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Mioma Uterino: Conceito, Classificação e Fatores de Risco

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PRISCILA FAGUNDES 
Mioma 
INTRODUÇÃO 
Além de um diagnóstico frequente no consultório, o mioma constitui uma das principais indicações operatórias na prática 
do cirurgião ginecológico. 
Com base em achados ultrassonográficos, cerca apresentam mioma, com predomínio entre 35 e 50 anos de idade. 
Além disso, atualmente, a doença corresponde a dois terços das indicações de histerectomia em mulheres nessa mesma 
faixa etária. 
- Mais de 70% das histerectomias realizadas nos Estados Unidos são para tratamento de doenças benignas do útero e, 
entre essas, o leiomioma representa a principal indicação, com um número aproximado de 200.000 cirurgias por ano. 
 
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO 
O leiomioma uterino é um tumor benigno, formado por fibras musculares lisas, entrelaçadas por tecido conectivo. 
 
Em dois terços dos casos, os tumores são múltiplos. 
 
Podem ser classificados, de acordo com sua localização no útero, como corporais, em 98% dos casos, ou cervicais. 
CORPORAIS - Os corporais podem ser subdivididos em subserosos, intramurais e submucosos. Uma situação mais rara é o 
desprendimento de mioma submucoso pediculado, que se exterioriza pelo colo do útero, sendo denominado mioma 
parido. 
 ----- Existem ainda os miomas que perdem contato com o útero e recebem fluxo sanguíneo de outros órgãos, chamados 
miomas parasitas. 
 
A FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) propôs, em 2011, uma classificação para padronizar 
investigações clínicas. 
 
- O tipo 0 Lesões submucosas pediculadas, totalmente intracavitárias. 
- Os tipos 1 e 2 são submucosos com componente intramural, sendo o tipo 1 com menos de 50% e o tipo 2 com mais de 
50% de penetração no miométrio. 
- Lesões do tipo 3 são totalmente intramurais, mas atingem o endométrio. 
- Lesões do tipo 4 são intramurais e estão completamente envoltas pelo miométrio, sem extensão à serosa ou à superfície 
endometrial. 
- Miomas subserosos do tipo 5 têm mais de 50% do componente intramural; 
- Miomas do tipo 6 têm menos de 50% de componente intramural; 
- Miomas do tipo 7 são subserosos pediculados. 
- Miomas do tipo 8 são aqueles sem nenhuma relação com o miométrio, incluindo lesões cervicais e aquelas que acometem 
o ligamento largo sem conexão direta com o útero, também chamados de miomas parasitas. 
 
- Os miomas podem sofrer degenerações ao longo do tempo, classificadas como: hialina, gordurosa, hemorrágica, cística, 
necrobiose asséptica e calcificação. A necrobiose asséptica, também conhecida como degeneração rubra ou vermelha, 
corresponde ao infarto hemorrágico do leiomioma e pode ser mais comumente observada no ciclo gravídico puerperal, na 
vigência de pílula anticoncepcional ou de análogos do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). 
 
- Outras variantes histopatológicas são o leiomioma mitoticamente ativo, o leiomioma celular ou hipercelular, o leiomioma 
bizarro, o tumor de musculatura lisa de potencial maligno indeterminado (STUMP), a leiomiomatose peritoneal e a 
intravascular. 
 
FATORES DE RISCO: 
A idade é o principal fator de risco, com maior incidência entre 35 e 50 anos e regressão dos miomas após a menopausa, 
seja natural, cirúrgica ou quimioterapicamente. 
A raça também é considerada fator predisponente, observando-se risco relativo duas a nove vezes maior nas negras em 
relação às brancas, com diagnóstico em idade mais jovem e tumores maiores, mais numerosos e mais sintomáticos. 
 
