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Hormônios Placentários ___ A placenta tem uma particularidade evidenciada por nenhum outro órgão endócrino: a capacidade de produzir proteínas e hormônios esteróides. Bem no início da gravidez, a placenta começa a sintetizar os hormônios hCG, hPL, relaxina, progesterona e estrogênio. Funções dos hormônios placentários Hormônio Descrição Gonadotrofina coriônica humana (hCG) ● Responsável pela manutenção do corpo lúteo materno, o qual secreta progesterona e estrogênio, com a síntese ocorrendo antes da implantação. ● Produção de células trofoblásticas fetais até que a placenta esteja suficientemente desenvolvida para assumir essa função. ● Base para os testes precoces de gravidez, porque aparece na corrente sanguínea materna logo após a implantação. ● A produção de hCG atinge seu máximo em 8 semanas e, depois diminui gradualmente. hPL (também conhecido como somatomamotropina coriônica humana [hCS]) ● Preparação das glândulas mamárias para a lactação e participação no processo de disponibilização da glicose para o crescimento fetal por meio de alteração do metabolismo materno de carboidratos, gordura e proteínas. ● Antagonista da insulina, porque diminui a sensibilidade dos tecidos ou modifica a capacidade de utilização da insulina. ● Aumento das concentrações de ácidos graxos livres circulantes para atender às necessidades metabólicas maternas e diminuição do metabolismo de glicose materno, a fim de facilitar o crescimento fetal Relaxina ● Secreção pela placenta, bem como pelo corpo lúteo durante a gestação. ● Acredita-se que atue sinergicamente com a progesterona para manter a gestação. ● Aumento da flexibilidade da sínfise púbica, possibilitando que a pelve se 2 expanda durante o parto ● Dilatação do colo do útero facilitando a entrada do feto no canal vaginal; acredita-se que suprima a liberação de ocitocina pelo hipotálamo, retardando assim o aparecimento das contrações do trabalho de parto. Progesterona ● Muitas vezes chamada de “hormônio de gestação”, devido ao papel fundamental que desempenha na manutenção do endométrio do útero. ● Apoia o endométrio para proporcionar um ambiente propício para a sobrevida fetal. ● Produzida pelo corpo lúteo durante as primeiras semanas de gestação e, depois, pela placenta até o termo. ● Inicialmente provoca o espessamento do revestimento do útero, em antecipação à implantação do óvulo fertilizado; em seguida, mantém o endométrio, inibe a contratilidade uterina e auxilia no desenvolvimento das mamas para a lactação. Estrogênio ● Promove o aumento das dimensões dos órgãos genitais, do útero e das mamas, e aumenta a vascularidade, causando vasodilatação. ● Relaxamento dos ligamentos pélvicos e articulações. ● Associado a hiperpigmentação, alterações vasculares na pele, aumento da atividade das glândulas salivares e hiperemia das gengivas e mucosas nasais. ● Auxilia no desenvolvimento do sistema ductal das mamas, em preparação para a lactação. 3 Adaptações dos sistemas gerais do corpo à gestação Sistema Adaptação Digestório Boca e faringe: as gengivas tornam-se hiperemiadas, edemaciadas e friáveis, tendem a sangrar com facilidade; aumenta a produção de saliva (ptialismo - salivação excessiva). Esôfago: diminuição da pressão e do tônus do esfíncter esofágico inferior, o que aumenta o risco de pirose. Estômago: diminuição do tônus e da mobilidade, com retardo do tempo de esvaziamento, o que aumenta o risco de refluxo gastroesofágico e vômitos; redução de acidez gástrica e da produção de histamina, o que melhora as manifestações clínicas da úlcera péptica. Intestinos: diminuição da motilidade e do tônus intestinal, com aumento do tempo de trânsito, o que eleva o risco de constipação intestinal e flatulência. Vesícula biliar: diminuição do tônus e da motilidade, o que aumenta o risco de formação de cálculos biliares. Cardiovascular Volume sanguíneo: aumento