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Copyright © 2019 – Betânia Vicente Capa: LA Capas Diagramação: Veveta Miranda Revisão: Helen Bampi Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do(a) autor(a). Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera coincidência. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte destas obras, através de quaisquer meios - tangível ou intangível - sem o consentimento escrito do(a) autor(a) ou da editora. Todos os direitos reservados. Criado no Brasil. Sumário Prólogo Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Penúltimo capítulo Último capítulo Epílogo 1 Epílogo 2 Dedico esse livro a uma pessoa especial que foi uma guerreira é minha verdadeira rainha, Minha mãe Rosa Helena Vicente! Sinceramente, eu não sei como consegui chegar em casa. Entro em silêncio para não acordar a minha irmã, e acabo gemendo quando sem querer esbarro no corrimão e tranco os dentes para não gritar, soltando apenas um pequeno gemido de dor. Vou subindo as escadas, ou melhor, vou rastejando, e enfim consigo chegar ao meu quarto. Fecho a porta e não acendo a luz — eu tinha medo de ver como estava machucada. Vou andando bem devagar, e cada passo que eu dava era uma tortura, e sempre me apoiando na parede até chegar à minha mesinha, onde eu tinha um notebook e também alguns livros. Nem sempre eu precisava acender a luz do quarto, sendo que eu tinha uma luminária. Assim que consigo alcançá-la, acendo-a e vejo os meus dedos machucados. Sinto as lágrimas já escorrerem. Abro o diário que eu tinha ganhado da minha irmã e começo a escrever. Até mesmo escrever dói. Começo a chorar baixinho. Só consigo escrever isso, e deixo o diário. Abro a gaveta, onde havia um pequeno canivete. Pego-o e sigo para o banheiro. Ao chegar lá, acendo as luzes. As lágrimas descem mais e mais e não consigo controlar. Eu estava envergonhada, com dor, com raiva. Meu rosto machucado, meus cabelos desgrenhados e minhas roupas rasgadas. De uma coisa eu já tinha consciência: não saberia viver com esse pesadelo, e a única coisa que eu tinha que fazer era me matar, era a única solução. Levo o estilete direto para o meu pulso e começo a passar a lâmina. Sinto a ardência do corte e já vejo o sangue saindo. Faço a mesma coisa no outro, e não demorou muito eu estava caindo no chão. Um pouco antes de fazê-lo, ouço o grito da minha irmã: — Me perdoa… — peço, e finalmente sinto a morte vir e me entrego a ela em paz, sabendo que nada no mundo me faria mal. A melhor maneira de terminar uma noite é estar com um pau dentro de uma bucetinha. Ouço o gemido da puta, e não sinto nada daquela emoção que meus amigos dizem sentir quando estão fodendo, ou melhor, quando estão fazendo amor com as suas mulheres. A emoção de que falam, eles chamam de amor, e isso eu não sei o que é! — Esse pau é tão gostoso, Leon! — fala a puta. — Eu sei que é! — concordo com ela. Eu sei muito bem que as mulheres desejam o meu corpo. Desde que eu era adolescente, sabia chamar atenção. — Você não quer me foder? — ela me pergunta, com voz de queixa. É claro que eu iria foder ela. Afinal, um homem como eu sabe como foder. Não precisava nem tocar nela para saber que ela já estava excitada o bastante para enfiar o meu pau dentro da sua bucetinha. — Você é uma putinha que está desesperada pelo meu pau, não? — pergunto, já sabendo a resposta. Tiro o meu pau de dentro da boca dela e pego o preservativo que se encontrava no bolso, rasgo a embalagem, deslizo pelo meu pau e a viro, abrindo aquelas pernas e deixando a bunda dela no ar. Sem ela esperar, enfio com tudo, fazendo-a gritar e gemer. — Quer que eu tire o meu pau de dentro, quer? — provoco-a. — Não, eu não quero! — ela diz, gemendo e balançando a bunda, incentivando-me a continuar, e não me faço de rogado e vou com tudo mesmo. Tiro o pau e enfio novamente, e continuo a fazer isso direto. A puta sabia gritar que era uma coisa, às vezes esses gritos me deixavam quase estressado. Meus amigos falam que eu ainda vou encontrar o grande amor da minha vida, e só dou risada da cara deles, para mim essa história de amor, como já disse, não existe. — Me fode, Leon, mais forte! — ela pede, e dou o que ela quer. Puxo seus cabelos com força e a fodo mais e mais forte, fazendo a cama balançar. Logo a ouço dizer que está gozando e a deixo gozar primeiro, e depois vou logo atrás. Eu sou filho da puta, mas também sei ser generoso. Tiro o meu pau de dentro dela e vou até o banheiro, tiro a camisinha e jogo no lixo. Antes de sair, lavo as mãos e me visto. Ela me olha espantada. — Você vai embora? — me questiona, e odeio isso. — Você sabe que eu não durmo com nenhuma mulher — respondo, grosso. — E eu pensando que eu era especial para você! — Não, minha querida, nenhuma mulher é especial para mim! — é o que respondo, e ela não precisa falar nada, seu olhar diz tudo, ela está com os olhos cheios de lágrimas. Está apaixonada por mim. — Eu amo, você, Leon! Eu deveria ter me tocado de que quando você fode uma, duas vezes ou mais, ela já acha que me amarrou. — Eu já te disse quando comecei a te foder que seríamos amigos com benefício e não existiria amor. — Leon, eu sei disso! — ela diz, pesarosa, sentando-se na cama e fazendo- me olhar o seu corpo. Eu sabia que era bonito. — Então já sabe que não devemos mais nos ver — digo simplesmente. Pego o meu relógio e a chave do carro e vou em direção à porta. Quando estou saindo, ouço-a me chamando e me viro. — Um dia você vai se arrepender de como está me tratando! — Não vou! — e viro novamente. Quando estou saindo finalmente daquele quarto, a ouço novamente me chamar chorosa e pergunto, já sem paciência: — O que você quer ainda, Laura? — Eu te juro, Leon, que vou fazer a sua vida um inferno e que logo, logo você vai ser meu novamente. — Nunca fui e nunca vou ser seu, Laura. Adeus! — digo, e vou embora. Chegando à recepção do hotel, deixo pagos a diária e o dia seguinte e mais o que ela deveria comer e vou embora para nunca mais voltar. Assim que chego à entrada do hotel, o manobrista vem ao meu encontro. Dou-lhe a chave do carro, e não demora muito ele já chega. Agradeço, dando-lhe uma bela gorjeta, e vou embora logo. Ao entrar no carro, conecto o celular e ligo o rádio, para ouvir as notícias. Logo estou em casa. Moro em um condomínio de luxo. Antes mesmo que eu chegue ao portão, ele já é aberto. Entro, paro e cumprimento os seguranças. — Boa noite, Senhor Vitorino. — Boa noite, Arthur. Tudo em ordem por aqui? — desligo o rádio e tiro o meu celular do suporte. — Graças a Deus, tudo tranquilo! — solto um suspiro de alívio. — Que bom! — agradeço e lhe dou boa noite. Logo estou seguindo para minha casa. Finalmente vou ter uma boa noite de sono. Andava tendo festas demais por aqui, às vezes eu tinha vontade mesmo era de me mudar para um apartamento. Penso sempre sobre isso, e acabo desistindo. Com alívio chego em frente à minha garagem. Quando estou para entrar em casa, a porta se abre. — Boa noite, senhor! — me cumprimenta a Senhora Olívia. — Boa noite, Olívia. Tudo OK? — dou-lhe o meu casaco. — Sim senhor! — ela me olha. — Algum problema? — Nenhum, senhor, gostaria de saber se o senhor já jantou — me pergunta, meio sem graça. — Ainda não. — Então já vou providenciar. — Agradeço, Olívia, vou estar em meu quarto. — Daqui a pouco te chamo, senhor. — Obrigado! — agradeço, e sigo em direção ao meu quarto. Ao chegar lá, vou tirandoa roupa e a jogo no cesto. Sigo para o chuveiro. Ligo-o e entro. Logo a água quente cai sobre o meu corpo, lavando todo o suor e cheiro que tenham ficado do sexo que eu tinha tido. Fico ali durante algum tempo sentindo a quentura da água. Passo o sabonete pelo meu corpo, e não demoro muito no chuveiro. Volto para o meu quarto e lá me seco, colocando meu pijama. Quando estou penteando meu cabelo, ouço a Olívia me chamar, me avisando da janta. — Obrigado, Olívia! — agradeço, e logo desço para jantar. Não me demoro e volto para o quarto. Deito-me na cama e pego o notebook, fico mexendo nele, lendo alguns artigos, e acabo dormindo com o aparelho ligado. Há dois anos eu não sei o que é ter paz. E aqui estou, me olhando no espelho do banheiro, tentando esquecer o meu pior pesadelo. Desde aquela noite eu não comemoro mais o meu aniversário. Não tenho razão para festejar. Como eu gostaria de ter morrido! É errado eu ainda ter esses tipos de pensamentos? É errado eu ainda me sentir suja? São tantos sentimentos contraditórios que eu ando sentindo! No início, eu não conseguia dormir devido aos acontecimentos. Eu era sedada e também era restringida no leito do hospital. A dor que eu sinto na alma é tão grande, que acabei tirando o soro da veia que estava me hidratando e machucando-me mais ainda, só via o sangue saindo novamente, e sorria entre as lágrimas que já estavam escorrendo. Para mim era tão bom, porque a morte viria e me levaria do meu sofrimento. De uma coisa eu tinha certeza: eu não saberia como viver com aquilo. Só que eu não contava que as enfermeiras fossem entrar tão rápido e gritando. E apaguei novamente. E aqui estou eu novamente posicionada no mesmo lugar, onde eu tentei me matar da primeira vez. E mais uma vez não funcionou. Minha irmã foi avisada que eu tinha tentado novamente me matar. Agora ela me olha chocada. — O que você fez, Duda? — ela me questiona, com lágrimas nos olhos. — Você não entende! — sussurro. — Então me faça entender! — ela diz, séria. Tento me mexer, e não consigo. Vendo o que eu estava fazendo, ela explica: — Eles tiveram que te amarrar. — Deu para perceber — resmungo. — Então, vai ou não me fazer entender o que