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DIREITO EMPRESARIAL I artigo

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DIREITO EMPRESARIAL
EMPRESÁRIO, ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, PROPRIEDADE INDUSTRIAL E DIREITO DA CONCORRÊNCIA
NOTAS INTRODUTÓRIAS
· A produção e circulação de bens e serviços passou por diversas etapas em seu processo evolutivo, sendo que a atividade econômica sempre foi e sempre será a matriz das relações fundamentais determinantes da superestrutura política e jurídica. 
· Num primeiro momento pode-se ter a idéia errônea de que direito comercial de que este seja o ramo do direito reservado somente ao comércio e aos comerciantes. Esta idéia, entretanto, não corresponde à realidade, mas pode ser explicada através da evolução histórica do Direito Comercial. 
· Comércio é o ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca de mercadorias. 
· Para que se efetive o comércio há que se falar na figura do comerciante. 
· A evolução do comércio (cum + merx= commutatio mercium = troca de mercadorias) se dá com a eclosão das cidades medievais e da burguesia, revelando estreita ligação com o Direito Comercial, sendo que a troca de mercadorias é o estágio preambular deste ramo do Direito, onde já se identifica uma atividade profissional organizada promotora da circulação de bens, com intuito lucrativo.
· No entanto, já há que se falar em Direito Comercial à era de Justiniano, sendo que a pré-história do Direito Comercial se encontra no Corpus Juris Civilis onde vêm consagradas contribuições mercantis das civilizações antigas, dentre as quais podemos citar a Lex Rodhia Jactu (alijamento) e Nauticum Foenus (mútuo e seguro marítimo). 
· No entanto, foi nos séculos posteriores que as praticas mercantis medievais foram sistematizadas, época na qual foram realizadas as compilações estatutárias, como Consuetudines (Genova, 1055), Constitutum Usus (Pisa, 1161) e o Liber Consuetudinum (Milão, 1216), além das súmulas marítimas de arbitragem.
· Durante o séc. XVII, sob o mercantilismo, a França produziu duas ordenações, uma sobre o comércio terrestre (Code Savary) e outras atinente ao comércio marítimo. Posteriormente, no ano de 1808, é promulgado o Code de Commerce, sendo marco do abandono do subjetivismo corporativista e a implantação da objetividade dos atos de comércio. Este diploma comercial foi base de vários outros ordenamentos jurídicos, inclusive o brasileiro – o Código Comercial de 1850.
· Na tradição romanística são dois os sistemas da disciplina da atividade econômica: o francês e o italiano. A diferença básica entre eles é a de que no sistema francês as atividades econômicas são agrupadas em dois grandes conjuntos, sujeitos a regimes próprios – o civil e o comercial; para o italiano, por sua vez, se estabelece um regime geral para o exercícios das atividades, do qual apenas se exclui algumas poucas que necessitam de tratamento específico. 
· O sistema francês precede ao sistema italiano, tendo surgido com a promulgação do Código Comercial napoleônico, em 1808. O sistema italiano, por sua vez, tem surgimento no ano de 1942 com a promulgação do Código Civil italiano, estabelecendo a unificação do direito privado. 
· A base do sistema francês é a teoria dos atos de comércio, ou seja, uma forma de objetivação do tratamento jurídico da atividade mercantil. Ou seja, com a teoria dos atos de comércio, o direito comercial deixa de ser o direito de apenas uma categoria de profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a disciplina de um conjunto de atos que poderiam ser praticados por qualquer cidadão. 
· Isto não significa, entretanto, que antes da teoria dos atos de comércio, não haviam regras sobre a matéria mercantil, sendo que haviam normalizações desde épocas remotas, como no Código de Hamurabi. No entanto, não havia um sistema de direito comercial, ou seja, um conjunto de normas sobre o comércio coordenadas por princípios comuns. Tais regras comuns só surgem na época medieval, no seio de feudalismo.
· Assim, a historia do Direito Comercial pode ser dividida em quatro fases. Vejamos cada qual.
HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL:
O direito comercial surgiu, fragmentariamente, na Idade Média, pela imposição do desenvolvimento do tráfico mercantil. É compreensível que nas civilizações antigas, entre as regras rudimentares do direito imperante, surgissem algumas para regular certas atividades econômicas. Os historiadores encontram normas dessa natureza no Código de Manu, na índia; as pesquisas arqueológicas, que revelaram a Babilônia aos nossos olhos, acresceram à coleção do Museu do Louvre a pedra em que foi esculpido há cerca de dois anos a.C. o Código do Rei Hammurabi, tido como a primeira codificação de leis comerciais. São conhecidas diversas regras jurídicas, regulando instituições de direito comercial marítimo, que os romanos acolheram dos fenícios, denominadas Lex Rhodia de lactu (alijamento), ou institutos como o foenus nauticum (câmbio marítimo).
