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Aula 3 - Corpos dóceis - 3009

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Colégio Estadual Matias Neto 
Aula 03 
Sociologia – Ensino Médio – 3º Bimestre 
3º ano 
Prof. Alexandrino Saraiva 
 
Poder, Saber e Sujeito 
Os corpos dóceis – 
Michel Foucault 
O corpo dócil é formado, na filosofia de Michel 
Foucault, através de técnicas de disciplina 
estabelecidas pela arte das distribuições espaciais, 
controle da atividade regular, organização das 
gêneses cronológicas e composição das forças em 
combinação. Para isso, a disciplina cria técnicas e 
encobre o corpo social através de variadas 
instituições, como o exército e a escola. 
A docilização do corpo no espaço e no tempo 
 
Para Foucault, a escola é uma das "instituições de 
seqüestro", como o hospital, o quartel e a prisão. 
"São aquelas instituições que retiram 
compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar 
ou social mais amplo e os 
internam, durante um período 
longo, para moldar suas 
condutas, disciplinar seus 
comportamentos, formatar 
aquilo que pensam etc.". Com o 
advento da Idade Moderna, tais 
instituições deixam de ser 
lugares de suplício, como 
castigos corporais, para se 
tornarem locais de criação de "corpos dóceis". 
A docilização do corpo tem uma vantagem social e política sobre o suplício, porque este enfraquece 
ou destrói os recursos vitais. Já a docilização torna os corpos produtivos. A invenção-síntese desse 
processo, segundo Foucault, é o panóptico, idealizado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-
1832): uma construção de vários compartimentos em forma circular, com uma torre de 
vigilância no centro. Embora não tenha sido concretizado imediatamente, o panóptico inspirou o 
projeto arquitetônico de inúmeras prisões, fábricas, asilos e escolas. Uma das muitas "vantagens" 
apresentadas pelo aparelho para o funcionamento da disciplina é que as pessoas distribuídas no 
círculo não têm como ver se há alguém ou não na torre. Por isso, internalizam a disciplina. 
Ampliada a situação para o âmbito social, a disciplina se exerce por meio de redes invisíveis e 
acaba ganhando aparência de naturalidade.Com isso, para que certas instituições (escolas, hospitais, 
oficinas, centros militares etc.) consigam preservar o controle de seus indivíduos, precisam aplicar 
técnicas disciplinares específicas que objetivam fabricar “corpos dóceis”, para então estarem aptos a 
desempenhar funções sociais dentro das respectivas instituições.A maneira de atuação do poder não 
é ocasional, mas conta com 
um conjunto de técnicas que 
fornece um aparato enorme 
de instrumentos 
controladores e 
disciplinadores, dos quais as 
instituições adotarão como 
ações modelares para a 
fabricação de indivíduos com 
determinadas características. 
Algumas técnicas de 
disciplinamento estão ligadas à maneira de distribuição dos corpos no espaço, como também o 
controle através do tempo; outras estão relacionadas a recursos como a vigilância, a sanção 
normalizadora e o exame. Segundo Foucault, o poder não é uma coisa, uma propriedade ou posse, 
muito menos está contido apenas nos Aparelhos Repressivos e Ideológicos de Estado. Pelo 
contrário, o poder é uma ação, um exercício, um aspecto de disputa sempre presente nas relações 
sociais; ou seja, o poder é considerado como local, presente em ações pontuais que vão do micro ao 
macro, mas jamais como algo localizável, palpável ou tangível. Essa ideia é, na verdade, uma 
quebra de paradigmas conceituais que apresenta o poder como posse do governante, como bem 
apresenta Foucault no seu livro ”Vigiar e Punir”. 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
A obra objeto desta resenha crítica é de suma importância para o plano acadêmico, em especial 
para o direito penal, haja vista o fato dela traçar um verdadeiro estudo histórico e filosófico sobre 
as punições e a pena como uma forma de coação e controle do indivíduo. 
O próprio autor conclui pelo paradoxo da realidade e do modelo coercitivo de correção 
franqueado pelo aprisionamento, na medida em que enquanto o modelo carcerário pensado teria 
como objetivo primordial reprimir e reduzir a criminalidade e organizar a delinquência, em 
verdade passa a contribuir para a manutenção dela, como um círculo vicioso e sem fim. 
Vigiar e Punir, apesar de ter sido publicada em 1975, é na verdade uma obra atual e necessária à 
compreensão da história do direito penal, do jogo e manutenção do poder constituído sobre a 
sociedade de um modo geral, que nos faz refletir sobre a proteção que este importante meio de 
controle social pode oferecer enquanto poderoso instrumento garantidor dos interesses das classes 
dominantes. 
 
Bibliografia: 
 
FOUCAULT, Michel. Disciplina.Tradução de Raquel Ramalhete. 42 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2014. 
FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins 
Fontes. 1999 
FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir - Nascimentoda Prisão 212 Edição Editora Y Vozes, 
Petrópolis 1999 - capitulo III página161, 162, 163 e 164. 
Vigiare punir: História da violência nas prisões. São Paulo: Ática, 2002. 
 
 
 
	Os corpos dóceis –
	Michel Foucault

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