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LEIOMIOMA / MIOMA UTERINO LIVRO CISAM + MEDCURSO + FEBRASGO LOUISE CANDIOTTO 1 INTRODUÇÃO Neoplasia benigna da musculatura miometrial Musculatura de natureza lisa. Neoplasia estrógeno dependente Desenvolvem-se durante os anos reprodutivos. Uma das neoplasias mais comum do sexo feminino. Mais comum dos tumores pélvicos. 25% das mulheres apresentam leiomiomas clinicamente reconhecíveis. A maior parte dos miomas são assintomáticos. Apesar disso, podem determinar importante morbidade como sangramento genital, infertilidade, dor, sintomas compressivos e aumento de volume abdominal. Causa estrutural mais comum de sangramento uterino anormal. O diagnóstico é realizado pela associação de dados da história clínica, exame físico ginecológico e achados do exame de imagem. As pacientes portadores de mioma se apresentam com um amplo espectro de gravidade. Mais frequente indicação de histerectomia 1/3 das indicações. FATORES DE RISCO História familiar Evidente caráter hereditário Herança multifatorial Caso a mãe da paciente tenha realizado histerectomia devido ao mioma, a paciente possui um risco 50% maior de apresentar Idade Não costuma aparecer antes da puberdade Tendem a regredir pós menopausa Características de neoplasias estrógenos dependentes Prevalência na 5° década de vida Paridade Correlação inversa entre o número de partos e a frequência de miomas Multíparas (4/5 filhos) possuem redução de 70-80% na chance de terem miomas em relação as nulíparas O risco de uma paciente vir a ter um mioma aumenta quanto maior o tempo decorrido desde a sua última gestação Etnia Maior prevalência dos miomas em mulheres afrodescendentes (2-3 vezes maior) Menarca Correlação negativa Quanto mais cedo, maiores as chances Principalmente antes do 10 anos Pode estar relacionado a maior exposição aos hormônios esteroides endógenos Obesidade Alguns estudos mostram relação Controverso Postula-se que a obesidade pode aumentar o ritmo de crescimento dos miomas ou promover o aparecimento de sintomas ao invés de aumentar a incidência Uso de hormônios esteróides As melhores evidencias indicam redução da incidência ou nenhum efeito O diagnóstico de mioma não é contraindicação para o uso de ACO Fator protetor A terapia de reposição hormonal na menopausa não está contraindicada Exposição ambiental e dietética Parece haver uma associação com a exposição disruptores endócrinos, principalmente durante a fase pré- puberal Algumas evidencias associam miomas a baixos níveis de vitamina D Consumo de álcool Principalmente cerveja, aumenta o risco Hipertensão Associada ao aumento do risco Tabagismo Diminui o risco de leiomiomas ETIOPATOGENIA Os leiomiomas são neoplasias clonais, o que significa que todas as células de um determinado mioma têm origem em um único miócito. Aparentemente não existe um único mecanismo responsável pelo aparecimento e crescimento dos miomas. LOUISE CANDIOTTO 2 A mutação tumor-específica mais frequentemente encontrada nos miomas está localizada no gen MED12 (subunidade 12 do complexo mediador), presente em 70% dos casos. Não há dúvidas da influência do estrogênio, bem como crescentes evidencias do papel dos progestogênios na indução do crescimento dos miomas. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PORÃO UTERINA Podem ser CORPORAIS ou CERVICAIS, a depender da PORÇÃO DO ÚTERO QUE SE LOCALIZAM. CORPORAIS: 98% dos casos CERVICAIS: Mais raros 2-3% dos casos A proporção das fibras musculares em relação às conjuntivas é menor no colo quando comparado ao corpo uterino Apresenta-se como uma deformidade do colo, muitas vezes dificultando a colocação do espéculo e a visualização do orifício externo Importante no diagnóstico diferencial dos pólipos cervicais Geralmente assintomáticos Os mais volumosos podem acompanhar-se de dispareunia e exteriorização pelo introito vaginal Havendo obstrução do canal cervical é possível ocorrer dismenorreia Exame especular e toque vaginal definem o diagnóstico POSIÇÃO DE ACORDO COM AS CAMADAS DO ÚTERO Dependendo da CAMADA DO ÚTERO ENVOLVIDA SUBMUCOSOS, SUBSEROSOS ou INTRAMURAIS. Grande parte dos miomas envolvem mais de uma camada uterina Salientar qual é predominante e qual é minoritário. SUBMUCOSOS: Abaúlam a cavidade endometrial Forma que provoca mais hemorragia íntima relação com a mucosa endometrial Podem ser sésseis ou pendiculados Os submucosos pendiculados podem ocasionalmente ser expulso da cavidade endometrial, recebendo o nome de mioma paridos SUBSEROSOS: Destroem a serosa uterina Localizados abaixo da serosa uterina Sob o peritônio visceral uterino Possui mais de 50% do seu volume projetado na camada serosa do útero É o que provoca menos sintomas Podem ser sésseis ou pendiculados São chamados de intra-ligamentares quando crescem entre os folhetos do ligamento largo Chamados de parasitas quando aderem a outros órgãos e deles derivam vascularização INTRAMURAIS / INTERSTICIAL: Estão contidos na espessura miometrial Na intimidade do miométrio Forma intermediária entre o subseroso e o submucoso A medida que cresce pode evoluir para subseroso ou submucoso Menos de 50% do seu volume protrai na superfície serosa do útero Relaciona-se com quadros de hemorragia uterina LOUISE CANDIOTTO 3 CLASSIFICAÇÃO FIGO 2011 0. Submucoso pediculado 1. Submucoso com <50% intramural 2. Submucoso com >50% intramural 3. Intramural, tangencia a cavidade endometrial 4. Intramural 5. Subseroso com <50% intramural 6. Subseroso com >50% intramural 7. Subseroso pediculado 8. Outro (cervical, parasita) OBS: 2-5: híbrido (submucoso e subseroso com < 50% na cavidade endometrial e <50% na cavidade peritoneal. ANATOMIA PATOLÓGICA Os leiomiomas são tumores nodulares que podem ser únicos ou múltiplos, pequenos ou gigantes. Podem causar aumento simétrico do útero ou distorcer significativamente o seu contorno. São circunscritos, bem delimitados, pseudocapsulados, permitindo com facilidade a sua enucleação cirúrgica da musculatura normal. O aspecto microscópico é brancacento e endurecido com brilho nacarado Predomínio de tecido conjuntivo. Ou podem ser róseos, de consistência amolecida, cística ou elástica Predomínio de tecido muscular. Em termos histológicos, observam-se fibras musculares lisas distribuídas de forma espiralar, com tecido conjuntivo de permeio. São raras as mitoses. Os miomas costumam ser mais celulares que o miométrio adjacente. Não é rara a ocorrência de degenerações que alteram a estrutura do mioma Hialina, cística, mucoide, rubra/vermelha/carnosa (durante a gravidez), gordurosa, calcificação, necrose, sarcomatosa ( degeneração maligna rara e questionável). LEIOMIOMAS BENIGNOS: Baixo índice mitótico Ausência de atipias citológicas ou necrose celular (exceto por isquemia) Células fusiformes uniformes em forma e tamanho Ausência de componente intravascular Massas bem circunscritas LEIOMIOMAS MALIGNOS: Mitoses abundantes (>10 por campo de grande aumento) Atipia nuclear predominante Necrose celular tumoral coagulativa em padrão geográfico QUADRO CLÍNICO A grande maioria dos miomas são assintomáticos. Muitos são descobertos por exames ecográficos de rotina. Os sintomas dependem do tamanho, do número e da localização dos leiomiomas. SINAIS E SINTOMAS: Sangramento uterino anormal Principal sintoma Sintoma que mais leva as pacientes a intervenções cirúrgicas Hipermenorreia é o distúrbio mais característico Pode evoluir para perdas sanguíneas contínuasque variam de polimenorreia a episódios de metrorragia Parece decorrer de: Aumento da superfície endometrial sangrante Compressão e congestão venosa no miométrio