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Introdução ao estudo do direito civil

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Introduçã� a� estud� d� direit� privad� I (civi� I)
Histórico
O direito romano, reveste uma
importância fundamental para a
compreensão das relações privadas
(capaz de regular as relações entre as
pessoas), emergindo de um requinte da
sociedade que se diferenciava das
outras civilizações coexistentes na
antiguidade (direito desenvolvido), como
pode ser visto na noção de conceitos
como a propriedade, locação, depósito,
compra e venda. Dessa forma, os
romanos diferenciavam o direito utilizado
por eles, chamado de "jus civile" e os
aplicados pelos chamados bárbaros, o
"jus gentium".
Após a queda do império romano, o
direito foi caindo em esquecimento por
muitos séculos em detrimento de
diversos fatores históricos. No entanto,
somente na idade média (476 d.C - 800)
destacou-se a "Recepção do direito
romano na Idade Média- a igreja ao
recriar o sacro império romano
germainco, trouxe uma obra chamada
"Corpus Juris Civilis- reunia o trabalho de
diversos preditores da época de Roma
com interpretações de direitos
romanos e destacando-se por ser uma
compilação do direito romano no período
de Justiniano.
Nesse período, pode-se dizer que não
havia distinção entre o público e o
privado, evidente na falta da figura do
Estado e ocasionando a sua inserção no
âmbito privado das relações de poder,
como pode ser visto na transmissão de
poder de forma hereditária. Outrossim, é
importante destacar a figura de
Guilherme de Ockham (Século XIII- ) que
foi o primeiro a estabelecer uma
pretensão do direito privado,perante a
igreja ,na qual ele defendia que os
frades franciscanos pudessem exercer
seus direitos dos seus próprios bens,
como roupas.
Posto isso, é importante ressaltar que a
ideia de direito público e privado surgiu a
partir da consolidação dos Estados
soberanos, que se deu apenas na
modernidade. Os Estados absolutistas,
que tinham como premissa a
centralidade na figura do rei (ideia de
que o rei não pode errar) havia como
contraposição a classe burguesa
(parcela da plebe que acumlava riquezas
por meio da atividade comercial), que se
via oprimida pelo poder central, na
medida que tinham que pagar altas
contas para financiar a vida da nobreza.
Nessa perspectiva, em dado momento a
burguesia passou a exigir certas
demandas e reconhecimento de direitos,
como foi expresso no documento da
magna carta - documento que garantia
certas limitações do poder do rei em
relação aos nobres ingleses, de 1215, que
já traz um reflexo dessa necessidade,
estabelecendo um início do direito
subjetivo à propriedade da produção da
terra, além do Bill of rights- importante
avanço democrático na Inglaterra, em
pleno século XVII, como também na
questão dos direitos individuais, em 1686.
Assim, o direito subjetivo surge como
resistência, uma oposição ao direito
absoluto, demandando limites e
consolidando a figura do que mais tarde
vai ser chamado de direitos
fundamentais, cuja emersão se deu,
inicialmente, em uma esfera pública. Vale
ressaltar ainda que anteriormente, o
Estado não tinha grandes distinções
entre o direito civil e o direito penal
(tipicidade)l, ou entre o direito público e
privado, sendo assim, quando a esfera
privada começa a se desenvolver, ela foi
voltada ao interesse da burguesia,
defendendo o patrimônio e a noção de
posse e propriedade. Dessa maneira, o
direito privado oitocentista tem como
características o patrimonialismo, o
patriarcalismo ("bonus pater familiae") e
o individualismo.
Já em 1804, foi criado o código
napoleônico- uma mudança fundamental
na natureza do sistema de direito civil,
tornando as leis mais claras e mais
acessíveis- conquistado na Revolução
Francesa e voltado para proteger o
mercado, a posse de terra, o patrimônio
acumulado e a liberdade diante do
Estado. O código, que tinha como
premissa a teoria do liberalismo
econômico, procurou limitar o papel do
Estado nas relações privadas e com
isso, permitiu que a burguesia pudesse
se desenvolver sem sofrer
interferências do Estado que era,
anteriormente, absolutista.
No entanto, embora diversos países
tenham adotado o sistema de
codificação francês, como por exemplo o
código civil alemão- BGB (1900), que
possui uma grande elaboração e
relevância (enquanto no Brasil, ainda era
aplicado as ordenações portuguesas),
vale destacar que o direito inglês se
diferenciou por não adotar tal molde e
sim, construído a partir da jurisprudência
dos tribunais, chamado de "common law",
baseado nos costumes.
Somente em 1916, entrou em vigor o
primeiro código civil brasileiro, tendo uma
grande influência do código alemão e
francês (100 anos antes), atendendo aos
interesses da classe burguesa do século
XX, marcando valores excludentes.
Dessa maneira, é cabível enfatizar que o
código francês veio para romper uma
ordem, adotando o liberalismo para
contrapor os valores que se
encontravam no absolutismo,
distanciando o Estado das relações
privadas, como pode ser visto nos ideais
de Adam Smith, em seu conceito de
mão invisível estatal, já que não haveria
necessidade da intervenção do Estado
nas relações econômicas, e sim, como
garantidor das liberdades individuais.