Mas essas normas ou regras de natureza legal não chegaram a formar um corpo sistematizado, a que se pudesse denominar "direito comercial". Nem os romanos o formularam. Roma, devido à organização social estruturada precipuamente sobre a propriedade e atividade rurais, prescindiu de um direito especializado para regular as atividades mercantis. Os comerciantes, geralmente estrangeiros, respondiam perante o praetor peregrinus, que a eles aplicava o jus gentium.
Na era cristã, ao se aproximar a decadência, transformações acentuadas da estrutura econômica de Roma deixavam antever a expansão comercial. As leis que proibiam aos senadores e patrícios o exercício da atividade mercantil, por ser degradante, foram contornadas ou burladas. Fortalece-se um intenso capitalismo mercantil e urbano, que a demagogia procura enfrentar, dando dilações aos devedores, e criando uma situação de relaxamento no cumprimento de obrigações, contra os credores, que os romanistas habitualmente registram.
O nascente capitalismo mercantil de Roma, todavia, sofre sério colapso, em seu desenvolvimento, com a invasão dos bárbaros e fracionamento do território imperial, iniciando-se a fase feudal. Nos séculos VIII e IX surgem em Bizâncio as chamadas leis pseudoródias, jus greco-romano, que derivam das Institutas de Justiniano e incorporam costumes do Mediterrâneo, já apresentando origem privada, como todo o direito comercial medieval.
O direito civil romano, que era admitido internacionalmente, cede ao direito territorial, que passa a prevalecer, embora abeberando-se nas conquistas e fórmulas enunciadas pelos antigos juristas, mescladas então pelo direito canônico. As relações jurídicas no feudo são eminentemente locais, sob a influência do direito romano e do direito canônico.
Ora, quando após o século XI inicia-se nova fase de desenvolvimento econômico da Europa, retomou-se, como arma jurídica de garantias dos credores, o remanescente direito romano voltado para a defesa do devedor, ainda agravado pelos preceitos canônicos, de aversão e proscrição das atividades lucrativas, inspirados no versículo bíblico do Deuteronômio: "Ao teu irmão não emprestarás com usura. . . ".
De acordo com Ricardo Negrão, o direito comercial desenvolveu-se à margem do direito civil, na prática e no exercício do comercio ao longo dos séculos, sendo sistematizado, somente, na Idade Média. Para Ascarelli, o direito comercial surge com o florescimento das primeiras cidades burguesas, sendo a época em que o direito comercial começa a firmar-se em contraposição ao regime feudal, mas distinguindo-se também do direito romano comum.
· A primeira fase se inicia a partir da segunda metade do séc. XII com a reunião dos artesãos e comerciantes em corporações de ofício. Tais corporações se constituíam em jurisdições próprias cujas decisões vinham fundamentadas em usos e costumes praticada por seus membros. Neste período, o direito comercial se caracterizava pelo acento subjetivo e apenas era aplicado aos comerciantes associados às corporações. 
· No entanto, é já neste período que surgem importantes institutos do DireitoComercial, como o seguro, a letra de câmbio e atividade bancária, dentre outras. A Itália serve como ponto de referência em virtude de sua localização geográfica estratégica para as cruzadas e da importância das cidades italianas no comércio internacional. 
· Assim, a historia do direito comercial é normalmente dividida em quatro períodos. No primeiro, entre a segunda metade do séc. XII e a segunda metade do séc. XVI, o direito comercial é aplicável aos integrantes de uma determinada corporação de oficio, a dos comerciantes. Adota-se, assim, um critério subjetivo para definir seu âmbito de incidência. A letra de cambio, os bancos e seguros são exemplos de institutos já existentes neste período. 
· Deste modo, a primeira fase do direito comercial é caracterizada pelo fato de ser um direito de classe ligado aos comerciantes e por eles dirigido, sendo aplicado pela figura do cônsul nas corporações de oficio. Nesta época, o comercio era itinerante, ou seja, o comerciante levava mercadorias de uma cidade para outra, sempre em direção às grandes feiras, nas quais antigas praticas converteram-se em usos e normas por todos reconhecidos, como por exemplo, a letra de cambio. Em sua evolução as feiras se especializaram, surgindo os mercados (nada mais que feiras cobertas). Foi com as feiras que uma serie de serviços surgiram, como cambio, títulos de credito, bancos e bolsas de valores. Pertence a este período o contrato de seguro, a constituição de fundo de comercio e a idéia de signos distintivos e o uso da marca e origem do produto. Também é quando surgem as sociedades familiares, havendo a evolução das sociedades mercantis (sociedades marítimas) e sociedades em conta de participação. As chamadas companhias surgiram como instituições familiares (cum, com / panis, pão) e, posteriormente, receberam o nome de sociedade em nome coletivo. É característico desta fase também o aspecto de universalidade (cosmopolita) do direito comercial.
· Na última metade do séc. XVI, com o surgimento do mercantilismo, inicia-se o segundo período do direito comercial. É neste período que se verifica a unificação nacional da França e da Inglaterra e a uniformização das normas jurídicas sobre atividades econômicas. Na França, as corporações de oficio passam a perder sua competência jurisdicional para os tribunais do Estado nacional. No entanto, continua a existir um direito fundamentado nos usos e costumes dos comerciantes. 
