Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Química Orgânica II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Marina Garcia Resende Braga Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres • Introdução; • Síntese de Álcoois; • Reações de Álcoois; • Síntese de Éteres; • Síntese de Éteres de Williamson; • Epóxidos; • Resumindo. • Apresentação dos principais mecanismos envolvidos nas reações de síntese e em outras reações nas quais há a presença de álcoois e éteres, como a desidratação e a oxidação, por exemplo; • Apresentação de mecanismos para reações de conversão de álcoois em outros com- postos orgânicos. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Introdução A partir de agora, estudaremos reações orgânicas importantes que envolvem álcoois e éteres. Você sabe como podemos produzir esses tipos de compostos orgânicos? Quais reagentes podemos utilizar? Quais as condições do meio reacional? Bem, você encontrará as respostas para essas perguntas ao longo desta Unidade. Em primeiro lugar, vamos relembrar alguns conceitos importantes. Você se lem- bra do que caracteriza a função orgânica álcool? Essa pergunta é simples, não é mesmo? Já aprendemos que a presença do grupo hidroxila (-OH) ligado a um carbono saturado (Figura 1) é a principal característica dos álcoois. Figura 1 – Representação genérica de um álcool Fonte: Acervo do Conteudista Compostos que possuem o grupo hidroxila ligado a um carbono insaturado (do tipo sp2) são conhecidos como enóis. Por exemplo: etenol (muito utilizado em perfumaria) e propenol. Álcoois são frequentemente encontrados em nosso cotidiano. São muito utiliza- dos para produção de bebidas alcoólicas, fármacos, alimentos e combustíveis, entre outros. O mentol, por exemplo, proveniente do óleo de menta (Figura 2), é um álcool utilizado em aplicações medicinais (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Figura 2 – O óleo de menta pode ser extraído da hortelã-pimenta Fonte: Getty Images 8 9 O etanol (Figura 3), combustível largamente utilizado no Brasil, também pode ser classificado como um álcool. É importante ressaltar que o álcool presente nas bombas de postos de gasolina é uma mistura de etanol e água, o chamado etanol hidratado. Figura 3 – Um carro sendo abastecido com etanol hidratado Fonte: Getty Images Agora, vamos falar um pouco sobre um tipo especial de álcool. Trata-se do fenol , que é caracterizado pela presença do grupo hidroxila (-OH), porém, ligado a um anel benzênico (Figura 4). São muito utilizados na Indústria Farmacêutica e também para a fabricação de polímeros (PAVANELLI, 2014). Figura 4 – O fenol mais simples: hidroxibenzeno (também pode ser chamado de fenol) Fonte: Acervo do Conteudista E então, lembrou-se um pouquinho dos álcoois e de suas principais características? É importante que você as tenha em mente, pois precisará delas quando formos aprender sobre as reações orgânicas de álcoois. Agora, vamos falar um pouco sobre os éteres? Você se lembra do que caracteriza a função éter? Bem, a resposta é simples: presença de um átomo de oxigênio na cadeia carbô- nica principal, de forma que uma cadeia heterogênea seja formada. Os éteres também possuem odores característicos. Um dos éteres mais conheci- dos é o etoxietano (Figura 5), muito usado como solvente para substâncias apolares. 9 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Figura 5 – Uma representação em 3D da molécula do etoxietano (também conhecido como éter dietílico). Os átomos são representados por bolas (vermelho – oxigênio, azul – hidrogênio e amarelo – carbono) e as ligações, por varetas Fonte: Getty Images Bem, já relembramos vários conceitos importantes relacionados a álcoois e éteres, certo? Então, agora é hora de partir para os estudos das reações envolvendo os com- postos dessas duas funções orgânicas. Síntese de Álcoois Reações de Adição Os álcoois estão envolvidos em diversas reações orgânicas, atuando tanto como reagentes ou surgindo como produtos. Primeiramente, consideremos a síntese de álcoois via reações de adição. Vamos relembrar uma forma de sintetizar álcoois que já aprendemos: a hidratação de alcenos catalisada por ácidos. Veja um exemplo na Figura 6: Figura 6 – Hidratação catalisada por ácido sulfúrico do but-1-eno Fonte: Acervo do Conteudista O produto majoritário gerado na reação da Figura 6 é o butan-2-ol. Por quê? Discuta com seus colegas e também proponha um mecanismo para a reação da Figura 6. Dica: Regra de Markovnikov. 