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Stella de Mello COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 1ª Edição, 2020 Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e pro� ssional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação a Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani,Jônathas Sant’Ana e � amires Mattos Designers grá� cos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e pro� ssional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação a Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani,Jônathas Sant’Ana e � amires Mattos Designers grá� cos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2020 Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Stella de Mello COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Mello, Stella de. Comunicação e expressão [livro eletrônico] / Stella de Mello. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira pro� ssional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como pro� ssão 4. Contabilidade como pro� ssão - Leis e legislação 5. Formação pro� ssional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Contabilidade : Educação pro� ssional 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Comunicação e expressão 1ª edição – 2020 e-book (pdf) OP 00123_056 Editora associada: Todos os direitos reservados para a unaspress - Imprensa universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. Preparação: Matheus Cardoso Revisão: Giovanna Finco Projeto grá� co: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Ana Paula Pirani Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13.448-900 Tels.: (19) 3858-5222 / (19) 3858-5221 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial cientí� ca ad hoc: Waggnoor Macieira Kettle Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piraci- caba, SP, com ênfase no ensino da Contabilidade Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Al� eri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez SUMÁRIO GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS APLICABILIDADES ..... 13 Introdução ........................................................................................14 Breves reflexões sobre o ato de escrever na esfera universitária ......................................................................15 Resumo ............................................................................................17 Resumos indicativos ...............................................................18 Resumos informativos ............................................................19 Resumos críticos ou resenha ..................................................21 Sobre os vários tipos de resumo: importante........................24 Fichamento ......................................................................................25 No que toca ao aspecto físico .................................................26 Artigo acadêmico.............................................................................27 Leitura ..............................................................................................32 VO CÊ ES TÁ A QU I As condições de produção da leitura ......................................36 Estratégias de leitura ...............................................................38 Lendo e produzindo textos ..............................................................43 Referências .......................................................................................50 A COMUNICAÇÃO APLICADA AO AMBIENTE CORPORATIVO ................................ 53 Introdução ........................................................................................54 Sistema da comunicação .................................................................54 Funções da linguagem ....................................................................63 Função informativa (referencial/denotativa) .........................65 Função expressiva (emotiva) ..................................................66 Função conativa (apelativa)....................................................67 Função fática (ou interativa) ...................................................68 Função metalinguística ...........................................................69 Função poética ........................................................................70 A apresentação eficaz ......................................................................73 Pontualidade ...........................................................................73 VO CÊ ES TÁ A QU I Equipamentos .........................................................................74 Conexão com a rede ................................................................75 Linguagem ..............................................................................76 Apresentação em grupo .........................................................77 Ansiedade ...............................................................................78 Concluindo ..............................................................................79 Perguntas ................................................................................79 Vestuário .................................................................................80 Para finalizar ............................................................................80 Habilidades comunicacionais ..........................................................82 Fases de uma apresentação ....................................................84 O que evitar? ...........................................................................89 Referências .......................................................................................93 PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA. Leitura e Interpretação de Textos. Construção de textos técnicos. Elaboração, crítica e análise de relatórios e projetos. Comunicação Empresarial. Desenvolvimento