· É característico deste período histórico do direito comercial o surgimento da sociedade anônima, sociedade esta adequada para os grandes empreendimentos mercantis da expansão colonial. 
· Resume-se, assim, o segundo período com a unificação inglesa e francesa, e o direito comercial ainda caracterizado pelo subjetivismo. Destaque para o surgimento da sociedade anônima. 
· A segunda fase coincide com o período do mercantilismo, caracterizando-se pela expansão colonial e sendo a época áurea das grandes sociedades, sob autorização do Estado. Neste período as normas de direito comercial são emanadas do poder soberano, surgindo as codificações por toda Europa.
· O terceiro período inicia-se com a codificação napoleônica, ocorrendo a objetivação do direito comercial, ou seja, sua transformação em disciplina jurídica aplicável a determinados atos e não a determinadas pessoas. No entanto, o direito comercial continua sendo o ramo do direito com normas protecionistas aos comerciantes. 
· Adota-se, neste período, a teoria dos atos de comércio como critério de identificação do âmbito de incidência deste ramo do direito, abolindo-se o corporativismo. 
· Assim, qualquer cidadão pode exercer atividade mercantil, e não apenas aqueles que eram associados a determinadas corporações de oficio. 
· O Código Civil de 1804 influenciou todos os paises de tradição romanística. Assim, pode-se resumir a teoria dos atos de comércio a uma relação de atividades econômicas, sem que entre elas se possa encontrar qualquer elemento interno de ligação. 
· O terceiro período, desta forma, se caracteriza pela superação do critério subjetivo de identificação do âmbito de incidência do direito comercial. A partir dos códigos napoleônicos, ele não é mais direito dos comerciantes, mas dos atos de comércio. 
· Concluindo, a terceira fase coincide com o liberalismo econômico, havendo a promulgação do Código Napoleônico e do Código Comercial brasileiro. Afasta-se, neste período, a idéia de o direito comercial ser um direito dos comerciantes para se estabelecer o direito comercial como sendo aquele ramo do direito que rege os atos de comercio. Ou seja, a pratica de determinados atos, quando exercidos habitualmente e com profissionalidade, terá a proteção da legislação especial. A adoção do conceito de ato de comercio surge como resultado da expansão da autoridade e da jurisdição das corporações de comercio. 
· Por fim, a ultima fase do direito comercial se inicia no ano de 1942 com a promulgação do Código Civil italiano e a adoção da teoria da empresa. 
· Assim, este novo diploma italiano passa a disciplinar tanto matéria civil quanto comercial, ocorrendo a unificação do direito privado. Vem substituir a teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa. 
· O sistema italiano de regular a atividade econômica encontra sua síntese na teoria da empresa. 
· De acordo com o sistema francês, excluíam atividades de grande importância econômica, como prestacao de serviços, agricultura, agropecuária, negociação imobiliária, etc. 
· O sistema italiano, por sua vez, reserva uma disciplina especial para tais atividades, como a dos profissionais liberais, por exemplo.
· Assim, conceitua-se empresa como a atividade onde sua marca essencial é a obtenção de lucros como oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes mediante organização de fatores de produção (força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia). 
· Como atividade profissional e organizada, a empresa tem estatuto jurídico próprio, que possibilita seu tratamento até mesmo com a abstenção do empresário. 
· A empresa figura, assim, com crescente importância, entre os fundamentos da disciplina jurídica da atividade econômica da atualidade, o principio da preservação da empresa, isto é, do empreendimento, da atividade em si. 
· O sistema italiano da disciplina privada da atividade econômica superou o sistema francês, havendo a unificação da matéria privada, não ocorrendo mais a dicotomia civil / comercial. Deste modo, os legisladores têm preferido criar um regime geral para a disciplina privada da economia, sendo que a teoria dos atos de comércio foi superada pela teoria da empresa.
· Deste modo, o marco inicial do quarto e último período da historia do direito comercial é a edição, em 1942, do Código Civil italiano, que reúne numa única lei as normas de direito privado (civil, comercial e trabalhista). Neste período, o núcleo conceitual do direito comercial deixa de ser o ato de comercio e passa a ser a empresa. 
· Pode-se conceituar empresa como atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem a natureza jurídica do sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial (coisa).
· A ultima fase – fase do Direito de Empresa – surge em 1942 com a promulgação do Código Civil Italiano. Nesta nova fase, o direito comercial é o ramo do direito privado que regula a atividade do antigo comerciante e do empresário moderno, bem como as relações jurídicas firmadas durante o exercício profissional das atividades mercantis e empresariais. Deste modo, o direito comercial não desaparece com o novo código civil, mas renasce como direito de empresa. 
· HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL 
· Desde o descobrimento do Brasil há que se falar em comércio em território brasileiro. No entanto, não há que se falar em um legítimo Direito Comercial pátrio pois, como colônia portuguesa, o país era obrigado a se submeter às normas da Coroa. 
