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psicopedagogia - teoria e pratica no contexto hospitalar

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSORES
Esp. Lucas Seule
Esp. Sabrina Camargo Silva Leva
Psicopedagogia - 
Teoria e Prática 
no Contexto 
Hospitalar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. SEULE, Lucas; LEVA, Sabrina 
Camargo Silva.
Psicopedagogia - Teoria e Prática no Contexto Hospitalar. 
Lucas Seule; Sabrina Camargo Silva Leva.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
160 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Psicopedagogia 2. Contexto 3. Hospitalar. 4. EaD. I. Título. 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
CDD - 22 ed. 370.152 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head 
de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e 
Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela 
Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital 
Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design 
Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
Coordenador(a) de Conteúdo 
Waleria Henrique dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Arthur Cantareli Silva
Design Educacional
Amanda Peçanha dos Santos
Revisão Textual
Carla Cristina Farinha
Ilustração
Natalia de Souza Scalassara
Fotos
Shutterstock
FICHA CATALOGRÁFICA
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual. 
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidá-
ria”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio im-
portante para o cumprimento integral desta missão: 
o coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. 
São mais de 800 títulos de livros didáticos como 
este produzidos anualmente, com a distribuição de 
mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para 
nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 
700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Lon-
drina, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona 
entre os 10 maiores grupos educacionais do país. 
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssi-
ma história da jornada do conhecimento. Mário 
Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, 
quem muda o mundo são as pessoas. Os li-
vros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo 
à oportunidade de fazer a sua mudança! 
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
BOAS-VINDAS
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Sabrina Camargo Silva Leva
Quando eu estava no Ensino Médio, eu não tinha ideia 
do que queria fazer na graduação. A única coisa que eu 
sabia é que eu amava estudar e amava Biologia, era mi-
nha disciplina preferida. Então, porque não estudar Bio-
logia, certo? Mas minha mãe cismou que eu deveria ser 
psicóloga porque eu gostava de ajudar as pessoas. E eu 
gostava mesmo, tanto que acreditei nela, e o desejo pela 
profissão começou a nascer em mim. Escolhi, no último 
dia de inscrição do vestibular, ainda em dúvida (e passei 
o curso todo com essa dúvida se foi mesmo a escolha 
certa). Já no curso, eu me apaixonei pela área hospitalar. 
Fiz estágio voluntário por três anos no HU, em Maringá – 
PR, mas a área escolar não passava pela minha cabeça. 
Até abri mão das disciplinas de licenciatura porque não 
queria a escolar. Entretanto, quando eu pisei os pés na 
escola pela primeira vez, ainda no estágio, em 2004, foi 
amor à primeira vista. E nunca mais saí!
Sou viciada em estudar. Já fiz quatro pós-graduações 
em Saúde Mental, Educação Especial, Psicopedagogia e 
Terapia Cognitivo-comportamental e estou concluindo 
a quinta. Também comecei outra graduação, agora em 
Pedagogia, e passo longas horas pensando em outras 
possibilidades. O próximo passo é o Mestrado.
Eu sou uma eterna sonhadora. Acredito que nós po-
demos mudar o mundo por meio da Educação. Acredito 
nisso, trabalho para isso e falo isso para as pessoas à 
minha volta todos os dias, porque quero que eles acre-
ditem também.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3850864403738056
http://lattes.cnpq.br/3850864403738056
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Lucas Seule
Meu nome é Lucas Seule, psicólogo de formação com en-
foque psicanalítico, membro do Laboratório de Estudos 
e Pesquisas em Psicanálise e Gêneros da UEM (LEPEP-
SIG), pós-graduado em Docência do Ensino Superior e 
Avaliação Docente. Atuo em clínica psicanalítica, clínica 
ambulatorial e orientações psicoeducacional no Ensino 
Superior. Ministro disciplinas, como Psicologia da Saúde, 
Psicologia Aplicada à Saúde e Psicologia do Esporte em 
outras instituições de Ensino Superior.
Durante minha trajetória, ainda na graduação, o de-
sejo de me envolver com a educação surgiu quando mi-
nistrei aulas de monitoria aos calouros. Eram matérias 
relacionadas à educação e à psicopatologia. Ali apareceu 
um desejo de conhecer mais os processos educativos, as 
formas de atuação do psicólogo e como a educação pode 
promover um espaço de acolhimento e reconhecimento 
do outro - o aluno. Acredito que a educação possibilita a 
transformação do sujeito que aprende e, também, daque-
le que ensina. Isso é o que justifica a nossa disciplina de 
proporcionar atendimento educacional de qualidade no 
ambiente hospitalar.
Bons estudos!
Link lattes: http://lattes.cnpq.br/2182491435170685
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
Você já parou para pensar sobre o que acontece quando uma criança ou um adoles-
cente, em idade escolar, encontra-se hospitalizado por um período longo?
A infância é, naturalmente, um período de descobertas, de exploração do mundo, 
de constituição da identidade, de construção de vínculos e referências na vida da 
criança. Tudo isso se dá pela aprendizagem, seja ela formal seja informal, e grande 
parte deste processo acontece no ambiente escolar. Ao ser privada de estar nes-
se ambiente, devido a um processo de hospitalização, como fica esse processo de 
aprendizagem? 
A criança nunca deixa de aprender. O acompanhamento pedagógico dentro das 
unidades hospitalares é uma necessidade e um direito. É, também, uma forma de 
manter a criança ou adolescente em contato com a Educação, com aquilo que ela 
produz,com a natureza de aprendiz e a responsabilidade que lhe são próprias. Os 
problemas de saúde são inevitáveis, então, é preciso oportunizar às crianças, aos 
adolescentes, aos alunos uma forma de manter o contato com a aprendizagem em 
casos em que há necessidade de longos períodos de internação. 
Imagine uma criança que recebeu um diagnóstico de uma doença crônica. Ela 
precisará ficar internada por três semanas e, após este período, manterá atendimento 
ambulatorial, semanalmente, para tratamento. Sua doença não interfere na capa-
cidade cognitiva, mas as intervenções médicas provocam dor, e os medicamentos 
administrados no tratamento ambulatorial causam sonolência. Como psicopedagogo 
responsável pelo caso, o que você pode fazer? Elabore um plano de ação a ser pro-
posto para a equipe.
Embora o contato com as atividades pedagógicas seja muito importante, é pre-
ciso avaliar, de forma cuidadosa, a possibilidade de a criança realizar as atividades. 
Deve-se considerar a rotina do hospital, a adequação do ambiente para estudos e 
as condições físicas e emocionais da criança, em cada momento. É necessário fazer 
PSICOPEDAGOGIA - TEORIA E PRÁTICA 
NO CONTEXTO HOSPITALAR
contato com a escola para ver quais atividades seriam passíveis de realização pela 
criança, sozinha ou com orientação do psicopedagogo, bem como verificar com a 
equipe médica os horários mais adequados para que ela realize as atividades no 
ambiente hospitalar.
A hospitalização não é um processo agradável em nenhuma etapa da vida, mas 
o atendimento psicopedagógico que queremos aprofundar aqui é este segundo for-
mato: o atendimento dentro dos hospitais. A Psicopedagogia Hospitalar é, ainda, 
muito recente, por isso, precisamos nos aprofundar no tema e ajudar a escrever este 
capítulo na história da Psicopedagogia.
No decorrer das unidades, aprofundaremos nossos estudos sobre a importância 
e a atuação do psicopedagogo na área hospitalar. Como futuro psicopedagogo, como 
você avalia o seu plano de trabalho proposto? Que dificuldades você espera encontrar 
na aplicação deste plano?
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
A Rotina 
Hospitalar - Como 
a Psicopedagogia 
Pode Ajudar?
11 41
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
Ensino e 
Aprendizagem e o 
Contexto Hospitalar: 
Reflexões e Prática 
do Psicopedagogo
69
Atuação 
Psicopedagógica 
com Pacientes 
no Ambiente 
Hospitalar
3 4 93
Trabalho do 
Psicopedagogo na 
Unidade Hospitalar 
e Integração Escola, 
Equipe Médica 
e Família
5 121
Projeto Político 
Pedagógico, Gestão 
de Projeto e Aplicação da 
Política de Humanização 
em Psicopedagogia 
Hospitalar.
1A Rotina Hospitalar - Como a Psicopedagogia 
Pode Ajudar?
Esp. Sabrina Camargo Silva Leva
Veremos aqui que, para compreender como a Psicopedagogia chegou 
no hospital, é importante entender como foi esse percurso. Aborda-
remos a rotina do hospital para refletirmos sobre as possíveis con-
sequências para o desenvolvimento das crianças e adolescentes em 
idade escolar. Conheceremos a Política Nacional de Humanização e 
entenderemos como ela abriu caminho para a entrada de outros profis-
sionais no ambiente hospitalar. Exploraremos outros documentos que 
abordam a questão das atividades educacionais no ambiente hospitalar 
ou outros relacionados a tratamentos de saúde. Por fim, entenderemos 
como a Psicopedagogia pode auxiliar no tratamento e no bem-estar 
de crianças e adolescentes durante o período de internação.
UNIDADE 1
12
Você consegue imaginar como uma criança se sente durante um processo de 
internação? A angústia de não poder sair, não poder brincar ou ir à escola? Os 
relatos que você verá a seguir são de crianças com patologias crônicas, que pas-
saram por uma ou mais internações longas. 
Primeiro relato: Guilherme, 8 anos, internado, há sete dias, por síndrome 
nefrótica.
