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Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 1 CONTABILIDADE SOCIAL Contabilidade Social ou Contabilidade Nacional: Um instrumental que permite mensurar a totalidade das atividades econômicas Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 2 Contabilidade Social Pressupostos básicos da Contabilidade Social: a) As contas procuram medir a produção corrente; b) As contas referem-se a um fluxo, normalmente de um ano; c) A moeda é neutra, no sentido de que é considerada apenas como unidade de medida e instrumento de trocas. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 3 Principais agregados macroeconômicos: o fluxo circular de renda O objetivo do estudo da Macroeconomia é a formação e a distribuição de produto e renda gerados pela atividade econômica. É o chamado “FLUXO CIRCULAR DA RENDA” Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 4 FLUXO CIRCULAR DA RENDA Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 5 Conceitos PRODUTO NACIONAL: é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em um determinado período de tempo. PN = pi qi = P sacas café . q sacas + ... P fogão . q fogões ... + P bilhete metrô . q viagens Setor Primário S. Secundário S. Terciário DESPESA NACIONAL: é o valor das despesas dos vários agentes na compra de bens e serviços finais. DN = despesas de consumo Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 6 Conceitos RENDA NACIONAL: é a soma dos rendimentos pagos às famílias, que são proprietárias dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços produtivos, em determinado período de tempo. Renda nacional (RN) = w + j + a + l Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 7 Conceitos Identidade básica das contas nacionais: PN = DN = RN Neste modelo a empresa vende tudo o que produz, não existem estoques. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 8 Conceitos Valor adicionado: consiste em calcular o que cada ramo de atividade adicionou ao valor do produto final, em cada etapa do processo produtivo. Valor adicionado = valor bruto da produção + consumo de produtos intermediários (matérias-primas e componentes). O valor bruto de produção (VBP) é o faturamento, a receita de vendas, de cada setor produtivo. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 9 Conceitos Exemplo de valor adicionado: TRIGO FARINHA PÃO a) Receita de vendas(VBP) 100 400 1.000 PN=DN=1.000 b) Compras intermediárias 0 100 400 Valor adicionado (a – b) 100 + 300 + 600 1.000.000 = RN Portanto: PN = DN = RN = VA = 1.000, Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 10 Conceitos Poupança: é a parcela da RN não consumida no período, isto é da renda gerada (salários, juros, aluguéis e lucros), parte não é gasta em bens de consumo. S = RN – C Investimento: é o gasto em bens que representam aumento da capacidade produtiva da economia, isto é, da capacidade de gerar rendas futuras; é chamado também de taxa de acumulação de capital I = PN – C Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 11 Conceitos DEPRECIAÇÃO: é o consumo do estoque de capital físico, em dado período. Ou seja, o bem de capital também é consumido, no sentido de que sofre um desgaste, só que, diferentemente dos bens de consumo, em parcelas, até que vire sucata, ou se torne obsoleto. Também chamada de investimento de reposição. INVESTIMENTO LÍQUIDO: é a diferença entre os novos investimentos (investimentos brutos IB) e a depreciação do estoque de capital em um dado período. IL = IB – d Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 12 O Setor público Receita fiscal do governo: Impostos indiretos (Ti) Impostos diretos (Td) Contribuições à Previdência Social: Outras receitas Gastos do governo Gastos com ministérios, secretarias e autarquias; Gastos com empresas públicas e sociedades mistas; Gastos com transferências e subsídios Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 13 PNpm e PNcf PN a preços de mercado (PNpm): é o PN medido a partir dos valores transacionados no mercado (ou seja medido pelo preço pago pelo consumidor final) PN a custo de fatores (PNcf): PN medido a partir dos valores que refletem os custos de produção, a remuneração aos fatores (W + j + a + l). A diferença entre ambos está nos impostos indiretos (Ti) e nos subsídios (Sub) isto é: PN pm = RN cf + Ti = Sub Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 14 Carga tributária Carga tributária bruta: refere-se ao total da arrecadação fiscal do governo, que corresponde à soma dos impostos diretos e indiretos e outras receitas correntes. Carga tributária líquida: é a diferença entre a carga tributária bruta e as transferências e subsídios ao setor privado. Índice de caga = Impostos indiretos + impostos diretos . 