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1 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV Controle Do Ciclo Celular - Mitose A reprodução celular deve ser regulada de modo perfeito para que a formação de novas células compense as perdas e o equilíbrio seja mantido. O ciclo celular compreende: • Interfase – já foi considerada uma etapa de repouso, apesar de ser o período no qual as funções mais importantes do ciclo ocorrem. • Divisão celular – ocorre por meio da mitose ou da meiose. A maioria das células passa a maior parte de sua vida na interfase, durante a qual – quando vão se dividir – todos os seus componentes são duplicados. Alguns tipos de células diferenciados dividem-se raramente. As células nervosas (neurônios) não se dividem após o nascimento – o período de interfase estende-se por toda a vida do indivíduo. ✓ O ciclo celular pode ser considerado uma complexa série de fenômenos que culminam quando o material celular duplicado se distribui nas células-filhas. ✓ A divisão celular é apenas a fase final de mudanças anteriores em nível molecular. ✓ Antes que a célula se divida por mitose, seus principais componentes já foram duplicados. ✓ A divisão celular representa a separação final das unidades moleculares e estruturais previamente duplicadas. Interfase: Compreende os períodos G1, S e G2. (de gap, intervalo). A duplicação do DNA ocorre durante a interfase, na fase S. Nas fases G1 e G2 não ocorre síntese de DNA. Divide-se o ciclo celular em quatro fases sucessivas: • G1 • S • G2 – é o tempo transcorrido entre o fim da síntese do DNA e o começo da mitose. • M (de mitose) Durante a fase G2, a célula contém o dobro (4c) da quantidade de DNA presente na célula diploide original (2c). Após a mitose as células-filhas entram na fase G1 e recuperam o conteúdo de DNA das células diploides (2c). Fig: a letra c representa a quantidade de DNA contida em uma amostra haploide de 23 cromossomos. 2c, dobro de conteúdo de DNA. 4c, conteúdo quadriplicado de DNA. A duração do ciclo varia muito de acordo com o tipo de célula. Em uma célula com tempo de vida de 16h, a fase G1 dura 5h; a fase S, 7h; a fase G2, 3h; e a fase M, 1h. O período G1 é o mais variável do ciclo celular, podendo durar dias, meses ou anos. As células que não se dividem (células nervosas e células do músculo esquelético), ou que se dividem pouco (como os linfócitos), permanecem no período G1, sendo denominado, nesses casos, G0, porque as células saem do ciclo celular. Mitose: A divisão celular compreende uma série de fenômenos por meio dos quais os materiais são, primeiramente, duplicados e, em seguida, repartidos em proporções teoricamente iguais entre as duas células-filhas. Todos os componentes da célula duplicam-se antes de a célula se dividir por mitose. A mitose envolve também a questão da continuidade dos cromossomos, por serem capazes de se autoduplicar e de manter suas características morfológicas por meio das sucessivas divisões. Fuso mitótico: • O fuso mitótico é formado no citoplasma quando a célula começa a se dividir e desaparece ao final da divisão. • É uma armadura estrutural composta por microtúbulos que controlam a posição dos cromossomos e sua divisão entre as células-filhas. • Os microtúbulos do fuso nascem de um par de centrossomos e são formados durante a interfase quando o centrossomo se duplica. Citocinese: ✓ Partição do citoplasma e sua distribuição equitativa nas células-filhas como corolário da mitose. 2 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV As diferentes etapas da mitose são consideradas como fases de um ciclo que tem início no fim da interfase – o período intermitótico – e termina quando inicia a interfase seguinte. As etapas da mitose são: ✓ Prófase ✓ Prometáfase ✓ Metáfase ✓ Anáfase ✓ Telófase. A partir da anáfase, tem início a citocinese – ou separação dos dois territórios citoplasmáticos filhos, que culmina quando a telófase é concluída. Prófase: As cromátides condensam-se, forma-se o fuso mitótico e o nucléolo se desintegra. Os cromossomos estando como filamentos delgados indica o início da prófase. Após a duplicação do DNA na fase S cada cromossomo é composto por duas moléculas de DNA (cromátides). À medida que a prófase avança, as cromátides tornam-se mais curtas e grossas. Os