de Expressão Oral. O gestor como comunicador. Mídias organizacionais. Organização e postura em reuniões, eventos e momentos públicos. EMENTA CONHEÇA O CONTEÚDO Seja bem-vindo(a) ao estudo sobre Comunicação e Expressão! Neste material, você terá acesso a alguns conceitos importantes quando falamos de Língua Portuguesa escrita. Mas, diferentemente do que, talvez, você lembre de seus aprendiza- dos anteriores, o estudo da nossa língua não se resume ao conhecimento gramatical dos seus elementos ou a decorar quais tipos de textos existem. Ele vai além de qualquer ensino que esteja focado na gramática pura e simplesmente. Aliás, o estudo de gramática existe para auxiliar a nossa percepção crítica sobre o que lemos e ouvimos em nossa vida. Aqui, levantaremos questões relacionadas à linguagem, visando desenvolver o racio- cínio crítico e conceitos básicos dos textos acadêmicos. Para melhor assimilação do conteúdo, este material foi dividido em duas partes, que têm o objetivo de abordar com maiores detalhes todos os assuntos relevan- tes para a área em questão. A primeira parte apresentará breves reflexões sobre o ato de escrever dentro do contexto acadêmico, sobre os gêneros textuais mais utilizados na esfera universitária e ainda, sobre a leitura, a produção e a análise de textos. A segunda parte do estudo terá a comunicação como tema central, relacionando-a com o ambiente de trabalho e com a importância de se ter uma comunicação eficaz num mundo cor- porativo. Esperamos que você aproveite este conteúdo e que, a partir dele, consiga desen- volver suas habilidades com a escrita, leitura e produção de textos. Bons estudos! uNIDADE 1 - Adquirir conhecimentos linguísticos necessários para sintetizar – de maneira lógica - ideias, projetos, empreendimentos, procedimentos; - Escrever, falar e ler de maneira clara, objetiva e assertiva em todas as situações envolvidas no administrar de uma empresa; - Contribuir para o crescimento da empresa no que se refere à solução de problemas por meio do raciocínio lógico-linguístico. GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS APLICABILIDADES OB JE TI VO S 14 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO INTRODUÇÃO Nesta unidade você será exposto às práticas discursivas usadas na universidade e aos gêneros do discurso acadêmico, mais precisamente: resumos, fichamentos, resenhas e artigos acadêmicos. Falaremos também sobre a apropriação formal e funcional de tais gêneros para que você compreenda a presença da escrita científica na rotina pedagógica ou profissional. Além disso, abordaremos a leitura e como ela pode auxiliar na produção de diferentes textos, a leitura analítica de textos técnicos e científicos e como colocá-la em prática. Assim, para ajudar na absorção de todos esses assuntos, esta unidade foi dividida em tópicos. Portanto, esperamos que ao final desta unidade você tenha compreendido: • a importância da escrita para a esfera universitária; • a diferença entre resumo indicativo, informativo e crítico ou resenha; • como fazer um fichamento efetivo; • como elaborar um artigo acadêmico; 15 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES • todas as etapas da leitura; • as estratégias de leitura e como usá-las; • como produzir textos aplicando as dicas aprendidas. BREVES REFLEXÕES SOBRE O ATO DE ESCREVER NA ESFERA UNIVERSITÁRIA A esfera universitária é composta por estudantes, professores e funcionários, e, no que se refere à educação brasileira, é nessa esfera que você vai dar continuidade ao processo de letramento escolar, após já ter vivenciado diversas práticas de letramento na educação básica. No entanto, ao chegar aos bancos acadêmicos, é comum levarmos um tempo para nos ambientar a esse meio, já que ele nos exige novas práticas de letramento. Logo que as aulas começam, alguns estudantes questionam-se e angustiam-se ao constatar que muitas expectativas sobre a esfera universitária e o curso eleito com o passar do tempo vão se dissipando e se transformando em fastidiosas exclamações. 16 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Ainda, professores frequentemente solicitam aos estudantes que produzam textos em gêneros como fichamentos, seminários, resenhas, artigos, entre outros, pressupondo que estes os dominam e ignorando que muitos dos estudantes provavelmente nunca tenham participado de práticas discursivas como as solicitadas, em que esses gêneros tivessem de ser exercitados de fato. Vamos aprender e exercitar essas práticas discursivas a partir de agora? A compreensão sobre os gêneros do discurso alude ao teórico das ciências da linguagem Mikhail Bakhtin e diz respeito às várias maneiras de usar a língua nas inúmeras esferasda atividade humana. Quando abordamos a produção de textos escolares e acadêmicos (em qualquer nível) outro motivo que pode ser indicado como gerador de bloqueio é a ausência de objetivo claro para o texto e de um possível leitor, porque o estudante, na grande maioria das vezes, escreve numa condição de “faz de conta”. Possivelmente, se o estudante definisse para que e para quem está escrevendo (além de escrever somente para o professor), assumiria um papel de autor do seu texto, alcançando o desejo de comunicar a mensagem almejada e, consequentemente, de colocar no papel o que tem a dizer. Portanto, o autor deve ter bem definidos o objetivo e o leitor, buscando adequar a linguagem e o conteúdo 17 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES a eles. Desse modo, deduzimos que escrever bem se relaciona ao ato de conseguir produzir um texto que faça sentido em uma determinada situação de comunicação. MATERIAL COMPLEMENTAR Provavelmente, você já se deparou com o órgão respon- sável pela normalização técnica no Brasil, a ABNT. No de- correr dos tópicos a seguir, veremos algumas menções a essas normas. Há quem torça o nariz ao ver e ouvir so- bre as inúmeras regras que permeiam a escrita técnica, mas, gostando ou não, elas são necessárias para o