está acontecendo com você? — Há quanto tempo eu estou aqui? — Há quase dois dias. Você se lembra daquela noite? — Sim… — sussurro. — Então é verdade? — ela me questiona, e sinto meu sangue fugir completamente do meu rosto. — Sim… — volto a sussurrar, com vergonha de mim mesma. — Duda, você não quer saber o que aconteceu com você? — Sinceramente, acho que você não precisa me lembrar do que aconteceu exatamente comigo! — sem querer, sou grossa, e logo estou me desculpando: — Me perdoa, não queria ser grosseira. — Eu sei que não! Você não sabe o que eu senti quando te vi no chão do banheiro toda ensanguentada. Minha irmã linda… Ela não tinha ideia de como eu a admirava, me criou desde pequena, a nossa diferença é de dez anos. — Me perdoa! — peço novamente, e ela me abraça, colocando a cabeça em meu colo. Começa a chorar. Muito. — Eu pensei que você estava morta! — ela sussurra. — Era o que eu queria naquele momento — confesso, sentindo as lágrimas dela em minha barriga. — Não, eu não quero que você atente mais contra a sua vida! — ela diz, brava, e se levanta. Assim pude reparar em como ela estava abatida. — Eu preciso morrer! Ela me olha chocada. — Nunca mais fale uma merda dessas! — Você acha que é fácil? — Eu imagino que não deva ser fácil. — Não, você não imagina! — praticamente grito, e tento me controlar: — No dia do meu aniversário eu fui estuprada! — Duda, fica calma — ela pede, ao ver como estava agitada. — Eu não posso ficar calma! — olho firme para ela. — Além de ter sido violentada, posso estar grávida e ainda correr o risco de ter pegado uma DST. — Eles fizeram o teste de gravidez e DST. — E qual foi o resultado? — pergunto, com medo. — O resultado mostra que você, Senhorita Sanches, não está grávida e também não contraiu o vírus — ouço uma voz de um homem e fico tentando saber quem é. Não preciso muito, pelo jeito da minha irmã, que ficou muito vermelha. — Oi, doutor Leão — minha irmã diz, ainda corada. Ele abre um sorriso que acho sensual e nos cumprimenta. — Então eu não estou grávida? — Não senhorita! Mas isso não significa que a senhorita não tenha que tomar a pílula do dia seguinte e muito menos o coquetel, pois vai tomar como prevenção. — Mas o senhor não disse que eu não estou grávida e também não contraí DST? Por que eu tenho que tomar? — questiono, já ficando nervosa. — Senhorita, como eu estava dizendo, a senhorita tem que tomar, e vamos fazer mais exames. Você também vai ser acompanhada por um psicólogo. — Eu não preciso de nenhum psicólogo — respondo, grossa, e a minha irmã me olha feio. — Ela vai, sim, doutor Leão! — Ótimo, a enfermeira já vai trazer as medicações, e vamos fazer logo mais exames. — Eu estou bem! — resmungo. — A senhorita passou por um grande trauma, e sei que está abalada, mas precisa fazer mais exames e também começar a tomar a medicação, tudo bem? — aceno a cabeça em concordância. Não demora muito, ele sai, e vem uma enfermeira, e sou tirada da restrição. Foi assim que comecei a minha longa jornada para esquecer o meu pesadelo. — Dudaaaaaa! — ouço a minha irmã me chamar e sou tirada do passado. Logo desço as escadas e vejo-a toda arrumada. — Aonde você vai? — pergunto, curiosa. — Eu vou trabalhar, esqueceu? — ela brinca. — E a senhorita tem que ir para a aula, e não se esqueça de vir logo para casa. Ela me dá um beijo e sai correndo como louca. Minha irmã ama e ao mesmo tempo odeia o trabalho como secretária do Senhor Leon Vitorino. Sinceramente, eu ainda não o conheci, e nem quero. Minha irmã diz que o homem é um gato e que eu deveria arrumar um namorado. Decidi que nunca vou me relacionar com ninguém. O medo ainda bate em mim quando algum homem se aproxima. Mesmo sabendo que não pode me fazer nada de mal, eu ainda fico com um pé atrás. Pego a mochila e sigo para o curso, pedindo mais uma vez a Deus para me fazer esquecer de tudo que me aconteceu. Será que é pedir muito? Solto um longo suspiro triste. Eu andava muito estressado, e a única pessoa que me aguentava era a minha secretária. Acho que ela merece até mesmo um bônus por me aguentar tanto. — O que houve agora, Senhor Vitorino? — ela me pergunta, com uma calma que invejo. — Problemas, Vanessa, como sempre! — digo, querendo tranquilizá-la. Ela era a única mulher que não tentava me levar para a cama ou vice-versa. Acho que ela era imune a mim. Meu pau nunquinha levantou para ela em saudação. Acho que estou ficando velho mesmo. — Então, hoje o senhor recebeu a ligação da Senhorita Munhoz — ela diz, e gemo em silêncio. Essa mulher virou mesmo uma praga. — O que ela disse? — Para o senhor ligar para ela — Vanessa dá de ombros, como se achasse normal. — Depois eu retorno — mas eu não iria ligar merda nenhuma para aquela louca. Ela cumpriu mesmo a promessa de tornar a minha vida um inferno. Agora a louca disse que estava achando que eu a tinha engravidado. — Bom, o senhor tem reunião com os fornecedores de chocolate daqui a pouco pelo Skype — ouço a Vanessa falando, e eu pensando em como me livrar da Laura. — Droga, tinha me esquecido disso — comento, já estressado por isso. — Mas eu não! Dou um sorriso. — OK, o que mais temos hoje? — pergunto, desejando estar de volta à minha cama. — Já acertei tudo com o Buffet para fazer o jantar de confraternização de fim de ano. — Sério? — olho-a espantado. — Sério, está tudo organizado para a próxima semana, as cestas de Natal e também as de chocolate estão sendo organizadas — ela vai falando o que eu tinha para hoje e também o que adiantou.Ainda estava em choque com ela, por ter resolvido mais rápido o que a minha antiga secretária levaria semanas para fazer. — Meu Deus, mulher, se você não fosse a minha secretária eu me casava com você! — Não, obrigada — ela brinca, e dou risada. Sei que a Vanessa namora um médico. — Nossa, você magoou o meu coração! — brinco, piscando o olho. — Hã… sei! — ela ri, e continua: — Eu não faço o seu tipo, e mesmo que fizesse estou muito feliz com o meu namorado. — Nossa, assim não tem como competir, não — brinco novamente. Vanessa era a única mulher de quem eu gostava, e que não queria abrir as pernas para eu foder. — Vanessa, há quanto tempo você trabalha para mim? — Hum… — ela fica pensativa e depois abre um sorriso: — Já tem um ano e meio, por quê? — Por nada, não, só curiosidade mesmo. E aí, vai trazer alguém da sua família? — Estou vendo se convenço a minha irmã a vir. — Sério? Eu gostaria muito de conhecê-la. — Vamos ver se ela vem, ela é meio reclusa. — Bom, me avisa, que mando fazer uma cesta para ela também. — Ah, não se preocupe, não, a Duda come os meus chocolates — ri. — Bom, vou lá para a minha mesa, e o senhor já faça a chamada logo, antes que seus fornecedores e diretores fiquem putos com o senhor — ela volta a brincar, e me deixa sozinho. Abro o meu Skype, e não demora muito aparecem os diretores, e começamos a falar sobre a minha empresa de chocolate. Graças a Deus, tenho ótimas vendas. Algumas horas depois… Eu me estico na cadeira. Estava todo dolorido. Não tinha comido nada, e não demora muito a Vanessa entra com o meu almoço. Minha boca se enche de água. — Vanessa, preciso me casar com você! — volto a brincar ao ver que ela tinha feito pedido de arroz branco com strogonoff de frango e batata palha e um suco de laranja. — Eu já disse que não quero me casar com você — ela rebate, ironizando, e deixa a comida. Volto para a mesa e ataco. Deus, aquilo estava muito bom. Não demoro muito e já acabo com a comida e o suco. Levanto-me e vou ao banheiro, onde tenho uma nécessaire com as minhas coisas pessoais. Volto para a minha mesa e continuo a trabalhar até o fim do expediente. Sou novamente interrompido quando a Vanessa entra para me avisar que estava indo embora. — Também já vou — aviso, e logo nos despedimos. Fico ainda mais um pouco no escritório. Quando vou embora, em vez de ir atrás de um “rabo de saia”, sigo para casa. A empresa da qual eu sou presidente foi fundada pelo meu pai, agora aposentado. Ele sempre dizia que o chocolate é mais do que afrodisíaco, é amor, e quando você ama uma pessoa você a presenteia com chocolates. Foi assim que ele conheceu a minha mãe, dando chocolates como presente. Chego logo em casa e, como sempre, a Olívia já deixou a janta preparada. Subo para o meu quarto e tomo um longo banho. Quando estou saindo do chuveiro, o meu celular toca. Reparo que é a minha mãe e atendo. — Oi, mãe, boa noite! — a cumprimento. — Filho desnaturado! — ela se queixa, e dou risada. — Mãe, pelo amor de Deus, eu te vi no final de semana! — replico, ainda rindo. — Filho, eu tenho saudades de você! — ela diz, em tom de queixa. — Eu também te amo! — respondo, tentando imaginar por que ela estava me ligando. — Meu filho, você precisa arranjar uma bela mulher — lá vinha ela novamente com essa história. — Mãe, você sabe que eu nunca vou me casar — lembro-a, e penso que também nunca vou amar ninguém. — Meu filho, escuta o que eu vou te dizer! Não vai demorar e você logo vai conhecer uma boa pessoa e com certeza vai se apaixonar. — Mãe, não fui feito para o amor — confesso, sentindo pela primeira vez uma solidão. — Bobagem, meu filho! Todo mundo foi feito para amar, e você também vai amar alguém algum dia — ela fala com tanta convicção, que quase acredito nela. E fiquei mais uma noite sem dormir. Acho que isso está virando rotina mesmo. Aqui estou, sentada na cama com os joelhos dobrados tentando relaxar, mesmo sabendo que não iria conseguir. Olho para o relógio do criado-mudo e reparo que já são quase cinco da manhã. Resolvo me levantar, sigo para a cozinha e começo a fazer o café da manhã. Logo a Vanessa