centrômeros (constrições primárias) passam a ser claramente visíveis devido à sua associação aos cinetócoros (placas proteicas), voltados aos lados externos das cromátides. ✓ Em um primeiro momento, os cromossomos estão distribuídos de modo homogêneo no nucleoplasma, porém eles logo se aproximam da carioteca, produzindo um espaço vazio no centro do núcleo indicando a proximidade do momento da desintegração do envoltório nuclear. ✓ Podem também ser observadas as constrições secundárias dos cromossomos 13,14,15,21 e 22. ✓ Há redução do tamanho do nucléolo, até seu desapecimento. Devido à desintegração do citoesqueleto, a célula tende a se tornar esférica; perde, ainda, seu contato com as células vizinhas ou com a matriz extracelular. Simultaneamente o retículo endopalsmático (RE) e o complexo de Golgi fragmentam-se em pequenas vesículas. No entanto o que mais se destaca no citoplasma é a formação do fuso mitótico. Trata-se de conjuntos de feixes de microtúbulos que surgem de ambos centrossomos, os quais se afastam ao mesmo tempo, pois se dirigem aos polos opostos da célula. Centrossomos: local de nascimento dos microtúbulos (matriz centrossômica); há um par de centríolos. Dos centrossomos as fibras do fuso irradiam em todas as direções. Prometáfase: É a transição entre a prófase a metáfase. É um período muito curto, durante o qual a carioteca se desintegra e os cromossomos permanecem em desordem, mas mais um pouco condensados. ✓ Os centrossomos alcançam os polos das células. ✓ Já desaparecida a carioteca, as fibras do fuso invadem a área antes ocupada pelo núcleo. ✓ Por meio de suas extremidades livres, algumas fibras do fuso (fibras cinetocóricas) conectam- se com os cinetócoros dos cromossomos ✓ Fibras polares estendem-se do plano equatorial da célula e seus ramos distais se entrelaçam aos ramos provenientes do polo oposto. ✓ Fibras do áster irradiam em todas as direções e suas extremidades encontram-se aparentemente livres. Metáfase: Os cromossomos, na sua máxima condensação, posicionam-se no plano equatorial da célula. Acomodam-se de tal modo que as duas placas cinetocóricas de cada centrômero permanecem orientadas em direção aos polos opostos da célula, “olhando” para os respectivos centrossomos. Anáfase: Os cromossomos-filhos dirigem-se aos polos da célula. ✓ Ocorre a partição das coesinas dos centrômeros – quase simultaneamente em todos os cromossomos. ✓ De imediato as cromátides (cromossomos-filhos) separam-se e começam a migrar em direção aos 3 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV polos, tracionadas pelas fibras cinetocóricas do fuso. ✓ Geralmente os cromossomos adotam o formato da letra V. Os braços do V nos cromossomos metacêntricos têm o mesmo comprimento. Nos submetacêntricos e nos acrocêntricos, são desiguais. ✓ O centrômero, no ângulo do V, precede as partes restantes do cromossomo em sua corrida em direção ao centrossomo. ✓ Nesse processo, os microtúbulos das fibras cinetocóricas encurtam-se de modo progressivo. ✓ O comprimento das fibras polares aumenta devido ao mútuo distanciamento dos polos da célula, que, por isso, perde seu formato esférico e adquire um formato ovoide. Telófase: Formam-se os núcleos-filhos. Iniciada quando os cromossomos-filhos chegam aos polos com o desaparecimento das fibras cinetocóricas do fuso. ✓ Célula está mais alongada, de modo que as fibras polares exibem um comprimento maior, se comparadas com as da anáfase. ✓ Os cromossomos começam a se desenrolar e mostram-se cada vez menos condensados. ✓Representa o que ocorre na prófase, mas no sentido inverso. Ao mesmo tempo que os cromossomos convertem-se em fibras de cromatina desenroladas, estas estão rodeadas por partes do RE, as quais se integram até formar os envoltórios nucleares definitivos em torno dos dois núcleos-filhos. Além disso, reaparecem nos núcleos os respectivos nucléolos. Citocinese: ✓ É a partição do citoplasma. ✓ Tem início na anáfase. ✓ O citoplasma se estreita na região equatorial pela formação de um sulco na superfície, que se aprofunda à medida que a célula se divide. ✓ Tanto as fibras do áster quanto as polares reduzem-se até desaparecer. ✓ Somente sobrevivem os ramos das fibras polares localizados na zona equatorial da célula; fazem parte do chamado corpo intermediário. ✓ As fibras são perpendiculares ao sulco que divide o citoplasma. ✓ O citoesqueleto é restabelecido e as células-filhas adquirem o formato original da célula antecessora e se conectam com outras células ✓ Os componentes citoplasmáticos distribuem-se nas células filhas do mesmo modo que na célula- mãe, conduzidos pelo citoesqueleto. Considerações: • O ciclo dos centrossomos compreende a duplicação dos centríolos e da matriz centrossômica – os centrossomos iniciam sua duplicação durante a interfase (ao final de G1 e início da fase S) • Os cinetócoros são os sítios de implantação dos microtúbulos – os cinetócoros são unidos ao centrômero, desse modo, o centrômero não é somente o setor pelo qual as cromátides-irmãs se ligam entre si por meio das coesinas, mas também o local em que os microtúbulos do fuso se conectam – por meio dos cinetócoros – com os cromossomos. • Os microtúbulos do fuso mitótico são estruturas dinâmicas - No citosol costuma existir uma abundante quantidade de tubulinas livres que estão em equilíbrio dinâmico com as tubulinas dos microtúbulos. Quando a célula inicia a prófase, os microtúbulos interfásicos são despolimerizados e construídos os microtúbulos do fuso mitótico. Desse modo na mitose existem apenas microtúbulos pertencentes ao fuso. Na anáfase, com o deslocamento dos cromossomos em direção aos polos, as fibras cinetocóricas do fuso começam a ser despolimerizadas. Na telófase isso ocorre com as fibras do áster e as polares, ainda que estas últimas não em toda sua extensão, pois persistem os segmentos pertencentes ao corpo intermediário. Finalmente, antes do término da citocinese, reaparecem os primeiros microtúbulos interfásicos. • Os microtúbulos deslocam os centrossomos na prófase e os cromossomos na prometáfase e na metáfase devido ao alongamento e encurtamento dos microtúbulos. • Outros tipos de forças mobilizam os cromossomos na anáfase – ocorre a partição dos centrômeros e separação das cromátides irmãs e a mobilização dos novos cromossomos em direção aos polos, o formato de V dos cromossomos indica que as forças responsáveis pela tração são transmitidas aos cinetócoros. Teoria do equilíbrio dinâmico – a despolimerização dos microtúbulos é responsável pelo deslocamento. Teoria do deslizamento – há a despolarização, mas os microtúbulos servem como trilhos pelos quais os cromossomos se deslocam junto com proteína motora associada aos cinetócoros. • Durante a anáfase o alongamento da célula acrescenta um fator adicional para a migração dos cromossomos em direção aos polos. • A carioteca é reconstituída durante a telófase. 4 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV • Durante a mitose o RNA não é sintetizado, o que diminui a produção de proteínas. • A citocinese ocorre após a formação de um anel contrátil composto por actina e miosina II. Controle do ciclo celu lar: Há mecanismos que controlam a dinâmica dos ciclos celulares. O DNA e as moléculas que o acompanham duplicam- se durante a fase S do ciclo celular. A duplicação dos componentes citoplasmáticos engloba as fases G1, S e G2. Na célula há mecanismos para coordenar os processos de síntese no núcleo e no citoplasma e determinar o início e a conclusão das fases do ciclo celular. Cic l inas e quinases dependentes de cic l inas: Pouco antes do fim de G1, existe um momento em que a célula toma decisão de se dividir – é o ponto de partida ou de controle de G1. No controle das divisões celulares, atuam dois tipos de moléculas: • Ciclinas – alternam um período de síntese crescente seguido de outra de rápida degradação em cada ciclo celular. • Quinases dependentes de ciclinas – ao interagirem com as ciclinas, fosforilam e ativam as moléculas responsáveis pela divisão celular. As principais correspondem a dois grandes grupos: as ciclinas G1 e as ciclinas M. Por outro lado, nas espécies superiores foram identificadas duas quinases dependentes de ciclinas, a Cdk2 (de cyclin- dependent protein kinase) e a Cdc2 (de cell-division cycle). Fase S: A ciclina G1 ativa a quinase Cdk2, a qual inicia uma cascata de fosforilações em sucessivas proteínas intermediárias. A cascata culmina com a ativação das moléculas responsáveis pela replicação do DNA. Ou seja, a célula deixa para trás a fase G1 e entra na fase S. A Cdk2 é ativada