adaptada Fluke (2004) Para visualizar a lista completa de grandezas físicas e suas unidades padrão, assim como os prefixos do SI, acesse o link: https://goo.gl/PJ4zCh. DICAS UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 14 7 A MEDIÇÃO E O ERRO DOS INSTRUMENTOS Antes de sair medindo as coisas, você precisa ter algumas precauções. O operador deverá ter a certeza de que está utilizando o instrumento de maneira correta, garantindo a integridade do instrumento e principalmente evitando acidentes. Sempre leia o manual de instruções caso ainda não conheça o instrumento. Para realizar as medições, deve-se escolher o instrumento mais adequado, levando em consideração a grandeza a qual quer medir, e se esta é contínua ou alternada. Também deve-se escolher um instrumento que tenha um range compatível com valor esperado para tal medição. A classe de exatidão deverá ser escolhida conforme a qualidade e exigência desejada para a medida. Por último e não menos importante, você deve avaliar a interferência que o instrumento ocasionará ao ser inserido no circuito do qual pretende obter medições. Isso evitará que a medição aponte um valor que não corresponda à realidade do circuito. Normalmente, é dito que todo amperímetro tem sua resistência interna desprezível quando é utilizado para medir uma corrente elétrica. Será que isso é realmente verdade? É mais correto afirmar que a resistência interna do amperímetro é pequena, mas não desprezível. Por exemplo: supomos que uma fonte E = 10V alimenta uma resistência R = 1Ω, conforme a figura a seguir. Então a corrente I que circula através de R é de 10A. Se for introduzido em série com R um amperímetro de resistência interna Ra = 1Ω, conforme a figura a seguir, a corrente será agora I = 5A. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À INSTRUMENTAÇÃO 15 Isso demonstra que o amperímetro causou uma perturbação no circuito em virtude de sua resistência ser considerável, e não desprezível, diante do valor da resistência R do circuito. Esse exemplo é extensivo a todos os outros instrumentos elétricos de medição e serve de alerta aos seus manipuladores (FERNANDES, 2008). Outro aspecto importante dentro da obtenção das grandezas é o erro ocasionado durante a medição que pode ser classificado de acordo com sua causa em: grosseiro, sistemático e acidental. Erro grosseiro: podem ser causados por falha do operador ao escrever os resultados, por enganos nas operações fundamentais ouaté mesmo pelo posicionamento incorreto da vírgula nos números contendo decimais. Esses erros podem ser evitados através da repetição dos ensaios e do uso de um valor médio obtido de várias medições. Vale ressaltar que não existe um tratamento matemático para esse tipo de erro. Erro sistemático: estão atrelados às deficiências do método e do material utilizado, além da apreciação das medidas pelo experimentador. Basta mencionar, por exemplo, o consumo de energia dos instrumentos de medida e as variações das características físicas ou elétricas dos elementos que constituem o circuito. Esse conjunto de imperfeições constitui a deficiência do método, que sempre apresenta uma divergência, embora pequena, entre a análise teórica e o comportamento prático desse circuito. Os materiais (medidores, pilhas, resistências, capacitores etc.) devem ser aferidos periodicamente e os componentes do circuito podem ser substituídos por elementos teoricamente iguais com o intuito de verificar a ausência do erro sistemático na repetição da mesma medição. Há experimentadores com a tendência de anotar as leituras das medições com um valor maior do que o real, enquanto outros a fazem com valor menor. A média aritmética das leituras de vários experimentadores pode limitar esse erro. Erro acidental: a experiência mostra que uma mesma pessoa, realizando os mesmos ensaios e com os mesmos componentes, não consegue obter sempre o mesmo resultado. Esses erros são consequentes do imponderável e são essencialmente variáveis e não suscetíveis a limitação (MEDEIROS FILHO, 1981). Erro absoluto e relativo A palavra erro representa a diferença algébrica entre o valor medido V m de uma grandeza e o seu valor verdadeiro, ou aceito como verdadeiro, V