iria acordar, com uma baita fome. Às vezes eu tenho uma grande inveja dela. Minha irmã é perfeita em tudo. Tem um corpo de dar inveja. Lindos cabelos negros e compridos. Somos completamente diferentes, eu sou ruiva de cabelos ondulados. Vanessa sempre fala que puxei à nossa mãe — que Deus a tenha em um bom lugar. Às vezes é difícil pensar que nossos pais acabaram morrendo em um acidente de avião alguns anos atrás. Faço um café não muito forte e começo a tomar, sentindo logo o seu sabor maravilhoso. Fico ali mergulhada em pensamentos profundos, quando dou de cara com a Vanessa. — Você está aí parada há muito tempo? — pergunto, curiosa. — Na verdade não. Perdeu o sono? — Sinceramente, nem dormi ainda. — Você teve pesadelos novamente? — Sim. — Duda, você precisa procurar ajuda novamente. — Eu não acho que preciso — desconverso. Não me sinto bem em ficar falando da minha vida para um desconhecido. — Duda, minha irmã, é claro que precisa! — Melhor mudarmos de assunto. — OK, por ora vamos deixar quieto — ela cede, e dou graças a Deus. — Me conta sobre a festa do trabalho, vai me trazer chocolate? — pergunto, não vendo a hora de comer aqueles chocolates maravilhosos. — Então, já fechei o Buffet, e as cestas estão preparadas com chocolates, fora a nossa cesta de Natal. — Oh, delícia, Vane, eu amo aqueles chocolates. — Eu sei, e estava falando com o meu chefe sobre você — ela diz, sem me olhar. — Vane! — alerto-a, e olho feio para ela, que me olha como se não tivesse falado nada. — Fique tranquila, eu não estou querendo juntar vocês dois, não! — Isso é muito bom — fico mais tranquila. — Então, deixa te contar, ele pediu para te convidar para ir à festa dos funcionários. — Ah, é claro que você disse que eu não iria, né? — Então… — ela demora para responder, e volto a olhar feio para ela. — Droga, Vane! — desde que fui violentada, peguei um tipo de trauma, ou melhor, vários, e um deles é sair de casa para ir a alguma festa. — Ei, não falei nada, só disse que eu precisava te perguntar — ela se defende. — Hum, sei — olho-a desconfiada. — Mas é verdade, e, sinceramente, eu acho que está na hora de você começar a sair. — Vane, eu ainda não me sinto pronta. — Duda, se você não sair de casa, nunca vai achar que está pronta! Eu sei que o que ela está dizendo é verdade. O único problema é que toda vez que sou convidada para ir a alguma festa ou mesmo um barzinho eu tenho algum tipo de bloqueio. — Duda, acorda! — Vane me chacoalha. — O que houve? — pergunto, sem entender nada. — Parecia que você estava em transe — ela brinca. — Estava pensando no que você estava dizendo. — E aí, você vai? — ela pede, toda esperançosa. — Ainda não decidi. — Duda, vamos fazer o seguinte, que tal a gente ir ao shopping depois do trabalho? — Vane pergunta, toda animada, e não quero estragar a alegria dela, então decido ceder por ora. — Eu te encontro lá no shopping, o que acha? — O que acha de você ir me encontrar lá no serviço? — Bom… não sei. — Ora, vamos, ninguém vai morder você! — ela brinca, e fico com a sensação de que isso poderia acontecer. — OK, OK! Eu te encontro lá — respondo, já me arrependendo de ter concordado com esse passeio. — Ótimo! Eu quero comprar uma roupa bem bonita para sair com o meu doutor — Vane fala, bem sonhadora. Minha irmã acabou mesmo namorando o meu médico. É claro que isso não podia acontecer quando eu estava internada. Mas isso não foi empecilho para o meu ex-médico, que agora é meu cunhado e amigo. Ele é o único homem que eu deixo se aproximar de mim. Sei que ele não me faria mal. Eu devo muito ao doutor Lucas Leão, meu futuro cunhado. — Vane,está na hora de vocês dois oficializarem a união, não? — brinco, sabendo que ela sempre fala nisso. — Sim! — ela concorda, toda emocionada. — Graças a Deus! — Então, ele me convidou para jantar amanhã, acho que ele vai me fazer a proposta. — Você merece tanto, minha irmã! — falo, com sinceridade. — E você também, Duda, é só deixar o amor bater à porta. Olho para o relógio e vejo que são seis horas da manhã. — Bom, vamos mudar de assunto, preciso tomar um banho e me arrumar, daqui a pouco eu tenho que ir para o curso — desconverso, me levantando e indo em direção às escadas, quando a ouço me chamando. Finjo que não a ouço, mas quando já estou no primeiro degrau escuto o grito dela. — Duda! — percebo a advertência em sua voz. — O que foi? — me faço de desentendida. — Você sabe que não pode fugir para sempre! Eu sei que não, e só respondo: — Sim, eu sei! — e subo correndo, não querendo responder a mais nada. Chego à fábrica e logo sinto o aroma de chocolate vindo em minha direção. Gemo de prazer. Amo chocolate. Nossa, e ele usado no meu pau fica perfeito! Entro no elevador e logo ouço um grito pedindo para segurar a porta. Como todo-cavalheiro que eu sou, seguro-a. Logo vem, praticamente descabelada, a minha secretária. — Oh, não acredito que é você — brinco. — Quem você achava que era? A Branca de Neve? — ela ironiza. — Nossa, o que deu em você? — eu tenho que a tratar bem, senão é bem capaz de ela colocar veneno no meu café. — Mal dormi — ela resmunga. — Bom, isso dá para ver na sua cara — brinco, e recebo um olhar mortal. Fico em silêncio. — Não começa, Leon! — Você não quer me contar por que não dormiu? — Minha irmã teve pesadelos novamente — ela dá de ombros, como se fosse normal. — Nossa, ela deve ter passado por algo bem pesado mesmo! — Sim, as coisas para ela não foram fáceis. — Sua irmã deve ter assistido a algum filme de terror — brinco, querendo aliviar o clima, que de repente ficou tenso. — Quem dera! — ela diz, triste. — Você não quer me contar? Quando ela ia responder, as portas do elevador se abrem, e deixo a Vanessa sair primeiro. Ela segue para a copa, e vou também. Vanessa está muito quieta, e eu não quero forçá-la. E ali fico, observando-a fazer o café. Logo a máquina libera um aroma delicioso. — Eu quero café, Vane — peço, e ela toma um susto. — Meu Deus, homem, não me assuste assim, não! — ela diz, brava, colocando a mão no coração. — Desculpa, mas você está muito calada. — Me desculpa, eu estava perdida em meus pensamentos. — Fica tranquila. Ela agradece e logo está me servindo uma caneca de café. Do nada, diz: — Leon, minha irmã vai vir aqui hoje. — Sem problema — concordo com tudo, não quero a minha secretária chateada mesmo não sendo eu o culpado. Porque ela zangada ou chateada é uma coisa do demônio. — Que bom! — ela abre um sorriso, e fico aliviado que agora ela está mais tranquila. — E aí, pronta para o Natal? — Sim, em casa vai ser como todo ano, só que agora meu namorado vai passar com a gente. — Vane, posso te fazer uma pergunta? — questiono, meio receoso. — Ah, é claro. — Por que você nunca fala dos seus pais? — Bom, não sou mesmo de comentar, meus pais morreram alguns anos atrás em um acidente de avião, e ficamos a minha irmã e eu. — Nossa, eu não sabia — respondo, meio sem graça. — Fique tranquilo, aconteceu há alguns anos já. — Bom, vamos mudar de assunto, que hoje vou dar uma volta para ver como andam os chocolates. Você vem comigo? — Não, obrigada, já fiquei muito de papo-furado, e meu chefe, quando aparecer, vai me dar a maior bronca — ela brinca, piscando o olho. — Ah, ele é de boa! — respondo à brincadeira, e ela ri. Vou para a minha sala. Hoje é o dia de fazer verificação na fábrica, e para deixar uma boa aparência acabei vestindo um terno, sem gravata. Não estou a fim de morrer cozido, aliás, não vejo a hora de tudo acabar e ir para casa, o dia mal começou e já estou cansado. Quando estou saindo para ir fazer a vistoria pela fábrica, o meu celular toca. Atendo sem nem ver quem era. — Alô? — Oi, meu amor, estou morrendo de saudades de você! — ouço a voz melosa da Laura. — O que você quer, Laura? — me arrependo de ter atendido à ligação e tiro o celular do ouvido. Olho para o número de chamada ativo e percebo que era restrito. Oh, merda. — Você não veio mais me ver! — ela se queixa. — Laura, a gente terminou. — Meu amor, você deve estar enganado, nós apenas tivemos uma pequena discussão. — Laura, você enlouqueceu? — É claro que não! — Pois para mim parece que sim! — Leon, como você pode falar assim com a mãe do seu filho? — ela diz, agora com voz de choro. — Que filho? Você não está grávida porra nenhuma! — grito, perdendo a paciência. — É claro que estou! — Laura, você precisa se tratar, é sério! — Escuta o que vou te falar, se eu descobrir que você está me traindo, vou acabar com a sua raça — a puta louca desliga na minha cara, e jogo o celular em cima da mesa. Percebo que a Vanessa está parada na porta do escritório. — Problemas? Eu sei que está estressado, mas precisa fazer a verificação na fábrica. — Obrigado, Vane! E assim foi o meu dia, que começou um desastre, resolvendo pepinos. As horas passaram tão rápido, que quando volto para a minha sala encontro uma bela jovem ruiva, e meu pau resolve dar sinal de vida — e eu pensando que ele não iria mais ficar ereto depois das loucuras da Laura. Acho que me enganei. Ela estava conversando com a minha secretária, e fico imaginando quem seria aquela mulher. É quando a Vanessa me vê e diz: — Leon, venha conhecer a minha irmã! A sua irmã se vira, e naquele momento eu soube que estava encrencado: acabei de me apaixonar pela irmã da Vane, e de uma coisa eu já tenho certeza: ela logo será minha! Depois que minha irmã sai para ir ao trabalho, eu fico em casa pensando no que ela disse. Ligo para o meu cunhado. — Oi, Duda, como está? — Bem, Lucas, graças a Deus! Está ocupado? — Para minha cunhadinha, nunca! Em que posso ajudar? — Lucas, estava pensando no que a minha irmã falou. — O