somente quando a ciclina G1 alcança um determinado limiar de concentração, já que este é um requisito indispensável para que ocorre a ativação. A partir desse momento a Cdk2 e a ciclina G1 unem- se e compõem um complexo proteico chamado SPF (de S phase-promoting fator). O SPF induz a abertura das origens de replicação e ativa as moléculas relacionadas com a síntese do DNA, como as DNA polimerases, a helicase etc. O SFP age por meio do complexo pré-RC. Em certo momento da fase S, a concentração da ciclina G1 começa a declinar e quando sua concentração se reduz abaixo do limiar, ela separa-se da Cdk2. Desse modo, o SPF deixa de existir. As ciclina são degradadas por proteossomas. Os níveis de Cdk2 mantêm-se constantes ao longo do ciclo celular. Na fase G2 não há mais ciclina G1. Em uma fase S normal o DNA replica-se apenas uma vez, pois, se não fosse assim, as células-filhas teriam um número de cromossomos maior do que o normal. O que impede o aparecimento de novas duplicações do DNA já replicado depende do complexo proteico ORC. Os quadros derivados de alterações no controle desse processo são denominados poliploidias. Fase G2: 5 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV A pausa imposta pela fase G2 fornece à célula um lapso de tempo durante o qual atuam mecanismos de segurança para controlar – antes que a célula se divida – se as moléculas de DNA completaram sua replicação e, quando for o caso, se foram reparadas. Na G2 também completa-se a duplicação dos componentes citoplasmáticos. Fase M: O mecanismo que desencadeia a mitose é similar ao que inicia a fase S. Na mitose, agem a Cdc2 e a ciclina M. A fase S começa sua síntese a partir da fase G2, antes de a ciclina G1 desaparecer. Quando a ciclina alcança um determinado limiar de concentração, liga-se à Cdc2 e ambas as moléculas compõem um complexo denominado MPF (de M phase-promoting fator). Ativada pela ciclina M, a Cdc2 fosforila (diretamente ou por meio de quinases intermediárias) – diversas proteínas citosólicas e nucleares (as que regulam a estabilidade dos filamentos do citoesqueleto, as que compõem os laminofilamentos da lâmina nuclear e as histonas H1 dentre outras). Consequências das fosforilações: ✓ A rede de filamentos de actina é desintegrada e a célula perde contato com as células vizinhas (ou com a matriz extracelular) e se torna esférica. ✓ Os microtúbulos citoplasmáticos desfazem-se e formam-se os do fuso mitótico. ✓ A lâmina nuclear é desintegrada, e, com ela, a carioteca. ✓ A associação da histona H1 ao DNA é modificada, aumentando o enovelamento da cromatina e a compactação dos cromossomos. Quando a divisão celular termina, esses e outros fenômenos são revertidos, pois as proteínas que os produzem são desfosforiladas devidoà desativação da Cdc2, pois a concentração da ciclina M diminui a nível menor do que o necessário para que ambas as moléculas se mantenham unidas formando o MPF. A dissociação do MPF ocorre no início da anáfase. Acontece apenas se todos os cromossomos chegaram ao plano equatorial da célula e todos os cinetócoros ligaram-se aos microtúbulos cinetocóricos do fuso mitótico, garantindo a segregação normal dos cromossomos-filhos e seu deslocamento em direção aos respectivos polos celulares. Os cinetócoros que não se ligam aos microtúbulos do fuso produzem um sinal que impede a queda da ciclina M – consequentemente a dissociação do MPF – para que a célula interrompa a mitose antes que a anáfase comece. Em condições normais, esse sinal não é gerado e a célula entra na anáfase. Faz isso após formar um complexo proteico denominado ciclossomo ou APC (de anaphase-promoting complex), que promove a degradação da ciclina M e das coesinas que ligam as cromátides entre si. Fase G0: As células-filhas derivadas da mitose entrarão na fase G1 da interfase e, se forem induzidas por certos fatores, repetirão o ciclo seguido pela célula antecessora e voltarão a se dividir. Caso contrário, a fase G1 se prolongará e a célula retirar-se-á do ciclo. Nesse caso, a fase G1 é denominada fase G0. Uma situação diametralmente oposta ocorre nas divisões celulares da segmentação da célula-ovo, nas quais a fase G1 praticamente não existe. Como a fase G2 também não existe, a interfase reduz-se à fase S, o que explica sua curta duração. Prol