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ASSISTÊNCIA EM SAÚDE COLETIVA Professora Enfermeira: Érika Vanessa SUMÁRIO 1- SAÚDE COLETIVA E SAÚDE PÚBLICA 2- REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE 3- ATENÇÃO BÁSICA 4- PROGRAMAS DA ATENÇÃO BÁSICA Saúde Coletiva e Saúde Pública SAÚDE “É um completo estado de bem estar físico mental e social, e não meramente a ausência de doença” (OMS 1948). “É um direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. (Art. 196 da Constituição Brasileira, 1988) SAÚDE COLETIVA Coletivo: “Que abrange ou compreende muitas coisas ou pessoas” (Aurélio). Atenção a Saúde Coletiva: “É um conjunto de ações de caráter individual e coletivo, situadas em todos os níveis de atenção do sistema de saúde voltadas para promoção da saúde, prevenção de agravos tratamento e reabilitação, centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu meio ambiente, levando em consideração o contexto histórico /estrutural da sociedade” Saúde Pública é uma área do conhecimento ligado ao diagnóstico e ao tratamento de doenças, de modo, que, dentro de uma comunidade possa garantir e assegurar ao cidadão um padrão de vida que garanta assistência à saúde. A partir da saúde pública, resultou-se um movimento sanitarista latino- americano e da reforma sanitária no Brasil. O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a ditadura, no início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de idéias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das condições de vida da população. Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde, oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). . A prática da saúde coletiva requer do profissional muita atenção e visão universal, visto que requer desta pessoa muito mais do que observação, diagnóstico e prescrição médica ao paciente – entra aqui o que se propõe para a humanização do atendimento médico. O sanitarista – profissional que se especializou em saúde coletiva – pode gerir unidades de serviço de saúde, desenvolver propostas de políticas que viabilizem a promoção da saúde pública no país, além de atuar como um docente ou pesquisador acadêmico. Qual a Importância dos Estudos Sobre Saúde Coletiva? As especializações nas áreas de saúde têm sido extremamente significativas para os avanços na saúde, desde gestão até novas soluções e estratégias de combates às doenças. A saúde coletiva se divide em quatro tipos de especializações: • Epidemiologia – estuda a distribuição na população e nos territórios de doenças e de seus mecanismos de transmissão; • Gestão e análise dos serviços de saúde – estuda e promove a administração dos serviços de saúde; • Promoção da saúde – estudo e desenvolvimento de políticas e estratégicas que favoreçam a promoção da saúde; • Saúde da família – estuda e desenvolve estratégias que possibilitem a promoção da saúde da família; Esses estudos colaboram para elucidar os principais indicadores de saúde coletiva e conhecer o perfil dos problemas de saúde da população. Com estes estudos fica mais fácil desenvolver planejamentos estratégicos para realizar uma gestão de saúde mais eficaz. Oito Tipos de Saúde do Corpo Humano Durante muitos anos, acreditava-se que os únicos tipos de doenças que poderiam afetar a saúde de um indivíduo seria apenas o que afetasse o corpo em sua matéria, ou seja, a saúde física. Porém, de acordo com os estudos de saúde coletiva, sabe-se que essa não é a única parte do corpo atingida. 1. Saúde física – sobre estar em forma, ter energia suficiente para o seu trabalho diário e suas atividades de lazer. A saúde física envolve ficar de repouso e ter noites de sono adequadas, além de um consumo equilibrado de nutrientes. 2. Saúde emocional – A saúde emocional ou mental é o bem-estar psicológico. O que pode incluir a forma de como você se sente em relação a si mesmo, a qualidade das relações e a capacidade de controlar seus sentimentos. 3. Saúde espiritual – De acordo com estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, as pessoas que tem algum tipo de prática espiritual, vivem em média 29% mais. Os médicos observam melhora no quadro de depressão, stress, doenças do coração e pressão alta. 4. Saúde intelectual – Este tipo de saúde envolve a habilidade de pensar com clareza e lógica. A saúde intelectual permite enxergar uma série de perspectivas, vontade de considerar novas ideias, capacidade de avaliar riscos e estimular a criatividade e a imaginação. 5. Saúde financeira – Um sinal de que essa área não vai bem é comprar algo e logo em seguida enfrentar o temor sobre como fará para pagar o que adquiriu. 6. Saúde familiar – A harmonia com a família é um fator de importância para a saúde coletiva. 7. Saúde profissional – A saúde profissional está tão ligada ao seu desempenho como a forma que você fica o dia trabalhando. Para quem trabalha sentado, a atenção é redobrada para se atentar a: altura do monitor, altura da cadeira, altura do encosto, atenção a postura e posição das mãos. 8. Saúde social – Envolve a capacidade de interagir positivamente com amigos, familiares e outros membros da comunidade. Outro aspecto é a habilidade de utilizar diversas atitudes em uma série de contextos para eventos. Diferença entre Prevenção e Promoção da Saúde O termo 'prevenir' tem o significado de "preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize". A prevenção em saúde "exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença". As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. A base do discurso preventivo é o conhecimento epidemiológico moderno; seu objetivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos. Os projetos de prevenção e de educação em saúde estruturam-se mediante a divulgação de informação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos. 