e endométrio Dificuldade do miométrio de se contrair Mais comum nos miomas submucosos O tipo de sangramento e a magnitude da perda hemática variam muito em função da localização, do diâmetro, do número de miomas e de outras condições clínicas associadas O sangramento intermenstrual não é característico Dor pélvica e dismenorreia Sintomas inespecíficos Raramente são causas de dor pélvica LOUISE CANDIOTTO 4 Dor hipogástrica com irradiação para região lombar e membros inferiores, sintomas urinários e intestinais, e dispareunia Outras causas de dor e sangramento devem ser descartadas Infertilidade Controverso que ele sozinho cause infertilidade Geralmente há outros fatores associados 5-10% dos casais inférteis Pode se associar a miomas que distorcem a cavidade endometria ou desviam o trajeto das trompas Pode haver abortamentos ou complicações obstétricas em mulheres com leiomiomas, embora a maioria evolua com gestações e partos sem complicações Compressões geniturinária Pressão vesical ou ureteral Nos volumosos ou naqueles localizados no istimo uterino ou nos intraligamentares Pode provocar Polaciúria, incontinência urinária, hidronefrose e incontinência urinária EXAME FÍSICO O exame clínico apresenta boa acurácia em úteros com mais de 300g, o que equivale à gestação de 12 semanas. Ao toque digital bimanual, deve-se identificar o útero, sua posição, volume, forma, contornos, consistência e mobilidade. Os miomas tipicamente aumentam o volume uterino, tornando a sua superfície irregular (nódulos), bocelada, endurecida, diminuindo sua mobilidade e modificando sua forma. No exame físico geral, devemos nos atentar para os sinais de hipovolemia e de anemia, bem como sinais sugestivos de fenômenos compressivos, tais como edema de membros inferiores. ACHADOS DO EXAME CLÍNICO: Aumento do volume abdominal Comum em miomas volumosos que saem da cavidade pélvica Atualmente é uma queixa isolada menos frequente Exames ginecológicos e USG periódicas Crescimento rápido ou crescimento pós- menopausa Corrimento vaginal Distúrbios intestinais DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico é feito pela anamnese (investigando os sintomas) e pelo toque vaginal bimanual. Através da anamnese e do exame clínico cuidadoso é possível realizar o diagnóstico da maior parte dos casos. Por meio dela, além de caracterizar-se os sintomas e sua evolução, pode-se investigar a ocorrência dos fatores de risco. OBS: Qualquer tumor pélvico pode ser confundido com mioma uterino. Por vezes o diagnóstico é evidente quando em pacientes com ou sem sangramento anormal, é possível realizar a palpação de massas sólidas no hipogástrio através do exame abdominal ou toque bimanual. Outras vezes, o útero, mesmo intrapélvico, apresenta-se ao toque com aumento global do volume e/ou superfície bocelada habitualmente com aumento localizado da consistência. Diante de massas sólidas anexiais é importante avaliar a continuidade delas com o corpo uterino Diferenciar miomas subserosos pediculares de tumores sólidos ovarianos. O diagnóstico pode ser confirmado também pelo exame especular nos miomas paridos. Os exames de imagem auxiliam sobremodo no diagnóstico dos miomas. EXAMES COMPLEMENTARES Os exames de imagem auxiliam sobremodo no diagnóstico dos miomas. EXAMES DE IMAGEM: USG pélvica Transvaginal Transabdominal Histerossonografia Histerossalpingografia TC RM PROCEDIMENTOS VIDEOENDOSCÓPICOS: Histeroscopia Videolaparoscopia DICA Miomas subserosos Tendem a causar sintomas compressivos e distorção da anatomia de órgãos subjacentes. Miomas intramurais Causam sangramento e dismenorreia. Miomas submucosos Produzem frequentemente sangramentos irregulares e infertilidade. LOUISE CANDIOTTO 5 USG PÉLVICA É o exame de imagem mais importante e mais facilmente acessível. Evidencia