· No entanto, é somentecom a vinda do Príncipe Don João VI ao Brasil, em virtude do bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte à Inglaterra e com a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, que surge um legítimo Direito Comercial brasileiro. Deste modo, no ano de 1808, aos 28 de janeiro, é decretada a Carta Régia, “édito de caráter expressamente provisório, acabou, no entanto, criando condições econômicas de fato irreversíveis” (COELHO: 2006, 21).
· No mesmo ano três novos diplomas comerciais são editados e que terão grande relevância no cenário econômico. São eles: o Alvará de 1º de abril, permitindo o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas; o Alvará de 23 de agosto, instituindo, na cidade do Rio de Janeiro, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e; por fim, o Alvará de 12 de outubro, o qual criou o Banco do Brasil (FERREIRA: 2005, 6).
· De acordo com Coelho, a edição de tais Alvarás teve o intuito de propiciar as condições de vida exigidas pela corte portuguesa instaladas em solo brasileiro, bem como atender as exigências do imperialismo inglês. 
· Posteriormente, com o retorno de D. João VI à Portugal, criam-se as condições políticas para a independência do Brasil. É neste contexto que, em 7 de setembro de 1822 é proclamada a independência brasileira. Para suprir a carência de uma legislação comercial própria, é eleita no ano de 1823 a Assembléia Constituinte e Legislativa, determinando que continuam em vigor as leis portuguesas vigentes até 25 de abril de 1821. Deste modo, o direito comercial brasileiro continua a ser regido pela “Lei da Boa Razão”, de 1769, a qual autorizava a invocar, subsidiariamente, nas questões mercantis, as normas legais de outras nações, como França, Espanha e mesmo Portugal, que passam, sem a autoridade da Lei da Boa Razão, a constituir a verdadeira legislação mercantil nacional. 
· No entanto, em virtude do crescimento econômico vivido pelo Brasil neste período, a utilização da Lei da Boa Razão mostrou-se insuficiente, constatando-se pela necessidade de se elaborar um verdadeiro Código Comercial nacional. Para tanto, no ano de 1832 foi nomeada pela Regência uma comissão de comerciantes para a elaboração do diploma legislativo.
· Os trabalhos da presente comissão findaram-se no ano de 1834, sendo que o estatuto elaborado continha 1299 artigos, divididos em três partes, assim dispostas: primeira parte trazendo disposições acerca das pessoas do comércio, dos contratos e das obrigações; segunda parte disciplinando o comércio marítimo e; a terceira parte regendo sobre as quebras, sendo ainda acrescido um título complementar sobre a administração da justiça nas causas comerciais. 
· Neste mesmo ano referido projeto foi remetido para a Câmara dos Deputados, sendo promulgado somente em 1850, através da Lei n. 556, a qual instituía o “Código Comercial do Império Brasileiro”, sendo fortemente influenciado pelo Código Comercial francês, adotando, assim, a teoria dos atos de comércio, furtando-se, entretanto, de elencar os reputados atos comerciais, como fizera o código francês (COELHO: 2006, 22).
· O Regulamento n. 737, de 1850, o qual destinava-se, inicialmente, a regular o processo nas causas comerciais, mas que acabaria sendo a lei de regência de quase todo o direito processual civil, por expressivo espaço de tempo. O art. 19 do mencionado diploma legal, acaba elencando quais são os atos comerciais, definindo-se as atividades sujeitas à jurisdição dos Tribunais do Comércio.
· Art. 19: Consideram-se atos de mercancia:
· §1º A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie manufaturados, ou para alugar seu uso;
· §2º As operações de câmbio, banco e corretagem;
· §3º As empresas de fábrica, de comissões, de depósitos, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos;
· §4º Os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo;
· §5º A armação e expedição de navios. 
· Mesmo com a extinção dos Tribunais do Comércio, o ordenamento jurídico pátrio continuou a disciplinar a atividade econômica a partir da teoria dos atos de comércio, distinguindo, assim, os atos civis dos comerciais. 
· Em relação ao Código Comercial, Requião afirma que:
· Este diploma, até hoje elogiado pela precisa técnica de sua elaboração, teve como fontes próximas o Código francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833. Foi compilado, como registram os autores, em grande parte do Código português, mas J. X. Carvalho de Mendonça acentua que não era cópia servil de nenhum deles, mas foi o primeiro trabalho original que, com feição nova, apareceu na América Latina.
· Com a promulgação do novo Código Civil, nosso ordenamento jurídico se aproxima do sistema italiano, passando a definir empresário como o profissional exercente de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Exclui-se do conceito de empresário aquele que exerce atividade intelectual, de natureza cientifica, artística ou literária, ainda que conte com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constitui elemento de empresa. 
· Este dispositivo (art. 966, p.u, CC) se refere, de um modo geral, ao profissional liberal (advogado, dentista, médico, engenheiro, etc.), que apenas se submete ao regime geral da atividade econômica se inserir sua atividade especifica a uma organização empresarial. Em situação diversa encontram-se os empresários rurais, que são dispensados de inscrição no registro de empresa e dos demais deveres impostos aos inscritos (art. 970). 
