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de segunda-feira da manhã até terça à noite.” “Um quinto, agora
com 12 anos, trabalhava numa fundição de ferro em Stavely, das
6 horas da manhã até a meia-noite durante 14 dias, sendo incapaz
de fazê-lo por mais tempo.” George Allinsworth, de 9 anos de
idade: “Vim pra cá sexta-feira passada. No dia seguinte tivemos
de começar às 3 horas da manhã. Por isso fiquei aqui a noite
inteira. Moro a 5 milhas daqui. Dormi no chão com um avental
embaixo de mim e com um casaco pequeno em cima de mim. Os
outros dois dias estive aqui às 6 horas da manhã. Sim, este é
um lugar quente. Antes de vir para cá, trabalhei também durante
um ano inteiro num alto-forno. Era uma grande usina no campo.
Começava também aos sábados às 3 horas da manhã, mas pelo
menos podia ir dormir em casa, pois era perto. Nos outros dias
começava às 6 da manhã e terminava às 6 ou 7 da noite” etc.437
MARX
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437 Op. cit., p. XIII. O nível de instrução dessa força de trabalho deve ser assim como se revela
nos diálogos seguintes com um dos membros da comissão de inquérito! Jeremias Haynes,
de 12 anos de idade: “(...) 4 vezes 4 são 8, mas quatro quartos (4 fours) são 16. (...) Um
rei é quem tem todo o dinheiro e todo o ouro. (A king is him that has all the money and
gold.) Dizem que temos um rei, dizem que ele é uma rainha, chamam-no princesa Alexandra.
Dizem que ela se casou com o filho da rainha. Uma princesa é um homem”. William
Turner, de 12 anos: “Não vivo na Inglaterra. Penso que há tal país, mas não sabia disso
antes”. John Morris, de 14 anos: “Ouvi dizer que Deus fez o mundo e que todo o povo se
afogou, exceto um; ouvi que este era um passarinho”. William Smith, de 15 anos: “Deus
fez o homem; o homem fez a mulher”. Edward Taylor, de 15 anos: “Nada sei de Londres”.
Henry Matthewman, de 17 anos: “Às vezes vou à igreja... um nome sobre que pregam era
um certo Jesus Cristo, mas não posso dizer nenhum outro nome e também nada posso
dizer sobre ele. Ele não foi assassinado, morreu como outras pessoas. Ele não era como
as outras pessoas, de certo modo, pois era religioso de certo modo, e outros não é. (He was
not the same as other people in some ways, because he was religious in some ways, and
others isn’t.)” (Op. cit. 74, p. XV.) “O diabo é uma boa pessoa. Eu não sei onde ele vive.
Cristo foi um mau sujeito.” (The devil is a good person. I don’t know where he lives; Christ
was a wicked man.") “Esta menina de 10 anos soletra God como se fosse dog e não sabe
o nome da rainha.” (Ch. Empl. Comm. V. Rep. 1866. p. 55 nº 278.) O mesmo sistema
dominante nas mencionadas manufaturas de metal vigora nas fábricas de vidro e papel.
Nas fábricas de papel onde o papel é feito a máquina, o trabalho noturno é a regra para
todos os processos, exceto para a seleção dos trapos. Em alguns casos, o trabalho noturno
por revezamento prossegue sem interrupção por toda a semana, indo geralmente de domingo
à noite até a meia-noite do sábado seguinte. A turma que se encontra no turno diurno
trabalha 5 dias de 12 horas e 1 dia de 18 e a turma do turno noturno 5 noites de 12 horas
e uma de 6 horas por semana. Em outros casos, cada turma trabalha 24 horas, uma depois
da outra, em dias alternados. Uma turma trabalha 6 horas segunda-feira e 18 no sábado,
para completar as 24 horas. Em outros casos, foi introduzido ainda um sistema interme-
diário, em que todos os empregados na maquinaria de fazer papel trabalham 15-16 horas
cada dia da semana. Esse sistema, diz o comissário de inquérito Lord, parece unir todos
os males dos revezamentos de 12 e de 24 horas. Crianças com menos de 13 anos, adolescentes
com menos de 18 e mulheres trabalham sob esse sistema noturno. Às vezes, no sistema
de 12 horas, tinham eles, em virtude da ausência de quem devia rendê-los, de trabalhar
o turno duplo de 24 horas. Os depoimentos das testemunhas provam que meninos e meninas
realizam com muita freqüência sobretrabalho, que não raro se estende a 24 e até 36 horas
de trabalho sem interrupção. No processo “contínuo e imutável” das oficinas de polimento,
encontram-se meninas de 12 anos que, durante o mês inteiro, trabalham 14 horas por dia,
“sem nenhum descanso ou interrupção regular, além de duas no máximo três de 1/2 hora,
para refeições”. Em algumas fábricas onde se aboliu o trabalho noturno regular, traba-
lham-se horas extras numa extensão terrível e “isso freqüentemente nos processos mais

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