iferação celular: O ritmo com que as células se reproduzem depende de diversos fatores, que variam nos diferentes tipos celulares. As mitoses dependem de substâncias indutoras provenientes do exterior, seja de células vizinhas (Secreção parácrina) ou de grupos celulares distantes (secreção endócrina) Esses indutores agem sobre receptores específicos. As substâncias que induzem a proliferação celular fazem isso no momento do ciclo denominado ponto de partida. A alteração que causam no receptor promove a síntese da ciclina G1. Moléculas indutoras da multiplicação celular: ✓ Somatomedina: estimula a proliferação das células cartilaginosas durante o crescimento ósseo. É sintetizada no fígado em resposta ao hormônio de crescimento hipofisário. ✓ Fatores de crescimento: em sua maioria de secreção parácrina (secretados por células localizadas próximo às células-alvo. Fatores de crescimento fibroblástico (FGF);Epidérmico (EGF);Derivado das plaquetas (PDGF) - Estimulam a proliferação de muitos tipos celulares, não apenas os sugeridos por seus nomes. Outros exercem ações mais específicas: fatores de crescimento dos hepatócitos (HGF), dos nervos (NGF) e do endotélio vascular (VEGF). ✓ Fatores hematopoéticos: cada um responsável pela proliferação de um tipo específico de célula sanguínea. o a interleucina 2 (IL-2) estimula a multiplicação dos linfócitos T; o o fator estimulante das colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) faz isso com os elementos progenitores dessas células e assim por diante. o a eritropoetina, originada nos rins, é o fator hematopoético encarregado de estimular a proliferação dos eritrócitos na medula óssea. A secreção das substâncias indutoras é regulada por mecanismos que tendem a manter um número adequado e mais ou menos constante de células de cada um dos tipos celulares. Por exemplo, a quantidade de eritropoetina secretada pelos rins é 6 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV proporcional à destruição dos eritrócitos no sangue e aumenta a níveis consideráveis em caso de hemorragias. Proteína P53: Antes de ingressar na fase S a célula controla o estado de suas moléculas de DNA. A proteína (citoplasmática) P53 faz esse controle. Ela é sintetizada pela própria célula em resposta ao aparecimento de alterações em seu DNA. Essa proteína é codificada pelo gene p53, que pertence a uma categoria de genes supressores de tumores. P53 comporta-se como um fator de transcrição que promove a expressão dos genes de outras proteínas reguladoras – denominadas P21 e P16 –, que têm por missão bloquear a atividade da Cdk2. Como este efeito opõe-se ao das ciclinas G1, a célula não replica suas moléculas de DNA e permanece na fase G1. Finalmente, se fica comprovado que o dano no DNA é perigoso para as futuras células-filhas, a proteína P53 volta a agir, mas agora para provocar a morte da célula e com ela o desaparecimento do DNA danificado. Se a proteína P21 não for suficiente para bloquear a Cdk2, resta ainda outro recurso para impedir a mitose: no início da replicação do DNA, une-se à braçadeira deslizante de PCNA e anula sua função. Na célula existem outras proteínas reguladoras da proliferação celular, como a proteína Rb (a sigla Rb deriva do tumor da retina denominado retinoblastoma). É codificada pelo gene rb, que também é supressor de tumores. A proteína Rb inibe a proliferação celular quando está fosforilada. Faz isso pelo bloqueio dos genes de determinadas proteínas necessárias para a replicação. Quadros cancerígenos: Apesar de existirem múltiplas causas ambientais envolvidas no aparecimento de quadros cancerígenos, é sabido que, em algumas famílias, surgem alguns tipos de câncer com uma incidência maior que a habitual, o que levou à investigação das possíveis bases genéticas da doença. Foram descobertas duas espécies de genes ligados ao câncer: o os proto-oncogenes: sua alteração produz um aumento da proliferação celular. o os genes supressores de tumores: sua falha leva à perda dos mecanismos normais que detêm a proliferação. O câncer não é gerado a partir de células normais que se transformam potencialmente em células malignas. Ao contrário, surge ao final de sucessivas gerações de células que passam por estados pré-cancerígenos cada vez mais acentuados. Esses estados