nódulos hipoecoicos na parede uterina. Margens em geral nítidas o que permite a definição do número e da localização ecográfica precisa dos nódulos no útero. TRANSVAGINAL: Vantagem de oferecer informações adicionais sobre a arquitetura interna e anatomia da massa tumoral Informações de alterações na cavidade endometrial PÉLVICO: Miomas muito volumosos ou pacientes virgens HISTEROSSONOGRAFIA Nos miomas submucosos pode ser utilizada com o fim de detalhar a posição exata do mioma em relação aos limites da cavidade endometrial e da serosa uterina. Dados importantes para a classificação e planejamento cirúrgico. HISTEROSSALPINGOGRAFIA Pode sugerir a presença de mioma ao revelar falhas no enchimento da cavidade. Não deve ser exame de primeira linha para pacientes com sangramento genital. Indicado para avaliação da permeabilidade tubária em casos de infertilidade. Quando acha algo deve ser complementada pela USG e/ou histeroscopia. TC Não é indicada de rotina como exame diagnóstico primário. RM Boa acurácia para definir o volume e a localização dos miomas. É o melhor exame para visualização e mensuração de leiomiomas. Limitação Custo elevado. Ideal para a diferenciação de leiomiomas da adenomiose, ou para a constatação de adenomiose de forma associada. HISTEROSCOPIA Importante na avaliação do sangramento uterino anormal. Avalia o ângulo entre o mioma e a parede da cavidade. Ajuda a classificar a planejar a cirurgia. Permite identificar nódulos submucosos ou nóduos intramurais. Permite a diferenciação entre os miomas e os pólipos endometriais nos casos duvidosos. Os miomas geralmente aparecem como formações firmes, nacaradas, com superfície lisa ou bocelada, com revestimento endometrial normal ou atrofiando por compressão e eventualmente vasos dilatados em sua superfície. Os pólipos em geral são móveis, maleáveis, frequentemente congestos e com revestimento endometrial semelhante ao endométrio adjacente. VIDEOLAPAROSCOPIA Não é indicada apenas para fins diagnósticos. Indicada nos casos de infertilidade ou de outras afecções ginecológicas concomitantes. TRATAMENTO O tratamento dos casos assintomáticos dos leiomiomas uterinos não é necessário, e deve-se adotar conduta expectante. O tipo e o momento ideal de intervenção devem ser individualizados, com base nos seguintes fatores: Tamanho do(s) mioma(s) Localização do(s) mioma(s) Sintomas Idade da mulher Aspirações reprodutivas e história obstétrica Pode ser: Expectante Clínico Cirúrgico LOUISE CANDIOTTO 6 O esquema do tratamento pode ser esquematizado conforme o gráfico a seguir: CONDUTA EXPECTANTE A maioria dos miomas são assintomáticos, descobertos acidentalmente em exames ecográficos. A ausência de sintomas, associada ao caráter excepcional de malignidade recomendam que o tratamento seja expectante. Devem ser acompanhadas clinicamente, não se justificando qualquer tratamento. Não há necessidade de seguimento ecográfico. Ancora-se em exames clínicos periódicos e USG seriadas (trimestral ou semestral). Objetiva assegurar se o tumor não está crescendo rapidamente. INDICAÇÕES: Casos assintomáticos Pacientes sintomáticas, sem comprometimento geral Pacientes na perimenopausa ou na menopausa TRATAMENTO CLÍNICO Em pacientes com discreta menorragia associada ou não a dismenorreia. INDICAÇÕES DE TRATAMENTO CLÍNICO: Redução tumoral Controle da perda sanguínea Pacientes na perimenopausa Pacientes com riso cirúrgico elevado O tratamento medicamentoso pode ser dividido em não hormonale hormonal PODE-SE UTILIZAR: Anticoncepcionais orais combinados (ACO) Progestogênios isolados Antifibrinolíticos Ácido tranexâmico Anti-inflamatórios não hormonais (AINHs) Reposição de ferro Dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (LNG-IUS) DIU Análogos do GnRH ANTICONCEPCIONAIS ORAIS COMBINADOS (ACO) Tratar