Portanto, dentro dessa lógica, temos a
configuração do Estado liberal, permitindo
que todos pudessem exercer, ao
máximo, suas autonomias da vontade
absoluta, passando ao absolutismo da
autonomia da vontade. Nesse cenário, é
possível ver uma dicotomia, entre o
direito privado e o público, podendo dizer,
que nesse período, o código civil era
considerado uma constituição da vida
privada, dotado de uma neutralidade
política, não possuindo, portanto, relação
com a esfera pública. Nesse cenário, o
direito privado protege a figura do
sujeito de direito, isto é, a pessoa que
titulariza direito, mas nem todos eram
capazes de possuírem tal título,
marcando um sistema extremamente
excludente, já que grande parte da
população não dotava de patrimônios ou
não revestia as condições favorecidas
pela lei, não sendo assim, consideradas
pessoas de direito, como mulheres e
homossexuais. Sendo assim, foi
necessário a construção de uma teoria
crítica do direito civil, capaz de observar
que o direito privado não era neutro,
possuindo um discurso político, por si
mesmo, de manutenção do status quo.
O direito é um sistema social de criação
de expectativas de comportamento que
tem por objetivo estabilizar relações
sociais a partir de demandas da
sociedade, baseado no binômio lícito e
ilícito. Posto isso, o direito mobiliza, em
seu sentido amplo, os comportamentos,
refletindo as demandas da sociedade, a
partir de atos políticos. A política é um
sistema social de exercício do poder,
que tem o poder de transformar o
direito, traduzindo pelas normas
jurídicas.
O processo de aceleração do sistema
capitalista no século XIX, fez com que
uma massa de pessoas desempregadas
se submetesse a um modelo produtivo
exaustivo, sob altas jornadas de
trabalho. Dessa forma, formou-se um
conceito, chamado por Marx, de exército
de reserva, dando abertura a um
processo de extorsão por meio da
apropriação do trabalho excedente na
produção de produtos com valor de
troca (mais valia). Assim, a sociedade
pressionava o estado a adotar normas
jurídicas, que garantisse uma mínima
condição humana de trabalho, para que o
Estado passasse a intervir em relações
privadas. Um outro exemplo que reflete
tais mudanças na sociedade, é vista no
processo do êxodo rural do século XX,
principalmente na Europa, surgindo o
fenômeno da falta de moradia,
estimulado pelo aumento de aluguéis
imóveis nas cidades e repercutindo em
uma escassez. Em consequência, os
donos de imóveis passaram a fazer
contratos cada vez mais exorbitantes,
mostrando que o consumidor é
extremamente vulnerável. Nesse sentido,
formou-se o dirigismo contratual- é o
princípio limitador da autonomia da
vontade das partes contratantes, por
intervenção do Estado , em função dos
fins sociais e das exigênciasdo bem
comum , ele advém da necessidade de
equilibrar o individualismo contratual.
Assim, o liberalismo do século XIX, foi de
pouco a pouco reduzindo, a partir do
momento que o Estado começa a intervir
mais na sociedade, tornando a distinção
entre direito privado e direito público
menor, na medida que o estado intervém
nos contratos e na esfera econômica
(Estado do bem estar social por
exemplo). Essa maior aproximação teve
seu ápice na Constituição de Weimar. A
ideia na neutralidade do direito privado é
derrubada, dando espaço a chamada
"constitucionalização do direito privado" ,
que reflete ao papel essencial na
garantia de uma sociedade livre e justa,
diretamente relacionada aos princípios
da constituição, que é considerado um
projeto da sociedade utópica, ou seja
um objetivo enquanto carta política.
Além do ponto anteriormente retratado,
é de grande relevância citar a
funcionalização dos institutos de direito
privado, ou seja as pessoas não detém
o poder absoluto de suas propriedades,
uma vez que caso um indivíduo não
utilize suas respectivas funções, é
possível a intervenção do Estado na
posse, notadamente na relação de
imóveis, como pode ser observado no
usucapião- necessidade de atender uma
função social (empresa,contrato).
Outra consequência da perspectiva de
valores da constituição em detrimento
do código civil é a boa fé nas relações
privadas, tendo como objetivo criar uma
sociedade livre, justa e solidária.
O código civil é dividido em 2 partes. A
primeira parte é a parte geral que
constitui os elementos das relações
jurídicas: O Sujeito que são as pessoas
e entes personalizados, o objeto: que
são os bens e direitos e o fato
propulsor que é o fato jurídico; Já a
segunda parte constitui as espécies de
relação jurídica- obrigacional,
empresariais, reais, familiares e
sucessões.
O código civil de 2002 adota a técnica
das cláusulas gerais e dos conceitos
jurídicos indeterminados. A cláusula geral
é uma norma abstrata que se pretende
aplicável a todas as relações de direito
privado. Normalmente, é uma norma que
agrega à relação jurídica um valor
fundamental do sistema.
Princípios fundamentais: a socialidade, a
eticidade, e a operabilidade.
A sociabilidade está ligada à superação
da noção de sujeito (personagem
principal do código civil de 2002) para de
pessoa. Nesse ponto de vista, enquanto
o sujeito é um conceito ligado a
neutralidade e influencia a noção de
função social, a pessoa, como unidade
participante da sociedade e suas
relações sociais é um destaque para o
código de 2002, e reflete a garantia da
dignidade, refletindo os direitos
fundamentais presentes na constituição
de 1988.
A eticidade está relacionada ao conceito
da pessoa agir com razoabilidade e boa
fé, traçando parâmetros éticos dentro
do direito e abrindo a possibilidade de
conceder algum juízo moral nas relações
jurídicas.
Por fim, a operabilidade se refere às
condições de que a regra se concretize,
sendo assim, um paradigma fundamental
do código, muitas vezes encontrando
grandes burocracias que podem impedir
sua efetividade.
A operabilidade tem, além da função
social, grande importância econômica,
pois os direitos possuem certo custo,
ou seja, um custo jurídico de
funcionamento que garante uma maior
segurança.

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