 “ Pesquisadora: Como é ficar no hospital? Guilherme: Muito ruim, nossa! A enfermeira vem dar remédio toda hora. De noite não durmo direito, aqui tem muito barulho. 
Ontem chorei muito, porque tiveram que pegar outra veia e doeu 
tanto que pedi para respirar um pouquinho, porque não conseguia 
respirar de tanto que doía” (VASQUES, 2007, p.162) 
Segundo relato: Orlando, 12 anos, internado, há sete dias, por quadro de pneu-
monia aspirativa.
 “ Pesquisadora: Como foi, para você, ficar no hospital?Orlando: Muito ruim.Pesquisadora: Por quê?
Orlando: Dói. Você tem que fazer tudo que eles querem, na hora 
que eles querem… (VASQUES, 2007, p.143) 
Terceiro relato: Diego, 12 anos, internado, há dez dias, por celulite de face. “Pes-
quisadora: Como é ficar doente? Diego: Muito ruim! Você se sente um inútil, 
não tem nada pra fazer, aqui só tem criança, o tempo não passa… Vichi! É ‘um 
saco” ficar aqui’” (VASQUES, 2007, p.155).
Estes são trechos de entrevistas com crianças hospitalizadas, extraídos da 
dissertação “A experiência de sofrimento: histórias narradas pela criança hos-
pitalizada” (VASQUES, 2007). Podemos notar o quanto a rotina do hospital se 
torna invasiva e agressiva para a criança, uma vez que ela se vê sem nenhuma 
autonomia e privada das coisas que lhe dão prazer e da presença das pessoas que 
ama. Mas será que é só a criança que vivencia esses sentimentos?
UNICESUMAR
13
Os nomes são fictícios, mas os relatos são reais. São trechos de entrevistas 
realizadas por uma enfermeira que se propôs a investigar o sofrimento de crian-
ças em idade escolar, que precisaram ser hospitalizadas por motivo de doença. É 
possível perceber, na fala das crianças, o quanto é ruim ficar no hospital, o quanto 
elas ficam angustiadas por precisar estar ali. É quase possível sentir a frustração 
e angústia delas ao ler os relatos.
Pergunto agora: você já foi hospitalizado alguma vez? Por qual motivo? Você 
se lembra como era a rotina do hospital? Tente resgatar, na memória, como foi essa 
experiência, quais eram os horários de medicação, se você pôde ter acompanhante 
ou se ficou em enfermaria, como era a comida. Tente se lembrar dos detalhes e de 
tudo que você se sentiu durante essa experiência. Caso nunca tenha passado por 
uma internação, tente imaginar como seria. A internação é um processo difícil 
e angustiante, mas é necessária diante de situações de doença. Então, é preciso 
pensar em formas de amenizar os impactos dela na vida do indivíduo.
DIÁRIO DE BORDO
A rotina do hospital e suas consequências
A hospitalização não é um processo agradável em nenhuma etapa da vida. Basta se 
imaginarna situação para perceber o quanto é ruim: não podemos entrar ou sair 
quando queremos, não podemos escolher os horários das nossas refeições (nem 
UNIDADE 1
14
o que vamos comer), não podemos nem ao menos descansar de forma tranquila 
durante a noite, devido à toda a rotina característica desse ambiente. Mas não 
temos opção; quando ficamos doentes, dependendo da situação, a hospitalização 
é inevitável e o hospital passa a ser o nosso principal contexto de convívio, um 
contexto muito diferente do habitual, que já traz em si uma quebra de rotina.
A rotina do hospital é extremamente limitante. Quando precisamos ficar inter-
nados, somos privados da nossa liberdade de ir e vir, temos que seguir horários 
que não foram planejados por nós e não podemos ter contato com as pessoas 
que amamos. Lima e Natel (2010) acrescentam que o processo de hospitalização 
pode ser traumático para o indivíduo, pois ele perde sua singularidade, passa a 
ser identificado por números, vestir-se igual aos outros, ser reconhecido por sua 
doença e responder a procedimentos médicos, muitas vezes, dolorosos. 
É comum associarmos a palavra hospital a outras, como dor, perdas e so-
frimento. E estar nesse ambiente gera, naturalmente, ansiedade e medo. Junior 
e Alves (2016) colocam que a hipótese de hospitalização gera uma mistura de 
sentimentos e situações na cabeça do indivíduo adulto.
UNICESUMAR
15
Rotina de um Hospital - Entrevista
Vamos conhecer, um pouco mais de perto, a rotina do 
hospital? Confira a entrevista com uma técnica de enfer-
magem que já atua há 25 anos em hospitais no atendi-
mento de crianças e adolescentes!
Se, para o indivíduo adulto, já é difícil, imagine, então, como é a hospitalização 
para a criança. Nascimento (2004, p. 48) coloca que, para indivíduos jovens que 
apresentam diagnóstico de patologias crônicas, “o hospital passa a ser, por muito 
tempo, o seu principal contexto de convívio, de desenvolvimento e aprendizagem”. 
E o desenvolvimento da criança pressupõe a liberdade de explorar o mundo a sua 
volta, de experimentar, de brincar. Essa é a natureza da criança. 
 “ A criança, enquanto ser em desenvolvimento, explora e interage com seu meio de forma contínua e recíproca, à medida em que as características ambientais são favoráveis e à medida em que opor-
tunidades lhe são oferecidas. Através dessa interação mútua ocor-
rem as modificações no repertório comportamental da criança e 
da natureza funcional do meio. Enquanto atua sobre o ambiente 
criando novas possibilidades de exploração, a criança aprende sobre 
o mundo a sua volta e sobre suas próprias condições de atuação 
sobre ele (GUIMARÃES, 2012, p. 105). 
Ao ser hospitalizada, porém, ela fica privada de sua capacidade de explorar o 
mundo, pois fica limitada ao ambiente e à rotina hospitalar. Para exemplificar, 
voltaremos ao caso das crianças entrevistadas que citei no início desta unidade.
Guilherme tinha 8 anos na ocasião da entrevista e estava internado há sete dias 
por síndrome nefrótica. Já era sua quarta internação desde que nasceu. Ao falar sobre 
sua experiência nesse ambiente, Guilherme enfatizou o quanto é ruim, comentou 
sobre os horários de medicação, sobre a dificuldade de dormir devido ao barulho. 
Sua fala mostra a dificuldade de lidar com a rotina característica desse ambiente.
UNIDADE 1
16
Orlando, de 12 anos, encontrava-se internado há sete dias por um quadro 
de pneumonia aspirativa. Durante a entrevista, enfatizou a dificuldade de ter 
que fazer o que os outros querem e não o que ele mesmo quer fazer. O relato 
de Orlando traz esse sentimento de impotência associado à obrigatoriedade de 
cumprir as normas do hospital.
Lohr ([s. d.] apud Nascimento, 2004, p. 49) ressalta que, diante de doenças 
graves, toda a rotina da criança é alterada, pois ela passa por inúmeras interna-
ções, tratamentos dolorosos e longos processos terapêuticos; por esse motivo, “os 
elementos relacionados ao desenvolvimento e aprendizagem são ‘quebrados’ pela 
descoberta da doença e seu posterior tratamento”. Lima e Natel (2010, p. 128) 
complementam que, ao ser hospitalizada, “a criança depara-se com o impedimen-
to de brincar e continuar a explorar este mundo porque deve cumprir regras e se 
submeter a procedimentos médicos”. Guimarães (2012, p. 108), também, alerta 
para os impedimentos característicos do ambiente hospitalar. O autor cita alguns:
 “ [...] imobilidade, visto que a restrição impossibilita a maior parte dos comportamentos interativos ou mesmo exploratórios; ambiente inexpressivo ou repetitivo, por falta de novidade e incentivo à curio-
sidade; super estimulação, por sua desorganização típica e caracte-
rísticas inibidoras; e medo, gerador de ansiedade, incompatível com 
o relaxamento implícito no brincar.
As falas das crianças citadas expressam exatamente esse sentimento: a impo-
tência, diante da rotina hospitalar, e a frustração de não poder fazer o que tem 
vontade. Claro que são rotinas e procedimentos necessários, mas para a criança, 
é muito mais difícil de compreender tudo isso, por isso, o impacto é maior. Gui-
marães (2012) pontua que a hospitalização, ao privar a criança da possibilidade 
do brincar, por exemplo, interfere, significativamente, na evolução natural e de-
senvolvimento da criança. Por esse motivo, 
 “ [...] é necessário voltar a atenção para o contexto psicossocial em que se encontra a criança enferma, o tipo de influência que essas condições podem estar exercendo sobre seu desenvolvimento como 
um todo e o tipo de procedimento adequado para se obter o con-
trole de tais variáveis circunstanciais (GUIMARÃES, 2012, p.108).
UNICESUMAR
17
Diego, aos 12 anos, estava internado há dez dias por celulite de face. Durante a en-
trevista, também, comentou que acha ruim ficar no hospital. Ressaltou o fato de não 
ter nada para fazer, o que faz com que o tempo passe mais lento para ele e comentou 
sobre a falta que sente de amigos e familiares. Tais situações fazem parte da rotina 
hospitalar e dos procedimentos médicos. Como já mencionamos, todas essas regras 
e procedimentos são necessários nesse ambiente, para o bom desenvolvimento do 
trabalho da equipe médica e de enfermagem, mas refletiremos: quando falamos de 
infância e adolescência, não se trata apenas, de ser desagradável, a hospitalização 
traz consequências para o desenvolvimento e aprendizagem. 
