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Caso Concreto 04 - Direito do Trabalho II

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Universidade Estácio de Sá – Campus Nova Friburgo
Aluna: Carolina de Bois Soares Disciplina: Direito do Trabalho II Matrícula:201808217322 Professor(a): Paula Farsoun
Caso Concreto 04
(OAB XV/2014 - ADAPTADO):
Rogéria, balconista na empresa Bolsas e Acessórios Divinos Ltda., candidatou-se em uma chapa para a direção do sindicato dos comerciários do seu Município, sendo eleita posteriormente. Contudo, o sindicato não comunicou o registro da candidatura, eleição e posse da empregada ao empregador. Durante o mandato de Rogéria, o empregador a dispensou sem justa causa e com cumprimento do aviso prévio. Rogéria, então, enviou um e-mail para o empregador, dando-lhe ciência dos fatos, mediante prova documental. Apesar das provas, a empresa não aceitou suas razões e ratificou o desejo de romper o contrato de trabalho. Sobre o caso narrado, de acordo com a jurisprudência do TST, analise a questão e informe se a empresa Bolsas e Acessórios Ltda agiu corretamente.
Resposta:
De acordo com o caso concreto em tela, a questão apresentada versa sobre à estabilidade provisória sindical, que está previsto no ordenamento jurídico.
Os dirigentes sindicais têm garantida sua estabilidade pela própria Constituição Federal:
CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
(...)
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Consta disposição semelhante na Consolidação das Leis Trabalhistas:
CLT, art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais.
(...)
§ 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do
momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional94, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação.
(...)
§ 5º - Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, comprovante no mesmo sentido.
Quanto à parte final deste § 3º, a apuração de falta grave do dirigente sindical deve se dar
mediante inquérito judicial, conforme definido pelo TST:
Súmula TST 379 - Sindicato. Estabilidade provisória. Dirigente sindical. Despedida. Falta grave. Inquérito judicial. Necessidade.
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT.
Como a estabilidade se inicia com o registro da candidatura, é necessário que o empregador tome conhecimentos dos empregados que efetuaram seus registros para concorrer ao cargo de dirigente sindical, pois a partir deste momento não podem ser demitidos sem justa causa.
Sobre o assunto, é importante frisar que o item I da Súmula 369 do TST foi alterado em 2012, passando a viger com a seguinte redação:
Súmula TST 369 – Dirigente Sindical. Estabilidade Provisória.
I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do
prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho.
Nesta linha, o TST exige que haja ciência do empregador na vigência do contrato de trabalho, não importando se a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT.
Diante do caso concreto narrado e utilizadas as fundamentações embasadas nas súmulas do Tribunal Superior do Trabalho e disposições da Consolidação das Leis Trabalhistas, fica claro, portanto, que a empresa Bolsa e Acessórios LTDA, agiu erroneamente ao ratificar a dispensa da funcionária Rogéria, que possuía a proteção pelo manto da estabilidade provisória. Sendo assim, é assegurada à Rogéria a ocupação do respectivo cargo de trabalho na empresa, até o término do seu mandato como dirigente sindical, sendo vedada a sua despensa até um ano após o término do seu mandato, fazendo-se proibido a pratica de falta grave, devidamente apurada nos termos da CLT.
Doutrina:
Como assevera Gustavo Filipe Barbosa Garcia:
“(...) Realmente, de acordo com o § 3.º do art. 543 da CLT: “Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação”.
Assim, entende-se que essa determinação legal, quanto à necessidade de apurar a falta grave nos termos da CLT, foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, significando a incidência, ao caso, dos arts. 853 a 855 da CLT.
Nesse sentido prevê a Súmula 379 do TST: “Dirigente sindical. Despedida. Falta grave. Inquérito judicial. Necessidade. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3.º, da CLT”.
O mesmo entendimento já constava da Súmula 197 do STF.
Além disso, de acordo com a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, art. 55: “Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei 5.452, de 1.º.5.43)”.
Assim, o referido dispositivo assegura a garantia de emprego aos empregados eleitos diretores de cooperativas (criadas pelos empregados da empresa), na forma da previsão do art. 543, § 3.º, da CLT22. Como este último dispositivo, em sua parte final, exige a apuração da falta grave por meio do inquérito judicial, entende-se que esta ação judicial também se faz necessária ao caso em questão.
Cabe destacar, ainda, ser vedada a “dispensa dos representantes dos empregados membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até 1 (um) ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei” (art. 625-B, § 1.º, da CLT, acrescentado pela Lei 9.958/2000).
Na referida modalidade de estabilidade provisória, discute-se quanto à necessidade de inquérito judicial para pôr fim ao respectivo vínculo de emprego, na ocorrência de falta grave.”
Jurisprudência:
0000304-41.2019.5.12.0012
(...) reconhecida a estabilidade no emprego, prevista no art. 543, § 3º da CLT (estabilidade sindical), requerendo (...) empregado detentor de estabilidade provisória no emprego, prevista no art. 543, § 3º, da CLT, caso seja dispensado (...) autor era detentor de estabilidade no emprego conforme previsto no art. 543, § 3º da CLT, e que essa condição (...)
Ementa
ESTABILIDADE SINDICAL. EMPREGADO DISPENSADO SEM JUSTA CAUSA NO PERÍODO DE ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O empregado detentor de estabilidade provisória no emprego, prevista no art. 543, § 3º, da CLT, caso seja dispensado sem justo motivo pela empregadora, e desde que sejam observados os demais requisitos previstos em lei, tem direito ao recebimento dos salários e demais consectários do vínculo do período de estabilidade, a título indenizatório.   (TRT12 - ROT - 0000304-41.2019.5.12.0012 , QUEZIA DE ARAUJO DUARTE NIEVES GONZALEZ , 3ªCâmara , Data de Assinatura: 01/04/2020) 
Publicação
01/04/2020
Órgão Julgador
Gab. Des.a. Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez
Magistrado
QUEZIA DE ARAUJO DUARTE NIEVES GONZALEZ
Referência Bibliográfica:
Garcia, Gustavo Filipe Barbosa Curso de direito do trabalho / Gustavo Filipe Barbosa Garcia. – 11ª ed., rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.

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