que ela disse? — Que eu tenho que sair de casa e me divertir, e também falou que já passou da hora de eu procurar ajuda. — Duda, a sua irmã está certíssima, eu mesmo já tinha comentado com ela sobre isso. E então, você está disposta a se ajudar? Eu penso, e sim, está na hora de me curar, mesmo que poderia demorar um pouco, mas eu logo ficaria bem. — Alô, Duda? — Desculpa, e, respondendo à sua pergunta, sim, estou querendo me curar. — Maravilha, eu posso te indicar uma psicóloga. — Eu agradeço! — Depois te ligo — nos despedimos. Volto para a cozinha e guardo o que restou do café, limpando tudo. Assim que termino, subo para o quarto e tomo um banho rápido. Saio correndo, para não chegar atrasada ao meu curso. Eu não poderia saber se foi intuição ou prevenção, mas sinto alguém se sentando ao meu lado, e nem preciso me virar para ver que é o idiota do Pedro. — Ora, ora, se não é a esquisita! E ali fiquei, tranquila, ou melhor, tentando ficar tranquila com uma peste bem do meu lado. Não estava dando certo mesmo. O babaca andava me perturbando muito com brincadeiras idiotas e decidiu ficar no meu pé. — Pedro, me deixa em paz! — peço, já perdendo a paciência. — Sabe, quanto mais você me despreza, mais fico gamado em você! — ele diz, e sinto ânsia de vômito. — Você é nojento — comento, com desprezo. — Qualquer hora vou te ensinar uma bela lição! — ele fala, em tom de ameaça, e gelo na hora, tenho certeza de que fiquei pálida. Pego as minhas coisas e, sem olhar para ele, acabo me mudando de mesa. Quando acho que vou ficar tranquila, a praga volta a me atormentar. — O que você quer, Pedro? — Você ainda não entendeu, né? — ele provoca. — Não, e nem quero — me levanto e saio de perto dele, ouvindo-o rir. Quando acho quea praga vai vir para o meu lado novamente, o professor chega, e sinto um alívio muito grande. — Você está bem, Maria Eduarda? — o professor pergunta, ao me ver quieta. — Hã… Estou, professor! — respondo, com voz trêmula, e o professor começa a passar a matéria. Fico ali, ainda em transe. As horas vão passando. Hoje com certeza não prestei atenção a nada que foi passado, e não posso ficar desse jeito. O professor dispensa todo mundo e me chama: — Algum problema, Maria Eduarda? Você é uma das alunas mais aplicadas no curso de Administração, e hoje você não estava tão presente como é nas outras aulas. Tem certeza de que está bem? O que eu devo dizer? “Olha, professor, fui violentada há dois anos, e o babaca do seu aluno fez insinuações sexuais dando a entender que quer me foder”? Não posso falar uma coisa dessas, porque por incrível que pareça é a minha palavra contra a dele. — Nenhum, professor. Posso ir? — Sim, está dispensada. Agradeço e saio correndo, com a sensação de que estou sendo seguida, mas olho para trás e não vejo ninguém. Pode ser impressão minha. Volto para casa o mais rápido possível. Quando chego, tranco tudo e subo correndo as escadas. Vou para o meu quarto e o tranco também. Pode até ser mesmo paranoia, mas não quero pagar para ver. Sento no chão do quarto e começo a chorar, e muito. Eu não posso passar por aquilo novamente. Quando decido que eu poderia finalmente tentar esquecer, o babaca do Pedro resolveu deixar as manguinhas de fora. Desde que comecei o curso, sempre evitei qualquer contato com os colegas. Se eles chegam muito perto, sem querer acabo travando e fico morrendo de medo. — Minha Nossa Senhora, me ajude a superar esse pesadelo — peço, olhando para a imagem que a nossa mãe colocou no meu quarto. — Eu não quero mais sofrer, preciso esquecer — e desabo a chorar novamente. E ali fico durante algum tempo, depois seco as lágrimas ao lembrar que estava sem comer nada e desço para preparar algo. Assim que termino, limpo tudo e volto para o meu quarto, onde me tranco novamente. O meu celular toca, e a única pessoa que me liga é a Vanessa. — Oi, Vane! — cumprimento-a. — Aqui não é a Vane — diz uma voz abafada, e começo a tremer como vara curta. — Quem é você? — pergunto, trêmula. — Ah, sou a pessoa que vai infernizar a sua vida, vadia! — ele desliga. Bloqueio o número e volto a chorar, imaginando que deveria ser aquela peste. Como ele conseguiu meu número? Meu Deus, mais uma vez não! Corro para o banheiro e jogo toda a comida que tinha comido no vaso. E fico ali um bom tempo. Quando acho que não vai sair mais nada, pego a minha escova e escovo os dentes para tirar o gosto amargo do vômito. Assim que termino, ligo o chuveiro e entro, deixando a água quente cair em meu corpo. Lavo-me querendo tirar a sujeira que estava não no meu corpo, mas na alma. Não querendo deixar a minha irmã preocupada, saio correndo do banheiro, me troco rápido, pego a bolsa e saio correndo. Logo vejo um táxi, entro nele e passo o endereço. Não demoro a chegar. Quando o faço, pago o motorista, agradeço e entro no prédio. Aviso na recepção que vim encontrar com a minha irmã, e não deu cinco minutos já estava frente a frente com ela. Abraço-a, e estamos brincando quando ela fala, sobre o meu ombro: — Leon, venha conhecer a minha irmã! — dou-lhe um olhar de advertência, e quando me viro dou de cara com o homem mais perfeito que eu já vi na minha vida. Ele parecia o deus Adônis, o deus da beleza, e uma coisa eu posso dizer: nunca fiquei tão excitada e ao mesmo tempo confusa por causa de um homem. A minha calcinha tinha acabado de inundar só de ver aquele deus ali na minha frente. O andar dele era de predador, e fez-me andar para trás. Não sei o que está se passando comigo, mas uma coisa eu posso dizer de olhos fechados: ele nunca me faria mal. O seu olhar tinha o poder de me levar direto para os seus braços, e fico chocada com esses pensamentos. E ali ficamos, nos olhando durante um bom tempo, era como se estivéssemos presos em uma bolha só nossa, e eu não queria sair dela. Ela é a mulher mais linda que já conheci. Nunca fui ligado em ruivas, e agora sei que tenho preferência, ou melhor, por ela. Que corpo é esse? Nunca fui ligado em mulher cheinha, e agora posso dizer que amo mulher gordinha e fofinha, com carne onde posso segurar para poder foder bem gostoso. Mal conheci essa mulher e não vejo a hora de tê-la em minha cama e fazer amor com ela, tão delicado e ao mesmo tempo foder seu corpo com gosto. Como não a conheci antes? — Ei, está tudo bem? — pergunta Vanessa, e, com um esforço sobre- humano, paro de olhar essa bela rainha e me concentro em sua irmã. Vanessa está me olhando com curiosidade. — Sim, estou bem! — respondo, e me aproximo delas, e a minha rainha se afasta, como se estivesse com receio. Acho isso estranho e olho novamente para ela, percebendo que está com sinais de que tinha chorado. Aquilo me incomodou, e muito. — Que bom. Deixa te apresentar a minha irmã, Leon — ela diz, alegre, e sorrio com a sua animação: — Essa é a Maria Eduarda. — Muito prazer, Leon Vitorino, ao seu dispor! — cumprimento-a com um belo sorriso. Estendo a mão para ela, que me olha meio sem jeito, e fico ali um bom tempo esperando o cumprimento. Quando estou para desistir, ela estende a mão pequena e bem rápido. Toco nela em um cumprimento. — Prazer é meu, Senhor Vitorino. Porra, que voz é essa que ela tem? Sexy pra caramba. Não preciso nem olhar para o meu pau para saber que ele já está ali de pé como se estivesse reverenciando a sua rainha. — Pode me chamar de Leon! — peço, querendo que ela dissesse meu nome só para saber como sairia daquela boca. — OK, Leon! Droga, eu poderia ficar ali só ouvindo a sua voz sexy. Ela me olha nos olhos, e é quando tenho a confirmação de que ela esteve mesmo chorando. Será que foi por algum namoradinho? Ela não pode ter um namorado. Eu não quero que ela tenha. Quero-a para mim, e farei de tudo para conquistar o seu coração. Mesmo que essa minha rainha tenha um namorado, irei tratar logo de fazer com que eles terminem essa relação. — Vane, falta muito para você sair? — ela pergunta, e solta a minha mão, e eu sinto a falta do seu contato. Para um homem da minha idade, ter esses tipos de sentimentos é bem perturbador. — Ah, não, já estou encerrando. Olho para o relógio do corredor e percebo que estava mesmo se encerrando o expediente. Não queria que ela fosse embora, queria ela ali comigo. — Que bom — ela diz, me olhando meio sem jeito. Estava corada. Como ela ficava mais linda corada daquele jeito! Como queria experimentar a sua boca para saber o seu gosto. — Leon, você pode ficar fazendo companhia para a minha irmã? — ela pergunta, e pisca o olho para mim. Essa Vanessa é muito esperta mesmo. — Então, me conta um pouco sobre você? — pergunto, curioso por saber mais sobre a vida da minha rainha. — Bom, não tenho nada de interessante sobre a minha vida — ela diz, quase em um sussurro. — Em minha opinião, você tem — ela olha para mim surpresa. — Não tenho. — Me conta, você estuda? Quantos anos você tem? — solto rápido as perguntas. — Por acaso eu estou passando por uma entrevista? — Não, a menos que você queira vir trabalhar comigo — flerto com ela. — Não, obrigada! — ela responde rápido. — Caramba, você não gostou daqui, não? — Imagina, desculpa se eu te dei a impressão errada, Senhor Vitorino. — Já pedi para me chamar de Leon. — Ah, sim, é claro! Desculpa, novamente — ela dá um sorriso tímido. — Então, não vai me contar? — ela olha para a minha boca fixamente, como se estivesse concentrada. — Hã… Desculpa, fiquei distraída. Eu não viria trabalhar aqui só por causa dos chocolates.