Guimarães (2012) coloca que, ao ser hospitalizada, a criança é afastada dos pais 
e demais pessoas significativas em sua vida, colocada em um contexto estranho e 
altamente desafiador, no qual ela passa a ter contato superficial com dezenas de 
pessoas diferentes, além de ser manipulada e ter suas necessidades básicas atendidas 
por pessoas estranhas a ela. Lima e Natel (2010) assinalam que a hospitalização é, 
ainda mais traumática para a criança, pois ela fica impedida de brincar e explorar 
o mundo por precisar cumprir as regras e procedimentos estabelecidos.
As complicações decorrentes de um processo de 
internação podem ser de caráter físico e psíquico, 
dependendo do tempo de internação e das carac-
terísticas da doença. Lima e Natel (2010, p. 129) as-
sinalam que tais complicações podem “levar a um 
atraso no crescimento e no desenvolvimento psi-
comotor e também gerar complicações psíquicas, 
como depressão e comportamentos regressivos”.
UNIDADE 1
18
Vamos exercitar um pouco nosso conhecimento até aqui?
Vigotski é um grande teórico da aprendizagem e desenvolvimento. E essa afirmação do 
autor, de que a aprendizagem acontece a partir da interação da criança com o ambiente 
e com seus pares, já nos mostra a extensão dos prejuízos que uma internação longa pode 
trazer para o desenvolvimento da criança. Pense a respeito, na sua opinião, quais seriam 
as consequências da hospitalização para a aprendizagem de crianças e adolescentes em 
idade escolar?
PENSANDO JUNTOS
A criança precisa ser atendida de forma integral. É importante considerar 
suas peculiaridades, as condições sociais, econômicas e religiosas da família,as 
condições do ambiente ao qual ela está inserida. É preciso respeitar cada fase do 
desenvolvimento, buscando a saúde não só do físico, mas também do psicológico 
da criança. Barbosa (2001 apud GUIMARÃES, 2012) cita três aspectos que são 
essenciais para um atendimento integral à criança:
1. O atendimento deve promover a saúde e não apenas lutar contra a 
doença e a morte.
2. Deve-se considerar que a saúde abrange o bem-estar físico, mental e social.
3. O paciente deve ser encarado de acordo com sua singularidade e suas in-
ter-relações complexas com a família.
Diante dessas pontuações, traremos a reflexão para a questão da aprendizagem. 
Paín (1985) ressalta que a aprendizagem não é uma estrutura, mas sim, um efeito 
que ocorre a partir da articulação de esquemas. Por isso, fala-se em “processo 
de aprendizagem”, porque ela resulta e depende da interação entre as condições 
biológicas do sujeito e o meio social ao qual ele está inserido. Vigotski (2007, p. 
103), também, ressalta que a aprendizagem acontece a partir da interação do 
indivíduo com o meio. Para o autor, 
 “ [...] o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvi-mento, que são capazes de operar somente quando a criança intera-ge com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus 
companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se 
parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança.
UNICESUMAR
19
“Educar consiste então em ensinar, no sentido de mostrar, de estabelecer sinais, de mar-
car como se faz o que pode ser feito. Desta forma, a criança aprende a expressar-se, a 
vestir-se, a escrever, e também a não se sujar, não se atrasar, a não chorar. A maneira de 
fazer o que a educação prescreve tem por objetivo a constituição do ser que determinado 
grupo social precisa: ser respeitoso, limpo, pontual, sem afetações, etc.”.
Fonte: Paín (1985, p. 17-18).
EXPLORANDO IDEIAS
De acordo com Paín (1985), a aprendizagem possui três dimensões: biológica, 
cognitiva e social. A dimensão biológica diz respeito à herança genética do in-
divíduo, associada ao componente evolutivo da espécie, ou seja, aquilo que é 
esperado de acordo com a idade e período evolutivo de cada um. A dimensão 
cognitiva está relacionada à capacidade de adquirir novas habilidades, adaptar-se 
ao meio e a novas demandas e desenvolver novas estruturas. A autora chama essa 
aprendizagem de estrutural e pontua que ela está “vinculada ao nascimento das 
estruturas lógicas do pensamento, por meio das quais é possível organizar uma 
realidade intangível e cada vez mais equilibrada” (PAÍN, 1985, p.17).
Quanto à dimensão social, Paín (1985) menciona que a aprendizagem é um 
dos polos do processo educativo, constituído pelo par ensino-aprendizagem. É por 
meio da educação que o sujeito adquire, assume e transmite uma cultura particular. 
Porto ([s. d.] apud LIMA; NATEL, 2010) complementa que a aprendizagem tam-
bém possui uma função integradora, a qual se relaciona com as possibilidades 
de interação do indivíduo à realidade. Por meio da aprendizagem, o indivíduo 
pode atuar sobre sua realidade e transformá-la. Nesse sentido, ao tornar possível 
a aprendizagem a uma criança hospitalizada, permitimos que ela retome sua 
condição de agente transformador dessa realidade. Desta forma, “a criança con-
seguirá explorar seu meio e intervir, permitindo assim que seja no mundo, dife-
rentemente de quando está submetida a procedimentos médicos - neste instante 
ela age e não simplesmente, reage” (LIMA; NATEL, 2010, p. 129).
Pode-se dizer então que se o ambiente propiciar condições favoráveis, a 
aprendizagem torna-se um fator terapêutico para a criança internada, à medi-
da que contribui para uma melhora significativa da experiência no hospital. Se 
UNIDADE 1
20
olharmos para o histórico do ambiente hospitalar, é possível notar que ele sempre 
foi caracterizado como um lugar de exclusão e sofrimento. Por essas e outras difi-
culdades e no intuito de proporcionar uma cura efetiva, os hospitais identificaram 
a necessidade de um olhar mais cuidadoso e individualizado para os pacientes, 
o que culminou em um movimento de humanização do ambiente hospitalar, 
que, mais tarde, abriu caminho para a entrada do psicopedagogo neste ambiente.
A Política Nacional de Humanização
Em 2000, o Ministério da Saúde lançou um Projeto Piloto de Humanização Hos-
pitalar, focado na humanização das relações que se estabelecem dentro do hos-
pital. Tal projeto teve como objetivo “criar uma nova cultura de relações entre os 
trabalhadores de saúde e os usuários, na busca da valorização da vida humana” 
(LIMA; NATEL, 2010, p.130). Desde então, o tema da humanização passou a ser 
bastante difundido na área da saúde.
Após essa iniciativa, foi lançada a Política Nacional de Humanização 
(PNH), visando transformar toda a atenção e gestão no Sistema Único de 
Saúde (SUS). Os gestores dessa política entendem a humanização como a va-
lorização de todos os envolvidos no contexto dos atendimentos de saúde: ges-
tores, profissionais de saúde e usuários, objetivando a autonomia de cada um, 
estabelecendo responsabilidades compartilhadas e valorizando os vínculos 
entre eles (LIMA; NATEL, 2010). 
A PNH, segundo a Rede Humaniza SUS ([2020], on-line), tem como propósitos: 
 ■ Envolver e contagiar profissionais da saúde, gestores e usuários com os 
princípios e diretrizes da humanização.
 ■ Fortalecer iniciativas nesse sentido que já existem.
 ■ Desenvolver estratégias funcionais de relacionamento e práticas de gestão 
e atenção que atendam aos princípios da humanização e compartilhá-las.
 ■ Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mu-
danças efetivas e viáveis dos modelos de atenção e gestão.
 ■ Implantar processos de acompanhamento e avaliação, visando à melhoria 
e ao compartilhamento de experiências bem-sucedidas.
UNICESUMAR
21
“Humanizar é, portanto, o ato de tornar humano. E deve ser entendido em saúde como 
uma valorização do respeito à vida e das condições humanas, considerando os aspectos 
individuais e particulares de cada pessoa, como a história de vida deste indivíduo, os seus 
medos, suas angústias, suas crenças e sonhos, os seus anseios e demais singularidades”.
Fonte: Lima e Natel (2010, p.131).
EXPLORANDO IDEIAS
A PNH está pautada nos princípios da transversalidade, indissociabilidade e 
protagonismo.
Transversalidade significa que a humanização deve estar inserida em todas as 
políticas e programas do SUS. A PNH busca ampliar o contato e a comunicação 
entre pessoas e grupos, reconhecendo que todas as especialidades e práticas de 
saúde, ao compartilhar experiências, podem contribuir para a produção da saúde 
do indivíduo atendido de forma corresponsável.
Indissociabilidade entre atenção e gestão significa que os trabalhadores de 
saúde e usuários devem conhecer a gestão dos serviços e da rede de saúde, bem 
como participar, ativamente, do processo de tomada de decisão sobre as ações, pois 
as decisões dos gestores interferem, diretamente, na atenção à saúde. Protagonismo 
está relacionado com a autonomia e corresponsabilidade dos sujeitos e grupos. 
Significa que usuários e trabalhadores da saúde, também, são responsáveis pelas 
mudanças que querem no sistema. Um SUS humanizado reconhece e valoriza 
cada pessoa como cidadã de direitos, capaz de atuar na produção de saúde.
A PNH abriu espaço para discussões importantes na área da saúde, o que 
favoreceu a entrada de outros profissionais no ambiente hospitalar, visando à 
garantia de direitos dos pacientes e uma cura mais efetiva e com menos con-
sequências negativas.
Antes de prosseguir com a leitura, faça uma reflexão: por que a PNH foi importante para a 
entrada de outros profissionais no hospital? De que forma outros profissionais, além dos 
médicos e enfermeiros, podem contribuir para a melhoria de processos de cura de doenças?
