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Prévia do material em texto

Pós-graduação em 
Metodologia de Ensino 
de Filosofia e Sociologia 
 
Metodologia da Pesquisa Científica 
 
SOMESB 
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. 
 
William Oliveira 
Presidente 
 
Samuel Soares 
Superintendente Administrativo e Financeiro 
 
Germano Tabacof 
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão 
 
Pedro Daltro Gusmão da Silva 
Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico 
 
André Portnoi 
Diretor Administrativo e Financeiro 
 
FTC - EAD 
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância 
 
Reinaldo de Oliveira Borba 
Diretor Geral 
 
Marcelo Nery 
Diretor Acadêmico 
 
Roberto Frederico Merhy 
Diretor de Desenvolvimento e Inovações 
 
Mário Fraga 
Diretor Comercial 
 
Jean Carlo Nerone 
Diretor de Tecnologia 
 
Ronaldo Costa 
Gerente de Desenvolvimento e Inovações 
 
Jane Freire 
Gerente de Ensino 
 
Luis Carlos Nogueira Abbehusen 
Gerente de Suporte Tecnológico 
 
Osmane Chaves 
Coord. de Telecomunicações e Hardware 
 
João Jacomel 
Coord. de Produção de Material Didático 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
Produção Acadêmica Produção Técnica 
Ana Paula Amorim | Supervisão João Jacomel | Coordenação 
 Sergio Barreto| Coordenação de Curso Mariucha Silveira Ponte | Editoração 
 Tatiane Lucena | Autor(a) Banco de Imagens | Ilustrações 
 
Revisão de Texto 
Carlos Magno Brito Almeida Santos 
Márcio Magno Ribeiro de Melo 
 
Equipe 
André Pimenta, Antonio França Filho, Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Amanda Rodrigues, Bruno Benn, 
Cefas Gomes, Clauder Frederico, Francisco França Júnior, Hermínio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, 
Lucas do Vale, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca 
 
Imagens 
Corbis/Image100/Imagemsource 
 
 
copyright © FTC EAD 
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. 
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, 
da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância. 
www.ead.ftc.br 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
TEMA 01 | Conhecimento e Ciência ..................................................................................................................5 
CONTEÚDO 01 | Conhecimento Humano ..................................................................................................5 
CONTEUDO 02 | A ciência e suas características ................................................................................... 16 
 
Tema 02 | Pesquisa e trabalhos acadêmicos ............................................................................................... 30 
CONTEÚDO 01 | As metodologias da pesquisa ..................................................................................... 30 
CONTEÚDO 02 | Tipos de Pesquisa............................................................................................................ 33 
CONTEÚDO 03 | Sistematização, registro e trabalhos acadêmicos ................................................ 49 
CONTEÚDO 04 | Normas para apresentação de trabalho acadêmico ........................................... 57 
CONTEÚDO 05 | Normas para elaboração de citações e referências ............................................. 62 
 
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................. 71 
 
 
4 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
CARTA DE APRESENTAÇÃO 
 
 
A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É essa 
emoção fundamental que está na raiz de toda ciência e toda arte. 
 (Albert Einstein) 
 
Prezado(a) estudante 
 
Vivemos em um mundo de mudanças constantes. Face às exigências sociais atreladas ao 
advento da globalização surgiram novas tecnologias da informação e, com efeito, um novo 
perfil de homem que se pretende formar. Tais mudanças originaram novos paradigmas culturais 
e educativos. Por isso, investir na promoção do ensino e pesquisa é um dos objetivos 
fundamentais das Instituições do Ensino Superior expressos no art. 43 da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, visando não só o desenvolvimento do espírito 
científico, do pensamento reflexivo e da comunicação do saber, mas o aperfeiçoamento cultural 
e profissional de cidadãos críticos. Desta forma, o conhecimento apresenta-se como um dos 
instrumentos mais valiosos para o progresso da ciência e da humanidade. 
A disciplina Metodologia da Pesquisa Científica busca contribuir para a compreensão das 
ferramentas teórico-metodológicas da investigação científica, em função da apropriação da 
realidade e da construção do conhecimento científico. Ela tem como tem como abordagens 
centrais a classificação do conhecimento, a concepção de ciência na modernidade, as 
metodologias da pesquisa científica; os conhecimentos e as técnicas referentes a produção dos 
diferentes trabalhos acadêmicos e os critérios necessários a eles, numa perspectiva dialógica e 
crítica. 
As informações presentes neste material didático servirão de subsídio para a 
sistematização e registro dos conhecimentos apreendidos em outras disciplinas ao longo do 
curso e na sua vida acadêmica como um todo, capacitando-o para a instrumentalização de 
normas e procedimentos importantes para organização dos seus trabalhos acadêmicos. 
Desta forma, a disciplina ora apresentada está organizada em 2 temas. O primeiro 
denomina-se conhecimento e ciência e encontra-se dividido em 4 conteúdos, são eles: 1. 
conhecimento humano; 2. tipos de conhecimento; 3. ciência; 4. pesquisa científica. O segundo 
tema, intitulado pesquisa e trabalho acadêmico, encontra-se também distribuído em 4 
conteúdos, a saber: 1. metodologias da pesquisa; 2. sistematização, registro e trabalho 
acadêmico; 3. normas para apresentação do trabalho acadêmico; 4. normas para elaboração de 
citações e referências. 
Esperamos que você não apenas se aproprie do conhecimento, mas faça uso e aplicação 
cotidiana do conhecimento científico, a fim de garantir maior organização e êxito em suas 
atividades acadêmicas e profissionais. 
 
 Desejamos aprendizado, iniciativa e realização! 
 Profª. Tatiane Lucena 
 
 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 5 
 
 
TEMA 01 | CONHECIMENTO E CIÊNCIA 
O tema, ora explanado, apresenta concepções sobre o conhecimento humano e suas 
classificações, além de referendar a ciência, seus princípios e características. Por fim, apresenta o 
que é pesquisa científica e seus meios de produção. 
 
CONTEÚDO 01 | CONHECIMENTO HUMANO 
Este conteúdo aborda as concepções sobre conhecimento humano, enfatizando a 
maneira pela qual ele é produzido. Desta forma, serão debatidas as dimensões que o 
conhecimento assume para suprir as diferentes necessidades humanas. 
O conhecimento humano se processa à medida que nos defrontamos com os fatos, 
fenômenos e objetos no mundo, de maneira direta ou indireta. Segundo Luckesi e Passos (2002), 
o sujeito cognitivo se apropria diretamente do conhecimento a partir do enfrentamento entre 
ele mesmo e o mundo exterior mediatizado pela experiência, isto é, o sujeito é desafiado por 
uma nova circunstância que se apresenta e ele empreende esforços e métodos para desvelar o 
seu sentido e atribuir significado. Já a apropriação indireta da realidade parte da compreensão 
inteligível que fazemos sobre a mesma via entendimento já produzido por outro, isto é, existe 
um mediador que experimentou e comunicou o conhecimento, revelando a sua interpretação 
sobre a realidade. Ambas as modalidades de conhecimento são imprescindíveis para a 
compreensão do mundo pelo homem, são retro-alimentadas mutuamente e estão 
profundamente relacionadas. 
A educação é um recurso potencial capaz de 
proporcionar conhecimento ao sujeito. Entretanto, 
ressalvadas algumas experiênciaseducativas inovadoras, 
o sujeito tem recebido passivamente o conhecimento 
que, na maioria das vezes, é imposto pela ideologia 
dominante, através das instituições de ensino. Neste 
sentido, a prática educativa não deve se restringir apenas 
à transmissão e manutenção do legado de 
conhecimentos, sobretudo, incitar o debate sobre as suas 
construções, relações e implicações, quer de natureza 
epistemológicas, filosóficas, históricas, culturais, éticas, 
morais ou sociais. O levantamento de problemas e a 
construção de hipóteses, a partir de conhecimentos 
prévios, para além da investigação de teorias, reforçam o 
diálogo entre os atores sociais e contribuem para a discussão e reflexão dos fatos. 
Neste sentido se insere a discussão sobre a educação matemática como campo de 
formação do sujeito e neste debate importa diferenciar o matemático do educador matemático. 
O primeiro, por exemplo, tende a conceber a matemática como um fim em si mesma e, quando 
requerido a atuar na formação de professores de matemática, tende a promover uma educação 
para a matemática priorizando os conteúdos formais dela e uma prática voltada à formação de 
novos pesquisadores em matemática, explicam Fiorentini e Lorenzato (2006). 
 
