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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA André Lunardi Steiner 2INTRODUÇÃO À ENGENHARIA SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Leonardo Ribeiro Revisora Introdução 3 A ENGENHARIA E O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DO PAÍS 4 Histórico do Centro Universitário Uniftec 10 O estudo da engenharia 11 O engenheiro 13 História da engenharia 14 RELAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENGENHARIA COM O CREA 17 Lei 5.194 de 24 de dezembro de 1966 21 Resolução do Confea número 218 de 28 de junho de 1973 28 Resolução do Confea número 235 de 09 de outubro de 1975 29 Resolução do Confea número 380 de 17 de dezembro de 1993 29 PROCESSOS DE GESTÃO E PRINCIPAIS MÉTODOS, TÉCNICAS E PROCESSOS 32 Lógica de processos e sistemas 33 Planejamento Avançado da Qualidade do Produto - APQP 35 Técnicas de produção enxuta 41 Softwares de automação de engenharia e produção 43 Nanotecnologia 46 Sistemas híbridos de propulsão 47 Internet das Coisas - IoT 49 NORMAS E PADRÕES NA ENGENHARIA 53 Normas regulamentadoras brasileiras 56 Normas ISO 61 Outras normas ISO 64 Normas ABNT/Inmetro 72 Norma OHSAS 76 Normas IEC 77 PGQP/PNQ 78 Normas mais aplicadas 80 PADRÕES INTERNACIONAIS DE MEDIDAS 85 A origem das unidades 86 Sistema Internacional de Medidas 88 3INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Introdução Neste ebook vamos desenvolver um estudo sobre diversas questões ligadas à Engenharia no geral, a qual é um vasto universo de estudos, desde a categoria do profissional até a aplicabilidade da função do Engenheiro. Para desenvolver o conteúdo sobre Engenharia, vamos dividir este estudo em algumas etapas, as etapas 1, 2 e 3 serão fundamentais e conceituais em relação à engenharia, respectivamente. Já as etapas 5 e 6 vão discutir algumas bases fundamentais para o bom exercício da profissão em todos os seus âmbitos, como: 1. A evolução da engenharia no contexto de desenvolvimento econômico e social do país. 2. Relação do profissional de engenharia com o CREA. 3. Visão sistêmica dos processos de gestão empresarial e principais métodos, técnicas e processos utilizados pela engenharia. 4. Introdução das normas e padrões, bem como as suas interpretações e aplicações nas atividades de Engenharia. 5. Padrões internacionais de medidas. O estudo e a atividade profissional de Engenharia tem uma amplitude imensa, com interligações de diversas áreas de conhecimento, bem como possibilidades de aplicação. 4INTRODUÇÃO À ENGENHARIA A ENGENHARIA E O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DO PAÍS Como surgiu a engenharia? Qual a sua aplicabilidade? Ao escolher um curso de engenharia ou a profissão de engenheiro é importante compreender suas nuances e aplicabi- lidade. Usualmente, um curso de engenharia é válido quando regulamentado por um órgão fiscalizador. O respectivo órgão visa supervisionar a grade curricular do curso, as disciplinas e profissionais de ensino, também se os mesmos estão atendendo aos requisitos mínimos, relacionados aos ditames educacionais Um estudo não existe por si só, ele é o resultado da união de diferentes necessidades e conceitos que acabam por formar uma ciência maior. 5INTRODUÇÃO À ENGENHARIA requeridos à formação, assim como para o desempenho da fun- ção. Além disso, sendo a engenharia uma profissão regulamen- tada por lei, é imprescindível que as premissas do curso estejam alinhadas com as necessidades legais da profissão em questão. A disciplina de Introdução à Engenharia compreende iniciar o aluno nesse universo, fazendo um apanhado básico e gene- ralista de questões que serão mais profundamente discutidas e requeridas nas demais disciplinas do curso e, para isso, a mesma visa gerar as seguintes competências aos alunos: • Conhecer um panorama geral sobre os cursos de engenharia da instituição, área tecnológica, científica e entidades pro- fissionais; • Utilizar os conhecimentos e as técnicas da engenharia nos processos produtivos considerando tecnologias modernas vin- culadas às questões econômicas, sociais, técnicas e ambientais; • Aplicar os conhecimentos da engenharia na busca pelas inovações tecnológicas. Para gerar estas competências, ou seja, para deixar o aluno apto a poder executar ou conhecer tais conceitos é necessário o desenvolvimento de algumas habilidades, ou seja, o aluno deve conseguir realizar e poder desenvolver os seguintes tópi- cos que, garantidos, vão deixar o estudante apto a atender as competências definidas: • Utilizar normas e padrões técnicos empregados em enge- nharia; • Compreender a importância do conhecimento da Engenharia para o desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental; • Entender as técnicas utilizadas pela Engenharia com foco integrado e de inovação tecnológica; 6INTRODUÇÃO À ENGENHARIA • Diferenciar as aplicações e tecnologias empregadas na en- genharia; • Desenvolver demonstrativos práticos aplicados às atividades de engenharia. Assim, de maneira a criar as habilidades descritas, é neces- sário o uso de algumas bases tecnológicas conceituais e práticas a fim de fundamentar o estudo. Estas bases tecnológicas estão distribuídas ao longo dos capítulos deste ebook: • A evolução da engenharia no contexto de desenvolvimento econômico e social do país; • Relação do profissional de engenharia com o CREA; • Fundamentos e funções da engenharia e a visão sistêmica dos processos de gestão empresarial; • A integração da engenharia com as tecnologias de infor- mação e comunicação; • Principais métodos, técnicas e processos utilizados pela engenharia; • O perfil do profissional de engenharia e o mercado de tra- balho atual; • Introdução das normas e padrões, bem como suas interpre- tações e aplicações nas atividades de Engenharia; • Normas Regulamentadoras do MT – Ministério do Trabalho, discussão e aplicação nas empresas; • Organização Internacional para Padronização (ISO); • OHSAS 18000 – Gestão da Saúde e Segurança ocupacional; 7INTRODUÇÃO À ENGENHARIA • Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); • International Electrotechnical Comission (IEC); • Padrões internacionais de medidas. Todos esses detalhes estão definidos em um documento denominado Plano de Ensino, esse documento é de extrema importância, ele é a declaração que a instituição realiza sobre o que está se pro- pondo a entregar na disciplina em questão, ainda, o mesmo é validado junto a um conjunto maior de do- cumentos, o qual é submetido aos órgãos competentes, sendo, neste caso, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), de modo a demonstrar o cumprimento dos preceitos relacionados ao curso, conforme citado anteriormente. É bastante interessante o aluno estar a par do Plano de Ensino de qualquer disciplina que esteja cursando, sendo que o mesmo deve estar prontamente divulgado e disponível para a consulta. É nesse documento que o aluno vai encontrar os detalhes do que pode esperar de cada uma das disciplinas, do mesmo modo que serve como instrumento para avaliar se a instituição está cumprindo com o que se propôs, assim como é direito do aluno poder realizar essa verificação e eventual cobrança. Normalmente, o Plano de Ensino também vai definir qual será o sistema de avaliação que será utilizado, de modo a verificar se, nos estágios pertinentes, o aluno entendeu e cumpriu com as bases tecnológicas, desenvolveu as habilidades requeridas e está apto às competências que dele se esperava. Segundo Bazzo e Pereira (1996), os alunos aportam na Instituição de Ensino e são literalmente jogados na “roda viva” do ambiente universitário. O termo é utiliza- do, porque um curso de nível superior, e aqui enquadramosos diversos cursos de Engenharia ministrados na UNIFTEC, não é “estanque”, não está “congelado”, o mesmo é extremamente dinâmico. Nesses cursos, há um grande número de iterações possíveis relacionado ao conhecimento prévio do aluno, o ambiente onde 8INTRODUÇÃO À ENGENHARIA vive, o grau de dedicação do mesmo ao estudo, bem como suas possibilidades de poder realizar alguma aplicação prática. A única coisa que está, de certa forma, definida e estática é o plano de desenvolvimento para o aluno, todo o resto está em constante modificação e vai possibilitar o desenvolvimento de profissionais capazes, mas para isso o aluno deve sentir que pertence, desde o início, ao curso por ele escolhido, e compre- ender a necessidade e a importância dos diferentes conteúdos didáticos que lhe serão repassados. Naturalmente, algumas disciplinas serão mais teóricas do que outras, algumas serão mais técnicas, outras mais práticas. Outras de interesse mais imediato do aluno, ou chamam mais sua atenção, ou ainda, o aluno tem ou já teve algum contato com o assunto em questão, isso tudo é natural, mas volta-se a comentar que o profissional da Engenharia só estará pleno de suas capacidades se desenvolver todas as habilidades requeridas, ou seja, todas as disciplinas têm igual peso e importância para a formação do indivíduo. 9INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Para tanto, existe a necessidade de uma visão integral do curso, ou seja, que o mesmo seja visto e entendido por com- pleto. Dessa forma, um curso não se faz apenas com um bom corpo docente, laboratórios, bibliotecas, uma vez que essa é a estrutura disponibilizada pela Instituição de Ensino para cumprir sua parte do papel, mas o bom aproveitamento dessa estrutura depende, sobretudo, da qualidade e da dedicação dos próprios alunos que ingressam nesse curso. De certa forma, existem instituições com mais ou menos estrutura, com um docente que melhor explana sobre um assunto ou outro, mas há de se entender que, em ambos os casos, se o curso é valida- do, e cumpre-se as necessidades requeridas para a formação do profissional que, será tão bom, quanto sua dedicação em aprender o permitir. Portanto, não existe docente, estrutura ou instituição que fará uma pessoa aprender o conteúdo, se essa não deseja ou não está envolvida com o estudo. Aprender o conteúdo é uma via de mão dupla, um curso é integralmente formado de estrutura, docentes e alunos. Introdução à Engenharia é uma disciplina, como o próprio nome sugere, introdutória, é importante para o aluno com- preender como seu curso é formado e estruturado, para tanto, como já mencionado, diversas informações acerca do curso são submetidas ao Ministério da Educação e Cultura que, após avaliação, define por permitir à instituição o desenvolvimento do curso ou não. Essa avaliação procura identificar se, tanto estrutura, como docentes, como Planos de Ensino estão de acordo com as necessidades do profissional que está buscando a formação e os requisitos legais para a profissão em questão. Todas essas informações estão contidas em um documento chamado Projeto Pedagógico de Curso (PCC), sendo assim, faz-se importante o aluno buscar compreender as informações contidas no mesmo, para então ter uma melhor visão do curso e do que foi previsto para o mesmo. Usualmente tais informa- ções sobre os PCCs dos cursos estão prontamente acessíveis e identificáveis na respectiva página de informações sobre o curso escolhido no site da UNIFTEC. 10INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Histórico do Centro Universitário Uniftec A história da UNIFTEC surgiu nos primeiros anos da década de 90, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, como uma Escola de Informática denominada Datapró. O objetivo da es- cola era qualificar jovens na área da informática para trabalhar em empresas da região. No ano de 2002, a demanda por profissionais qualificados para atuar no mundo do trabalho era grande. Nesse cenário, nasceu, em Caxias do Sul, a Faculdade de Tecnologia FTEC com uma missão bem definida. Instituição preocupada em atender às demandas da formação de profissionais de alta em- pregabilidade e capacidade empreendedora. Recentemente, no ano de 2016, a FTEC recebeu aprovação do MEC para elevação à categoria de Centro Universitário, passando agora a se chamar UNIFTEC, mais um importante marco na evolução da instituição, visto que com esse novo sta- tus, a gama de cursos ofertados e níveis de educação recebem um incremento significativo, sendo um deles, por exemplo, a possibilidade de ofertar cursos de Stricto Senso, tais como Mestrados. 11INTRODUÇÃO À ENGENHARIA O estudo da engenharia Como já explanado, o estudo da Engenharia requer um bom nível de dedicação e esforço, pois é função e prerrogativa do engenheiro, que o mesmo consiga compreender e analisar, dentro da sua área de atuação, os diferentes fenômenos que o cercam. Assim, a expectativa de adquirir novos conhecimentos e novas amizades renova as esperanças de um futuro melhor, contudo apenas aguardar que os professores entreguem os conhecimentos previamente elaborados, é uma atitude muito comodista e incompatível com os propósitos de uma formação universitária. Além do que, não é o perfil que se espera de um engenheiro, que normalmente tende a ser um profissional proativo e que busca seu aprimoramento constantemente. Atualmente, acreditamos que de agente passivo, o estu- dante agora deva passar a agente ativo do processo educacional. Logo, seu aprendizado deverá ser tão bom quanto seu nível de dedicação ao mesmo, visto que acreditamos que, após 10 anos, a metade do que o engenheiro aprendeu no seu curso de graduação, será considerado como conhecimento obsoleto, a vista do surgimento constante de novas técnicas, tecnologias, aplicações e desafios que nos são impostos diariamente no âmbito profissional. No ritmo em que têm evoluído a Ciência e Tecnologia, calcula-se que dentro de 25 anos o montante de conhecimento será 4 vezes maior do que o existente atualmente e, dentro de 50 anos, 30 vezes maior, sendo assim, 97% do que será conhecido daqui a alguns anos, estará sendo descoberto ou inventado a partir de hoje. A busca pelo conhecimento e pela atualização é a forma de se manter conectado aos desafios e situações que serão atendidas pelo profissional da Engenharia. Então, deixamos a questão: O que deve ser ensinado em um curso de graduação? 12INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Essencialmente, a resposta para essa pergunta é: ensina-se a aprender e a estudar com eficiência! Hoje, o bom engenheiro aprende conceitos básicos que possibilitem analisar tais conceitos no âmbito profissional e, assim, tomar decisões ou realizar propostas a fim de tornar seu trabalho mais eficiente. Muitas serão as nuances que o profis- sional acabará por ter que buscar de maneira autodidata, pois é impossível um curso de formação conseguir prever todas as possibilidades de aplicação da Engenharia. Saber estudar com eficiência e eficácia não é nato do ser humano, é algo que precisa ser aprendido, pois não há regras absolutas no tocante aos métodos de estudo, existem algumas dicas ou técnicas que acabam por ajudar a melhorar os resulta- dos. Conseguir enxergar um determinado assunto sob diferentes abordagens, a fim de compará-los e ref letir, criticamente, a respeito do tema, ajuda a despertar senso crítico e a concatenar diferentes disciplinas. Entretanto, é necessário aprender a fazer perguntas, uma vez que as perguntas certas no momento exato trazem respostas com alto grau de usabilidade, já perguntas fora de contexto podem vir a criar má interpretações. Outros detalhes que fazem a diferença são a racionalização do tempo (saber usar o tempo de forma coerente) e a confecção de um horário de estudo e trabalho realístico. Dessa forma, são fases do estudo: • Preparação (ambiente, posição, material necessário, perse- verança); • Captação (professor em aula, leitura de livros, experiências e observações); • Processamento (retere integrar os assuntos). O estudante que, sobretudo, opta pela Engenharia, tem que estar ciente que este é um caminho árduo e que requer bastante dedicação, pois inúmeras serão as vezes que, como 13INTRODUÇÃO À ENGENHARIA engenheiro, lhe serão feitas perguntas imaginando que, por re- presentar uma profissão tão nobre, e você como representante desta classe, deverá ter as respostas ou um meio correto de chegar as mesmas. O engenheiro Os engenheiros são indivíduos que combinam conhecimentos da ciência, da matemática e da eco- nomia para solucionar problemas técnicos com os quais a sociedade se depara. Na verdade, é o co- nhecimento prático que distingue o engenheiro do cientista. Praticamente, todos os objetos feitos pelo ho- mem, os quais você percebe a sua volta, resultaram do esforço de engenheiros, ocorrido em algum momento da história da humanidade ou da história deste ob- jeto. Sendo assim, o engenheiro é integrante do que Engenharia de Computação Engenharia Elétrica Engenharia de Produção Engenharia Mecânica Engenharia Civil 3000 aC Física Química Biologia 1000 aC dC 1700 dC 1800 dC 1900 dC 1950 Época atual Agronomia Engenharia Química Engenharia Aeroespacial Engenharia Bioquímica Engenharia Nuclear Engenharia Biomédica Engenharia de Materiais chamamos de equipe tecnológica, que vem a ser formada de Cientistas, Engenheiros, Tecnólogos e Técnicos. O quadro abaixo busca relacionar as atividades científicas básicas, tais como física, química e biologia com os contextos históricos dos primórdios do que é considerado engenharia e seu surgimento: Fonte: Evolução Histórica da Engenharia. Fonte: Holztapple (2006) 14INTRODUÇÃO À ENGENHARIA São habilidades requeridas de um engenheiro • Habilidade para aplicar conhecimentos de matemática, ciência e engenharia; • Habilidade para projetar e conduzir experimentos, assim como para analisar e interpretar dados; • Habilidade para projetar um sistema, componente ou pro- cesso para atender as especificações desejadas; • Habilidade para trabalhar em equipes multidisciplinares; • Habilidade para identificar, formular e solucionar problemas de engenharia; • Entendimento das responsabilidades profissionais e éticas; • Habilidade para se comunicar eficientemente; • Conhecimento amplo e necessário para entender o impacto de soluções de engenharia em um contexto global e social. História da engenharia É quase impossível determinar a data do surgimento da en- genharia, visto que a história humana se desenvolve há milhares de anos e seu desenvolvimento tecnológico está relacionado com a respectiva função. É de se esperar que, há milhares de anos o homem já promovia seu próprio desenvolvimento tecnológico e que, na época, não havia a formalidade do estudo que existe hoje em dia, o conhecimento era transmitido entre as pessoas e de maneira muito empírica. Com o passar dos anos foram sendo criados locais para desenvolver as questões relacionadas à educação da humanidade e, a partir disso, começaram a existir certas formalizações. Nos dias atuais existem regulamentações a respeito de certas profissões, como a medicina, odontolo- gia, direito, contabilidade, engenharia, entre outras. Essas profissões necessitam de um mínimo de conhecimento para que possam ser executadas, visto o grau de importância que têm ou o risco que trazem se executadas de maneira incorreta. 15INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Síntese • O engenheiro é o profissional que se utiliza dos seus co- nhecimentos teóricos e práticos para solucionar problemas técnicos. • A engenharia está presente nos mais diferentes âmbitos e, essencialmente, toda tecnologia ao nosso redor foi fruto das ações de engenheiros. • Existe a necessidade de profunda dedicação a fim de entender e poder aplicar os conhecimentos de engenharia, para assim tornar-se um bom profissional do ramo. 16INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Exercícios 1. O que é ser um engenheiro? 2. Quais são suas principais atribuições? 3. Quais são as principais competências geradas por essa disciplina? 