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Caso clínico
Por: Bianca Ferreira da Luz Miraglia dos Santos (202011086)
Camila, 10 anos, realiza seus atendimentos psicológicos comigo desde os oito anos. A queixa principal, na época apresentada pela mãe, foi que após o divórcio dos pais a menina (Que antes era estudiosa e extrovertida) estava se isolando dos colegas de escola, faltando ás aulas e se afastando da mãe. Após sessões pontuais de terapia, Camila vai aos poucos voltando a se aproximar dos amigos e retomando a constância nas aulas. Mostra agora, um grande interesse por teatro, chegando a se apresentar em peças da escola, diz querer fazer aulas em uma companhia teatral da cidade, porém, a mãe não tinha condições de pagar as mensalidades e a pensão que o seu pai lhe dava era pra arcar com seus custos escolares e plano de saúde, mas mesmo assim continuaria praticando com seus colegas de escola, montando um pequeno grupo com a ajuda de uma professora.
Camila conta que sua mãe agora estava namorando e que o namorado da mãe, apesar de um pouco frio fora da presença da mãe, as tratava bem. Após seis meses, elas foram convidadas para morar na casa de Jorge (o namorado da mãe). Camila relata não se sentir muito bem com isso; apesar de menor e menos luxuosa, sua casa carregava boas lembranças dela com seus pais, mas como era pra ver sua mãe feliz, se mudaria com ela.
Nas sessões seguintes, Camila passa a se referir ao padrasto como “Pai”, segundo ela, a pedido da mãe. Ao ser questionada sobre estar confortável com isso, ela diz que sentia que chamar Jorge de pai anulava a presença de seu verdadeiro pai em sua vida, mas mais uma vez cederia á vontade da mãe. Contou também que a mãe havia conseguido um novo emprego na firma de Jorge, onde trabalharia apenas no período da manhã e receberia bem mais que em seu antigo emprego, podendo, assim, pagar as mensalidades do tão almejado curso de teatro. Como o padrasto ficaria em casa na parte da manhã, seria o responsável por tomar café com Camila, a levar e buscar do teatro e deixar no consultório para a terapia, onde, posteriormente a mãe a buscaria para almoçar.
De algumas semanas pra cá, Camilla vêm se mostrando retraída nas sessões (um sinal estranho, visto nosso tempo de atendimento e transferência), vem queixando-se de tontura e quando pergunto se ela comeu algo antes de sair de casa, nega. Recentemente, disse que não queria mais frequentar ás aulas de teatro, dando como motivo, o fato de elas acontecerem muito cedo. Disse que estava com vontade de ir morar com seu pai, mas ainda não tinha essa possibilidade de escolha, quando perguntei sobre o padrasto, ela disse que ele estava bem e, mostrando sinais de desconforto, pediu o encerramento daquela sessão, que havia aproximadamente 20 minutos. A sessão foi encerrada, respeitando o desejo da paciente, porém foi possível observar fatores significativos como: A inclinação aos desejos da mãe, oprimindo os seus, a recusa ao tomar café da manhã, tendo em vista que essa rotina diária seria com o padrasto, o desconforto com as (antes tão sonhadas) aulas de teatro, tendo a presença do padrasto, e sua repentina mudança de personalidade, passando de uma menina alegre e dinâmica e extrovertida á retraída e sempre desconfortável justamente no momento em que sua mãe passa a deixá-la sozinha com ele para ir trabalhar. Nesse caso, o teste HTP será utilizado para avaliar de forma mais clara, possíveis abusos (sejam eles de qualquer natureza) que possam ter sido direcionados á ela causando alterações em sua personalidade.

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