'Promover' tem o significado de dar impulso a; fomentar; originar; gerar Promoção da saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que "não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais". As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial. ENFERMAGEM E SAÚDE COLETIVA – CONSTRUINDO SABERES E PRÁTICAS A saúde coletiva tem se estruturado como campo de saber e prática a partir da década de 70, fundamentada na interdisciplinaridade, agregando as ciências humanas ao campo da saúde, dando assim novos rumos ao saber biológico. A contribuição da enfermagem neste contexto se destaca no ensino e na instrumentalização para a intervenção, saindo do âmbito privado e se inserindo na esfera pública, sem perder sua essência, voltada para o cuidado ao ser humano, individualmente, na família e na comunidade.O PAPEL DO ENFERMEIRO NA SAÚDE PÚBLICA A evolução da história da Saúde Pública sempre esteve relacionada à evolução político-social e econômica do Brasil. Como um dos profissionais atuantes na saúde, o enfermeiro contribui para a melhoria na qualidade da assistência prestada ao cliente, estando preparado para desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Para chegar ao atual perfil da saúde, o sistema de saúde pública percorreu um longo caminho, passando por grandes transformações políticas, econômicas, demográficas e sociais. O SUS, sendo o único sistema de saúde, tem como função realizar ações de promoção de saúde, vigilância em saúde, controle de vetores e educação sanitária, além de assegurar a continuidade do cuidado nos níveis primário, ambulatorial especializado e hospitalar. A enfermagem na Saúde Pública tem na sua atuação um amplo espaço de desenvolvimento para sua ação diária, podendo ser tanto dentro da consulta de enfermagem, através do atendimento direto á clientela, quanto no suporte dos exames laboratoriais de rotina e da prescrição medicamentosa padronizada, ou junto à educação em saúde. Sendo todas essas ações desenvolvidas em nível individual, como a consulta de enfermagem, ou em nível coletivo, trabalhando junto à comunidade. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Criado no Brasil em 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, tornou o acesso gratuito à saúde direito de todo cidadão. Até então, o modelo de atendimento era dividido em três categorias: os que podiam pagar por serviços de saúde privados, os que tinham direito à saúde por serem segurados pela previdência social e os que não possuíam direito algum. A implantação do SUS unificou o sistema, já que antes a responsabilidade era de vários ministérios. Deixou de ser do Poder Executivo Federal e passou a ser administrada por Estados e municípios. Entre as ações mais reconhecidas estão: criação do SAMU, Políticas Nacionais de Atenção à Saúde da Mulher, Humanização do SUS, Saúde do Trabalhador. O que é o SUS? Pode ser entendida, em primeiro lugar, como uma “Política de Estado”, materialização de uma decisão adotada pelo Congresso Nacional, em 1988, na chamada Constituição cidadã, de considerar a Saúde como um “Direito de Cidadania e um dever do Estado”. É uma nova formulação política organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecidas pela Constituição de 1988. São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: I - identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II - formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social; III - assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: • Universalidade : atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo a todo atenção necessária, sem qualquer custo; • Integralidade : oferecer a atenção necessária á saúde da população , promovendo ações contínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e a comunidade, em quaisquer níveis de complexidade; • Equidade : disponibilizar os recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam; • Participação Social: é um direito e dever da sociedade participar das gestões públicas em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; • Descentralização : é o processo de transferência de responsabilidade de gestão para os municípios, atendendo as determinações constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e competências especificas á União, aso estados, ao Distrito Federal e aos municípios. • Hierarquização : entendia como um conjunto articulado e continuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais , exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema referência e contra- referência. A LEI ORGÂNICA DA SAÚDE (LOS) 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 Regulamenta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentralização político-administrativa, por meio da municipalização dos serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, competências e recursos, em direção aos municípios. Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados ao SUS. A LEI 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 Dispõe sobre o papel e a participação da comunidade na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na área da saúde e dá outras providências. Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participação social em cada esfera de governo. REDES DE ATENÇÃO A SAÚDE São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010). As RAS são sistematizadas para responder a condições específicas de saúde, por meio de um ciclo completo de atendimentos (PORTER e TEISBERG, 2007), que implica a continuidade e a integralidade da atenção à saúde nos diferentes níveis Atenção Primária, Secundária e Terciária (MENDES, 2011). O Sistema Único de Saúde estrutura os níveis de atenção em básica, média e alta complexidade. Nessa organização a Atenção Básica foi definida como a porta de entrada preferencial do sistema e centro ordenador das redes de atenção a saúde. Essa estruturação promove uma melhor programação e planejamento das ações e dos serviços do sistema, visando à integralidade da assistência. NÍVEIS DE PREVENÇÃO • Prevenção Primária: são ações dirigidas para a manutenção da saúde. • Prevenção Secundária: ações que visam a prevenção para regredir a doença. • Prevenção Terciária: ações se dirigem à fase final do processo, visa reabilitar o paciente. ✓ PREVENÇÃO PRIMÁRIA 1. Promoção da Saúde - ações destinadas para manter o bem-estar, sem visar nenhuma doença • Educação sanitária; • Alimentação e nutrição adequadas; • Habitação adequada; • Emprego e salários adequados; • Condições para a satisfação das necessidades básicas para o indivíduo. 