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 1
22
Lima e Natel (2010) pontuam que a proposta de acompanhamento pedagógico 
no ambientehospitalar contribui muito para a humanização nesse ambiente. E, 
concomitante ao movimento de humanização, também surgiram as chamadas 
classes hospitalares.
Vamos entender como a educação chegou no hospital
O direito à educação já estava previsto na Constituição de 1988. E, prevendo 
a necessidade de garantir esse direito às crianças hospitalizadas, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), junto com outros órgãos e dispositivos legais, 
estabeleceu os direitos da criança e adolescente em situação de hospitalização. 
Os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados foram publicados no dia 
17 de outubro de 1995. O texto, aprovado na íntegra, foi escrito pela Sociedade 
Brasileira de Pediatria. 
Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados
(Resolução do Conanda nº 41, de 17 de outubro de 1995)
1. Direito à proteção, à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qual-
quer forma de discriminação.
2. Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem 
distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa.
3. Direito de não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por 
qualquer razão alheia ao melhor tratamento de sua enfermidade.
4. Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante 
todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas.
5. Direito de não ser separado de sua mãe ao nascer.
6. Direito de receber aleitamento materno sem restrições.
7. Direito de não sentir dor, quando existam meios para evitá-la.
8. Direito de ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados te-
rapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua 
fase cognitiva, além de receber amparo psicológico quando se fizer necessário.
UNICESUMAR
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9. Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de edu-
cação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua 
permanência hospitalar.
10. Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente de seu 
diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os 
procedimentos a que será submetido.
11. Direito a receber apoio espiritual/religioso, conforme a prática de sua família.
12. Direito de não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e tera-
pêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis 
e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal.
13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para sua 
cura, reabilitação e/ou prevenção secundária e terciária.
14. Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência 
ou maus tratos.
15. Direito ao respeito à sua integridade física, psíquica e moral.
16. Direito à preservação de sua imagem, identidade, autonomia de valores, 
dos espaços e objetos pessoais.
17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação de massa, sem 
expressa vontade de seus pais ou responsáveis ou a sua própria vontade, 
resguardando-se a ética.
18. Direito à confidência de seus dados clínicos, bem como direito de tomar 
conhecimento dos mesmos, arquivados na instituição pelo prazo estipu-
lado em lei.
19. Direito a ter seus direitos constitucionais e os contidos no Estatuto da 
Criança e do Adolescente respeitados pelos hospitais integralmente.
20. Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados 
todos os recursos terapêuticos disponíveis.
Observe que o artigo 9º aborda o direito a momentos de lazer e educação durante 
o período de permanência no hospital. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), também, prevê a oferta do atendimento educacional durante a 
internação. Tal Lei foi alterada pela Lei nº 13.716/2018 para assegurar esse direito:
Quadro 1 - Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado / Fonte: Brasil (1995, on-line).
UNIDADE 1
24
 “ Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para assegurar atendimento edu-cacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de 
saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado.
O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no 
exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber 
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional), passa a vigorar acrescida 
do seguinte art. 4º-A:
‘Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante o pe-
ríodo de internação, ao aluno da educação básica internado para 
tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo 
prolongado, conforme dispuser o Poder Público em regulamento, 
na esfera de sua competência federativa’ (BRASIL, 1996, on-line).
Vejam que, a partir dessa alteração na LDB, o aluno da Educação Básica que 
estiver em tratamento de saúde, seja em regime hospitalar ou domiciliar, por pe-
ríodos de tempo prolongados, tem assegurado seu direito ao atendimento escolar 
durante todo o período de internação/afastamento. Esse atendimento deve ser 
regulamentado pelos executivos federal, estadual e municipal. 
Dentre as situações que necessitam de um formato diferenciado de acesso 
ao ensino, estão as relacionadas à Educação Especial. O Conselho Nacional de 
Educação inclui o atendimento a estudantes hospitalizados nesse grupo, pois tra-
ta-se, também, de um atendimento diferenciado. Tal medida consta na Resolução 
nº 2, de 11 de setembro de 2001. O Artigo 13 desta resolução determina que os 
sistemas de ensino devem organizar o atendimento educacional especializado aos 
estudantes que não podem frequentar as aulas por motivo de doença:
 “ Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sis-temas de saúde, devem organizar o atendimento educacional espe-cializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão 
de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, aten-
dimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio.
§ 1o As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domi-
ciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e 
UNICESUMAR
25
ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas 
da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e reintegra-
ção ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com 
crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema educa-
cional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular.
§ 2o Nos casos de que trata este Artigo, a certificação de frequên-
cia deve ser realizada com base no relatório elaborado pelo pro-
fessor especializado que atende o aluno (BRASIL, 2001, on-line).
Em 2002, o Ministério da Educação (MEC), também, divulgou um guia de estraté-
gias e orientações para a organização e funcionamento das classes hospitalares e do 
atendimento pedagógico domiciliar. De acordo com esse manual de orientações:
 “ O atendimento educacional hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar devem estar vinculados aos sistemas de educação como uma unidade de trabalho pedagógico das Secretarias Estaduais, do 
Distrito Federal e Municipais de Educação, como também às dire-
ções clínicas dos sistemas e serviços de saúde em que se localizam. 
Compete às Secretarias de Educação, atender à solicitação dos 
hospitais para o serviço de atendimento pedagógico hospitalar e 
domiciliar, a contratação e capacitação dos professores, a provisão 
de recursos financeiros e materiais para os referidos atendimentos 
(BRASIL, 2002, p. 15).
Entende-se por educação especial, de acordo com o Artigo 58 da LDB (BRASIL, 
1996), a modalidade de educação ofertada para estudantes com deficiência, trans-
tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A Lei, 
ainda, estabelece que esse atendimento deve ser ofertado, preferencialmente, na 
rede regular de ensino. Mas esse Artigo, também, traz um complemento:
 “ § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atenderàs peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou 
serviços especializados, sempre que, em função das condições es-
pecíficas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes 
comuns de ensino regular (BRASIL, 1996, on-line).
UNIDADE 1
26
Pode-se perceber aqui, mais uma vez, uma garantia do direito à educação para 
alunos que se encontram impedidos de comparecer às classes regulares. Para 
isso, é necessário que a equipe médica se disponha a trabalhar com equipes 
multidisciplinares, visando garantir não só a saúde, como também a qualidade 
de vida dos alunos internados.
Foi nesse contexto que surgiram as chamadas classes hospitalares. De acordo 
com o MEC/SEE, a classe hospitalar diz respeito ao atendimento pedagógico edu-
cacional que acontece em ambientes relacionados a tratamento de saúde, seja por 
ocasião de internação ou mesmo em atendimentos ambulatoriais, hospital-dia e 
hospital-semana, ou, ainda, em serviços de atenção integral à saúde mental (BRA-
SIL, 2002). Para que esse atendimento ocorra, o MEC orienta que o atendimento 
educacional nessas unidades precisa estar em consonância com os sistemas edu-
cacionais e vinculado com a organização pedagógica da unidade escolar.
Para que se desenvolva um trabalho adequado no ambiente hospitalar ou 
outro de tratamento de saúde, é necessário que a instituição organize um espaço 
adequado, contendo, pelo menos, uma sala para desenvolvimento das atividades 
educativas, mobiliada e equipada com uma bancada e uma pia. É necessário, 
também, instalações sanitárias adequadas e um espaço ao ar livre, no qual seja 
possível a prática de atividades físicas e ludopedagógicas (BRASIL, 2002).
O MEC, ainda, orienta que é necessário considerar que muitos alunos, devido 
às restrições próprias de sua condição de saúde, não terão condições de frequentar 
tais salas ou ambientes adaptados. Nesse caso, eles devem ser atendidos em seus 
leitos ou na enfermaria. Além da adequação do ambiente, é necessário disponibi-
lizar recursos e materiais didáticos e digitais que possibilitem aos alunos o desen-
volvimento das atividades determinadas, bem como materiais de uso do professor.
Por todas essas peculiaridades do atendimento educacional no ambiente 
hospitalar, cada vez mais, tem-se estudado formas de sistematizar o atendimen-
to psicopedagógico nos hospitais. Entretanto, de acordo com Serra (2012), a 
Psicopedagogia no âmbito hospitalar ainda é pouco trabalhada, pouco difun-
dida e, portanto, pouco conhecida. Ela tem como função trabalhar os processos 
cognitivos e de aprendizagem de crianças e adolescentes em idade escolar que 
se encontram afastados da escola, seja devido à hospitalização ou aos tratamen-
tos domiciliares por motivo de doença. 
O profissional que atua nessa área é o psicopedagogo, o qual busca intervir 
junto ao leito onde a criança ou adolescente se encontra, no intuito de reduzir as 
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27
perdas que o afastamento da escola pode ocasionar. Ao desenvolver seu trabalho, 
o psicopedagogo pode, também, trabalhar aspectos sociais e emocionais dessa 
criança ou adolescente que se encontra fragilizado pela doença, visando capaci-
tá-lo para dar continuidade aos seus estudos quando estiver apto ao retorno às 
atividades escolares (SERRA, 2012).