bom desenvolvimento e padronização dos gêneros textuais. Para auxiliá-lo, veja uma reportagem da jornalista Nata- lia Scalzaretto que resume algumas normas primordiais para a construção dos trabalhos acadêmicos. Disponível em: <https://bit.ly/2AWJr4d>. Acesso em: 12 jun. 2020. RESUMO O resumo é um gênero do discurso cuja finalidade é o registro das informações principais a respeito de um texto. De acordo com Medeiros (2014) e com a Norma Brasileira de Referência – NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 1), resumo é a apresentação “concisa dos pontos relevantes de um documento” 18 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO e pode ser classificado em três tipos distintos: resumo indicativo, resumo informativo e resumo crítico ou resenha. RESUMOS INDICATIVOS É indispensável à aplicação de um resumo que informemos: objetivos, métodos, resultados e conclusões de estudos, como trabalhos de conclusão de curso (TCCs), artigos, monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Segundo Medeiros (2014) e a NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 2) devemos observar a seguinte extensão: • de 150 a 500 palavras os trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-científicos; • de 100 a 250 palavras os de artigos de periódicos; O resumo é um gênero do discurso cuja finalidade é o registro das informações principais a respeito de um texto. 19 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES • de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves. Assim, percebemos que o resumo indicativo é um texto breve que encapsula a essência do artigo, monografia, dissertação ou tese que precede. Sobretudo, no que se refere ao artigo acadêmico, atua como fonte de informação precisa e completa e auxilia os pesquisadores a ter rápido e oportuno acesso à gama de publicações específicas. Resumos dessa natureza têm caráter indicativo, portanto não dispensam a leitura dos textos-fonte, pois tais resumos apenas indicam o conteúdo desses textos. A ABNT recomenda o uso de parágrafo único e ainda que a primeira frase seja significativa, explicando o tema principal do documento. Em seguida, vem a informação sobre o conteúdo do trabalho (pesquisa bibliográfica, pesquisa experimental, estudo de caso etc.). Por fim, as palavras-chave devem aparecer logo abaixo do resumo, precedidas da expressão “Palavras-chave”. RESUMOS INFORMATIVOS Essa modalidade de resumo é indicada para artigos científicos e artigos acadêmicos de forma geral. Há 20 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO situações em que esse tipo de resumo é requerido. Por exemplo, momentos em que você deve resumir o conteúdo de um material lido – para uma disciplina da graduação – a fim de dar conta do estudo desse material – visando a uma apresentação em aula ou prova. Nessas situações, em que você não poderá voltar ao texto-fonte, fará uso desse tipo de resumo. E também, quando você realiza o fichamento de um livro ou de parte desse livro, pois não poderá dispor desse mesmo futuramente. É o caso de obras tomadas como empréstimos, tanto de acervos públicos quanto de acervos particulares. O resumo informativo tem por finalidade, como o nome sugere, deixar o leitor informado acerca dos pontos básicos de um texto, permitindo a ele a oportunidade de ter uma visão geral do assunto tratado no texto-fonte. O resumo informativo tem por finalidade deixar o leitor a par dos pontos básicos do texto. Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/31Weatk) 21 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES Ressaltamos, desse modo, que a consulta ao texto original não se faz tão necessária assim. Segundo Medeiros (2014) e a NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 2), o registro das referências bibliográficas deve estar contido nos resumos, o que, entendemos, pratica-se aos resumos informativos, que devem ser antecedidos da anotação clara e precisa da fonte bibliográfica a que se referem. RESUMOS CRÍTICOS OU RESENHA A resenha é um gênero textual muito utilizado na universidade, em diversas disciplinas e em contextos variados. Segundo Medeiros (2014), trata-se de um tipo de redação técnica que inclui as seguintes modalidades de textos: descrição, narração e dissertação, pois descreve a parte física da obra (descrição); relata a biografia do autor, aquilo que o tornou relevante; resume a obra; apresenta as suas conclusões e a metodologia utilizada e também a que autores o autor se referiu (narração); e, para finalizar, apresenta uma apreciação, ou seja, um julgamento de valor e diz a quem a obra pode ser indicada (dissertação). 22 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Resenha, portanto, é a apreciação de um texto, objetivando documentar de modo crítico seu conteúdo. A finalidade da resenha é a divulgação de textos e de obras, expressando de maneira crítica o que tais textos e obras abrangem. A resenha assinala impressões pessoais do resenhista a respeito do texto-fonte. Muitas vezes o autor da resenha refere-se a obras já publicadas pelo autor do texto-fonte ou a obras que tratam de temas semelhantes, as quais compõem critério para a análise crítica propriamente dita. Resenhas são encontradas em periódicos, como revistas semanais de ampla circulação nacional e jornais das mais variadas tendências. Esses periódicos, em geral, publicam resenhas de livros, filmes, peças teatrais e outros, visando informar o leitor a respeito do conteúdo desses livros, filmes e peças, e da utilidade ou não de lê-los ou de assistir a eles. O gênero resenha possui algumas divisões e a mais conhecida é a divisão acadêmica, a qual revela moldes rigorosos e responsáveis pela padronização dos textos técnico-científicos, a saber: resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática. Para Medeiros (2014, p. 162), na resenha acadêmica crítica há os elementos dissertativos, além dos descritivos e 23 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES narrativos, a defesa de um ponto de vista, a apresentação de argumentos e provas. Prevê-se, por parte do leitor, um posicionamento do resenhista. Igualmente, o referido autor propõe que a resenha crítica contenha: referências bibliográficas; credenciais do autor; resumo da obra (digesto); conclusões do autor (se forem mencionadas); metodologia aplicada pelo autor; quadro de referências do autor; crítica do resenhista (apreciação); e indicações do resenhista. De acordo com Medeiros (2014 apud FIORIN; PLATÃO, 1990, p. 426), a resenha acadêmica descritiva deve: “fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem”. Desse modo, essa resenha apenas descreve, não expõe a opinião do resenhista. Ainda para Medeiros (2014), a estrutura da resenha descritivadeve conter os seguintes elementos: nome do autor (ou dos autores); título e subtítulo da DIGESTO Segundo o site Significados, digesto é uma “resenha; texto breve e resumido de um texto, artigo ou livro; a publicação composta por esses resumos”. Fonte: <https://bit.ly/34Y1m7s>. Acesso em: 02 set. 2020. 24 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO obra (livro, artigo de periódico); se tradução, nome do tradutor; nome da editora; local e data da publicação da obra; número de páginas e volumes; descrição sumária das partes, capítulos, índices; resumo da obra, destacando objeto, objetivo, gênero; tom do texto; métodos empregados e ponto de vista que sustenta. Finalmente, na resenha acadêmica temática, o resenhista apresenta variados textos ou obras que contenham temas congêneres, ou seja, assuntos em comum ao tema principal. O autor sugere os seguintes passos para estruturar a resenha acadêmica temática: apresentação do tema; resumo dos textos; citação das fontes e conclusão. SOBRE OS VÁRIOS TIPOS DE RESUMO: IMPORTANTE As disposições da NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 2) recomendam que os resumos sejam constituídos de uma sequência de frases concisas, afirmativas e não de enumeração de tópicos, isto é, refere-se ao que denominamos “texto corrido” e não “texto esquemático”. No caso dos resumos para trabalhos acadêmicos, deverão ser redigidos em um só parágrafo. De acordo com a referida norma: deve-se usar o verbo na voz ativa e na 25 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES terceira pessoa do singular, por exemplo: “Constata-se...; Conclui-se...; Sugere-se...”. Há indicação para evitar: • símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; • fórmulas, equações, diagramas etc., que não sejam absolutamente necessários; quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez em que aparecem (ABNT, 2003, p. 2). FICHAMENTO O fichamento de resumo é “um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa em reduzir um texto às suas ideias principais. Em princípio, o resumo é uma paráfrase e pode-se dizer que dele não devem fazer parte comentários” (MEDEIROS, 2014, p. 112). O fichamento contém um resumo informativo. Desse modo, é você “dizendo” o que o autor “diz”. 26 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO O fichamento contém um resumo informativo. Desse modo, é você “dizendo” o que o autor “diz”. São suas palavras, mas com base nas ideias do autor. No resumo informativo (que faz parte do fichamento), há um apanhado das ideias do autor, articulado nas nossas palavras. Não há cópia, certo? O fichamento, como todos os demais trabalhos acadêmicos, deve ser elaborado em Times New Roman ou Arial 12, de espaçamento 1,5 entre linhas, quando digitado. Uma informação indispensável que deve ser posta no cabeçalho é a referência da obra a ser fichada. Podemos fazer “citações diretas”: cópias (palavras na íntegra) ou citações indiretas, nesse caso, eu digo com as minhas palavras as palavras do autor (paráfrase). Não se esqueça de que a “chave” de todo o processo é ler com muita atenção o texto-fonte, sempre! NO QUE TOCA AO ASPECTO FÍSICO A reunião das informações do texto para o fichamento pode ser feita num arquivo de fichas ou pelo computador. Se optar pelo uso de fichas, são comuns os seguintes tamanhos: 27 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES • Tipo grande: 12,5 cm x 20,5 cm; • Tipo médio: 10,5 cm x 15,5 cm; • Tipo pequeno (internacional): 7,5 cm x 12,5 cm. Você também pode optar pelo uso do fichamento informatizado. Este tem o benefício de que não há limite de linhas, como no fichamento em papel. Outro benefício é a agilidade, porque é possível copiar e colar textos, deslocar informações de uma parte para outra, usar o recurso de encontrar expressões-chave, entre outras possibilidades. ARTIGO ACADÊMICO De acordo com a NBR 6022 (ABNT, 2002, p. 2), o artigo científico pode ser definido como a “publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Tal norma prevê a existência de dois tipos de artigo: • Artigo de revisão: parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas; • Artigo original: parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais (ABNT, 2002, p. 2). 28 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Esperamos que por meio deste estudo você possa identificar a configuração acadêmica e a finalidade do gênero artigo, bem como, seja capaz de escrever um texto desse gênero, que é um dos usos sociais da língua habitual na atividade universitária. O artigo, na esfera acadêmica, é um gênero que tem por finalidade a socialização do resultado de estudos e pesquisas. Artigos são produzidos para divulgar à comunidade acadêmico-científica tanto descobertas a respeito de um dado campo de pesquisa quanto questionamentos, reflexões e (re) leituras de teorizações vigentes. Existem, também, artigos escritos objetivando a revisão de bibliografias e conteúdos em suporte eletrônico acerca de um assunto específico. Esses artigos reúnem, em uma leitura crítico-analítica, visões de diversos autores. Desse modo, verificamos que a produção de um artigo, na universidade, apresenta a documentação de um estudo efetivado, o que se