10 11 Outra forma de sintetizar álcoois a partir de alcenos é o processo de hidrobo- ração-oxidação. Trata-se de uma hidratação com estereoquímica do tipo sin e que segue uma regioquímica do tipo anti-Markovnikov. O processo é composto por duas reações e a adição de água é realizada de forma indireta. Primeiramente, um átomo de boro e um átomo de hidrogênio são adicionados à ligação dupla (hidroboração). Em seguida, ocorre uma reação de oxidação e hidrólise do alquilborano formado, dando origem, finalmente, a um álcool e tam- bém ao ácido bórico (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Veja um exemplo desse tipo de processo na Figura 7. Figura 7 – Hidroboração-oxidação de um alceno para formar um álcool Fonte: Acervo do Conteudista Você já aprendeu como ocorre a halogenação em alcenos, não é mesmo? Quando esse tipo de reação ocorre em uma solução aquosa, o produto principal é uma haloidrina (um álcool halogenado). Veja um exemplo na Figura 8. Figura 8 – Síntese de álcoois por meio da halogenação de alcenos em meio aquoso Fonte: Acervo do Conteudista Reações de Substituição Nucleofílica Agora, considere as reações de substituição nucleofílica. Podemos obter álcoois tanto por meio de reações do tipo SN2 quanto SN1. Veja alguns exemplos nas Figuras 9 e 10. Figura 9 – Obtenção de um álcool primário por meio da reação de um haleto de alquila com um nucleófi lo forte. Nucleófi los fortes favorecem a ocorrência de reações do tipo SN2 Fonte: Acervo do Conteudista 11 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Figura 10 – Obtenção de um álcoolterciário por meio da reação de um haleto de alquila com a água. Nesse caso, o intermediário formado será um carbocátion terciário, o que favorece a ocorrência de uma reação do tipo SN1 Fonte: Acervo do Conteudista Considerando seus conhecimentos sobre reações de substituição nucleofílica SN1 e SN2, pro- ponha mecanismos para as reações das Figuras 9 e 10. Caso tenha dúvidas, revise o conteúdo e discuta com seus colegas no fórum de discussão. Você também pode consultar os livros listados nas referências ao final desta Unidade. Outras reações que podem dar origem a álcoois são as seguintes: • Oximercuração-desmercuração; • Redução; • Reações de Grignard. Importante! Você aprenderá como ocorrem as reações de Grignard em Unidades futuras, quando tra- tarmos de reações envolvendo aldeídos e cetonas. Importante! A partir deste momento, veremos como os álcoois se comportam se forem os reagentes da reação. Vamos lá? Reações de Álcoois Antes de analisarmos como ocorrem as reações de álcoois, vamos relembrar alguns conceitos fundamentais (SOLOMONS; FRYHLE, 2012): • Acidez relativa de álcoois comparados a outros compostos: H2O > ROH > RC≡CH > H2 > NH3 > RH; • Basicidade relativa de ânions: R– > NH2 – > H– > RC≡C– > RO– > HO–; • O grupo hidroxila é composto por dois átomos: um átomo de oxigênio (nucleofílico, fracamente básico) e um átomo de hidrogênio (fracamente ácido). Pelo que já sabemos, podemos afirmar que a hidroxila é um grupo de saída muito ruim por si só. 12 13 Então, como resolver esse problema? Geralmente, em condições ácidas, é realizada a protonação do álcool, transfor- mando um grupo de saída ruim (hidroxila) em um bom (água). Veremos como isso ocorre mais adiante. Agora, partiremos para as reações de álcoois de fato. Vamos lá? Reações E1 e E2 Você se lembra de como ocorrem as reações de eliminação? Elas ocorrem quando átomos ou grupos de átomos são removidos de uma molécula. Você já viu como isso acontece no caso dos haloalcanos. Se, ao invés de um halogênio, tivermos um íon hidróxido, o mecanismo será praticamente o mesmo e teremos uma desidratação. Álcoois primários são difíceis de desidratar. Geralmente, para que a reação seja possível, o meio deve estar bastante ácido (ácido sulfúrico concentrado, por exem- plo) e, além disso, a reação deve ser realizada sob aquecimento. Nesse caso, é possível que o álcool primário sofra uma