— Ufa, que alívio — brinco, e ela me olha curiosa. — Por quê? — Pensei que você não viria trabalhar aqui por minha causa! — Por que o senhor acha isso? — Sabe, Duda… Posso te chamar assim? — tento encontrar as palavras certas para poder dizer a ela o que eu estava querendo dizer. — Sim, é claro — ela responde, e enrubesce. Acho que nem percebeu que havia concordado. — Então, sei que você deve achar estranho o que vou te falar — começo, olhando para ela. Eu estava suando frio. Que droga, nunca fiquei tão nervoso por causa de uma mulher do jeito que estava por ela. Quando ia lhe contar que estava interessado e gostaria de chamá-la para jantar, a sua irmã aparece novamente, e olho feio para ela. — E aí, já se conheceram? — Não o suficiente — comento, ganhando um olhar feio da Vanessa. — Meu Deus, como vocês são moles — ela exclama, e a Duda desvia o olhar do meu e fala: — Vane! — O quê? — Eu te conheço, Vanessa! — ela diz, brava. E não é que ela fica linda toda bravinha?! — Eu não estou fazendo nada de errado — ela se defende. — Até parece! — Duda olha feio para a irmã. — O que você anda aprontando, Dona Vanessa? — brinco, na onda, sabendo muito bem o que ela tinha aprontado. — Meu Deus, como vocês dois são injustos — ela se faz de vítima. — Vane, está ficando tarde! — Droga, é verdade, Duda, temos que ir para o shopping — Vane diz, rápido, e sai correndo. Volta trazendo a bolsa e olha para mim: — Chefinho, tenho que ir. — Foi um prazer ter te conhecido, Senhor Leon — Duda comenta. — O prazer foi meu! — respondo, com sinceridade, e, não querendo que ela fosse embora, me surge uma ideia: — Que tal acompanhar vocês duas ao shopping? — a Duda me olha chocada, e a Vane abre um sorriso de vitória. — Hã… Você deve estar bem ocupado, não? — Duda diz, como se não quisesse que eu fosse. — Na verdade eu… — quando ia responder, a Vanessa o faz por mim. — É claro que não, Duda! — e me olha com deboche: — Leon não trabalha mesmo! — Ei! — eu protesto. — Agora, vamos embora logo — Vanessa diz, e seguimos todos para o estacionamento. Ao chegarmos lá, cada um vai direto para o seu carro, mas, como um bom cavalheiro que sou, abro a porta do carro para a minha rainha, que agradece com um sorriso tímido, e depois faço a mesma coisa com a Vanessa, que sussurra em meu ouvido: — Não deixa a minha irmã fugir de você, Leon. — Não se preocupa, eu não vou deixar — respondo, e ela pisca o olho e entra no carro. Vou para o meu e dou partida, seguindo-as, não vendo a hora de chegar logo àquele bendito shopping para finalmente voltar a ficar perto da minha rainha. — Duda, eu não vou desistir de você! Porque você já é minha! Eu não sabia onde enfiar a cara, tamanha era a vergonha que tinha passado. Minha irmã passou completamente dos limites me oferecendo para o chefe dela. OK, o chefe dela não era de se jogar fora. — Por que você está em silêncio? — Vane me pergunta. — Pensando sinceramente se você não enlouqueceu. — E por que você acha isso? Olho para ela sem acreditar no que acabou de falar. — Vane, tem certeza de que não sabe do que estou falando? — pergunto, pedindo a Deus a paciência que não estou tendo. — Sinceramente, eu não sei! — Vanessa, puta que pariu, tinha que agir daquele jeito? — explodo com ela, que nem se abala. — Agir como? — Me jogando nos braços do seu chefe! — elevo a minha voz. — Eu não sei do que está falando. — Ah, sei, então foi impressão minha você me jogar para o seu chefe? — É claro que sim! — ela volta a se defender, e ficamos em silêncio. Eu estava louca para bater nela. — Oh, Duda! — O que é? — O que você achou dele? Eu sei muito bem que ela gostaria de saber o que eu estava achando dele. Ela queria que eu falasse o quê? Que ele é bonito? Sim, ele é! Que ele é gostoso? Sim, também é! Que quando nossas mãos se tocaram eu senti uma espécie de choque? A isso eu não sei responder. — O que você quer saber? — Duda, ele é gato! — Não achei! — minto. — Ah, me poupe! — ela resmunga. — O que você quer de mim? — Eu quero ver você feliz! — Mas eu sou feliz! — respondo, com firmeza. — Não, minha irmã, você não é feliz. — Por que você acha isso? — Porque você precisa de um homem que te ajude a superar o que você passou. — E você acha que seu chefe pode me ajudar nisso? — É claro que sim! Ele é o que você precisa. Um homem forte, bom e que vai saber te respeitar, e o melhor de tudo: vai poder te amar como você merece. — Vane, você não pode ficar querendo me jogar nos braços de todo homem que conhece. — Eu não estou te jogando em qualquer um, e sim nos braços do Leon! — ela volta a se defender. — Meu Deus, Vane, ele deve estar rindo da nossa cara! — E por que você acha isso? — Vane, pelo amor de Deus! Ele deve estar se divertindo vendo que você está oferecendo a sua irmãzinha na bandeja para ele. — Ah, então você acha ele um lobo sexy e feroz? — ela brinca. — Meu Deus, tem certeza de que não bateu a cabeça em algum lugar, não? — Ah, vamos lá, Duda, só para mim, ninguém vai saber! — ela insiste. — Você quer que eu diga o quê? — A verdade! — OK, ele é bonito, sim. — Não era exatamente o que eu queria ouvir, mas fazer o quê?! Isso vale também. — Graças a Deus, estamos chegando ao shopping, e pode me comprar um sorvete bem grande. — E por que eu tenho que fazer isso? — ela brinca. — Eu estou nervosa, e você vai me pagar um sorvete decente — resmungo. — E eu tenho culpa? — Sim, você tem culpa! — só respondo isso, e meu corpo se arrepia quando tenho a sensação de que estou sendo observada. — Duda, está tudo bem? Começo a olhar de um lado para o outro, desejando que fosse impressão minha. — Duda, meu Deus! Você está pálida — Vane me olha preocupada. Minha irmã me abraça, e sinto uma leve fraqueza nas pernas. Quando acho que vou cair, sinto os braços do Leon me pegando. — O que houve? — ele pergunta à minha irmã. — Não sei! — Eu estou bem — sussurro. Não queria contar o que acho que vi. — Não, você não está bem! — ele diz, com firmeza. — Leon, será que aqui tem uma clínica médica tipo “doutor-consulta”? — Vane, eu estou bem! — Não, você não está — quem responde é o Leon. Ele me pega no colo, e seguimos direto para a entrada do shopping. Lá, vejo a minha irmã perguntando se tinha a tal clínica. Logo estou sendo levada. — Leon, me solta! — Não! — ele nega, e não sinto medo de ficar em seus braços e acho isso muito estranho. — Eu estou bem — resmungo, querendo sair do seu colo e ao mesmo tempo gostando de ficar ali, me sentindo protegida. — Que droga, Duda! — ele diz, bravo. E não é que fico excitada? O que está acontecendo comigo? — Eu não quero ser carregada — falo, puxando o seu rosto em direção ao meu, fazendo-o parar. — Eu estou muito bem e não preciso ficar sendo levada de um lado para o outro! E outra, sou pesada, ou você não percebeu isso? — Eu já disse que não vou te soltar! Meu Deus, mulher, para de ser teimosa! Vamos deixar uma coisa bem clara entre a gente? Eu estou amando segurar uma mulher com curvas! — ele pisca o olho, e fico ainda mais excitada. Como isso é possível? — Leon, esquece, não entra na onda da minha irmã — peço. — E quem disse que estou fazendo isso pela sua irmã? — Eu sei que ela quer me jogar em seus braços — resmungo, na hora sem nem saber o que dizer direito. — Eu não estou reclamando de nada! — Que droga, homem de Deus! Eu não quero namorar ninguém — ele volta a andar pelo corredor, e grito: — Esse “ninguém” serve para você também! — Eu não sou “ninguém” mesmo — tenho vontade de dar uns tapas nele. — Eu sou Leon Vitorino, e você gostando ou não vou cuidar de você! Vou venerar e amar você! — Acabou? — ironizo. — Não, minha rainha, isso é só o começo — ele fala isso em tom de promessa, e droga, achei até fofo, só que ele não precisa saber disso. De uma coisa eu já podia tercerteza: o Leon veio para mudar completamente a minha vida. E isso seria bom ou ruim? Ainda não sei o que iria acontecer! Minha única preocupação era saber quem estava me seguindo. Será que foi o mesmo homem que ligou? Seria o Pedro querendo fazer trote só porque não dou bola para ele? Parece que eu vou ficar por enquanto sem saber o que fazer. Olho para o Leon, tão sério, tão seguro de si e ainda tão determinado a que eu fique com ele. Seria ele o homem certo para mim, uma menina mulher machucada pela vida? Ele me olha e pisca o olho ao ver como eu o estava olhando fixo: — Você não tem ideia de como é perfeita para mim, e não consigo tirar os meus olhos de você nem em pensamentos — seu tom rouco me deixa mais excitada, e acho que devo estar muito doente. — Eu acho que não sou perfeita para ninguém — confesso, com tristeza. — Isso não é verdade! Minha rainha, o que você não entendeu é que você me pertence, e vai descobrir que, quando Leon Vitorino ama, ele ama para sempre! — ele me diz, com convicção. Por que será que sinto que esse homem está me dizendo a verdade? A forma como a Duda estava querendo me dispensar chegava até a ser cômica. Ela ainda não me conhecia bem o suficiente para saber que eu, Leon Vitorino, nunca desisto do que quero, e como eu quero essa menina! Quando chegamos a tal clínica que a Vanessa comentou, coloco a minha rainha sentada na cadeira e dou uma última olhada nela, que está me olhando feio. Deu vontade de pegá-la no colo novamente e beijá-la até ficarmos sem ar, para ver se desmanchava a sua linda carranca. Faço o pagamento da consulta, enquanto a Vanessa vai pegar a bolsa da Duda com a sua documentação. Sou levado com a minha rainha para dentro do consultório, e não demora muito a Duda está sendo examinada pelo médico. Duas coisas que me chamaram atenção: a Duda não queria deixar o médico examiná-la, ficou até mesmo pálida, como se tivesse fobia de médico. Outra coisa era que o médico a estava olhando de uma forma nem um pouco profissional, e isso não gostei de maneira alguma. Quando