e : ∆V = V m - V e . IMPORTANT E UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 16 O tratamento dos erros tem o intuito de minimizar e também identificar os vários tipos dos erros presentes numa medição. Um tratamento estatístico pode ser aplicado a um conjunto de dados obtidos em condições conhecidas. a) Média aritmética: dada a partir da equação Em que xi são os valores medidos e n é o número de medidas executadas. O resíduo r é a diferença entre a média e cada uma das medidas r = (x – xi). b) Erro padrão ou desvio padrão: encontrado a partir de uma série de leituras, fornece uma estimativa da magnitude do erro presente nessas medidas e consequentemente sua precisão. O erro padrão σ é calculado pela equação Sendo: Sendo assim, o valor verdadeiro Ve da grandeza pode ser expresso da seguinte forma: V m - ∆V ≤ V e ≤ V m + ∆V. O valor ∆V é chamado de limite máximo ou superior do erro absoluto. Quando o valor medido V m encontrado é maior que o valor verdadeiro V e , diz-se que o erro é por excesso. Quando V m é menor que V e , diz-se que o erro é por falta. O erro relativo ε é definido como a relação entre o erro absoluto ∆V o valor verdadeiro V e da grandeza medida e pode ser expresso da forma percentual como: ε = (∆V/Ve) x 100 FONTE: Medeiros Filho (1981). 17 Neste tópico, você aprendeu que: • Controle de processo é o controle automático de uma variável de saída por meio da medição da amplitude do parâmetro de saída a partir do processo, comparando-a com um valor desejado ou estabelecido e realimentando um sinal de erro no intuito de controlar uma variável de entrada. • Em uma instalação com controle de processo, o controlador não é necessariamente limitado a uma variável, mas pode medir e controlar muitas variáveis. Um exemplo adequado da medição e controle multivariável encontrado no dia a dia é o processador existente no motor de automóvel. • Variável controlada ou medida é a variável de saída monitorada a partir de um processo. • Variável manipulada é a variável de entrada ou parâmetro de um processo que é alterado por um sinal de controle proveniente do processador para um atuador. • Sensores são dispositivos capazes de detectar as variáveis físicas, tais como a temperatura, a intensidade luminosa ou movimento, possuindo a capacidade de fornecer uma saída mensurável que varia em relação à amplitude da variável física. • Transdutores são dispositivos que podem converter uma forma de energia em outra como, por exemplo, um termômetro de resistência que converte a temperatura em resistência elétrica. • Controladores são dispositivos que monitoram sinais de transdutores e atuam de forma adequada para manter o processo dentro de limites especificados de acordo com um programa predefinido. • As sete grandezas fundamentais da física são: comprimento (em metros), a massa (em quilogramas), o tempo (em segundos), a intensidade de corrente (em amperes), a temperatura termodinâmica (em kelvin), a quantidade de matéria (em mols) e a intensidade luminosa (em candelas). RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Uma malha de controle de processos em automação é composta por: a) ( ) Motores, atuadores, controladores e processo. b) ( ) Sensores, atuadores, controladores e processo. c) ( ) Motores, sensores, controladores e processo. d) ( ) Sensores, motores, controladores e processo. e) ( ) Atuadores, controladores e processo. 2 Uma moderna caldeira industrial totalmente automática, com controle de nível, pressão, vazão de combustível e vapor, tem o tipo de controle: FONTE: <https://bit.ly/3vUWslX>. Acesso em: 1° abr. 2021. a) ( ) Regenerativo. b) ( ) Manual c) ( ) Malha fechada. d) ( ) Malha aberta. e) ( ) On/Off. 3 O controle manual é feito pelo _______________ e o controle automático é feito pelo _______________. Qual das alternativas abaixo preenche corretamente as lacunas? a) ( ) Operador e controlador b) ( ) Controlador e atuador. c) ( ) Controlador e operador. d) ( ) Sensor e controlador. e) ( ) Operador e atuador. 4 No diagrama de blocos de uma malha de controle, o elemento de medição e o elemento de controle são: AUTOATIVIDADE 19 FONTE: <https://bit.ly/3y1iiWP>. Acesso em: 1° abr. 2021. a) ( ) Controlador e caminho de realimentação. b) ( ) Variável controlada e variável manipulada. c) ( ) Sensores e atuadores. d) ( ) Saídas e entradas. e) ( ) Ponto de ajuste e atuadores. 