· No entanto, ainda antes da entrada em vigor do novo Código, o direito pátrio já vinha adotando a teoria da empresa, uma vez que as ultimas inovações legislativas já não prestigiavam mais o sistema francês, como o Código de Defesa do Consumidor, onde todos os fornecedores submetem-se ao mesmo sistema, independente de atuarem no ramo imobiliário, industrial ou prestador de serviço. 
Durante o período do Brasil-colônia as relações jurídicas pautavam-se, como não podia deixar de ser, pela legislação de Portugal. Imperavam, portanto, as Ordenações Filipinas, sob a influência do direito canônico e do direito romano.
Quando, porém, a família imperial, acossada pelas tropas napoleônicas, refugiou-se na colônia, esta necessariamente haveria de evoluir em seu status. Inicia-se, assim, a composição de um direito mais de natureza e finalidade econômica do que propriamente comercial. Impunha-se a organização da Corte, como sede de uma monarquia. E, por isso, sob o patrocínio de José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu, pela chamada Lei de Abertura dos Portos, de 1808, os estuários brasileiros abrem-se ao comércio dos povos, até então cerrados pela mesquinha e estreita política monopolista da metrópole. Outras leis e alvarás se sucedem, como a que determina a criação da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, para estimular as atividades produtivas da nação que surgia. Sobressai-se, nesses atos da monarquia recém-instalada, o alvará de 12 de outubro de 1808, que cria o Banco do Brasil, com programa de emissão de bilhetes pagáveis ao portador, operações de descontos, comissões, depósitos pecuniários, saques de fundos por conta de particulares e do Real Erário, para a promoção da "indústria nacional pelo giro e combinação de capitais isolados".
Proclamada a Independência, convocada a Assembléia Constituinte e Legislativa de 1823, promulga esta a lei de 20 de outubro, que mandou continuar, no Império, as leis portuguesas vigentes a 25 de abril de 1821. Entre essas leis é de ressaltar, pela sua influência e importância, a Lei da Boa Razão, surgida em 18 de agosto de 1769, que autorizava invocar-se como subsídio nas questões mercantis as normas legais "das nações cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e sã jurisprudência". Essa curiosa lei tornava plausível a invocação do direito estrangeiro como subsidiário do direito lusitanoe, agora, brasileiro. Por isso, observa J. X. Carvalho de Mendonça, que "o Código Comercial francês, de 1807, com irradiação intensa pelo mundo inteiro, e, mais tarde, os Códigos Comerciais da Espanha de 1829 e de Portugal de 1833, aliás, sem a autoridade do primeiro, passaram a constituir a verdadeira legislação mercantil nacional".
Mas o espírito nacional do jovem Império passou a exigir, como afirmação política de sua soberania, a criação de um direito próprio, consentâneo com os seus interesses e desenvolvimento. A Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação desde logo resolvera encarregar Silva Lisboa de organizar o Código de Comércio. A iniciativa recrudesceu em 1832, quando a Regência nomeou uma comissão de comerciantes, como era de bom-tom, composta por Antônio Paulino Limpo de Abreu, José Antonio Lisboa, Inácio Ratton, Guilherme Midosi e Lourenço Westin, este cônsul da Suécia, para elaborar um projeto de Código Comercial. Essa comissão, presidida por Limpo de Abreu e depois por José Clemente Pereira, desincumbiu-se do encargo, tendo sido o projeto enviado à Câmara em 1834.
Após a morosa tramitação desse projeto, acuradamente debatido nas duas Casas Legislativas, foi sancionada a Lei n° 556, de 25 de junho de 1850, que promulgava o Código Comercial brasileiro. Esse diploma, até hoje elogiado pela precisão e técnica de sua elaboração, teve como fontes próximas o Código francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833. Foi compilado, como registram os autores, em grande parte do Código português, mas J. X. Carvalho de Mendonça acentua que "não era cópia servil de nenhum deles", mas foi "o primeiro trabalho original que, com feição nova, apareceu na América".
Tratou-se, após a sua promulgação, da respectiva regulamentação. Surgiu, assim, no mesmo ano de 1850, o famoso Regulamento n° 737, que representa um monumento soberbo de nossa legislação, na justa apreciação de J. X. Carvalho de Mendonça.