realiza com embasamento na perspectiva de outros autores, trazendo consigo, porém, uma perspectiva de autoria, no que toca à reflexão e produção por parte do aluno. Talvez você esteja se questionando: qual a diferença entre um artigo e uma monografia? Basicamente, o primeiro 29 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES passo é entender que na escrita do artigo acadêmico não podemos pormenorizar um determinado assunto, estendendo- nos em diversos capítulos, como o fazemos na escrita da monografia. A publicação de artigos em periódicos especializados é de suma importância para a ascensão da ciência nas diversas áreas. Pesquisadores e estudiosos de variadas áreas da atividade humana fazem descobertas e postulam teorias cuja socialização, por intermédio de artigo, por exemplo, faz-se imprescindível para que novas possibilidades sejam traçadas nas veredas do pensamento humano. Medeiros (2014) e a NBR 6022 (ABNT, 2002) descrevem, ainda, as partes constitutivas do gênero artigo, caracterizando sua estruturação em três divisões: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Confira uma representação desses elementos na Figura 1: A publicação de artigos em periódicos especializados é de suma importância para a ascensão da ciência nas diversas áreas. 30 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Figura 1 - Partes constitutivas do artigo ARTIGO Elementos pré-textuais Elementos textuais Elementos pós-textuais Título do artigo e subtítulo, se houver Identificação da autoria: nome(s) do(s) autor(es) Resumo, no nosso caso, em português Palavras-chave igualmente em português Título Notas explicativas Referências Glossário Apêndice Anexos Resumo e palavras-chave em língua estrangeira Introdução: “parte inicial do artigo onde deve constar a delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do artigo” Desenvolvimento: “parte principal do artigo, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto tratado. Divide-se em seções e subseções [...] que variam em função da abordagem do tema e do método” Conclusão: “parte final do artigo na qual se apresentam as conclusões correspondentes aos objetivos e às hipóteses” Fonte: adaptado da NBR 6022 (ABNT, 2002, p. 4) 31 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES Para a produção de um artigo original, de fato, é indispensável ter em mente que o desenvolvimento é organizado em três grandes eixos: 1. Fundamentação teórica: emprego das teo- rias com base nas quais discorremos sobre o assunto em questão. Sugere mencionar autores e obras com legitimidade na área de estudos na qual está inserido o artigo. Nesse caso, trata-se de resenharas obras analisadas “conversando” com os autores citados e, por meio desse diálogo, inserir citações diretas sempre que essa inserção for pertinente; 2. Metodologia: descrição minuciosa do per- curso no processo de coleta e de análise dos dados de pesquisa; 3. Análise dos resultados da pesquisa: um dos passos mais significativos de um artigo origi- nal é o processo de avaliação dos dados ge- rados. Tal processo demanda a organização prévia das informações alcançadas no perío- do da pesquisa. Na efetiva análise dos dados, é necessário apresentar analiticamente essas 32 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO regras, explanando-as à luz das teorias trazi- das na fundamentação teórica. Assim, você exporá os resultados de sua pesquisa. MATERIAL COMPLEMENTAR Ao conhecermos um pouco das práticas discursivas na universidade e os gêneros textuais/discursivo-acadêmi- cos, é relevante refletirmos sobre a importância da divul- gação científica e sua popularização. Veja o que alguns colaboradores e pesquisadores da área da ciência tem a dizer sobre o assunto, na roda de diálogo do programa Salto para o Futuro, desenvolvido pela TV Escola com o apoio do Ministério da Educação. Disponível em: <https://bit.ly/2uDw8wr>. Acesso em: 11 jun. 2020. LEITURA Você já deve ter se questionado sobre o que é ler. Concordamos com a visão de Medeiros (2014), de que a linguagem não pode ser examinada separadamente da sociedade que a produz e de que para sua composição, entram em jogo processos histórico-sociais. Desse modo, “a leitura é produzida, uma vez que o leitor interage com o autor do texto” (MEDEIROS, 2014, p. 55). Esse ponto de vista leva em conta que 33 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES o texto é o lugar de interação entre falante e ouvinte, autor e leitor. Pois bem, ler é uma atividade que vai muito além de decodificar as letras, visto que o sentido do que lemos depende de alguns aspectos, tais como: o que conhecemos acerca do assunto e nossa habilidade para processar o que foi lido. Podemos dizer que a leitura é uma atividade complexa e muito importante, capaz de inserir o sujeito em um amplo mundo de conhecimentos, oportunizando a obtenção de informações referentes ao saber de diversas áreas da atividade humana. Enfatizamos, ainda, que o ato de ler pressupõe vivências com a linguagem por meio de diversos gêneros do discurso, para que nos tornemos leitores proficientes para finalidades distintas. Conforme Medeiros (2014, p. 56), o texto não é objeto acabado, mas sim “aparentemente acabado (tem começo, DECODIFICAR De acordo com o dicionário on- -line Dicio, decodificar nada mais é do que “escrever numa lingua- gem clara; transferir para um código compreensível; decifrar”. Fonte: <https://bit.ly/3jMum6t>. Acesso em: 04 set. 2020. 