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Material Didático Completo - Elaboração de Demonstrações Contábeis Avançado

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Aspectos conceituais
Marisa de Camargo Silveira
Introdução
O presente tema apresenta os aspectos conceituais para uma abordagem bem significativa ao entendimento e
aplicação das notas explicativas. Para isso, vamos navegar em desdobramentos, como: quais os elementos
formalizam uma apresentação coerente? Quais formatos e aplicabilidade são fundamentalmente necessários às
notas explicativas, de acordo com cada conta e tipo de demonstração contábil? E ainda, como evidenciar a
importância das mesmas e sua normatização de forma a contribuir com elucidações pertinentes?
Essas inquietações necessitam ser sanadas para que toda a informação seja a mais rica e aprofundada possível,
não deixando margem para dúvidas, quando de suas apresentações.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar os aspectos conceituais de notas explicativas.
Apresentação
Quando pensamos em apresentar algum tipo de demonstração contábil, inevitavelmente, em nossa mente
acarreta que vamos nos deparar com números, gráficos e índices, não é mesmo? O próprio nome"contabilidade"
já reforça essa teoria. A contabilidade, por ser uma ciência social aplicada,faz exatamente isso, demonstra por
meio de números as situações patrimoniais para a sociedade.
Figura 1 - Transformando números em informação
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019
No entanto, por vezes só os números não retratam com exatidão a informação que desejamos evidenciar, e por
•
- -2
No entanto, por vezes só os números não retratam com exatidão a informação que desejamos evidenciar, e por
isso contamos com as Notas Explicativas (NE), que podem ser apresentadas de forma descritiva ou por quadros
representativos, que oportuniza aprofundar narrativas consistentes e amparadas por sua natureza clarificadora.
Finalidade
As notas explicativas têm se tornadas grandes aliadas na elaboração das demonstrações contábeis, pois,
evidenciam métodos e práticas utilizadas, além de corroborarem em tornar as informações mais robustas para a
tomada de decisões, bem como estarem pautadas na veracidade. Sua finalidade prima por conduzirem aspectos
complementares aos dados numéricos da situação patrimonial e dos resultados das organizações (FIPECAFI,
2018).
Mais do que complementos, as notas explicativas são obrigatórias, como consta na Lei nº 6.404/76, que traz
implicações bem importantes para salientar as informações, tais como: as políticas e práticas contábeis de
investimentos; práticas especificamente brasileiras não apresentadas em demais demonstrações financeiras; as
informações adicionais não evidenciadas anteriormente em outra peça demonstrativa; os critérios adotados
para avaliações, inclusive, provisões; e ainda, as informações quanto às garantias a terceiros, demais
responsabilidades e formatações de contingências.
FIQUE ATENTO
É necessário estar sempre atento às publicações do comitê de pronunciamentos contábeis,
pois elas trazem pronunciamentos técnicos, orientações e interpretações que necessitam ser
seguidas para a correta padronização e convergência da contabilidade brasileira nos moldes
internacionais, tanto com relação à disposição das notas explicativas como também às demais
demonstrações contábeis (CPC, 2019).
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Figura 2 - Organização visual
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019
As notas explicativas possuem também uma função estética junto às demonstrações contábeis, pois é possível
sintetizar aberturas de contas, computando-as em um somatório de uma conta mais expressiva. A elucidação
desses montantes pode ser explicitada diretamente nas notas explicativas, evidenciando que as contas a, b, e c,
por exemplo, estão equacionadas ao referido numerário da conta mais representativa, fazendo com que as
demonstrações possam ser avaliadas com maior organização e fluidez (FIPECAFI, 2018).
Importância
A importância das notas explicativas reflete diretamente no poder de decisão dos acionistas e perante as
impressões aos entes governamentais, que qualificam e entendem de forma mais primorosa a atual situação
patrimonial, bem como de que forma as organizações estão se arranjando para o futuro. Dessa forma, as notas
explicativas, através de suas informações fundamentadas, conseguem projetar com maior segurança as
tratativas para um planejamento contábil mais assertivo.
Elas também são responsáveis por contar a história da empresa, e por isso, a proeminência de que elas sejam
contadas com o maior detalhamento possível.
- -4
É pertinente ressaltar também que a ausência da prestação de informações relevantes pode interferir
seriamente na tomada de decisões dos acionistas. E a partir delas, portanto, uma análise apurada, corrobora para
a identificação de sua legitimidade, se tornando assim imprescindível.
Outra oportunidade encontrada na análise das notas explicativas é que com elas também é possível identificar
possíveis fraudes.
Algumas fraudes como a da Lava Jato, por exemplo, foram descobertas com uma aprofundada análise das notas
explicativas, pois continham subsídios para uma investigação acerca das informações ali prestadas.
Normatização
A normatização das notas explicativas enfatiza que só se deve divulgar o que for relevante e que venham a
influenciar os usuários externos na tomada de decisões. No entanto, essa expressão causa muitas dúvidas, pois o
que pode ser relevante para uma empresa, pode ser considerado irrelevante para outra. Nesse sentido, as
Orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 07 vem esclarecer melhor essas nuances.
EXEMPLO
Podemos observar um exemplo de nota explicativa na Demonstração Financeira de 2018 da
Petrobrás, que em sua nota de número 3 trata da operação lava jato e os reflexos na
companhia. “Em 2009, a Polícia Federal brasileira iniciou uma investigação denominada
“Operação Lava Jato”, visando apurar práticas de lavagem de dinheiro por organizações
criminosas em diversos estados brasileiros” (PETROBRÁS, 2019, p.16).
FIQUE ATENTO
As auditorias independentes possuem excelentes estratégias para identificação de erros e 
inconsistências, e as notas explicativas são insumos preciosos para esse objetivo. Assim, a 
correta composição da elaboração das notas devem sempre corroborar para uma informação 
que prime sempre pela transparência das evidenciações.
- -5
É importante salientar que há notas explicativas previstas na Lei das sociedades por ações, outras exigidas pelo
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e ainda notas sobre o contexto operacional (FIPECAFI, 2018).
Outro ponto fundamental a ser esclarecido sobre as notas explicativas é que de um erro ocorrido nas
demonstrações contábeis e explicado por meio de notas não o obstem. E para uma análise correta, se torna
necessário considerar a falha ocorrida. A nota serve, nesse momento, para sinalizar o equívoco, mas nunca deve
ser considerada como uma correção do episódio (FIPECAFI, 2018).
Ainda em relação à normatização, dois aspectos precisam estar atentamente vívidos quando se trata da
elaboração de uma nota explicativa. Uma delas é quanto à materialidade e a outra sobre a relevância. Sobre
materialidade, entende-se recair sobre um valor substancial. E relativo à relevância, entra em voga, mesmo que
seja imaterial, mas que tenha importância aos usuários, independente do seu valor, visando sempre no auxílio
eficaz e eficiente da tomada de decisões.
Figura 3 - Elaboração relevante e material
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019
Ao criar notas que não condizem com esses critérios, pode-se gerar desconforto ou, ainda, se trazer impressões
equivocadas com relação às informações apresentadas, desviando dos reais objetivos das notas que são os de
elucidações (FIPECAFI, 2018).
SAIBA MAIS
Embora o CPC 07 - Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de
Propósito Geral - tenha sido aprovado em 2014, ainda há muitas lacunas a serem
internalizadas para as organizações. Para aprofundar o assunto, sugerimos a leitura do
pronunciamento na íntegra.
- -6
Tópicos relevantes de abrangências
A abrangência das notas explicativaspertencentes à Lei das sociedades por ações torna clara a necessidade de
expressar as informações de bases de preparação das demonstrações financeiras e práticas contábeis aplicadas
para os negócios e eventos significativos; as práticas contábeis adotadas; informações adicionais, quando
relevantes e materiais.
Figura 4 - Efeitos relevantes
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019
Deve também sinalizar os critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, os investimentos em outras
sociedades, o aumento de valor oriundo de novas avaliações, garantias e contingências auferidas, assim como as
taxas de juros, datas de vencimentos e aporte para saldar as obrigações a longo prazo. Precisa também informar
o número, série e classes de ações do capital social, bem como, esclarecer sobre as opções de compra de ações
outorgadas e exercidas no exercício. Como efetuou os ajustes dos exercícios anteriores e ainda, clarificar os
eventos subsequentes à data de encerramento que tenham ou possam a vir a ter efeitos relevantes sobre a
situação financeira e os resultados futuros da organização (FIPECAFI, 2018). O CPC 26 (R1), relativo à
apresentação das demonstrações contábeis, elenca o detalhamento dos aspectos fundamentais consoantes às
demonstrações contábeis, mais especificamente, quanto às notas explicativas (FIPECAFI, 2018). Cada
demonstração contábil, como o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa e
demais demonstrações possuem características distintas e, assim, as notas explicativas também acompanham
suas especificidades.
Fechamento
As notas explicativas, por enriquecerem as demonstrações contábeis, trazem consigo para uminsights
planejamento contábil que vise à elucidação de informações de forma coesa e transparente. A partir de sua
apresentação, pode-se instigar e se deter em tópicos essencialmente materiais e relevantes a todos os 
, e, assim, pulverizar os pontos de atenção a esses usuários externos, tornando desta forma, umastakeholders
comunicação uniforme e congruente a todos. Com o seu teor de especificidades, devido a sua normatização clara
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comunicação uniforme e congruente a todos. Com o seu teor de especificidades, devido a sua normatização clara
e efetiva, pode-se, então, representar com acurácia o patrimônio e os resultados das companhias, contribuindo
para uma análise harmônica e fidedigna.