 
 
6 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
O segundo - o educador matemático – concebe a matemática como um meio ou 
instrumento importante à formação intelectual e social de crianças, jovens e adultos e também 
do professor de matemática do ensino fundamental e médio e, por isso, tenta promover uma 
educação pela matemática. Ou seja, o educador matemático, na relação entre educação e 
matemática, tende a colocar a matemática a serviço da educação, priorizando esta última, mas 
sem estabelecer dissociação entre ambas (FIORENTINI; LORENZATO, 2006). 
O educador, de maneira geral, deve problematizar o conhecimento junto 
aos estudantes, e também as disciplinas, os conteúdos, os significados e 
os significantes. Isso implica no desenvolvimento de um esforço político, 
autodisciplina e consciência crítica que lhe permita: 
1. questionar toda forma de pensamento único, o que significa introduzir 
a suspeita sobre as representações da realidade baseadas em verdades 
estáveis e objetivas. 
2. reconhecer, diante de qualquer fenômeno, [...] as versões da realidade 
que representam e as representações que tratam de influir em e desde 
elas. 
3. incorporar uma visão crítica que leve a perguntar-se a quem beneficia 
essa visão dos fatos e a quem marginaliza... 
4. introduzir, diante do estudo de qualquer fenômeno, opiniões 
diferenciadas, de maneira que o aluno comprove que a realidade se 
constrói desde pontos de vista diferentes, e que alguns se impõem frente 
a outros nem pela força dos argumentos, e sim pelo poder de quem os 
estabelece [...]. (HERNÀNDEZ, 1998, p. 33). 
Se educador perseguir este pensamento e atitude, não se restringiria, apenas, à 
transmissão e manutenção do legado de conhecimentos materializados “pela cultura e pela 
existência do homem branco, ocidental, heterossexual e de classe média” (LOURO et al, 2003, p. 
42), mas levaria a efeito a contestação de uma cultura hegemônica e monolítica que silencia, 
portanto, nega a sociedade plural, protagonizada por grupos organizados coletivamente em 
torno de identidades culturais. Assim, as demandas culturais e os novos paradigmas da 
educação levam a efeito uma nova concepção de conhecimento humano. 
Muitas são as concepções que demarcam um novo olhar sobre o conhecimento e a 
educação na atualidade: não mais a transmissão de conteúdos, e sim a formação de sujeitos 
cognitivos com competências e habilidades para enfrentar situações inesperadas, solucionar 
problemas, acompanhar o desenvolvimento do conhecimento em suas áreas de interesse e 
respeitar a pluralidade cultural planetária. Isso possibilitou uma revisão sobre a função social da 
educação, já que a educação, na perspectiva de Brandão (2003), é uma fração da experiência 
endoculturativa. Ela aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar-
aprender. 
Sendo assim, devemos considerar que a educação abrange os processos formativos que 
se desenvolvem em várias esferas: na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas 
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais, conforme expressa o artigo 1º da LDB (1996). Morin (2001) afirma 
que a educação é, ao mesmo tempo, transmissão do antigo e abertura da mente para receber o 
novo. Mas o que é o novo? Como se dá o conhecimento, afinal? Vejamos na próxima seção. 
http://www.paulofreire.org/twiki/bin/oops/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Formacao_
do_Educador/Sociedade_rede_2004/ 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 7 
 
 
CONTEÚDO 02 | METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 
• TEORIA DO CONHECIMENTO 
O encantamento e curiosidade do ser humano ao contemplar a Natureza, o Universo, 
enfim, as coisas que o cercam, dão início ao processo do conhecimento, que termina por 
produzir o saber de forma metódica e organizada. Isto só é possível porque existe o sujeito e o 
objeto. O sujeito é àquele que conhece ou está disponível a conhecer; e refere-se ao sujeito 
cognoscente, inteligível, que possui uma consciência que lhe permite a apropriação e 
compreensão dos fatos, fenômenos e objetos ao seu entorno. O objeto, por sua vez, refere-se 
aquele que está disponível a ser conhecido, ou seja, o cognoscível, caracterizado pelos artefatos 
da natureza em geral. 
Assim, a relação entre o sujeito e o objeto produz o conhecimento humano e o saber. 
Portanto, o termo conhecimento vem do latim e significa cognoscere, conhecer pelos sentidos. 
O conhecimento passa a existir quando o indivíduo traduz, pelo pensamento e linguagem, a 
experiência vivenciada. Portanto, o conhecimento e/ou o ato de conhecer se origina na busca de 
resolução dos diversos problemas humanos, bem como às inquietações inerentes ao viver. 
A teoria do conhecimento é, como o seu nome indica, uma teoria, isto é, uma explicação 
ou interpretação filosófica do conhecimento humano. Mas, antes de filosofar sobre um objeto, é 
necessário examina-lo minuciosamente, decompô-lo. 
Uma exata observação e descrição do objeto devem preceder qualquer explicação e 
interpretação. É necessário, pois, no nosso caso, observar com rigor e descrever com exatidão 
aquilo a que chamamos conhecimento, esse peculiar fenômeno de consciência. Ao conhecer, o 
homem procura apreender os traços gerais essenciais de um dado fenômeno por meio da 
experiência e auto-reflexão. 
O fenômeno do conhecimento apresenta-se nos seus aspectos fundamentais da maneira 
seguinte: no conhecimento encontram-se frente a frente o sujeito (consciência) e o objeto 
(mundo); o conhecimento apresenta-se como uma relação entre estes dois elementos; o 
dualismo sujeito e objeto pertence à essência do conhecimento. Vejamos o esquema a seguir: 
 
A relação entre sujeito e objeto apresenta-se como uma correlação. A função do sujeito 
consiste em apreender o objeto e a do objeto em ser apreendido pelo sujeito. Daí se origina o 
conhecimento como fruto da razão humana e das experiências vivenciadas e acumuladas pelo 
sujeito cognoscente. A crítica é uma fundamental ferramenta para avaliação do conhecimento 
existente e, consequentemente, para a produção de novos conhecimentos. 
 
Veja, a seguir, um breve esquema sobre a noção de conhecimento nas correntes 
filosóficas do racionalismo, empirismos e interacionismo: 
Racionalismo (RAZÃO) – O conhecimento é inato ao homem. Este já nasce com a razão 
pura, com o conhecimento, isto é, com certas noções prévias sobre as coisas que existem no 
mundo. O sujeito influencia o objeto. S -> O 
Pensador: René Descartes. 
 
 
8 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
Empirismo (EXPERIÊNCIA) – O homem é semelhante a uma “tabula rasa” e, através da 
experiência com as coisas do mundo ele adquire e acumula conhecimentos. O objeto influenciao sujeito. S <- O 
Pensador: John Locke. 
 
Interacionismo (INTERAÇÃO) – O homem modifica o meio em que vive e, ao mesmo 
tempo, é modificado por ele, ou seja, o homem é produto e produtor do meio no qual se insere. 
Há uma relação recíproca entre sujeito e objeto, eles se influenciam mutuamente. S -> O 
Pensador: Immanuel Kant 
 
Conheça um esquema de idéias interessante sobre teoria do conhecimento e 
enriqueça seus conhecimentos! 
 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm 
• CONHECIMENTO: 
Conceitos e fundamentos. 
O conhecimento pode ser visto como a apreensão da realidade por meio do pensamento 
e a capacidade de tornar lúcido ao pensamento o que se apreendeu. Para Luckesi e Passos 
(2002, p.15), o conhecimento pode ser definido como “elucidação da realidade”, isto é, o esforço 
de enfrentar o desafio da realidade, buscando o seu sentido, a sua verdade. Já Aranha e Martins 
(1993, p.21) definem o conhecimento como “[...] o pensamento que resulta da relação que se 
estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido”. 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 9 
 
 
Enfim, conhecimento refere-se ainda a uma qualidade humana de inteligir ativamente 
sobre o mundo a fim de garantir a sobrevivência humana. O homem, utilizando de suas 
capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia, produzindo, assim, conhecimentos. A 
dimensão do conhecimento abrange o ato de conhecer, representado pela relação que se 
estabelece entre a consciência que conhece e o mundo conhecido; e o produto, resultado do 
conteúdo desse ato, ou seja, o saber adquirido e acumulado pelo homem ao longo da história 
da humanidade. 
Se buscarmos a palavra francesa connaissance, podemos 
observar que o termo conhecimento é originário da palavra nascer 
(naissance). Os homens são diferentes dos outros seres exatamente pela 
capacidade de conhecer, sua consciência. O conhecimento é uma forma 
de estar no mundo, e o processo do conhecimento mostra aos homens 
que eles jamais são seres prontos ou possuem formulações absolutas na 
medida em que estão sempre nascendo de novo, descortinar a 
realidade. 
"Conhecer" é atividade especificamente humana. Ultrapassa o mero “dar-se conta de”, e 
significa a apreensão, a interpretação. Conhecer supõe a presença de sujeitos; um objeto que 
suscita sua atenção compreensiva; o uso de instrumentos de apreensão; um trabalho de 
debruçar-se sobre. 
Como fruto desse trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação do conhecido – que 
já não é mais o objeto, mas uma construção do sujeito. O conhecimento produz, assim, modelos 
de apreensão – que por sua vez vão instruir conhecimentos futuros." (FRANÇA, 1994, p. 140). 
O célebre educador brasileiro Paulo Freire (1979) explica que o conhecimento não pode 
ser visto um ato, através do qual, um sujeito, transformado em objeto, recebe, passivamente, os 
conteúdos que o outro lhe oferece ou lhe impõe. O conhecimento exige uma posição de 
enfrentamento e de transformação sobre a realidade, num percurso constante de busca, 
portanto, de invenção e reinvenção. Ele impõe uma reflexão crítica do sujeito sobre o ato de 
conhecer a fim de que identifique os condicionamentos a que seu ato está submetido. Já para o 
sociólogo e pensador francês Edgar Morin (1986, p. 16), 
"o conhecimento é um fenômeno complexo e multidimensional, 
simultaneamente elétrico, químico, fisiológico, celular, cerebral, mental, 
psicológico, existencial, espiritual, cultural, lingüístico, lógico, social, 
histórico. Oriundo necessariamente de uma atividade cognitiva, 
determina uma competência de ação, constituindo-se no saber que 
intermédia ambos processos. " 
Na filosofia, conforme as palavras de Abbagnano (1970, p. 45), o conhecimento, 
encontra-se definido como: 
"[...] um procedimento operacional, uma técnica de verificação de um 
objeto qualquer, isto é, qualquer procedimento que torne possível a 
descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto; e por objeto 
de entender-se qualquer entidade, fato, coisa, realidade ou propriedade, 
que possa ser submetido a um tal procedimento. " 
Ao materializar-se, o conhecimento assume diferentes formas: a do senso comum, da 
ciência, da filosofia, da religião. Isto corresponde aos quatro tipos de conhecimentos existentes: 
o senso comum ou conhecimento empírico; o conhecimento religioso; o filosófico; e o científico. 
 
