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Tanto o trato urinário superior como o inferior são revestidos pelo urotélio que possui uma espessura variável de 3 a 6 camas celulares. O câncer de bexiga é a 5ª neoplasia maligna em adultos mais comum nos EUA. É mais comum em homens, principalmente > 70 anos. Os tumores uroteliais consistem em 90% dos casos de CA de bexiga. Esse grupo de tumores apresenta alta taxa de recorrência após ressecção completa do tumor, podendo chegar a 90% caso não seja realizado tratamento complementar intravesical. Os principais fatores de risco são: 1. Tabagismo 2. Arsênico 3. Infecções crônicas 4. Condições inflamatórias (esquistossomose) 5. Exposição em ambiente de trabalho (arilaminas e hidrocarbonetos aromáticos). PATOLOGIA O tipo histológico mais comum é o carcinoma urotelial e não adenocarcinoma. Algumas alterações genéticas envolvidas são: mutações de ganho de função em FGFR3 e mutações de perda de função nos genes supressores de tumores TP53 e RB. Disseminam-se por contiguidade, invadindo a parede pélvica, a próstata ou a vagina; por via linfática, com acometimento progressivo dos glanglios ilíacos e periaórticos ou por via hematogênica, atingindo fígado, pulmões e ossos. CLÍNICA A mais comum é a hematúria, principalmente a macroscópica e indolor. Pode conter coágulos. Outros sintomas são: disúria, frequência e urgência miccional (normalmente associados a invasão do detrusor). DIAGNÓSTICO Os pacientes com suspeita de câncer de bexiga devem ser submetidos a uma avaliação minuciosa que inclui história clínica, exame físico, testes laboratoriais de rotina, exames de imagem do trato superior (preferencialmente de cortes transversais e com contraste) e cistoscopia em nível ambulatorial. A confirmação diagnóstica é feita com a cistoscopia e biópsia da lesão, recomendadas em todos os pacientes com alterações nos exames de imagem, ou com sintomatologia clássica com hematúria e > 40 anos, mesmo com imagem normal. Na cistoscopia na presença de câncer de bexiga, irão surgir massas caracteristicamente planas, papilares ou de aspecto grotesco e agressivo na superfície urotelial da bexiga. Deve fazer ainda o exame citológico da urina. A presença de células neoplásicas pode ser um achado. ESTADIAMENTO É realizado com: T (extensão) = TC de abdome e tórax ou pela RM N (linfonodos) = TC de abdome e tórax ou pela RM, RAIO-X DE TÓRAX M (metástase) = TC de abdome e tórax ou pela RM e cintilografia óssea quando o paciente apresentar dores ósseas ou alteração na fosfatase alcalina. No caso de carcinoma invasivo, o seu estadiamento, deve ser realizado exame de imagem de corte transversal do abdome e da pelve, mas deve-se considerar a TC de tórax ao invés da simples radiografia. Pode ser invasivo, quando possui extensão a partir de T2 (invasão na muscular própria, envolvendo o músculo detrusor) ou não invasivo, quando tem extensão em T1 ou menos (invade até o tecido conjuntivo subepitelial). CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA CA DE BEXIGA NÃO INVASIVO Não invadiram o músculo detrusor. Corresponde a 70% dos casos. Apresentam menor propensão à progressão com invasão muscular. O seu principal tipo histólogico é o de crescimento papilar. CLASSIFICAÇÃO Primário: CIS isolado, sem tumores papilares prévios ou concomitantes e sem CIS prévio; Secundário: CIS diagnosticado durante o seguimento de pacientes com tumores prévios não-CIS; Concomitante: CIS na presença de outros tumores uroteliais da bexiga. DIAGNÓSTICO O exame físico não revela o CBNMI. Obtenha a história clínica, com foco nos sintomas do trato urinário e na presença de hematúria. A Ultrassonografia (US) e outros métodos de imagem não conseguem identifica-lo por causa de seu aspecto plano. Nesse caso, os melhores exames para diagnóstico e acompanhamento são cistoscopia, citologia urinária e biópsia vesical. Na cistoscopia é visto como lesões planas (carcinoma in situ) ou papilares (Ta ou T1). No caso de achados ambíguos, deve-se realizar uma citologia urinária, que será da urina ou lavado vesical no momento da cistoscopia. Utilize citologia urinária como um adjunto à cistoscopia para detectar tumores de alto grau. A coleta da primeira urina matinal não é recomendada, devido à presença frequente de citólise. Use o sistema de Paris para descrever a citologia. Nos pacientes com citologia positiva e cistoscopia normal, exclua tumores uroteliais do trato superior, CIS da bexiga (com biópsias randômicas ou guiadas por DFD) e a presença de tumor na uretra prostática (biópsia de uretra prostática). TRATAMENTO O tumor deve ser completamente ressecado a partir de uma ressecção transuretral, para realização de uma análise patológica, estadiamento do tumor e identificação da invasão muscular e tratamento da doença não invasiva de baixo grau. A RTU-V é realizada através de endoscópio cirúrgico, denominado