Referências
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 07 - Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-
 2014.Financeiros de Propósito Geral.
FIPECAFI. Manual de Contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas
3. Ed São Paulo: Atlas, 2018.internacionais e do CPC 
PETROBRÁS. Disponível em: <https://www.investidorpetrobras.com.brDemonstrações Financeiras 2018.
/ptb/71/DFP_2018_interativo.pdf> Acesso em: 07 ago. 2019.
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Elaboração das notas explicativas 
do balanço patrimonial
Marisa de Camargo Silveira
Introdução
Neste tema, vamos estudar como se formatam as notas explicativas apontadas na primeira peça contábil, o
Balanço Patrimonial. E para essa condução, vamos descobrir, por exemplo, como são explicitadas as notas
explicativas que indicam a liquidez das disponibilidades. Como se contingenciam as duplicatas a receber? O
índice do giro de estoque está adequado na demonstração? E ainda, como esclarecer o índice de solvência para a
capacidade de pagamento das contas do passivo?
São questionamentos bem impactantes para a saúde patrimonial das organizações, e ter claro em notas
explicativas esses desdobramentos trará maior zelo e transparência das informações ali prestadas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar nos grupos de contas do Balanço Patrimonial os pontos que necessitam esclarecimentos, 
analisando as movimentações históricas ocorridas na escrituração.
Disponibilidades
Por "disponibilidades", entendemos a importância monetária que está à disposição da companhia. São de
liquidez imediata, como o próprio caixa, depósitos bancários à vista, numerário em trânsito e demais
equivalentes em caixa (FIPECAFI, 2018).
Um ponto bem importante que ocorre em disponibilidade é ter sempre a gestão de conciliação bancária bem
aferida, pois, dessa forma, caracteriza apropriadamente os reais valores disponíveis,assim como esclarecer em
notas explicativas qual tipo de caixa está sendo utilizado, o caixa de fundo fixo ou caixa flutuante, uma vez que tal
informação impacta diretamente na análise aprofundada do grau de liquidez de seus saldos.
Outro detalhe a ressaltar, relativo às situações especiais, são as contas em bancos de liquidação, essas se
compuserem valores expressivos devem ser indicados nas notas explicativas, integrando o elenco de contas a
receber, ativo circulante ou não circulante, conforme a situação apresentada (FIPECAFI, 2018).
•
- -2
Figura 1 - Conversibilidade das disponibilidades
Fonte: rtbilder, Shutterstock, 2019
Nesse tópico, o fundamental a ser evidenciado em notas explicativas é a conversibilidade da conta em numerário
real, que pode incluir, inclusive, aplicações financeiras de curto prazo, desde que não represente riscos de
mudança de valores, considerada assim de equivalentes de caixa (FIPECAFI, 2018).
As letras financeiras do tesouro (LFT) têm causado confusão quanto a sua utilização como disponibilidades.
Algumas empresas as percebem como equivalentes de caixa, outras como investimentos. E nesse aspecto, é
importante ser evidenciada sua correta projeção para classificação como equivalente de caixa, oportunizando a
intenção de gerir o caixa.
Duplicatas a receber
Com o intuito de formatar premissas sobre a gestão de clientes e em atendimento ao Comitê de Pronunciamento
Contábil (CPC) 47, criado em janeiro de 2018, as evidências quanto ao reconhecimento, mensuração,
apresentação e divulgação de receitas e, inclusive, possíveis perdas, foram neste contexto formalizadas (
FIPECAFI, 2018).
Esse pronunciamento torna claro que, para corresponder a uma receita, necessita atender requisitos como:
FIQUE ATENTO
Uma dúvida recorrente recai sobre as moedas digitais, , por exemplo, em que ainda háBitcoin
vastas lacunas a serem exploradas quanto à sua classificação, mas por representar alta
volatilidade não pode ser integrado às disponibilidades, dado seu alto risco (FIPECAFI, 2018).
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Esse pronunciamento torna claro que, para corresponder a uma receita, necessita atender requisitos como:
aprovação e comprometimento das partes envolvidas; a identificação dos direitos de cada parte referente aos
bens ou serviços ora contratados; a clareza quanto aos termos de pagamento; o contrato ainda precisa indicar
autonomia e previsibilidades quanto aos riscos e ou aos valores futuro de fluxo de caixa. E deve atender também
ao fato de que a entidade receberá a contraprestação, à qual terá direito pelos bens os serviços prestados ao
cliente (FIPECAFI, 2018).
Figura 2 - Formalização da receita
Fonte: Shutterstock, 2019
Depois de cumprido esses cinco critérios citados, formalizam-se a receita e, consequentemente, a contrapartida
desse lançamento na conta de clientes. A evidenciação da conta de clientes pode acompanhar o modelo de
negócio da empresa para fins gerenciáveis, categorizando por região, filial, tipo de receita entre outros, não é
obrigatória sua estratificação no Balanço Patrimonial. No entanto, é necessário esclarecer em notas explicativas
como se realizam as monetizações desses recebíveis.
Instrumentos financeiros também são utilizados para avaliações de ativos dessa natureza, todos esses elementos
precisam ser evidenciados em notas explicativas, no intuito de prover informações substanciais aos stakeholders
das informações.
SAIBA MAIS
O teste de é uma abordagem muito apreciada para a composição qualitativa deimpairment
perdas efetivas dos ativos que por ventura venham a ser irrecuperáveis, é muito oportuno
aprofundar seu conceito e sua aplicabilidade em FIPECAFI (2018).
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Estoques
A força motriz de uma empresa passa por uma excelente gestão de seus estoques,uma vez que sua composição
se torna complexa, necessitando de uma engenharia eficiente. E, além disso, necessita posicionar, em notas
explicativas, os métodos de avaliação, graus de obsolescência e eventuais perdas incorridas.
Quanto aos tipos de estoques, citamos o de produtos acabados, os em elaboração e as mercadorias destinadas à
revenda. Com relação à base de mensuração de estoques, o comitê de pronunciamento contábil, em seu item 09,
ressalta que se deve considerar sempre o menor valor entre o valor de custo e o valor realizado líquido (
FIPECAFI, 2018). Cabe ressaltar nesse aspecto que valor líquido realizado é aquele que reúne o valor de venda
menos os valores de custos e gastos para a efetivação da receita.
Figura 3 - Controle de estoques
Fonte: Paul Tobeck, Shutterstock, 2019
Há vários métodos para a composição do custo de estoque e, dessa forma, manter seu controle é de suma
importância. No entanto, atualmente a legislação brasileira permite apenas a utilização de composição pelo
método do preço específico, o custo médio ponderado móvel e o FIFO, também conhecido por PEPS (Primeiro
que entra é o primeiro que sai), devido a sua tradução em Inglês (FIPECAFI, 2018).
É permitida a utilização de custeios distintos, desde que os estoques não tenham natureza e uso semelhantes.
EXEMPLO
No exemplo a seguir, temos as das notas do estoque da empresa Duratex. “Os estoques são
demonstrados ao custo médio das compras ou da produção, inferior aos custos de reposição
ou aos valores de realização e, quando aplicável, reduzido por provisão para cobrir eventuais
perdas. As importações em andamento são demonstradas ao custo acumulado de cada
importação” (DURATEX, 2019, p.15).
- -5
O CPC 12 traz informações peculiares sobre os estoques, alertando pontos cruciais de evidenciação das políticas 
contábeis adotadas na mensuração dos estoques, e isso inclui os critérios e forma de valoração destes, o valor 
total escriturado pelo valor justo, diminuindo-se custos de venda. É necessário, ainda, evidenciar o valor de 
estoques reconhecidos como despesa durante o período, bem como as reduções e reversões a eles atribuídos e 
ainda as circunstâncias dessas ocorrências. Deve-se evidenciar também o montante escriturado de estoques que 
estejam penhorados para garantias de passivos.
Como podemos observar, são informações influenciadoras no controle, apuração e gestão de estoques e, dessa 
maneira, a formatação utilizada deve ser detalhada em notas explicativas. Esse detalhamento pode ser inserido 
de forma cronológica, de maneira a encorpar o nível de segurança das evidências.
Ativo não circulante
No presente tópico, vamos dedicar o estudo da aplicação de notas explicativas do ativo não circulante, mais 
precisamente as relevantes informações do realizável a longo prazo, ou seja, apropriações que seguirão após o 
exercício seguinte e ao imobilizado. São relevantes as considerações do realizável a longo prazo, principalmente 
por estarem fora do exercício atual, demandando planejamento e controle. O mesmo é válido para o imobilizado, 
especificamente quanto às depreciações e às amortizações.
Vale ressaltar que se considera curto prazo os itens classificados no ativo circulante cujos períodos estão 
relacionados com o ciclo operacional da empresa, doze meses após a data do balanço e antes da data de 
autorização da publicação das demonstrações contábeis. Já longo prazo são os ativos não circulantes, 
subdivididos em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível que excedam ao período do 
ativo circulante.
Os critérios de avaliações do realizável a longo prazo, como as despesas pagas antecipadamente, tais como 
prêmios de seguros, impostos como o IPTU, entre outros, necessitam computar sua despesa de acordo com o 
mês de competência de sua utilização.
Não se pode apropriar em despesas todo o valor de um ano inteiro, mesmo que pago à vista, por isso existe essa 
conta. E, segundo o CPC 12, em alguns casos, pode ser requerido ajuste ao valor presente em saldos dessas 
contas, assim, toda alteração precisa ser evidenciada, desde que relevantes, em notas explicativas.O mesmo 
também é valido para contas a curto prazo (FIPECAFI, 2018).
