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_____________________________________________________________________________ ¹Bacharelando em Engenharia Civil pela UEMASUL UNIVERSIDADE ESTADUAL DA REGIÃO TOCANTINA DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS, TECNOLOGICAS E LETRAS RESENHA CRÍTICA THOMA, Adriana da S. Educação Bilíngue nas Políticas Educacionais e Linguísticas para Surdos: discursos e estratégias de governamento. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 755-775, jul./set. 2016. Resenhado por Lucas Carvalho Silva¹ 1 APRESENTAÇÃO DO AUTOR Adriana da Silva Thoma, graduada, Mestre, Doutora e Pós-doutora em Educação Especial pela Universidade de Santa Cruz do Sul, é professora Associada I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação (DEE/FACED) e no Programa de Pós- Graduação em Educação (PPGEDU). Já participou de diversos grupos de pesquisas que são ligados a inclusão da educação para todos, como o Grupo de Pesquisas SINAIS e o Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos (GIPES) Tem sido parecerista de revistas da área da Educação, entre as quais: Revista Brasileira de Educação (RBE), Revista Pro-Posições da Unicamp; Currículo sem Fronteiras; Revista de Educação Especial da UFSM; e Revista Linhas da UDESC. 2 BREVE SÍNTASE DA OBRA 2.1 Introdução Na introdução, a autora procura iniciar o seu texto mostrando qual vai ser a base do seu discurso, sendo ele as políticas educacionais e linguísticas utilizadas para o público surdo com base nas ferramentas teórico-metodológicas desenvolvidas por Michel Foucault. Para Foucault as estratégias de governamento ocorrem de forma adquirida, sendo incorporada normalmente mediante de um controle, essas políticas podem ser vistas como estratégias de normação dos sujeitos surdos para que sejam ‘normais linguísticos’, porém, também podem ser vistas como estratégias de normalização de riscos da população surda. _____________________________________________________________________________ ¹Bacharelando em Engenharia Civil pela UEMASUL A autora ver essa normalização de forma recorrente e flagelada, pois elas preponderam sobre os sujeitos. A autora destaca que as problematizações das estratégias de governamento requer não apenas em um estudo superficial sobre o tema, e sim sobre os processos de subjetivação e normalização que são acionados pela escola. Com isso, um exemplo que exemplifica isso, é a educação bilingue, uma vez que ela seja um sinônimo de luta justa pelos direito dos surdos, ela também pode ser entendida como uma prática biopolítica de governamento que atua sobre a população escolar surda mediante sua inclusão na escola e no mercado de trabalho, dando um caráter de ambiguidade para essa política. Por fim, nesse capitulo de introdução, a autora explica que no decorrer do texto, será estudada a relação entre biopolítica e educação, que através dessa tensão entre esses fatores, acaba ocasionando resultados que estão relacionados a educação bilingue. 2.2 Discursos sobre Educação Bilíngue Nessa parte do texto, a autora mostra como a surdez foi estudada pelo governo do país e alguns cientistas contemporâneos. De inicio ela mostra os campos da ciência que se interessarão pelo tema, sendo eles: a medicina, a linguística, a antropologia e os direitos humanos. Um fator interessante é ela tratar sobre a primeira vez que esse tema foi tratado pelos cientistas, sendo o bilinguismo exposto pelo Decreto 5.626 no ano de 2005, tal decreto dava orientações para a formação de profissionais para a educação bilíngue, através dos cursos de Pedagogia Bilíngue e Letras Libras. Com essa regularização os surdos passam a ser reconhecidos como membros de uma comunidade linguística, com direito ao acesso e uso da língua de sinais e a uma educação nessa língua. Entretanto, é nítido uma falha na articulação dessas leis nas escolas, pois o Ministério da Educação desconsidera a necessidade de escolas e classes bilíngues como espaços de encontro da comunidade surda. Portanto, deve-se ponderar o debate entre o MEC e a comunidade surda para que esse descaso seja corrigido. 