4. Das atribuições do engenheiro, quais as que você mais se identifica no âmbito do seu trabalho? 17INTRODUÇÃO À ENGENHARIA RELAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENGENHARIA COM O CREA O que é o CREA? Qual a relação do engenheiro com este órgão? A profissão do engenheiro é uma profissão regulamentada e que tem um órgão fiscalizador para atender as necessidades das empresas e dos técnicos nele credenciados. O credenciamento do profissional junto ao órgão é de suma importância para a correta execução e regularização de sua atividade e da atividade da empresa. No Rio Grande do Sul, este órgão é denominado Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul, o CREA-RS e, do mesmo modo, praticamente cada estado brasileiro tem seu órgão regulador. Existe um organismo que regulamenta e fiscaliza a profissão do Engenheiro, o CREA. 18INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Tomando como exemplo o já citado CREA-RS, de acordo com as def inições na área institucional do site (http://www.crea-rs.org.br), o Conselho Regional de Engenha- ria e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul – CREA-RS - é uma entidade autárquica de fiscalização do exercício e das atividades profissionais, dotadas de personalidade jurídica de direito público, constituindo serviço público federal, vinculada ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea. O CREA-RS tem sede e foro na cidade de Porto Alegre e jurisdição no Estado do Rio Grande do Sul, instituída pela Resolução nº 2, de 23 de abril de 1934, na forma estabelecida pelo Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, e mantida pela Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966, a fim de exercer papel institucional de primeira e segunda instâncias no âmbito de sua jurisdição. É o órgão de fiscalização, contro- le, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades profissionais da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, em seus níveis médio e superior, no território de sua jurisdição. (artigos 1º e 2º do Regimento). Os Conselhos Profissionais não recebem nenhum tipo de subsídio do Governo, porém são vinculados ao Conselho Fede- ral de Engenharia e Agronomia – Confea, o qual é a instância superior de regulamentação das profissões abrangidas. Assim, cabe ao Confea garantir a unidade de ação e a normatização de todos os CREAs, exercendo funções de supervisão financeira e administrativa sobre eles, vindo a fornecer Sistema Confea/ Crea. Ciente da importância do papel que desempenha na sociedade gaúcha, o Conselho abrange os profissionais da En- genharia Civil, Geografia, Agrimensura, Engenharia Elétrica e Eletrônica, Eletrotécnica, Engenharia Industrial, Mecânica, Têxtil, Naval, Aeronáutica e Metalúrgica, Agronomia, Meteo- rologia, Geologia, Engenharia de Minas, Engenharia Florestal, Engenharia Química, Engenharia de Segurança do Trabalho, Tecnólogos e os Técnicos de Nível Médio. Segundo dados de 2017, existem 44 das respectivas Ins- petorias atuando no Estado. O CREA-RS além de ser uma órgão fiscalizador no exercício profissional, também oferece 19INTRODUÇÃO À ENGENHARIA proteção: tanto ao garantir o mercado de trabalho para aquele que é legalmente habilitado, como assegurar ao cidadão que os serviços, por ele contratados, possuam um responsável técnico. É nesse espaço que atua a fiscalização da Instituição, exigindo dos profissionais a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento que forma o acervo de cada profissional e garante à sociedade a certeza de que aquele, que executa o serviço, está legalizado. Objetivos: • Garantir à sociedade que somente profissionais tecnicamente habilitados sejam responsáveis por serviços e/ou obras; • Registrar profissionais e empresas da área tecnológica; • Fiscalizar o exercício profissional em defesa da comunidade. De maneira análoga, cada órgão regulador ligado ao CONFEA também possui informações semelhantes e quepodem ser facilmente acessadas pelo profissional habilitado. Atribuições: • Autorizar a atuação da empresa ou do profissional, através do seu registro; • Manter o Acervo Técnico do pro- fissional, com registro de todas as suas obras/serviços; • Exigir da sociedade que somente profissionais tecnicamente habilitados sejam responsáveis por obras/serviços da área tecnológica; • Registrar a ART - Anotação de Responsabilidade Técnica - documento que especifica as responsabilidades do profis- sional quanto aos serviços/obras executados. 20INTRODUÇÃO À ENGENHARIA O Exercício profissional da Engenharia é regulado pela Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966, a mesma que rege as atribuições, respon- sabilidades e deveres do Engenheiro enquanto no âmbito do exercício da sua profissão. A seguir, vamos transcrever alguns trechos de maior relevância da referida lei com comen- tários, quando apropriado. É de extrema im- portância o profissional conhecer as regras que definem sua profissão, atribuições, bem como as penalidades a que possa sofrer no mau uso de suas atribuições e, inclusive, um valor mínimo definido por lei para exercício da profissão. 21INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Lei 5.194 de 24 de dezembro de 1966 Inicialmente, busca-se estipular o que é a profissão de um engenheiro, caracterizando a mesma pelas realizações de interesse social e humano que importem na realização dos seguintes empreendimentos: a. aproveitamento e utilização de recursos naturais; b. meios de locomoção e comunicações; c. edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e re- gionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos; d. instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água e extensões terrestres; e. desenvolvimento industrial e agropecuário. Diante do exposto, para assegurar que o exercício da pro- fissão seja realizado somente por profissionais habilitados, houve a necessidade da oficialização da profissão por meios legais, ou seja, foi outorgada legislação que define e rege tanto a profissão, como as atribuições do engenheiro, assegurando direitos e estipulando deveres ao detentor desse título. Portanto, a correta observação dos ditames legais e seus deveres, assegura ao profissional o exercício de profissão regulamentada e garan- tida legalmente, tanto que, verificando o Artigo 3º temos que: São reservadas exclusivamente aos profissionais referidos nessa Lei as denominações de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo, acrescidas, obrigatoriamente, das características de sua formação básica. 22INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Note a importância que a legislação denota à profissão, dei- xando claro que o título de engenheiro o profissional somente poderá ser utilizado por quem estiver habilitado e de acordo com essa legislação. Nesse momento, além da denominação de engenheiro, a lei garante que somente tal profissional estará apto e autorizado a realizar as tarefas designadas pela mesma legislação. Fica claro também, antes de definir os direitos e atribuições do engenheiro, que o mesmo, de acordo com a própria legis- lação, também pode sofrer sanções referentes ao uso ilegal do título ou exercício inapropriado da profissão, sendo estipulado como exercício ilegal as situações transcritas a partir do Artigo 6º da legislação. a. a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços público ou privado reservados aos profissionais de que trata esta lei e que não possua registro nos Conselhos Regionais; b. o profissional que se incumbir de atividades estranhas às atribuições discriminadas em seu registro; c. o profissional que emprestar seu nome a pessoas, firmas, organizações ou empresas executoras de obras e serviços sem sua real participação nos trabalhos delas; d. o profissional que, suspenso de seu exercício, continue em atividade; Dessa forma, o primeiro parágrafo define que é considerado exercício ilegal executar a profissão sem o devido registro do profissional junto ao CREA, ou seja, mesmo formado em en- genharia, a profissão somente é validada com o devi do registro. Já, o segundo parágrafo está descrevendo que o profissional não pode executar atividades que não sejam da competência do seu registro, por exemplo, o Engenheiro de Produção realizar projeto de estrutura civil (uma Ponte), isso cabe ao Engenheiro 23INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Civil, ou seja, mesmo formado em engenharia e registrado, o profissional tem uma gama de atividades que pode executar conforme a especialidade da sua formação, tais como, Enge- nheiro Mecânico, Civil, Agrônomo, de Produção, de Materiais, cada qual abrange uma deter- minada gama de atividades. O terceiro parágrafo estipula que o profissional não pode sim- plesmente atestar ou “assinar” por uma atividade que não tenha efetiva participação na etapa que lhe cabe como Engenheiro e, por fim, o quarto parágrafo define que, caso haja suspensão de sua atividade por qualquer motivo, o profissional não pode continuar a exercer a profissão sem o devido registro. Definidas as eventuais execuções ilegais, o Artigo 7º da lei também define quais as atribuições do Engenheiro que são entendidas dentro do exercício legal da profissão, respeitando as atribuições relativas à especialidade de sua formação, sendo: a. desempenho de cargos, funções e comissões em entidades es- tatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada; b. planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; c. estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pa- receres e divulgação técnica; d. ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; e. fiscalização de obras e serviços técnicos; f. direção de obras e serviços técnicos; g. execução de obras e serviços técnicos; h. produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. 