 
 
10 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
Estes são os tipos mais comuns de conhecimento, muito embora alguns autores delimitem 
outros tipos, como o intuitivo e o mítico. Entretanto, na próxima seção iremos nos ater aos 
quatro principais. 
Afinal, o que é conhecimento? Para obter respostas a este questionamento, acesse: 
 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete silva. Introdução à filosofia: aprendendo a 
pensar. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 
Nesta seção, vimos 
que o sujeito é aquele que 
quer conhecer; e o objeto 
é aquele a ser conhecido; 
e que a relação entre am-
bos resulta no conheci-
mento humano. Curioso é 
que o homem (sujeito 
cognoscente) é o único 
elemento que pode ser 
sujeito e objeto do conhe-
cimento. Isto porque ele é 
dotado de uma consciên-
cia que lhe permite in-
vestigar e ser invéstigado, 
embora em circunstâncias 
distintas. 
Ex.: O cientista (ho-
mem) pode estudar outro 
homem em várias pers-
pectivas: da sociologia, 
investigar o homem na 
interação com os grupos 
sociais; na medicina, Ana-
lisar a fisiologia do ho-
mem e as reações quími-
cas do organismo; na bio-
logia, avaliar os impactos 
do ecossistema no ho-
mem, etc. 
 
 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 11 
 
 
• TIPOS DE CONHECIMENTO 
Este conteúdo versa sobre os tipos de conhecimento humano, seus conceitos, suas 
características, e a importância das várias tradições e maneiras de desvendar a realidade, 
enfatizando o conhecimento científico. 
Compreender os níveis de conhecimento é um importante instrumento para maior 
orientação prática no dia-a-dia, superação da ignorância e da obscuridade face à realidade, 
libertação individual e social, além do uso dos diferentes níveis como suportes para a ação 
humana. 
Com o propósito de explicitar os processos de produção e os 
modos de apropriação do conhecimento, se insere o tema em 
debate. Como já evidenciado, o conhecimento pode assim ser 
categorizado: popular, religioso, filosófico e científico. Apesar desta 
separação didática no processo de apreensão da realidade do objeto, 
o sujeito pode penetrar nas diversas categorias, já que se encontra 
em contato permanente com tradições distintas de produção do 
conhecimento ao longo da história. 
• CONHECIMENTO POPULAR 
O conhecimento popular, também denominado de vulgar, empírico ou senso comum, 
resulta do modo espontâneo e corrente de conhecer. É o conhecimento que deu embasamento 
a todos os outros. Surgiu no início da caminhada empreendida pelo ser humano através da sua 
relação com o mundo na expectativa de sobrevivência e seguirá enquanto o ser humano existir. 
Para Ander-Egg (1978), as características do conhecimento popular são: "superficial, sensitivo, 
subjetivo, assistemático e acrítico". 
É superficial, porque não se aprofunda nas observações, acredita no que viu e na maneira 
como foi contado o fato. É sensitivo, porque se contenta com as aparências e emoções do 
cotidiano. É subjetivo, porque é a próprio sujeito que organiza o saber e as experiências, tanto 
aqueles que as obtêm por vivência, quanto os que as aprenderam por "ouvir dizer". É 
assistemático, porque não sistematiza as experiências e idéias, nem tampouco a forma como as 
adquiriu e nem as tentativas de validá-Ias. Esta característica fundamenta-se na "organização" 
particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das 
idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto 
que dificulta a transmissãode pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. Finalmente, é acrítico 
porque sendo verdadeiro ou não, sempre recebe críticas. 
O conhecimento empírico não explica o "porquê" da ocorrência dos fatos ou fenômenos. 
Ele se basta por si só, porque se refere à sobrevivência do homem e são passados de geração a 
geração. 
O conhecimento popular, academicamente é tido ainda como, valorativo, por excelência, 
pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções; é 
também verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se 
pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e 
com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de 
hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. 
 
 
 
12 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
Barros e Lehfeld (1986), o classifica de conhecimento sensível o senso comum e relaciona 
com características as mesmas já indicadas. Apenas usa as terminologias, destituído de método, 
para assistemático e impregnado de projeções psicológicas para acrítico. Vejamos as 
classificações a seguir: 
 
• CONHECIMENTO RELIGIOSO 
O conhecimento religioso ou teológico sempre foi direcionado no sentido de se 
compreender a realidade do homem e do Universo. Não demonstra e nem experimenta. Explica 
tudo pela fé e revelação divina. Conforme Lakatos e Marconi (2003), este conhecimento se apóia 
em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo 
sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, e 
indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade 
e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificáveis: está sempre 
implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento 
religioso parte do princípio de que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por 
consistirem em "revelações" da divindade. 
O conhecimento teológico supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a 
ela atende; a ciência, ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só 
admite o que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente os 
fatos. 
Santos (2002) explica que depois do senso comum este tipo de conhecimento é o mais 
antigo. Derivou do conhecimento mítico e se confunde com ele na explicação do princípio de 
tudo. Nesta fase mítica dois ramos de interpretação se estabelecem. Um admitia a existência de 
vários deuses para explicar, o bem, o mal, os fenômenos e as coisas. O outro admitia um só Deus 
soberano, criador e sustentador de tudo e de todos; e tudo, escrito, falado e registrado, era 
transmitido por revelação de Deus. Os livros sagrados representam este tipo de conhecimento. 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 13 
 
 
• CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
O conhecimento filosófico como o próprio termo indica é originário da Filosofia. Esta 
palavra foi utilizada pela primeira vez por Pitágoras no século VI a.C. Em sentido etimológico, 
Filosofia significa devotamento à sabedoria, isto é, amigo da sabedoria, o que significa interesse 
em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e o mal. 
A filosofia tem como propósito questionar os problemas reais, usando princípios 
racionais. Ela procede de acordo com as leis formais do pensamento, tem método próprio, 
predominantemente dedutivo, nas suas colocações críticas. A filosofia pode ser definida ainda 
como o conjunto de estudos ou considerações que se caracterizam pela intenção de ampliar a 
compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua inteireza, quer pela busca da 
realidade capaz de abranger todas as outras, quer pela definição do instrumento capaz de 
apreender a realidade. 
Assim, podemos considerar que a filosofia indaga, traça rumos, assume posições, 
estruturas correntes que inspiram ou dominam mentalidades em determinados períodos, mas 
que, em seguida, perdem vigor diante de novas concepções, que geralmente hostilizam as 
anteriores, à maneira das correntes literárias, das artes em geral ou das religiões. 
Para Santos (2002), o conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida 
consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipótese filosóficas 
baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da 
experimentação"; por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os 
enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não 
podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de 
enunciados logicamente correlacionados; é sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam 
a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua 
totalidade; é infalível e exato, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, 
quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como 
suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, 
o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os 
problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes 
da própria razão humana. 
• CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
O conhecimento científico é representado pela Ciência e pode ser definido como o 
conjunto organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, obtidos mediante a 
observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Neste sentido, são requisitos básicos 
do conhecimento científico: 
a) que o campo do conhecimento seja delimitado, bem caracterizado e formulado o 
assunto que se deseja investigar; 
b) que existam métodos adequados de pesquisa para o estudo em questão. 
 