2.3 Investimentos Biopolíticos na População Surda Inicialmente, a escritora mostra o empenho do Governo Federal para essa comunidade, no tocante a sua educação. Explanando os pontos negativos e positivos dessa _____________________________________________________________________________ ¹Bacharelando em Engenharia Civil pela UEMASUL influência. Segundo ela, “tais investimentos resultam de discursos da ordem dos direitos humanos que são utilizados ora para argumentar a favor do uso e difusão da língua de sinais, ora para argumentar a favor do uso de tecnologias de correção (como próteses), com vistas ao apagamento da diferença surda. Ela trata no decorrer do texto que essas politicas governamentais estão apagando a cultura dos surdos. Um exemplo disso é a cultura visual nas escolas, as politicas governamentais tendem em unificar essa cultura pensando que é a mais correta, consequentemente essas práticas de correção e normalização e de apagamento da diferença surgem e proliferam a todo instante (Thoma, 2012). 2.4 Organização dos Espaços e Distribuição dos Tempos Escolares para Promover a Educação Bilíngue para Surdos Nesse capitulo, a autora irá mostrar como são organizados os tempos e os espaços escolares para promover a educação bilíngue para surdos e qual a proposta apresentada pelo Grupo de Trabalho designado pelas Portarias nº 1.060/2013 e nº 91/2013 (Brasil, 2014a) para a Política Linguística de Educação Bilíngue. Vale lembrar, também, a discursão sobre o ensino das disciplinas, com um enfoque na área da matemática. Além disso, observa-se o estudo de pesquisadores sobre a pedagogia utilizada em escolas bilingues para surdos. Pesquisadores como Marins que investigou como vem acontecendo os processos de construção e desenvolvimento de currículos para surdos com deficiência, é um exemplo dessas pesquisas. 2.5 Considerações Finais Somados esses conhecimentos, a autora procurou buscar que tanto a educação bilíngue oferecida na escola comum quanto a educação bilíngue que acontece nas escolas específicas de surdos são estratégias para que as identidades e a diferença surda sejam governadas. Portanto, os processos de subjetivação e normalização acontecem devido a influência das políticas governamentais, ocasionando até um paradoxo contemporâneo no governamento da população surda. Nota sobre a palavra Governamento Segundo Veiga-Neto (2005), governamento seria a palavra mais adequada para fazer referência a todas as ações utilizadas por um Governo sobre aquele que deseja governar. _____________________________________________________________________________ ¹Bacharelando em Engenharia Civil pela UEMASUL 3 CRÍTICA DO RESENHISTA O autor traz à tona questionamentos capazes de suscitar interessantes reflexões sobre o tão debatido tema sobre a educação bilíngue nas Políticas Educacionais e Linguísticas para Surdos, sempre levando em conta o caráter ambíguo e paradoxal da influência dessas políticas para o público surdo. Talvez um dos pontos mais interessantes do texto seja exatamente aquele em que o autor aponta que as políticas governamentais estão destruindo as culturas dos surdos. Disso extrai-se a seguinte reflexão: como adaptar a interferência do estado de forma que essa ajuda não atrapalhe a comunidade surda? seguindo até a própria reflexão de Michel Foucault: “o que estamos ajudando a fazer de nós mesmos? Que tipo de educação bilíngue e de sujeitos surdos queremos ajudar a produzir, afinal?”. Por fim, cabe pontuar que a autora foi bastante feliz em concluir que a educação bilingue deve ser debatida com mais estudos e com mais locais de pesquisa. O texto, de certa forma, não demostra muito otimismo quanto ao futuro e a uma possível resoluçãodessa problemática, abordando apenas estratégias que já foram estudadas. Ainda assim, ainda é possível acreditar que esses métodos podem funcionar, pois mesmo ocasionando algumas consequências negativas , eles ainda tem muito a oferecer positivamente se forem corrigidos.
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