2. Proteção específicas – inclui medidas para impedir o aparecimento de uma determinada doença • Imunização; • Exame pré-natal; • Quimioprofilaxia; • Fluorretação da água; • Eliminação de exposição a agentes carcinogênicos; • Saúde Ocupacional. ✓ PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Inquéritos para descoberta de casos na comunidade; • Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos; • Isolamento para evitar a propagação de doenças; • Tratamento para evitar a progressão da doença. ✓ PREVENÇÃO TERCIÁRIA Reabilitação: impedir a incapacidade total. • Fisioterapia; • Terapia ocupacional; • Emprego para o reabilitado; • Melhores condições de trabalho para o deficiente; • Educação para o público para aceitação dos deficientes;• Próteses e órteses. MODELOS DE ATENÇÃO EM SAÚDE É uma maneira de organizar os meios de trabalho utilizados nas práticas ou processos de trabalho em saúde (PAIM, 2003). ✓ Modelo Médico Assistencial Privatista: é voltado para a demanda espontânea, predominantemente curativo. ✓ Modelo Sanitarista: concentra atenção no controle de certos agravos ou em determinados grupos de risco de adoecer e morrer, através de campanhas e de programas especiais de saúde pública. ✓ Modelo de Vigilância da Saúde: os serviços são voltados para as necessidades de saúde identificadas na comunidade, mediante estudos epidemiológicos. Responsabilidades das esferas de governo e regionalização O SUS é responsabilidade das três esferas de governo A Constituição brasileira estabelece que a saúde é um dever do Estado. Aqui, deve-se entender Estado não apenas como o governo federal, mas como Poder Público, abrangendo a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. A implementação e a gestão do SUS são, portanto, também obrigações das municipalidades, que devem trabalhar integradas às demais esferas de governo, na construção de políticas setoriais e intersetoriais que garantam à população acesso universal e igualitário à saúde. Há duas décadas, com a publicação da Constituição de 1988, foi criado o Sistema Único de Saúde. Entre os seus princípios, vale ressaltar a descentralização das ações de saúde e o seu caráter participativo. Tal qualidade é uma conquista da rede pública de saúde porque formaliza o reconhecimento de que o município é o principal responsável pela saúde da população. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde especificidades regionais coexistem, a parceria com estados e municípios foi fundamental para alcançar resultados positivos. A adesão dos prefeitos possibilitou levar o Samu para 101 milhões de brasileiros. Em outro contexto, deixou-se de extrair dois milhões de dentes por meio de uma política de saúde bucal, que também conta com a ação efetiva dos municípios. Sem essa participação, seria impossível também levar saúde à casa das pessoas pela estratégia Saúde da Família, que já atende mais de 90 milhões de brasileiros. São exemplos da descentralização do SUS e da parceria entre os entes federados. O Ministério da Saúde acredita que o prefeito consciente é o principal ator político do desafio de levar saúde de qualidade à população. Somente com gestores municipais comprometidos será possível fortalecer a estratégia para provocar uma profunda mudança na atenção à saúde, mais preocupada com a prevenção e promoção da saúde e menos centrada nos serviços dos hospitais. Uma parceria sólida com os municípios é capaz de conscientizar os cidadãos de que investir em promoção da saúde é melhor do que alimentar o círculo vicioso de agravamento de doenças, que geram gastos cada vez mais elevados, com a conseqüente redução da qualidade de vida. O SUS no seu município – garantindo saúde para todos é um convite a cada município para que veja no Ministério da Saúde um parceiro permanente. A despeito de todas as dificuldades para financiar o sistema, os municípios contam com a transferência de recursos pela União e com a cooperação técnica do Ministério para levar a eles as políticas públicas de saúde. Esta publicação contribui para que os gestores locais conheçam plenamente o funcionamento do Sistema Único de Saúde, dando condições para participar proativamente desta que é a maior política social em curso no País. Se a Carta de 1988 assegura a saúde como direito de todos e dever do Estado, por meio desta publicação, o Ministério da Saúde convoca municípios a trabalhar de forma objetiva e integrada pela execução desse compromisso. Articulação entre os níveis de atenção e formação das Redes de Atenção à Saúde (RAS) ATENÇÃO BÁSICA O que é Atenção Básica em saúde? A Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) – Portaria GM/MS nº 648, de 28/3/06 (BRASIL, 2006b) – define a Atenção Básica (AB) como um conjunto de ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, bem como a redução de danos ou de sofrimento que possam comprometer as possibilidades de viver de modo saudável. Desenvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigida à população de territórios delimitados, pelas quais a equipe assume responsabilidades sanitárias. Deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade e inserção sociocultural. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, da coordenação do cuidado, do vínculo, da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. Por que a Atenção Básica é prioridade? Quando a Atenção Básica funciona adequadamente, a população consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de saúde. No SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a prática comprova que a Atenção Básica deve ser sempre prioritária, porque possibilita melhor organização e funcionamento de todo o sistema, inclusive dos serviços de média e alta complexidade. Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos-socorros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais prevalentes passam a ser resolvido nas unidades básicas de saúde, deixando os ambulatórios de especialidades e hospitais cumprir seus verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos recursos existentes. Saúde da Família como estratégia para organização da Atenção Básica A Saúde da Família é a estratégia eleita pelo Ministério da Saúde para reorganização da Atenção Básica no País. Por meio dessa estratégia, a atenção à saúde é realizada por uma equipe composta por profissionais de diferentes categorias (multidisciplinar) trabalhando de forma articulada e interdisciplinar. Cada equipe é formada, minimamente, por um médico, um enfermeiro, um técnico ou auxiliar de enfermagem e um número variável de Agentes Comunitários de Saúde. Quando ampliada, a essa equipe são incorporados profissionais de odontologia: cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário e/ou técnico em higiene dental. Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros profissionais a essas equipes. Cada equipe se responsabiliza pela situação de saúde de determinada área, cuja população deve ser no máximo de 4.000 pessoas. Em 2008, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) – Portaria GM/MS nº 154, de 24/1/08 (BRASIL, 2008a) – com o objetivo de ampliar a abrangência e resolubilidade das ações da Atenção Básica. Os Nasf atuam em parceria com as equipes de Saúde da Família e são constituídos por outros profissionais de diversas áreas do conhecimento, tais como: nutricionista, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico acupunturista, profissional de educação física, farmacêutico, médico ginecologista, médico homeopata, médico pediatra, médico psiquiatra e terapeuta ocupacional. A idéia fundamental da ESF é atingir a qualidade na saúde da população partindo do indivíduo e estendendo os efeitos positivos do atendimento prestado para a coletividade. - Áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional: • Eliminação da Hanseniase; • Controle da Tuberculose; • Controle da Hipertensão Arterial; • Controle da Diabetes Mellitus; • Eliminação da Desnutrição; • Programa Nacional de Imunização; • Saúde da Criança; • Saúde da Mulher; • Saúde do Idoso; • Saúde Bucal. São necessários à implantação das equipes: • Equipe multiprofissional responsável por, no máximo 4000 hab., sendo amédia 3000 hab. • Jornada de 40 horas semanais, composta por: médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. • Número de ACS para cobrir 100% da população cadastrada, máximo de 750 pessoas por ACS e 12 ACS por equipe. De acordo com a Portaria 648, do Ministério da Saúde, são atribuições do Técnico de Enfermagem: • Participar das atividades de assistência básica realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na unidade e, quando indicado no domicilio e nos demais espaços comunitários; • Realizar ações de educação em saúde e grupos específicos e a famílias em situação de risco; • Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da unidade. Financiamento das ações da Atenção Básica O financiamento das ações da Atenção Básica é de responsabilidade das três esferas de gestão, federal, estadual e municipal. O Piso de Atenção Básica (PAB) constitui-se no componente federal para o financiamento da Atenção Básica, sendo composto de uma parte fixa e outra variável, denominadas, respectivamente, como PAB-Fixo e PAB-Variável. O PAB-Fixo refere-se ao financiamento de ações de Atenção Básica à Saúde, baseando-se no valor per capita por município. Já o PAB-Variável é constituído por recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias tais como Saúde da Família, Saúde Bucal, Nasf, Compensação de Especificidades Regionais, Saúde Indígena, entre outras, realizadas no âmbito da Atenção Básica em Saúde. O somatório das partes fixas e variável do PAB compõe o Teto Financeiro do Bloco da Atenção Básica. Os recursos do PAB são repassados mensalmente, de forma regular e automática, por meio do Fundo Nacional aos Fundos Municipais de Saúde, com informação disponibilizada no site: http://www.fns.saude.gov.br. Tais recursos não podem substituir as fontes de recursos próprios do orçamento municipal para a saúde. Garantia de acesso à saúde: responsabilidade do gestor O gestor municipal deve garantir que a população sob sua responsabilidade tenha acesso à atenção básica e aos serviços especializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localizados fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando os resultados obtidos. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na Atenção Básica em Saúde e que as ações e os serviços de maior complexidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é verdade. Atenção básica como porta de entrada e reguladora da RAS: acesso à Atenção básica, referência e contra-referência A Carta Magna, em seu art. 196, enfatiza que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, garantida à população mediante políticas sociais e econômicas que objetivem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Nesse sentido, a Carta Magna ainda avança, um pouco mais, em seu art. 23, citando que é competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios cuidarem da saúde e assistência pública. Destarte, as ações e serviços de saúde do SUS estão organizados de maneira regionalizada e hierarquizada em níveis crescentes de complexidade tecnológica, do primário e secundário ao nível terciário. Essa estruturação tem como objetivo alcançar a integralidade da assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos. A Atenção Primária à Saúde (APS), conforme denominação internacional constitui o nível de atenção à saúde que se encontra mais próximo dos cidadãos e tem suas ações desenvolvidas nas unidades básicas de saúde (UBS). Ela representa a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde, devendo se pautar nos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. Já ao nível secundário e terciário, competem o planejamento e a execução de ações de média e alta complexidade, desenvolvidas nos ambulatórios de especialidades e em serviços hospitalares, normalmente utilizados em casos que requeiram atenção de profissionais especializados, recursos tecnológicos de maior densidade no apoio diagnóstico e terapêutico, não disponíveis na APS. Importante destacar o relevante papel da APS como política estruturante para todo o sistema, incidindo sobre ela a capacidade de estabelecer articulações com a atenção secundária e terciária, incrementando o potencial deste nível e favorecendo o acesso universal das pessoas aos serviços disponíveis na comunidade. A despeito do exposto, predomina a compreensão de que o encaminhamento do usuário do SUS para atendimento em outro nível de atenção (ou complexidade) da mesma estrutura depende de um efetivo sistema de referência e contra-referência, que pode ser compreendido como um mecanismo articulado e eficaz de fluxo para encaminhamento bem-sucedido dos usuários entre os diferentes níveis de atenção. A referência se caracteriza pelo encaminhamento das UBSs para os níveis de maior grau de complexidade (média e alta). A contra-referência configura-se pelo retorno do usuário da média ou alta complexidade para a APS, ou seja, quando a continuidade do tratamento requeira menos recursos tecnológicos e terapêuticos, como os disponíveis nas UBSs. Ocorre que os sistemas estruturados em diferentes níveis de atenção têm sido alvos de críticas no sentido de serem incapazes de se articularem, resultando em um cuidado fragmentado. A proposta é que o SUS se estruture em Redes de Atenção à Saúde (RAS), através do vínculo de um conjunto de serviços de saúde com missões e objetivos comuns, desenvolvendo ações através da atenção contínua e integral a partir da APS. As RAS preconizam a colaboração entre os diferentes pontos de atenção, caracterizando-os como de equivalente importância no processo do cuidado que deve ser contínuo entre os níveis primário, secundário e terciário. Nesse sentido, ressalta-se que, tanto para os sistemas organizados em diferentes níveis de atenção quanto para os estruturados em RAS, prevalece à necessidade de um efetivo sistema de referência e contra-referência para viabilizar seus fluxos entre as diversas esferas que os compõem. Nas RAS, esse sistema é parte constitutiva de um componente estruturante das redes, denominado “sistema logístico”. Sabe-se que o sistema logístico, ancorado na tecnologia da informação, garante uma organização racional dos fluxos e contra-fluxos de informações, produtos e pessoas, permitindo um processo dinâmico de referência e contra-referência ao longo dos pontos de atenção. PROGRAMAS DA ATENÇÃO BÁSICA ✓ IMUNIZAÇÃO Como funcionam as vacinas? O sistema imunológico saudável na maioria das vezes nos defende contra patógenos invasores. O sistema imunológico é composto por vários tipos de células que se defendem e removem patógenos perigosos para o nosso organismo. No entanto, para isso acontecer, essas células precisam identificar que o invasor é perigoso. Essa é a função da vacinação, ensinar o corpo a reconhecer novos patógenos causadores de doenças e estimular a produção de anticorpos contra eles. Também preparar células imunes para lembrarem-se dos tipos de patógenos que causam infecções, permitindo uma resposta mais rápida a futuros ataques. Normalmente as vacinas são aplicadas no formato de injeção, mas também podem se apresentar na forma de gotas, contendo duas partes: antígeno e adjuvante. O antígeno é a parte da doença que o corpo precisa aprender a reconhecer. O adjuvante é responsável por enviar um sinal de perigo ao corpo contrao antígeno, ajudando o sistema imunológico a desenvolver imunidade contra ele. É muito mais seguro para o sistema imunológico aprender a se defender contra um patógeno por meio da vacinação do que pegando a doença e tratando-a. Quando o corpo responde à vacina, cria uma resposta imune adquirida, equipando o corpo para combater uma possível infecção real no futuro. Calendário Básico de imunização Conforme Calendário Básico de Vacinação Nacional, as vacinas disponíveis atualmente nas UBS e na Sala de Vacina da Secretaria Municipal de Saúde são: Vacina BCG - contra a tuberculose; Vacina Contra Hepatite B; Vacina Pentavalente - contra Tétano, Coqueluche, Difteria, Hepatite B e doenças causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B; Vacina Contra Poliomielite (Paralisia Infantil); Vacina de Rotavírus Humano; Vacina Pneumocócica 10-valente conjugada; Vacina Meningocócica C conjugada; Vacina contra Febre Amarela; Vacina Tríplice viral (contra Sarampo, Rubéola e Caxumba); Vacina Tetra viral (contra Sarampo, Rubéola, Caxumba e Varicela); Vacina Hepatite A; Vacina Tríplice Bacteriana (contra Tétano, Coqueluche, Difteria); Vacina Varicela Vacina HPV (Vacina Papilomavírus Humano 6, 11, 16 e 18); Dupla Bacteriana tipo Adulto (contra Tétano e Difteria); Vacina dTpa (vacina acelular contra difteria, tétano e coqueluche - para gestantes) Vacina Contra a Raiva. ✓ PRÉ- NATAL CONSTRUINDO A QUALIDADE NO PRÉ-NATAL O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez Período de mudanças físicas e emocionais, que cada gestante vivencia de forma distinta. Essas transformações podem gerar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu corpo. Na construção da qualidade da atenção pré-natal está implícita a valorização desses aspectos, traduzida em ações concretas que permitam sua integração no conjunto das ações oferecidas. Em geral, a consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. A maioria das questões trazidas, embora pareça elementar para quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta. Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher e sua família. Está demonstrado que a adesão das mulheres ao pré-natal está relacionada com a qualidade da assistência prestada pelo serviço e pelos profissionais de saúde, o que, em última análise, será essencial para redução dos elevados índices de mortalidade materna e perinatal verificados no Brasil. ✓ HIPERDIA HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos O Hiperdia destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS. Benefícios Orienta os gestores públicos na adoção de estratégias de intervenção; Permite conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial e do diabetes mellitus na população. Funcionalidades Cadastra e acompanha a situação dos portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus em todo o país; Gera informações fundamentais para os gerentes locais, gestores das secretarias e Ministério da Saúde; Disponibiliza informações de acesso público com exceção da identificação do portador; Envia dados ao CadSUS. PROGRAMA HIPERDIA A Hipertensão Arterial (Hiper) e o Diabetes Mellitus (Dia) são doenças crônicas, apontadas como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, que por sua vez constituem a principal causa de morbimortalidade a nível mundial. Estima – se que em Cabo Verde a prevalência de Hipertensão é de 35% a 38% e de Diabetes de 12.7%. Os pacientes Hipertensos e/ou Diabéticos formam o maior grupo com diagnóstico O serviço recebe diariamente uma grande sobrecarga de trabalho inesperada de pacientes com crises hipertensivas e complicações graves, porém não havia um programa de seguimento destinado a este grupo, gerando assim muitos constrangimentos tanto para o serviço, como para os utentes, familiares e altos custos para o sistema de saúde. Objetivos • Garantir as consultas (evitar as desmarcações sucessivas de consultas); • Diminuir o intervalo entre as consultas de controlo; • Prevenção, diagnóstico e terapêutico mais precoce possível das complicações; • Diminuir a Carga de trabalho inesperada/ constrangimentos; (pedidos de receitas) • Aumentar o acesso aos cuidados e orientações complementares à terapêutica; • Evitar a ruptura de stock e o uso incorreto de medicamentos pelos pacientes; • Criar banco de dados fiel / pesquisa; • Criar uma rotina/ maior responsabilização e fidelização dos pacientes. Como Funciona? • Destinar uma semana (HiperDia) ou dias , para atendimento deste grupo; • Atendimento Sistematizado/ sequencial; • I.E.C ; • Triagem ( PA, CA, Alt., Peso, IMC, GC…); • Avaliação Médica; • Medicamentos (farmácia). Obs: dados devidamente anotados no cartão HiperDia FICHA DE CADASTRO DO HIPERDIA FICHA DE ACOMPANHAMENTO Materiais necessários: • Esfingmomanómetro • Estetoscópio • Balança • Fita métrica • Aparelho de glicemia completo • Algodão • Álcool • Materiais informativos • Porte de lixo contaminado • Seringa de insulina Medicamentos de uso imediato • Insulina rápida • Insulina lenta • Captopril • Nifedipina • Diazepam • Soro fisiológico Vantagens: • Melhor gestão das consultas/escala; • Diminuição das demandas espontâneas; • Diminuição/ nulo pedido de receitas; • Banco de dados fiel, fácil acesso e análise; • Identificação rápida dos faltosos; • Baixo custo implementação/ sustentável; • HiperDia Programa Envolvimento/ capacitação de colaboradores; • Maior responsabilização/ fidelização dos pacientes; • Melhor gestão de stock e uso dos medicamentos; • Diminuição e controle das complicações e fatores de risco (atendimento multidisciplinar). Na Atenção Primária a Saúde (APS) é necessário fazer muito com pouco. O PROGRAMA HiperDia, é qualidade de vida! ✓ SAÚDE DO IDOSO No Brasil, o primeiro contato do usuário com o sistema de saúde, geralmente, é feito por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que incluem as Unidades de Saúde da Família (USF), onde são marcados consultas e exames e realizados procedimentos de menor complexidade. Caso a necessidade de saúde do usuário ultrapasse a capacidade de resolução desses serviços, esse indivíduo será encaminhado para os demais níveis de atenção. Nesta perspectiva, a Unidade Básica de Saúde (UBS) passa a ser denominada Unidade Saúde da Família (USF) e tem como ações, identificar os problemas de saúde dos indivíduos e famílias, propor intervenções a estes problemas, consolidar o planejamento estratégico local e, ações específicas em relação aos grupos com maior risco de adoecer e morrer, além de outras, de caráter individual e coletivo. O idoso precisa de maior agilidade no sistema de saúde porque o processo de envelhecimento traz como conseqüência menor expediente para o idoso procurar os serviços de saúde e deslocar-se nos diferentes níveis de atenção. Para o idoso, principalmente os mais carentes, qualquerdificuldade torna-se um mote para bloquear ou interromper a continuidade da assistência à sua saúde. A USF funciona segundo algumas diretrizes operacionais, adstrição da clientela; integralidade e hierarquização e, assegurar a referência e contra- referência para níveis superiores de complexidade, garantindo assim, a atenção integral aos indivíduos e famílias, e em uma equipe básica, a composição mínima é formada por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, um dentista, um técnico em higiene bucal, um auxiliar de consultório dentário e de quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS). No entanto, o sentido de integralidade, as ações governamentais na área da saúde dirigidas