34 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO meio e fim)”. Ainda seguindo o pensamento do autor, a análise do discurso traz à tona sua incompletude, por meio das suas condições de produção, uma vez que o texto se relaciona com a situação (contexto sociocultural, histórico, econômico, com os interlocutores) e com outros textos (intertextualidade). Assim, a legibilidade de um texto decorre, segundo Medeiros (2014), do vínculo do leitor com o texto e com o autor, e não unicamente da coesão gramatical de frases no texto e da coerência das ideias em relação ao contexto de situação (lógica das ideias). Logo, o texto pode ser entendido como uma unidade que dispõe seus elementos de modo organizado e o contexto é a situação do discurso, ou o conjunto de situações nas quais se dá um ato de enunciação, podendo ser esse ato tanto falado quanto escrito. Por essa razão, dizemos que as palavras isoladas se caracterizam em “neutras”, ou “vazias de conteúdo”, no entanto, unidas umas às outras e ao contexto, ganham significado. Vejamos um exemplo: se um sujeito proferir “dez” sem um contexto, ouviremos a palavra isoladamente. Já se proferir “este documento tem prazo de dez dias, precisamos agilizar a resposta”, agir-se-á em prol do fato. Ou se o chefe disser ao funcionário, em um aeroporto: “nosso voo sairá em dez minutos!” (tempo), ou “precisamos contratar mais dez funcionários” (quantidade). Ou ainda “os Dez Mandamentos nos mostram a vontade e o amor de Deus por nós, ensinando-nos como devemos nos relacionar com Ele e com os outros”. Assim, os vocábulos unidos uns aos outros, 35 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES ao contexto e à entonação ganham vida e se enchem de sentido em favor da comunicabilidade. Em uma boa leitura, conforme Medeiros (2014), em geral, não lemos palavra por palavra, mas sim o conjunto de palavras que organizam o pensamento e levam em conta as condições de produção. Isso é fundamental para obter-se a compreensão do texto, bem como a mensagem que o autor do texto deseja transmitir. Segundo Medeiros (2014, p. 56), em primeiro lugar o leitor deve considerar que a leitura é seletiva e que há diversas maneiras de realizá-la, a saber: • o que é relevante para o leitor é a relação do texto com o autor (o que o autor quis dizer?); • relação do texto com outros textos (leitura comparativa); • o que é relevante é a relação do texto com seu referente; • relação do texto com o leitor (o que você entendeu?). Nessa perspectiva, o leitor deve entender quais são suas finalidades antes de começar o estudo de um texto ou obra, 36 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO perguntando-se a respeito de quais informações ele quer localizar e por quê. E, após localizar tal informação, verificar o que fará com ela. Pode parecer complicado, mas a leitura fluirá ao passo que esses questionamentos forem se tornando naturais e vivenciados. É interessante que o leitor se questione pelo menos sobre qual a relação desse tema com o que está estudando; ou com o que já estudou, por exemplo. Em harmonia com as ideias de Medeiros (2014), para o entendimento de um texto, devemos levar em consideração o processo de interação e a ideologia. O autor menciona que de um lado, tem-se um interlocutor estabelecido no ato da escrita – que ele denomina de leitor virtual – e de outro lado, tem-se o leitor real. Desse modo, aponta que existe uma espécie de jogo entre o leitor virtual e o real no diálogo de ideias, ratificando que leitura, então, constitui-se “em um momento crítico da constituição do texto: momento de interação” (MEDEIROS, 2014, p. 57). AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DA LEITURA O que são as condições de produção da leitura? Nas palavras de Medeiros (2014, p. 58), as condições de produção da leitura são “a relação do texto com outros textos, com a situação, com os interlocutores”. Essa relação se concretiza 37 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES no momento crucial da composição do texto, visto que é o acontecimento singular do processo da interação verbal. Nesse acontecimento, os interlocutores, ao se reconhecerem como tal, dão início ao processo de significação. O conhecimento dessas condições de produção do discurso colabora para a reflexão a respeito da legibilidade de um texto, em que observamos “o tipo, o contexto e o sujeito, a leitura parafrástica e a leitura polissêmica” (MEDEIROS, 2014, p. 60). Por isso, é importante que o leitor seja capaz de identificar os tipos de discurso e conceber a importância de determinados aspectos para a significação do texto que está sendo lido, lidando com um texto de ficção diferentemente da postura com que teria frente a um texto científico, por exemplo. De acordo com Medeiros (2014), o significado de um texto decorre de sua formação discursiva, que, por sua vez, está em uma relação intrínseca com uma formação ideológica. A formação ideológica é composta “por um conjunto de atitudes e representações que não são individuais, mas reportam às posições de classe” (MEDEIROS, 2014, p. 58). Por sua vez, a formação discursiva, que se entrelaça à formação ideológica, é instituída por algo que pode ou não ser mencionado antes de qualquer situação. Medeiros(2014, p. 58) afirma: 38 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO assim, ilusoriamente se pode falar em sujeito, uma vez que aquilo que ele diz é determinado pela classe de que faz parte e sua interpretação daquilo que lê é realizada segundo a ideologia da classe a que pertence. Quando passam de uma formação discursiva para outra, as palavras ganham novos sentidos, ou mudam de sentido. ESTRATÉGIAS DE LEITURA Na linha de Medeiros (2014), um bom leitor admite a incompletude do discurso, reconhecendo as suposições e as entrelinhas, o contexto situacional e histórico, a intertextualidade e, em síntese, “a formação discursiva (o que é possível dizer) e a formação ideológica” (MEDEIROS, 2014, p. 68). Por essa razão, quando um leitor é competente, ele é crítico e não um simples reprodutor daquilo que o autor disse – o que Medeiros (2014), então, denomina de leitura parafrástica, visto que ele relaciona as informações do texto com a realidade, concebendo a leitura, porque entende que o conflito ideológico reside na linguagem. Medeiros (2014 apud MOLINA, 1992) menciona que um leitor competente é aquele capaz de praticar os seguintes níveis de leitura: elementar, inspecional, analítica e sintópica. De acordo com o autor, é interessante