Em relação ao imobilizado, é possível ser apresentado no Balanço Patrimonial o valor consolidado da conta, 
mas é imprescindível seu detalhamento em notas explicativas. Deve incluir as reavaliações periódicas, que 
podem ser anuais, a cada quatro anos ou específica de acordo com cada caso, inclusive, explicitar se a reavaliação 
é integral ou parcial, e sendo parcial, descrever quais foram avaliadas e quais não foram, os custos, as 
depreciações acumuladas por cada conta, os critérios de avaliação, métodos de depreciações e amortizações.
Complementando, deve-se informar também o imobilizado em andamento, se for o caso, compondo detalhes do
FIQUE ATENTO
Apenas três tipos de custeios são aceitos perante o fisco:o método específico, mais utilizado em
revendas de automóveis, dada sua difícil mensuração;o método PEPS e o custo médio
ponderado móvel. No entanto, outros métodos podem ser utilizados para fins gerenciais, e
assim é possível produzir cenários a cerca da gestão de estoques.
- -6
Complementando, deve-se informar também o imobilizado em andamento, se for o caso, compondo detalhes do 
projeto e sua destinação, além da data prevista de conclusão, bem como a origem dos recursos (FIPECAFI, 2018).
Passivo
Um ponto importante a ressaltar sobre o passivo é sua classificação no exigível que se subdivide em passivo 
circulante e não circulante, exceto quando estiverem evidenciadas informações baseadas em liquidez, que 
reflitam melhor a classificação das organizações, como orientado no item 60 do CPC 26. Entretanto, essa 
subdivisão não é aplicada para todas as companhias, dada a formatação do ciclo operacional, como é o caso de 
construtoras de edifícios ou de navios que têm o ciclo operacional superior a um ano. Nesse caso, prevalece o 
ciclo operacional da entidade (FIPECAFI, 2018).
A informação quanto ao ciclo operacional deve ser esclarecida em nota explicativa, pois sabemos que circulante 
é o período de doze meses até a data do balanço ou do ciclo operacional organizacional, e não circulante, 
obrigações que se sobressaem nesse período, devendo os prazos ser evidenciados corretamente, para 
uniformizar a informação prestada, bem como se criar estimativas mais apuradas com relação a esses 
dispêndios. 
Esses impactam diretamente no controle de avaliações de dívidas, provisões de encargos financeiros, reservas e 
demais informações materiais e relevantes.
No tocante às avaliações de dívidas e provisões de encargos financeiros, por exemplo, a companhia precisa 
posicionar os dados de vencimentos dessas obrigações, o que chamamos de aging, que é a informação de uma 
data aproximada, bem como informar também a existência de carências, juros incorridos, se passível de correção 
monetária ou variação cambial.
Quando não for possível estabelecer um ciclo claramente identificado, o mesmo utilizará o ciclo tradicional de 
doze meses (FIPECAFI, 2018).
Uma lacuna que se precisa elucidar recai sobre as debêntures, que mesmo sendo um título caracterizado como 
passivo, pode ser classificado no patrimônio líquido, quando convertido em ações, desde que atenda aos 
requisitos pontuados em FIPECAFI (2018, p. 948): [...] “não obrigar a emitente a pagar juros e sim haver 
remuneração com base em participação nos lucros, e esses ocorrerem e puderem legalmente ser pagos; [...] não 
obrigar jamais a emitente a pagar o principal”, e ainda que esses títulos sejam convertidos em ações desde que a 
quantidade emitida seja fixa.
Figura 4 - Impacto dos títulos de debêntures
- -7
Figura 4 - Impacto dos títulos de debêntures
Fonte: Vintage Tone, Shutterstock, 2019
Essa informação, mesmo tendo sua norma expressa, é pertinente ser resguardada nas notas explicativas, bem
como seus encargos financeiros, garantias e cláusulas de conversibilidade (FIPECAFI, 2018).
Fechamento
Retomandonosso conhecimento sobre as notas explicativas empregadas no balanço patrimonial, podemos
identificar que nas disponibilidades se detém um rol de informações quanto à conversibilidade desses ativos em
caixa ou equivalentes destes. Tal resultado é de muita valia, principalmente para se dar sequência ao respaldo de
contingências nas duplicatas a receber. As notas sobre os estoques também são fundamentalmente preciosas,
uma vez que a definição de seus critérios são fontes de criação de cenários para uma análise operacional, tática e
gerencial. Com os ativos não circulantes, as notas deixam claras as possíveis providencias que devemos tomar ao
longo do exercício contábil, bem como a observância do teste de . Já com o passivo, articulamos comoimpairment
as notas trazem informações pertinentes a avalição de suas obrigações, oportunizando a clarificação em pontos
de interesse tanto aos acionistas como ao público externo.
Referências
CPC. . Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Comitê de pronunciamentos contábeis
Emitidos/Orientacoes/Orientacao?Id=95> Acesso em: 07 ago. 2019.
DURATEX. Disponível em: <Demonstrações Financeiras e Notas Explicativas 2009. https://www.duratex.
com.br/Arquivos/Download/Duratex_DF_2009.pdf> Acesso em: 16 ago. 2019.
FIPECAFI. Manual de Contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas
3. Ed São Paulo: Atlas, 2018.internacionais e do CPC 
https://www.duratex.com.br/Arquivos/Download/Duratex_DF_2009.pdf
https://www.duratex.com.br/Arquivos/Download/Duratex_DF_2009.pdf
https://www.duratex.com.br/Arquivos/Download/Duratex_DF_2009.pdf
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Elaboração das notas explicativas 
da demonstração do resultado do 
exercício
Marisa de Camargo Silveira
Introdução
No presente tema, vamos acompanhar a importância das notas explicativas relacionadas na demonstração do
resultado do exercício. Umas das inquietações tratadas é, por exemplo, como compor adequadamente a receita
bruta operacional? Quais os impactos oportunizados com uma gestão tributária efetiva? Será que os critérios de
avaliações e baixas estão retratando o real valor à companhia? Sabemos que pesquisa e desenvolvimento são
impulsionadores da inovação, e como fomentá-las colaborativamente? Evidenciar esses e outros pilares nas
notas explicativas é um ótimo exemplo de uma governança corporativa que privilegia transparência e cuidado
com a saúde das receitas e despesas da organização.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar elementos constantes da DRE que não façam parte das operações normais da empresa e 
ainda outras condições que requeiram satisfações aos stakeholders, analisando as contas de resultados. 
Composições e origens da receita bruta 
operacional
Uma das premissas para estabelecer as composições e as origens da receita bruta operacional está configurada a
partir da receita de suas atividades fins e, ainda, à ligação da conta de clientes no balanço patrimonial, que
preconiza o cumprimento de critérios distintos para formalização da receita.
As adequadas divulgações em notas explicativas perpassam por esclarecimentos tanto qualitativos como
quantitativos.
Dentre elas estão os contratos entre as partes envolvidas, que devem incluir também as receitas desagregadas,
onde possa estar evidente a natureza e os fatores econômicos subjacentes. Além disso, os julgamentos e
mudanças que interfiram significativamente no montante ora designado como receita (FIPECAFI, 2018).
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Todos esses realces são pertinentes para apresentar informações relevantes e fidedignas e, mesmo que não 
estejam explicitamente elencadas em sua normativa, mas que representem fundamentos de impacto em análises 
das projeções financeiras, são obrigatórias suas apresentações.
Composição dos impostos faturados e 
enquadramento tributário
Nesse tópico, temos que ter claro o conceito de o que são tributos e o que são impostos. Os impostos são aqueles 
calculados a partir de uma receita, podem ser impostos diretos ou indiretos. Como exemplo temos o ISS, ICMS, 
PIS e Cofins, e outros como o imposto de exportação. São esses os impostos denominados de deduções, pois 
são abatidos da receita bruta, formando então a receita líquida.
Há outros tributos que independem da receita, como IPTU, IPVA, contribuições sindicais entre outros, os
Figura 1 - Origem das receitas
Fonte: Marsel82, Shutterstock, 2019
Cabe ainda esclarecer nas notas explicativas como serão os desdobramentos de custos contratuais, bem como o 
método de amortização dos ativos (FIPECAFI, 2018).
FIQUE ATENTO
É necessário também deixar claro em notas explicativas quais são as receitas brutas e quais
são as receitas líquidas, uma vez que as deduções entre uma e outra podem interferir em
cláusulas contratuais e, consequentemente, na formatação de preços ou atendimento ao cliente
(FIPECAFI, 2018).
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Os tributos são aqueles que independem da receita, como IPTU, IPVA, contribuições sindicais entre outros, os
quais são devidos anualmente mesmo que não haja receita.
Figura 2 - Análise do impacto dos impostos
Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2019
Para um enquadramento tributário, leva-se em conta além do faturamento da empresa, quais possíveis deduções
ela possui, a fim de posicionar-se quanto à incidência cumulativa ou não cumulativa do Pis/Pasep e da Cofins.
Também devemos entender e classificar, quanto ao regime de tributação, lucro real, lucro presumido ou simples
nacional. Essas informações enriquecem as notas explicativas.
SAIBA MAIS
É de extrema importância identificamos as diferenças entre as legislações para um controle
correto e apropriado. Nesse sentido, enriqueça seu aprendizado a partir do estudo das Leis a
seguir apresentadas. “A legislação que fundamenta a tributação de PIS/PASEP e COFINS com
base no regime cumulativo é a Lei nº 9.718/98, e as Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03
fundamentam a tributação de PIS/PASEP e COFINS com base no regime não cumulativo.”
(FIPECAFI, 2018, p. 1663).