Passa, então, o Código, a sofrer os temperamentos e as acomodações de seus embates com a vida nacional. A matrícula, sobre a qual assentava a qualificação de comerciante, sofreu rude golpe com o Decreto n. 1.597, de 1855; os Tribunais do Comércio foram modificados, até que extintos pela Lei n. 2.662, de 1875, quando se unificou o processo judicial. Em 1866, pela Lei n'° 1.350, o juízo arbitral, que era obrigatório, passou a ter caráter facultativo. Em 1882 as sociedades anônimas se desprenderam, na sua formação, do controle do Estado, podendo ser livremente constituídas. Em 1908 surge o Decreto n° 2.044, ajustando o nosso direito cambiário às mais modernas conquistas da ciência. No setor do direito falimentar a evolução foi positiva e segura. Um dos livros do Código dedicava-se exclusivamente às "quebras", sofrendo rápido aperfeiçoamento tão logo o desenvolvimento incipiente e as crises de nosso sistema bancário e industrial o exigiram, como no caso da falência da Casa Mauá e da crise do Encilhamento, em 1893. Pelo Decreto n9 917 inseriu-se a concordata preventiva, até então inexistente. J. X. Carvalho de Mendonça, por fim, em 1908, contribuiu com o magnífico projeto do Decreto n° 2.024, alterado somente em 1929. Hoje a nossa Lei de Falências, fundamentando a sua caracterização não na cessação dos pagamentos do comerciante, mas na sua impontualidade, tornou-a uma das mais severas legislações dos povos civilizados, acentuando-se a sua originalidade.
Mas desde o início do século impôs-se a necessidade da revisão do Código. Inglez de Souza elaborou, em 1912, anteprojeto que serviu de base aos trabalhos legislativos da reforma, sendo aperfeiçoado em 1928 no Senado Federal, não tendo, porém, seguimento. Florêncio de Abreu, em 1949, foi incumbido de elaborar novo anteprojeto, divulgado pelo Ministério da Justiça, não tendo também encaminhamento. Por fim, tentou-se a elaboração de um Código de Obrigações, englobando a matéria do antigo Código, tendo sido encaminhado ao Congresso Nacional pelo Governo Castello Branco. Pouco depois, com o Projeto de Código Civil, foi retirado pelo mesmo Governo, encontrando-se novamente entregue ao estudo da douta comissão de juristas, que compôs o Anteprojeto de Código Civil, unificado, publicado no Diário Oficial da União, em 7 de agosto de 1972.
OBJETO
· A trajetória histórica do direito comercial pode ser concebida como um retrato dinâmico de diversos referenciais utilizados para diagnosticar o que é ou o que não é mercantil. Seu nascimento marginal explica a constante preocupação em diferenciar a matéria civil da comercial e identificar com precisão a relação jurídica mercantil. 
· Matéria mercantil é um conceito que é diretamente afetado pelas circunstancias históricas, devendo ser compreendido através desta perspectiva.
· Como já visto, através da perspectiva histórica, podemos identificar três fases que correspondem aos três critérios determinadores do objeto do direito comercial. 
· A relação jurídica mercantil definida pela qualidade do sujeito – onde o direito comercial era aplicado tendo em vista o critério subjetivo – aplicado somente aos comerciantes filiados às corporações de oficio;
· Relação jurídica mercantil definida pelo critério objetivo, ou seja, definida pela natureza do objeto: teoria dos atos de comércio;
· Direito comercial como direito das relações decorrentes da atividade empresarial. 
· Assim, recapitulando o histórico visto anteriormente, nos primeiros momentos de sua historia, o direito comercial foi concebido subjetivamente, como sistema normativo regente da classe dos comerciantes. Era um ramo jurídico iniciado e desenvolvido por e para mercadores. As corporações de oficio e as decisões dos cônsules (juizes corporativos) criaram um direito classista: somente os matriculados nas corporações eram comerciantes com acesso aos tribunais consulares e aptidão para a falência e concordata. 
· As transformações políticas, econômicas e sociais demonstraram a inviabilidade deste critério para se determinar a relação jurídica mercantil. Assim, este direito comercial de raiz medieval foi substituído pelo direito igualitário, abstrato e unitário calcado na prática de determinados atos definidos pelo ordenamento positivo como mercantis.
· Com a codificação napoleônica, o direito comercial passa a depender de um catálogo legal de atividades economias, ou seja, o casuísmo dos atos de comércio sem uma definição pontual do que seja ato de comércio. 
· No Brasil, o Código Comercial de 1850 não elencou quais eram os atos de comércio, disposição esta que ficou por conta do Regulamento 737, em seu art. 19, como já visto anteriormente. 
· Assim, o ato de comércio como conceito jurídico acabou sendo superestimado e deturpado, como se fosse o critério definidor do atributo da comercialidade. 
· A terceira posição centra-se na figura do empresário com base no conceito de empresa, que ultrapassa do mero empreendimento, para envolver todas as atividades organizadas economicamente para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
CONCEITO
· De acordo com Carvalho de Mendonça, para se conceituar o direito comercial também deve-se considerar o seu período histórico. Assim, à época dos atos de comércio, podia se conceituar como: “a disciplina jurídica reguladora dos atos de comercio e, ao mesmo tempo, dos direitos e obrigações das pessoas que os exercem profissionalmente e dos seus auxiliares”. 
· Já para Fran Martins, em um conceito mais atual, “é o conjunto de regras que regulam as atividades das empresas e empresários comerciais, bem como dos atos considerados comerciais, mesmo que estes atos não se relacionem com as atividades da empresa”. 
