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TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO – MIGUEL REALE
Introdução ao Estudo do Direito
Contextualização histórica da teoria tridimensional
Antes o Direito era visto como algo que surgiu naturalmente, uma força da natureza criada por uma divindade, era visto de forma cósmica e mística, regras que visavam a ordem e fim do caos da arbitrariedade que colocava em risco a sobrevivência da humanidade, sendo por isso a Justiça uma divindade e as leis obrigatórias, como dogmas religiosos. 
Mais tarde passou a ser visto como uma forma humana de organizar a convivência social. a Justiça não era mais uma divindade, mas habitava cada indivíduo como parte de seus valores morais.
A importância do Direito Romano vem daí, de ter tomado contato com o Direito como regra e de ter formulado a possibilidade de uma Ciência do Direito como ordem normativa.
Os romanos tiveram consciência de que a Justiça se revelava no factum da conduta, como experiência humana.
Contextualização histórica da teoria tridimensional
Sob certo prisma é o sentido de concreção que assinala a grandeza dos jurisconsultos clássicos, integrando em unidade o fato e o valor graças à terceira dimensão representada pela norma.
Aos jurisconsultos romanos não bastava apenas aplicar a norma interpretada de forma gramatical, era necessário buscar a ratio legis dessa norma, entender com qual intuito ela foi criada, qual a intenção do legislador ao cria-la, qual fato estava sendo julgado e qual valor deveria ser protegido por aquela norma.
Assim sendo, por que fato, valor e norma? Porque onde quer que se encontre a experiência jurídica haverá um fato como condição da conduta, que liga sujeitos entre si; haverá o valor como intuição primordial, que avaliará o fato; haverá a norma, que é a medida de concreção do valioso no plano da conduta social.
Teorias monistas
Teorias de juristas que privilegiam um ou outro aspecto, reduzindo o Direito à dimensão de fato ou valor ou norma;
Essas Teorias Reducionistas ou Monistas, que buscam explicar a realidade jurídica com base em apenas um dos elementos essenciais são o Sociologismo Jurídico, o Normativismo Lógico de Hans Kelsen e o Moralismo Jurídico.
O Sociologismo Jurídico considera o Direito de forma dominante, quando não exclusiva, sob a óptica do fato social. O exagero é tanto mais perceptível quanto mais se nega autonomia ao Direito, considerado como simples mecanismo de decisão alimentado pelos sociólogos.Miguel Reale ensinará que não é aceitável a explicação monística sociológica, uma vez que o exagero de alguns fatores sociais não é responsável pela primazia na produção de fenômenos políticos ou jurídicos. 
Teorias monistas
No Normativismo Lógico de Hans Kelsen, por sua vez, o Direito é, portanto, um sistema escalonado de normas que atribuem sentido objetivo aos atos de vontade (portanto, situam-se no plano do dever-ser), apoiando-se umas nas outras, formando um todo coerente, dependendo de uma norma hipotética fundamental que confere suporte lógico ao sistema. Assim sendo, Ciência Jurídica é uma ciência do dever-ser; sua natureza é puramente normativa (o que mudará com o passar dos anos
O Moralismo Jurídico, representante monista que enfatiza o valor, terá representantes que compreendem a juridicidade não somente em razão de subordinações a um sistema de normas, mas em razão de seu conteúdo. Consideram, esses juristas, a licitude ou a ilicitude moral da conduta proibida ou prescrita, vinculando Direito e Moral de modo absoluto. Os Moralistas aproximar-se-iam dos normativistas-lógicos porque também concebem a norma como expressão do dever-ser. Por outro lado, e em oposição a estes, sem obrigar a norma em consciência, sem ordenar-se a fins como a própria acepção de regra confirma, há de ser forma vazia, desprovida de juridicidade. O dever-ser no moralismo jurídico resulta dos fins a que o homem se propõe colimar e, portanto, estes fins devem resistir aos fatos que procurarão, vez ou outra, desconstituí-los, inclusive quando, por força destes, tornarem-se as normas obsoletas.
Tridimensionalismo genérico
O Tridimensionalismo Genérico ou Abstrato é aquele que procura harmonizar os resultados decorrentes dos estudos das Teorias Monistas apresentadas: Sociologismo, Normativismo e Moralismo Jurídicos.
Temos como primeiro representante de um Tridimensionalismo Abstrato que procura superar a antítese entre valor e realidade através da cultura, incluindo nela o Direito, estudado então, sob três aspectos: como realidade impregnada de significações normativas objetivas (objeto da Ciência Jurídica), como fato social (objeto da sociologia Jurídica) ou como valores ou significações (objeto da Filosofia do Direito).
Tridimensionalismo genérico
Gustav Radbruch também desponta como expoente do Tridimensionalismo abstrato, inovando com a categoria de juízos referidos a valores, em adição à querela de natureza (juízo de existência) e ideal (juízo de valor). Com isso, quer dizer que a ideia de Direito é um valor, mas o Direito em si não é um valor, mas uma realidade referida a valores, em outras palavras: é um fato cultural. 