5 A menor indicação da variável numérica que um instrumento pode indicar, ou seja, a menor mudança de uma variável para que o instrumento possa responder é: a) ( ) Faixa de um instrumento. b) ( ) Precisão de um instrumento. c) ( ) Repetibilidade. d) ( ) Histerese. e) ( ) Resolução. 6 Um instrumento de medição para tensão (voltímetro) com classe de exatidão 1, tem sua resistência interna original de 5000 ohms substituída por uma de 10000 ohms. O que se pode afirmar após a substituição da resistência? a) ( ) A medição com o voltímetro terá a mesma exatidão garantida pela classe de exatidão b) ( ) O voltímetro manterá sua exatidão apenas com a resistência original. c) ( ) O voltímetro manterá sua precisão apenas com a resistência original d) ( ) O voltímetro manterá sua exatidão proporcional ao aumento da resistência interna. e) ( ) Essa alteração não permitirá utilizar o voltímetro com precisão. 7 Para verificar a presença de um erro sistemático, pode-se realizar a repetição do experimento, substituindo os elementos iniciais por elementos teoricamente iguais. Supondo que, ao refazer os testes, foi detectado uma discordância, ou seja, identificado um erro. Pode-se afirmar que: I- O responsável pelo erro foi o instrumento utilizado. II- O responsável pelo erro foi o experimentador dos ensaios. III- O responsável pelo erro foi o método utilizado. IV- Os testes podem ser repetidos até que se descubram os responsáveis pelo erro anterior. 20 a) ( ) Somente afirmativa I está correta b) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas. c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas. d) () Somente a afirmativa II está correta. e) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. 8 Dado o circuito da figura a seguir, e utilizando um amperímetro com escala final de 30A, classe de exatidão 0,1 e com uma resistência interna de 5 ohms, qual é o valor correto para o erro absoluto e o erro relativo em percentual, respectivamente, considerando que o amperímetro apresente a medida da corrente no nível inferior de sua classe de exatidão? FONTE: <https://bit.ly/3y08CvE>. Acesso em: 1° abr. 2021. 9 Considerando o exercício anterior proposto, qual seria a resistência interna adequada para o amperímetro, para que o erro relativo fosse igual à -3%? 10 Um experimentador, após realizar sucessivas medições, deseja calcular o desvio padrão. Com base nos valores medidos a seguir, qual é o valor do desvio padrão? 4,37 A 4,40 A 4,38 A 4,40 A 4,39 A 4,41 A 4,43 A 4,41 A 4,42 A 4,43 A 21 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 1 INTRODUÇÃO O estudo dos circuitos eletrônicos onde as entradas e saídas são limitadas a dois valores fixos ou discretos ou níveis lógicos é denominado eletrônica digital. A abordagem adequada dos tópicos envolvendo tecnologia digital requer um estudo mais aprofundado; neste livro, apenas alguns tópicos básicos serão analisados. Esse estudo se justifica em virtude da aplicação de circuitos analógicos e digitais em instrumentação. Sensores e funções de instrumentação são analógicos por natureza. No entanto, os circuitos digitais apresentam muitas vantagens sobre os circuitos analógicos. Os sinais analógicos são facilmente convertidos em sinais digitais utilizando conversores analógicos-digitais (A/D) comercialmente disponíveis. Em projetos atuais, os circuitos digitais são utilizados sempre que possível. Algumas das vantagens dos circuitos digitais são: • menor consumo de energia; • melhor relação custo-benefício; • capacidade de transmitir sinais ao longo de distâncias longas, sem perda de precisão e com eliminação do ruído; • transmissão de sinais em alta velocidade; • capacidade de memória para armazenamento de dados; • compatibilidade com controladores e displays alfanuméricos. 