Os antecedentes familiares aumentam o risco em 2,2 vezes para mulheres com mãe e irmã com diagnóstico de mioma. 
A obesidade aumenta a incidência de mioma em 20% a cada 10 kg de ganho ponderal. Tal aumento pode ser justificado 
pela diminuição da síntese hepática de SHBG e o aumento de estrona circulante, em decorrência da conversão periférica 
de androstenediona pela aromatase do tecido adiposo. 
 
FATORES DE PROTEÇÃO 
Como fatores de proteção, podemos citar: 
A paridade, com diminuição do risco de desenvolver mioma a cada gestação, reduzindo-se a 1/5 após cinco gestações; 
O uso de anticoncepcional oral combinado, que reduz em 17% o risco de mioma a cada cinco anos de uso; 
O tabagismo, que gera um hipoestrogenismo, reduzindo em 18% o risco de mioma com o consumo de 10 cigarros por dia. 
 
ETIOPATOGENIA E FISIOPATOLOGIA 
 
Mutações somáticas no miométrio levam à perda de controle do crescimento celular, culminando com um novo 
fenótipo. 
A transformação neoplásica e o crescimento tumoral são graduais e progressivos e os nódulos num mesmo útero 
têm origem monoclonal independente e comportamento biológico distinto. 
Tratam-se de tumores hormônio dependentes, nos quais estradiol e progesterona promovem seu crescimento durante a 
menacme. Em contrapartida, a diminuição dos níveis circulantes deles promove sua regressão. 
- Sabe-se que a predisposição genética e a presença dos esteroides sexuais estão intimamente envolvidas na formação e 
no crescimento dos miomas . 
 
Já se evidenciou maior expressão de receptores de estradiol e de progesterona no tecido tumoral quando comparado ao 
miométrio adjacente e, apesar de o estrogênio ser classicamente apontado como o responsável pelo crescimento do 
mioma, evidências bioquímicas, patológicas e clínicas demonstram que a progesterona tem papel fundamental na 
proliferação tumoral. 
 
PAPEL DESSES DOIS HORMÔNIOS - Enquanto o estradiol estimula a produção de componentes da matriz extracelular 
(colágeno, proteoglicanos e fibronectina), a progesterona aumenta a atividade mitótica e inibe a apoptose. 
 
No entanto, até o momento ainda permanece incerto se a ação dos esteroides sexuais estaria relacionada à iniciação 
neoplásica ou se somente promove o crescimento do tumor, que tem sua oncogênese desencadeada por outros 
mecanismos. 
Além disso, demonstrou-se que mulheres com expressão anômala dos receptores de progesterona (RP-A e RP-B), por meio 
do polimorfismo Progins, podem ter redução da capacidade de ligação e transcrição hormônio-mediada, com consequente 
menor ação da progesterona no miométrio e diminuição na incidência de miomas. 
 
FATORES DE CRESCIMENTO AUMENTADOS - Alguns fatores de crescimento são expressos de forma aumentada no 
leiomioma, quando comparados ao miométrio adjacente. Destacamos o EGF (fator de crescimento epidermoide) e o VEGF 
(fator de crescimento endotelial vascular), cujas expressões no tumor são mediadas pelo estrogênio. 
- A proteína Bcl-2, responsável pela inibição da apoptose celular, encontra-se expressa no leiomioma, e não no miométrio, 
enquanto o 
 - PCNA (antígeno nuclear de proliferação celular) e o Ki-67 (antígeno associado à proliferação celular) também têm sua 
expressão aumentada no leiomioma e estão vinculados à presença da progesterona. 
A ação local dos esteroides sexuais, mediada pela ligação aos seus receptores, leva à ativação de protooncogenes, de 
fatores de crescimento e de seus receptores. 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Aproximadamente metade das pacientes são assintomáticas e, nesses casos, os leiomiomas são apenas achados de 
exame ginecológico ou ultrassonográfico. 
Quando sintomáticos, os miomas podem trazer importante impacto na qualidade de vida. As queixas mais frequentes são 
sangramento uterino anormal, dismenorreia secundária, sintomas compressivos gerados pelo aumento do útero, dor 
pélvica acíclica, dispareunia, sintomas urinários, sintomas gastrointestinais, infertilidade e abortamento. 
Os miomas submucosos são, em sua maioria, responsáveis por quadros de sangramento uterino irregular (metrorragia). As 
erosões na superfície do nódulo, em decorrência do atrito com a parede endometrial, e sua eventual isquemia geram tal 
sangramento. 
Já os subserosos, em sua maioria, não geram sintomas. Quando volumosos, podem cursar com dor pélvica e sintomas de 
compressão extrínseca, como lombossacralgia, aumento da frequência urinária, noctúria, retenção ou incontinência 
urinária e até compressão ureteral, com comprometimento da função renal. 
 