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Critérios de avaliações e baixas das despesas
Existem contas com difícil mensuração do seu reflexo na participação de receita, uma delas é a conta de
publicidade e propaganda, uma vez que seu impacto só pode ser percebido ao longo de meses. Também há o fato
de, algumas vezes, essas contas serem vinculadas para enfatizar algum produto ou serviço, ou ainda para
ratificar como aquela marca vem se posicionando no mercado, quais suas crenças e suas propostas.
É nesse aspecto que se torna imprescindível a demonstração em notas explicativas, pois em dado momento ela
pode ser despesa administrativa ou despesa com vendas. Essa específica mensuração se torna muito
providencial, pois os centros de custos também são fortes fontes de informações gerenciais.
Mas há também a possibilidade de esse gasto estar integrando a conta de despesas antecipadas no ativo, e sendo
apropriada em receita quando do seu possível retorno.
Figura 3 - Arquitetura de publicidade e propaganda
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2019
Como se percebe, são três vertentes muito distintas e de alto impacto, tanto no balanço patrimonial como no
demonstrativo de resultados, por isso sua classificação e apontamentos em notas explicativas se fazem
providenciais (FIPECAFI, 2018).
As remunerações com a diretoria, os chamados honorários, trazem consigo três subclassificações, que são:
diretoria propriamente dita, conselho de administração e conselho fiscal, todas alocadas em despesas
administrativas nas demonstrações do resultado do exercício. Em notas explicativas, podem ser destacadas as
subdivisões, caso não estejam especificadas (FIPECAFI, 2018).
- -5
No entanto, embora a segregação de nomenclatura tenha sido modificada, para fins fiscais permanecem os
mesmos critérios. A mudança ocorreu em função de ser entendido que todas as receitas ou despesas ocorridas
na empresa são incrementos da manutenção do seu negócio (FIPECAFI, 2018). As notas explicativas, então,
devem acompanhar essas atualizações.
Um ponto a salientar são as contingências que a empresa precisaevidenciar, inclusive salientando a origem das
mesmas, como se são de caráter fiscal ou trabalhista. Os cruzamentos dessas contingências podem, então,
resultar em uma análise mais aprofundada para um aporte para a elaboração de provisão de riscos e
contingências (FIPECAFI, 2018).
Justificativas sobre gastos com pesquisa e 
desenvolvimentos em tecnologias
Nos dias de hoje, muito se fala em inovações como inteligência artificial, impressora 3D, , Internet of Things
 estratégico e muitas outras. Porém, tudo se inicia com a pesquisa. E para colocar em prática todas essasdesign
inovações, precisamos do desenvolvimento, que sabemos que demanda tempo, dedicação, experimentação,
retomada de pesquisas complementares para aprofundar os primeiros achados.
Em alguns momentos, também é necessário prototipar diversas vezes um mesmo produto para se chegar às
fases de testes mais aproximadas do ponto esperado e, consequentemente, no ciclo final de entregas ao cliente.
Mas, e na contabilidade, como registrar esses acontecimentos? Há uma série de cuidados que precisam ser
pontuados nesse episódio. No ativo, mais precisamente no subgrupo do intangível, a conta de pesquisa e
desenvolvimento precisa ser desmembrada: o que é pesquisa e o que é desenvolvimento. Havendo dificuldades
dessa mensuração, deve-se apropriar os gastos desta em pesquisa, situados em despesas (FIPECAFI, 2018).
FIQUE ATENTO
A partir do exercício de 2008, extinguiu-se a classificação de despesas ou receitas não
operacionais, sendo receitas ou despesas continuadas ou descontinuadas. Como continuadas,
temos aquelas que são pertencentes às atividades fim empresarias, já como descontinuadas,
aquelas acessórias às atividades fim das empresas (FIPECAFI, 2018).
- -6
Independentemente do critério de amortização dos intangíveis, é preciso que esteja destacada na demonstração
do resultado do exercício e, detalhadamente, nas notas explicativas. Sua contrapartida será em despesas
operacionais ou, se for o caso, em custos com produtos elaborados (FIPECAFI, 2018).
Já o desenvolvimento será contabilizado no ativo intangível, desde que apresente todos os seguintes requisitos (
FIPECAFI, 2018): viabilidade técnica, intenção e capacidade de conclusão do intangível e assegurar que este
tenha a finalidade de venda ou uso; que demonstre a forma como serão os benefícios econômicos futuros;
apresente a disponibilidade técnica e financeira para conclusão desse ativo; e capacidade de mensuração dos
gastos atribuídos a esse ativo (FIPECAFI, 2018). Além disso, devem apresentar também os custos como salários e
encargos dos profissionais alocados ao desenvolvimento, materiais e serviços consumidos; depreciações dos
equipamentos utilizados no desenvolvimento; gastos diversos apropriados ao atendimento do projeto; e demais
custos como amortizações, patentes e licenças (FIPECAFI, 2018).
Participações nos lucros, juros sobre capital 
próprio e dividendos
A metodologia para composição dos critérios para oportunizar a participação nos lucros para os colaboradores
não tem uma regra geral para todas as empresas. E é por isso que toda a sua formatação, percentuais,
estimativas de quantidade de tempo que o trabalhador precisa estar contratado para usufruir desse benefício e
demais particularidades devem estar muito bem detalhadas em notas explicativas, evidenciando, assim, como se
formata essa composição.
O custo das participações deve ser reconhecido quando existir obrigação legal ou construtiva, que é aquela em
que a empresa não tem uma formalização, mas tem a prática por adoção. É importante salientar que o passivo e
a despesa devem ser reconhecidos sempre pela menor estimativa (FIPECAFI, 2018).
Da mesma forma, os juros sobre capital próprio também precisam estar evidenciados em notas explicativas: os
critérios para determinação e contabilização; as políticas adotadas para sua correta distribuição; imposto de
renda incidente e quais são os efeitos sobre os dividendos obrigatórios (FIPECAFI, 2018).
EXEMPLO
Veja a nota explicativa 34 da empresa Embrapa, destacando à pesquisa situada em despesas
administrativas: “Representam, basicamente, as despesas realizadas para a manutenção dos
serviços da Embrapa, como, por exemplo, as despesas com pessoal, material de consumo e
serviços de terceiros. [...]. As despesas com as atividades de pesquisa estão incluídas neste
subgrupo.” (EMBRAPA, 2019, p.28). Analisando-a na sequência da nota, pode-se ver destacada
também,a amortização do intangível.
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Figura 4 - Distribuição de dividendos
Fonte: ShutterstockProfessional, Shutterstock, 2019
Tanto para os cálculos de participações como para os de dividendos, em função de aumento de ativos devido às
novas avaliações, deve-se deixar expresso nos estatutos ou contratos sociais que seu cálculo será apurado com
base nessa nova informação, não estando assim evidenciado, pode deixar margens para futuros processos
judiciais.
Fechamento
Ao longo no tema, pudemos construir informações bem importantes para adequação das notas explicativas nas
demonstrações do resultado do exercício, pois percebemos as origens das receitas e suas deduções, bem como
identificamos os enquadramentos tributários. Outro aspecto primordial foi o entendimento dos critérios e tipos
de desdobramentos que podem ocorrer com as contas de despesas e receitas, além de consolidar informações
quanto a classificações de pesquisas e desenvolvimentos. Concluímos, ainda, a importância de explicitar em
notas explicativas e em contratos sociais todas as especificidades empresariais, e que isso fomenta, inclusive,
contingenciamentos jurídicos.
Referências
CPC. . Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Comitê de pronunciamentos contábeis
Emitidos/Orientacoes/Orientacao?Id=95> Acesso em: 07 ago. 2019.
EMBRAPA. Notas explicativas às demonstrações contábeis em 31 de dezembro de 2018. Disponível em: <
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018
/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082> Acesso em: 19 ago. 2019.
FIPECAFI. Manual de Contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas
3. Ed São Paulo: Atlas, 2018.internacionais e do CPC 
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
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Elaboração das Notas 
Explicativas da Demonstração 
dos Lucros ou Prejuízos 
Acumulados e Demonstração das 
Mutações Patrimônio Líquido
Marisa de Camargo Silveira
Introdução
No estudo a seguir, vamos entender como se configuram as notas explicativas da demonstração das mutações do
patrimônio líquido. E para avançarmos no presente tema, questiona-se também: como descrever os subsídios
que esclareçam os ajustes de exercícios anteriores? Se houver prejuízos, como são realizadas as compensações e
quais os impactos disso na distribuição de dividendos e participações nos resultados? Relativo ao patrimônio
líquido, como se alinham as ações em tesouraria, movimentações do capital social e reservas de lucros?
Categorizar as notas explicativas sobre as mutações do patrimônio líquido requer extremo cuidado, uma vez que
seu impacto é sentido em lideranças da organização.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Explicar a formação da DMPL aos acionistas /sócios e às partes interessadas no resultado acumulado 
da instituição, listando a conciliação das contas que demonstram a composição do Patrimônio Líquido.
Ajustes de exercícios anteriores
A legislação das S/A's tem uma estrutura bem definida relativa ao Patrimônio Líquido, em que é apresentado o
capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliações patrimoniais, além das reservas de lucros, as ações
em tesouraria e ainda os lucros ou prejuízos acumulados. Embora a Lei 6.404/76 não exija a apresentação da
DMPL (Demonstração das mutações do patrimônio Líquido), se percebeu grandes contribuições quandode sua
adesão, por ser mais completa, visto que integra a DLPA (Demonstração de lucros e prejuízos acumulados) e
assim as empresas passaram a utilizar a DMPL (FIPECAFI, 2018).