É importante diferenciar, aqui, a função dos profissionais da Psicopedagogia, 
Pedagogia e Psicologia. O psicopedagogo irá avaliar e intervir sobre as dificul-
dades de aprendizagem do paciente, buscando identificar se sua dificuldade está 
relacionada à família, ao tratamento, à própria doença ou, até mesmo, ao retorno 
à escola. O foco de sua atuação será a aprendizagem do paciente. Lima e Natel 
(2010, p. 136) colocam que esse profissional “utilizará uma abordagem sistêmica 
e levará em consideração o vínculo estabelecido do aluno com a instituição, o 
impacto do tratamento no seu desempenho assim como a própria relação fami-
liar e também, após o período de internação, o seu retorno ao ambiente escolar”.
Já o pedagogo é o profissional responsável pela aplicação das atividades edu-
cacionais propostas para o paciente internado. Sua atuação está voltada, exclusi-
vamente, para as questões pedagógicas relacionadas ao currículo escolar, embora 
ele, também, preocupe-se com o desenvolvimento de habilidades psíquicas, so-
ciais, afetivas e motoras do paciente (AZEVEDO; PALLADINO; FREIRE, 2019). 
O psicólogo hospitalar, por sua vez, tem como objetivo auxiliar o paciente nas 
questões emocionais envolvidas em seu processo de adoecimento, buscando mi-
nimizar o estresse e o sofrimento causado pela internação (CHIATTONE, 2011).
Trazendo a questão emocional, Costa (2015) afirma que que o hospital é gera-
dor de muitas emoções e sentimentos negativos, como tensão, medo, dor e angústia, 
o que reforça a necessidade de um atendimento interdisciplinar que inclua o psico-
pedagogo. Para Amambahy (2013), a Psicopedagogia Hospitalar pode contribuir 
muito para a melhoria da qualidade de saúde e autoestima de pacientes internados, 
à medida que proporciona uma intervenção lúdica, humanizada estimulante em 
relação à aprendizagem. A atuação do psicopedagogo traz o caráter humanizador 
e afetivo para a atuação da equipe multidisciplinar, cria um elo entre as diversas 
especialidades, promovendo a integração de novas ideias (MELLO, 2004).
Na visão de Costa (2012), os diversos profissionais que compõem a equi-
pe multidisciplinar, tais como médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisiotera-
peutas, psicólogos e assistentes sociais, precisam estar em sintonia durante o 
processo de internação, mas cada um deles pode atuar de forma direcionada, 
UNIDADE 1
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relacionando sua área com a necessidade de assistência ao paciente. O psicope-
dagogo tem a possibilidade de ver o paciente de forma integral, como alguém 
com necessidades físicas, emocionais, afetivas, sociais e cognitivas. Por esse 
motivo, a atuação do psicopedagogo, junto à equipe multidisciplinar, faz-se 
necessária, pois ele intervirá nas questões relacionadas ao aspecto cognitivo de 
uma forma holística, considerando os aspectos sociais, culturais e emocionais 
relacionados à aprendizagem. 
Para realizar sua intervenção com alunos que se encontram com implicações 
de saúde, o psicopedagogo deve avaliar cada caso, considerando o contexto, as di-
ficuldades do aluno e as possibilidades do ambiente em que ele se encontra, bem 
como as orientações da instituição de ensino ao qual o aluno está matriculado. 
E tal avaliação precisa ser realizada em conjunto com a equipe multidisciplinar 
que acompanha o caso.
Vamos fazer um exercício. Na sua percepção, como deve ser a avaliação do psicopedago-
go no ambiente hospitalar? Use sua criatividade e tudo que você já aprendeu sobre esse 
ambiente e faça uma lista dos aspectos que precisam ser considerados nessa avaliação. 
Depois, você poderá testar suas hipóteses na unidade em que abordaremos esse assunto.
PENSANDO JUNTOS
Além de avaliar e propor uma intervenção adequada, o psicopedagogo precisa 
acompanhar desde o início do período de afastamento até a saída do aluno da 
classe hospitalar, de forma a assegurar que ele consiga retomar as atividades 
pedagógicas, reinserindo-se nas esferas sociais, escolares e culturais sem pre-
juízos. Azevedo, Palladino e Freire (2019, p. 624) complementam que a atuação 
desse profissional se torna relevante “para um olhar e uma escuta sensíveis, 
buscando compreender a situação vivenciada pela criança e seus familiares, 
que podem fazer possíveis os traumas pelo tempo de internação e pela mu-
dança em sua rotina”. Desta forma, é possível perceber como é o trabalho da 
Psicopedagogia Hospitalar no Brasil. Embora ainda pouco conhecida, essa área 
UNICESUMAR
29
de atuação vem ganhando espaço à medida que se mostra capaz de tratar os 
processos de aprendizagem, os sociais, os de afetividade, entre outros, e fazendo 
com que a criança ou adolescente em idade escolar possa se ressignificare se 
recolocar na sociedade, sem graves perdas ou prejuízos.
E como a Psicopedagogia pode ajudar?
Com o avanço da PNH, os hospitais passaram a enxergar demandas de atuação 
de outros profissionais nas equipes de saúde, visando um olhar para o paciente 
de forma integral. Bom, então, no que a Psicopedagogia pode ajudar? Talvez, com 
as reflexões até aqui, você já tenha algumas ideias.
A psicopedagogia surgiu com o intuito de eliminar barreiras e obstáculos em 
relação à aprendizagem, visando ao reconhecimento das capacidades do indiví-
duo. Seu objeto de estudo é o próprio processo de aprender, ou seja, seus desen-
volvimentos normal e patológico, considerando o contexto interno e externo ao 
indivíduo e incluindo os aspectos cognitivos, afetivos e sociais próprios desse 
processo (BOSSA, 2000). A psicopedagogia se ocupa do processo de aprendiza-
gem e tudo que o envolve. Nas palavras de Bossa (2000, p. 21), 
 “ [...] a Psicopedagogia preocupa-se com o problema da aprendiza-gem, ocupando-se inicialmente com o processo como a mesma ocorre. Estuda as características da aprendizagem humana; como 
se aprende; como essa aprendizagem varia evolutivamente e está 
condicionada por vários fatores, como se produz as alterações na 
aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. 
O atendimento psicopedagógico pode ser preventivo ou terapêutico. O enfoque 
preventivo leva em consideração o desenvolvimento normal e as alterações carac-
terísticas. O enfoque terapêutico diz respeito ao diagnóstico e ao tratamento de 
dificuldades de aprendizagem. (BOSSA, 2000).
UNIDADE 1
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Descrição da Imagem: a figura mostra um esquema que explica o objeto de estudo da Psicopedagogia. 
Contém o seguinte título “O objeto de estudo da Psicopedagogia”. Abaixo deste, há a palavra “Apren-
dizagem”, em que saem duas setas desta. A primeira seta indica “Desenvolvimento normal (enfoque 
preventivo)” e a segunda indica “Desenvolvimento normal (enfoque preventivo)”.
APRENDIZAGEM
ENFOQUE
PREVENTIVO
ENFOQUE
TERAPEUTICO
Desenvolvimento
normal
Desenvolvimento
patológico
Figura 1 - O objeto de estudo da psicopedagogia / Fonte: a autora.
Golbert (1985 apud YAEGASHI, 1998), também, fala sobre os enfoques pre-
ventivo e terapêutico. Preventivo no sentido de que considera o ser humano em 
desenvolvimento, potencialmente educável; terapêutico porque busca identificar, 
analisar e elaborar uma metodologia de diagnóstico e tratamento da dificuldade 
apresentada pelo sujeito. 
O psicopedagogo é o profissional habilitado para trabalhar com as questões 
da aprendizagem. Ao falar sobre o caráter preventivo do trabalho deste profis-
sional, Bossa (2000) aponta que ele intervém nos processos educativos com o 
intuito de diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem, considerando 
as questões didático-metodológicas do processo de ensino, atuando na formação 
e orientação dos professores e, até mesmo, fazendo aconselhamento aos pais.
Comentando a colocação da autora, Yaegashi (1998) afirma que, a partir do 
olhar sobre o processo educativo, o psicopedagogo elabora um plano de diag-
nóstico da instituição escolar e um plano de intervenção para diminuir e tratar 
os problemas já instalados, objetivando um trabalho com os professores para 
prevenir novas ocorrências dos mesmos transtornos.
UNICESUMAR
31
Yaegashi (1998, p. 10) coloca, ainda, uma última atribuição do psicopedagogo, 
que é “eliminar os transtornos já instalados, através de um procedimento clínico”. 
A autora ressalta que, mesmo nesse nível, a intervenção continua com o caráter 
preventivo, à medida que, ao eliminar um transtorno, previne-se o aparecimento 
de outros. Macedo (1992 apud YAEGASHI, 1998), ao falar sobre as atribuições 
do psicopedagogo, destaca: 
 ■ A orientação de estudos.
 ■ O trabalho sobre os conteúdos escolares.
 ■ O atendimento de crianças deficientes ou comprometidas.
 ■ O desenvolvimento do raciocínio.
Sobre a orientação de estudos, o autor coloca que o psicopedagogo auxilia a 
criança a organizar sua vida escolar:
 “ [...] a ênfase do trabalho recai sobre a melhor forma de utilização do tempo a ser dedicado a cada matéria, bem como sobre a organização da agenda, do espaço para estudo e de todos os fatos relacionados ao 
‘como estudar’, ou seja, como ler um texto, como escrever, como estu-
dar para a prova, etc. (MACEDO, 1992 apud YAEGASHI, 1998, p. 12).
Em relação à segunda atribuição, Macedo (1992 apud YAEGASHI, 1998) co-
menta que o psicopedagogo auxilia a criança nos conteúdos escolares em que 
ela não está tendo um bom aproveitamento. Sobre o atendimento de crianças 
deficientes ou comprometidas, o autor refere-se ao trabalho desenvolvido com 
crianças autistas, deficientes intelectuais ou com outros comprometimentos gra-
ves, chegando a substituir o trabalho da escola. 