A essa interpretação, que denomina Trialismo, determina que se pode encarar o Direito com Teorias Jurídicas, Filosóficas ou Sociológicas, a depender da atitude com que se aproxima do objeto de estudo. Como Ciência, quando estudioso refere as realidades jurídicas a valores, considerando o direito como fato cultural; pode-se encarar o Direito com a atitude da Filosofia do Direito, que é valorativa e considera o Direito como um valor de cultura; e existe ainda a possibilidade de uma Filosofia Religiosa do Direito, atitude que visa à superação de valores; e existe, ainda, a possibilidade de uma atitude não-valorativa, correspondente à Sociologia do Direito, História do Direito e Direito Comparado.
Tridimensionalismo específico
A Teoria Tridimensional do Direito só se aperfeiçoa quando, de maneira precisa, entende-se a interdependência e correlação necessária de fato, valor e norma que compõem o fenômeno do Direito como uma estrutura social necessariamente axiológico-normativa.
fato, valor e norma são dimensões essenciais do direito, o qual é, desse modo, insuscetível de ser partido em fatias, sob pena de comprometer-se a natureza especificamente jurídica da pesquisa.
Aspecto Fático do Direito: fatos sociais;
Aspecto Axiológico do Direito: valores morais de uma sociedade;
Aspecto Prescritivo do Direito: normas obrigatórias que nasceram de fatos sociais valorados;
Teoria Tridimensional de Miguel Reale: Combinação e percepção desses aspectos como complementares para entender o fenômeno do Direito.
Fato
Fato é o conjunto de circunstâncias que rodeiam o ser humano. Decorrem da natureza ou do agir humano, e geram consequências que influenciarão outras ações humanas, em maior ou menor intensidade. 
O estudo do fato raramente é simples, oferecendo, ao contrário, múltiplos graus de complexidade, o que reveste a obra legislativa de crescente caráter técnico.
O fato, Dor conseguinte, que condiciona o aparecimento de uma norma jurídica particular nunca é acontecimento isolado, mas um conjunto de circunstâncias, estando o homem rodeado por uma série de fatores que solicitam sua atenção, provocam sua análise e despertam atitudes de reação ou de aplauso, de simpatia ou de repulsa.
Vê-se, pois, que o fato é dimensão essencial do Direito, mas, tal como a teoria tridimensional o reconhece, só uma de suas dimensões. Poder-se-á dizer que o Direito nasce do fato e ao fato se destina, obedecendo sempre a certas medidas de valor consubstanciadas na norma.
Valor
Derivam de uma análise particular, da qual deriva reação de aprovação ou desaprovação. Do processo de valoração emerge uma tábua de valores, compartilhada entre os seres humanos pertencentes a determinada cultura.
O fenômeno jurídico manifesta-se ou existe porque o homem se propõe fins. Não é possível que se realize, por exemplo, um contrato, sem que algo mova os homens à ação. 
Quando, com efeito, consideramos algo como sendo um fim, com esta palavraestamos indicando e precisando algo de valioso a ser atingido, e cuidamos de proporcionar meios idôneos à consecução do resultado posto racionalmente como objetivo da ação.
Como é na História que se realizam os valores, podemos concluir que todo fim constitui a determinação do dever ser de um valor no plano da praxis.
Não resta dúvida que seria errônea qualquer redução do dever ser ao rumo de um processo causal de valorações, como se, dado um valor, deste só pudesse resultar um único "dever ser".
verifica-se a complexidade quando se examinam os múltiplos valores que condicionam o ato de escolha de determinado grupo de regras jurídicas, ou até mesmo de uma única norma de direito, ficando prejudicadas as demais vias possíveis. 
Norma
É, com efeito, através de um processo ao mesmo tempo axiológico e teleológico que surge a norma de Direito, a qual se apresenta, formalmente, como esquema geral de opção pela conduta reconhecida de valor positivo e como tal, preservada; ou então de valor negativo e, como tal, vedada.
Segundo, pois, a concepção tridimensional concreta e dinâmica da experiência jurídica, é em função da íntima tensão fato-valor que se põe a norma: — o construído da norma só tem significado essencial em razão dessa funcionalidade, o que nos leva a conceber o ordenamento jurídico como um sistema de fontes e de modelos; estes resultantes daqueles.
Uma norma não pode ser erradicada do processo de que faz parte; deve ser interpretada no âmbito de sua condicionalidade social e histórica, mas, por sua natureza histórica mesmo, não fica presa ou ligada às circunstâncias que originariamente a condicionaram, superando-as.
A rigor, nem seria necessário falar-se em "norma e situação normada", pois a norma é, ao mesmo tempo, o condicionante e o condicionado, o valor e o fato em síntese dinâmica. 
As normas de direito não são meras categorias lógicas, dotadas de validade formal indiferente ao conteúdo fornecido pelo complexo da experiência humana, de modo que, sob certo ponto de vista, uma norma é a sua interpretação.