2 SINAIS DIGITAIS Os sinais digitais são níveis lógicos altos ou baixos. A maioria dos circuitos digitais utiliza uma tensão de alimentação de 5 V. O nível lógico baixo (dígito binário 0) varia de 0 a 1 V, a nível lógico alto (dígito binário 1) varia de 2 V a 5 V; a tensão de 1 V a 2 V encontra-se em uma região definida. Em outras palavras, qualquer tensão menor que 1 V é considerada um nível 0 e qualquer tensão maior que 2 V é considerada um nível 1. Em circuitos onde a tensão de alimentação é diferente de 5 V, um nível 0 é ainda considerado como uma tensão de 0 V ou os drivers de saída drenam corrente, isto é, se o terminal de saída está conectado ao terra. Um nível 1 corresponde a um valor próximo da tensão de alimentação ou, nesse caso, os drivers de saída fornecem corrente, sendo que o terminal de saída está conectado à fonte de alimentação. 22 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO 2.1 NÚMEROS BINÁRIOS Utiliza-se o sistema decimal (base 10) para funções matemáticas, enquanto circuitos eletrônicos utilizam o sistema binário (base 2) para executar as mesmas funções. As regras são as mesmas ao realizar cálculos utilizando qualquer um dos dois sistemas de numeração (base 10 ou 2). A Tabela 4 apresenta uma comparação entre os valores nos sistemas decimal e binário. TABELA 4 – EQUIVALÊNCIA ENTRE NÚMEROS DECIMAIS E BINÁRIOS FONTE: Os autores O bit menos significativo (least significant bit – LSB) ou casa das unidades corresponde ao bit da extrema direita. No sistema decimal, depois que as unidades são totalmente utilizadas, ocupa-se a casa das dezenas, ou seja, 9 aumenta para 10. Quando as dezenas são totalmente utilizadas, recorre-se às centenas, ou seja, 99 aumenta para 100, e assim por diante. O sistema binário emprega a mesma lógica quando os valores 0 e 1 são usados na posição LSB. Então, passa-se a ocupar a posição seguinte, isto é, 1 vai para 10, 11 vai para 100, 111 e vai até 1000, e assim por diante. A única diferença é que há a necessidade de um número maior de dígitos para representar um número no sistema binário do que no sistema decimal. Números binários podem ser facilmente convertidos em números decimais usando o valor de potência do número binário. A Tabela 5 fornece os valores das potências dos números binários e sua respectiva localização a partir do LSB, bem como o valor decimal equivalente. Nota-se que, ao utilizar os valores posicionais, a contagem é iniciada em 0, e não em 1, como poderia ser esperado. Cada dígito binário é chamado de bit, quatro bits são definidos como um nibble, oito bits formam um byte e 2 bytes ou 16 bits são definidos como uma palavra. Uma palavra muitas vezes é dividida em quatro nibbles, onde cada nibble é representado TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 23 pelo número de uma década e letras, como mostra a Tabela 4.3. Assim, uma palavra pode ser representada por quatro números de década além das seis primeiras letras do alfabeto. Essa representação é conhecida como sistema hexadecimal. TABELA 5 – VALORES DAS POTÊNCIAS DOS NÚMEROS BINÁRIOS FONTE: Os autores TABELA 6 – NUMERAÇÃO EQUIVALENTE NO SISTEMA HEXADECIMAL (H) FONTE: Os autores EXEMPLO: Qual é o número decimal equivalente ao número binário 101100101? Os valores das potências equivalentes são dadas por: EXEMPLO: Qual é o valor hexadecimal equivalente à palavra binária 1101001110110111? A palavra binária é dividida em grupos de quatro bits (nibble) a partir de LSB, deslocando-se em direção ao bit mais significativo (most significant bit – MSB). 24 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO Circuitos binários ou digitais são sincronizados por sinais de clock, que são gerados por osciladores de cristal muito precisos (< ±0,001%) utilizando contadores e divisores. O sinal de clock pode ser utilizado para gerar atrasos e sinais de temporização muito precisos se comparados àqueles gerados por circuitos RC, os quais podem possuir tolerâncias maiores que ±10%. Assim, tem- se que a geração de tempos de atraso e sinais de temporização é realizada quase que inteiramente por circuitos digitais em equipamentos atuais. 