Quanto ao desenvolvimento do raciocínio, este está relacionado com o desen-
volvimento dos processos de pensamento necessários ao ato de aprender. “Geral-
mente este trabalho é feito por intermédio de jogos, através dos quais o psicope-
dagogo intervém de modo a possibilitar à criança a construção de procedimentos 
adequados à solução dos problemas situados no contexto do jogo” (MACEDO, 
1992 apud YAEGASHI, 1998, p.12). Isto significa instrumentalizar o sujeito para 
que ele possa lidar com a dificuldade que apresenta, utilizando, da melhor forma 
possível, os recursos que possui. A experiência com o jogo faz com que a criança 
perceba novas formas de ação, de resolução de problemas, de alternativas múltiplas.
UNIDADE 1
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A chegada da Psicopedagogia no hospital: um 
pouco de História 
A preocupação com os problemas de aprendizagem começou a existir, desde 
o século XIX, na Europa. Os primeiros estudiosos dos processos de aprendi-
zagem foram os filósofos, médicos e educadores (YAEGASHI, 1998). Inicial-
mente, a preocupação era compreender as deficiências sensoriais, os portado-
res de debilidade mental ou outros comprometimentos da aprendizagem. “Em 
1898, o professor de Psicologia Edouard Claparède e o neurologista François 
Neville introduziram nas escolas públicas da França as ‘classes especiais’, para 
atendimento escolar às crianças com retardo mental. No campo da reeduca-
ção, este foi o primeiro registro de ação conjunta de médicos e educadores” 
(YAEGASHI, 1998, p. 4). 
Ainda, no final deste século, o educador Seguin e o médico Esquirol forma-
ram uma equipe para investigar os fatores neurológicos que influenciavam a 
aprendizagem. Paralelamente, a psiquiatra italiana Maria Montessori desenvol-
veu um método de aprendizagem para crianças com retardo mental baseado na 
estimulação sensorial.
Em meados do século XX, foram surgindo, na Europa e nos Estados Unidos, 
escolas que se voltavam para o atendimento individual de crianças com apren-
dizagem lenta. Em 1930, surgiram, na França, os primeiros centros de orientação 
educacional infantil, que contavam com equipes multidisciplinares. Os primei-
ros Centros Psicopedagógicos foram criados por J. Boutonier e George Mauco 
na França, em 1946, que buscavam atender crianças com problemas escolares e 
comportamentais e que, geralmente, apresentavam doenças crônicas, precisando, 
também, de atendimento médico. 
 “ Os centros Psicopedagógicos possuíam equipes de médicos, psicó-logos, psicanalistas, pedagogos e reeducadores de psicomotricida-de. O médico era responsável pelo diagnóstico. Para realizá-lo, ele 
examinava os resultados da investigação familiar, os métodos edu-
cativos e os resultados de testes de QI. Após o diagnóstico baseado 
nestes dados, o médico prescrevia a orientação para o tratamento, 
quer de reeducação, quer de terapia (YAEGASHI, 1998, p. 5).
UNICESUMAR
33
A partir das décadas de 60 e 70 na Europa e da década de 80 no Brasil, os pes-
quisadores começaram a considerar o aspecto social, levantando questões sobre 
o papel da escola e da sociedade na aprendizagem. Nas duas últimas décadas, 
começou, também, haver uma preocupação com a falta de preparo do professor 
parao trabalho docente. Ao falar sobre esse assunto, Yaegashi (1998, p. 7) aponta 
“a necessidade de os educadores adquirirem conhecimentos que lhes possibili-
tem compreender sua prática e os instrumentos necessários para promoverem 
o sucesso escolar dos alunos”.
Calsa (2007) destaca que, atualmente, o objeto de estudo e o campo de atuação 
da Psicopedagogia vêm se ampliando, passando a considerar, além dos processos 
patológicos da aprendizagem, a influência do meio cultural e social em que o 
sujeito está inserido (família, escola e sociedade).
 “ Nesse sentido, o aprender e o não-aprender deixam de ser com-preendidos como manifestações de processos de aprendizagem diferenciados, e passam a ser entendidos como um processo único, 
que assume caminhos diferentes em função da interação peculiar 
que se estabelece entre as condições internas e externas ao sujeito 
que aprende (CALSA, 2007, p. 82).
Concluindo, Yaegashi (1998) complementa que o surgimento da Psicopedago-
gia objetivou uma compreensão mais integrada do processo de aprendizagem, 
agregando conhecimentos de várias áreas sem perder o foco no fator educativo e 
em suas implicações sociais. Pelas nossas reflexões até aqui, você deve concordar 
comigo que a hospitalização pode ser considerada uma barreira à aprendizagem, 
certo? Nesse caso, o psicopedagogo pode ajudar muito nesse processo!
A psicopedagogia hospitalar aparece, em 2001, como uma proposta de atendi-
mento educacional vinculada ao sistema de saúde, objetivando garantir o suporte 
psicopedagógico a crianças e adolescentes em idade escolar que se encontram 
hospitalizados, prevenindo assim, os possíveis déficits na aprendizagem (AZE-
VEDO, PALLADINO E FREIRE, 2019). De acordo com Junior e Alves (2016), 
a psicopedagogia surge como uma proposta de intervenção a ser incluída no 
tratamento de doenças, visando minimizar os déficits no processo de ensino-
-aprendizagem de crianças e adolescentes em idade escolar por meio da interação 
entre a escola, a família e o tratamento.
UNIDADE 1
34
De acordo com Nascimento (2004), a Psicopedagogia pode ser desenvolvida 
em hospitais, tanto de forma clínica quanto em serviços hospitalares gerais. No 
primeiro caso, tratam-se de serviços ambulatoriais vinculados a um hospital, 
mas que não deixam de ser um atendimento psicopedagógico clínico. O segundo 
refere-se ao atendimento psicopedagógico dentro do hospital, vinculado a outros 
ambulatórios. Falaremos um pouco mais sobre cada um desses formatos ao longo 
da nossa disciplina.
O atendimento psicopedagógico, porém, que queremos aprofundar aqui é 
esse segundo formato: o atendimento dentro dos hospitais. O serviço de psicope-
dagogia no hospital geral, pode ter o caráter clínico, institucional ou de pesquisa. 
Responde a uma demanda clínica quando trabalha com os problemas de saúde 
que podem se tornar causa de problemas de aprendizagem, ou seja,
 “ [...] quando objetiva verificar o que e como os problemas de saúde levam a dificuldades na aprendizagem; quando auxilia o paciente a acomodar a nova situação, oportunizando-lhe a expressão de seus 
sentimentos e oferecendo-lhe apoio; quando realiza intervenções 
psicossociais aos internados e à equipe, via participação em grupos 
de apoio (NASCIMENTO, 2004, p. 53).
O trabalho do psicopedagogo é de pesquisa quando o profissional busca investi-
gar as causas de uma determinada dificuldade ou distúrbio de aprendizagem ou, 
ainda, quando há necessidade de produção de material educativo. E é institucio-
nal quando as atividades estão relacionadas a questões específicas do contexto 
hospitalar não, diretamente, ligadas à aprendizagem do indivíduo, tais como:
 “ [...] a classe hospitalar; o trabalho de inclusão escolar de crianças pós-hospitalizadas; a observação do desenvolvimento infantil como um todo; o fomento no paciente à adesão ao tratamento clínico; a 
participação em programas de atendimento integral à saúde (...); 
atividades ocupacionais; a discussão de casos clínicos com a equipe 
(NASCIMENTO, 2004, p. 53).
UNICESUMAR
35
Serviços hospitalares gerais - clínica, pesquisa 
e institucional
Serviços hospitalares gerais
Clínica Pesquisa Institucional
como os problemas de 
saúde levam a di�culdades 
de aprendizagem
 causas que determinam 
as di�culdades e produção 
de material educativo
educação sobre rotinas, 
inclusão escolar pós-internação, 
adesão ao tratamento, 
discussão de casos clínicos
Figura 2 - A Psicopedagogia no Hospital Geral / Fonte: adaptada de Nascimento (2004).
Ao falar sobre as diferentes formas de intervenções psicopedagógicas e quais as 
demandas na área de saúde, a psicopedagoga Maria Irene (p. 10-11), em entre-
vista durante o evento Psicopedagógico Sedes Sapientiae, realizado em agosto 
de 2007, explica que:
 “ A Psicopedagogia Hospitalar consiste em avaliações e intervenções no contexto de saúde, levando em conta o processo de aprendi-zagem que engloba, o desenvolvimento e o uso de uma série de 
competências, tanto físicas, como mentais e emocionais. Trata-se de 
um modo de intervenção institucional e também clínica, levando 
em conta diferentes contextos diferenciados a seguir: 
Descrição da Imagem: a figura, intitulada “Serviços hospitalares gerais - clínica, pesquisa e institucio-
nal”, mostra os serviços desenvolvidos pelo psicopedagogo dentro dos hospitais. Abaixo do título, há a 
descrição desses serviços. O serviço prestado no âmbito Clínico é a identificação de como os problemas 
de saúde levam a dificuldades de aprendizagem. No âmbito da Pesquisa, temos a produção de material 
educativo e investigação das causas que determinam as dificuldades de aprendizagem. E, por fim, no 
âmbito Institucional, temos o serviço de orientação sobre rotinas, inclusão escolar pós-internação, adesão 
ao tratamento e discussão de casos clínicos.