O poder
Cada modelo jurídico, em suma, considerado de per si, corresponde a um momento de integração de certos fatos segundo valores determinados, representando uma solução temporária (momentânea ou duradoura) de uma tensão dialética entre fatos e valores, solução essa estatuída e objetivada pela interferência decisória do Poder em dado momento da experiência social.
Toda norma legal é uma opção entre vários caminhos, pois não é dito que só haja uma via legitima perante uma mesma exigência axiológica, numa dada situação de fato. A correlação essencial entre nexo normativo e Poder é de suma importância para uma compreensão realista do Direito, devendo notar-se que a decisão, que é a alma do Poder, não se verifica fora do processo normativo, mas inserindo-se nele, para dar-lhe atualidade ou concreção: o Poder, no fundo, é um ato decisório munido de garantia especifica.
O poder
A norma de direito envolve, na realidade, um fato que, iluminado por valores, dá lugar a uma atitude humana e a uma decisão. Daí, repetimos, a importância do problema do Poder no processo de formação de cada complexo de relações jurídicas, visto como existe sempre um ato de decisão, de opção e de ação conseqüente, marcando o surgimento da norma, no quadro das múltiplas vias de possível e legítimo acesso ao mundo dos valores.
É certo que o Poder consagra a norma e a torna efetivamente obrigatória, mas a obrigatoriedade do Direito Positivo não resulta, a nosso ver, da incognoscibilidade dos valores do justo, e sim da relatividade de suas possíveis projeções concretas. Compreende-se, desse modo, que a variação dos valores in concreto não compromete sua objetividade.
Direito e interpretação
O Direito, visto na totalidade de seu processo, é uma sucessão de culminantes momentos normativos, nos quais os fatos e os valores se integram dinamicamente: é essa unidade concreta e dinâmica que deve ser objeto da Hermenêutica jurídica.
Direito é diferente de Norma pois a norma, ao contrário, não pode ser compreendida devidamente fora do processo incessante de adequação da realidade às exigências ideais ou da atualização de fins éticos no domínio das relações de convivência, devendo-se ter presente que ela não tem a virtude de superar, absorvendo-os em si e eliminando-os, os elementos que lhe dão ser. O Direito é um processo aberto exatamente porque é próprio dos valores, isto é, das fontes dinamizadoras de todo o ordenamento jurídico, jamais se exaurir em soluções normativas de caráter definitivo.
O juiz ou o advogado, que tem diante de si um sistema de Direito, não o pode receber apenas como concatenação lógica de proposições. Deve sentir que nesse sistema existe algo de subjacente, que são os fatos sociais aos quais está ligado um sentido ou um significado que resulta dos valores, em um processo de integração dialética, que implica ir do fato à norma e da norma ao fato.
Fundamento e Eficácia da norma jurídica
FUNDAMENTO: Indagar filosoficamente do fundamento do Direito é estudar os valores enquanto deles resultam fins, cuja atualização possa implicar relações intersubjetivas; é penetrar no mundo das exigências axiológicas para determinar as "possibilidades" de realização de formas de coexistência social que sejam positivas. O problema do fundamento do Direito, desse modo, não se perde na abstração formal de um único tipo idealizado de "sociedade justa", (...) Põe-se, ao contrário, no plano histórico, como formas possíveis de convivência segundo a natureza de seu conteúdo axiológico, visto como todo dever ser é inseparável das idéias de valor e de fim.
EFICÁCIA: Uma norma jurídica é eficaz quando ela atinge o propósito pelo qual foi criada. uma regra jurídica não pode nem deve ser tomada de per si, como se fosse uma proposição lógica em si mesma inteiramente válida e conclusa, pois o seu significado e a sua eficácia dependem de sua funcionalidade e de sua correlação com as demais normas do sistema, assim como do conjunto de princípios que a informam.
Vigência da Norma jurídica
VIGÊNCIA: o modo de existir da norma jurídica é a sua vigência. Ocorre, todavia, que, quando uma regra de Direito entra em vigor, a sua vigência necessariamente se correlaciona com a vigência das normas preexistentes, o sentido de umas podendo influir sobre o sentido de outras. Assim como os valores são entre si solidários, as normas jurídicas também se correlacionam e se implicam, distribuindo-se e ordenando-se em institutos e sistemas, cujo conjunto compõe o "ordenamento jurídico". a vigência implica, necessariamente, uma referência aos valores que determinaram o aparecimento da regra jurídica, assim como às condições fáticas capazes de assegurar a sua eficácia social.
A vigência, como se vê, é problema bem mais complexo e profundo do que o ligado ao seu sentido técnico-jurídico, que reclama a satisfação de requisitos formais, como a verificação da competência do órgão emanador da regra; a compatibilidade de uma norma com as normas subordinantes de caráter constitucional ou não; a obediência a trâmites ou processos que condicionam sua gênese em um dado ordenamento etc.
Referências
REALE, MIGUEL. Teoria Tridimensional do Direito.
GONZAGA  Alvaro de Azevedo; ROQUE, Nathaly Campitelli. Tridimensional do Direito, Teoria. Enciclopédia Jurídica da PUCSP. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/64/edicao-1/tridimensional-do-direito,-teoria

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