2.2 CIRCUITOS LÓGICOS Os blocos básicos de construção de circuitos digitais são chamados de portas. Esses elementos são o buffer e as portas inversoras, AND, NAND, OR, NOR, XOR e XNOR. Esses blocos básicos são interligados para a construção de blocos funcionais, como codificadores, decodificadores, somadores, contadores, registradores, multiplexadores, demultiplexadores, memórias, entre outros arranjos semelhantes. Os blocos funcionais são então interligados na forma de sistemas, como calculadoras, computadores, microprocessadores, relógios, geradores de função, transmissores, receptores, instrumentos digitais, conversores A/D e conversores digitais-analógicos (D/A), sistemas de telefonia e outros arranjos semelhantes, sendo que há inúmeros outros exemplos. A Figura 8 mostra o circuito de um inversor MOS complementar (complementary metal-oxide-semiconductor – CMOS). O circuito utiliza dispositivos complementares de canal N e P (observe os símbolos dos dispositivos). A Figura 8 mostra o símbolo da porta lógica equivalente. Quando a entrada da porta é baixa (0), o transistor MOS de canal positivo (positive MOS – PMOS) está “LIGADO” e o transistor MOS negativo (negative MOS – NMOS) está “DESLIGADO”, de modo que a saída é mantida em nível alto (1). Quando a entrada é alta (1), o transistor PMOS está “DESLIGADO” e o transistor NMOS está “LIGADO”, mantendo a saída baixa (0), fazendo o sinal de entrada ser invertido na saída. Um dos dispositivos MOS está sempre “DESLIGADO”, de formaque o circuito não drena qualquer corrente da fonte (exceto durante a comutação), o que torna os circuitos CMOS muito eficientes em termos do baixo consumo de energia. FIGURA 8 – COMPONENTES DE CIRCUITOS UTILIZADOS NA CONCEPÇÃO DE (A) UM INVERSOR MOS E (B) EM UM SÍMBOLO INVERSOR FONTE: Os autores TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 25 2.3 CONVERSÃO ANALÓGICA-DIGITAL A amplitude de um sinal analógico pode ser representada por um número digital. Como exemplo, uma palavra de oito bits pode representar números até 255, sendo capaz de representar uma tensão ou corrente analógica com precisão de 1 a 255 (considerando que a conversão é precisa em termos de 1 bit) ou precisão de 0,4%. Da mesma forma, palavras de 10 e 12 bits podem representar sinais analógicos com precisão de 0,1% e 0,025%, respectivamente. Há conversores A/D disponíveis comercialmente na forma de CIs para aplicações em instrumentação. Várias técnicas são utilizadas para a conversão de sinais analógicos em digitais, as quais são descritas a seguir. Conversores flash são muito rápidos e caros, possuindo precisão limitada com saída de seis bits e tempo de conversão de 33 ns. O dispositivo pode amostrar uma tensão analógica 30 milhões de vezes por segundo. A técnica de aproximações sucessivas apresenta alta velocidade, custo médio e boa precisão. O dispositivo dessa natureza que possui maior custo é capaz converter uma tensão analógica de 12 bits em 20 μs, sendo que o dispositivo com menor custo pode converter um sinal analógico de oito bits em 30 μs. Redes de resistores em escada são utilizadas em conversores com velocidade baixa e custo médio. Possuem um tempo de conversão de 12 bits em cerca de 5 ms. Conversores de rampa dupla são dispositivos com custo e velocidade baixos, mas apresentam boa precisão e são muito tolerantes à existência de elevados níveis de ruído no sinal analógico. A conversão de 12 bits demora cerca de 20 ms. Os sinais analógicos mudam constantemente de modo que, para que um conversor realize sua medição, uma técnica de amostragem e retenção utilizada para capturar o nível de tensão em instante de tempo específico. Esse circuito é representado na Figura 9a, sendo que as formas de onda são mostradas na Figura 9b. O transistor de efeito de campo de canal N (field effect transistor – FET) no circuito de amostragem e retenção possui baixa impedância quando é “LIGADO” e alta impedância quando é “DESLIGA-DO”. A tensão no capacitor C segue a tensão de entrada analógica quando o FET está “LIGADO” e mantém o nível CC da tensão analógica quando o FET está “DESLIGADO”. Durante o período de bloqueio do transistor, o conversor A/D mede o nível CC da tensão analógica, convertendo-o em um sinal digital. À medida que a frequência de amostragem do conversor A/D torna-se muito maior que a frequência do sinal analógico, a amplitude variável do sinal analógico pode ser representada na forma digital durante cada período de amostragem e armazenada na memória. O sinal analógico pode ser regenerado a partir do sinal digital por meio de um conversor D/A. A Figura 10 mostra o diagrama de blocos do conversor A/D 0804, que corresponde a um CI comercial de oito bits. A entrada analógica é convertida em um byte de informação digital após decorridos alguns milissegundos. 