UNIDADE 1
36
• Suporte psicopedagógico à Instituição de saúde como um todo e 
com a equipe de profissionais, com construções de projetos e atua-
ções em grupo para evitar a fragmentação do conhecimento e pro-
mover trocas entre os especialistas, propiciando a integração das 
disciplinas no âmago de um mesmo projeto de trabalho; 
• Orientação ao paciente hospitalizado, com o objetivo de trabalhar 
não só os conhecimentos básicos, apesar da importância de se cui-
dar do não afastamento destes pacientes do mundo acadêmico. É 
importante, no entanto, focalizar o trabalho no desenvolvimento das 
competências de natureza psicossociais para que o paciente se habili-
te como agente ativo do seu próprio processo de tratamento, recupe-
ração e promoção de sua saúde. Pode ser realizada em grupo, como o 
que se verifica nas chamadas classes hospitalares, ou individualmente; 
• Suporte à família, profissionais e acompanhantes que permitem a ins-
talação e o resgate das potencialidades de parentes, e cuidadores, na 
estimulação dos enfermos em suas habilidades cognitivas e afetivas.
Junior e Alves (2016) afirmam que o psicopedagogo hospitalar pode ser um im-
portante elo de ligação entre o paciente e sua família bem como escola e amigos, 
auxiliando no enfrentamento das dificuldades decorrentes da internação. Na 
visão dos autores, esse profissional é o mais adequado para atuar com as dificul-
dades no processo de aprendizagem decorrentes da doença. Ressaltam que “o re-
ferido profissional deve estar, diretamente, sintonizado com a escola do paciente, 
permitindo que o vínculo escola-hospital o auxilie, o aluno, em seu processo de 
aprendizagem escolar” (JUNIOR; ALVES, 2016, p. 65). A Psicopedagogia Hospita-
lar é, ainda, muito recente, por isso, precisamos nos aprofundar no tema e ajudar 
a escrever esse capítulo na história da Psicopedagogia.
Até aqui, falamos sobre algumas características e consequências da rotina 
do hospital, sobre a Política Nacional de Humanização e sobre a entrada do psi-
copedagogo no hospital. Resgatando as histórias citadas no início da unidade, é 
possível compreender a importância e necessidade de atuação de um profissional 
de psicopedagogianaquele ambiente. O psicopedagogo pode auxiliar no alívio da 
angústia das crianças em permanecer naquele ambiente, proporcionando ativida-
des de lazer e estudo, para que ela permaneça ativa, auxiliando na compreensão 
da rotina hospitalar bem como na orientação dos familiares sobre formas de 
estabelecer algum tipo de contato entre as pessoas que são importantes para a 
criança, mas que não podem estar com ela nesse momento.
37
AGORA É COM VOCÊ
Agora é a sua vez! Para sintetizar as ideias até aqui, elabore um mapa conceitual com as 
principais informações trabalhadas nesse capítulo.
38
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
 Surge a partir da PHN
(foi fortalecida)
 Atende a demandas e di�culdades
decorrentes da rotina do hospital
Surge da psicopedagogia
Preventiva ou terapêutica Clínica, institucional
ou de pesquisa
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
2Ensino e Aprendizagem e o Contexto Hospitalar: 
Reflexões e Prática 
do Psicopedagogo
Esp. Sabrina Camargo Silva Leva
Nossa caminhada pelo conhecimento nesta unidade nos leva a um 
repensar sobre a prática do psicopedagogo no contexto hospitalar, 
entendendo que muito tem a contribuir, não só para a reabilitação e 
qualidade de vida dos sujeitos hospitalizados e suas famílias, como 
também para o processo de desenvolvimento das equipes de saúde. 
Para isso, a unidade destacará o histórico da Educação nos contextos 
hospitalares, os processos de ensino e de aprendizagem do sujeito 
hospitalizado e, também, os aspectos de aprendizagem no hospital 
enquanto organização.
UNIDADE 2
42
Na primeira unidade, mostramos alguns relatos relacionados à 
rotina do hospital. Agora, veremos trechos em que as crianças 
trazem seus sentimentos em relação a essa experiência.
Jean estava com 7 anos na ocasião da entrevista. Ao conversar 
com a pesquisadora, enfatizou o quanto era “muito ruim” ficar 
no hospital:
 “ Pesquisadora: Por que acha que está sendo muito ruim? Sabe me falar o porquê? Jean: Queria ir pra escola, brincar com meu amigo. 
Não gosto daqui [...] 
Pesquisadora: Existe alguma coisa que te aju-
da a melhorar a tristeza? 
Jean: Brinco um pouco na ‘sala de brincar’ (brinque-
doteca) e desenho (VASQUES, 2007, p. 192-193).
Yuri, de 9 anos, contou, durante a entrevista, que veio para o 
hospital após uma crise (de epilepsia). Ao ser questionado so-
bre como era ficar no hospital, comentou: “Ah, é bom. Eu brinco 
no computador, a tia da sala de brinquedo me ensinou a jogar 
no computador e a gente brinca (...)” (VASQUES, 2007, p. 197). 
Ressaltou, várias vezes, durante a entrevista, que não fica triste no 
ambiente hospitalar porque pode brincar no computador, mas 
comentou sobre outra criança que chorava muito. A entrevista-
dora, então, questionou-o:
 “ Pesquisadora: O que acha que ela deve fa-zer para diminuir a tristeza dela?Yuri: Ela tem que ir brincar, falar com a avó 
dela, tem que tomar o remédio que daí ela 
vai embora rapidinho, porque o computa-
dor é muito legal, daí ela vai brincar e não 
vai mais ficar triste, nem vai chorar mais 
(VASQUES, 2007, p. 198).
UNICESUMAR
43
Guilherme, de 8 anos, também, 
acha que a leitura e o brincar o 
fazem se sentir melhor: “Pesqui-
sadora: Quando fica triste, o 
que te ajuda a se sentir melhor? 
Guilherme: Eu leio uns livrinhos 
que as tias trazem, brinco com os 
joguinhos e fico com a minha mãe!” 
(VASQUES, 2007, p. 163).
Alisson, de 8 anos, estava inter-
nado há 10 dias. Durante a entrevis-
ta, queixou-se bastante dos procedi-
mentos pelos quais tem que passar 
no hospital, especialmente, pelo 
fato de sentir muita dor. No entan-
to, considera que existem coisas que 
são ainda piores que a dor durante 
o internamento: “Alisson: Quando 
quero ir pra casa e não posso, que-
ro brincar, tenho saudade do meu 
irmão… eu brincava com ele… Eu 
adoro o meu irmão! Tenho sauda-
des dos meus brinquedos, da esco-
la – eu brincava bastante na escola 
–, dos meus amigos…” (VASQUES, 
2007, p. 166-167).
Antônio Carlos, aos 12 anos, 
internado também há 10 dias, co-
mentou que, desde sua primeira 
internação aos seis anos, ficava 
triste por “não poder fazer tudo”. A 
pesquisadora, então, questionou-o 
sobre o que ele não podia fazer:
UNIDADE 2
44
 “ “Pesquisadora: Você ia dizendo que ficava triste porque não podia fazer tudo. O que não podia fazer? Antônio Carlos: o que uma criança normal faz: correr, brincar, 
jogar bola… Você passa vontade” (VASQUES, 2007, p. 135).
Anderson, de 17 anos, também queixa-se da impossibilidade de fazer as coisas que 
gosta. Relatou à pesquisadora que esta é a pior parte de estar internado. “Pesquisa-
dora: E o que tem de pior em tudo isso? Anderson: Ficar aqui sem fazer muita 
coisa. De vez em quando, desço, dou uma volta lá embaixo, mas é só. Não gosto 
muito de estudar, mas até disso estou sentindo falta” (VASQUES, 2007, p. 188).
Essas falas, carregadas de emoção, trazem-nos uma demanda: como amenizar 
a dor e a frustração da internação para crianças e adolescentes? Como os hospitais 
têm trabalhado com essa demanda e que aspectos devem ser considerados na 
elaboração de uma atividade lúdica e de aprendizagem nesse contexto?
Como já vimos na Unidade 1, o hospital tem suas rotinas próprias, horário de 
medicações, visitas de profissionais da saúde, procedimentos muitas vezes dolorosos, 
regras de visitas, entre outras coisas, isto é, uma rotina que tira a criança e o ado-
lescente das atividades que lhe são próprias: o estudo e o brincar. Por isso, é preciso 
pensar em formas de oportunizar a esses pacientes a manutenção de tais atividades. 
É possível notar nos relatos que o brincar e o estudar são necessários à criança e ao 
adolescente, são atividades que os ajudam a se sentir melhor. Estudar e brincar faz 
parte de sua natureza e favorece seu desenvolvimento, além de promover o alívio da 
dor física e emocional. Procure um profissional de saúde que atue com crianças na 
área hospitalar e faça uma entrevista, abordando os seguintes tópicos:
- A instituição em que você atua oferece alguma atividade para crianças e 
adolescentes hospitalizados?
- Essas atividades (se existentes) são efetivas para a melhora do paciente?
- Se sim, você percebe diferença entre as crianças que participam dessas ati-
vidades e as que não participam?
- Na sua percepção, qual a importância de atividades recreativas e educacio-
nais para crianças hospitalizadas?