100 Tributária Bruta PIB pm Índice de carga= Imp. Indiretos + imp. Diretos – transferências Tributária líquida do governo e subsídios do governo ao setor privado . 100 PIB pm Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 15 Conceitos Exportações (X) : São as compras dos estrangeiros de nossos bens e serviços; Importações (M): são nossas compras com bens do exterior, quanto gastamos com o resto do mundo. Produto interno Bruto (PIB): é a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país. Renda líquida de fatores externos (RLFE): é a remuneração dos ativos pertencentes a estrangeiros: a) renda enviada ao exterior (RE) b) renda recebida do exterior (RR) RLFE = RR - RE Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 16 Conceitos Produto nacional Bruto (PNB) renda que pertence efetivamente aos nacionais, incluindo a renda recebida de nossas empresas no exterior, e excluindo a renda enviada para o exterior pelas empresas estrangeiras localizadas no Brasil. PNB = PIB + RLFE Fórmula final da despesa nacional (DN) DN = C + I + G + X – M 17 MERCADO INTERNO MERCADO EXTERNO SETOR FORMAÇÃO DE CAPITAL SETOR EMPRESAS SETOR FAMÍLIAS SETOR GOVERNO Impostos diretos (Imp. Renda, IPTU) Pagamentos ao funcionalismo Transferências (aposentadorias, bolsas) Remuneração a fatores de produção (salários + juros + aluguéis + lucros) = renda nacional Poupança do governo Poupança privada Consumo agregado de bens e serviços Investimento agregado Compra de bens e serviços Subsídios Impostos indiretos (IPI, ICMS) Resto do Mundo Importações Exportações Renda líquida enviada ao exterior (juros,lucros, royalties) Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 18 Valores reais e nominais PN Nominal ( ou PN monetário): PN a preços correntes do ano PN 1999 = P 1999 . q 1999 Produto de 1999, avaliado a preços de 1999. PN 2000 = p 2000 . q 2000 Produto de 2000, avaliado a preços de 2000. PN Real ( ou PN deflacionado) PN real 1999 = p 1990. q 1999 PN real 2000 = p 1990. q 2000 Os preços permaneceram constantes em 1990, sou seja, a taxa de inflação é suposta igual a zero enquanto as quantidades variaram, nos dois anos. Com isso teremos o crescimento real entre anos (taxa de crescimento do produto real). Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 19 Produto nacional nominal e real PN real = PN nominal . 100 Índice de preços Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 20 Produto nacional nominal e real PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ANO PIB a preços ÍNDICE GERAL PREÇOS PIB A preços REAL const. 1990 PIB REAL PER CAPITA Correntes (1) ÍNDICE BASE 1990 = 100 (2) TAXA DE INFLAÇÃO (%) (3) R$ 1.000 (4) = (1)/(2).100 Tx crescto (%) (5) Tx crescimento (%) (6) 1990 11.549 100 2.586 11.549 - 4,31 - 5,90 1991 60.286 516 416 11.683 1,01- 0,57 1992 640.959 5.516 969 11.620 - 0,54 - 2,07 1993 14.097.114 115.626 1.996 12.192 4,92 3,36 1994 349.204.679 2.705.964 2.240 12.905 5,85 4,33 1995 646.191.517 4.804.405 77,55 13.450 4,22 2,76 1996 778.886.727 5.640.837 17,41 13.808 2,66 1,25 1997 870.743.034 6.106206 8,25 14.259 3,27 1,88 1998 913.735.044 6.393.808 4,71 14.291 0,22 - 1,11 1999 960.857.736 6.670.660 4,33 14.404 0,79 - 0,54 2000 1.089.700.000 7.222.518 8,30 15.046 4,46 3,10 2001 1.184.768.830 7.757.278 7,40 15.273 1,51 0,19 Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 21 Balanço de Pagamentos CONCEITO É o registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. Envolve tanto transações com bens e serviços como transações com capitais físicos e financeiros. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 22 Balanço de Pagamentos A contabilidade dessas transações segue as normas gerais de contabilidade, utilizando-se o Método das Partidas Dobradas . Todavia, no caso das transações externas, não existe propriamente uma conta Caixa, utilizando-se uma conta especial denominada Haveres e Obrigações no Exterior (no Brasil, chamada de Variação de Reservas). Ex.: Exportações pagas a vista: C: Exportações D: HOE Fretes pagos: C: HOE D: Fretes Empréstimos recebidos: C: Empréstimos e Financiamentos D: HOE Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 23 Balanço de Pagamentos As transações contabilizadas na conta Haveres e Obrigações no Exterior são as seguintes: Divisas ( Moedas estrangeiras) Ouro monetário, que é aceito como pagamento nas transações no comércio internacional; Direitos especiais de saque: moeda escritural (uma espécie de “cheque especial”) que os países têm junto ao FMI, cujo limite varia inversamente com a renda per capita e participação do país no comércio internacional; Posição de reservas junto ao FMI. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 24 Balanço de Pagamentos Quando a conta Haveres e Obrigações no Exterior aparece no Balanço de Pagamentos com sinal positivo, isto é, com saldo credor, isso significa uma diminuição dos haveres monetários do país com relação ao resto do mundo, ou um aumento de suas obrigações. O sinal negativo indica um aumento de nossos haveres monetários. É oportuno salientar que as contas do BP, referem-se apenas ao fluxo ao longo de um mês, ou ano etc., e não inclui o total do endividamento externo do país, que é um estoque. Todavia, é possível saber a variação da dívida, obtida pela diferença entre a entrada de empréstimos e financiamentos e os pagamentos efetuados (amortizações e liquidação de atrasados comerciais). Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 25 Subdivisões do Balanço de Pagamentos BALANÇA COMERCIAL: Esta conta compreende basicamente o comércio de mercadorias. Se as exportações FOB (Free on Board, isto é, isentas de fretes e seguros) excedem as importações FOB, temos um superávit no balanço de comércio; se ocorrer o inverso, um déficit. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 26 Subdivisões do Balanço de Pagamentos BALANÇO DE SERVIÇOS: Registram-se todos os serviços pagos e/ou recebidos pelo Brasil, tais como: fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistência técnica, viagens internacionais. Os serviços que representam remuneração a fatores de produção externos (juros, lucros, royalties e assistência técnica) são chamados de serviços de fatores, e é própria renda Líquida do Exterior, que vimos em Contabilidade Social diferença entre o PIB e PNB). Os serviços não-fatores correspondem aos itens do Balanço de Serviços que se referem a pagamentos às empresas estrangeiras, pela prestação de serviços de fretes, seguros, transporte, viagens etc. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 27 Subdivisões do Balanço de Pagamentos TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS: Também conhecidas como conta de donativos, registram as doações interpaíses. Os donativos podem ser em divisas (como os que os “dekasseguis”enviam do Japão ao Brasil) ou em mercadorias. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 28 Subdivisões do Balanço de Pagamentos BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES: O somatório dos Balanços comercial, de serviços e de transferências unilaterais resulta no Saldo em Conta-corrente e/ou Balanço de Transações Correntes. Se o saldo do balanço de Transações Correntes for negativo, temos uma Poupança Externa Positiva, pois indica que o país aumentou seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços em termos reais do exterior. Se o balanço de Transações Correntes for positivo, indica que enviamos mais bens e serviços para o exterior, do que recebemos. Em termos reais, é uma Poupança Externa Negativa. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 29 Subdivisões do Balanço de Pagamentos MOVIMENTO DE CAPITAIS OU BALANÇO DE CAPITAIS: Na conta de Capital, aparecem as transações que produzem variações no ativo e no passivo externos do país e que, portanto, modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo. Aí são registradas: - as contrapartidas financeiras das exportações e importações de mercadorias e serviços, excetuadas as que se referem a transferências unilaterais; - As transações financeiras puras, ou seja, com ações e quota-parte do capital das empresas, quotas de participação governamental em organismos internacionais, títulos de outros países, empréstimos em moeda etc. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 30 Subdivisões do Balanço de Pagamentos MOVIMENTO DE CAPITAIS OU BALANÇO DE CAPITAIS: A conta de capital subdivide-se em duas: - movimentos autônomos de capital, na forma de investimentos diretos de empresas multinacionais, de empréstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento do país e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional; - movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do Balanço de pagamentos. Inclui as contas haveres e Obrigações no Exterior, Atrasados Comerciais (quando o país não paga suas obrigações na data de vencimento) e Empréstimos de Regularização do FMI (quando o país tem problemas de liquidez internacional). Ou seja, são as formas pelas quais é financiado o saldo do Balanço de Pagamentos: ou sai do Caixa, ou toma emprestado, ou deixa de pagar. Esse item é denominado Financiamento do Resultado e corresponde ao saldo do balanço de pagamentos, com o sinal trocado. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 31 Subdivisões do Balanço de Pagamentos Erros e omissões: É a diferença entre saldo do Balanço de Pagamentos e o Financiamento do resultado, que surge quando se tenta compatibilizar transações físicas e financeiras e as várias fontes de informações (bacen, departamento de comércio exterior, receita federal etc.) Como Banco Central tem maior controle sobre o item Financiamento do Resultado, supõe-se seu saldo correto e joga-se a diferença entre esse item e a soma de Transações Correntes e Movimento de Capitais Autônomos em “erros e omissões”. A regra internacional é admitir para “erros e omissões” um valor de, no máximo, 5% da soma das exportações com as importações. Macroeconomia: Contabilidade Social Prof. Lélio Galdino 32 BALANÇO DE PAGAMENTOS A – BALANÇA COMERCIAL (mercadorias) •Importações FOB (Free on Board) (Débito) •Exportações FOB (crédito) B – BALANÇO DE SERVIÇOS (saldos de contas: podem apresentar tanto débitos com créditos) •Viagens Internacionais (turismo, negócios) •Transportes (fretes) •Seguros •Rendas de Capitais (juros, dividendos e lucros, inclusive lucros reinvestidos) •Serviços diversos (royalties, assistência técnica, aluguéis de equipamentos etc) •Serviços Governamentais (embaixadas, consulados, representações no exterior) C – TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS (Podem ser doações de mercadorias, comotrigo, armas ou doações monetárias). Também conhecida como DONATIVOS). D – BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (ou SALDO EM CONTA CORRENTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS) (Resultado líquido de A + B + C). E – MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS (ou BALANÇO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS) (CAPITAIS FINANCEIROS). •Investimentos diretos líquidos (instalação de firmas estrangeiras no país) •Reinvestimentos (reinvestimentos de uma firma estrangeira já instalada no país) •Empréstimos e financiamentos (financiamentos de bancos estrangeiros de curto e longo prazos) •Amortizações (amortizações de empréstimos e financiamentos) •Outros capitais (capitais especulativos, de curto prazo, aplicados no mercado financeiro) F – ERROS E OMISSÕES G – SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (resultado líquido de D + E + F) H – FINANCIAMENTO DO RESULTADO (ou financiamento oficial compensatório, ou ainda movimento de capitais oficias) •Haveres e obrigações no exterior •Operações de regularização •Atrasados comerciais.
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