· São algumas diretrizes básicas:
· A organização da atividade implica a distinção entre empresa (a própria atividade), o empresário ou a sociedade empresaria (sujeito de direito) e o estabelecimento empresarial (universalidade de fato instrumental do exercício da empresa);
· A profissionalidade do exercício;
· A condição produtiva ou circulatória de bens ou serviços;
· O intuito lucrativo. 
FONTES DO DIREITOCOMERCIAL 
· Fonte do direito é o meio de realização do direito objetivo. Pode ser entendido em dois sentidos: quando se tratar de investigação da origem histórica de um instituto jurídico (fonte como local ou documento onde o pesquisador encontra os elementos de estudo). Quando se tem em vista o direito atual, a palavra fonte designa as diferentes maneiras de realização do direito objetivo através das quais se estabelecem e se materializam regras jurídicas – são as chamadas fontes formais. 
· De acordo com Plácido e Silva:
· Fontes do Direito. Assim se diz do texto em que se funda o Direito ou dos elementos subsidiários que possam formular e esclarecer.
· As leis são suas fontes principais.
· Mas, como fontes subsidiárias do Direito, anotam-se a Jurisprudência, o Direito Costumeiro, o Direito Estrangeiro, o Direito Romano e a Doutrina.
· Entende-se, assim, como Fonte de Direito o texto ou o documento, elaborado a partir de certos princípios, que servirá de base para a formação de novos textos legislativos 
· São fontes primárias ou imediata: a lei – fonte primordial de nosso ordenamento jurídico – tradição romano-germânica.
· Fontes secundárias: costume, analogia, princípios gerais de direito. 
· Para o Direito Comercial são fontes primárias:
· Código Civil
· Código Comercial – parte não revogada: direito marítimo
· Leis extravagantes
· Tratados e convenções internacionais. 
· São fontes secundárias as elencadas no art. 4, LICC.
· São elas:
· Jurisprudência;
· Costumes;
· Analogia;
· Princípios gerais do direito. 
· A principal fonte do direito comercial são as leis comerciais. Cite-se como exemplo de lei especial fonte do direito comercial a Lei n. 6404 (LSA).
· Os usos e costumes também são muito utilizados no âmbito do direito comercial, uma vez que este ramo do direito surgiu, basicamente, dos usos e costumes. 
· Assim:
· O direito comercial é um dos ramos do direito privado, tendo intima vinculação com o direito das obrigações. A partir da promulgação do novo código civil, há disposições que ordena normas comuns aos empresários e aos não empresários. Deste modo, empresários ou não empresários, ao exercerem atividade econômica organizada, em nome próprio, praticam atos jurídicos, ou seja, atos que visam adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. 
· Assim, são fontes do direito comercial: fontes primarias (Constituição, códigos civil e comercial e legislação especial); fontes secundarias (analogia, costumes e princípios gerais do direito – ex.: tratamento paritário entre os credores na execução falimentar facultativa). Mas como se caracteriza o costume comercial ? Devem ser praticados entre comerciantes, constante e uniformemente, serem conformes aos princípios da boa-fé e as máximas comerciais, não serem contrários às disposições das legislações comerciais. 
CARACTERISTICAS DO DIREITO COMERCIAL
· Pela sua natureza e estrutura de direito privado o direito comercial caracteriza-se e diferencia-se dos outros ramos do direito, sobretudo do direito civil, pelos seguintes traços peculiares: cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e solidariedade presumida.
· Cosmopolitismo. Em dissertação anterior acentuamos o traço cosmopolita que caracterizou o direito comercial, desde o seu surgimento. Em Roma aplicava-se ao comerciante o direito dos estrangeiros, o jus gentium; o direito marítimo, universalista por excelência, inspirou a criação de diversos institutos mercantis, como a sociedade em comandita, o seguro e, segundo alguns, as próprias sociedades anônimas.
· Ferreira Borges, um dos clássicos do direito comercial, perfilhou opinião de que os comerciantes constituem um só povo. De fato, a persecução do lucro, que é a meta do comerciante, é um fato universal e desconhece fronteiras.
· Diversas convenções internacionais regulam muitas leis de comércio marítimo e aéreo, e, atualmente, leis uniformes regem a letra de câmbio, a nota promissória e o cheque. Os governos, pelos seus diplomatas, e os comercialistas pesquisam um tipo de sociedade anônima multinacional, ou de tipo europeu, segundo os estudos dos países componentes do Mercado Comum Europeu. A Organização das Nações Unidas (ONU) patrocina estudos para a elaboração de um código de comércio internacional.
· Individualismo. As regras de direito comercial inspiram-se em acentuado individualismo, porque o lucro está diretamente vinculado ao interesse individual. Esse tradicional individualismo, temos de reconhecer, está temperado nos tempos modernos pela atuação do Estado, limitando a liberdade do contrato, que era um dos apanágios do individualismo. A liberdade do contrato, todavia, constitui ainda regra preponderante nas relações mercantis.