 Os miomas intramurais podem cursar com aumento daintensidade e/ou duração do fluxo menstrual (menorragia 
ou hipermenorragia). Tais achados podem ser explicados pelo aumento da cavidade uterina, pela menor contratilidade das 
fibras miometriais, prejudicadas pela presença do tumor, pela estase venosa endometrial e pelo aumento das prostaciclinas 
no endométrio, que causam vasodilatação e dificultam a formação de trombos. 
 
 Ocasionalmente, os miomas podem sofrer degeneração ou torção de nódulos pediculados, gerando dor pélvica 
aguda. 
As pacientes podem cursar com anemia, fadiga, astenia, taquicardia, dispneia, dor e edema de membros inferiores. Mais 
ainda, os miomas são causa de infertilidade em 5% dos casos, em especial os submucosos, devido à distorção da cavidade 
uterina e à condição inflamatória hostil do endométrio. 
Também podem estar relacionados a intercorrências obstétricas, com aumento da incidência de abortamento, trabalho de 
parto prematuro, restrição do crescimentointrauterino e apresentação fetal anômala. 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico inicia-se na consulta médica, com base nos sintomas presentes. 
No exame físico, a palpação de tumor no hipogástrio, bocelado, de consistência fibroelástica e com alguma mobilidade 
laterolateral pode ser observada mediante massas volumosas. 
No toque vaginal, pode-se palpar o útero com volume aumentado e, 
No toque bimanual, confirma-se tratar de tumor do corpo uterino quando os movimentos realizados no colo do útero e no 
fórnice vaginal são transmitidos ao tumor abdominal. 
 
Porém, deve-se lembrar que às vezes é difícil diferenciar leiomiomas subserosos de tumores ovarianos junto ao corpo do 
útero. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
 O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras afecções ginecológicas, tais como adenomiose, adenomioma, 
pólipo endometrial, tumor anexial, endometriose, câncer de endométrio, sarcoma do útero e até gravidez. 
Quanto aos exames de imagem, é sabido que a ultrassonografia ocupa lugar de destaque. Sua utilização tem grande valor 
para esclarecimento diagnóstico, seguimento e programação terapêutica. 
Ressonância nuclear magnética e histeroscopia também podem fornecer informações valiosas para a análise minuciosa, 
em especial quando se tem em mente o tratamento conservador em suas diversas modalidades. 
 
ULTRASSONOGRAFIA 
 A ultrassonografia transvaginal ou transabdominal é o exame de imagem mais utilizado no estudo de miomas. Pode 
ser suficiente no acompanhamento de casos com conduta expectante, tratamento clínico ou mesmo para indicação e 
programação de tratamento cirúrgico definitivo, com histerectomia. 
 
- O exame ultrassonográfico endovaginal tem melhor acurácia para os miomas intramurais e submucosos. 
 
- Miomas subserosos, quando volumosos, podem ser melhor observados com associação da via transabdominal. 
 