o sangramento uterino provocado pela miomatose, embora não tenham eficácia para a redução de leiomiomas ANTIFIBRINOLÍTICOS Podem ser utilizados isoladamente ou associados aos AINHs Inibem a fibrinólise na superfície endometrial, com consequente redução do sangramento menstrual ANTI- INFLAMATÓRIOS NÃO HORMONAIS Auxiliam no controle do sangramento menstrual Inibem a síntese de prostaciclinas, diminuindo em cerca de 30% o sangramento uterino e aliviando muitas pacientes O DISPOSITIVO INTRAUTERINO LIBERADOR DE LEVONORGESTREL (LNG-IUS) Reduz o fluxo menstrual, graças à ação do levonorgestrel sobre o endométrio O LNG-IUS pode melhorar a qualidade de vida e os parâmetros hematológicos Pode ter resultados limitados ou ser mal posicionado ou deslocado, devido à distorção da cavidade Lembrar que o uso de progestágenos não está indicado com o objetico de diminuir o tamanho dos miomas ANÁLOGOS DO GNRH Levam à redução dos esteroides sexuais circulantes Podem causar amenorreia e reduzir temporariamente o volume dos nódulos e do útero em até 50% Drogas mais efetivas no tratamento clínico do leiomioma Via intramuscular, subcutânea ou nasal Se ligam aos receptores de GnRH na hipófise, o que resulta em uma redução da atividade desse hormônio, induzindo um estágio de hipoestrogenismo hipogonadotrófico reversível Age precariamente em miomas calcificados ou com muita fibrose, devido a pequena vascularização LOUISE CANDIOTTO 7 A interrupção do medicamento há um rápido retorno da menstruação e do volume uterino prévio ao tratamento Possui efeitos colaterais Hipoestrogenismo, perda de massa óssea, ressecamento vaginal Esses medicamentes são empregados basicamente no preparo pré-operatório Não são utilizados para os tratamentos clínicos TRATAMENTO CIRÚRGICO Para as pacientes com sangramento abundante ou que não respondem ao tratamento clínico sintomático, o tratamento cirúrgico costuma ser a melhor opção. A histerectomia é o procedimento definitivo. Tratamentos alternativos Miomectomia, ablação do endométrio, miólise, embolização das artérias uterinas. A cirurgia promove a remissão dos sintomas virtualmente 100% dos casos, evita recidivas, provê anticoncepção segura e definitiva, melhora qualidade de vida e facilita reposição hormonal, se necessária, visto que dispensa o uso de progestágeno. INDICAÇÕES DE TRATAMENTO CIRÚRGICO: Tratamento de sangramento uterino anormal ou dor pélvica Avaliação quando há suspeita de malignidade Tratamento de infertilidade Tratamento de abortamentos recorrentes HISTERECTOMIA A histerectomia elimina a chance de recorrências de sintomas causados pelos miomas Para muitas mulheres com prole constituída, a oportunidade de liquidar definitivamente os sintomas torna a histerectomia uma opção atrativa Representa uma alternativa para os casos muito sintomáticos não responsivos a outras terapias, ou no caso de miomas volumosos, em que não há interesse na preservação uterina Pode ser realizada via abdominal, vaginal ou laparoscópica Abdominal mais usada no Brasil O volume uterino e a suspeita de outras lesões pélvicas devem ser levadas em conta para a escolha da via A via laparoscópica resulta menor dor pós- operatória, menor tempo de internação e mais rápido retorno as atividades A via vaginal, quando factível, é a via de escolha da histerectomia Melhores resultados e menores taxas de complicação Em termos de sexualidade, embora não hajam diferenças marcantes, a conservação do colo pode preservar a lubrificação vaginal pelo muco cervical, por vezes comprometida na histerectomia total MIOMECTOMIA Primeira escolha no tratamento das pacientes que possuem o desejo de procriar ou naquelas em que o mioma é a própria causa de infertilidade Também é escolha naquelas que desejam manter o útero A principal limitação da miomectomia é a