significativo do plasma (50%) e do número de hemácias (25 a 33%) em relação aos valores em não gestantes; causa hemodiluição, que se reflete em baixo hematócrito e nível de hemoglobina baixo. Débito cardíaco e frequência cardíaca: o débito cardíaco aumenta em 30 a 50% em relação ao valor em não gestantes até a 32 semanas de gestação; o aumento do débito cardíaco está associado a aumento do retorno venoso e do débito do ventrículo direito, em especial na posição de decúbito lateral esquerdo. A frequência cardíaca aumenta em 10 a 15 bpm entre a 14º e a 20º semanas de gestação, e esse aumento persiste até o termo. Pressão arterial: a pressão diastólica tipicamente diminui 10 a 15 mmHg até atingir seu nível mais baixo na metade da gestação, mas depois retorna gradualmente aos valores basais pré gestacionais até o termo. Componentes do sangue: o número de hemácias aumenta durante a gestação até um nível 25 a 33% maior do que os valores em não gestantes. Tanto os níveis plasmáticos de fibrina quanto de fibrinogênio aumentam, juntamente com os de vários fatores de coagulação; esses fatores tornam 4 a gestação um estado de hipercoagulabilidade. Respiratório O aumento das dimensões do útero desloca o diafragma 4 cm acima da sua posição habitual. Conforme os músculos e as cartilagens da região torácica relaxam, o tórax se alarga, com a conversão da respiração abdominal em respiração torácica; isso promove um aumento de 50% no volume de ar por minuto. O volume corrente (volume de ar inspirado) aumenta gradualmente até 30 a 40% (de 500 a 700 mL) conforme a gestação avança. Renal/urinário A pelve renal torna-se dilatada. Os ureteres (especialmente o ureter direito) se alongam, alargam-se e tornam-se mais curvos acima da borda pélvica. O tônus vesical diminui e a capacidade vesical duplica até o termo. A taxa de filtração glomerular aumenta de 40 a 60% durante a gestação. O fluxo sanguíneo para os rins aumenta até 50 a 80%, em decorrência do aumento do débito cardíaco. Musculoesquelético A distensão do abdome com o crescimento do feto inclina a pelve para a frente, deslocando o centro de gravidade; a gestante compensa isso com a acentuação da coluna vertebral (hiperlordose). O relaxamento e o aumento da mobilidade das articulações ocorrem por causa dos hormônios progesterona e relaxina, que levam à característica “marcha anserina” que as gestantes apresentam até o termo. Tegumentar A hiperpigmentação da pele é a alteração mais comum durante a gestação; as áreas mais comuns incluem as aréolas, a pele genital, as axilas, a face interna das coxas e a linha nigra. As estrias gravídicas são faixas avermelhadas irregulares que aparecem no abdômen, nas mamas e nas nádegas em cerca de metade das gestantes. A pele do meio do abdômen pode apresentar uma linha pigmentada chamada linha nigra, que se estende do umbigo até a região púbica. O melasma (“máscara gravídica”) ocorre em 45 a 70% das gestantes; é caracterizado por áreas irregulares de pigmentação na face, mais comumente nas regiões malares, no queixo e no nariz. 5 Endócrino Controla a integridade e duração da gestação, mantendo o corpo lúteo graças a secreção de hCG; à produção de estrogênio, progesterona, hPL e outros hormônios e fatores de crescimento pela placenta; à liberação de ocitocina (pela neuro-hipófise), prolactina (pela adeno-hipófise) e relaxina (pelos óvarios, pelo útero e pela placenta). Imunológico Ocorre a exacerbação geral da imunidade inata (resposta inflamatória e fagocitose) e supressão da imunidade adaptativa (resposta protetora a um antígeno estranho específico) durante a gestação; essas alterações imunológicas ajudam a evitar que o sistema imunológico da mãe rejeite o feto (corpo estranho), aumentam o risco da gestante de desenvolver determinadas infecções e influenciam a evolução de condições crônicas, como as doenças autoimunes.
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