Diferentemente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científico 
não atinge simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, mas os atinge em suas 
causas, na sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, 
de explicar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, isto é, de predizer com segurança eventos 
futuros. 
O conhecimento científico visa conhecer pelas causas, isto é, saber cientificamente é, 
também, ser capaz de demonstrar. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar 
 
 
14 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
porque explica os fenômenos e não só os apreende. O conhecimento científico é crítico, 
rigoroso, objetivo, nasce da dúvida e se 
Pesquise sobre espírito científico e descubra como se origina uma investigação científica. 
 
http://br.geocities.com/perseuscm/espiritocientifico.html 
Lakatos e Marconi (2003) caracterizam o conhecimento científico da seguinte forma: é 
real (factual) porque lida com ocorrência ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se 
manifesta de algum modo". Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou 
hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela 
razão, como ocorre com o conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber 
ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teorias) e não conhecimentos dispersos 
e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações 
(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se 
em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é 
aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular 
o acervo de teoria existente. 
Esse tipo de conhecimento se distingue dos demais tipos apresentados, visto que oferece 
a verificação do fato pesquisado,é falível e sistemático. A ciência se preocupa em estabelecer as 
propriedades e os padrões interdependentes entre as propriedades, para construir as 
generalizações ou as leis. Não se duvida, entretanto, que muitas das disciplinas científicas 
existentes têm surgido das preocupações práticas da vida cotidiana, como a geometria dos 
problemas de medição e relevantamento topográfico nos campos; a mecânica de problemas 
apresentados pelas artes arquitetônicas; a biologia dos problemas humanos [...] (TRUJILLO, 1982, 
p. 6). Assim, podemos considerar que a pesquisa científica deve ser orientada para buscar 
resolver ou apresentar soluções para os problemas sociais, econômicos, políticos e científicos 
existentes. 
Conforme o exposto, o conhecimento científico é estruturado, limitado e utilizam-se 
modelos verificáveis, falíveis, aproximadamente exatos. Assim, concluímos que as verdades 
científicas são provisórias e nunca absolutas e acabadas. 
Barros e Lehfeld (2000, p. 38) destacaram os seguintes princípios sobre o 
conhecimento científico: 
 
- O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas e esse 
procedimento é conseqüente do bom senso organizado e sistemático; 
- O conhecimento científico transcende o imediatamente vivido e observado, buscando a 
formulação de paradigmas; 
- O conhecimento científico, considerado como um conhecimento superior, exige a 
utilização de métodos, processos, técnicas especiais para a análise, compreensão e 
intervenção na realidade; 
- A abstração e a prática hão de ser dominadas por quem pretende trabalhar 
cientificamente. 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 15 
 
 
Conforme apresentação e descrição dos tipos de conhecimento e suas características 
principais, vejamos, de forma breve e resumida, as características apresentadas por Santos 
(2002). 
 
 
Aprofunde seus conhecimentos, pesquisando sobre os tipos de conhecimento humano 
na abordagem de autores diversos. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa 
científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2002. 
Para finalizar este conteúdo, apresentamos, brevemente, a concepção e a classificação de 
Jean Piaget sobre o conhecimento e apropriação da realidade. Ele acreditava que o 
conhecimento só poderia ser construído através da atuação do indivíduo com o meio ou da 
interação do indivíduo; e, assim, definiu três tipos de conhecimento: 
 
- Conhecimento físico: conhecimento das propriedades físicas dos objetos e eventos. É 
um conhecimento inerente ao objeto (descoberta, através da experiência, da natureza dos 
objetos), resultante a ação sobre o ambiente. 
- Conhecimento lógico-matemático: conhecimento construído pelo sujeito, mediante 
as experiências com os objetos. Refere-se aos conceitos elaborados sobre um grupo de objetos; 
e também é resultante a ação sobre o ambiente. 
- Conhecimento social: conhecimento construído a partir de convenções estabelecidas 
por grupos sociais ou culturais, é um conhecimento desenvolvido através das interações entre 
sujeitos. 
 
Pesquise mais sobre o tema CONHECIMENTO relacionado à EDUCAÇÃO, na perspectiva 
de Jean Piaget; e ainda, buscar respostas para as perguntas: “o que é o conhecimento?" ou 
"como os diversos tipos de conhecimento 
 
 
16 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
CONTEUDO 02 | A CIÊNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS 
Esta seção de conteúdos aborda as concepções existentes sobre ciência, considerando 
seu contexto histórico e cultural, os elementos que a caracteriza e as suas limitações no 
cenário contemporâneo. Analisaremos a importância da estruturação do conhecimento 
científico na evolução da sociedade. 
• A CIÊNCIA E O FAZER CIENTÍFICO 
Não podemos abordar o fazer científico sem antes considerar o que é ciência, qual o seu 
objetivo e o seu papel na sociedade. Estas questões são fundamentais para compreensão dos 
processos científicos que o estudante deve lançar mão para organizar os conhecimentos 
adquiridos ao longo da sua vida acadêmica. 
Vamos, então, iniciar o nosso debate com o conceito de Ciência. Ela pode ser concebida 
como um conjunto de conhecimentos, que se dá através da utilização adequada de métodos 
rigorosos, capazes de controlar os objetos, fatos e fenômenos investigados. Relaciona-se esse 
conhecimento aos objetos empíricos, passíveis de observação e experimentação. 
 
A etimologia da palavra ciência: 
Ciência (scire) é saber, conhecer. 
Barros e Lehfeld (2000, p. 41) explicam: “a ciência é também definida como sendo o 
estudo de problemas formulados adequadamente em relação a um objeto, procurando para ele 
soluções plausíveis, através da utilização de métodos científicos”. 
Para Ander-Egg (1978), em sua obra Introdución a las técnicas de investigación social, a 
ciência é um conjunto de conhecimentos racionais e prováveis, que é obtido de forma metódica, 
sistematizada e verificável. 
Já Trujillo (1974) a define da seguinte maneira: a Ciência é todo um conjunto de atitudes 
e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser 
submetido à verificação. 
Assim, em todas as áreas do conhecimento humano a ciência através da pesquisa 
científica visa descrever, explicar e prever os fenômenos que integram a realidade em questão, 
tornando o mundo inteligível mediante interpretações racionais e sistemáticas em que se 
assegura o conhecimento científico. Entre os objetivos da ciência estão a busca do controle 
prático da natureza, a descrição e compreensão do mundo e a possibilidade de predição. Estes 
são determinados pela necessidade que o sujeito possui em compreender e controlar os 
fenômenos que o cerca. 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 17 
 
 
 Portanto, é a necessidade do homem por uma compreensão mais aprofundada do 
mundo, bem como a necessidade de precisão para a troca de informações, que acaba levando-o 
à elaboração de sistemas mais estruturados de organização do conhecimento. 
 
Conforme Trujillo (1974), a ciência manifesta-se através de métodos e construções inte-
lectuais que: 
� possibilitam a interpretação e a explicação adequada dos objetos, fatos e fenômenos da 
realidade; 
� visam a verificação dos fenômenos, através da observação e experimentação; 
� possibilitam a observação racional e controle dos fatos; 
� fundamentam os princípios da generalização ou o estabelecimento dos princípios e das leis. 
 
Segundo Ferrari (1982, p. 3), o papel da ciência na visão contemporânea é o de 
proporcionar: “aumento e melhoria do conhecimento; descoberta de novos fatos e fenômenos; 
aproveitamento espiritual, aproveitamento material do conhecimento; estabelecimento de 
certo tipo de controle sobre a natureza”. 
Assim, é conhecimento científico e/ou da pesquisa científica que a Ciência se constitui, 
por isso buscamos estabelecer relação entre ambas. A pesquisa científica é um processo que 
começa quando se coloca um problema que precisa de solução, e para encontrá-la o sujeito, ou 
melhor, o especialista social, deve elaborar um projeto de pesquisa que lhe permita descobrir, 
explicar e, se possível, prever determinadas situações, bem como repercussões que a solução 
proposta há de ter no social, afirma Soriano (2004). 
Pesquise sobre as principais concepções da ciência defendidas por filósofos, desde o 
surgimento da ciência moderna, no século XVII. Procura-se destacar que essas concepções 
evoluíram na direção de uma melhor adequação ao que de fato se verificou na história da 
ciência. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
CHAUÍ, Marilena. A preocupação com o conhecimento. In:______. Convite à filosofia. 12. 
ed. São Paulo: Ática, 2001, p. 109-119. 
• CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA 
Muitos são os conceitos de ciência, pois cada autor imprime sua visão sobre o conteúdo. 
No que diz respeito à sua contextualização histórica, podemos dividir a ciência em três períodos, 
representado por suas características e paradigmas teóricos, que alteram a visãode homem, 
mundo, bem como ciência e método. As fases históricas são: a ciência grega, representada pelo 
período que vai do século VIII a.C. até o final do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até 
o início do século XX; e a ciência contemporânea, que surge no início deste século e perdura até 
os dias. 
 