26 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO Uma alternativa ao conversor A/D é a conversão de tensão em frequência. Nesse caso, a tensão analógica é convertida em uma frequência. Há CIs comerciais disponíveis para tal finalidade, como o LM 331 mostrado na Figura 10b. Esses dispositivos possuem relação linear entre a tensão e a frequência. As características de operação dos dispositivos encontram-se em folhas de dados (datasheets) fornecidas pelo fabricante. FIGURA 9 – (A) CIRCUITO DE AMOSTRAGEM E RETENÇÃO E (B) RESPECTIVAS FORMAS DE ONDA FONTE: Os autores FIGURA 10 –TIPOS DISTINTOS DE CONVERSORES: (a) CONVERSOR A/D LM 0804 E (b) CONVERSOR V/F LM 331 FONTE: Os autores 3 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO PARA CONTROLE E AUTOMAÇÃO Os sistemas pneumáticos e hidráulicos são usados há muitos anos em processos industriais e adquiriram um lugar estabelecido na indústria e na automação. O desenvolvimento contínuo de tecnologia expandiu significativamente as aplicações para muitas áreas, e a qualidade dos processos vem aumentando com a indústria 4.0, onde os equipamentos apresentam maior controle de seus processos. Para que isso seja possível, os instrumentos de medição na automação são fundamentais, uma vez que identificam os diversos parâmetros dos processos. TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 27 Neste tópico, você verá como é realizada a escolha de um instrumento de controle, suas aplicações, os modelos utilizados, modos e erros de leitura, assim como as principais unidades de grandeza aplicadas. Também entenderá sobre os cuidados e a calibração. Além disso, serão destacados alguns instrumentos de controle largamente utilizados nos sistemas de automação, como medidor de vazão, manômetro, vacuômetro, tacômetro e pressostato. 4 INSTRUMENTOS DE CONTROLE Para medir determinada grandeza, é preciso conhecer os instrumentos de controle que, atualmente, são bastante variados para todas as utilizações e com características de exatidão, aplicação, resolução e preço distintas. De modo geral, em processos de automação, os instrumentos são eletrônicos e podem, além de monitorar, ter ações como a de abertura e fechamento ou envio de informações a uma central de comando que, em sua programação, pode alterar processos de fabricação. Há alguns anos, os instrumentos de controle analógicos ou mecânicos eram largamente utilizados nas indústrias, porém com os baixos preços dos instrumentos digitais e com o número de horas de treinamento necessárias para a sua correta leitura, eles são cada vez menos utilizados. A automação também está determinando o modo como um processo de fabricação é planejado e construído, ao invés de termos pessoas verificando os resultados dos controles de processos, esses instrumentos se comunicam entre si (indústria 4.0) e podem realizar mudanças programadas para a correção de desvios. Por serem on-line e por realizarem 100% do processo de forma rápida, esses controles tornaram os produtos com maior qualidade e com preços mais acessíveis a todos. 4.1 MANÔMETROS E VACUÔMETROS O manômetro é um instrumento de controle que permite o monitoramento de equipamentos medindo a pressão em determinada superfície. Ele pode ser utilizado em várias situações, desde a medição de sistemas hidráulicos ou pneumáticos até a calibração de pneus. Seu funcionamento pode ter particularidades referentes a cada modelo e ao seu modo de construção, assim, podem ser encontrados diversos modelos de manômetros, digitais ou analógicos. Esses equipamentos, além de medir a pressão, podem aferir a temperatura e o vácuo, uma vez que a pressão pode ser medida abaixo ou acima da pressão atmosférica. Os manômetros que podem medir pressões inferiores à atmosférica são chamados de manômetros de vácuo – ou vacuômetros. Manômetro de mercúrio: é o modelo mais simples, feito por um tubo em U, com uma das pontas fechadas, e a outra, aberta. A pressão da extremidade faz o mercúrio se deslocar, havendo uma diferença nos níveis de mercúrio de um lado e de outro. Dessa forma, é possível realizar a medição por meio de comparação. 