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DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Sistema constitucional das crises: - Dois grupos: a) Instrumentos (medidas excepcionais) para manter ou restabelecer a ordem nos momentos de anormalidades constitucionais, instituindo o sistema constitucional de crises, composto pelo estado de defesa e pelo estado de sítio (legalidade extraordinária); b) Defesa do País ou sociedade, através das Forças Armadas e da segurança pública. - A defesa do Estado pode ser entendida como: a) Defesa do território nacional contra eventuais invasões estrangeiras; b) Defesa da soberania nacional; c) Defesa da pátria. - A defesa das instituições democráticas caracteriza-se como o equilíbrio da ordem constitucional, não havendo preponderância de um grupo sobre outro, mas, em realidade, o equilíbrio entre os grupos de poder. - Ocorrendo qualquer violação da normalidade constitucional, surge o denominado sistema constitucional das crises. - Diante das crises, portanto, existem mecanismos constitucionais para o restabelecimento da normalidade, quais sejam, a possibilidade de decretação do estado de defesa, do estado de sítio e o papel das Forças Armadas e das forças de segurança pública. - Referidos mecanismos devem, contudo, respeitar o princípio da necessidade, sob pena de configurar arbítrio e verdadeiro golpe de estado, bem como o princípio da temporariedade, sob pena de configurar verdadeira ditadura. Características dos estados de exceção constitucional: a) Excepcionalidade: a decretação dos estados de defesa e de sítio deve se dar em último caso; b) Taxatividade: os pressupostos materiais para a decretação devem ser apenas aqueles indicados na Constituição; c) Temporariedade (transitoriedade): legalidade extraordinária não pode ser perpetuada no tempo; d) Determinação geográfica: deve haver determinação do espaço de atuação das medidas restritivas; e) Sujeição a controles; f) Publicidade; g) Regramento constitucional: qualificação especial a dar maior segurança às situações de legalidade extraordinária; h) Proporcionalidade: proporção necessária para acabar com as causas e restabelecer a normalidade. Controle judicial: - O Poder Judiciário poderá reprimir abusos e ilegalidades cometidos durante o estado de crise constitucional por meio, por exemplo, do MS, do HC ou de qualquer outra medida jurisdicional cabível. - A doutrina dominante entende impossível, por parte do Poder Judiciário, a análise da conveniência e oportunidade política para a decretação. - Em casos excepcionais, caracterizado o abuso de direito ou o desvio de finalidade, sustentamos a possibilidade de controle judicial em relação aos requisitos constitucionais para a decretação. ESTADO DE DEFESA Hipóteses: - Art. 136, caput, CF. - Preservar (preventivo) ou prontamente restabelecer (repressivo), em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Procedimento e regras gerais: - Titularidade: Presidente da República, mediante decreto, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. - Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional: órgãos de consulta. Opiniões não possuem caráter vinculativo. - O decreto que instituir o estado de defesa deverá determinar: a) Tempo de duração; b) Área a ser abrangida (locais restritos e determinados); c) Medidas coercitivas que devem vigorar durante a sua vigência. - Tempo de duração: 30 + 30 (uma única vez). - Medidas coercitiva: a) Restrições (não supressão) ao direito de reunião, sigilo de correspondência, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica e à garantia de prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente; b) Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelo danos e custos decorrentes. - Prisão por crime contra o Estado; - Incomunicabilidade do preso: vedada. Controle: - Controle político imediato: art. 136, §4º ao 7º, CF. Congresso Nacional. - Controle político concomitante: art. 140. - Controle político sucessivo: art. 141, § único. - Controle jurisdicional imediato: casos de abuso de direito ou desvio de finalidade. - Controle jurisdicional concomitante: art. 136, §3º. - Controle jurisdicional sucessivo: art. 141, caput. ESTADO DE SÍTIO Hipóteses: - Art. 137, caput, CF. a) Comoção grave de repercussão nacional; b) Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; c) Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. Procedimento e abrangência: - Quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República, após prévia oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (pareceres não vinculativos). - Para a decretação do estado de sítio ou sua prorrogação, deverá haver, relatando os motivos determinantes do pedido, PRÉVIA solicitação pelo Presidente de autorização do Congresso Nacional, que se manifestará pela maioria absoluta de seus membros, mediante decreto legislativo. - O controle político prévio, se negativo, será vinculante, e o Presidente não poderá decretar o estado de sítio por aquele motivo, sob pena de responsabilidade. Por outro lado, se o Congresso Nacional autorizar, com discricionariedade política, o Presidente poderá ou não decretar. - O decreto indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (Art. 138, caput). A designação das áreas abrangidas será dada depois de publicado o decreto do estado de sítio. - Duração: 30 + 30 (sem limites). Medidas coercitivas: - Art. 137, I: a) Obrigação de permanência em localidade determinada; b) Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; c) Restrições (não supressões) relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; d) Suspensão da liberdade de reunião; e) Busca e apreensão em domicílio; f) Intervenção nas empresas de serviços públicos; g) Requisição de bens. - Art. 137, II: qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa, desde que: a) Observados os princípios da necessidade e da temporariedade; b) Prévia autorização do Congresso Nacional; c) Tenham sido indicadas no decreto do estado de sítio. Controle: - Controle político prévio: Congresso Nacional. - Controle político concomitante: art. 140. - Controle político sucessivo: art. 141, § único. - Controle jurisdicional imediato: casos de abuso de direito ou desvio de finalidade. - Controle jurisdicional concomitante: art. 136, §3º. - Controle jurisdicional sucessivo: art. 141, caput. FORÇAS ARMADAS - A Marinha, o Exército e a Aeronáutica constituem as Forças Armadas, sendo consideradas instituições nacionais permanentes e regulares, destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. - Organizam-se com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade e comando supremos do Presidente da República, que tem por atribuições nomear os comandantes de cada instituição. - Os superiores hierárquicos e o Presidente da República, como chefe maior, com base na hierarquia e na disciplina, poderá aplicar sanções disciplinares de natureza administrativa. SEGURANÇA PÚBLICA
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