 
 
 
18 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
a) Ciência grega 
Na Grécia antiga, a partir do século VIII a.C. e alcançando o século IV a.C. A ciência tinha 
princípio fundamental a compreensão da natureza e a busca pela verdade, pelo saber e era 
conhecida como “filosofia da natureza”. Nesta época, o conhecimento científico era vinculado ao 
campo da filosofia, tendo os grandes filósofos como cientistas. Nesta fase, não havia a distinção 
entre a ciência e filosofia. 
A filosofia também conhecida como “mãe de todas as ciências”, foi responsável pela 
origem dos diversos ramos do conhecimento, por exemplo, a biologia, a física, a ética, a 
aritmética, a metafísica, a antropologia, a medicina e tantas outras ciências. O conhecimento 
científico produzido era demonstrado como correto e justificável através de argumentos lógicos. 
Nesta fase, não havia um tratamento sistemático do problema e a sim a preocupação com a 
demonstração da tese, tendo como recurso usual o discurso e a lógica. 
Anaximandro, Heráclito, Empédocles, Tales de Mileto, Parmênides, Pitágoras, 
Anaxágoras, Demócrito – conhecidos como os pré-socráticos; e Sócrates, Platão e Aristóteles são 
alguns dos principais filósofos deste período. 
 
b) Ciência moderna 
A ciência moderna, resultante da revolução científica do Renascimento, é caracterizada, 
basicamente, pela experimentação científica, o que acarretou mudança na visão de mundo, 
especialmente, de ciência, de verdade, de conhecimento e de método. Nesta fase, as tradições 
de natureza religiosa, filosófica, ou cultural, foram abandonadas, pois distorciam a verdadeira 
visão do mundo. 
A verdade passa a ter como critério, na ciência moderna, o da relação entre a assertiva 
dos enunciados e a evidência dos fenômenos, direcionada pelo experimento científico e seus 
métodos rigorosos. Dente os principais nomes da ciência moderna, estão: Bacon, Galileu, 
Newton, Copérnico e Kepler. 
Conheça o esquema de método de Galileu Galilei, basilar da ciência contemporânea e, 
consagrado neste período, segundo Santos (2002, p. 94): 
 
c) Ciência contemporânea 
Com os teóricos contemporâneos, a 
exemplo de Einstein, Bohr e Heisenberg, dentre 
outros, o mito da pesquisa isenta de influências 
subjetivas foi desencorajado. A ciência moderna 
foi caracterizada, sobretudo, pela proposta de 
uma interpretação humana sobre a experiência, 
mais do que uma simples descrição da realidade. 
O cientista examina, julga e critica suas 
formulações, num movimento de revisão 
constante, com o auxílio das novas tecnologias 
da informação e comunicação. 
No final do século XIX e início do XX, 
ocorre uma tomada de consciência de que a 
ciência necessita de reavaliação, por parte de 
alguns pensadores, que passaram a colocar em 
dúvida a validade dos métodos científicos 
utilizados naquela época. Desta forma, o próprio 
conceito de ciência é questionado, seus critérios, 
a noção de certeza, da relação entre ciência e 
 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 19 
 
 
realidade e a veracidade dos modelos científicos na compreensão da realidade. 
Além dos pensadores citados, um grande expoente da epistemologia contemporânea é 
Karl Popper. Este teórico defendeu a tese de que o cientista deve ocupar-se muito mais com o 
possível levantamento de teorias que refutem sua tese, do que com explicações e justificações 
que asseguram sua validade. 
Depois de Popper, a história da ciência é agraciada com a contribuição de Kuhn. Este 
teórico negou a teoria anterior e sustentou que a idéia de que a ciência progride pela ideal de 
refutação, que possibilitam a construção de novas teorias. Estas produzem novos paradigmas, 
que servem como referência para a produção de outros conhecimentos. 
Feyerabend chegou a uma síntese a partir das duas teses anteriores. Ele defendeu o 
pluralismo metodológico, desacreditando as posições positivistas, idéia de um método único, 
capaz de responder às indagações da pesquisa. Acredita que as normas de pesquisa são 
violadas, pois o cientista desenvolve aquilo que mais lhe agrada. Assim, estes três pensadores 
modificaram profundamente a noção de ciência como absoluta, previsível, controlável e 
destituída de subjetividade por quem a produz. 
No contexto atual, marcado pela velocidade de informações, o método científico vem 
sofrendo um acentuado processo de mudança. Segundo Santos (2002), o cientista moderno 
busca chegar à verdade perpassando as fases a seguir: 
 
• CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIA 
Barros e Lehfeld (2000) abordam as seguintes características como constituintes da 
ciência: a) racionalidade; b) coerência; c) representação do real; d) questionamento sistemático; 
e) analítica; f) exige investigação e utilização de métodos; g) agrupa objetos da mesma espécie 
para a investigação; h) é comunicável. Vejamos suas definições: 
 
-Racionalidade: Utilização do raciocínio analítico, lógico e sintético, desconsiderando as 
impressões subjetivas e a emoção. Trata-se da racionalização do conhecimento, caracterizada 
pela sistematização e coordenação metódica do raciocínio, observação, conclusão e aplicações 
frente aos fatos, fenômenos e objetos da natureza. 
-Coerência: Investigação sistemática entre a idéia e o fato, isto é, visa estabelecer 
concordância entre o objeto e o conhecimento, procurando aferir a verdade a uma determinada 
realidade. Numa perspectiva crítica visam atingir a objetividade e à mensuração na pesquisa. 
-Representação do real: Representa um quadro abstrato e codificado do real, isto é, o 
conteúdo concreto apreendido pelos sentidos, pelo pensamento sobre a realidade circundante. 
 
 
20 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
-Questionamento sistemático: A ciência, através de seus estudos, busca sempre sua 
superação. Para tanto, lança mão do questionamento contínuo, debate, justificativas, 
demonstrações e críticas pondo em dúvida a legitimidade dos argumentos e das razões 
fundamentais. 
-Analítica: Delimitação e decomposição do objetivo do estudo. Analisar significa 
examinar cada fragmento e/ou parte de um todo. Trata-se de um estudo pormenorizado que se 
empreende no exame de cada parte de um todo, tendo em vista conhecer sua natureza, suas 
proporções, suas funções, suas relações. 
-Exige investigação e utilização de métodos: Utilização rigorosa de estratégias para 
pesquisar, indagar, inquirir o fenômeno estudado. Trata-se de um caminho pelo qual se atinge 
determinado objetivo, lançando mão de métodos seguros e confiáveis de se validar o 
conhecimento. 
-Agrupa objetos da mesma espécie para a investigação: Trata-se da extensão de um 
princípio ou de um conceito a todos os casos a que se pode aplicar. Esta característica pode ser 
entendida como processo pelo qual se reconhecem caracteres comuns a vários objetos 
singulares, daí resultando quer a formação de um novo conceito ou idéia, quer o aumento da 
extensão de um conceito já determinado que passa a cobrir uma nova classe de exemplos, a fim 
de facilitar a investigação científica. 
-Comunicável: Uma vez validadas, as descobertas científicas, são comunicadas à 
sociedade, pois servem de estímulo à resolução dos demais problemas individuais e sociais. 
• LIMITAÇÕES DA CIÊNCIA 
O homem sempre empreendeu esforços para validar como verdade as descobertas sobre 
o mundo e, para tanto, utilizou os princípios de objetividade, universalidade e neutralidade 
científica para seus experimentos, visando a interpretação e explicação dos objetos, fatos e 
fenômenos. Entretanto, como produto eminentemente humano, a ciência não se caracteriza 
pela perfeição. Por este fato, ela está em constate processo de renovação. Novos aparatostecnológicos e procedimentos científicos são desvendados e promovem a descoberta de novas 
leis e teorias científicas. 
 Na visão de Demo (2000, p. 46), 
a ciência é edifício bastante frágil: o melhor que pode alcançar é a oferta 
de apreciação continuamente cambiantes de como as coisas funcionam. 
Nosso conhecimento é sempre atacável e provisório. Cada nova teoria 
científica está condenada a ser objetada sempre pela seguinte. 
Sendo assim, a ciência é tão mutável como quem a produz: o homem. Toda resposta a 
questionamentos científicos levanta uma gama de outras discussões. O que significa dizer que é 
do conhecimento novo que se originam tanto outros, uma espécie de lapidação da verdade, 
basta fazer um analogia com o processo de lapidação do diamante. Assim também ocorre com o 
conhecimento humano. Tosco no princípio; e, aos poucos, torna-se capaz de resolver uma 
diversidade de problemas, especialmente, a cura para doenças e revoluções tecnológicas. 
A ciência e a tecnologia são os pilares fundamentais para atender aos objetivos de 
aumento e melhoria do conhecimento humano, mas elas não poderão ser bem sucedidas senão 
por uma integração da ciência e da cultura e, por uma aproximação integrada, que vise 
sobrepujar a fragmentação que se encontra o pensamento humano, encabeçado pela 
concepção mecanicista do conhecimento. Na visão de Weill (1993), acumulamos conhecimentos 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 21 
 
 
em quantidade. Mas, sem sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que 
habitamos. 
O autor acredita que o homem quebrou a unidade do conhecimento e distribuiu os 
pedaços entre os especialistas. Para os cientistas, entregamos a natureza; aos filósofos, a mente; 
aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma. Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, 
espalhando-a pelos domínios da matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e de 
tantas outras disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a religião, cada um desses 
ramos se subdividindo ao infinito. 
Entretanto, a proposta da ciência contemporânea é de síntese e de integração entre as 
tradições construídas pela humanidade ao longo da história, pois devemos ter como princípio, a 
reorientação da ciência e da tecnologia em direção das necessidades fundamentais do homem, 
considerando não apenas os progressos da informática, da biotecnologia, de engenharia 
genética, mas a integração do pensamento e da ação humana, bem como a incorporação de 
uma nova consciência para a produção ética de novos conhecimentos. 
 
Qual a compreensão dos estudantes sobre “ciência” e “cientistas”? 
 
 Acesse a Wikipédia – a enciclopédia livre da internet - e leia temas interessantes como 
ciência, método científico, filosofia da ciência e campos da ciência. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de 
Metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2000. 
 
Há progressos impensáveis na ciência. Os cientistas norte-
americanos criaram um teste de HIV que dá o diagnóstico do paciente em 
apenas 20 minutos. O teste rápido para detecção de anticorpos contra o 
vírus HIV requer apenas uma gota de sangue e pode fornecer resultados 
precisos em tempo exíguo. O aparelho que realiza o teste já se encontra à 
venda nos Estados Unidos e, certamente, chegará em breve ao Brasil. 
 
http://indice.bol.uol.com.br/403.jhtm 
www.medcompare.com/... 
 