reação de eliminação do tipo E1, muito embora não forme um carbocátion intermediário estável. Reações do tipo E1 ocorrem mais frequentemente com álcoois secundários e terciários, justamente pela estabilidade dos carbocátions intermediários. Além disso, as condições para desidratação vão se tornando mais brandas, sendo ainda necessário um meio ácido e aquecimento, mas não tão intensos como para o caso de um álcool primário (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Em suma, podemos afirmar que a facilidade relativa cm que um álcool sofre desidratação é a seguinte: primário < secundário < terciário. Esses tipos de reações são desidratações intramoleculares, ou seja, a molécula de água sairá da própria molécula do álcool. Para saber o produto que será for- mado em maior quantidade, basta seguir a regra de Zaitsev: o hidrogênio sairá do carbono (vizinho do carbono que contém a hidroxila) menos hidrogenado. Veja alguns exemplos de reações de desidratação nas Figuras 11 e 12. Figura 11 – Desidratação de um álcool terciário Fonte: Adaptado de Solomons e Fryhle, 2012 13 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Figura 12 – Outra desidratação de álcool terciário Fonte: Adaptado de Klein, 2016 Para a realização de uma reação de eliminação do tipo E2, é necessário que o meio esteja fortemente básico. Então, como resolver o problema do grupo de saída OH? Nesse caso, podemos converter o grupo OH em um grupo tosilato e, logo após, utilizar o terc-butóxido, para favorecer a ocorrência da reação de eliminação ao invés da de substituição (KLEIN, 2016). Reações de eliminação, geralmente, seguem as regras de Hoffmann e Zaitsev. O que afirmam essas regras? Se você não se lembrar, consulte os livros listados nas Refe- rências desta Unidade para saber qual será o produto majoritário de uma reação de eliminação. Importante! Existe a possibilidade de que ocorram rearranjos em álcoois primários e secundários du- rante uma desidratação. Importante! Reações de Substituição Álcoois também podem sofrer reações de substituição, tanto do tipo SN1 quanto do tipo SN2. Porém, teremos o mesmo problema que tivemos nas reações de eli- minação: tornar o grupo OH um bom grupo abandonador. Podemos resolver esse problema de algumas formas, como, por exemplo (KLEIN, 2016): • Reações do tipo SN1: protonando-se o grupo OH, ele se torna um ótimo grupo abandonador. Após essa etapa, um álcool terciário pode, com facilida- de, sofrer uma reação do tipo SN1 e formar um haleto de alquila. Isso também pode ocorrer com álcoois secundários, alílicos e benzílicos. Lembrando-se de que, geralmente, essas reações são catalisadas por ácidos. Veja um exemplo na Figura 13. Figura 13 – Reação de substituição do tipo SN1 na qual um álcool terciário reage com um haleto de hidrogênio formando haleto de alquila e água Fonte: Adaptado de Solomons e Fryhle, 2012 14 15 Proponha um mecanismo para a reação da Figura 13. • Reações do tipo SN2: álcoois primários e o metanol reagem desse modo para formação de haletos de alquila, considerando condições ácidas. O ácido é ne- cessário para protonar o grupo hidroxila, tornando-o um bom grupo de saída. Veja um exemplo na Figura 14. Figura 14 – Reação de um álcool primário com um haleto de hidrogênio: mecanismo SN2 Fonte: Adaptado de Solomons e Fryhle, 2012 Importante! Ordem de reatividade dos haletos de hidrogênio: HI > HBr > HCl. O HF, em geral, não reage. Além disso, quando álcoois reagem com haletos de hidrogênio, podem ocorrer rearranjos na cadeia carbônica. O HCl não reage tão bem quanto o HBr, não favorecendo a ocorrência de reações do tipo SN2, por si só. Logo, é possível usar um catalisador, como o ZnCl2, por exemplo, para que a reação seja mais rápida. No caso, o ZnCl2 tornará o OH um grupo de saída melhor. Importante! • Reações de substituição com tribrometo de fósforo: álcoois primários e secundários podem reagir com o tribrometo de fósforo (PBr3) para gerar bro- metos de alquila. Neste caso, um carbocátion intermediário não é formado e nem ocorrem rearranjos na cadeia carbônica. Veja um exemplo de reação genérica na Figura 15. Figura 15 – Reação de substituição entre um álcool (primário ou secundário) e o tribrometo de fósforo Fonte: Adaptado de Solomons e Fryhle, 2012 • Reações de substituição com cloreto de tionila: álcoois primários e secun- dários também podem reagir com o cloreto de tionila (SOCl2) para geração de cloretos de alquila. Geralmente, nesse caso, a piridina (C5H5N) é utilizada para favorecer a ocorrência da reação. Veja um exemplo na Figura 16. Figura 16 – Reação entre um álcool primário e o cloreto de tionila para geração de um cloreto de alquila, na presença de piridina Fonte: Acervo do Conteudista 15 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Reações de Oxidação Quando tratamos de reações orgânicas, as reações de oxidação e redução po- dem ser entendidas da seguinte forma: • Oxidação: é um aumento no estado de oxidação da molécula. Em outras palavras, aumenta-se a quantidade de oxigênio e diminui-se a quantidade de hidrogênio em uma molécula orgânica. Para que ocorra essa oxidação, deve haver um agente oxidante na reação; • Redução: é o contrário do que ocorre com o processo de oxidação, ou seja, aumenta-se a quantidade de hidrogênio e se diminui a quantidade de oxigênio em uma molécula orgânica. Para que isso ocorra, é necessária a presença de um agente redutor na reação. Os álcoois podem ser oxidados e dar origem a diferentes produtos, dependendo do tipo de álcool: metanol, primário, secundário ou terciário.Vejamos, a seguir, o que ocorre na oxidação de cada um desses álcoois. Metanol O metanol é o álcool mais simples que existe, cuja fórmula molecular é CH3OH. Analisando sua fórmula estrutural plana, podemos observar que o metanol possui quatro átomos de hidrogênio ligados ao carbono, no qual está ligada a hidroxila. Por esse motivo, a molécula pode sofrer oxidação três vezes. Veja como ocorre esse processo na Figura 17. Figura 17 – Etapas de oxidação do metanol. Observe que, na etapa 3, é formado o ácido carbônico que, devido à sua instabilidade, decompõe-se em gás carbônico e água Fonte: Acervo do Conteudista 16 17 Álcoois Primários A oxidação de álcoois primários pode produzir aldeídos ou ácidos carboxílicos. Para entender melhor como isso ocorre, observe a Figura 18: Figura 18 – Estágios de oxidação de um álcool primário Fonte: Acervo do Conteudista Para oxidarmos um álcool primário a ácido carboxílico, basta utilizar um bom agente oxidante. Um dos mais utilizados é o ácido crômico, que pode ser formado por meio da mistura de dicromato de sódio (Na2Cr2O7) e ácido sulfúrico (H2SO4). Também pode ser usado o permanganato de potássio (KMnO4). No entanto, tratando-se de soluções aquosas, é difícil parar a oxidação no es- tágio do aldeído. Para tanto, é necessário lançar mão de reagentes específicos, como, por exemplo, clorocromato de piridínio (PCC) e PCC dissolvido em cloreto de metileno (CH2Cl). O PCC é formado quando CrO3 é dissolvido em HCl e, pos- teriormente, tratado com piridina (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Álcoois Secundários Neste caso, você já sabe que há apenas um átomo de hidrogênio ligado ao car- bono que contém a hidroxila. Portanto, apenas um estágio de oxidação ocorrerá: álcoois secundários sempre serão oxidados a cetonas. Observe um exemplo na Figura 19. Figura 19 – Álcoois secundários sempre serão oxidados a cetonas Fonte: Acervo do Conteudista Como agentes oxidantes, nesse caso, podemos utilizar: • Reagente de Jones: mistura de óxido de cromo (VI) ou dicromato de sódio a ácido sulfúrico aquoso. Geralmente, é adicionado a uma solução do álcool em questão com acetona; • PCC dissolvido em cloreto de metileno. 17 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Álcoois Terciários Nesse caso, o carbono ligado à hidroxila está ligado a outros três átomos de carbono . Como não existem átomos de hidrogênio ligados diretamente ao carbono terciário, então, não é possível haver oxidação. Portanto, álcoois terciários não sofrem oxidação. Exemplo 1 (UFES, 2015). Os álcoois são compostos versáteis e podem ser usados como ma- terial de partida para a preparação de uma grande variedade de produtos. A re- ação de oxidação parcial de um álcool secundário, cuja fórmula geral é dada por R2CHOH, gera como produto um(a): a) Aldeído. b) Éster. c) Hidrocarboneto. d) Amida. e) Cetona. Solução Como já vimos, álcoois