são consequência da soma progressiva de mutações em proto-oncogenes e em genes supressores de tumores – que ativam os primeiros e inativam os segundos –, o que, ao longo de um período, instala a doença nas células descendentes. Além disso, nas células cancerígenas os cromossomos frequentemente aparecem rompidos ou com partes translocadas, e alguns encontram-se repetidos várias vezes. Aparentemente, essas alterações não são consequência do desenvolvimento tumoral; elas estão associadas às suas causas. Proto-oncogenes: genes normais que codificam proteínas envolvidas no controle da proliferação celular e da morte celular. Até o momento foram caracterizados, aproximadamente, cem; entre eles os que codificam as seguintes proteínas (os nomes dos genes aparecem entre parênteses): o Os fatores de crescimento PDGF (sis), EGF (ver Seção 11.12) e GM-CSF o Os receptores dos fatores de crescimento PDGF, EGF (erb-B) e GM-CSF (fms) o A proteína Ras (ras), que é fosforilada por receptores com atividade de tirosinoquinase o A serina-treonina quinase Raf (raf), que é ativada pela proteína Ras o As tirosinoquinases Src (src), Fes (fes) e Abl (abl) o O receptor do hormônio da tireoide (erb-A), localizado no citosol o Várias proteínas nucleares que agem como fatores de transcrição, como, por exemplo, as proteínas Myc (myc), Myb (myb), Fos (fos) e Jun (jun). Os produtos dos genes que ativam promovem a proliferação celular. o A proteína Bcl-2 (bcl-2), incluída nessa categoria não por estar envolvida no controle da proliferação, mas, sim, na sobrevivência das células. Como resultado de mutações, eles podem gerar suas versões defeituosas: os oncogenes - são transcritos de maneira descontrolada e geram quantidades excessivas de seus produtos ou sua transcrição origina produtos fora do padrão. Em ambos os casos, trazem como consequência aumento descontrolado da proliferação celular ou diminuição da morte celular. Diversos vírus são portadores de oncogenes. Acredita-se que entraram no genoma viralcomo proto-oncogenes, quando – em alguma ocasião remota – esses vírus infectaram células de animais e os “subtraíram”; uma vez instalados no genoma viral, os proto-oncogenes transformaram-se em oncogenes. Essa hipótese é respaldada pelo fato de que, nos vírus, os oncogenes não têm função alguma. Atualmente quando esses vírus infectam diversas espécies animais, os oncogenes transferidos são causa de quadros cancerígenos (p. ex., o sarcoma de Rous no frango, provocado pelo oncogene src). É suficiente apenas um alelo alterado de um proto- oncogene para transformar uma célula normal em uma célula cancerígena ou para que possa vir a sê-lo. Genes supressor de tumores: inibem a reprodução excessiva das células. 7 Laís Flauzino | BIOLOGIA MOLECULAR | 4°P MEDICINA UniRV Os defeitos dos genes supressores de tumores – devido a mutações gênicas ou aberrações cromossômicas – deixam a célula sem esses freios naturais. Consequentemente, se a célula adquire outros defeitos genéticos – agora estimulantes da atividade mitótica –, ocasiona-se um quadro cancerígeno. Como os genes supressores de tumores são recessivos, o defeito se manifesta quando os dois alelos do gene são alterados. Até o momento, foram caracterizados cerca de 10 genes supressores de tumores. Entre eles estão: o Gene p53 – a mutação com a consequente falta da proteína P53 explica a gênese de muitos tumores. As células sem proteína P53 não controla o estado de suas moléculas de DNA antes da replicação. Isso provoca o acúmulo de alterações genéticas nas sucessivas gerações celulares propiciando o aparecimento de muitos tipos de câncer. o Gene rb – devido à falta de proteína Rb, surge um tumor maligno na retina das crianças, além de haver sido também detectados defeitos do gene rb em cânceres de outros tecidos. o Gene mcc – de mutade in colon carcinoma o Gene dcc – de deleted in colon carcinoma o Gene apc – de adenomatous polyposis of the colon (não relacionado com o complexo APC) o Gene wt – de Wilms’ kidney tumor. ROBERTIS, D. De Robertis Biologia Celular e Molecular. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2014. 978-85-277-2386-2. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9 78-85-277-2386-2/. Acesso em: 19 Sep 2021
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