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UMA RE-VISÃO DAS “REGRAS TÉCNICAS” RECOMENDADAS POR FREUD I. INTRODUÇÃO A. Freud se preocupou em estabelecer regras mínimas que deveriam pautar a técnica do processo psicanalítico. B. As regras clássicas de Freud 1. Associação livre 2. Abstinência 3. Neutralidade 4. Atenção flutuante 5. O amor à verdade C. Embora as regras tenham servido como balizas, ao longo do tempo, significativas e inevitáveis transformações decorridas de rupturas epistemológicas fizeram com que os pressupostos freudianos fossem revistos à luz a contemporaneidade. II. REGRA DA ASSOCIAÇÃO LIVRE – A regra fundamental A. No início havia uma pressão para que o paciente verbalizasse a fim de haver a associação livre. B. O perfil dos pacientes que procuram análise mudou. São pacientes que possuem que estão em sofrimento por diversas razões, não apenas a histeria dos tempos de Freud. C. A psicanálise moderna compreende um espectro mais amplo D. Análises são mais longas, porém, são como casamentos breves (psicoterapias breves de orientação psicanalítica) E. O avanço da ciência da comunicação permite o analista a observar de forma mais acurada, outras formas de linguagem não verbal, mas que incidem sobre a associação livre. III. REGRA DA ABSTINÊNCIA A. A regra sugere que o analista foque na atividade de interpretar, sem contudo, esperar algum tipo de gratificação. B. O risco de ceder a esse tipo de gratificação é que ela pode se tornar um meio do paciente entender que a aceitação por parte do analista significaria a solução dos conflitos internos. C. Porém, a melhor forma de um analista atender ao paciente é entendendo as suas necessidades, desejos e demandas. D. O cumprimento à risca dessa regra pode servir apenas para satisfazer as necessidades narcisistas do analista, impelindo-o a se postar como alguém que está no setting para atender, e não para entender. E. Ao atender a alguma forma de gratificação, o analista se exporia ao risco de ceder até mesmo a algum tipo de envolvimento sexual, por isso, Freud utilizou a metáfora da capa de chumbo que protege os radiologistas contra os efeitos maléficos do raio X. F. Quando, porém, tal atitude de evitação é levada ao extremo, pode contribuir para a instalação de um campo fóbico entre paciente e analista. G. Na atualidade, a prática psicanalítica deve observar o perfil emocional do paciente, a amplitude dos conhecimentos teóricos e entender que as análises devem propiciar mais liberdade e menos medo na interação entre analista e paciente. IV. REGRA DA ATENÇÃO FLUTUANTE A. Em tese, o processo psicanalítico visa promover uma comunicação entre o inconsciente o terapeuta com o inconsciente do paciente. Para isso, faz-se necessário cegar-se artificialmente, voltando-se dos sentidos para o interior, a “intuição”. B. Porém, todo analista é tão humano quanto o paciente e é impossível desvencilhar-se de sentimentos, memórias ou pressupostos, desde que nossa menta não esteja saturada dessas coisas. V. REGRA DA NEUTRALIDADE A. Aponta que o psicanalista deve ser opaco aos seus pacientes, e assim como um espelho, deve lhes mostrar apenas o que lhes é mostrado. B. Contudo, não é tão incomum que alguns terapeutas confundam um sadio estado mental de imparcialidade com uma indiferença. C. É impossível não se envolver com afetivamente com os pacientes. O terapeuta é um ser humano como qualquer outro. VI. A REGRA DO AMOR ÀS VERDADES A. O amor à verdade não pode se tornar um fator de censura e julgamento no processo psicanalítico. B. Todo e qualquer indivíduo, em algum grau, faz uso de mentiras, falsificações e evasão de verdades. C. Não se pode fixa-se na busca por verdades absolutas VII. UMA OUTRA REGA: A PRESERVAÇÃO DO SETTING A. Diz respeito a delimitação dos papéis e funções do paciente e analista de modo a impor o princípio da realidade sobre as alusões próprias do princípio do prazer do paciente. B. Não se pode apregoar uma rigidez cega e surda. C. O próprio Freud se mostrou incoerente, pois nem sempre o que professava condizia com sua prática clínica (caminhadas, troca de presentes, aconselhamento, admoestação e busca por confirmar suas teses prévias através de associações livres)
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