A mesma legislação determina que os ajustes de exercícios anteriores não transitem pelas contas de resultados e
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A mesma legislação determina que os ajustes de exercícios anteriores não transitem pelas contas de resultados e
que sejam lançados de forma reflexa, ou seja, diretamente na conta de lucros acumulados. Esses ajustes são
originados por mudanças de critérios contábeis ou retificações de erro que não caracterize eventos
subsequentes (FIPECAFI, 2018).
Figura 1 - Desdobramentos com os ajustes de exercícios anteriores
Fonte: Joachim Wendler, Shutterstock, 2019
É obrigatório mencionar nota explicativa específica, ressaltando a natureza da mudança de critérios, bem como
as consequências atuais, calculado com base nos saldos do início do exercício (FIPECAFI, 2018).
Os efeitos futuros também precisam estar expostos em nota específica e, ainda, o que desencadeou as referidas
mudanças de estimativas.
A partir de janeiro de 2007, com a deliberação 506/06, passou a ser exigida também, a reelaboração das
demonstrações contábeis para que estas comportem os impactos dos ajustes, bem como comparações entre
exercícios mais assertivos. No entanto, houve revogação dessa deliberação, e somente em 2009, com a
deliberação 592/09, a obrigatoriedade se consolidou para os exercícios a partir do ano de 2010.
FIQUE ATENTO
“O Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação
de Erro requer ajustes retrospectivos ao se efetuarem alterações nas políticas contábeis, até o
ponto que seja praticável, exceto quando as disposições de transição de outro Pronunciamento
Técnico, Orientação ou Interpretação do CPC requererem de outra forma.” (CPC 26, 2011, p.
34).
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Compensações de prejuízos
As mutações patrimoniais são classificadas em três grupos, as de transição de capital com sócios; as de
resultados abrangentes, ambas que afetam o patrimônio líquido total; e as mutações internas que não afetam o
patrimônio líquido geral.
As compensações de prejuízos feita com reservas, por exemplo, são uma delas, não alteram o patrimônio líquido,
da mesma forma que a formação de reservas de lucros a partir de lucro ou prejuízos acumulados. Também
temos o aumento de capital a partir de reservas de lucros ou de capital, entre outros exemplos (FIPECAFI, 2018).
O entendimento conciso da formatação das demonstrações das mutações do patrimônio líquido precisa ser 
aprimorado, uma vez que impactam na forma da qual serão compensados os prejuízos, bem como, salientando 
essas movimentações nas notas explicativas.
Dividendos e participações nos resultados
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 26, as organizações precisam evidenciar na 
demonstração da mutação do patrimônio líquido ou em notas explicativas “o montante de dividendos 
reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o respectivo montante dos dividendos por 
ação” (CPC 26, 2011, p. 33).
SAIBA MAIS
Permaneça sempre atento aos pronunciamentos técnicos, pois trazem detalhes a serem
seguidos. “O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os
ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os
prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados e as demais contas
exigidas pelos Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC” (CPC 26, 2011 p. 29).
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Figura 2 - Distribuição de dividendos
Fonte: ShutterstockProfessional, Shutterstock, 2019
Ainda de acordo com o mesmo pronunciamento, deve-se também segregar os dividendos por classe e espécie de
ações, a quantidade de ações autorizadas, subscritas e integralizadas, parcialmente ou sua totalidade. Deve-se
informar também o valor nominal por ação,inclusive as que não têm mais valor.
Na DMPL, também é preciso constar parte dos acionistas que não detêm o controle no patrimônio das
controladas e serve também para esclarecer melhor o cálculo dos dividendos obrigatórios (FIPECAFI, 2018).
No exemplo apontado, se apresentou as participações em empresas com o método de equivalência patrimonial.
FIQUE ATENTO
É necessário explicitar as conciliações das ações do período; informar os direitos, preferências
e restrições às que se submetem; identificar as ações em tesouraria, em coligadas ou
controladas; e ainda as ações que estão reservadas para emissão com a finalidade de opções e
contratos para venda de ações, especificando prazos e montantes, bem como, trazer
informações comparativas que têm o intuito de otimizar as decisões dos acionistas.
EXEMPLO
Observe a nota explicativa 11 da empresa Embrapa, sobre participações societárias, utilizando-
se o método de equivalência patrimonial. “Os investimentos na Empresa Estadual de Pesquisa
Agropecuária da Paraíba S/A – EMEPA/PB e na Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio
Grande do Norte S/A – EMPARN são avaliados pelo método da equivalência patrimonial, em
razão de a Embrapa ser titular de mais de 20% do capital votante dessas empresas, sem
controlá-las.” (EMBRAPA, 2019, p.16).
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No exemplo apontado, se apresentou as participações em empresas com o método de equivalência patrimonial.
Entretanto, as participações societárias podem utilizar o método de equivalência patrimonial ou pelo custo, e em
notas explicativas ressaltar quais são as participações avaliadas em equivalência e quais são as de custo.
Ações em tesouraria
Quando se trata de ações adquiridas da própria sociedade, estamos falando das ações em tesouraria. Entretanto,
sua aquisição só é permitida nos seguintes casos: em operações de resgates, reembolso ou amortizações;
aquisição para permanência em tesouraria ou cancelamento, ressalvada os valores até saldo da conta de lucros e
reservas, não incluídas as reservas legais, e sem comprometimento do capital social, ou ainda em recebimento
destas em doações; aquisição para diminuição do capital social, levando em consideração as restrições legais. (
FIPECAFI, 2018).
Figura 3 - Ações em tesouraria
Fonte: everything possible, Shutterstock, 2019
Está vedada a aquisição de ações próprias quando essas apresentarem as seguintes características, de acordo
com Fipecafi (2018, p. 1193):
tiver por objeto as ações do controlador; for realizada em mercados organizados de valores mobiliários a preços
superiores aos de mercado; estiver em curso o período de oferta pública que aquisição de ações de sua emissão
[...] ou requerer a utilização de recursos superiores aos disponíveis.
As companhias de capital aberto, ainda com relação às ações em tesouraria, não poderão manter em posse mais
do que 10% de cada classe de ação das tramitadas no mercado.
As referidas ações não terão direitos patrimoniais, e as que excederam o saldo dos valores disponíveis devem ser
vendidas em seis meses contados da data de publicação das demonstrações contábeis (FIPECAFI, 2018).
Aumentos e ou redução no capital social
Todas as transições relacionadas ao capital social são caracterizadas por reduções ou aumentos de capitais, e
não são consideradas como receitas e despesas, que são atividades operacionais da organização, tratadas no
demonstrativo do resultado. Assim, todos os gastos ou rendimentos provenientes dessas movimentações,
realizados pela empresa e proprietários, são tramitados diretamente no patrimônio líquido (FIPECAFI, 2018).
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Figura 4 - Aumentos e ou reduções do capital social
Fonte: lathspell, Shutterstock, 2019
As movimentações podem se dar em decorrência de aumento de capital, devolução do mesmo, distribuição de
lucros, aquisição de ações em tesouraria e outras transações semelhantes (FIPECAFI, 2018).
Para uma evidenciação robusta dessas informações, prestadas em notas explicativas, devem-se relacionar
qualitativamente os objetivos, as políticas e um processo de gestão de capital, que atendam às conformidades
dispostas no Comitê de PronunciamentosContábeis 26, que prevê:
a) descrições dos elementos que compõem a gestão de capital e, em caso de requisitos externos, demonstrar
quais os desdobramentos destes, deixando claro também o andamento dos cumprimentos dos objetivos
traçados.
b) dados quantitativos sintéticos condizentes aos elementos da gestão de capital;
c) quaisquer alterações provenientes dos elementos destacados no plano da gestão de capital
d) indicação do andamento de cumprimentos dos eventuais requisitos de capital a qual possa estar submetido;
e) evidenciar também, caso não esteja atendendo aos requisitos externos, quais os impactos desse não
atendimento.
Aumentos e reduções em reservas de capital e 
reservas de lucro
Para abordarmos esse assunto em sua maior essência, é preciso entender o que são as reservas e, ainda, as
distinções entre reservas de capital e reservas de lucro.
Reservas são montantes favoráveis que não foram integralizados ao capital social (nesse caso, são as reservas de
capital) e nem utilizadas para distribuição de lucros a seus acionistas (nesse momento, as identificamos como as
reservas de lucros).Na verdade, elas estão ali, como o próprio nome enfatiza, para contingenciar ambos os casos,
sem nenhuma data prevista de sua utilização.
Compõem as reservas de capital os ágios na emissão de ações, reserva especial de ágil na incorporação, alienação
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Compõem as reservas de capital os ágios na emissão de ações, reserva especial de ágil na incorporação, alienação
de partes beneficiárias e alienação de bônus de subscrição, e são esses agentes os responsáveis por seus
aumentos e reduções nas reservas de capital(FIPECAFI, 2018).
As reservas de lucro são compostas por: reserva legal, reservas estatutárias, reservas de contingências, reserva
de lucro a realizar, reserva lucros para expansão, reservas de incentivos fiscais e reserva especial para dividendo
obrigatório não distribuído. A movimentação dessas configura-se, então, em aumentos ou redução de reservas
de lucros (FIPECAFI, 2018).
Para que as reservas não sejam confundidas com provisões, as notas explicativas devem:evidenciar sua
atribuição para situações que não sejam em casos recorrentes; ser representada para uma destinação no lucro
líquido do exercício, não afetando o resultado do exercício, em que, ocorrendo ou não o evento esperado, a
parcela constituída será revertida em lucros acumulado sem exercício futuro. É preciso, ainda, que fique
evidente se tratar de uma conta integrante do grupo do patrimônio líquido, estando agrupada em reservas de
lucro(FIPECAFI, 2018).