possibilidade de recidiva Metade das pacientes terá pela USG em 5 anos Algumas irão necessitar de uma segunda intervenção cirúrgica A via pode ser histeroscópica, laparoscópica ou laparotômica Miomectomia histeroscópica Em geral, é o tratamento de escolha para os miomas submucosos Procedimento minimamente invasivo, realizado no ambiente hospital-dia Eficaz e seguro Evita a incisão abdominal, possibilita rápida recuperação, promove a remoção completa do mioma, prove material para análise histopatológica e preserva a arquitetura uterina Quando indicada por sangramento, promove a resolução dos sintomas em cerca de 85% dos casos Complicações mais graves são raras LOUISE CANDIOTTO 8 Miomectomia laparotômica Eficaz na remoção do mioma e no alívio dos sintomas Indicações Desejo de procriação, presença de múltiplos miomas, útero volumoso, miomas profundos intramurais Miomectomia laparoscópica É recomendada por alguns autores quando o volume uterino é inferior a 16 semanas, miomas em número <4 e diâmetro <10cm, subserosos ou intramurais Indicações Desejo de procriação, útero não muito volumoso, presença de pequenos números de miomas EMBOLIZAÇÃO DAS ARTÉRIAS UTERINAS (EAU) Técnica radiointervencionista endovascular para tratamento conservador de leiomiomas sintomáticos Consiste na oclusão da irrigação sanguínea para os miomas, por meio da injeção de micropartículas (microesferas, álcool polivinílico ou esponjas), que tem como objetivo a obstrução do fluxo sanguíneo arterial no leito tumoral, levando à necrose e à redução volumétrica dos tumores Apresenta resultados positivos, com alívio de sintomas a curto prazo em 75% a 90% dos casos, porém apresenta 25% de reintervenções por recorrência em até 10 anos, que é maior quanto mais nova a paciente Indicações da EAU Falha de tratamentos prévios Recidivas Pacientes sem condições para tratamentos cirúrgicos Aquelas que optam pelo procedimento como primeira escolha Em pacientes com desejo reprodutivo, o procedimento pode ser indicado quando não for possível a realização da miomectomia São contraindicações a presença de infecção geniturinária ativa, a suspeita ou confirmação de neoplasia maligna ginecológica, imunossupressão, arteriopatia grave, alergia ao contraste iodado, doenças autoimunes ativas, nódulos pediculados (tipos 0 e 7), doença renal crônica, coagulopatias ou uso de anticoagulantes Apesar de reduzir o volume tumoral, com a redução da vascularização uterina, a embolização pode, por outro lado, comprometer a irrigação endometrial, prejudicando a nidação e o desenvolvimento da gestação gravidez MIOMA E GRAVIDEZ Os miomas podem crescer na gravidez, sendo esse crescimento restrito a primeira metade da gestação na quase totalidade dos casos. A influência dos miomas na gravidez depende de sua localização, de sua relação com placenta e de seu volume. As gestações associadas aos miomas transcorrem sem anormalidades em 70-80% dos casos. Os miomas submucosos predispõem ao maior risco genital, particularmente quando a placenta se insere na decídua subjacente a ele. Os miomas volumosos predispõem aos fenômenos dolorosos por compressão de órgãos ou degenerações. LOUISE CANDIOTTO 9 A incidência de abortamento e de partos prematuros se elevam significamente. Complicações hemorrágicas são as mais comuns tanto durante a gravidez devido ao deslocamento prematuroda placenta, quanto no pós-parto decorrente de acretismo placentário ou de hipotonia uterina. Parto distócico pode ocorrer por dificuldade de contratilidade uterina (distocia funcional), apresentações anômalas ou tumor prévio. O tratamento dos miomas não deve ser realizado durante a gravidez nem mesmo durante a cesárea, salvo raras exceções, devido ao risco de perda gestacional e de sangramento.
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