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Carolina Cidrack – S2 M1 CONFERÊNCIAS 1 Farmacologia do tgi Fisiologia da secreção gástrica: Fatores neurais (acetilcolina), parácrinos (histamina) e endócrinos (gastrina) regulam a secreção de íons H+ pelas células parietais Células envolvidas: − Célula ECL > histamina − Célula do SNE > acetilcolina − Célula parietal > ácido − Célula epitelial superficial > muco e bicarbonato Esse conjunto gera uma elevada concentração de íons H+ no lúmen gástrico, o que requer mecanismos intensos de defesa para proteger o esôfago e o estômago, como: • Esôfago: esfíncter esofágico inferior, que impede o refluxo do estômago • Estômago: secreção de muco que reveste a mucosa, retardando a difusão de íons e a lesão da mucosa por macromoléculas, como a pepsina Produção de muco é estimulada por prostaglandinas, que são mediadores endógenos, produzidos a partir de lipídios da membrana; tem papel essencial no controle da secreção do HCl e na proteção gástrica. AINEs: anti-inflamatórios não esteroidais, que representam a classe de fármacos que impedem a formação de prostaglandinas, que geram uma maior pré-disposição de doença ácido-péptica. Mecanismos de secreção de controle do ácido gástrico: 1. Gastrina: atua em seu receptor específico na membrana das células ECL, então, ocorre uma série de reações bioquímicas que culminam na liberação de histamina 2. Histamina: atua em receptores H2 presentes na membrana das células parietais, o que vai ativar uma proteína GS. Essa proteína vai mediar uma série de reações bioquímicas com aumento da produção de AMPc, o qual ativa uma proteína quinase A, que age fosforilando e ativando a bomba de prótons 3. Acetilcolina: atua nos receptores muscarínicos, que vai ativar uma proteína GQ, que leva ao aumento do cálcio intracelular, com consequente ativando de uma proteína quinase C, que vai fosforilar e ativar a bomba de prótons 4. Gastrina: também ativa um receptor chamado CCK2, que também está acoplado a uma proteína GQ, ocasionando o aumento do cálcio intracelular, que vai ativar a proteína quinase C, gerando fosforilação e ativação da bomba de prótons 5. Prostaglandinas: atuam em receptores EP3 nas células parietais, o que gera reações bioquímicas que diminuem a produção do AMPc, com menor ativação de proteína quinase A e menor ativação da bomba de prótons 6. Prostaglandinas: também atuam em receptores presentes nas células epiteliais superficiais, promovendo o aumento da produção de muco e de bicarbonato, protegendo a mucosa gástrica Produção do HCl: 1. Dentro da célula parietal, existe CO2 e H2O, que reagem, sendo catalizados pela enzima anidrase carbônica, formando ácido carbônico (H2CO3) 2. Esse ácido carbônico é bastante instável, sendo dissociado em H+ e HCO3- 3. Íons H+ são bombeados para fora pela bomba de prótons, enquanto o K+ vai ser colocado para dentro 4. O K+ vai sair da célula pelos canais de K+, enquanto os íons HCO3- vão sair pelo trocador Cl-/HCO3-, ao passo que os íons Cl- entram na célula Carolina Cidrack – S2 M1 CONFERÊNCIAS 2 5. O cloreto sai da célula pelo canal de cloreto, alcançando o canalículo da célula parietal 6. Assim, no interior do canalículo, o H+ vai interagir com o Cl-, produzindo o HCl Fármacos para distúrbios do TGI: Farmacocinética: estuda os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de fármacos 1. Absorção: transferência do fármaco do seu local de administração para a via sistêmica 2. Distribuição: os fármacos normalmente se juntam a transportadores, sendo que a fórmula farmacologicamente ativa é o fármaco livre; a albumina é a proteína que mais auxilia na distribuição de fármacos 3. Metabolismo: pode ocorrer em qualquer parte do organismo, mas geralmente acontece em maior quantidade no fígado, por meio do sistema enzimático citocromo p450, formando metabólicos farmacologicamente inativos 4. Excreção: após a metabolização, volta para a circulação sistêmica, é filtrado