que a leitura feita pelo leitor, além de agradável, tenha um objetivo prático e dê uma espécie 39 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES de “retorno” ao esforço de leitura deste, ou seja, o leitor lê para aprender. Vamos observar, pormenorizadamente, a estratégia sugerida por Medeiros (2014, p. 68): • Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler; • Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear sistematicamente; • Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ativa em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento; • Leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si. Nível ativo e laborioso de leitura. Desse modo, ressaltamos que os quatro níveis de leitura são cumulativos. Um bom leitor percorre tranquilamente os quatro níveis de leitura já citados, com habilidade e 40 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO autonomia. Segundo o autor, esse sujeito leitor não se separa da leitura e reconhece que a leitura é fonte imprescindível de novos conhecimentos e um saber que não se “perde”, podendo ser acionado sempre que preciso. É válido salientar que não existe apenas uma possibilidade de leitura, mas diversas, e que textos distintos exigem diferentes estratégias de leitura, isto é, um texto científico requer leitura diferente da que se faz de um texto literário. Assim, em concordância com Medeiros (2014), entendemos que um bom leitor tem intimidade com diferentes gêneros do discurso, ao contrário do leitor inexperiente. Logo, podemos inferir que quanto mais lemos, mais competentes nos tornamos para a leitura e, consequentemente, para a escrita. Medeiros (2014 apud Molina, 1992, p. 33) propõe ainda uma prática de leitura, considerando os seguintes passos: Textos distintos exigem diferentes estratégias de leitura. 41 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES 1. visão geral do capítulo; 2. questionamento despertado pelo texto; 3. estudo do vocabulário; 4. linguagem não verbal; 5. essência do texto; 6. síntese do texto; 7. avaliação. Comentaremos cada item citado, de maneira geral, para que você compreenda e exerça essa prática de leitura. Caso você queira saber mais a respeito, nós o convidamos a ler da página 67 até 77 do capítulo 5 da obra de Medeiros (2014). Em “a” (visão geral do capítulo), o autor (2014) diz que se refere à leitura inspecional do capítulo. Nessa etapa, o leitor busca resposta para as seguintes questões: (1) qual o assunto tratado no capítulo? e (2) qual a ordem das ideias expostas? Em “b”, Medeiros (2014) sugere que se realize um levantamento de perguntas, sem buscar respondê-las. No 42 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO estágio “c”, o autor recomenda que para ampliar o vocabulário haja a valorização do dicionário, o emprego de palavras novas e a análise de palavras. Em “d”, no que toca à linguagem não verbal, salientamos que um texto oferece muitas informações, inclusive por meio de ilustrações (fotos, quadros, gráficos). E Medeiros (2014, p. 74) afirma que, se não podemos passar por elas de modo superficial, é preciso que as observemos com atenção para que compreendamos a intenção e o sentido intrínsecos a elas. Em “e”, a busca do conteúdo profundo de um texto apenas se materializa depois de feitas as etapas anteriores: estudo da linguagem verbal e não verbal; questionamento do texto e visão geral do capítulo. Nesse momento, o leitor é capaz de reconhecer as ideias básicas do texto e de situar o autor em um contexto ideológico, segundo Medeiros (2014). Em “f”, o resumo A leitura é uma chave para a compreensão do mundo. Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/2AX80Og) 43 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES trata de recriar o texto original, e só pode ser efetuado por quem analisou profundamente o texto e consegue separar o essencial do não essencial. Por fim, em “g”, o item avaliação denota a necessidade de orientar o estudante ao exercício de sua habilidade crítica, “levando-o à independência de seu pensamento crítico. Assim sendo, transforma-se o estudante em autor de sua aprendizagem” (MEDEIROS, 2014, p. 75). Por fim, ancorados em Medeiros (2014), esperamos que você pratique a leitura e que essas estratégias lhe ajudem em sua vida acadêmica e profissional. Completamos ainda, na linha do autor, que a leitura de reconhecimento propicia ao leitor uma visão geral da obra, permitindo-lhe constatar se encontrará ou não as informações de que carece. A leitura seletiva visa à seleção das informações indispensáveis. A leitura crítica demanda do leitor atenção, especialmente quanto ao significado; requer, então, esforço reflexivo. E a leitura interpretativa objetiva relaciona as afirmações do autor com os questionamentos para os quais se busca uma resposta. LENDO E PRODUZINDO TEXTOS Ressaltamos a necessidade de você, leitor, assim como todos os sujeitos letrados a desenvolver hábitos de estudo e 44 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO leitura. Faz-se essencial, igualmente, focar nas técnicas de leitura, a fim de seguir com a continuação dos estudos para além dos bancos escolares, tendo em mente que a leitura é um dos moldes básicos de aquisição de informação e conhecimento por parte do ser humano. Escrever bem se correlaciona com produzir um texto que faça sentido em determinada situação de comunicação. Por esse motivo, quem escreve deve ter bem estabelecido o objetivo e leitor. É preciso adequar o discurso a um leitor. E, portanto, é essencial ter um leitor em mente, com o qual dialogará no processo de escrita. O filólogo, linguista e crítico literário Othon Moacyr Garcia (2010), autor da obra Comunicação em prosa moderna, menciona a importância de aprender a escrever, que se efetiva, em grande parte, a aprender a pensar. A técnica da leitura assegura um estudo eficiente, quando aplicada com qualidade. Nesse ínterim, Quem escreve deve ter bem estabelecido o objetivo e leitor. 