24INTRODUÇÃO À ENGENHARIA As atividades recém descritas são exclusivas de um “pro- fissional” habilitado e registrado, e não, simplesmente, de uma empresa (pessoa jurídica). Visto que, para executar as referidas atividades, o profissional deve ser responsável pela execução das atividades da empresa, lembrando da questão abordada anteriormente quanto à participação efetiva na atividade. Mais adiante, no Artigo 13º, a legislação define que os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de engenharia, de arquitetura e de agronomia, seja público ou seja particular, somente poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades competentes, bem como somente terão valor jurídico quando seus autores forem profissionais habilitados de acordo com esta lei. Desse modo, só é valido e então passível de qual- quer julgamento, trabalhos executados por profissionais legalmente habilitados, caso contrário, quaisquer um destes (estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer outro trabalho de engenharia) serão considerados sem validade e não passí- veis das sanções, nem tampouco, dos méritos atribuídos pela 25INTRODUÇÃO À ENGENHARIA legislação. Para tanto, no Artigo 14º, a legislação define que existe a obrigatoriedade da existência, em qualquer um desses trabalhos citados, de assinatura, nome, titulação e número de registro de profissional legalmente habilitado e registrado para a execução da atividade. Da mesma maneira, a legislação define, em seus artigos que vão do 17º ao 23º, que cabem direitos autorais (salvo contrato que expresse ao contrário) ao profissional que executar traba- lhos legalmente registrados. Assim como, somente aos mesmos cabe o poder de realizar quaisquer alterações ou revisão, até mesmo em caso de alteração realizada por outro profissional habilitado, passando ao mesmo a total responsabilidade pelo trabalho em questão. Ademais, é definida pela mesma legislação, nos artigos que vão do 24º ao 54º a criação do Conselho Federal de En- genharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA)e Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), cabendo aos mesmos a verificação e fiscalização do exercício da profissão, seja em empresas, em obras, ou quaisquer trabalhos referentes ao previamente ex- posto pela legislação. Do artigo 55 ao 70, a legislação trata do registro dos pro- fissionais junto ao CREA, definindo que... ...os profissionais habilitados na forma estabelecida nessa lei só poderão exercer a profissão após o registro no Conselho Regional, sob cuja jurisdição achar o local de sua atividade. Assim, para os respectivos exercício e registro, o profissional terá uma carteira contendo o número do registro, a natureza do título, especializações e todos os elementos necessários a sua identificação. Essa carteira profissional, para os efeitos dessa lei, substituirá o diploma, valerá como documento de identidade e terá fé pública. 26INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Tais artigos também tratam do registro das empresas que realizam atividades ligadas ao âmbito da engenharia. Para a manutenção do registro do profissional ou da pessoa jurídica, são definidas anuidades que visam manter os serviços do CONFEA e CREA, bem como tais registros somente são válidos quando as anuidades estão em dia. Logo, o profissional ou entidade que não executar seu pagamento, terão seu regis- tro cancelado e, portanto, inválido para execução do exercício profissional. Mais um ponto interessante estabelecido por lei é que so- mente poderão ser admitidos nas concorrências públicas para obras ou serviços técnicos, também para concursos de proje- tos, profissionais e pessoas jurídicas, os que têm as referidas anuidades em dia. Estipulados direitos e deveres do profissional, a legisla- ção trata, nos artigos que vão de 71 a 79, das penalidades que podem ser atribuídas aos profissionais ou entidades que rea- lizam exercício da profissão em desacordo com o estipulado na legislação, sendo definidas as seguintes, de acordo com a gravidade da falta a. advertência reservada; b. censura pública; c. multa; d. suspensão temporária do exercício profissional; e. cancelamento definitivo do registro. Somente quem pode definir e executar tais penalidades são o CONFEA ou os CREA, sendo também estipuladas pelos mesmos os eventuais valores para multas ou período de suspensão, até mesmo o cancelamento definitivo do registro, o qual impede que o profissional volte a exercer legalmente o exercício da Engenharia. 27INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Por fim, a lei trata da remuneração do Engenheiro, defi- nindo em seus artigos 82 e 83 que as remunerações iniciais dos engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos, qualquer que seja a fonte pagadora, não poderão ser inferiores a 6 (seis) vezes o salário-mínimo da respectiva região. Além disso, que os trabalhos profissionais relativos a projetos não poderão ser sujeitos a concorrência de preço, devendo, quando for o caso, ser objeto de concurso, ou seja, existem valores mínimos esti- pulados pelos próprios CREA quanto ao tema. Além da Lei 5.194 de 24 de Dezembro de 1966, o CON- FEA define qual a atribuição para cada modalidade de profis- sional de Engenharia (mecânica, química, metalúrgica, civil, produção, etc.). Uma boa parte das diferentes especialização da engenharia é estabelecida pela Resolução do CONFEA, número 218, de 28 de junho de 1973. Já algumas outras das diferentes especializações dentro da área de engenharia foram posteriormente definidas por outras legislações que vieram a complementar a anterior. Por exemplo, a Engenharia de Pro- dução é estabelecida de acordo com a Resolução do CONFEA, número 235, de 9 de outubro de 1975, já a engenharia de Computação é estabelecida através da Resolução do CONFEA número 380 de 17 de dezembro de 1993. 28INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Resolução do Confea número 218 de 28 de junho de 1973 Discrimina atividades das diferentes modalidades profis- sionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agro- nomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: • Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação técnica; • Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e especificação; • Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnicoeconômica; • Atividade 04 - Assistência, assessoria e consultoria; • Atividade 05 - Direção de obra e serviço técnico; • Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; • Atividade 07 - Desempenho de cargo e função técnica; • Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica e extensão; • Atividade 09 - Elaboração de orçamento; • Atividade 10 - Padronização, mensuração e controle de qualidade; • Atividade 11 - Execução de obra e serviço técnico; • Atividade 12 - Fiscalização de obra e serviço técnico; • Atividade 13 - Produção técnica e especializada; • Atividade 14 - Condução de trabalho técnico; • Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; • Atividade 16 - Execução de instalação, montagem e reparo; • Atividade 17 - Operação e manutenção de equipamento e ins- talação; • Atividade 18 - Execução de desenho técnico. 29INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Resolução do Confea número 235 de 09 de outubro de 1975 Discrimina as atividades profissionais do Engenheiro de Produ- ção e resolve que compete ao Engenheiro de Produção o desempe- nho das atividades 01 a 18 do artigo 1º da Resolução nº 218, de 29 Junho 1973, referentes aos procedimentos na fabricação industrial, aos métodos e sequências de produção industrial em geral, bem como ao produto industrializado, seus serviços afins e correlatos. Resolução do Confea número 380 de 17 de dezembro de 1993 Discrimina as atividades profissionais do Engenheiro de Pro- dução e resolve que Compete ao Engenheiro de Computação ou Engenheiro Eletricista com ênfase em Computação o desempenho das atividades do Artigo 9º da Resolução nº 218/73, acrescidas de análise de sistemas computacionais, seus serviços afins e correlatos, sendo que Os Engenheiros de Computação integram o grupo ou categoria da Engenharia - Modalidade Eletricista. 30INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Síntese • A profissão de engenheiro é regulamentada e seus direitos e responsabilidades profissionais são definidos conforme a Lei federal 5.194 de 24 de Dezembro de 1966. • As atribuições gerais dos engenheiros são definidas pela resolução do CONFEA nº 218 de 28 de junho de 1973. • As atribuições do engenheiro de produção são definidas pela Resolução do CONFEA nº 235 de 09 de outubro de 1975 e as do engenheiro de computação são definidas pela Resolução do CONFEA nº 380 de 17 de dezembro de 1993. • O engenheiro que executar irregularidades no seu âmbito profissional estará sujeito às penalidades previstas em virtude da regularização de sua profissão. • O profissional deve ser registrado no órgão competente. 31INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Exercícios 1. Quais são, segundo a lei, as atribuições de um engenheiro? 2. Quais são as penalidades sobre a má execução do exercício profissional? 3. Existe a necessidade do registro do profissional em órgão competente? 4. Quais as vantagens de uma profissão regulamentada? 