Todas essas informações salientadas nas notas explicativas são importantes para que se trate de contas de
reservas e não se deixe margem para que se confunda com alguma outra conta que não a citada.
Fechamento
Chegamos ao final do tema relativo às notas explicativas da demonstração do patrimônio líquido e, com ele,
conseguimos explorar melhor quais desdobramentos dos ajustes de exercícios anteriores, como o estudo das
contas do patrimônio, auxiliam nas compensações de prejuízos. Ainda, entendemos a importância da
distribuição de dividendos e as classificações das participações societárias. Tivemos a oportunidade de nos
aprofundar nas premissas quanto às ações em tesouraria.Os aumentos e as reduções do capital social também
foram pontos de destaque. Concluímos com o entendimento de reservas, mais especificamente as de capital e de
lucro, bem como suas transições no patrimônio das organizações.
Referências
CPC. . Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Comitê de pronunciamentos contábeis
Emitidos/Orientacoes/Orientacao?Id=95> Acesso em: 07 ago. 2019.
CPC26. . Disponível em: < http://static.cpc.aatb.com.br/DocumentosComitê de pronunciamentos contábeis
/312_CPC_26_R1_rev%2013.pdf> Acesso em: 28 ago. 2019.
EMBRAPA. Notas explicativas às demonstrações contábeis em 31 de dezembro de 2018. Disponível em: <
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018
/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082> Acesso em: 19 ago. 2019.
FIPECAFI. Manual de Contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas
3. Ed São Paulo: Atlas, 2018.internacionais e do CPC 
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
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Importância dos quadros 
analíticos e gráficos nas notas 
explicativas
Marisa de Camargo Silveira
Introdução
As demonstrações contábeis são insumos de grande importância, principalmente quando combinadas com
elementos gráficos que propiciem uma visão mais holística de cada situação apresentada. Para esse efeito, no
presente tema aborda-se a importância dos quadros analíticos e gráficos nas notas explicativas. Como compor
quadros em que as comparações se alinhem de forma equivalente? É possível realizar projeções seguras no
entorno das informações prestadas? Qual o impacto de se utilizar ferramentas gráficas e estatísticas para
consolidar resultados minuciosos? Diante de tantas incertezas, reunir informações, bem como ilustrá-las
visualmente são chaves para uma compreensão otimizada e abrangente.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Compreender como elaborar elementos visuais de qualidade facilitando o entendimento das notas e 
elementos contidos nos relatórios financeiros de uma entidade.<i></i>
Quadros comparativos
A possibilidade de comparar, principalmente exercícios de um ano para o outro, passa por criação de elementos
que se convergem, ou seja, grupos de contas que sejam as mesmas para que a informação possa ser tratada de
forma a ser permitida sua comparação. Nesse momento, a criação de quadros comparativos tem um fundamental
papel.
Os quadros também oportunizam esclarecimentos de informações cruzadas, que facilitam a compreensão mais
linear, fazendo para elucidar quais detalhes mais expressivos estão relatados em notas explicativas,links
sinalizando-os em forma de observação (FIPECAFI, 2018).
Assim, são apresentadas formatações constantes em vários quadros das demonstrações contábeis, como no
balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração das mutações do patrimônio
líquido e outras.
Eles também suprem a necessidade de comparar a evolução das contas, demonstrando uma análise horizontal
entre períodos especificados, o que contribui para uma visão sistêmica apurada e comparativa (FIPECAFI, 2018).
•
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Quadros demonstrativos de composições
Os quadros demonstrativos de composições são aqueles que apresentam as informações de forma mais analítica.
Por exemplo, se no balanço patrimonial a conta de imóveis está consolidada em um montante, é preciso que,em
notas explicativas, esse montante seja apresentado de forma estratificada, apontando como se compõe esse
valor.
Figura 1 - Quadro demonstrativo de composições de imóveis
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em UFRGS, 2019
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Fonte: Elaborado pela autora, baseado em UFRGS, 2019
Os imóveis representam mais de 45% de todo o imobilizado da entidade, e no quadro acima evidenciado,
apresenta-se a conta de imóveis para uso educacional, sendo o mais representativo desse percentual.
De acordo ainda com a nota explicativa de número 06, mesmo apresentando reavaliações em três imóveis, esses
não foram registrados para fins contábeis, pois como prima a Norma Brasileira de Contabilidade TSP 07 em seu
item 51, que fala sobre modelo de reavaliação, se um elemento da classe for reavaliado, toda a classe deve ser
reavaliada também.
Entretanto, a entidade só concluiu o laudo de três unidades até o momento da entrega da elaboração das
demonstrações, mas percebe que essas reavaliações, somando-se também às demais necessárias, terão impacto
bem expressivo para os próximos exercícios e, assim, a empresa já externalizou em suas notas essas informações
quanto ao futuro impacto no patrimônio líquido.
Quadros com eventossubsequentes e tendências
Os eventos subsequentes são aqueles ocorridos após o encerramento do exercício, e antes da data de autorização
para a entrega das demonstrações contábeis. Eventos esses que sejam impactantes e que seus desdobramentos
tenham real chance de intervir, tanto positivamente quanto negativamente,nas análises das demonstrações da
empresa. Estes precisam ser evidenciados (FIPECAFI, 2018).
SAIBA MAIS
A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), mais precisamente no exemplo de imóveis, no
caso a TSP 07,traz preciosas contribuições quanto às impactantes divulgações do ativo
imobilizado. Enfatiza, por exemplo, que se devem reavaliar simultaneamente a classe de ativos,
para que se evite a reavaliação seletiva dos mesmo.Veja outras particularidades junto ao
Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2019).
- -4
Figura 2 - Quadros com eventos subsequentes e tendências
Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2019
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 24 (2009), inclusive a data que foi concedida a
autorização e quem autorizou devem estar apontados em nota explicativa. E ainda, caso algum gestor tenha
autorização para modificar as demonstrações após sua emissão, essa também deve estar sinalizada nas notas.
Os quadros demonstrativos para os eventos subsequentes são instrumentos de apoio, uma vez que clarificam e
estruturam informações que serão preciosas para os exercícios seguintes.
FIQUE ATENTO
Sempre que possível, as notas relativas aos eventos subsequentes devem, além de posicionar
os leitores da melhor forma possível, “[...] servir para explicar a natureza e,tanto quanto
possível, os reflexos que os eventos trarão para a sociedade,sejam eles positivos ou negativos.”
(CPC 24, 2009)
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Linha temporal e ou projeções
Nas notas explicativas, é preciso se elucidar as fontes de incertezas nas estimativas que possam levar a
companhia a incorrer em riscos relevantes e, dessa forma, projeções substanciais devem ser sinalizadas (
FIPECAFI, 2018).
Conforme prevê o CPC 26 (2011), os pressupostos futuros necessitam esclarecer a natureza e o valor contábil ao
término do período de reporte. E nesse instante os pilares dessas incertezas devem refletir situações de
materialidade e de relevância das possíveis adversidades que possam comprometer o exercício seguinte.
No exemplo acima, pode-se observar que as possíveis ocorrências impactam significativamente em ativos,
passivos e fluxo de caixa, o que se torna muito importante à construção de projeções que possam absorvê-los,
bem como à construção de respostas às essas objeções.
Figura 3 - Projeções efetivas
Fonte: suphakit73, Shutterstock, 2019
Dessa forma, compor uma linha temporal pautada e elucidativa traz mais robustez às analises estratégicas da
EXEMPLO
Como exemplos de incertezas pode-se mencionar itens como:“na ausência de preços de
mercado recentemente observados, passam a ser necessárias estimativas orientadas para o
futuro para mensurar o valor recuperável de ativos do imobilizado, o efeito da obsolescência
tecnológica nos estoques, provisões sujeitas ao futuro resultado de litígio em curso e passivos
de longo prazo de benefícios a empregados, tais como obrigações de pensão.” (CPC 26, 2019, p.
34).
- -6
Dessa forma, compor uma linha temporal pautada e elucidativa traz mais robustez às analises estratégicas da
organização.
Gráficos e composições estatísticas
Algumas contas requerem atenção especial no quesito de justificar e proteger sua relação de ganhos ou perdas.
Uma delas é a conta de , que conta com o método do teste de efetividade para compor adequadamenteHedge
uma contratação que seja considerada de risco.
No de investidor, suponha que você tenha investimentos em moeda estrangeira, no caso em euros.Comohedge
forma de proteger a oscilação da moeda, você pode também contrair dívidas na mesma moeda, assim, haverá
compensações para mitigar os riscos incorridos.
Porém, identificar e demonstrar o comportamento desse ao longo do exercício contábil torna-se muitohedge
impreciso, caso não se utilize de composições estatísticas e econométricas para investigarem o relacionamento
das variáveis (FIPECAFI, 2018).
Figura 4 - Elucidações gráficas e estatísticas
FIQUE ATENTO
Há três tipos de que a empresa pode utilizar como forma de proteger-se frente àsHedge
oscilações do mercado: o de valor justo, o de fluxo de caixa, e o dehedge hedge hedge
investidor. É importante identificar seus requisitos, uma vez é preciso selecionar uma delas
para proteção de suas contas, e assim,segundo os critérios e requisitos, se configurar o hedge
. Essas terminologias são importantes, então atente-se em entendê-las melhor emaccounting
Fipecafi (FIPECAFI, 2018).
- -7
Figura 4 - Elucidações gráficas e estatísticas
Fonte: Shutterstock, 2019
Um método estatístico bem eficaz que se aplica é o método de correlação, que apresenta graficamente se esta é
positiva, negativa ou nula( FIPECAFI, 2018).