ele vai tocá-la, não aguento e falo: — Algum problema aí, doutor? — vejo que as mãos dele estão indo para perto dos seios dela. — Nenhum, só estou examinando. — Então usa um estetoscópio em vez de suas mãos, por favor! — peço, querendo pegar esse médico pelo colarinho. — Ah, sim, é claro! — ele se desculpa, envergonhado. O médico coloca o aparelho de pressão no braço dela, e fico observando como se fosse um gavião protegendo o que é seu. Dava para perceber que esse médico tinha ficado interessado na minha rainha, e isso eu não vou permitir. — E aí, doutor, como estou? — minha rainha pergunta. — Muito bem! Eu fico aliviado. — Ótimo! — Eu não te falei? — ela diz, brava, e dou de ombros. — E eu já disse que eu cuido do que é meu! — falo, deixando bem claro que a minha rainha é minha. O médico olha para mim e percebe que aquilo é para ele. — Bom, a senhora está bem. Foi uma simples queda de pressão. — Obrigada, doutor — ela agradece. Eu me levanto e a ajudo a se levantar. Saímos da sala do babaca e, assim que chegamos à porta de entrada, avistamos a Vanessa, que nos olha e diz: — Algum problema? — Leon achando que é o meu dono — ela comenta, ainda me fuzilando. — E você acha que não sou? — provoco-a, amando ver o fogo em seus olhos. — Pelo amor de Deus, vocês vão ficar brigando aqui? — Eu não estou fazendo nada! — me defendo. — Vane, você tinha que ver o Leon falando com o médico, bem estúpido. — Estúpido o cara! Estava querendo tocar em seus peitos — volto a me defender. A mulher é minha e ninguém toca no que é meu. — Meu Deus, fala sério isso! — ela diz, brava, e sai na minha frente toda furiosa, e eu louco para ir atrás dela. Mas a Vanessa me segura: — Nem pense! — O quê?! Eu não fiz nada de errado. — Leon, tenta controlar essa sua possessão aí! — Eu não consigo! — Você tem que conseguir! — Vanessa, o que você está me escondendo? — Isso não é um assunto meu que posso me abrir com você. — Vanessa, a Duda está bem de saúde, não? — fico preocupado. — Sim, ela está bem. — Você sabe que eu estou gostando da sua irmã! — Sei disso. E ela também, só que não quer dar o braço a torcer. — O que eu devo fazer, então? — pergunto, quando conseguimos alcançar a minha rainha na sorveteria. — Ter paciência — ela diz, como se isso fosse fácil. — Vou tentar. — Obrigada. Assim que chegamos lá, a minha rainha estava tomando um sorvete, e sua expressão de prazer fez o meu pau entrar em modo ativo. — Droga… — gemo, vendo-a passar a língua entre os lábios, fazendo-me ficar bem duro. — Algum problema, Senhor Vitorino? — Duda pergunta, provocante. Ah, que vontade de dizer que sim, meu problema é você, mulher! Você não tem ideia do que está fazendo comigo. — Nenhum problema — por dentro, estou grunhindo, morrendo de inveja da sua língua. — Que bom! Vocês não vão querer nada? — Eu estou vendo — responde a Vanessa. Seu celular toca e ela pede licença para atender, deixando nós dois sozinhos. — Então, é bom? — O quê? — Esse sorvete. — Sim, muito bom, você deveria pedir. — Ah, então eu vou querer! — Só ir ali no caixa e fazer o pagamento. — Você não entendeu, né? — Depende do que você está querendo que eu entenda. Eu gosto das suas respostas rápidas. — Eu quero experimentar o seu! — pisco o olho, e não é que ela fica vermelha? Eu amo vê-la corada. — Não! — Por que não? — Porque no meu sorvete ninguém toca, ele é só meu! — ela repete a minha frase, com algumas alterações. — Engraçado você dizer isso. — O que é engraçado? — O que é seu é meu! E, como eu já disse, você é minha! — vejo o sorvete escorrendo pela sua boca e passo o meu dedo nela, sentindo o toque macio dos seus lábios, e levo aos meus e comento: — Sorvete e Duda, uma delícia essa mistura. Ela me olha como se estivesse chocada com o que eu disse, e logo seu rosto fica mais vermelho ao entender. — Você é babaca, grosseiro — ela mostra a língua. — Você é linda! — respondo ao seu “elogio”, tomo coragem e pergunto: — Será que a sua boca é tão gostosa quanto a dona dela? — minha voz sai rouca. — Meu Deus, homem! — ela exclama, sem graça e ainda vermelha. — O quê? É errado eu dizer isso? — provoco-a. — Sim! — ela se remexe na cadeira e desvia os olhos dos meus. — Ah, minha linda rainha, logo você vai ver que tudo que eu falo e faço para você é verdadeiro. — E eu já disse que eu não quero você! — E eu ouvi o que disse, só que eu não sou um homem de desistir. — E o que vai fazer? — Isso, minha rainha, você vai descobrir, e logo! — respondo, abrindo um belo sorriso de vitória. Seu olhar é de puro espanto, e acho que ela nunca foi conquistada. Pego em sua mão e faço um carinho com o polegar. — E eu sou o homem que vai fazer você ver como o amor é maravilhoso. — Como você pode achar que está apaixonado por mim? — ela tenta puxar a sua mão de volta, mas não deixo. — E você, como pode achar que não está apaixonada por mim? — minha pergunta a deixa espantada. — Eu não sei o que é amor! — ela confessa, e seu semblante mostra tristeza. — Eu também não sei, Duda! Só sei que o que eu sinto por você vai além de uma atração sexual. — Eu não posso amar nenhum homem, Leon! — Então o único homem por quem você vai se apaixonar loucamente sou eu! — brinco. — Meu Deus, você é louco? — ela ri, e amo sua risada. Sim, eu estava louco por ela. Estou querendo jogar alguma coisa na cabeça do Leon. O filho da mãe teve a ousadia de vir nos acompanhar para nos fazer segurança. Ah, como tive vontade de tirar o sorrisinho daquele babaca bonito. A vontade é tanta, que chego até a abrir um sorriso de satisfação. — Duda, que sorriso é esse? — Vane pergunta. — Ah, nenhum interessante. — O que você achou do Leon? — Eu nãoachei nada! — Como assim? Você não achou nada? — ela pergunta, espantada. — É isso mesmo, eu não achei nada! — eu não vou lhe dizer que o achei lindo e que ele me deixa confusa com os meus próprios sentimentos. — Sei! — ela me olha desconfiada. — Vane, ainda não te perdoei sobre o seu chefe — resmungo. — Ah, qual é?! — ela ri. — Estou falando sério! — Eu vi vocês dois juntos, e pareciam tão fofos — ela faz um coração com as mãos. — Meu Deus, Vane, para de ver romance em tudo! — ironizo. — E você não tem ideia de como estava feliz conversando com o Leon! — Como assim, feliz? Seu chefe está me atormentando! — me defendo. Eu tinha gostado apenas um pouco de sua companhia. — Não parecia que ele estava te atormentando. — Você não viu nada, então — dou de ombros. — Ah, é? E o que foi que eu perdi? — Ele ficou querendo me controlar! — resmungo. — E é claro que você odiou, não? — ela pisca o olho. — É claro que sim! Não gostei de ouvi-lo dizer “Você, Duda, é a minha rainha” — ironizo, mesmo que no fundo tenha achado meio fofo. — Ai, meu Deus, que coisa mais linda. — Pode ficar para você — brinco. — Não, obrigada, ele não faz o meu tipo. — E por que você acha que ele faz o meu? — Porque ele está caidinho por você! — Vamos esquecer esse assunto, por favor? — “Bora” para a cozinha, estou querendo tomar um suco antes de deitar. — Sim, eu ainda tenho que estudar! — gemo ao lembrar que hoje nem prestei atenção na aula. — Algum problema? — Nenhum, só hoje não estava muito disposta para estudar — desconverso, não queria contar-lhe o que tinha acontecido comigo. — Tem certeza? — ela pergunta, ao me servir o suco de goiaba. — Sim. — Bom, então vou tomar um banho, que amanhã é outro dia. — Vai lá, e pode deixar que lavo essa louça. — Ah, você é um amor! — ela diz, me abraçando, e dou risada. — Eu sou, sim, um amor. — Como você é convencida! — ela debocha. — Sim, e você me ama também — brinco. Dou boa noite para ela e vou lavar a louça. Termino de lavar rápido e deixo secando no escorredor. Vou para o meu quarto e encontro o meu celular no chão. Fico meio receosa se o pego ou não. No fim acabo cedendo, pego o celular do chão e o coloco em cima da cama. Resolvo seguir a minha irmã e também vou direto para o chuveiro. Sentir a água caindo pelo meu corpo foi muito bom. Não me demoro e logo saio, me seco e coloco um baby-doll, pego meus livros e meus cadernos e começo a estudar. Fico assim durante um bom tempo. Estava tão entretida com a matéria, que quase não ouço o meu celular tocar. Fico meio indecisa, não sabendo se verificava ou não. Amanhã sem falta tenho que trocar o chip. Pego o meu celular e, ainda meio receosa, o desbloqueio. Percebo que não tinha nenhuma ligação perdida, e sim um recado no WhatsApp. Quando abro, me deparo com uma mensagem que me deixou feliz e ao mesmo tempo com vontade de esganar a minha irmã. “Boa noite, minha rainha, espero que sonhe comigo!” Esse homem é mesmo impossível. Ele é irritante. Gostoso, mas irritante. “Sinto te decepcionar, eu não sei o que é sonho bom!” Termino de escrever a mensagem e envio. Não demora muito, ele me envia outra: “Ah, minha rainha, ao meu lado você sempre terá sonhos bons!” Por incrível que pareça, acredito nele. Eu não posso me envolver com ele! “E quem disse que eu quero você?” Envio a mensagem rápido, com o coração acelerando. “Minha rainha, como já disse antes, você me pertence!” Acabo rindo da mensagem dele, e devo concordar com a minha irmã, ele me faz rir. “Meu Deus, como você é brega!” Mal acabo de mandar a mensagem, chega outra: “Brega não, minha rainha, sou apenas um homem a fim de uma bela mulher!” Meu coração dá um pulo quando leio essa mensagem. E escrevo o que acho das palavras dele. “Então você mandou mensagem por engano, eu não sou uma bela mulher!” “Ao contrário do que você pensa, vou te mostrar como você é a minha bela rainha! Escreve o que vou te dizer: muito em breve você será minha!” Fico mexida com a forma como ele