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Ouçamos agora como o próprio capital concebe o sistema de 24 horas. Naturalmente deixa passar em silêncio os excessos do sistema, seu abuso do “cruel e incrível” prolongamento da jornada de trabalho. Ele fala somente do sistema em sua forma “normal”. Os srs. Naylor e Vickers, fabricantes de aço, que empregam entre 600 e 700 pessoas, e entre elas apenas 10% menores de 18 anos, e destas somente 20 meninos no trabalho noturno, se pronunciam como segue: “Os garotos não sofrem com o calor. A temperatura é prova- velmente de 86o até 90o. (...) Nas oficinas de forja e de laminação, os braços trabalham dia e noite por sistema de turnos, mas, ao contrário, todos os demais trabalhos são trabalhos diurnos, das 6 da manhã até as 6 horas da tarde. Na forja trabalha-se das 12 às 12 horas. Alguns braços trabalham continuamente no ho- rário noturno, sem revezamento entre turno diurno e noturno. (...) Achamos que não faz nenhuma diferença para a saúde” (dos senhores Naylor e Vickers?) “o trabalho noturno ou diurno, e provavelmente as pessoas dormem melhor quando gozam do mes- mo período de descanso do que quando ele muda. (...) Aproxima- damente 20 garotos menores de 18 anos trabalham com a turma da noite. (...) Não poderíamos fazê-lo bem (not wall do) sem o trabalho noturno de jovens menores de 18 anos. Nossa objeção é — ao aumento dos custos da produção. Braços hábeis e chefes de departamento são difíceis de conseguir, jovens, entretanto, obtêm-se tantos quantos se queira. (...) Naturalmente, conside- rando-se a pequena proporção de jovens que nós utilizamos, li- mitações do trabalho noturno seriam de pouca importância, ou interesse para nós”.438 O sr. J. Ellis, da firma John Brown & Co., usinas de ferro e aço que empregam 3 mil homens e jovens, e na verdade em [uma] parte do trabalho pesado com aço e ferro “de dia e de noite, por revezamento” declara que há no trabalho pesado com aço 1 ou 2 jovens para 2 homens. No seu negócio existem 500 jovens com menos de 18 anos, dos quais 1/3, ou 170, tem menos de 13 anos. Com respeito à proposta de mudança na legislação, o senhor Ellis opina: “Não creio que haveria muito que objetar (very objectionable) contra exigir que qualquer pessoa menor de 18 anos não trabalhe mais de 12 horas em cada 24. Mas não creio que se possa traçar uma linha para dispensar do trabalho noturno jovens com mais de 12 anos. Aceitaríamos antes uma lei que proíba utilizar jovens OS ECONOMISTAS 374 sujos, mais abrasantes e mais monótonos”. (Children’s Employment Commission, Report IV. 1865. p. XXXVIII e XXXIX.) 438 Fourth Report etc. 1865. 79, p. XVI.
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