ressectoscópio, e utiliza energia monopolar ou bipolar para raspar o tumor da parede da bexiga. Todos os pacientes submetidos a RTU-V devem receber imediatamente quimioterapia intravesical (mitomicina C) até 6 horas após a cirurgia. Após 6 semanas, os pacientes de alto risco de recidiva ou de progressão do câncer devem receber terapia intravesical com agentes de imunoterapia ou quimioterapia. Deve realizar uma 2ª RTUV em caso de: - 1ª RTUV incompleta - Caso não haja músculo para biopsia - Tumores T1 Dos imunoterápicos, bacilo Calmette-Gúerin (BCG) é o agente de maior eficácia e preço mais acessível, no entanto, vários relatos ressaltam seus efeitos colaterais. são superiores à quimioterapia 22 Câncer de Bexiga Não Músculo Invasivo (TaT1, CIS) intravesical na redução das recorrências e no retardo da progressão para o câncer de bexiga músculo-invasivo. Entretanto, a BCG intravesical é mais tóxica. BCG é preparado a partir do Micobacterium bovis atenuado e reduz de forma significativa as taxas de recidiva tumoral, sendo terapia intravesical de escolha em pacientes com tumores superficiais de alto risco. Aplicação intravesical de BCG deve ser iniciada 30 dias após RTU. São contraindicações absolutas ao uso do BCG: tuberculose ativa, leucemias, linfoma de Hodgkin, infecção urinária, gravidez, pacientes transplantados e lactação. A cistectomia radical é o tratamento mais eficiente no invasivo, mas SEGUIMENTO Durante o seguimento dos pacientes com citologia positiva e ausência de tumores visíveis na bexiga, recomenda-se a realização de biópsias randomizadas ou guiadas por diagnóstico fotodinâmico (DFD) se disponível, além da investigação de possíveis sítios extravesicais (uro-TC, biópsia de uretra prostática). Pacientes com tumores de alto risco devem realizar cistoscopia e citologia urinária aos três meses. Caso negativos, uma nova cistoscopia e citologia urinárias devem ser repetidas a cada três meses por dois anos e a cada seis meses subsequentemente até completar cinco anos de seguimento, e após anualmente. Deve-se realizar a endoscopia sob anestesia com biópsias de bexiga quando a cistoscopia ambulatorial mostrar achados suspeitos ou quando houver uma citologia urinária positiva. CA DE BEXIGA INVASIVO Inclui o câncer de bexiga T2 ou mais. O principal é o carcinoma de células uroteliais, mas também há o carcinoma de células escamosas (2º mais frequente), o adenocarcinoma e o carcinoma de pequenas células. Os 2 últimos apresentam pior prognóstico. Existem 2 lesões precursoras distintas do carcinoma urotelial invasivo: tumores papilares não invasivos e carcinoma urotelial não invasivo plano. Tendem a ser únicos e possuem comportamento agressivo, com riscos elevados de progressão sistêmica. DIAGNÓSTICO Urografia excretora tem baixo poder de detecção de tumores invasivo de bexiga, mas pode ser útil em serviços com poucos recursos, especialmente quando existe obstrução da junção ureterovesical pelo tumor. Cistoscopia deve descrever todascaracterísticas macroscópicas do tumor (local, tamanho,número e aparência) e anormalidades da mucosa e realizar a biópsia da lesão. A Biópsia da uretra prostática é recomendada para casos de tumor de colo vesica ou quando existir sintomas prostáticos. PET-CT não é indicado para estadiamento local, pois seu traçador 18FDG- (fluorodeoxiglicose) tem excreção renal, dificultando a visualização do tumor vesical. TRATAMENTO O padrão é a cistoprostatectomia radical. No paciente masculino, a cistectomia radical envolve a remoção em bloco de toda a bexiga, com a gordura perivesical, próstata, vesículas seminais e linfonodos pélvicos. No paciente feminino, a cistectomia radical envolve normalmente a remoção em bloco das vísceras pélvicas, embora por vezes se possa considerar a recuperação dessas estruturas. A dissecção dos linfonodos deve incluir remoção dos linfonodos ilíacos externos e internos, dos linfonodos ilíacos comuns até a bifurcação aórtica, e linfonodos pré-sacrais. As taxas de complicações perioperatórias são elevadas, e mais de 60% dos pacientes apresentam pelo menos uma complicação nos 90 dias seguintes à cirurgia. Em relação as complicações a longo prazo temos: distúrbios eletrolíticos, desmineralização óssea, produção de muco, formação de cálculos, infecção crônica, diarreia, insuficiência de vitamina B12 e risco aumentado de câncer. Muitos pacientes são tratados com quimioterapia neoadjuvante. Os regimes típicos de quimioterapia neoadjuvante incluem MVAC (metotrexato, vimblastina, doxorrubicina [Adriamicina] e cisplatina) e GC (gencitabina e cisplatina). Tipos de derivação urinária: 1. Conduto ileal, 2. Substituição da bexiga ortotópica com anastomose para a uretra natural 3. Formas mais complexas de reservatórios cateterizáveis via cutânea com mecanismos de continência (urostomia)
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