Você pode acrescentar outros questionamentos que sejam do seu interesse 
ou, ainda, levantar outros pontos a partir das respostas do seu entrevistado. Re-
flita como foi a experiência da entrevista. Nem todas as instituições hospitalares 
oferecem serviços de atendimento à aprendizagem e ao lúdico para a criança 
UNICESUMAR
45
internada. Por vezes, existe apenas uma brinquedoteca hospitalar. No entanto é 
preciso estruturar melhor as atividades recreativas e educacionais a serem oferta-
das. É preciso capacitar profissionais para atuarem nessa área, visando o melhor 
desenvolvimento e reabilitação das crianças e adolescentes em situação de doença 
e minimizando as consequências para o desenvolvimento emocional e cognitivo 
desses pequenos pacientes.
DIÁRIO DE BORDO
A atividade educacional no ambiente hospitalar iniciou com as chamadas classes 
hospitalares. Essa modalidade de atendimento acontece de diversas formas no 
território nacional. (FERREIRA, 2011). Fonseca (1999 apud FERREIRA, 2011) 
comenta que a primeira classe hospitalar surgiu no Rio de Janeiro, em 1950, no 
Hospital Municipal Jesus, um hospital público infantil. Perceba que essa iniciati-
va surgiu antes mesmo da publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
em 1990, e da Lei dos Direitos das Crianças Hospitalizadas, em 1995, citada na 
unidade anterior deste livro.
Oliveira, Silva e Fantacini (2016, p. 92), ao falar sobre essa primeira classe 
hospitalar, complementam que as atividades foram iniciadas no dia 14 de agosto 
de 1950 e tiveram como objetivo “possibilitar o acesso de crianças hospitalizadas 
a educação e às atividadesde interação e socialização”. Observe que, desde o iní-
UNIDADE 2
46
Você consegue imaginar como seria atender a uma criança com uma doença crônica ou 
mutilada? Imagine como você reagiria diante da situação, do sofrimento dessa criança 
e de sua família. Que aspectos você, como psicopedagogo(a), deveria considerar nesses 
casos? E que habilidades isso exigiria de você enquanto profissional?
PENSANDO JUNTOS
cio, já se considerava importante não só as atividades escolares, mas também a 
interação e a socialização que também estão intimamente relacionadas à função 
da educação na vida da criança.
As autoras explicam que não é só a escolarização que é necessária. É preciso, 
também, oportunizar aos pacientes em idade escolar atividades de interação com 
os pares e recreativas. Tais atividades são próprias da natureza das crianças e, por 
isso, auxiliarão a amenizar o sofrimento do processo de doença e da internação.
Além dos aspectos educativos no sentido estrito da escolarização, a criança 
ou adolescente hospitalizado precisa se ocupar com outras atividades, precisa 
interagir, se divertir, brincar para que seu estado não piore e para que possa supe-
rar esse processo de internação, que conforme já dito, muitas vezes é traumático 
(OLIVEIRA; SILVA; FANTACINI, 2016, p. 92-93).
Junior e Alves (2016) complementam que a classe hospitalar surgiu da neces-
sidade de atender as crianças que passavam por longos períodos de tratamento 
devido à tuberculose. E esse formato de atendimento passou a ser debatido e 
ampliado após a Segunda Guerra Mundial, que impossibilitou milhares de crian-
ças de frequentarem as escolas regulares devido a sequelas graves e mutilações.
Como vimos na unidade anterior, a classe hospitalar surgiu como uma modali-
dade de educação inclusiva, visando à garantia do direito à Educação sem pre-
juízos à aprendizagem da criança ou adolescente hospitalizado. Dessa forma, 
podemos dizer que a classe hospitalar é o primeiro modelo de atendimento em 
psicopedagogia hospitalar. Conforme apontam Junior e Alves (2016, p. 64), “a psi-
copedagogia hospitalar aparece como uma proposta a ser inclusa no ambiente de 
tratamento de enfermidades, permitindo que o indivíduo não obtenha déficits no 
seu processo de ensino-aprendizagem, interligando escola, família e tratamento”.
Cabe aqui, explorarmos, novamente, a diferença entre a atuação do pedagogo 
UNICESUMAR
47
e a do psicopedagogo no contexto hospitalar. O pedagogo é o educador, é o pro-
fissional que aplicará as atividades propostas para o aluno. Seu foco de atuação 
é a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno (paciente), tendo em vista o 
período evolutivo e série em que se encontra. A atuação do psicopedagogo vai 
além. Compreende o planejamento dessas atividades, considerando a presença 
de crianças de diferentes faixas etárias, a rotina do hospital, os recursos disponí-
veis. O psicopedagogo, também, irá se ocupar das dificuldades que a condição da 
doença ou as especificidades do tratamento impõe à criança ou ao adolescente, 
buscando formas de intervir no intuito de minimizar os prejuízos dessas dificul-
dades. Além disso, também, será responsável pelo contato com a escola e família 
bem como pelo envolvimento de toda equipe multiprofissional nas intervenções. 
Conforme destacam Azevedo, Palladino e Freire (2019, p. 628),
 “ [...] a atuação do psicopedagogo segue uma tendência ao enfoque multidisciplinar e a um trabalho integrado com as famílias, con-siderando uma abordagem sistêmica. A sua atuação se difere do 
atendimento pedagógico da classe hospitalar, que se dirige apenas 
às questões pedagógicas voltadas ao currículo escolar. O psicope-
dagogo desenvolve um trabalho mais amplo que envolve aspectos 
afetivos, cognitivos e sociais.
As classes hospitalares, nos hospitais, não acontecem sempre da mesma forma, cada 
instituição tem autonomia para organizar esse atendimento de acordo com as pos-
sibilidades da Escola e Hospital. No entanto Lima e Natel (2010) apontam algumas 
orientações que devem ser consideradas neste formato de intervenção. É preciso, 
inicialmente, compreender que o atendimento da classe hospitalar é muito diferente 
da classe escolar regular. Vejamos algumas diferenças, segundo Lima e Natel (2010):
Diferença de atuação do pedagogo, do psicólogo e 
do psicopedagogo na área hospitalar
É muito difícil determinar a diferença de atuação do pedago-
go, do psicólogo e do psicopedagogo na área hospitalar, não 
é mesmo? Para entender melhor essa diferença, faremos um 
exercício prático, um breve estudo de caso para exemplificar 
como seria a atuação de cada profissional. Confira no vídeo!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6421
UNIDADE 2
48
 ■ Na classe hospitalar, existem alunos de séries diferentes, pois é uma sala 
única na qual todos as crianças internadas podem participar das atividades.
 ■ A quantidade de alunos no dia varia conforme a demanda. As crianças 
podem estar internadas hoje e saírem no dia seguinte, ou podem estar em 
procedimentos ou exames, ou mesmo podem não se sentir bem naquele 
momento da atividade e não estarem dispostas a participar.
 ■ Não há uma regularidade na frequência dos alunos, devido à própria 
rotina do hospital. Nesse sentido, toda atividade planejada deve iniciar e 
terminar no mesmo período.
 ■ O local onde as atividades são realizadas depende dos espaços disponíveis 
na instituição e da condição da criança. Em muitos hospitais, existe uma 
brinquedoteca, mas tem casos em que a atividade precisa ser realizada no 
próprio leito do aluno devido à sua condição de saúde. 
Barros ([s. d.] apud LIMA; NATEL, 2010) ressalta que a classe hospitalar pode 
ser caracterizada como um grupo aberto de estrutura dinâmica. No entanto o 
profissional à frente dessa atividade precisa elaborar um programa com temas 
norteadores da prática pedagógica. Tal planejamento deve considerar as fases 
do desenvolvimento das crianças que serão atendidas, ou seja, é preciso conhe-
cer as crianças para desenvolver atividades que sejam significativas para cada 
uma delas individualmente.
O profissional que atua nesse serviço, também, deve estar atento a motivação das 
crianças e buscar sempre estratégias de estimular o aluno a participar das atividades, 
pois, muitas vezes, ele pode sentir-se indisposto e desanimado devido ao quadro da 
doença. Também, é importante ter flexibilidade, uma vez que a atividade pode ser 
interrompida, frequentemente, por diversos eventos próprios da rotina hospitalar. 
Fonseca ([s. d.] apud LIMA e NATEL, 2010, p. 132) ressalta que essas interrupções 
 “ [...] poderiam ser consideradas como uma interferência, mas de-vem ser compreendidas como uma dinâmica do cotidiano da Classe Hospitalar. O profissional deve aproveitar cada momento 
vivenciado como ganchos para dinamizar ou re-estruturar a ati-
vidade, abrindo uma nova janela para o interesse do aluno e seu 
desempenho frente às atividades em desenvolvimento.
UNICESUMAR
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O planejamento das atividades da classe hospitalar deve contemplar uma 
programação com início, meio e fim no mesmo dia, pois a rotatividade das crian-
ças nesse ambiente não pode ser controlada pelo educador. Por exemplo, uma 
criança pode participar da atividade por apenas um dia, seja por agravamento 
de seu quadro clínico ou por ter recebido alta. Nesse sentido, é necessário que o 
profissional consulte o prontuário da criança antes de planejar a atividade a ser 
desenvolvida. Conforme apontam Lima e Natel (2010, p. 132), “o profissional de-
verá ler o prontuário de cada criança internada para ter conhecimento da situação 
real e ter tempo hábil para fazer qualquer tipo de adequação em seu planejamen-
to”. De acordo com o documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico 
Domiciliar publicado pelo MEC em 2002, as classes hospitalares são ambientes 
 “ [...] projetados com o propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção do conhecimento para crianças, jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando

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