Como se acompanha, é de fundamental importância ter os valores expressados com maior nível de segurança, e
ainda suportados nas notas explicativas, uma vez que alteram as bases de mensuração e contabilização das
contas que são submetidas ao (hedge FIPECAFI, 2018).
Fechamento
Concluímos o presente tema,sobre a importância dos quadros analíticos e gráficos nas notas explicativas, e com
ele podemos exercitar o conhecimento sobre como os elementos gráficos combinam estética, clareza e
informações ricas sobre as demonstrações contábeis. Com os quadros comparativos, podemos vislumbrar a
evolução de contas, da mesma forma que com os quadros demonstrativos de composições conseguimos extrair
informações mais precisas que auxiliam o processo decisório, que também nos sinalizam quais outros itens
devem ser reavaliados na sequência. A partir de projeções, oportuniza-se um planejamento a longo prazo, e
contar com as composições estatísticas transmite mais segurança das informações prestadas, dando um viés de
confiança e assertividade com maior embasamento frente às constantes incertezas.
Referências
CFC. .Conselho federal de contabilidade: norma brasileira de contabilidade TSP 07 ativo imobilizado
Disponível em: < >http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSP07.pdf Acesso em: 02 set. 2019.
CPC. . Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Comitê de pronunciamentos contábeis
Emitidos/Orientacoes/Orientacao?Id=95> Acesso em: 07 ago. 2019.
CPC24. . Disponível em:<http://static.cpc.aatb.com.br/DocumentosComitê de pronunciamentos contábeis
/300_CPC_24%20_rev%2012.pdf>Acesso em: 02 set. 2019.
CPC26. . Disponível em: < http://static.cpc.aatb.com.br/DocumentosComitê de pronunciamentos contábeis
/312_CPC_26_R1_rev%2013.pdf> Acesso em: 28 ago. 2019.
EMBRAPA. Notas explicativas às demonstrações contábeis em 31 de dezembro de 2018. Disponível em: <
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018
/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082> Acesso em: 19 ago. 2019.
FIPECAFI. Manual de Contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas
3. Ed São Paulo: Atlas, 2018.internacionais e do CPC 
UFRGS. . Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ufrgs/arquivosDemonstrativos contábeis 2018
/demonstrativos-contabeis/InformaesContbeis2018.pdf> Acesso em: 02 set. 2019.
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSP07.pdf
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
https://www.embrapa.br/documents/10180/34383180/Notas+explicativas+-+4%C2%BA+Trimestre+2018/9ef4b322-a224-bb0b-42e2-06c37661d082
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Método Direto e Indireto
Rodrigo Malta Meurer
Introdução
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é uma demonstração de suma importância, pois é capaz de apresentar
variações que ocorreram na conta caixa e equivalente de caixa em um determinado período, sendo capaz de
evidenciar ao usuário movimentações de entrada e saída. Para tanto, a mesma fornece informações que são
necessárias aos usuários quanto ao recebimento e pagamentoem um dado período.
Um investidor deve realizar a avaliação na DFC se a mesma apresenta condições favoráveis de futuros ganhos,
observando qual a capacidade da empresa de gerar fluxos futuros, se a mesma tende a cumprir suas obrigações
em dia, quanto de lucro e/ou prejuízo líquido é convertido em dinheiro,quanto ela busca de ganhos por meio de
suas atividades operacionais.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer os conceitos básicos e princípios para elaboração de um fluxo de caixa, identificando as 
normativas que regem o assunto.
NBC TG 03, Resolução CFC 1.296/10 e 
correlação com CPC 03R2 e IAS 7
A DFC traz consigo um grande número de informações, conforme Pronunciamento Técnico CPC 03R2 e IAS 7.
Gelbcke (2018)pontua que antigamente só era exigida a divulgação da DFC para empresas do setor deet al 
energia elétrica e do novo mercado,as demais empresas não eram obrigadas. Porém, a Comissão de Valores
Mobiliários – CVM e o Ibracon recomendavam a prestação destas informações.
Gelbcke (2018) diz ainda que com a chegada da Lei n°11.638/07 a DFC passou a substituir a Demonstraçãoet al
das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR, e se tornou obrigatória a todas as sociedades abertas e sociedades
fechadas com o patrimônio líquido superior a 2 milhões.Dessa forma, a elaboração da DFC foi determinada,
conforme as regras emitidas pelo CPC 03R2, o qual foi aprovado mediante a CVM e Pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), com base nas resoluções n°1.296/10 e 3.604/08, com base nas normas internacionais de
contabilidade IAS 07.
•
- -2
A DFC, agora obrigatória, pode ser apresentada de forma direta e indireta.Para isso, vamos buscar entender
como podemos fazer a identificação dos métodos, conforme Figura 1:
Figura 1 - Método Direto e Indireto
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019
Tratando-se das atividades operacionais das empresas, a DFC deve ser convertida do regime de competência
para o regime de caixa.
Identificação do método direto
O método direto é descrito pelo CPC 03R2 (2010) como as entradas e saídas brutas de dinheiro dos
componentes ou contas que compõem as atividades operacionais da empresa, ou seja, é destacado como os
recebimentos e pagamentos, e o saldo final dessas operações demonstra o volume líquido de caixa alcançado ou
consumido pelas operações realizadas na empresa.
Com isso, a estrutura da DFC pelo método direto é representada na tabela a seguir, de maneira simples:
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o assunto, sugerimos a leitura de OLIVEIRA, R. et al. A escolha do
. Revista demétodo de divulgação da DFC pelas empresas de capital aberto no Brasil
Administração e Contabilidade da FAT, v. 10, n. 1-19, 2018.
- -3
Tabela 1 - Modelo do Método direto
Fonte: Adaptado de Gelbcke et al, 2018
Este método permite maior facilidade na avaliação de solvência das empresas, pois os recursos financeiros e as
origens do caixa possuem maior evidenciação (SPADIN, 2015).
Identificação do método indireto
O método indireto é pontuado pelo CPC 03R2 (2010) como aquele que realiza a conciliação entre o lucro líquido
apurado no período e o caixa gerado pelas operações, conhecido também pelo método da conciliação. Gelbcke et
al (2018) conclui que a adição só é feita ao lucro líquido de todos os fluxos de caixa que já tenham sido alocados
ao lucro líquido no passado, como é o caso de recebimento e pagamento de vendas feitas a prazo, ou os que
futuramente serão alocados, como recebimentos de clientes e pagamentos de despesas realizadas
antecipadamente.
A estrutura da DFC pelo método indireto é representada abaixo da seguinte forma:
- -4
Figura 2 - Modelo do Método indireto
Fonte: Adaptado de Gelbcke et al, 2018
Considera-se como ponto de partida, neste método, o lucro líquido, sendo ajustado pelos fatores que impactam o
resultado, porém que não impactam o caixa, que é o caso da depreciação, amortização e exaustão
(CORNACCHIONE; CARDOSO; MEIRA, 2016).
EXEMPLO
Observe o balanço patrimonial da Cia SILVA. O resultado dos métodos, tanto pelo método
direto como também pelo indireto, será igual à diferença de caixa e equivalente de caixa da
entidade, considerando o ano X1 menos X2, conforme segue:
- -5
Figura 3 - Resolução pelo método direto e indireto
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019
Com os dois métodos, é possível se chegar ao mesmo saldo final. Pode-se observar, no exemplo, que aquilo que
manteve o saldo positivo em 120 reais está ligado ao saldo anterior e ao financiamento realizado, porém
sabemos que o financiamento é uma atividade que posteriormente exigirá desembolso. Com isso, podemos ver
com maior clareza a importância da DFC ligada à tomada de decisões, pois a mesma fornece, de maneira clara, os
movimentos que foram realizados na empresa e o que ela está gastando.
Conceitos e finalidades
O CPC 03R2 (2010) ressalta a DFC como sendo o recebimento e pagamento em dinheiro, efetuado pela empresa,
em um proposto período, pela qual os usuários analisam qual a real capacidade de geração de caixa e
equivalente de caixa.
Assim, podemos observar, conforme CPC 03R2 (2010) e Gelbcke (2018), que a conta caixa representaet al
FIQUE ATENTO
A DFC traz grande efeito, tanto aos usuários internos, em melhores tomadas de decisões, como
também aos externos, que buscam ganhos com segurança.
- -6
Assim, podemos observar, conforme CPC 03R2 (2010) e Gelbcke (2018), que a conta caixa representaet al
efetivamente o dinheiro da empresa, enquanto o equivalente de caixa nada mais é do que aplicações financeiras
de curto prazo, que possuem alta liquidez, proporcionando riscos insignificantes,não sendo utilizado para
investimentos ou outros propósitos, somente para compromissos de curto prazo.
Podemos observar que o fluxo de caixa é dividido em três atividades: Atividades Operacionais, de Investimentos
e Financiamentos.
Figura 4 - Atividades presentes na empresa
Fonte: Elaborada pelo autor, 2019
A imagem acima nos permite identificar a estrutura do balanço e onde as atividades da empresa costumam ser
concentradas.
Pesquisa de publicações DFC na B3
No estudo de Silva, Martins e Lima (2018), os mesmos encontraram, em amostra de 112 companhias abertas não
financeiras listadas na B3, que a maioria das empresas tende a utilizar o método indireto. Isso acontece por
conta das políticas contidas no CPC 03R2, que trata no método indireto sobre a classificação dos juros e
dividendos pagos e recebidos.
- -7
Fechamento
Foi possível identificarmos que existe uma série de questões relacionadas à DFC, desde sua exigibilidade até
todos os itens que a mesma deve conter para a divulgação de suas demonstrações. Observamos também as três
atividades que compõem o fluxo de caixa, além dos métodos direto e indireto, presentes nas atividades
operacionais da empresa.