escreveu, mesmo ele dizendo essas palavras bregas e fofas ao mesmo tempo. Uma coisa eu posso dizer: não sou a mulher certa para ele, e talvez nunca seja. As lágrimas escorrem sem eu perceber, ao ver que tinha um homem que estava a fim de mim, só que nunca poderia ter, e respondo, com dor no coração: “Eu sou uma mulher que não pode amar e muito menos ser amada por um homem como você, Leon! Acho melhor você procurar outra mulher que te faça feliz e que não carregue um passado cheio de dor e sofrimento!” Quando ia desligar o celular, ele acaba tocando: — Nada que você disser me fará desistir de você, minha rainha! — Leon, eu não posso me envolver com ninguém! — digo, com a voz embargada pelo choro. — Não chore, minha rainha, que eu sempre estarei ao seu lado! — Leon, não me procure mais — peço, chorando mais ainda. — Eu sempre vou te procurar, minha rainha, e não chore, porque eu vou te proteger. — Você não entende! — Então me faça entender! — A gente não vai se ver mais! — decido. Preciso procurar ajuda o mais rápido possível. — O caralho que a gente não vai se ver mais! — ele protesta, bravo, e sorrio. — Você não tem o que querer! — respondo, com uma calma impressionante. — O que eu quero é você, Duda, e vou te ter custe o que custar. Escuta o que vou te dizer: nada que você disser vai nos separar! — Sabe de uma coisa, Leon? Tem coisas que podem separar um casal. — Então me diga! — Ainda não posso, não estou pronta. — Deixe-me ajudá-la com o que for. — Não posso, isso só eu posso resolver! — respondo, dando um ponto final, e desligo o celular. Fico ali chorando mais ainda ao perceber que talvez eu tenha mandado embora o homem que poderia me fazer esquecer o meu pesadelo. — Amanhã vou procurar ajuda! — falo comigo mesma. Nunca me senti tão sozinha como me sinto agora. Quando começo a dormir, finalmente sonho com o Leon, e choro dormindo, porque no sonho estamos abraçados e nos beijando, e no outro vem o pesadelo de estar sendo violentada novamente. Choro mais ainda, porque peço a ajuda do Leon, e ele se afasta de mim. Acordo com o rosto banhado de lágrimas e fico deitada em posição fetal, com medo do que poderia acontecer. A perseguição do Pedro no curso, a ligação, o encontro com o Leon e a sensação de estar sendo seguida me deixaram muito abalada. Quando volto a dormir do jeito em que estava, em vez de voltar a sonhar com o Leon, sonho com o estupro, e me sinto suja novamente. Percebo que estou certa mesmo em afastar o Leon, ele não merece ficar com uma mulher suja como eu! Dois anos antes… Eu já me encontrava logo cedo acordado. Quero dizer, mal dormi essa noite. Estava tão preocupado com a minha rainha, que mal consegui pregar o olho. Ouvir seu choro me fez quase sair de casa e ir para a casa dela durante a madrugada. Como eu queria saber o que estava acontecendo com ela! A minha vontade foi ligar para a Vanessa assim que a minha rainha desligou a chamada. Mas não achei certo acordá-la sendo que o problema tinha que ser resolvido entre a minha rainha e eu. Mesmo que ela não queira falar comigo, eu a tenho que procurar, e é o que vou fazer assim que terminar de amanhecer. Levanto-me da cama e sigo para o chuveiro para tirar o cansaço que estava em meu corpo. A forma como ela ficou em meus braços foi perfeita, e logo a imagino aqui em minha casa e em nossa cama. Ela chamou minha atenção não só pelo seu corpo maravilhoso, mas também pela força que me mostrava. Depois do episódio da sorveteria, fiquei com uma bela ereção da porra ao imaginá-la coberta com o chocolate da minha fábrica. A forma como seu corpo ficaria ali regado de chocolate na cama… Eu teria o maior prazer em lamber seu corpo pedacinho por pedacinho. Mesmo que ficasse uma lambuzeira, eu faria essa pequena fantasia acontecer. Pego o sabonete e passopelo meu corpo, desejando que fosse ela que estivesse me tocando. Isso sim seria muito gostoso. Tê-la aqui ao meu lado me acariciando, me tocando, e juntos fazendo amor bem gostoso. Meu pau estava bem duro e precisando de uma foda. Se fosse em outra ocasião, eu iria procurar a Laura, ou outras mulheres com as quais fiz sexo. Desligo o chuveiro e mudo a temperatura para o frio, deixando cair o jato de água fria para ver se desse jeito poderia acalmar o desejo que estava sentindo e também a preocupação com a minha rainha. Quando olho para baixo, vejo que meu pau estava meio duro e dou um suspiro de alívio, não fazia bem eu aparecer com uma bela ereção na casa dela e assustá-la. Eu preciso ver se ela está bem, e nada melhor do que ir já. Troco-me rápido e logo estou indo para lá. Espero que ela me receba. Assim que chego à casa dela, toco a campainha, e quem vem me atender é a Vanessa, que fica surpresa ao me ver ali parado. — Leon, tudo bem? — Mais ou menos, Vane. A Duda está acordada? — pergunto, ansioso para vê-la. — Sim. Acho que ela mal dormiu essa noite. Aliás, parece que vocês dois mal dormiram. — Posso falar com ela? — Ela não está, Leon — Vane me olha curiosa. — Aonde ela foi logo cedo? — já fico preocupado. — Para o curso — ela responde, e fico mais tranquilo. — E você poderia me passar o endereço do curso dela? — É claro que sim. Aguarde só um momento. Você quer entrar? — Não tem problema? — É claro que não! Assim você me conta o que veio fazer atrás da minha irmã a esta hora da manhã — ela brinca. — E você tem que ir para o trabalho, não? — brinco também, um pouco mais aliviado. — Ah, não, meu chefe é bem tranquilo! — Ah, sim, ele é um chefe bem tranquilão, então! — respondo à brincadeira e entro na casa, que é bem simples e ao mesmo tempo com muito bom gosto. Vou olhando ao redor da sala e percebo que há vários porta-retratos delas e também de um casal que imagino serem seus pais. Pego um porta-retrato da minha rainha, o que me fez matar um pouco das saudades suas. — O que exatamente aconteceu com vocês dois? — Por que você acha que houve algo? — Leon, deu para ver nas caras de vocês. — Vane, o que aconteceu depois que deixei vocês em casa ontem? — Bom, que eu saiba nada, por quê? — Porque ontem a sua irmã me dispensou! — Então por isso ela estava triste — Vane fala consigo mesma, e fico curioso. — Vane, ela disse que tinha algo que estava acontecendo com ela. E ela não quis me contar. — Então, Leon, é só ela que pode te contar! — ela diz, sem graça. — É o que eu vou fazer! Vane, obrigado por ter me apresentado a sua irmã. — Leon, escute o que vou te dizer agora, meu amigo. — Estou ouvindo. — Minha irmã é uma pessoa maravilhosa, só que às vezes, ou melhor, quase sempre ela se esconde, é como se ela tivesse medo de enfrentar a realidade. Mas peço que não desista dela. — Percebi que ela esconde algo e não quer me contar. — Sim, mas só ela pode te contar, eu não tenho esse direito. — Eu sei que não, Vane. Só preciso que ela me veja e diga na minha frente que não quer nada comigo. — Então você vai procurá-la? — Sim, e não vejo a hora de ficarmos frente a frente. Vou indo para lá! — Leon, ainda é cedo. — Eu sei disso, mas vou ficar mais tranquilo quando a vir. — Então o Senhor Leon está mesmo gostando da minha irmã?! — ela brinca, e noto suas lágrimas de alegria. — Pois é, minha amiga, a sua irmã deve ser alguma bruxinha que colocou um feitiço em mim, não consigo tirá-la da cabeça, e mesmo que ela me rejeite eu vou lutar até o fim! — me despeço e vou em direção ao curso, onde fico esperando a minha rainha. Algumas horas depois… Saio do carro e percebo que os alunos estão saindo. Reparo que a minha rainha não me vê e corro atrás dela para não a assustar. É quando ela vê que sou eu e para de andar. Noto as expressões em seu rosto, que variam entre medo e alívio. — Leon, graças a Deus que é você! — mal dá tempo de eu responder, e ela desmaia, houve apenas tempo de correr e segurá-la. Grito por ajuda, mas ninguém aparece. — Vamos, minha rainha, acorde, não me deixe assim, não! — peço, apreensivo ao ver que ela não acordava. Arrumo-a em meus braços e pego a sua mochila, colocando-a em meus ombros, e saio correndo em direção ao prédio. Ao chegar lá, encontro alguns funcionários e pergunto: — Vocês têm alguma enfermaria? — logo estão me levando direto para lá. Ao me ver com a minha rainha, a enfermeira exclama, preocupada: — Meu Deus, é a Duda! — Ela desmaiou assim que me viu. — O senhor é o que dela? Antes que me responda, coloque-a aqui nessa maca. — Sou o namorado dela. — Senhor, houve alguma coisa com ela? — Que eu saiba ela se encontra bem — minto, não vou contar que a gente brigou. — Então tudo bem! — ela pega um frasco do que parecia álcool e passa em uma gaze, levando até o nariz da minha rainha. Não demora muito, a Duda começa a se mexer na maca. Logo está abrindo os olhos. Fico aliviado, pois ao me ver ela abre um sorriso e sussurra: — Leon, eu pensei que tinha sido um sonho! — ela leva a sua mão ao meu rosto, fazendo um carinho. Só de ver que ela está bem eu fico mais tranquilo. — Não é um sonho, minha rainha, sou eu mesmo! — é a minha vez de fazer carinho nela, que não se afasta do meu toque como da primeira vez. — Me abraça, Leon! — ela pede, e obedeço, sentindo seu corpo tremer ao meu toque. — Está tudo bem? — pergunto, preocupado. — Sim! Agora que você está aqui, me sinto protegida — ela me abraça com força, e com ela nos meus braços eu faço um juramento. Puxo seu rosto e digo: — Eu juro te amar e te proteger, minha rainha! — selo o juramento com um beijo. Dois anos atrás Eu não acredito que finalmente chegou o dia do meu aniversário. Hoje estou fazendo 18 anos, e graças a Deus alcancei a maioridade. E aqui estou, me arrumando para ir para a escola. Eu não vejo a hora de terminar