28 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO Esse equipamento foi utilizado pelos primeiros cientistas da física, tornando-se uma unidade de medida, o milímetro de mercúrio (mm Hg). Por meio de uma régua graduada, é possível realizar sua leitura. Manômetro de Bourdon: trata-se de um tipo de instrumento analógico muito utilizado na indústria, apresentando, emsua construção interna, um tubo em forma de C ou em formato helicoidal, com um dos lados fechado, e o outro, aberto. Exporta a pressão a ser medida, assim, quando o tubo se expande com a variação da pressão, faz com que a outra extremidade se movimente. Esses manômetros apresentam engrenagens que ampliam o movimento e deslocam um ponteiro em um mostrador fixo, com escala definida sob uma unidade de pressão, possibilitando a leitura. Seu formato assemelha-se a um relógio de ponteiros com uma abertura para o controle da pressão. Manômetro digital: outro tipo de manômetro cada vez mais utilizado é o eletrônico. Ele apresenta algumas vantagens, pois é mais robusto em relação ao analógico, capaz de converter diversas unidades de grandeza com maior precisão, podendo, conforme as características de fabricação, atuar como vacuômetro. Um fator importante é que, por ser eletrônico, pode se comunicar com centrais de monitoramento e outros equipamentos, possibilitando a ampliação de seu uso e melhorando os processos. É aplicado em diversas situações, nas indústrias e no dia a dia, como em aparelhos de pressão arterial domésticos. Outra vantagem é sua fácil interpretação, o que diminui a ocorrência de erros de leitura. 4.2 PRESSOSTATOS Enquanto os manômetros somente indicam o valor de pressão, os pressostatos têm a função de proteger o sistema e podem ser regulados para que, quando determinada pressão seja atingida, o instrumento faça a abertura (NF [normal fechado]) ou o fechamento (NA [normal aberto]) de fluxo da linha de pressão. Sua função é muito importante, pois sem eles a pressão de sistemas poderia chegar a limites críticos de segurança para o equipamento e para as pessoas, danificando ou alterando parâmetros importantes de produção e funcionamento. Todos os pressostatos apresentam três componentes: o sistema de ajuste de pressão, o sensor de pressão e a unidade de acionamento ou interruptora. Alguns tipos de manômetros são muito sensíveis e necessitam de cuidados, de forma que batidas e quedas podem alterar o seu resultado de controle, além disso, geralmente, estão ligados a uma linha de pressão que pode ser rompida em caso de quebra desse instrumento. No caso de qualquer tipo de batida, ele deve ser retirado para verificação e calibração. ATENCAO TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 29 4.3 TACÔMETROS O tacômetro é um instrumento que, por meio de transmissão mecânica ou de sensores, mede a velocidade de rotação de um eixo. Sua unidade de grandeza, geralmente, é indicada pelo número de rotações por minuto (RPM). Em nosso cotidiano, é possível verificar os tacômetros em veículos onde são medidos a velocidade do automóvel e o número de RPMs do motor. Os tacômetros podem realizar o controle por meio de contato ou sem contato com o fluido, utilizando a frequência e o tempo como bases de cálculo. Os modelos que se utilizam de contato usam hélices ligadas a um eixo rotativo que calcula a velocidade de passagem de um fluido. Os modelos sem contato utilizam sensores emissores de laser e são medidos por receptores que indicam a velocidade de passagem do fluido. Nesses casos, as velocidades de controle podem ser muito mais altas, pois não estão limitadas ao funcionamento mecânico de um sistema. 