45 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES enfatizamos que a leitura é basilar para a escrita de textos, inclusive para a escrita do texto técnico-científico. A qualidade clareza, para a escrita de diversos tipos de textos, torna-se característica primordial para a escrita de textos técnicos, os quais compreendem os gêneros cujas composições se enquadram, tanto na linguagem quanto na estrutura, em um rigor mais formal e impessoal, como os oficiais, comerciais, administrativos, acadêmicos e científicos. Podemos organizar, didaticamente, a escrita do texto técnico emdois grupos: • Redação oficial: compreende a escrita técnica para os textos oficiais, comerciais e administrativos, tais como: ofício, memorando, lei, projeto de lei, edital, procuração, ata, requerimento, relatório CLAREZA Conforme o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, clareza é a “qualidade do que é expresso de uma forma inteligível ou que se percebe facilmente”. Fonte: <https://bit.ly/32WWxJc>. Acesso em: 04 set. 2020. 46 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO técnico, recibo, contrato, circular, certidão, declaração, certificado, currículo e outros; • Redação acadêmico-científica: abrange a escrita técnica para resenha, resumo, fichamento, ensaio, artigo científico, dissertação, tese e outros. De acordo com Garcia (2010, p. 394), toda produção que foque, de preferência, “a objetividade, a eficácia e a exatidão da comunicação” pode ser considerada redação técnica. Apoiando-nos em sua visão, concebemos, assim, a redação oficial, a correspondência comercial e bancária como redação técnica, conforme mencionamos anteriormente. É fundamental que, como leitores da obra de Garcia (2010), compreendamos que o autor emprega as expressões redação técnica ou redação científica como equivalentes, já que ambas requerem uma escrita culta e padrões formais de estilo e linguagem, conforme já estudamos, mais especificamente, nas seções anteriores. Por fim, ressaltamos que a escrita técnica tem como finalidade apresentar ideias e argumentos de maneira objetiva e em consenso com as regras gramaticais. Para tanto, é indispensável que você se valha de clareza, concisão e precisão. 47 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES NA PRÁTICA Estão listadas, a seguir, duas problemáticas. Eleja uma delas, leia a respeito do assunto selecionado, formule uma tese e apresente duas causas (o porquê) e suas possíveis consequências (os efeitos), em forma de texto dissertativo: 1. uso de aparelho celular em sala de aula; 2. alta de prática de leitura clássica e especializada e escrita culta por parte dos estudantes de graduação e de alguns profissionais inseridos no mercado de trabalho. RESUMO Nesta unidade, tivemos a oportunidade de recapitular alguns assuntos relevantes para os gêneros textuais e suas aplicabilidades. Vimos que: • o autor deve ter bem definidos o objetivo e o leitor, buscando adequar a linguagem e o conteúdo para eles; • o resumo é um gênero do discurso cuja finalidade é o registro das informações principais a respeito de um texto, e podem ser classificados em três tipos: 48 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 1. indicativo: é um texto breve que encapsula a essência do artigo, monografia, dissertação ou tese que precede; 2. informativo: é um texto que deixa o leitor informado acerca dos pontos básicos do texto; 3. crítico ou resenha: é uma apreciação do texto objetivando documentar de modo crítico seu conteúdo. • os resumos devem ser constituídos de “texto corrido” e não de “texto esquemático”; • o fichamento é um resumo informativo em que você “diz” o que o autor “disse” e pode ser feito em fichas, que variam de tamanho, ou no computador; • no fichamento informativo não há limites de linhas e há o benefício de poder copiar e colar textos. • o artigo científico pode ser definido como uma publicação com autoria declarada, que apresenta 49 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento; • para a produção de um artigo original, o desenvolvimento é organizado em três grandes eixos: fundamentação teórica, metodologia e análise dos resultados da pesquisa; • a leitura é produzida uma vez que o leitor interage com o autor do texto; • ler é uma atividade que vai muito além de decodificar as letras, visto que o sentido do que lemos depende de alguns aspectos: o que conhecemos acerca do assunto e nossa habilidade para processar o que foi lido; • o texto pode ser entendido como uma unidade que dispõe seus elementos de modo organizado e o contexto é a situação do discurso, ou o conjunto de situações nas quais se dá um ato de enunciação, podendo ser esse ato falado ou escrito; • em uma boa leitura, em geral, não lemos palavra por palavra, mas sim o conjunto de palavras que organizam o pensamento e levam em conta as condições de produção; 50 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO • as condições de produção da leitura são a relação do texto com outros textos, com a situação, com os interlocutores; • segundo Medeiros (2014), um leitor competente é aquele capaz de praticar os seguintes níveis de leitura: elementar, inspecional, analítica e sintópica; • quanto mais lemos, mais competentes nos tornamos para a leitura e, consequentemente, para a escrita; • a leitura é basilar para a escrita de textos, inclusive para a escrita do texto técnico-científico; • a clareza é uma característica primordial para a escrita de textos técnicos; • a escrita de textos técnicos pode ser dividida em: redação oficial e redação acadêmico-científica. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, p. 51 GêNEROS TExTuAIS E SuAS APLICABILIDADES 2, 4. 2002. Disponível em: <https://bit.ly/3fgYgxu>. Acesso em: 11 jun. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, p. 1, 2. 2003. Disponível em: <https://bit. ly/2AqRvu7>. Acesso em: 11 jun. 2020. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
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