Sendo assim, busque outras referências (livros, internet) e comente o exemplo acima, 
referendando os efeitos positivos e negativos da ciência no que se refere à vida individual e 
coletiva, isto é, à evolução da sociedade. 
 
 
 
22 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
Apresentamos, nesta seção, as concepções epistemológicas da pesquisa científica que 
tomaram fôlego ao longo da história e seus princípios teóricos, bem como os pensadores 
que as representaram. 
As concepções de ciência são marcadas pelo seu contexto histórico e cultural, portanto, a 
ciência, em sua evolução, adquiriu concepções diferenciadas e estes paradigmas influenciaram 
os processos que envolvem a pesquisa científica. As diversas correntes passaram a agregar a 
epistemologia das ciências. Como estamos nos referindo as concepções epistemológicas da 
ciência, cabe elucidar o conceito de epistemologia; já que o conceito de ciência foi abordado em 
seções anteriores. 
A epistemologia é um ramo da filosofia que tem por objetivo principal estudar os 
pressupostos ou fundamentos do conhecimento científico em geral e de cada ciência em 
particular. A "filosofia da ciência" (o mesmo que epistemologia) é um ramo extremamente 
amplo, sobre cujos principais temas nem sempre há acordo entre os seus teóricos. A falta de 
consenso não deve ser motivo de grande preocupação ou tampouco de desistência por parte 
daqueles que se iniciam nas sendas do conhecimento científico. 
Basta observar que, apesar dos inúmeros problemas colocados pelos estudiosos da 
epistemologia, a ciência ocupa um lugar de especial relevância no mundo contemporâneo. 
Além do mais, não podemos esquecer que as ciências estão continuamente em formação. 
Certos setores ou limites de uma determinada ciência dão lugar, com o passar do tempo, a 
ciências novas, a novas correntes científicas. 
Os teóricos da ciência (epistemólogos) estudam diversas questões, tais como os 
diferentes tipos e evolução das teorias científicas, a lógica da linguagem científica e seus 
aspectos metodológicos. Sem dúvida, o primeiro grande tema da epistemologia é definir que 
tipo de saber é o científico e quais os paradigmas que o circunda. Várias respostas têm sido 
dadas a essa questão e, de uma maneira geral, nenhuma delas é plenamente absoluta. Vejamos, 
então, as correntes existentes e uma breve explicação dos seus fundamentos. 
• POSITIVISMO 
Encabeçado pelo filósofo francês Augusto Comte, também 
considerado o pai da Sociologia, o positivismo representa uma corrente 
científica que tem como fundamento principal a experimentação sob 
influência das ciências experimentais no início do século XIX. A Ciência é 
representada pela maturi­dade do espírito humano e a imaginação está 
subordinada à observação, sendo emi­nentemente previsível e controlável. 
Comte foi o grande expoente do positivis­mo. Ele defendeu a tese de que o homem, em 
seu processo de conheci­mento, assume três estágios de explicação: teológico; metafísico; 
positivo ou científico. O primeiro é caracterizado pelas explicações mitológicas; o segundo, pelas 
explicações mís­ticas; e o terceiro, pelas fundamentações científicas. Este último tem como foco 
central a observação; os estudos descritivos; a existência dos fenômenos; utilização de modelos 
matemáticos, por isso, o uso de técnicas estatísticas; as relações entre variáveis e fatos. 
Nessa abordagem, o pesquisador necessita observar os fenômenos com cuidado 
especial, a fim de quantificar suas variáveis e atingir os resultados, por meio da isenção da 
subjetividade. Para tanto, deverá lançar mão de alguns métodos das ciências exatas, 
transpondo-as às ciências sociais e humanas, o que certamente reduz a amplitude da análise. 
 
 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 23 
 
 
A Ciência, nesse caso, tem como propósito essencial estabelecer relações entre os fatos e 
descreve-los com detalhamento. Apesar de o positivismo ter ganhado grande aderência e 
representatividade na segunda metade do século XIX, atualmente, perdeu parte da sua 
influência, por causa dos contra-argumentos de outros grupos ou organizações, no século XX. 
Apesar de algumas críticas, esta teoria é bastante utilizada nos centros de pesquisas, por se 
tratar de uma elaboração sistemática e metódica acerca da realidade, especialmente, pelas 
pesquisas de caráter experimental e quantitativo. 
Augusto Comte (1798-1857) é apontado como o iniciador da "ciência", especialmente 
a Sociológica. Ele foi professor de matemática da EscolaPolitécnica (Paris) e em 1842 
publicou, em seis volumes, o seu principal livro, Curso de Filosofia Positiva. Sua doutrina 
seguiu posteriormente um curso sensivelmente distinto após ter conhecido Clotilde de 
Vaux. Os fundamentos dessa nova fase do seu pensamento encontram-se no livro Sistema 
de Política Positiva, publicado, em quatro volumes, no ano de 1851. Além de se preocupar 
com questões práticas e morais, Comte instituiu nessa obra a "religião positivista da 
humanidade" que, governada por sociólogos-sacerdotes, deveria oferecer finalmente uma 
unidade e harmonia de pensamento, sentimentos e ações entre os homens. Muitos 
seguidores de Comte romperam com ele devido a essa proposta. 
Este pensador exerceu uma profunda influência em outros teóricos, principalmente em 
Herbert Spencer e Emile Durkheim. Desenvolveu uma teoria ou doutrina conhecida como 
positivismo ou filosofia positiva. 
www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm 
 
www.anpr.org.br/boletim/boletim29/positivismo.htm 
• FUNCIONALISMO 
Entre as décadas de 1930 e 1960, o funcionalismo foi a teoria dominante 
nas ciências sociais. Nos fins do século XX, perdeu grande parte da sua 
representatividade, mas não ficou desaparecida. Segundo essa corrente, a Ciência 
incorpora uma visão de sistema, portanto ela trata de proceder a investigações 
sobre formas duráveis da vida sociocultural de uma dada realidade. A ciência 
social por excelência analisa o desempenho e posições de papéis, normas, 
organizações, funções etc. 
O sociólogo francês Émile Durkheim é o expoente do funcio­nalismo. Nesta corrente, à 
medida que há or­dem, ocorre o progresso. Para ele, cada indivíduo exerce uma função 
específica na sociedade e sua má execução compromete o funcionamento da mesma. Por 
sociedade, entende um todo em funcionamento, como um sistema de operação. 
Para interpretar a sociedade, realizou estudos sobre o fato social. Este define como 
elemento exterior à medida que existe antes do próprio indivíduo; e coercitivo na medida em 
que a própria sociedade posicionada suas normas, sem a opinião dos sujeitos dela partícipes. 
O método funcionalista toma a sociedade como uma estrutura complexa de grupos ou 
indivíduos reunidos numa trama de ações e reações sociais, isto é, como sistema de instituições 
sociais correlacionadas entre si, numa relação de ação e reação. Assim, a teoria funcionalista 
 
 
 
24 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
enfatiza a existência de regras e valores comuns essenciais à manutenção (ordem) de uma 
sociedade. 
Auguste Comte, Herbert Spencer e Emile Durkheim foram os sociólogos que mais 
influenciaram o funcionalismo. Todos eles partem do pressuposto de que a sociedade pode ser 
vista como um "organismo biológico", constituída de uma estrutura orgânica ou sistêmica. Desta 
maneira, a sociedade é concebida como um conjunto composto de elementos que interagem 
entre si para a manutenção e harmonia de um todo. Os componentes do sistema contribuem 
significativamente para o pleno funcionamento da sociedade. 
O filósofo e sociólogo francês Émile Durkheim é um clássico para as ciências sociais. 
Suas obras são até hoje lidas e servem como referência para muitos teóricos das ciências 
sociais. Foi professor da Sorbonne e o primeiro professor da cadeira de sociologia nessa 
instituição. Através da revista por ele coordenada, L'Année Sociologique, influenciou 
muitas áreas do conhecimento social, como a antropologia, a história e a lingüística. 
Em 1893 publicou sua tese de doutoramento, A Divisão Social do Trabalho; em 1895, 
seu principal trabalho, As Regras do Método Sociológico. Logo em seguida, em 1897, 
aplicou a sua metodologia no seu livro O Suicídio, um das pesquisas mais importante na 
história da sociologia. A sua obra mais famosa é As Formas Elementares da Vida Religiosa 
(1912). 
Durkheim é considerado fundador da "Escola Objetiva Francesa", a qual congregava 
um conjunto de cientistas sociais que participavam da revista Année Sociologique, por ele 
fundada. O seu pensamento é, usualmente, classificado como "realismo sociológico", 
devido a sua concepção de tratar os fenômenos humanos como dotados de uma realidade 
específica. 
Durkheim também é um dos principais representantes da sociologia sistêmica, na qual 
há uma grande ênfase na análise dos desempenhos de sujeitos individuais ou coletivos 
que interagem mediante comportamentos específicos (morais, econômicos, políticos, 
religiosos, etc.) previstos por normas reguladoras. A idéia de sistema social é norteadora 
nesse tipo de análise sociológica. 
 
