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Câncer de Bexiga 1 Câncer de Bexiga É o tumor maligno originado do epitélio da bexiga, é o mais frequente do trato urinário. É o 6º câncer mais comum no homem, o 19ª câncer mais comum na mulher. 75% dos pacientes têm doença confinada à mucosa da bexiga ao diagnóstico. A incidência e a mortalidade estão diminuindo por redução da exposição aos fatores de risco e tratamentos estandardizados. Fatores de risco: tabagismo (50 - 80% dos casos, devido às aminas aromáticas produzidas pelo cigarro e excretadas pelos rins), exposição ocupacional (hidrocarbonetos - tintas, derivados do petróleo, indústria de metais), fatores genéticos, radioterapia pélvica, quimioterapia prévia com Ciclofosfamida, esquistossomose (Schistosoma haematobium - Egito), cistite de repetição, cálculo de bexiga e uso de sonda a longo prazo. Manifestações clínicas: hematúria (macro - 20% tem tumor de bexiga e micro < 20% tem tumor de bexiga), indolor e afebril. Sintomas irritativos (polaciúria, urgência miccional, urge-incontinência, noctúria), sintomas obstrutivos (jato fraco, gotejamento, esvaziamento incompleto, dor pélvica, retenção urinária, constipação intestinal). Exame físico: raramente positivo (apenas em casos de doença muito avançada pode apresentar massa palpável). É realizado o toque retal, toque vaginal, exame abdominal (fígado, periumbilical, massa palpável, globo vesical palpável, linfonodomegalias) Tipos histológicos: 90% carcinoma urotelial/células transicionais (causado pelo tabagismo), 3-7% CEC (irritação crônica ou infecção por S. haematobium), 2% adenocarcinoma (primário, úraco ou metastásico) e < 1% sarcoma Diagnóstico: Urina tipo 1 (hemácias e leucócitos) Citologia urinária: alta especificidade (95%) e baixa sensibilidade (30%). Mais comum vir positivo em tumores de alto grau e câncer in situ. Hemograma: anemia USG de aparelho urinário: alta sensibilidade para tumores maiores de 5 mm Cistoscopia: padrão ouro. Diagnostica 90% dos tumores. Sensibilidade pode aumentar se for fluorescente. TC para estadiamento (avaliar vias uriárias superiores) Marcadores biológicos: NM P22, teste de Fish, FgFr-3, Tert. Sem indicação no diagnóstico e seguimento, usados em protocolos de pesquisa. Estadiamento: TNM Tumor primário (T): Pta: tumor papilar confinado ao epitélio da bexiga Tis: carcinoma in situ T1: invasão de submucosa T2: invasão de muscular T3: invasão de gordura peri-vesical T4: invade estruturas e órgãos adjacentes Grau histológico (OMS) Grau 1973: grau 1 (bem diferenciado), grau 2 (moderadamente diferenciado) e grau 3 (pouco diferenciado) Câncer de Bexiga 2 Lesões papilares (2004/2016): neoplasia urotelial papilar de baixo potencial de malignidade, carcinoma urotelial papilar de baixo grau, carcinoma urotelial de alto grau. Tratamento: estratificação por grupos de risco Baixo risco: tumores primários, solitários, de baixo grau, < 3cm, sem câncer in situ. O tratamento indicado é RTU de bexiga, terapia adjuvante precoce (quimioterapia intravesical) e seguimento. Risco intermediário: não definido entre baixo e alto. Tratamento igual ao de alto risco. Alto risco: T1, alto grau, câncer in situ, > 3 cm, recorrente, múltiplos. Tratamento: RTU de bexiga, nova ressecção em 6 - 8 semanas (30% mudam o estadiamento), terapia adjuvante intravesical com OncoBCG ou QT e seguimento precoce. Ressecção transureteral de bexiga (RTU de bexiga): endoscópio. Lesão deve ser ressecada até a camada muscular, com margem de ressecção ao redor. Áreas suspeitas devem ser biopsiadas. Quimioterapia precoce intravesical: instilação precoce de quimioterápicos em dose única (até 24h) em tumores aparentemente superficiais de baixo e médio risco. Diminui em 10% a recorrência principalmente nos que se confirmarem de baixo risco, sem necessidade de mais instilação. Terapias adjuvantes: Imunoterapia com OncoBCG ("vacina"): preparação liofilizada de diversas cepas do bacilo Calmmete- Guérin, preparada para o tratamento de câncer de bexiga. OncoBCG é superior à QT intravesical e à RTU, tanto na recorrência quanto na progressão do tumor intermediário e de alto risco. Indução por 6 semanas e manutenção por 3 semanas, nos intervalos de 3, 6, 12, 16, 24, 30 e 36 meses, segundo South West Oncology Group (SWOG). Indicada em tumores de médio e alto risco, onde a cistectomia não é aceita pelo paciente, por 1-3 anos (tumores de risco intermediário por 1 ano) e em carcinomas in situ. Diminui recidiva. Quimioterapia adjuvante intravesical: Mitomicina, Gencitabina, Epirrubicina. Na falência, deve ser indicado OncoBCG. Indicada em risco intermediário por 1 a 3 anos, e também diminui a recorrência. Seguimento: Baixo risco: cistoscopia 3 e 9 meses e depois anualmente por 5 anos. Risco intermediário: adaptável Alto risco: cistoscopias e citologias a cada 3 meses por 2 anos, a cada 6 meses por 5 anos e depois anualmente. Também deve ser feito estudo do trato urinário superior anulamente Tumores infiltrativos: Cistectomia radical + linfadenectomia pélvica estendida (até o cruzamento dos vasos ilíacos). A cistectomia radical é a retirada da bexiga e dos órgãos adjacentes (útero, ovários, trompas, parede anterior da vagina, uretra feminina, ureteres terminais, próstata, vesículas seminais e uretra proximal no homem). Depois, deve ser feita uma derivação urinária dos ureteres que podem ser continentes, incontinentes, ortotópicos ou não ortotópicos. Para isso, a cirurgia mais comum é a de Bricker (alça intestinal liga os ureteres à pele - paciente fica incontinente com bolsa coletora). Também pode ser feita uma neobexiga com segmentos de intestino delgado, ou uma ureterostomia cutânea uni/bilateral. Cistectomia parcial: opção em alguns casos Grande morbimortalidade Decisão terapêutica é multidisciplinar e com a família Tumores metastáticos: cistectomia radical + linfadenectomia + QT Câncer de Bexiga 3
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