FUNÇÃO DA USG - A ultrassonografia permite avaliar a morfologia e as dimensões do útero e do endométrio, além de 
caracterizar nódulos, padrão de vascularização tecidual, pelo estudo Doppler colorido, e análise espectral das artérias 
uterinas, pelo estudo Doppler espectral. 
 
CARACTERIZAÇÃO DO MIOMA NA USG - Miomas geralmente se apresentam à ultrassonografia como nódulos 
hipoecogênicos e podem apresentar calcificações ou tênues reforços acústicos, em casos de degeneração cística. Os 
contornos, bem ou mal definidos, ficam na dependência da pseudocápsula, formada pelo edema e pela compressão do 
miométrio adjacente. Os miomas apresentam vascularização predominantemente periférica, por serem compostos por 
musculatura lisa, diferenciando-se dos adenomiomas. 
 
USG TRIDIMENSIONAL 
 
Outra modalidade que pode ser utilizada é a ultrassonografia tridimensional, que consiste na realização de 
ultrassonografia convencional, porém com uma tecnologia que permite aquisição multiplanar e volumétrica, possibilitando 
reconstruir as imagens adquiridas em diferentes planos anatômicos (axial, sagital e coronal). Essa tecnologia tem várias 
aplicações na ginecologia, sendo um método eficaz no diagnóstico das malformações müllerianas, avaliação de dispositivos 
intrauterinos e diagnóstico de pólipos endometriais. Pode-se lançar mão da reconstrução tridimensional para obter um 
mapeamento dos miomas, bem como estudar a cavidade uterina, com ótima sensibilidade quando comparada ao método 
convencional. A histerossonografia é uma complementação que pode ser usada para avaliação de doenças focais da 
cavidade uterina, como pólipos e miomas submucosos, com possibilidade de mensuração da sua extensão miometrial, 
atingindo níveis de sensibilidade e especificidade próximos a 90%. Trata-se, entretanto, de técnica trabalhosa para o 
realizador e com certo desconforto para a paciente. Por isso, assim como pelo fato de outros exames fornecerem 
informações semelhantes, tem sido pouco utilizada. 
 
Histeroscopia 
 
É um exame que consiste na introdução de uma ótica fina pelo canal cervical, para avaliação da cavidade uterina, 
possibilitando a visão direta dos miomas submucosos, assim como de outras lesões ali localizadas. 
 
De acordo com a European Society of Gynecological Endoscopy (ESGE), os miomas submucosos são classificados em: 
G0 (totalmente intracavitário), G1 (≥ 50% intracavitário) e G2 (< 50% intracavitário), que correspondem aos tipos 0, 1 e 2, 
respectivamente, da FIGO. 
 ---- QUANDO REALIZAR - A histeroscopia deve ser realizada, de preferência, na primeira fase do ciclo menstrual, tendo 
elevada acurácia, com sensibilidade de 88% a 100% e especificidade próxima a 100%. Possibilita uma excelente avaliação 
endocavitária e dos nódulos submucosos, porém não permite a avaliação completa do eventual componente intramural e 
da distância entre o nódulo e a serosa, chamada de manto miometrial externo. Por isso, seus achados devem somar-se aos 
de outros exames, principalmente ultrassonografia ou ressonância magnética, para a programação terapêutica. 
 
RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA 
Importante salientar que, quando se planeja tratamento cirúrgico conservador, outros exames de imagem tornam-se úteis, 
em especial a ressonância nuclear magnética. Atualmente, a ressonância é o método que possui melhor resolução, assim 
como a mais detalhada discriminação anatômica da pelve feminina. 
Encontra, contudo, limitação de uso devido, principalmente, o custo para execução do exame. 
INDICAÇÃO - Diferenciar tumores pélvicos e para avaliação pré-miomectomia ou embolização das artérias uterinas (EAU). 
Permite distinguir o mioma de outras afecções ginecológicas que por vezes coexistem, como adenomiose e endometriose, 
além de topografar, dimensionar e mesmo sugerir informações histológicas com acurácia de até 69%. É um método que 
apresenta sensibilidade de 85% a 99% e especificidade de 91% a 94% no mapeamento e mensuração dos miomas, 
comparativamente a 69% e 87%, respectivamente, da ultrassonografia. 
 