4.4 MEDIDOR DE VAZÃO A vazão é uma variável que ocorre por duas outras grandezas, tempo e quantidade, ou seja, é a medida quantitativa de determinado tempo de controle. Esse princípio é bem conhecido, por exemplo, quando se trata de uma ampulheta que, com um volume conhecido e uma passagem funcionando como um limitador de vazão, é capaz de medir o tempo. Outro medidor de vazão bem conhecido é o relógio que a distribuidora de água de sua região usa para controlar o consumo de sua residência. Nesse caso, temos um tacômetro interno que indica a velocidade da água por meio de uma hélice que gira com a passagem do líquido e marca, por meio de uma relação de engrenagens, a quantidade de fluido que passou pelo cano. O sensor do pressostato fica conectado ao sistema de pressão que se deseja medir; quando alcança a pressão ajustada ou programada, o sistema de acionamento pode fechar ou abrir uma tubulação hidráulica ou pneumática. Um exemplo de ação de um pressostato poderia ser aplicado à panela de pressão da sua casa; caso não houvesse a válvula de pressão (aquela que solta vapor quando a panela está quente), a pressão interna da panela poderia subir até o limite, onde o componente mais frágil da panela poderia se romper e causar um acidente. IMPORTANT E 30 UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS DA INSTRUMENTAÇÃO Os modelos e aplicações dos medidores de vazão são muitos, contudo, dependendo de sua aplicação, em alguns casos, não são desejáveis partes móveis, como as hélices, por se tratar de fluidos com partículas que podem comprometer o funcionamento desse equipamento. A seguir, vamos conhecer alguns desses modos de funcionamento dos medidores de vazão. Medidores de vazão eletrônicos: diferentemente dos modelos mecânicos, os medidores de vazão utilizam diversos modos de funcionamento, seja por meio de sensores magnéticos ou por ultrassom. Dependendo do tipo de medidor, é possível ter o resultado de volume em passagem e velocidade de fluxo de forma bidirecional, além de apresentar alta precisão nos resultados. Assim como os demais componentes eletrônicos, esses controles podem ser enviados a outros equipamentos, colaborando para que os processos se tornem mais precisos e com correções de processo mais rápidas. 5 APLICAÇÃO DOS MEIOS DE CONTROLE Entre as atividades realizadas nos processos de automação industrial está a necessidade de medir diversas grandezas em suas instalações. Portanto, as características técnicas devem ser atendidas pelos instrumentos de controle, a fim de ter uma instrumentação precisa para as instalações industriais para as quais se destinam. A metrologia, segundo BIPM ([2020]), “[…] é a ciência da medição, abrangendo determinações experimentais e teóricas em qualquer nível de incerteza em qualquer campo da ciência e tecnologia”. A metrologia trata do controle por meio de instrumentos que utilizam padrões para a comparação de unidades de medidas estabelecidas internacionalmente. Com esse resultado, inicia-se o conceito fundamental de qualidade. Todos os processos de fabricação têm como resultado produtos que apresentam variação de medidas entre si, seja por causa de desgaste, variações ambientais, matérias-primas ou falhas operacionais. Dessa forma, é impossível produzir objetos com total precisão. Com controles adequados, o erro pode ser diminuído, possibilitando um aumento de produtividade a partir da redução de perdas. Quando se fala de fluido em um medidor de vazão de água, por exemplo, não necessariamente se trata de água, pois o relógio pode girar a hélice por vazão de passagem de ar. ATENCAO TÓPICO 2 — CIRCUITOS DIGITAIS NA INSTRUMENTAÇÃO 31 Os controles são realizados por meio de comparação entre o objeto de medição e um padrão. O padrão, nesse caso, pode ser um instrumento comparativo ou pode ser calibrado de acordo, para que represente uma medida conhecida e validada por um laboratório de calibração, que certifica o instrumento com informações sobre a sua exatidão. O controle de medidas consiste na aplicação de processos que permitam manter os erros de fabricação dentro de limites aceitáveis estabelecidos nos desenhos de produto ou em normas de fabricação. Não há como comparar grandezas (unidades) distintas: comprimento é comparado com comprimento; volume, com volume. Para medir uma superfície, temos que usar unidade de área (cm², m², entre outras); já para o volume, são utilizadas as unidades de volume (m³, cm³, litros, entre outras). Se quisermos comparar comprimento
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