www.culturabrasil.org/durkheim.htm 
 
pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_funcionalista 
• ESTRUTURALISMO 
A corrente estruturalista toma a realidade social como um conjunto 
formal de relações. A Ciência é entendida como um procedimento teleológico 
da historicidade e da fi­nalidade a se atingir, por isso, é construída através de 
inquisições. Por teleológico entende-se argumento, conhecimento ou 
explicação que relaciona um fato à sua causa final. 
O método funcionalista foi um dos mais utilizados para analisar a língua, a cultura e a 
sociedade. O Estruturalismo é melhor visto como uma abordagem geral com muitas variações 
 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 25 
 
 
diferentes, entretanto, de modo geral, ele visa explorar as inter-relações, isto é, as estruturas, 
através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. 
Existem marcadas diferenças entre os autores que compõem essa "escola", mas todos 
eles manifestam uma preocupação em analisar as estruturas sociais. Em termos gerais, o 
estruturalismo procura as leis universais e invariantes da humanidade que operam em todos os 
níveis da vida humana. 
Para as ciências sociais, a obra mais importante no estruturalismo foi realizada pelo 
antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, nascido no ano de 1908. Ele iniciou sua carreira 
ensinando na Universidade de São Paulo. Lévi-Strauss analisou várias sociedades tribais. A 
conclusão de Lévi-Strauss é a de que as verdadeiras estruturas fundamentais da sociedade são 
as estruturas da mente humana. Em todo o mundo, os produtos humanos têm uma fonte básica 
idêntica: o sistema mental. Mas esse sistema não é produto de um processo consciente. 
Mais recentemente, os estudos estruturalistas adquiriram novas dimensões com os 
trabalhos dos "pós-estruturalistas", também conhecidos como "neo-estruturalistas". O filósofo e 
cientista social francês Michel Foucault é a figura mais representativa dessa corrente. A sua 
produção é imensa e tem despertado cada vez mais interesse pelos historiadores. Seus 
principais livros: História da Loucura, As Palavras e as Coisas, Arqueologia do Saber e História da 
Sexualidade. Suas obras têm sido amplamente divulgadas nas pesquisas em educação e sua 
contribuição perpassa o entendimento da cultura via as relações de poder. 
 
O filósofo Claude Lévi-Strauss foi um grande teórico do Etruturalismo. Nasceu em 
Bruxelas, mas chegou ao Brasil em 1930 para realizar estudos de campo com índios, o que 
o consegrou antropólogo. 
Em 1955 ganha reconhecimento nos círculos acadêmicos, tornando-se um dos 
intelectuais franceses mais conhecidos, especialmente por publicar a obra Tristes 
Trópicos, livro autobiográfico sobre seu exílio em 1930. 
Após muitas publicações, Lévi-Strauss passou a segunda metade da década de 1960 se 
dedicando a sua obra Mythologiques, distribuídaem quatro volumes e merecedora de 
prêmios no âmbito acadêmico. É doutor honoris causa de diversas universidades pelo 
mundo e continua a publicar, ocasionalmente, volumes temáticos sobre artes, poesia, bem 
como experiências pretéritas. 
 
tiosam.com/?q=Estruturalismo 
 
www.ufrgs.br/museupsi/aula28%20maickel.ppt 
• DIALÉTICA 
O termo dialética, no mundo antigo, representava a arte do diálogo, 
do contraste, e ao memso tempo, origem de idéias. A Ciência é definida 
como sendo o ato de se conhecer a análise do processo do fenômeno como 
uma parte do processo de conhecimento,realizada a partir de uma 
consciência crítica. A dialética não explica, não dá esquema de inter- 
 
 
26 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
pretação, ela apenas prepara os quadros da explicação. Assim sendo, a concepção dialética de 
Ciência reproduz um sistema de conhecimento em desenvolvimento que permite a elaboração 
de conceitos relativos às atividades do indivíduo e, portanto, estabelece previsões a res­peito da 
transformação da realidade e da sociedade. 
Esta abordagem é uma das mais utilizadas nas pesquisas nas áreas de ciências humanas e 
sociais, incluindo a educação, possuindo maior aplicação nestas ciências, do que nas pesquisas 
naturais, já que estas últimas são destituídas do fenômeno histórico subjetivo que a caracteriza. 
Ela é aplicável nas investigações que utilizam técnicas bibliográficas e históricas com 
pesquisas textuais, documentais, de registros e dados empíricos, priorizando a análise do 
discurso. O esquema básico desta corrente é a trilogia tese, antítese e síntese. Na perspectiva da 
dialética Hegeliana, a combinação de uma tese com uma antítese produz uma síntese, isto é, 
uma nova tese. Desta maneira, o ciclo se inicia permanentemente e com ele a produção de 
novas idéias e teorias. 
 Karl Marx, se doutorou em filosofia (1841) pela Universidade de Berlim e estudou 
profundamente a teoria de Friedrich Hegel (1770-1831) e os escritos dos socialistas 
franceses. Saindo da Alemanha, foi viver na França, onde conheceu Friedrich Engels 
(1820­-1895), que se tornou seu amigo, sendo benfeitor e colaborador pelo resto da sua 
vida. Expulso de Paris, Marx muda­-se para Londres (1849), onde permaneceu até a sua 
morte e onde escreveu as obras marcantes para as ciências sociais e humanas. 
Seus principais trabalhos são: Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844), Manifesto 
do Partido Comunista (em parceria com Engels, 1848), e O Capital (cujo primeiro volume 
foi publicado em 1867). Antes de resumirmos os fundamentos do marxismo, é necessário 
chamar atenção para dois aspectos importantes. O primeiro é que Marx não foi 
exatamente um sociólogo, embora muito do seu pensamento se enquadre nos limites da 
sociologia. A teoria marxista extrapola esses limites. Marx foi um pensador complexo - foi 
também filósofo, cientista político, revolucionário, panfletista, economista - e sua obra 
teve uma influência marcante em diversas disciplinas. Um outro aspecto é o de que não 
existe uma teoria marxista, mas várias interpretações e desdobramentos da obra de Marx. 
Nesse sentido, o termo "marxismo" ora se refere ao pensamento de Marx ora a um grupo 
variado de doutrinas filosóficas, sociais, econômicas e políticas fundadas numa interpretação do 
pensamento de Marx. Uma questão amplamente debatida é a de saber se houve ou não "dois 
Marx". Os que defendem a tese de "dois Marx" dividem seu pensamento em dois períodos: o 
primeiro de orientação mais filosófica, seguindo a tradição hegeliana (o chamado "jovem Marx", 
onde expõe seu pensamento principalmente pelos "Manuscritos Econômico-Filosóficos', de 
1844); o segundo, o Marx de "O Capital", quando se afasta da filosofia e dedica-se a edificar uma 
ciência da economia política. 
 
www.culturabrasil.org/marx.htm 
 
www.conteudoglobal.com/.... 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 27 
 
 
• FENOMENOLOGIA 
Na segunda metade do século XX, nasce a fenomenologia, como 
oposição a separação entre sujeito e objeto do conhecimento. Nesta 
corrente, a ciência é definida como a proposta da compreensão 
representada pela intersubjetividade. A fenomenologia constitui-se em 
uma pré-ciência positiva em suas origens, sendo que, após Husserl, 
outras vertentes fenomenológicas surgiram, tais corno a fenomenologia 
existencial, a fenomenologia transcendental e a fenomenologia dialética, que nesta seção, não 
se inserem como pontos centrais do nosso debate. 
Esta corrente tem como objetivo descrever, compreender e interpretar os fenômenos 
que se apresentam à percepção. Seu método compreende a percepção imediata dos fenômenos 
que constituem a consciência humana, numa direção intencional e produto dos atos humanos. 
Alguns dos seus princípois epistemológicos são: observação e descrição do fenômeno, 
daquilo que se manifesta, aparece ou se oferece aos sentidos ou à consciência; ciência voltada 
para as coisas como elas são; possui como elemento central a intencionalidade; estabelece uma 
nova relação entre sujeito e objeto, sendo estes visualizados como pólos inseparáveis na 
construção do conhecimento e da realidade; desmistifica a visão objetiva do mundo, centrada 
numa ciência neutra despojada de subjetividade, em oposição ao positivismo. 
 Husserl foi aluno do filósofo alemão Frans Brentano, o qual que influenciou fortemente 
suas idéias sobre a fenomenologia. Mais tarde, veio a influenciar o pensamento e as obras 
de Heidegger, Sartre, Derrida, entre outros. 
Por volta de 1887, converte-se ao cristianismo e passa a ensinar filosofia até que, ao 
aposentar-se, continuando ativo nas instituições de Friburgo, é surpreendido com sua 
demissão por causa de sua ascendência judia. 
 
www.achegas.net/numero/33/ubiracy_33.pdf 
 
www.mundodosfilosofos.com.br/hegel.htm 
Esta abordagem, segundo Barros e Lehfeld (2000), toma a natureza como 
reflexo da composição de energia, que, por sua vez, se expressa como mediadora 
e como unidade da matéria fundante de informações próprias do ser hu­mano. 
Nesse sentido, o ser humano é emoção, mente e corpo, garantido por um 
processo progressivo de formação e de programações que se transformam em 
objetos vitais entre o plano real e o ideal. 
Nos aspectos sociais, mais amplos, essa dinâmica energética é traduzida pela expres­são 
sociopolítica (vida), pela economia (matéria), por leis, valores e ideologias. Por conseguinte, a 
ciência é uma construção do conhecimento sem fragmentação, concebendo toda e qualquer 
realidade ligada à perspectiva de totalidade. 
www.cuidardoser.com.br/... 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
 