o ensino médio. Penteio meus longos cabelos ruivos e passo uma leve maquiagem em meu rosto. Sempre fui vaidosa e gosto do jeito como me visto. Gosto de chamar atenção como toda adolescente. Sei que sou bonita e vivo atraindo olhares. — Nossa, Duda, como você está linda! — minha irmã diz, e olho para ela, que estava ali parada na porta. — São seus olhos! — brinco. — E aí, como você está se sentindo tendo 18 anos agora? — Sinceramente, me sinto ótima, sei que parece estranho, mas parece que ganhei a minha liberdade. — Você falando assim até parece que eu te deixava em uma cela! — Vane debocha, e eu rio. — Não é isso, Vane. — Eu sei o que você está tentando dizer. — E você, passou por isso? — Ah, sim! Mamãe e papai acharam graça também quando disse que agora estava livre para fazer o que quisesse — ela diz, com um sorriso triste, que acabou me contagiando. Nossos pais morreram quando eu era criança, e a Vane tornou-se minha guardiã. A nossa sorte é que os nossos pais nos deixaram dinheiro e não precisávamos nos preocupar durante toda a nossa vida. — Você ainda sente a falta deles, não? — Sim. E você? — Sempre — confesso. — Bom, agora chega de tristeza — ela tira uma sacola que estava escondida. Eu não tinha nem percebido. — Para mim? — pergunto, toda feliz. — Sim, hoje é o seu aniversário, minha irmã! — ela me dá um abraço. — Nossos pais teriam ficado orgulhosos de ver como você cresceu linda e com muita saúde. — Eu sinto a falta deles, Vane! — sinto as lágrimas caírem. — Eu sei, minha irmã, eu sei! — ela faz carinho em meu rosto. — Vane, eles morreram muito novos. — Sim! — ela enxuga minhas lágrimas, e seco as dela também. — Bom, vamos mudar de assunto! — Sim, você não quer saber o que ganhou? — É claro que sim! — ela me estende a sacola. Quando a abro, fico surpresa. — Talvez você não soubesse, mas toda mulher da nossa famíliatem um diário. E a mamãe me pediu para te dar um quando fizesse 18 anos se ela não estivesse mais aqui. — Ah, Vane, eu não acredito, ele é lindo! — falo, com sinceridade. Eu nunca soube que todas as mulheres da família tinham um diário. — Ele é, sim! E agora ele é seu, Duda! — volto a abraçá-la. — Hoje vou começar a escrever nele! — Que bom! Agora, me conta o que vai fazer hoje, no dia do seu aniversário? — Bom, como eu sou maior de idade, vou para a balada! E é claro que você vai comigo! — Duda, só peço que tome cuidado, OK? — aceno com a cabeça, e ela continua: — Você agora é maior de idade e não é bom ter uma irmã sempre ao seu lado. — Credo, Vane! — exclamo, olhando-a chocada. — Você é nova e tem que sair. — Duda, menina, vamos fazer o seguinte: que tal a gente ir jantar no restaurante de sua escolha e depois disso você segue para sua balada e eu volto para cá, tomo um belo banho de banheira com um bom copo de vinho? — Menina, você deve ir para a balada comigo! — insisto. — Não, Duda, eu preciso descansar, e outra: meu trabalho anda me estressando um pouco. — Já falei para você sair de lá! — E você, mocinha, está na hora de ir para a escola! — Mas, Vane, eu não aguento mais lá — resmungo. — Duda, aproveita, que é o seu último ano! — Eu sei disso. — Então, o que está te incomodando? — Sinceramente, eu não sei. Quero terminar logo esses estudos e dar um tempo para descansar. — Duda, lembra que eu deixo você ficar alguns meses sem estudar e só depois você vai fazer a faculdade? — Eu sei, Vane. Eu já decidi que vou fazer Administração de Empresas, e quem sabe um dia vamos montar um negócio — brinco. — E você não quer trabalhar numa empresa, não? — Deus me livre! — Agora, vamos lá, que eu te levo para a escola e depois sigo para o trabalho. — Tá bom! Vamos! — acabo cedendo. Coloco o meu presente em cima da minha mesinha, pego as minhas coisas e saio logo atrás da Vanessa. Quando a Vane me deixa na escola, me despeço dela e sigo para a sala de aula; como sempre, já tinha gente idiota na sala. Os moleques eram tão idiotas e as meninas só pensavam em meninos. — Ora, ora, se não é a gostosa da Maria Eduarda — ouço a voz irritante de ninguém mais e ninguém menos do que Pedro, o babaca. Desde que ele entrou na escola, vive me atormentando. — Não enche, Pedro! — respondo, sem nem olhar para ele. Ele vive me aborrecendo, dizendo que eu sou gostosa. E de uma coisa eu tenho certeza: ele fala isso só para ficar me zoando. A única coisa que sinto por ele é nojo. — Nossa, hoje eu estou metida! — ele diz, ironizando. Eu sinceramente não o entendo mesmo. O cara é um babaca completo que só sabe me infernizar. — Pedro, você não bate bem da cabeça, não, né? — Ah, sim, eu bato bem da cabeça, e, quero dizer, das duas! — ele pisca o olho, e olho para ele com nojo. Deixo-o ali falando sozinho. Eu não vejo a hora de ir para a boate e comemorar meu aniversário. Logo vêm algumas colegas conversar comigo, me desejando feliz aniversário e perguntando onde eu iria comemorar. — Estou querendo ir à boate nova que inaugurou, a Devassa. — Obaaa, eu também vou, e já comemoramos o seu níver, o que acha? — pergunta a Adriana. — Com certeza, está marcado! — fecho com as meninas o nosso encontro. Sinto que estou sendo observada, e quando me viro vejo que o Pedro está me olhando. Não gosto muito do seu olhar. Algumas horas depois… E aqui estamos, na boate Devassa. Está cheia e bem badalada. Eu estou gostando do que vejo. Encontrei as meninas ali mesmo na porta da boate, entramos logo e seguimos para a parte do bar. Assim que chegamos ao bar, pedimos a nossa bebida. Brindamos à nossa saúde e ao meu aniversário. — Como você está se sentindo agora, com 18 anos, Duda? — pergunta Lorena. — Maravilhosamente bem! — grito, e rimos. — Ah, menina, eu percebi que o Pedro está dando em cima de você — Adriana comenta. Olho-a e reviro os olhos sabendo do que ela estava falando. Ele era um babaca completo, e era uma pena que o curso que eu estava querendo fazer ele também faria. Bom, era o que eu ouvia sempre dele. — Eu não gosto dele! Ele se acha o maior gostosão, fica dando em cima de todas e ainda acha que eu vou querer alguma coisa com ele. — Ele me perguntou sobre o seu aniversário. — E o que você respondeu? — Bem, ele queria vir aqui. — Pelo amor de Deus, eu não quero esse moleque aqui! — protesto. — Amiga, fica tranquila, eu mesma disse isso a ele! — fico mais tranquila e volto a beber, dançando muito. Algumas horas depois… Eu estava um pouco cansada, pedi licença para as meninas e avisei que iria pedir água para ajudar a controlar a bebida. Quando chego lá, ouço uma voz irritante. — Ora, ora, se a Dona Maria Eduarda não está bêbada! — quando olho, vejo ninguém mais, ninguém menos do que o Pedro. Sinto que a minha noite já tinha se encerrado. — O que você está fazendo aqui, Pedro? — Ora, o mesmo que você! — fico de costas para ele, pego o copo com água e tomo, para ver se me ajudava a melhorar para pedir um carro e irmos embora. — O que você está bebendo? — Agora água — ele me estende o copo e diz: — Quer tomar? — me mostra o seu copo. Ele se senta do meu lado, eu termino a minha água e peço uma Coca-Cola bem gelada. Sou distraída com um cara que chega ao meu lado e me oferece uma bebida. — Não, obrigada! — respondo, e termino de beber o refrigerante. — A gatinha me dá seu número? — Não dou o meu número para nenhum estranho — respondo, e olho para o Pedro, e por incrível que pareça ele me deixou sozinha ali com o idiota. Saio dali, sentindo que estou com muito sono, e resolvo procurar um banheiro e ligar para um táxi, ou mesmo um Uber. — Droga, bebi demais! — resmungo, cada vez com mais sono, se isso era possível, e tonta. Não encontro o bendito do banheiro, e quando finalmente acho que é e empurro a porta, do nada sou empurrada para fora. Não era um banheiro, mas uma saída de emergência. — Puta que pariu, o que estou fazendo aqui? Quem foi que me empurrou? — pergunto a mim mesma, e quando vou entrar ouço uma voz abafada: — Aonde você pensa que vai, sua putinha? — naquele momento, sinto que algo horrível poderia me acontecer. — Quem é você? — sussurro, e começo a dar passos para trás. Quando sinto que esbarrei na pessoa, eu gelo de medo. — Eu sou aquele que vai cuidar com muito carinho de você! Quando tento correr, ele me puxa, e começo a chorar de dor e grito: — Socorroooooo… Levo um tapa no rosto e sinto o gosto do sangue em minha boca, e sei que estou machucada. Nessa hora desejei nunca ter vindo para essa maldita boate. — Agora seja uma boa menina e deixa que eu vou te cuidar. Eu tento enxergar o seu rosto, e não consigo. Tento descobrir a sua voz, e também não consigo. Estou morrendo de medo. — Me deixa em paz, seu idiota! — grito, rezando para que alguém aparecesse, e nada. — Então quer dizer que você é valente, não? — ele diz, em tom ameaçador, e sinto suas mãos em meu pescoço apertando com tanto gosto, que sinto que estou ficando sem ar. — Por favor, não me machuque… — peço, chorando, e o aperto se intensifica e começo a tossir, percebendo que logo estaria perdendo a consciência. — Ah, não vou te machucar, não! — ele diz, com convicção, e não tenho tanta certeza. Quando estou a ponto de desmaiar, o homem me joga no chão, e desejo do fundo do coração que ele tenha se arrependido e peço novamente: — Por favor, me deixa ir embora? Ouço o barulho de cinto de calça e sei que não teria volta. — Não, hoje você vai ser a minha putinha! — logo as suas mãos estão em meu corpo. Sinto-me suja. — Me larga, por favor! — peço, mais uma vez. — Não! Eu tenho uma coisinha muito especial para você! — ele diz, e enfia uma coisa em minha boca. Percebo que é o seu pênis
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