e excretado pelos rins e, também, pode ocorrer filtração glomerular, secreção tubular, suor, fezes e saliva Farmacodinâmica: mecanismo de ação do fármaco, onde ele age, como ele age Supressores da secreção ácida: 1. Inibidores da bomba de prótons ou IBP: supressores mais potentes da secreção de ácido gástrico; inibidores da bomba de prótons; diminuem a produção diária de ácido (basal e estimulada) em 80 a 95% • Omeprazol: via oral; disponível na rede pública de forma gratuita • Esomeprazol: via oral e parenteral • Lansoprazol: via oral e parenteral • Dexlansoprazol: via oral • Rabeprazol: via oral • Pantoprazol: via oral e parenteral Farmacocinética dos IBP: Absorção: − IBP são bases fracas, são formas farmacêuticas gastrorresistentes (resistem ao ácido do estômago) − Deve ser feita a administração oral com o estômago vazio ou de 30 minutos a 1h antes das refeições, porque a presença de alimentos reduz a biodisponibilidade (porcentagem na qual uma dose de fármaco chega ao seu lugar de ação e alcance a circulação sistêmica) − Sua absorção vai acontecer no intestino delgado por difusão Distribuição: − Ligam-se a proteínas plasmáticas (de modo reversível) e são distribuídos Metabolismo: − Metabolização hepática: CYP 450 − Metabolismo hepático de primeira passagem: na primeira vez que passa pelo fígado, uma parte já é metabolizado antes de atingir a circulação sistêmica Excreção: − Renal Farmacodinâmica dos IBP: ▪ IBP são pró-fármacos, ou seja, substância inativa, que é convertida em substância ativa no organismo ▪ Ativação em ambiente ácido: interage com a bomba de prótons, inibindo irreversivelmente ▪ Pró-fármaco livre (sem estar associado à proteína) difunde-se nas células parietais do estômago ▪ Acumulam-se nos canalículos secretores ácidos Carolina Cidrack – S2 M1 CONFERÊNCIAS 3 OBS: a secreção de ácido só retorna se houver produção de novas moléculas da bomba de prótons e sua inserção na membrana da célula parietal OBS 2: célula parietal existe em dois estágios: a. De repouso: poucas proteínas na membrana b. Fase estimulada: muitas proteínas na membrana Como nem todas as bombas ou nem todas as células parietais estão simultaneamente ativas, pode ser que o IBP não alcance todas as bombas Assim, a supressão máxima da secreção ácida requer várias doses dos IBP. Por exemplo: podem ser necessários de 2 a 5 dias de tratamento com uma dose diária para obter a inibição de 70% das bombas de prótons, observada no estado de equilíbrio dinâmico Vantagens dos IBP: ✓ Inibição mais potente da secreção ácida ✓ Poucos efeitos colaterais ✓ Posologia uma vez ao dia Desvantagens e efeitos adversos: ✓ Interação com absorção de outros fármacos ✓ Cefaleia, diarreia, tontura, sonolência, confusão mental e dores musculares ✓ Diminuição da absorção da vitamina B12 Indicações: ✓ Promover a cicatrização de úlceras gástricas e duodenais ✓ Tratamento da doença do refluxo gastroesofágico, incluindo esofagite erosiva 2. Antagonistas dos receptores da histamina: inibem a produção do ácido, competindo de modo reversível com a histamina pela ligação aos receptores H2 na membrana basolateral das células parietais Cimetidina: via oral e parenteral Ranitidina: via oral e parenteral Famodipina: via oral e parenteral Nizatidina: via oral Carolina Cidrack – S2 M1 CONFERÊNCIAS 4 Farmacocinética: Farmacodinâmica: Normal: 1. Histamina interagindo com o receptor H2 2. Leva ao aumento de AMPc e ativação de uma proteína quinase A 3. Ativação da bomba de prótons Na presença da cimetidina: 1. Liga-seao receptor H2 2. A histamina não consegue reagir Indicações: ✓ Promover a cicatrização de ulceras gástricas e duodenais ✓ Tratamento da doença de refluxo gastresofágico, incluindo esofagite erosiva ✓ Ulcera péptica ✓ Sangramento relacionado ao estresse Efeitos adversos: ✓ Interação com absorção de outros fármacos ✓ Cefaleia, sonolência, diarreia, constipação e dores musculares
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