 
 
 
28 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
 
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1995. 
Leia o texto abaixo de Pierre Weill e relacione-o à abordagem holística da pesquisa 
apresentada por Barros e Lehfeld (2000). Para tanto, realize pesquisa em livros ou internet para 
consubstanciar seus argumentos, bem como evidencie sua opinião favorável ou não a este novo 
tipo de abordagem do conhecimento. 
Nunca estivemos tão perto da paz. Mas, ao mesmo tempo, jamais ela 
nos pareceu tão distante. Já podemos curar doenças que até bem pouco 
tempo atrás eram terrivelmente mortais. Das pranchetas dos cientistas 
brotam animais e plantas que a natureza não criou. 
Em laboratórios que fariam inveja a filmes de ficção científica, surgem 
robôs capazes de executar todo tipo de serviço, da faxina doméstica à 
pesquisa espacial. São olhos eletrônicos que espionam os confins do 
universo em busca de nossos eventuais parceiros distantes na aventura 
da vida. 
Médicos ousam substituir coração, rins e membros avariados, por 
órgãos biônicos criados em oficinas. Maravilhas. 
Ao olharmos em volta, porém, damos de cara com os terríveis 
subprodutos desse desenvolvimento: miséria, violência, medo. 
A humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma 
espécie de dor do crescimento. Deixamos de ser crianças, mas ainda não 
sabemos nos portar como gente grande. 
Acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria 
para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que habitamos. 
Felizmente, uma nova consciência está se estabelecendo no espírito 
de grande parte das pessoas. Ela inspira outra maneira de ver as coisas 
em ciência, filosofia, arte e religião. 
Somos os espectadores privilegiados e os atores principais de mais 
este ato da “comédia humana”. Trata-se de um momento de síntese, 
integração e globalização. Nesta fase, a humanidade é chamada a colar as 
partes que ela mesma separou nos cinco séculosem que se submeteu a 
ditadura da razão. 
Esse esforço começa a se fazer necessário porque a crise de 
fragmentação chegou a limites extremos e ameaça a sobrevivência de 
todas as formas de vida sobre a Terra. 
Dividimos arbitrariamente o mundo em territórios, pelos quais 
matamos e morremos. Já se produziram armas nucleares que poderiam 
destruir várias vezes o nosso planeta. A loucura e a competição são tão 
ferozes que ignoram o óbvio: não haverá uma segunda Terra para ser 
destruída, nem ninguém ou coisa alguma para acionar o gatilho atômico 
depois da primeira vez. 
Quebramos a unidade do conhecimento e distribuímos os pedaços 
entre os especialistas. Para os cientistas, demos a natureza; aos filósofos, a 
mente; aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma. 
Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando-a pelos 
domínios da matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 29 
 
 
de tantas outras disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a 
religião, cada um desses ramos se subdividindo ao infinito. 
Como conseqüência, o mundo do saber tornou-se uma verdadeira 
“torre de babel”, onde os especialista falam cada qual a sua língua e 
ninguém se entende. 
A mais ameaçadora de todas as fragmentações, no entanto, foi a que 
dividiu os homens em corpo, emoção, razão e intuição, porque ela nos 
impede de raciocinar com o coração e de sentir com o cérebro. 
Autor da Teoria da Relatividade, o físico Albert Einstein demonstrou 
no início deste século que tudo no universo é formado pela mesma 
energia, do mesmo modo que, embora vistos como diferentes, o gelo e o 
vapor são em útimo caso apenas água... 
Desse modo, a fragmentação só existe no pensamento humano, cuja 
propriedade essencial é justamente a de classificar, dividir e fracionar, 
para, em seguida, estabelecer relações entre esses fragmentos. 
Recuperar a unidade perdida significa reconquistar a paz. Mas, desta 
vez, o inimigo a derrotar não é o estrangeiro. Ele mora dentro de nós. É a 
força que isola o homem racional de suas emoções e intuições. 
Foi a própria ciência moderna que começou a exigir o surgimento de 
uma nova consciência. Incapazes de responder às questões que eles 
mesmos formulavam, muitos físicos saíram em busca da psicologia, da 
religião e das mais importantes tradições da humanidade. 
Este encontro entre ciência moderna, os estudos transpessoais e as 
tradições espirituais constitui o que chamamos de visão holística. É 
importante que tenhamos uma clara noção dessa mudança de visão e das 
conseqüências que ela traz para a educação. 
WEILL, Pierre. Uma nova concepção de vida. In: A arte de viver em paz: por uma nova consciência, por uma nova 
educação. São Paulo: Gente, 1993. p. 17-18. 
 
 
 
 
 
30 | METODOLOGIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 
 
 
TEMA 02 | PESQUISA E TRABALHOS ACADÊMICOS 
Este tema apresenta as diversas metodologias da pesquisa científica, os mecanismos 
necessários à elaboração de trabalhos acadêmicos e as normatizações da Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT) sobre apresentação de trabalhos, citações e referências 
 
CONTEÚDO 01 | AS METODOLOGIAS DA PESQUISA 
Nesta seção, focamos o estudo sobre a pesquisa científica e seus tipos, sua validade e 
importância para a descoberta de novos conhecimentos. Abordaremos também os 
elementos necessários à elaboração de um projeto de pesquisa, buscando 
instrumentalizá-lo na construção do seu trabalho de conclusão de curso. Aproveite ao 
máximo! 
• CONCEITOS SOBRE PESQUISA 
Inicialmente, podemos considerar que pesquisar significa buscar respostas para as mais 
diversas indagações e problemas humanos, sejam eles individuais ou coletivos. A pesquisa pode 
ser vista também como uma atividade eminentemente cotidiana, sendo considerada como uma 
atitude, um "questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na 
realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático" (DEMO, 
1996, p. 34). Gil (1999, p.42) acredita que a pesquisa tem um caráter pragmático, é um "processo 
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da 
pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos 
científicos". 
Pesquisa é... 
 
Um conjunto de ações, propostas para resolução de um problema, que têm por base 
procedimentos racionais, sistemáticos e metódicos. A pesquisa é realizada quando se tem 
um problema de investigação, isto é, algo ou alguma coisa que se pretende investigar. 
Não se esqueça desse princípio! 
• TIPOS DE PESQUISA 
Para realizar uma pesquisa científica é fundamental saber usar os instrumentos 
adequados para encontrar respostas, ou seja, formular as hipóteses ao problema levantado. 
Na visão de Salomon (1999), podemos graduar as pesquisas científicas em: 
- Pesquisas exploratórias e descritivas – têm por objetivo definir melhor o problema, 
gerar propostas de solução, descrever comportamentos de fenômenos, definir e classificar fatos 
e variáveis. Não atingem o nível da explicação nem o da predição, encontrados nas pesquisas 
 
 
Metodologia da Pesquisa Científica | 31 
 
 
“puras” ou “teóricas”, nem o do diagnóstico e/ou solução adequada dos problemas, deparados 
nas pesquisas “aplicadas”; 
- Pesquisas aplicadas – se destinam a aplicar leis, teorias e modelos, na solução de 
problemas que exigem ação e/ou diagnóstico de uma realidade; 
- Pesquisas puras ou teóricas – têm como intenção ir além da simples definição e 
descrição do problema. A partir da formulação de hipóteses claras e definidas, aplicação do 
método científico de coleta de dados, controle e análise, procuram inferir a interpretação, a 
explicação e a predição. 
Na definição de Gil (2001) e Demo (1996, 2000), encontramos a classificação das 
pesquisas com base em seus objetivos e nos procedimentos técnicos adotados. Torna-se 
importante determinar a metodologia e os procedimentos adotados que podem auxiliar o 
pesquisador no bom andamento da investigação: 
- Classificação que tem como base os objetivos - três grandes grupos: pesquisas 
exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas explicativas. 
- Classificação com base nos procedimentos técnicos adotados (para analisar os fatos 
do ponto de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os dados da realidade, é 
necessário traçar o modelo conceitual e também o operatório): pesquisa bibliográfica, pesquisa 
documental, pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso e pesquisa-ação. 
Santos (1999) acrescenta à classificação apresentada por Gil, destacando a 
caracterização das pesquisas segundo as fontes de informações, ou seja, pesquisa de campo, 
pesquisa de laboratório e pesquisa bibliográfica. 
Conheça a classificação da pesquisa com base nos objetivos e nos procedimentos 
técnicos adotados. 
 
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met02a.htm 
Em relação aos procedimentos técnicos, Gil (1991) classifica a pesquisa nos seguintes 
níveis: 
- Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida a partir de material já publicado, principal-
mente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. 
Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há 
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Segundo Lakatos e 
Marconi (2003), sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi 
esc­rito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates 
que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. A bibliografia 
pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como 
também explorar novas áreas onde os problemas não se fixaram suficientemente. Tem como 
objetivo permitir ao pesquisador o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação 
de suas informações. 
Assim, a pesquisa

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