TRATAMENTO CLÍNICO 
A indicação do tratamento é individualizada e leva em consideração inúmeros fatores, como: sintomas, idade da paciente, 
número, tamanho e localização dos miomas, expectativa em relação ao futuro reprodutivo e desejo de preservar o útero, 
tratamentos prévios, além da coexistência de outras doenças. 
 
Habitualmente, as pacientes assintomáticas ou oligossintomáticas devem ser apenas acompanhadas clínica e 
ultrassonograficamente, para monitorar o surgimento de queixas, além do volume e crescimento dos miomas. 
 
O tratamento clínico pode ser indicado para controle do sangramento e da dor pélvica, como tratamento inicial ou mesmo 
a longo prazo, no caso de pacientes que têm risco cirúrgico elevado ou que não desejam ser submetidas a procedimentos. 
 
O tratamento medicamentoso pode ser dividido em não hormonal e hormonal. 
Entre a terapêutica não hormonal, citamos os 
Anti-inflamatórios não hormonais (AINHs), que auxiliam no controle do sangramento menstrual, por inibir a síntese de 
prostaciclinas, diminuindo em cerca de 30% o sangramento uterino e aliviando muitas pacientes. 
 
- Outro grupo a ser citado é o dos antifibrinolíticos,como o ácido tranexâmico, que podem ser utilizados isoladamente ou 
associados aos AINHs, inibindo a fibrinólise na superfície endometrial, com consequente redução do sangramento 
menstrual. 
 
 - Entre os hormonais, podemos citar os anticoncepcionais combinados e os progestagênios isolados, que também podem 
ser usados para controle do fluxo menstrual, com redução significativa do sangramento em boa parcela dos casos. 
 
- O dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (LNG-IUS) também pode ser de grande valia no tratamento clínico 
do mioma, reduzindo o fluxo menstrual, graças à ação do levonorgestrel sobre o endométrio. 
 
- Os análogos agonistas do GnRH (a-GnRH) levam à redução dos esteroides sexuais circulantes e podem causar amenorreia 
e reduzir temporariamente o volume dos nódulos e do útero em até 50%. São administrados uma vez a cada quatro 
semanas ou em doses trimestrais. Seu resultado máximo é atingido, em geral, entre 8 e 12 semanas. 
No entanto, logo após sua suspensão, os miomas retornam aos padrões prévios. 
Os a-GnRH podem ser indicados no pré-operatório de miomectomias, em geral entre dois e três meses antes do 
procedimento, buscando-se melhora dos níveis de hemoglobina e redução do volume tumoral, com diminuição do 
sangramento intraoperatório. Porém devido aos efeitos colaterais e não tem resultado a médio e longo prazo o uso é 
pouco frequente. 
 Tendo em vista o crescimento dos miomas estar relacionado à ação da progesterona, estudos recentes analisam o 
uso dos 
moduladores seletivos dos receptores de progesterona (SPRMs) no tratamento clínico dessa afecção. Dentre as substâncias 
estudadas, destaca-se o: 
Acetato de ulipristal, que, além de agir nos receptores miometriais e endometriais, inibe a ovulação, sem efeito significativo 
nos níveis de estradiol. Ainda, os mecanismos relacionados à redução volumétrica dos leiomiomas mediados por essa 
medicação estão relacionados à inibição da proliferação celular, indução da apoptose e facilitação da reorganização da 
matriz extracelular. 
A administração oral do acetato de ulipristal, nas doses de 5 ou 10 mg por dia, causa redução significativa no volume do 
mioma, bem como controle do sangramento excessivo. 
Dentre os efeitos colaterais observados, destaca-se a elevação de creatinofosfoquinase (CPK), sem eventos 
cardiovasculares associados e com regressão espontânea no seguimento. Os SPRMs foram associados a mudanças no 
tecido endometrial, também com regressão espontânea após cessado o tratamento. 
 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
 