a determinados grupos populacionais, para dar respostas aos problemas de saúde destes grupos. Poderíamos dizer que esse conjunto de sentidos da integralidade trata das ações governamentais e as políticas em saúde para dar respostas às necessidades de saúde da população idosa. FICHA ESPELHO Sespa orienta sobre serviços e atenção à saúde de idosos Pará tem 755.611 pessoas acima de 60 anos, Secretaria reforça a necessidade do cuidado contínuo com a saúde desse segmento. A Sespa comunica que a população com mais de 60 anos no Pará tem acesso aos serviços do Sistema Único de Sáude (SUS), por meio da Atenção Básica, formada pela Estratégia Saúde da Família, Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Urgência e Emergência e Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família devem referenciar as pessoas acima de 60 anos aos demais níveis de complexidade, como ambulatórios de especialidades, serviços de atenção domiciliar, polos de dispensação de medicação para Alzheimer e Parkinson e rede hospitalar. A atenção básica também é responsável pela aplicação de vacinas voltadas a esse público, a exemplo das campanhas anuais contra a gripe. Entre as ações executadas pela Sespa, por meio da Coordenação de Saúde do Idoso, estão as capacitações para a distribuição correta da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, emitida pelo Ministério da Saúde (MS), e assessoria técnica aos municípios na implantação dos serviços de atenção domiciliar, como o Programa Melhor em Casa, desenvolvido pelo governo federal. Nota técnica da Coordenação de Saúde do Idoso informa que as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de mortalidade em pessoas acima de 60 anos no Pará, com mais de 37% do número de mortes. As mais comuns são derrame cerebral, infarto e hipertensão arterial. Na sequência há os tumores e doenças do aparelho respiratório, com a pneumonia, e a doença pulmonar obstrutiva crônica, a exemplo do enfisema pulmonar e a bronquite crônica. No Pará, interesses em geral das pessoas com mais de 60 anos são tratados pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pesssoa Idosa (CEDPI), órgão deliberativo com orientações e normatização de Política Estadual da Pessoa Idosa, vinculado à Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster). Atualmente, além da Sespa e da Seaster, possuem assento no Conselho Estadual dos Direitos da Pesssoa Idosa, representantes das secretarias estaduais de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Esportes e Lazer (Seel), de Educação (Seduc) e de Turismo (Setur), além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB - Seção Pará), Companhia de Habitação do Pará (Cohab), Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), Serviço Social do Comercio (Sesc), Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil (AFABB) e Federação de Aposentados e Pensionistas do Pará (FAAPA). A Sespa observa que há quem ainda só associe a pessoa idosa a cabelos grisalhos, passos lentos e perfis ociosos em ambiente doméstico, no entanto, frisa a Secretaria de Saúde, a longevidade traz ao brasileiro mais perspectivas e qualidade de vida, o que envolve desde o acesso a produtos saudáveis, como também a construção de novos projetos e atividades após a aposentadoria e o cuidado contínuo com a saúde. São mudanças sociais oriundas do aumento da expectativa de vida. Segundo dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 29,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país, o que representa 14,3% da população. A estimativa é que, até 2030, esse universo chegue a 41,5 milhões de cidadãos, o equivalente a 18% dos brasileiros. ✓ PCCU O colo uterino ou cérvix é a parte mais distal e constrita do útero, projetando- se através da parede vaginal anterior, apresentando um formato de cone, com o ápice geralmente voltado para a parede vaginal posterior. Nessa região pode se desenvolver uma neoplasia envolvendo diversas anormalidades celulares epiteliais, tendo seu início como lesões intraepiteliais e culminando ao câncer. Essa neoplasia é causada pelo Human Papiloma Virus, o HPV, presente na pele e mucosas, sendo transmitido preferencialmente por via sexual. Além da infecção pelo HPV, outros fatores de risco para o câncer de colo uterino são a idade precoce da primeira relação sexual; número de parceiros sexuais; parceiros promíscuos; má nutrição; número de gravidezes da mulher; tabagismo; uso de contraceptivos orais; baixo nível socioeconômico e possível estado de imunossupressão da paciente, visto que a baixa imunidade retarda o reconhecimento do HPV pelo sistema imunológico. A deficiência dos antígenos não oferece resposta adequada ao ataque do HPV, sendo que a paciente fica predisposta ao desenvolvimento de tumores, cujo tratamento pode ser mais difícil, com maior número de recidivas e com lesões mais exuberantes. O câncer de colo de útero ocupa, no mundo, o segundo lugar no ranking dos cânceres femininos, só perdendo para a neoplasia mamária. No Brasil, está em terceiro lugar, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), em 2014, com taxa de incidência de 15 novos casos em 100.000 mulheres ao ano. A doença é pouco frequente antes dos 30 anos, com maior incidência entre 40 e 60 anos de idade. No estágio inicial, o câncer de colo uterino é geralmente assintomático, pois a doença evolui de forma lenta, desde fases pré-clínicas, detectáveis e curáveis, até a fase metastática, que ocorre em grande parte dos diagnósticos. Seu potencial de prevenção e cura é alto, desde que o diagnóstico seja precoce, sendo que a faixa etária mais apropriada para esse procedimento fica em torno de 20 a 29 anos de idade. O diagnóstico do câncer de colo uterino inclui anamnese, exame físico, testes laboratoriais e imagens radiográficas, principalmente a ressonância magnética (IRM), cuja sensibilidade pode definir melhor o tamanho do tumor e sua extensão. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) serve para determinar o grau de envolvimento dos linfonodos na lesão. A remoção de lesões pré-invasivas é feita com base no exame citopatológico, com encaminhamento para colposcopia e biópsia dirigida se for detectada alguma alteração do esfregaço. O exame citopatológico é utilizado no Brasil como forma de prevenção do câncer de colo uterino. O exame citopatológico é um teste de citologia oncótica de colo uterino e é considerado o melhor procedimento para detectar as primeiras lesões que aparecem, devendo ser realizado de forma rotineira pelas mulheres entre 25 e 64 anos de idade. Contudo, fatores sociais, econômicos e comportamentais fazem com que a adesão ao exame não seja plena, o que diminui os indicadores de sobrevida quando a doença é diagnosticada já em estágio avançado. O exame citopatológico é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como parte da Atenção Primária à Saúde (APS) e das políticas de saúde da mulher, para realizar o rastreamento, o diagnóstico e o tratamento do câncer de colouterino. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) os enfermeiros identificam as mulheres elegíveis para a realização do exame, por meio de protocolos de priorização de usuárias, e buscam aquelas que não comparecem, oferecendo suporte e informação. Isso tem feito com que o número de exames tenha aumentado em pelo menos cinco pontos percentuais. O nível dos serviços oferecidos pelas UBS é fundamental para a adesão à realização do exame, principalmente em colaboração com a Estratégia Saúde da Família, cujos profissionais estão mais próximos das mulheres. O grau das lesões que podem ser evidenciadas pelo exame citopatológico é variado, desde alterações celulares de natureza benigna, até atipias celulares, classificadas como escamosas, glandulares ou de origem indefinida, que podem ser neoplásicas ou não. As células escamosas podem significar uma lesão intra-epitelial de baixo grau, lesão intraepitelial de alto grau ou o estágio invasor do câncer de colo uterino. As pacientes com esses dois últimos tipos de lesões devem ser encaminhadas pela Atenção Básica para Unidades de Referência de Média Complexidade, para realizarem imediatamente uma colposcopia, exame do colo uterino, feito pelo ginecologista, usando um colposcópio, que aumenta a visibilidade e soluções para corar as células atacadas pelo HPV. Os exames, bem como a cirurgia, permitem o estadiamento do câncer de colo uterino, cujos parâmetros foram estabelecidos pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). No estádio IA1 ocorre a invasão do estroma; o estádio II, dividido em duas fases, é caracterizado pelo envolvimento da vagina na lesão, na fase IIA. Na fase IIB os paramétrios podem ser invadidos, mas a parede pélvica ainda não é atingida. No estádio IIIA as lesões invadem o terço inferior da vagina, mas não atingem a parede pélvica, causando hidronefrose, prejudicando o funcionamento renal. No estádio IVA as lesões podem invadir a mucosa da bexiga, o reto e irem além da pelve verdadeira. No estádio IVB ocorrem metástases à distância. O estadiamento é importante para definir o tratamento, que pode ser feito mediante cirurgia (conização ou histerectomia), quimioterapia e radioterapia. Para prevenir a infecção pelo HPV, que é a principal causa do câncer de colo uterino, o Ministério da Saúde disponibiliza dois tipos de vacinas: a quadrilavente (HPV4) e a vacina contra o HPV oncogênico (HPV2), que são produzidas por meio da técnica de DNA recombinante, criando a proteína L1, que compõe o capsídeo do HPV. A vacina permite a formação de anticorpos neutralizantes em títulos altos, que protegem contra a neoplasia uterina, sendo que a HPV4 é indicada para homens e mulheres, dos nove aos 26 anos de idade, administrada em intervalos de 0, 2 e 6 meses. A vacina HPV2 é indicada para mulheres entre 10 e 25 anos de idade, sendo administrada em intervalos de 0, 1 e 6 meses. A idade ideal para receber a vacina fica entre 11 e 12 anos, para que a proteção se efetive antes do início da vida sexual e de possível exposição ao vírus. Gestantes e pessoas alérgicas não podem ser vacinadas contra o HPV. Dessa forma, o objetivo geral do presente estudo é abordar sobre a importância do exame citopatológico para a prevenção do câncer de colo uterino, avaliando os fatores de risco, etiologia e epidemiologia do câncer de colo uterino; e levantar a discussão sobre a importância das ações da Atenção Primária à Saúde (APS) na adesão de todas as mulheres na faixa etária da prevenção do câncer de colo uterino para a realização do exame. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASARIN, M. R.; PICCOLI, J. C. E. Educação em Saúde para prevenção do câncer de colo do útero em mulheres do município de Santo Ângelo/RS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 9, p. 3925-3932, 2011. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1413- Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 set. 1990 a. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1990b. MELLO, C. F. Vacinação contra papiloma vírus humano. Revista Einstein, v. 11, n. 4, p. 547-549, 2013. NOTA TÉCNICA PARA ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE COM FOCO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E NA ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA- SAÚDE DA PESSOA IDOSA http://dx.doi.org/10.1590/S1413- ASSISTÊNCIA EM SAÚDE COLETIVA Professora Enfermeira: Érika Vanessa SUMÁRIO 1- SAÚDE COLETIVA E SAÚDE PÚBLICA Saúde Coletiva e Saúde Pública Qual a Importância dos Estudos Sobre Saúde Coletiva? Oito Tipos de Saúde do Corpo Humano Sespa orienta sobre serviços e atenção à saúde de idosos Pará tem 755.611 pessoas acima de 60 anos, Secretaria reforça a necessidade do cuidado contínuo com a saúde desse segmento.
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