secundários serão oxidados a cetonas. Portanto, a alter- nativa correta é a letra E. Exemplo 2 (IDECAN, 2014). No Laboratório de Química Orgânica são realizados, constante- mente, diversos processos químicos. Analise os dois processos que representam duas reações orgânicas muito comuns: Processo 1 Figura 20 Processo 2 Figura 21 18 19 Diante do exposto, é INCORRETO afirmar que o composto: a) B é um aldeído. b) E é uma cetona. c) C é um ácido carboxílico. d) A e D são álcoois primários. e) B é chamado de 2,2-dimetilpropanal. Solução O composto A é um álcool primário, pois pode ser oxidado a aldeído (B) e tam- bém a ácido carboxílico (C). O composto D, por sua vez, foi oxidado a uma cetona (E). Logo, trata-se de um álcool secundário. Assim, a alternativa incorreta é a letra D. Agora, redirecionemos nossa atenção para o estudo dos éteres. Vamos lá? Síntese de Éteres Éteres a partir de álcoois – Desidratação intermolecular Já vimos como ocorre a desidratação em álcoois. Porém, álcoois primários podem sofrer desidratação para formar éteres. Esse processo, em geral, ocorre em temperatu- ras mais baixas do que a desidratação para geração de alcenos. Um exemplo clássico é a geração do dietil éter por desidratação de etanol, por meio de uma reação de substi- tuição do tipo SN2, como pode ser visto na Figura 20 (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). Figura 22 – Desidratação de um álcool primário para formação de um éter Fonte: Acervo do Conteudista Esse tipo de desidratação só pode ser realizado com álcoois primários, pois álco- ois secundários e terciários reagem, preferencialmente, por reações de eliminação do tipo E1 para formação de alcenos (MCMURRY, 2016). Importante! Esse tipo de reação é mais utilizado para geração de éteres simétricos. Para geração de éteres assimétricos, consulte a próxima seção Síntese de éteres de Williamson. Importante! 19 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Síntese de Éteres de Williamson Um dos métodos mais utilizados para produção de éteres é a síntese de éteres de Williamson. Mas, em que consiste este método? Bem, trata-se da reação entre um íon alcóxido e um haleto de alquila primário (também pode ser um sulfonato de alquila ou um sulfato de alquila). A reação ocorre via mecanismo SN2. Segundo McMurry (2016, p. 684), “O íon alcóxido, em geral, é preparado pela reação de um álcool com uma base forte como o hidreto de sódio, NaH”. Haletos de alquila primários e tosilatos funcionam melhor nesse tipo de síntese. Veja um exemplo na Figura 23. Figura 23 – Um exemplo de síntese de éter de Williamson Fonte: Acervo do Conteudista Como a síntese em questão ocorre por um mecanismo do tipo SN2, os efeitos estéricos devem ser considerados na reação. É por essa razão que haletos de alquila secundários são menos eficientes (a reação de eliminação é favorecida) e haletos terciários, em geral, não são considerados para esse tipo de síntese. A alcoximercuração-desmercuração é outro tipo de reação que pode ser utilizada para síntese de éteres. Para saber mais sobre ela, consulte o Capítulo 11 do Livro de Solomons e Fryhle (2012). Reações de éteres Éteres são substâncias orgânicas que, em geral, não reagem em condições bási- cas ou levemente ácidas. Por esse motivo, são muito utilizados como solventes em reações orgânicas. No entanto, podem sofrer clivagem ao reagirem com ácidos fortes. HBr, HI e H2SO4 podem ser usados para esse tipo de reação. O HCl, no entanto, não é capaz de quebrar as ligações carbono-oxigênio de éteres (MCMURRY, 2016). Vejamos um exemplo de clivagem de um éter na Figura 24. 