Portanto, neste tema aprendemos um pouco mais sobre os conceitos da DFC, e o quanto é importante conhecer o
conjunto de regras e normas obrigatórias pela legislação ao elaborar a estrutura da mesma: desde a resolução
CFC 1.296/10 e o CPC 03R2, elaborado conforme as normas internacionais de contabilidade IAS 07,até a
identificação dos métodos diretos e indiretos, conceitos e finalidades.
Referências
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento técnico CPC 03 R2: demonstração dos
. 2010.fluxos de caixa
CORNACCHIONE, M. A. R.; CARDOSO, M. R.; DOS SANTOS MEIRA, R. Fluxo de caixa como ferramenta de controle
empresarial. , v. 4, n. 2, p. 77-89, 2016.Revista Interatividade
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as
. 3ª Ed. Atlas, 2018.normas internacionais e do CPC
DA SILVA, D. M.; MARTINS, V. A.; LIMA, F. G. Escolhas contábeis na demonstração dos fluxos de caixa em
companhias listadas no novo mercado da B3. , v. 15, n. 36, p. 143-Revista Contemporânea de Contabilidade
165, 2018.
FIQUE ATENTO
É possível pesquisar a DFC em companhias abertas por meio do portal Investing. Para isso,
basta inserir o código da empresa que se deseja pesquisar e ter acesso a essa demonstração,para melhor entendimento do conteúdo.
- -1
Atividades Operacionais
Rodrigo Malta Meurer
Introdução
A Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC tem o intuito de demonstrar as mudanças acerca de pagamentos e
recebimentos brutos. Portanto, a elaboração da mesmo exige o conhecimento específico em três atividades: as
operacionais, as de investimentos e as de financiamentos. Com isso, o foco principal do tema proposto é
conhecer a atividade operacional das empresas, conhecida também como a atividade principal.
As atividades operacionais são todas as movimentações ocorridas na conta caixa que foram realizadas com
relação à atividade principal da empresa. Sendo assim, como é feita a identificação das atividades operacionais?
Quais as contas que fazem parte e entram no meio operacional das empresas? Por meio das atividades
operacionais, consegue-se ter uma base no quanto ela se sobressai em atividades de empréstimos e
financiamentos? Como devemos realizar o tratamento dos juros? A partir daí, podemos observar que as
atividades operacionais em uma empresa são fundamentais em todos os quesitos.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer as atividades operacionais que serão inseridas e avaliadas na DFC, identificando as contas que 
irão compor o quadro.
Identificação das atividades operacionais
Os investidores, por meio da DFC, podem avaliar o impacto das atividades operacionais, investimento e
financiamentos, e a partir daí analisar o impacto de uma atividade sobre a outra. Gelbcke (2018, p.1882),et al.
destaca que “as atividades operacionais são um indicador de como a operação da empresa tem gerado
suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos”.
Portanto, essa atividade demonstra ainda a capacidade da empresa em pagar seus sócios e efetuar novos
investimentos sem recorrer a fontes de terceiros ( . Essas atividades, sendoMACIEL; SALOTTI; IMONIANA, 2017)
compreendidas como as principais das empresas, envolvem, por sua vez, a produção e a entrega de bens e
serviços, não se enquadrando nelas os investimentos e nem os financiamentos realizados na entidade. Vale
destacar ainda que normalmente as atividades operacionais envolvem as transaçõespresentes na Demonstração
do Resultado do Exercício – DRE.
O CPC 03R2 (2010) denota que a identificação de tais atividades em uma empresa é importante para avaliá-la
como um todo.Desta forma, muitas vezes uma transação pode ser classificada não somente em uma atividade.É o
caso de um empréstimo, conforme exemplo do CPC 03R2 (2010): quando há a liquidação de um empréstimo, o
valor principal do mesmo, corresponde à atividade de financiamento, enquanto os juros são classificados como
uma atividade operacional.
•
- -2
Figura 1 - Atividade operacional
Fonte: Mikheyev Viktor, Shutterstock, 2019
As atividades operacionais devem, primeiramente, ser verificadas e encontradas em uma entidade, pois se
tratam das atividades fins da empresa. Estas se fazem presente em qualquer entidade que busca rentabilidade
em seus negócios.
Segregando as contas e os valores na linha do 
tempo
As atividades operacionais se tratam das movimentações de entradas e saídas de caixa, ligadas ao objeto
principal da empresa. São exemplos de atividades operacionais: recebimentos de clientes pagamentos de
fornecedores e pagamentos de salários. Portanto, as atividades operacionais estão presentes em contas do ativo
circulante e passivo circulante.
Podemos entender alguns exemplos da DFC observando a tabela abaixo:
FIQUE ATENTO
Quanto à segregação das contas, é importante prestar atenção à identificação das contas que
irão compor as atividades operacionais, pois o CPC 03R2 (2010) ressalta que as atividades
operacionais correspondem a aquelas geradoras de receita.
- -3
Tabela 1 - Modelo do Método direto e indireto
Fonte: Adaptado Gelbcke et al, 2018
Nessa tabela, é demonstrado o vínculo de todas as contas originadas da produção e entrega de bens e serviços,
sendo importante nos atentarmos às transações decorrentes do resultado, as quais compõem essas atividades.
EXEMPLO
Conforme Gelbcke (2018) e CPC 03R2 (2010), as contas operacionais que são exemploset al.
de entradas são: recebimentos pela venda de produtos e serviços à vista; recebimentos de
royalties, direito de franquia e aluguéis; recebimentos que não incluem as transações de
atividades de investimentos e financiamentos; de seus dividendos e juros sobre capital próprio
na participação do patrimônio de outras empresa; e, de juros através de empréstimos
concedidos e sobre aplicações financeiras em outras empresas. Já as contas operacionais que
são exemplos das saídas das empresas são: pagamentos de fornecedores pelas mercadorias ou
matéria prima para produção; de fornecedores, pelos serviços prestados pelos mesmos na
produção; de impostos, taxas, tributos, multas, envolvendo toda a gama federal, estadual e
municipal; e de produção ou aquisição de ativos destinados a aluguel e subsequente venda.
- -4
Tratamento de juros no fluxo de caixa
Na DFC, os juros, dividendos e juros sobre capital próprio recebido ou pago, conforme Gelbcke (2018) e CPCet al
03 R2 (2010), devem ser apresentados de maneira separada, e classificados de período a período em que
ocorrem os mesmos, seja em atividade operacional, investimento ou financiamento.
Os mesmos são divulgados na DFC, sendo considerados como despesas na DRE, quer tenham sido contabilizados
ou não (CPC 03 R2, 2010).
Figura 2 - Tratamento dos juros
Fonte: PORTRAIT IMAGES ASIA BY NONWARIT, Shutterstock, 2019
Assim como os dividendos e juros sobre o capital próprio pagos representam um custo para adquirir um
financiamento, o mesmo ocorre com o capital próprio. Para tanto, os juros pagos transitam na DRE, tornando-se
então classificados como atividade operacional, enquanto os juros sobre o capital próprio devem ser
classificados como atividade de financiamento (CPC 03R2, 2010).
Por sua vez, os juros e os dividendos e os juros sobre o capital próprio recebido são pontuados pelo CPC 03R2
(2010), que diz que ambos devem ser alocados como atividades operacionais, sendo que qualquer mudança deve
estar explicitada em nota explicativa.
FIQUE ATENTO
Quando há a liquidação de um empréstimo, o valor principal do mesmo corresponde à
atividade de financiamento, enquanto os juros são classificados como uma atividade
operacional.
- -5
Variações monetárias e cambiais
Quanto às variações monetárias e cambiais, é exigido que as mesmas sejam convertidas em moeda expressa nas
demonstrações da empresa, ou seja, é convertida a moeda estrangeira no momento da data do fluxo de caixa
(CPC 03R2, 2010).
Gelbcke (2018) exemplifica a questão da seguinte maneira: uma subsidiária no exterior tem umet al.
recebimento operacional de US$ 100.000 que, somado ao saldo inicial de US$ 10.000, dá o saldo final de US$
110.000. Suponha-se que o dólar inicial estivesse cotado a R$ 2,80, no recebimento fosse de R$ 2,75 e no
fechamento fosse de R$ 2,85. Admita-se que o saldo inicial de caixa da controladora fosse de R$ 100.000 e ele
não sofresse qualquer movimentação durante o período. Com certeza sabemos que o saldo inicial consolidado do
caixa era, à época, no seu balanço em reais, de R$ 128.000 (dólar a R$ 2,80); vemos que a movimentação lá fora,
na taxa de R$ 2,75, dá uma entrada de R$ 275.000. Mas o saldo em reais consolidado inicial mais essa
movimentação dão R$ 403.000 (R$ 128.000 + R$ 275.000).
Portanto o saldo efetivo final é dado por R$ 413.500 (US$ 110.000 * R$ 2,85 + R$ 100.000).
Desta forma, deverá realizar um reajuste no caixa consolidado de R$10.500 derivado das mudanças cambiais
(US$ 10.000 * (R$ 2,85 – R$ 2,80) + US$ 100.000 * (R$ 2,85 – 2,75)).
A soma do saldo inicial de R$275.000 mais R$10.500 totaliza R$285.500. Por fim, o saldo será R$413.500.
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre o assunto, sugerimos a leitura de DA SILVA, D. M.; MARTINS, V. A.;
LIMA, F. G. Escolhas contábeis na demonstração dos fluxos de caixa em companhias listadas no
novo mercado da B3. , v. 15, n. 36, p. 143-165,Revista Contemporânea

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