O tratamento cirúrgico é dividido em conservador ou definitivo. 
CONSERVADOR - A miomectomia é o tratamento conservador; 
DEFINITIVO – HISTERECTOMIA. 
Histerectomia 
A histerectomia é o tratamento definitivo para o leiomioma uterino, apresentando eficácia estabelecida e resultados 
favoráveis à qualidade de vida. Não afeta adversamente a função sexual e, naquelas com queixas a respeito, melhora a 
satisfação sexual, por diminuição de sangramentos inadvertidos e dispareunia. 
- A histerectomia costuma ser acompanhada da remoção das tubas uterinas (salpingectomia oportuna). A remoção dos 
ovários é indicada eventualmente em situações de doença ovariana associada ou situações claras de risco, como histórico 
pessoal e familiar e/ou mutações BRCA1 e BRCA2, com risco elevado para câncer de ovário. Portanto, preconiza-se 
histerectomia com salpingectomia bilateral, o que reduz o risco de câncer de ovário, mesmo com a manutenção das 
gônadas. 
A histerectomia pode ser realizada por via vaginal ou abdominal, por técnica laparotômica, laparoscópica, laparoscópica 
robôassistida (daVinci Surgical System®) ou, ainda, com associação de vias e técnicas. 
- As vias laparoscópica e laparoscópica robôassistida podem ser consideradas quando o útero é pouco móvel ou menos 
acessível por via vaginal ou se há fatores de risco, como doença inflamatória pélvica, endometriose, aderências densas, 
doença anexial ou importantes distorções anatômicas. 
- A laparotomia está indicada em casos de úteros muito volumosos, assim como quando há condições clínicas e 
cardiovasculares da paciente que podem ser agravadas pelo pneumoperitônio ou pela posição ginecológica ou de 
Trendelemburg acentuado. 
 
MIOMECTOMIA 
 Consiste na exérese cirúrgica dos miomas com manutenção do útero, preservando a função menstrual e 
possibilitando, muitas vezes, gravidez futura. A miomectomia múltipla é um procedimento complexo e de maior tempo 
cirúrgico do que a histerectomia, com maior potencial de sangramento, mais formação de aderências e maior risco de 
complicações, enquanto a retirada de nódulo único costuma ser mais simples e tem menor chance de recidiva. Diferentes 
vias e técnicas podem ser utilizadas para a realização da miomectomia. A individualização de cada caso é fundamental, 
considerando-se a localização e o tamanho do mioma. 
- A miomectomia histeroscópica, por exemplo, costuma ser a opção para o tratamento do leiomioma submucoso. 
- A miomectomia vaginal, por sua vez, é reservada para a exérese de leiomioma parido, pela torção do seu pedículo, assim 
como a retirada de nódulos cervicais intravaginais. 
- A laparotomia e a laparoscopia, convencional ou robô-assistida, são as vias de acesso para o tratamento dos miomas 
intramurais e/ou subserosos, devendo-se proceder sempre com minuciosa avaliação e mapeamento do útero, para 
caracterização do número, tamanho e localização dos nódulos, além da mobilidade uterina e das condições pélvicas 
eventualmente associadas, como a presença de outras enfermidades. 
Devemos ressaltar que a miomectomia, assim como outros tratamentos conservadores, nem sempre corresponde ao 
tratamento definitivo, já que a taxa de recorrência se mantém ao redor de 25% em 10 anos, com indicação de histerectomia 
em 8% das pacientes. 
 