20 21 Figura 24 – Clivagem do dietil éter por meio de reação com iodeto de hidrogênio concentrado e a quente, formando dois equivalentes de uma molécula de iodeto de etila Fonte: Acervo do Conteudista Importante! A clivagem de éteres, geralmente, é realizada com excesso do haleto de hidrogênio e sob aquecimento. Importante! Epóxidos Epóxidos nada mais são que éteres cíclicos com anéis de três membros. Consi- derando a nomenclatura oficial, epóxidos são conhecidos por oxiranos. Veja um exemplo na Figura 25. Figura 25 – Oxirano mais simples. Nome mais comum: óxido de etileno Fonte: a própria autora, 2019. A maioria dos éteres cíclicos reage como os éteres de cadeia aberta. No entanto, os epóxidos reagem de maneira diferente, e por isso vamos estudá-los nessa seção. Epóxidos podem ser gerados por meio da reação de um alceno com um peroxiá- cido, um processo conhecido como epoxidação (SOLOMONS; FRYHLE, 2012). A tensão presente no anel de três membros do epóxido é a razão pela qual eles são mais reativos por substituição nucleofílica do que outros éteres. A clivagem de um epóxido pode ocorrer das seguintes formas (MCMURRY, 2016): • Clivagem catalisada por ácido: como já vimos, é preciso que o ácido este- ja bastante concentrado para que haja clivagem de um éter. No caso de um epóxido, porém, as condições de clivagem são bem mais brandas. O processo pode ser realizado em ácido diluído aquoso e à temperatura ambiente. O pro- duto gerado será um trans-1,2-diol.Dependendo do ácido utilizado, halohidri- nas também podem ser formadas; • Clivagem catalisada por base: epóxidos podem reagir com o íon hidróxido a temperaturas elevadas. Também podem ser usados outros nucleófilos, como aminas e reagentes de Grignard, por exemplo. Esse tipo de clivagem pode gerar álcoois. 21 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Resumindo... Nesta Unidade, você conheceu mais sobre as reações orgânicas que envolvem álcoois e éteres. Veja um resumo de tudo que aprendemos até o momento: • Álcoois podem ser sintetizados por meio de: reações de adição a alcenos (hi- dratação de alcenos catalisada por ácidos, hidroboração-oxidação e halogena- ção), reações de substituição nucleofílica em haletos de alquila, oximercuração- -desmercuração, redução e reações de Grignard; • O grupo hidroxila é um grupo de saída muito ruim e isso pode ser solucionado de diversas formas. A protonação do álcool é uma delas; • Álcoois sofrem reações de eliminação do tipo E1 e E2 (desidratação). A facili- dade relativa com que um álcool sofre desidratação é a seguinte: primário < secundário < terciário; • Álcoois podem sofrer reações do tipo SN1 e SN2, respeitando o mecanismo das mesmas. Além disso, podem gerar brometos de alquila por meio de uma reação de substituição com tribrometo de fósforo e também gerar cloretos de alquila na reação com cloreto de tionila; • Álcoois primários podem ser oxidados a aldeídos e a ácidos carboxílicos; • Álcoois secundários podem ser oxidados a cetonas; • Álcoois terciários não sofrem oxidação; • Éteres podem ser gerados a partir de álcoois por meio de desidratação inter- molecular; • Um dos métodos mais utilizados para preparação de éteres é a síntese de éteres de Williamson; • Éteres sofrem clivagem ao reagirem com ácidos fortes e sob aquecimento; • Epóxidos sofrem clivagem em condições mais brandas que éteres comuns, po- dendo esta ser uma clivagem catalisada tanto por ácido como por base. Bem, chegamos ao fim de mais uma Unidade. Caso você tenha alguma dúvida, entre em contato com seu professor tutor. Não se esqueça de fazer todos os exer- cícios desta Unidade. Discuta-os com seus colegas nos fóruns de discussão. Bons estudos e até a próxima! 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Álcoois a partir de compostos carbonílicos: oxidação-redução e compostos organometálicos Capítulo 12 do Livro de Solomons e Fryhle (2012) – Álcoois a partir de compostos carbonílicos: oxidação-redução e compostos organometálicos. Vídeos Revisão sobre álcoois e éteres – Canal Universidade da Química https://youtu.be/KC5nI2B6nxk Leitura Oxidação de álcoois em química verde Por Zorzanelli e Muri (2015) – Revista Virtual de Química. https://bit.ly/2GBTRVC Como funciona o bafômetro? Por Líria Alves. https://bit.ly/2MLCBn3 23 UNIDADE Reações Orgânicas V: Reações de Álcoois e Éteres Referências KLEIN, D. Química orgânica. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. v. 1. ISBN: 978-85-216-3192-7. MCMURRY, J. Química orgânica. São Paulo: Cengage Learning, 2016. v.2. 688p. ISBN: 978-85-221-2531-9. PAVANELLI, L. C. Química orgânica: funções e isomeria. São Paulo: Érica, 2014. 45p. ISBN: 978-85-365-2020-9. SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química orgânica. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v.1. ISBN: 978-85-216-2033-4. 24
Compartilhar