32INTRODUÇÃO À ENGENHARIA A tecnologia, seu bom uso e aplicabilidade cercam o dia a dia da profissão do engenheiro, bem como os métodos para gerenciar o uso destes conhecimentos. PROCESSOS DE GESTÃO E PRINCIPAIS MÉTODOS, TÉCNICAS E PROCESSOS O que são processos de Gestão? Quais técnicas e tecnologias hoje envolvem o estudo da Engenharia? Conforme já comentamos, a profissão do engenheiro é cir- cundada pelo uso da tecnologia, pelo seu desenvolvimento e pela melhor aplicação dessa no âmbito do seu exercício profissional. A tecnologia, de maneira mais ampla, não está tão somente 33INTRODUÇÃO À ENGENHARIA relacionada aosprodutos e aos materiais que uti- lizam como muitos pressupõem, nem tampouco se limita ao uso de tecnologias de informação. Ela também está nos meios utilizados para gerenciar processos e produtos e, para tanto, é primordial ao engenheiro conseguir desenvolver uma visão sistêmica sobre os produtos, processos e sistemas que se utilizam no seu âmbito profissional. Dessa maneira, proporcionará uma melhor união entre as diferentes tecnologias e mais fácil obterá meios de executar suas ou outras operações de forma mais eficiente. Neste capítulo, procuraremos realizar um apanhado geral sobre tecnologias de gestão, de informação e de produtos, as mais utilizadas, ou ainda, que estão sendo mais avaliadas quanto suas aplicabilidades. Lógica de processos e sistemas Um processo é uma operação de transformação, essencialmente, utilizado nas entradas (inputs) que podem ser matéria-prima, insumos, máquinas, pessoas, instruções e, devolvendo as saídas (ou- tputs), que podem ser o serviço, produto, sobras de material, rejeitos, etc. Nesse processo de se utilizar das entradas e, ao realizar a operação, transformar a junção das mesmas em saídas, obrigatoriamente existe um gasto (custo) e agregação de valor (lucro). Portanto, não existe agregação de valor sem transformação, do mesmo modo que não se pode chamar de processo uma operação que não agregue valor. Um sistema tão somente é a ligação de diversos processos, ou seja, as saídas de um processo serão as entradas do processo subsequente. Um processo pode utilizar como objeto principal de trabalho tanto Matérias-primas (normalmente processos industriais), Informações (tipicamente processos sem uma saída tangível) ou Pessoas (serviços realizados ao consumidor). 34INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Materiais Informações Consumidores Manfutatura Mineração e extração Operações de varejo Armazéns Serviços postais Transporte Contadores Matriz de banco Pesquisa e marketing Analistas financeiros Serviços de notícias Institutos de pesquisa Telecomunicações Cabeleireiros Hotéis Transporte de pessoas Teatro/Cinema Parques Dentistas/Médicos Quadro: Tipos de Objetos e suas Operações adaptado de Slack (2009) Figura: Processos e sistemas ProcessoEntrada (Input) Saída (Output) Processo ProcessoProcesso 35INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Planejamento Avançado da Qualidade do Produto - APQP Seguindo pela linha dos processos, uma das tecnologias de Gestão de Processos mais utilizadas atualmente é o Pla- nejamento Avançado da Qualidade do Produto (na sigla, em inglês, e mais aplicada comercialmente, APQP). Conforme define o Manual do APQP, editado pela AIAG (2008), o APQP é uma sistemática de gestão do processo de desen- volvimento de um produto ou serviço e tem como principal objetivo estabelecer etapas e fases de acordo com os níveis de qualidade requisitados pelo cliente em virtude da complexi- dade ou aplicabilidade de seu produto, tudo isso para garantir que os requisitos estabelecidos pelo cliente sejam atendidos. Assim, a meta desse planeja- mento é fazer com que haja uma comuni- cação entre todas as partes envolvidas no projeto, bem como uma fiscalização para que as mesmas sejam cumpridas conforme o planejamento. Os principais benefícios obtidos com a aplicação do APQP são: • Direcionar recursos para satisfazer o cliente; • Promover a identificação antecipada das alterações neces- sárias; • Evitar alterações de última hora; • Fornecer um produto de qualidade dentro do prazo a um custo reduzido. Os objetivos centrais a serem cumpridos com o uso da sistemática são: • O planejamento e definição do programa a ser realizado; • A determinação das expectativas e necessidade aguardadas pelo cliente com relação ao projeto; • Definir e planejar um programa de qualidade a ser utilizado. 36INTRODUÇÃO À ENGENHARIA A metodologia visa a segurança quanto a definição e execução de um projeto para transmitir ao cliente maior nível de confiabilidade ao efetuar a compra do produto final e, para isso, busca determinar controles aplicáveis a todos os processos de manufatura de sistema, subsistemas e componentes. Esses sendo definidos dentro da medida do possível, ainda na fase de projeto e desenvolvimento do produto, com vistas a aplicar os mesmos a sua fase de produção normal para fornecimento. O APQP não visa substituir uma boa sistemática de Gestão de Projeto, com seu cronograma, divisões por fases, detalha- mento de atribuições, ações, responsáveis entre outros. Respec- tivamente, é normalmente utilizado nas empresas, entretanto visa a acrescentar nesses planejamentos uma análise das ati- vidades do produto e do processo, com base no alinhamento dos requisitos dos fornecedores e dos clientes, principalmente em termos de qualidade. Sendo assim, o APQP é reconhecido como um planejamento da qualidade dos produtos, e garante o cumprimento de todas as atividades solicita- das no planeja- mento, para que no final da produção as peças possam atender aos requisitos de qualidade exigidos. O planejamento avançado da qualidade do produto pode ser representado pela figura a seguir, denominada de ciclo de planejamento da qualidade do produto, a qual é similar ao ci- clo PDCA de Demin. A figura é uma forma para se obter um controle de processos, de modo que quando uma fase termina a outra, na sequência, inicia-se. Assim, o ciclo do APQP pode ser definido como “a busca interminável pela melhoria contí- nua que somente pode ser alcançada adquirindo experiência em um programa e aplicando o conhecimento no programa subsequente.” (Manual APQQ AIAG 2008). 37INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Agi r Planejar Realizar Est ud ar Me lho ria co ntín ua Desenvolvimento de tecnologias e conceitos processo e verificação do protótipo Desenvolvimento do produto/ valid açã o d o p roc es so Confir maç ão do pro du to e Avaliação da resposta e ação corretiva Planejar e definir Projeto e desenvolvimento do produto Projeto e desenvolvimento do processo Validação do produto e processo Ciclo de Planejamento da Qualidade de Produto – Fonte Manual APQP AIAG (2008) 38INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Um passo fundamental para o desenvolvimento do APQP é reunir uma equipe de trabalho para realizar o desenvolvimento do cronograma de pla- nejamento da qualidade do produto. O formato do cronograma apresentado, segundo O Manual de APQP da AIAG (2008), facilita a projeção de re- latórios e a relação do início e termino de cada fase, de acordo como está descrito na seguinte figura. Conceito/Início/ Aprovação Planejar e definir o programa Verificação do projeto e desenvolvimento do produto Verificação do projeto e desenvolvimento do processo Validação do produto e do processo Análise da retroalimentação e ação corretiva Aprovação do programa Protótipo Planejamento Projeto e desenvolvimento do processo Análise da retroalimentação e ação corretiva Projeto e desenvolvimento do produto Validação do produto e do processo Planejamento Produção Piloto Lançamento Cronograma de planejamento da qualidade do produto. Fonte: Manual APQP AIAG (2008) 39INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Essa ideia gráfica serve para definir o cronograma das cincos fases que serão abordadas a seguir: Fase 1 – Planejar e definir o programa: Antes da realização do cronograma deve-se iniciar o processo de organização da equipe responsável. Esta fase tem como objetivo assegurar com clareza as necessidades e expectativas do cliente com relação ao projeto, bem como destacar o seu valor competitivo para a empresa. Serão realizadas algumas tarefas que são denomi- nadas de Outputs, são estas: os Objetivos do projeto, metas de confiabilidade e qualidade, lista preliminar de materiais, f luxograma preliminar do processo, f luxograma preliminar de materiais, lista preliminar de características especiais, suporte da gerência e plano de garantia do produto; Fase 2 – Projeto e Desenvolvimento do Produto: Conforme o segmento do projeto, nessaetapa busca-se ter uma ideia da viabilidade do projeto, comparando-se com nível de qualidade requerido, definição de metodologias de produção, condições impostas pelos desenhos da engenharia, custos, pesos por unidade, prazos e a realização de um protótipo. Os Outputs dessa fase são compostos por uma análise com mo- dos e efeitos de falha do projeto (DFMEA), verificação do projeto, projeto para produção e montagem, construção do protótipo, Plano de Controle, análise crítica do projeto, especificações da engenharia, desenhos da engenharia, alteração de desenhos e especificações, bem como as especificações do material. Fase 3 – Projeto e desenvolvimento de processo: Para que essa fase seja rea- lizada de maneira eficiente e rápida, as fa- ses subsequentes devem estar alinha- das e finalizadas com sucesso, pois será aqui que os principais aspectos do plano de manufatura serão definidos para que a realização do sistema de manufatura atenda aos requisitos do projeto. Os Outputs serão listados sendo os padrões e especificações de embalagem, suporte da gerência (disponibilizando operadores e planos de 40INTRODUÇÃO À ENGENHARIA treinamentos), análise crítica do sistema de qualidade, f luxo- grama do processo, layout das instalações, estudos preliminares de capabilidade do processo, instruções do processo, plano de análise de medições, plano de controle de pré-lançamento, análise de modo e efeitos de falha do processo (PFMEA); Fase 4 – Validação do produto e do processo: Com a maior parte do projeto elaborado, essa etapa é estabelecida com o intuito de realizar um checklist dos processos de manufatura. Nesse sentido, uma verificação do f luxograma e do plano de controle é realizada de forma rigorosa para saber qual necessi- dade do cliente está sendo atendida. Os Outputs citados nessa fase são: corridas piloto de produção, avaliação dos sistemas de medição, aprovação do planejamento da qualidade e suporte da gerência, avaliação do plano de controle, aprovação de peças da produção, testes de validação da produção, estudo preliminar de capabilidade do processo; Fase 5 – Retroalimentação, avaliação e ação corretiva: Essa etapa é responsável por avaliar os esforços e o funcionamento de todo o planejamento da qualidade do produto ou serviço. Nesse estágio entrará em vigor e será avaliado a partir que todas as etapas e variações que estiverem presentes e concluídas. Os Outputs são citados como a variação reduzida, maior satisfação do cliente, uso efetivo das lições aprendidas junto às melhores práticas, entrega e assistência aprimoradas. Junto ao APQP, a metodologia acaba citando a necessidade do desenvolvimento de uma série de documentos que visam o registro de todas as fases, além do que, buscam a avaliação futura de qualquer discrepância ocorrida, ou seja, cria-se um histórico sistêmico e rastreável das condições do desenvolvi- mento do produto e processo. Alguns destes documentos são o DFMEA, PFMEA, Plano de Controle, MAS, etc. Todos esses serão vistos em mais detalhes na disciplina de Tópicos Avançados de Qualidade. 41INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Técnicas de produção enxuta Como veremos adiante, na disciplina de Sistemas de Pro- dução, as Técnicas de Manufatura Enxuta são reconhecidas como desenvolvidas na empresa Toyota Motor Company, quando do desenvolvi- mento de implementação à época, também do que foi chamado Sistema Toyota de Produção. Logo, a empresa acabou por definir diversas metodologias e sistemáticas que atualmente são tidas como a linha de pensamento produtivo mais adequada para os atuais ditames e necessidades de mercado, visto que vivemos tempos de demandas variáveis, de baixos volumes de altas variedades de produtos. Portanto, essas ferramentas e sistemas desenvol- vidos na Toyota formam o que os especialistas denominam hoje como Sistemáticas de Manufatura Enxuta (Lean Ma- nufacturing), as quais somente serão citadas neste capítulo para nos fundamentar quanto à estrutura da própria Toyota. Qualidade superior, custo menor e prazo de entrega reduzido, eliminando a perda de tempo das atividades Estabilidade Operacional Heijunka • Trabalho Standard • TPM • Cadeia de valor Cultura de Melhoria Contínua Jidoka • Interrupção manual ou automática da linha • Separação das atividades do operador e da máquina • À prova de erros • Controle visual Jidoka • Takt Time • Fluxo de uma peça • Sistema de puxar a produção Estrutura do Sistema Toyota de Produção adaptado de Liker (2005) 42INTRODUÇÃO À ENGENHARIA As explicações destas técnicas são relativamente extensas, porém serão citadas para um estudo posterior e mais aprofun- dado. • Cadeira de Valor: estudo das dimensões de mercado e ob- jetivos de produtos aplicáveis à organização de forma a melhor definir os conceitos a serem em- pregados no seu sistema produtivo. • TPM (Manutenção Produtiva Total): visa a mantenabili- dade dos níveis produtivos da empresa sob quaisquer tipos de circunstâncias. • Trabalho Standard: definição dos f luxos do processo de cada produto executado no sistema, bem como a definição dos padrões de execução do mesmo quando em situação de produção. • Heijunka: técnica que busca o alisamento de produção de modo que produtos diferentes possam vir a ser processados em um mesmo processo produtivo. • Just-in-Time: ideologia aplicada com vistas ao fato de que, dentro do espaço entendido como aceitável de entrega do produto, a empresa possa realizar as atividades de compra de matéria-prima, recebimento, processamento e entrega do produto final, objetivando o nível de es- toque zero. • Jidoka: ideologia que visa dotar os processos de inteligência suficiente para decidir sobre eventuais flutuações em seus resultados. Em virtude da competitividade do mercado atual, cada vez mais as metodologias de manufatura enxuta fazem-se necessárias de entendimento e aplicação, em qualquer que seja o processo. 43INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Softwares de automação de engenharia e produção O suo de softwares vem sendo uma das grandes alternativas para ganho de produtividade. Em se tratando de engenharia, atu- almente existem diversos sistemas computadorizados de suporte às questões de processos e manufatura, onde os mais conhecidos são: • Sistemas de Projeto Auxiliado por Computador (CAD): softwa- res que auxiliam a desenhar produtos, evitando o uso de papel, canetas especiais, diminuindo questões de erros dimensionais, arquivamento, edição, etc. • Sistemas de Engenharia Auxiliada por Computador (CAE): softwares que auxiliam em questões mais avançadas de projeto. Muitos dos sistemas de CAE, hoje em dia, (normalmente atrela- dos a algum software de CAD) já realizam análise em massa de produtos, verificação de interferência de montagem de produtos distintos, análise de tolerâncias simulando a funcionabilidade 44INTRODUÇÃO À ENGENHARIA do produto em situações de medidas de execução diferentes, análise de fadiga dos produtos utilizando teorias de Análise de Elementos Finitos (FEA), análise do f luxo de fluídos por meio, por entre ou dentro de algum objeto através de teorias de Análise Cinemática e Dinâmica de fluídos (CFD). • Sistemas de Manufatura Auxiliado por Computador (CAM): softwares que auxiliam nas questões de análises, gestão e con- troles de sistemáticas de manufatura, tais como a transferência de arquivos eletrônicos para máquinas (DNC), pro- gramação de máquinas CNC pela simulação do processo de usinagem, execução de protótipos de peças a partir de resinas (Impressoras 3D), simulação de elementos discretos ou eventos de produção (simulação de processos de fabricação). Hoje, essa tecnologia permite, com um número menor de pessoas envolvidas, realizar o Processo de Projeto, que vai desde a concepção até ao protótipo em poucos dias, demonstrando tre- mendos ganhos de produtividade. 45INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Há de se destacar, dentre os softwares considerados CAE, os softwares de Projeto de Processo, onde atualmente é possíveloperar virtualmente máquinas em situações reais de produ- ção, com programação e tempos válidos, simular movimen- tação de operadores em uma dada situação (MTM) e até f luxos produtivos, colocando todas essas questões lado a lado, com um alto grau de certeza, praticamente é possível rea- lizar todo o projeto funcional de um processo antes mes- mo de ser comprada a primeira máquina. Fala-se em ín- dices de acerto de mais de 90%, ou seja, ainda sobram cerca de 10% de ajustes a serem feitos no chão de fábrica com as máquinas instaladas, mas efetivamente isto é uma situação muito melhor do que contar única e exclusivamente com a experiência e catálogos de máquinas, podendo prever situações de velocidades de processos, movimentação, ergo- nomia, capacidade, simulações de ritmo, sequenciamento de produção, verificação virtual do funcionamento dos processos, muito antes do tempo usualmente conhecido. • Sistemas de ERP: os sistemas de ERP (Enterprise Resource Plannning) ou Planejamento de Recursos Corporativos são uma classe de softwares que abrangem um grande número de processos internos da organização, que vão desde o ca- dastro de produtos, estruturas de fabricação, necessidades de produção, planejamento de produção, controle de produção, compra de matéria-prima, pagamentos e custos associados. 46INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Nanotecnologia Em se tratando de tecnologias aplicadas à materiais, atualmente a nanotecnologia é o assunto mais comentado pela vasta gama de aplicabilidades dos conceitos da mesma e dos materiais produzidos por esses conceitos. Existem aplicações tanto na indústria da tecnologia de informação (computadores), como na de tecnologia de comunicações, vestuário, construção civil, construção aeroespacial, construção automotiva, biologia, alimentação, entre outros vários. Uma das tecnologias associadas e necessárias para o estudo da Nanotecnologia é o Microscópio eletrônico de varredura (MEV), que permite a observação de átomos e moléculas ao nível atômico. Essencialmente, a Nanotecnologia trata do estudo de manipulação da matéria em escala atômica e molecular, onde se encontram estruturas com medidas entre 1 a 100 nanômetros (ver capítulo sobre siglas e padrões de medidas). O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos, sendo essa uma área muito promissora e que está literalmente no início dos seus estudos e aplicabilidade, apesar dos já surpreendentes resultados na produção de semicondu- 47INTRODUÇÃO À ENGENHARIA tores, compostos plásticos e metálicos, Chips, Materiais com base biológica, entre outros. O objetivo principal não é chegar a um controle preciso e individual dos átomos, mas elaborar estruturas estáveis com a manipulação dos mesmos. Apesar das incertezas e discussões sobre as implicações futuras da nanotecnologia (estamos tratando de uma tecnolo- gia totalmente nova), o debate acontece de forma relativa aos eventuais problemas ambientais, intoxicações, saúde e fisio- logia, economia, etc. No entanto, até o momento não existe nada formal sobre legislação aplicável para regulação no uso desta tecnologia. Sistemas híbridos de propulsão As discussões acerca de economia e consumo de combustível (visto seu preço que usualmente é crescente), futura escassez e dependência de combustíveis fósseis (gasolina, diesel), potencial de poluição dos mesmos, eficiência energética de motores à combustão são fatores determinantes para uma realidade cada vez mais latente, a do uso de sistemas híbridos de propulsão nos automóveis, entendendo que os automóveis são os maiores usuários de motores de combustão, além de serem produtos de produção e presença mundiais. Os sistemas híbridos de propulsão são, basicamente, a asso- ciação de pequenos propulsores a combustão, os quais auxiliam o carregamento de baterias ou ainda executam a função de apoio em necessidades de potências maiores, juntamente ao uso de motores elétricos que fazem a função de propulsores principais dos veículos automotores. Também existem aplicações que uti- lizam geradores à hidrogênio associados aos veículos, além de sistemas de recuperação de energia, etc. A grande maioria dos sistemas está associada ao uso ou geração de energia elétrica, visto a grande eficiência que pode ser obtida com a utilização desses sistemas. 48INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Outras aplicações de sistemas híbridos dão conta do uso de mais de uma fonte de energia renovável em série ou paralelo, caso de, por exemplo, uso de geradores eólicos com apoio de placas solares para carregamento de bancos de bateria a fim de realizarem a alimentação de energia de residências. Algumas barreiras a esses sistemas ainda estão associadas ao tamanho, peso e custo de baterias, a perda de eficiência de algumas dessas baterias com o passar do tempo, além do custo dos geradores eólicos, por exemplo, ou ainda o custo dos geradores a base de hidrogênio. Muitas são as ideias de aplicação, veículos disponíveis, combinações de sistemas, bem como diversas são as iniciativas de incentivos de desen- volvimento desses sistemas, ainda, algumas dessas são encabeçadas por governos de diversas partes do mundo. Recentemente o Governo Alemão, por exemplo, determinou a extinção de automóveis à combustão até a década de 2050. Pode parecer distante, mas pensando nos impactos mundiais em termos de indústria, materiais envolvidos, tecnologias que ainda precisam ser desenvolvidas ou ainda disseminadas, realmente são metas ousadas. 49INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Internet das Coisas - IoT O termo internet das Coisas, ou internet of things foi definido por Kevin Ashton por volta de 1999, durante uma apresentação na Procter & Gamble (P&G), na qual foi feita a ligação da ideia de RFID (Identificação por radiofrequ- ência do inglês Radio-Frequency IDentification) dentro da cadeia de suprimentos com o tema em foco na época, que era a internet. O termo ganhou expressiva notoriedade na área das telecomunicações sem fio, com a ideia de marcar presença e garantir uma variedade de coisas ou objetos, como RFID, tags, sensores, atuadores, telefones móveis, etc. 50INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Mais atualmente, tem-se como definição, segundo Firjan (2016) que a internet das coisas “é a rede de objetos físicos, sistemas plataformas e aplicativos com tecnologia embarcada para comunicar, sentir ou interagir com ambientes internos e externos. Permite que as coisas interajam uma com as outras e que tomada de decisões sejam feitas”, ou seja, é a interligação dos objetos físicos por meio de dados globais ou locais. Com a IoT, objetos podem ser identificados individualmente e mesmo assim haver interação uns com os outros, afim de alcançar objetivos comuns de forma autônoma. O termo vem literalmente invadindo os diversos ramos da engenharia, seja na parte produtiva, com o advento da Indústria 4.0, seja na parte mecânica, com a maior interati- vidade com os diferentes objetos, na área civil, com a grande conectividade entre os diversos componentes da cadeia e, claro, na parte computacional com o desenvolvimento de sistemas e softwares para as diversas plataformas “conver- sarem” entre si. 51INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Síntese • A engenharia é uma profissão que lida com tecnologia dos mais diversos tipos, o tempo todo. • O uso de tecnologias visa maior rendimento e eficiência aos sistemas. • Quando utilizadas geram impactos positivos e negativos ao exercício profissional do engenheiro. • A necessidade de aprimoramento e aprendizado do uso de certas tecnologias são uma barreira. • Em termos de eficiência, a aplicação destas tecnologias geram benefícios fantásticos para os sistemas onde são aplicadas. 52INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Exercícios 1. Qual a importância do desenvolvimento tecnológico para o exercício profissional de um engenheiro? 2. Que tipos de impactos positivos relacionados à profissão do engenheiro estas tecnologias podem trazer? 3. Que tiposde impactos negativos relacionados à profissão do engenheiro estas tecnologias podem trazer? 4. Você vê a possibilidade de aplicação destas tecnologias no âmbito do seu trabalho? 53INTRODUÇÃO À ENGENHARIA NORMAS E PADRÕES NA ENGENHARIA O que são normas? Quais suas influências no âmbito do exercício da Engenharia? Normas também são um tipo de tecnologia necessária e muito utilizada no âmbito profissional da engenharia, no entanto, criamos um capítulo à parte, visto seu grau de abran- gência e diversidade.Padronização e normatização são uma necessidade latente em termos globais, sendo o engenheiro um dos grandes profissionais envolvidos nesse âmbito. 54INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Cada vez mais, em termos de mundo, busca-se a padroni- zação, não de produtos, pois funcionam ao contrário, porém cada vez mais se quer diversificação. Assim, busca-se padro- nização em termos de padrões de comparação. Uma parte desta demanda por padrões até pode vir do usuário comum, do cliente final dos produtos, mas no geral o grande público não consegue entender tal tipo de padrão normativo, os quais estamos falando agora. Usualmente, esses padrões normativos são relativamente complexos de serem interpretados, em muitos casos requerem conhecimento de causa e experiência no assunto em questão. Fato, é que os mesmos acabam sendo necessários para que, tecnicamente, possam ser comparados dois produtos ou ainda, que determinado processo, meio de avaliação, produto ou defi- nição, seja realizado de uma maneira que efetivamente satisfaça as necessidades técnicas tidas como elementares para o caso em questão e que, ainda, possa-se, em muitas vezes, exigir um mínimo de performance, informação ou ainda resultado de determinado produto ou serviço. Para tal, muitos organismos e sociedades já foram criados com o intuito de estipular padrões. Alguns desses organismos são bem focados em um tipo específico de padronização, como por exemplo, a AWS (American Welding Society) que visa a padronização de métodos de avaliação de insumos e proces- sos de soldagem, única e exclusivamente. Por outro lado, há organismos que definem normas somente no âmbito nacional de um país e outros organismos que têm como missão definir padrões a serem utilizados a nível mundial, como é o caso da ISO (Organização Inter- nacional de Padronização). Já, há outros organismos que são regionais, mas suas normas são aceitas em outros lugares do mundo, um caso, por exemplo, é a DIN (Instituto Alemão de Normatização). 55INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Essas normas são escritas em forma de comitês formados por engenheiros ou técnicos com conhecimento reconhecido sobre ao assunto em questão. Após a descrição da mesma, normalmente é enviada para grupos de interesse que avaliam e verificam a aplica- bilidade da mesma, seus eventuais e possíveis impactos, bem como utilizam-nas por um breve período, em caráter de teste (ou draft, como usualmente são chamados). Ao retornarem, são realizadas as correções necessárias e então publicadas. O engenheiro deve co- nhecer, no âmbito da execução do exercício profissional, as normas existentes e aplicáveis aos processos, produtos ou serviços com os quais está envolvido, a fim de poder fazer a melhor interpretação possível dos requisitos. Chamamos de interpretação, porque em vista da grande diversidade já citada, torna-se bastante complexo pensar em um texto que seja diretamente aplicável na sua íntegra a qualquer situação. O mais normal de acontecer é que seja realizada uma avaliação no texto versus o processo, produto ou serviço para verificar o que os dizeres da norma irão incidir sobre os mesmos. Uma das piores atitudes que um engenheiro pode ter é a de menosprezar uma norma ou não tomar conhecimento da mesma, visto que algumas são mundialmente reconhecidas e estabelecem diversos requisitos. Nesse sentido, muitas delas são compulsórias, ou seja, têm caráter de atendimento obrigatório, sendo assim, sua não observação pode levar o produto ou serviço em questão a falhar em algum requisito ou ainda impedir a execução de um trabalho, ou ain- da, tornar o projeto impraticável, entre outras. Des- se modo, boa parte do trabalho de um engenheiro, principalmente nos dias atuais é compreender a aplicar os ditames de tais normas, quer ele se sinta confortável com isso ou não. A seguir, comentaremos sobre alguns organismos e classes de normas, bem como sobre a aplicabilidade de algumas mais conhecidas. 56INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Normas regulamentadoras brasileiras Conhecidas e denominadas no Brasil como NR’s, segundo o Ministério do Trabalho, as Normas Regulamentadoras, relativas à segurança e saúde do trabalho, são de observância obrigatória pelas em- presas privadas e públicas, bem como pe- los órgãos públicos da administração direta e indireta, e pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, os quais possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Assim, o não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho acarretarão ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente. As NRs são normas emitidas pelo Ministério do Trabalho para determinar pa- drões de segurança e saúde que devem ser atendidos pelas empresas. Algumas destas normas são bastante extensas e complexas, requerem muito tempo de estudo e ava- liação sobre sua aplicabilidade e, ainda, tem caráter compulsório, como já explicado. Atualmente, o ministério do Trabalho têm definidas 35 normas regulamenta- doras emitidas e aplicáveis, sendo que a de número 27 encontra-se revogada, ou seja, inválida. São as NRs a saber: 57INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Norma Regulamentadora Nº 01 - Disposições Gerais; Norma Regulamentadora Nº 19 – Explosivos; Norma Regulamentadora Nº 02 - Inspeção Prévia; Norma Regulamentadora Nº 20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inf lamáveis e Combustíveis; Norma Regulamentadora Nº 03 - Embargo ou Interdição; Norma Regulamentadora Nº 21 - Trabalho a Céu Aberto; Norma Regulamentadora Nº 04 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; Norma Regulamentadora Nº 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração; Norma Regulamentadora Nº 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; Norma Regulamentadora Nº 23 - Proteção Contra Incêndios; Norma Regulamentadora Nº 06 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI); Norma Regulamentadora Nº 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; Norma Regulamentadora Nº 07 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); Norma Regulamentadora Nº 25 - Resíduos Industriais; Norma Regulamentadora Nº 08 – Edificações; Norma Regulamentadora Nº 26 - Sinalização de Segurança; Norma Regulamentadora Nº 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais; Norma Regulamentadora Nº 27 - Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB; Norma Regulamentadora Nº 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; Norma Regulamentadora Nº 28 - Fiscalização e Penalidades; Norma Regulamentadora Nº 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; Norma Regulamentadora Nº 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário; Norma Regulamentadora Nº 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos; Norma Regulamentadora Nº 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário; Norma Regulamentadora Nº 13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações; Norma Regulamentadora Nº 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura; Norma Regulamentadora Nº 14 – Fornos; Norma Regulamentadora Nº 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde; Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres; Norma Regulamentadora Nº 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados; Norma Regulamentadora Nº 16 - Atividades e Operações Perigosas; Norma RegulamentadoraNº 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Re- paração Naval; Norma Regulamentadora Nº 17 – Ergonomia; Norma Regulamentadora Nº 35 - Trabalho em Altura; Norma Regulamentadora Nº 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção; Norma Regulamentadora Nº 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. 58INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Torna-se bastante complicado definir o disposto em todas essas normas visto a extensão de algumas delas, do mesmo modo definir que alguma é mais importante que outra também estaria sendo comentada uma incoerência. Seria incoerente, uma vez que algumas são extremamente direcionadas para operações em específico, já as demais têm aplicabilidade praticamente total em todo e qualquer tipo de processo. Contudo, como forma de destaque, podemos citar a NR de número 12, que trata de segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, ou seja, praticamente todo e qualquer processo produtivo está sendo interferido por tal norma. Respectivamen- te, essa foi emitida originalmente em 1978 e, no ano de 2010, sofreu uma modificação bastante drástica, elevando bastante o grau de severidade dos seus requisitos, mesmo já tendo passado por cerca de 7 pequenos ajustes desde então. Dentro de seus requisitos, estaremos trazendo a transcrição de sua parte introdutória de Disposições Gerais para se ter uma ideia de seu funcionamento e aplicabilidade. Princípios gerais da NR12 atualizada pela redação de 21 de setembro de 2016 12.1 - Esta Norma Regulamentadora e seus anexos defi- nem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, também estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. Ainda, sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. 12.1.1 - Entendemos como a fase de utilização o transporte, montagem, insta- lação, ajuste, operação, limpeza, manutenção, inspeção, desativação e desmonte da máquina ou equipamento. 59INTRODUÇÃO À ENGENHARIA 12.2 - As disposições dessa Norma referem-se às máquinas e equipamentos novos e usados, exceto nos itens em que houver menção específica quanto a sua aplicabilidade. 12.2 - As máquinas e equipamentos comprovadamente destinados à exportação estão isentos do atendimento dos re- quisitos técnicos de segurança previstos nesta Norma. 12.2 B - Essa norma não se aplica em máquinas e equi- pamentos: a) movidos ou impulsionados por força humana ou animal; b) expostos em museus, feiras e eventos, para fins históricos ou que sejam considerados como antiguidades e não sejam mais empregados com fins produtivos, desde que sejam adotadas medidas que garantam a preservação da integridade física dos visitantes e expositores; c) classificados como eletrodomésticos. 12.2 C - É permitida a movimentação segura de máquinas e equipamentos fora das instalações físicas da empresa para reparos, adequações, modernização tecno- lógica, desativação, desmonte e descarte. (Inserido pela Portaria MTE n.º 857, de 25/06/2015). 12.3 - O empregador deve adotar medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos, capazes de garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, bem como medidas apropriadas sempre que houver pessoas com deficiência, envolvidas direta ou in- diretamente no trabalho. 12.4 - São consideradas medidas de proteção a ser adotadas nessa ordem de prioridade: a) medidas de proteção coletiva; b) medidas administrativas ou de organização do trabalho; c) medidas de proteção individual. 60INTRODUÇÃO À ENGENHARIA 12.5 - Na aplicação desta Norma e de seus anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos do processo, a apreciação de riscos e o estado da técnica. 12.5 A - Cabe aos trabalhadores: a) cumprir todas as orientações relativas aos procedimentos seguros de operação, alimentação, abastecimento, limpeza, manutenção, inspeção, transporte, desativação, desmonte e descarte das máquinas e equipamentos; b) não realizar qualquer tipo de alteração nas proteções mecânicas ou dispositivos de segurança de máquinas e equi- pamentos, de maneira que possa colocar em risco a sua saúde e integridade física ou de terceiros; c) comunicar seu superior imediato se uma proteção ou dispositivo de segurança foi removido, danificado ou se perdeu sua função; d) participar dos treinamentos fornecidos pelo empregador para atender às exigências/requisitos descritos nesta Norma; e) colaborar com o empregador na implementação das disposições contidas nesta Norma. 12.5.1 - Não é obrigatória a observação de novas exigên- cias advindas de normas técnicas publicadas posteriormente à data de fabricação, importação ou adequação das máquinas e equipamentos, desde que atendam a Norma Regulamentadora n.º 12, publicada pela Portaria n.º 197/2010, seus anexos e suas alterações posteriores, bem como às normas técnicas vigentes à época de sua fabricação, importação ou adequação. Como pontos a serem enfatizados, o fato da norma estipu- lar que a mesma é aplicável a qualquer equipamento utilizado nos processos, independentemente de sua data de fabricação e do fato de terem sido adquiridos usados, sendo que também são consideradas máquinas as de uso agrícola, mesmo as auto propelidas, ou seja, estas não são consideradas veículos, e sim, máquinas de produção. 61INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Normas ISO ISO é a sigla de International Organization for Standardization, é uma entidade de padronização e normatização que foi criada em Genebra, na Suíça, em 1947. Em grego ISOS significa “igual”, que re- mete a padrão, o qual é o propósito da instituição. O Organismo tem como objetivo principal aprovar normas inter- nacionais em todos os campos técni- cos, como normas técnicas, classificações de países, normas de procedimentos e processos, e etc. A ISO promove a normatização de empresas e produtos, para manter a qualidade permanente. Suas normas mais conhecidas são a ISO 9000 e ISO 14000. Norma ISO 9001 As normas da série ISO 9000 constituem uma série de padrões internacionais para “Gestão da Qua- lidade” e “Garantia da Qualidade”, ou seja, elas não 62INTRODUÇÃO À ENGENHARIA são destinadas a um “produto” e nem para alguma indústria específica, têm aplicabilidade a praticamente todo o tipo de processo, no entanto, não é uma norma compulsória, sendo a mais conhecida desta série a norma ISO9001. A ISO9001 tem como objetivo orientar a implantação de sistemas de qualidade nas organizações. As regras e os pa- drões da Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade são complementares aos padrões do produto, e são implanta- dos para melhorar a sua qualidade, com impacto na funcionali- dade do Sistema da Qualidade, sendo que tem como produto um aumento da sua produtividade, decorrente da redução de desperdícios, da redução de produtos não conformes, ainda, da redução de retrabalho na execução das atividades. A respectiva norma não garante que a qualidade do seu produto é melhor que a do seu concorrente, garante apenas que a sua empresa se comprometa a entregar ao cliente exatamente aquilo que prometeu na hora da venda. A empresa se compro- mete a resolver qualquer problema decorrente dessa venda, do mesmo modo que não garante a ausência de falhas, mas que todas essas sejam registradas e analisadas para descobrir a causa básica, bem como corrigidas para evitar a sua repetição. Atualmente, está na versão denominada ISO9001:2015, sendo que a mesma está, neste momento,
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