- MIOMECTOMIA LAPAROSCÓPICA 
Estudo comparando a laparoscopia com a minilaparotomia quanto à viabilidade, segurança, morbidade e chance de 
gravidez, mostrou menores morbidade, perda sanguínea e tempo de internação, com maior taxa de gravidez no grupo 
submetido à laparoscopia. O índice de complicações foi semelhante e o tempo cirúrgico foi pouco maior na laparoscopia, 
comparativamente à laparotomia. O número de nódulos e a sua localização são fatores na escolha do acesso laparoscópico. 
Tumores com maior diâmetro de até 7 a 10 cm, únicos ou acompanhados de até quatro a seis nódulos menores, 
provavelmente poderão ser tratados por laparoscopia. No entanto, tais características e limites não constituem uma regra, 
de forma que a decisão vai depender também das condições da paciente, assim como da experiência da equipe cirúrgica e 
da disponibilidade de instrumentos adequados. O advento da cirurgia robótica (laparoscopia robô-assistida) pode estender 
as indicações laparoscópicas, principalmente pela facilitação da sutura endoscópica, com movimentos intuitivos e 
articulados das pinças robóticas. 
 
- MIOMECTOMIA LAPAROTÔMICA 
A miomectomia por laparotomia tem sua indicação principal nos casos de nódulos muito grandes e/ou numerosos, ou ainda 
quando há limitação por experiência da equipe cirúrgica ou falta de equipamento adequado, com chance de sangramento 
excessivo, sutura inadequada e tempo cirúrgico muito longo, o que anula as vantagens da laparoscopia. 
Vale destacar que em casos complexos, independentemente da via de escolha, podemos lançar mão de técnicas para 
reduzir o sangramento intra e pós-operatório, como infusão de vasopressina intramiometrial, aplicação de misoprostol via 
vaginal, garroteamento cervical, oclusão das artérias uterinas e/ou ligamento útero-ovariano (temporária ou permanente) 
e aplicação de hemostáticos. 
 
- MIOMECTOMIA HISTEROSCÓPICA 
Constitui a principal via de acesso para tratamento dos nódulos submucosos. Há melhora dos sintomas em mais de 90% 
das pacientes, com recidiva abaixo de 5% em 36 meses. 
 
- EMBOLIZAÇÃO DAS ARTÉRIAS UTERINAS (EAU) 
Trata-se de técnica radiointervencionista endovascular para tratamentoconservador de leiomiomas sintomáticos e 
consiste na oclusão da irrigação sanguínea para os miomas, por meio da injeção de micropartículas (microesferas, álcool 
polivinílico ou esponjas), que tem como objetivo a obstrução do fluxo sanguíneo arterial no leito tumoral, levando à necrose 
e à redução volumétrica dos tumores. 
Como indicações da EAU, podemos citar a falha de tratamentos prévios, recidivas, pacientes sem condições para 
tratamentos cirúrgicos, assim como aquelas que optam pelo procedimento como primeira escolha. Em pacientes com 
desejo reprodutivo, o procedimento pode ser indicado quando não for possível a realização da miomectomia. 
 
- LIGADURA DAS ARTÉRIAS UTERINAS 
Pode ser realizada por via vaginal, laparotômica ou laparoscópica, associada ou não à ligadura do pedículo útero-ovariano. 
Embora a ligadura das artérias uterinas, temporária ou permanente, seja uma alternativa para reduzir o sangramento em 
miomectomias, sua realização como procedimento exclusivo para tratamento conservador de miomas tem alguns 
resultados animadores. 
 
- MIÓLISE POR ULTRASSOM FOCALIZADO DE ALTA INTENSIDADE (HIFU) GUIADO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
 
Outra alternativa conservadora para o tratamento do mioma uterino é a aplicação de ultrassom focalizado guiado por 
ressonância magnética, método que emprega feixes ultrassônicos de alta intensidade (500 a 700 W/cm²) direcionados a 
um determinado ponto por poucos segundos, aumentando a temperatura no tecidoalvo (de 55 a 90 °C), com consequente 
necrose de coagulação.

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