· Onerosidade. Precisamente porque o objetivo do comerciante é a obtenção de lucro, não se concebe na atividade comercial a gratuidade. A onerosidade é a regra, e ela se presume. No direito civil a gratuidade é a constante, em muitos contratos, a começar pelo mandato. O mutuum, no direito romano, era contrato entre amigos, passando a ser oneroso com o desenvolvimento do comércio.
· Informalismo. Em fase da técnica própria do direito comercial, e de seu objetivo de regular operações em massa, em que a rapidez da contratação é elemento substancial, forçou-se a supressão do formalismo. Em compensação, boa fé impera nos contratos comerciais, impondo-se meios de provas mais simples e numerosos do que no direito civil.
· Fragmentarismo. O direito comercial é extremamente fragmentário. Não forma, como conclui Alfredo Rocco, um sistema jurídico completo, mas um complexo de normas, que deixa muitas lacunas. Cosack corrobora a observação, declarando que o direito comercial é um conjunto de normas extraordinariamente fragmentário.
· Solidariedade presumida. A tutela do crédito e a segurança na circulação dos bens, dada a celeridade das operações realizadas em massa, importa muitíssimo ao direito comercial. Mais ao direito comercial do que ao direito civil. A solidariedade das obrigações era implícita no direito comercial desde os seus primórdios.
COMERCIANTE E ATOS DE COMERCIO:
Tanto o conceito de comerciante como atos de comercio sempre foram fonte de discussões doutrinarias. De acordo com Requião, citando Vidari: “é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor que, exercidos habitualmente e com fins lucrativos, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da industria, para tornar mais fácil e pronta a procurar e a oferta”. Aqui vislumbramos os três elementos jurídicos integrantes do conceito de ato de comercio: mediação, fim lucrativo e profissionalidade. 
Vejamos a alteração que o conceito de comerciante sofreu ao longo da evolução do direito comercial:
Primeira fase: comerciante é aquele que pratica a mercancia, subordinando-se à corporação de mercadores e sujeitando-se às decisões dos cônsules dessas corporações. 
Terceira fase: comerciante é aquele que pratica com habitualidade e profissionalidade atos de comercio (Vivante).
Fase atual: art. 966, p.u: considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, excluída a profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
Na teoria dos atos de comercio, se fazia distinção entre atos civis e atos comerciais. No sistema da empresarialidade tem-se atividade empresarial e não empresarial, sociedade empresaria e sociedade simples (veio para substituir a antiga sociedade civil, mas são muito parecidas. De acordo com Ricardo Negrão esta nova nomenclatura é inócua).
O EMPRESÁRIO
· A empresa não é um sujeito de direito e obrigações. É uma atividade, sendo desenvolvida ou pelo empresário individual ou pela sociedade empresaria. 
· Considera-se empresário, assim, aquele que, de forma singular, pratica profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direitoconstituída para este mesmo fim. Ambos praticam atividade econômica organizada para a produção, transformação ou circulação de bens e prestação de serviços, sendo que ambas têm finalidade lucrativa. 
· O CC não traz o conceito de empresário, mas assim considera aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Este é o conceito de empresário individual, segundo o art. 966.
· O art. 982, por sua vez, traz o conceito de sociedade empresaria, como sendo aquela que tem por objeto o exercício de atividade própria do empresário. 
· Não é empresário aquele que desempenha serviço especifico, de caráter intelectual, artístico ou literário, ainda que conte com a colaboração de auxiliares, salvo se o objeto constituir elemento de empresa.
· Neste semestre cuidaremos apenas do empresário individual, sendo que a sociedade simples e a sociedade empresaria serão objeto de estudo no próximo semestre. 
· No entanto, para que se caracterize o empresário individual, alguns requisitos devem ser preenchidos:
· Capacidade jurídica;
· Ausência de impedimento legal para o exercício da empresa;
· Efetivo exercício profissional da empresa;
· Regime jurídico peculiar regulador da insolvência
· Registro. 
· Assim, empresário é a pessoa que toma iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços, podendo tanto ser uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica.
· Há que se ressaltar uma diferença importante: não há que se confundir o empresário pessoa jurídica e os sócios desta. 
· Cotidianamente, a pessoa jurídica empresaria é denominada empresa e seus sócios empresários. No entanto, em termos técnicos, empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora. Empresário, por sua vez, não é o sócio, mas a própria sociedade. 
· Assim, a empresa pode tanto ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual; no segundo, sociedade empresaria. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade empresaria. 
· Vejamos, agora, cada um dos requisitos necessários para que se configure o empresário.
· Assim, o conceito de empresa decorre da visão moderna de empresário, tendo sua formulação origem no código civil italiano de 1942, que veio para unificar, no código civil, o direito obrigacional. Esta unificação, de acordo com Ascarelli, não deve ser entendida no sentido de desaparecimento de um corpo separado de leis (que teria importância meramente formal), mas no sentido de unificação no direito das obrigações. Não existem mais atos de comercio, e, desta forma, não existe mais uma oposição entre ato civil e ato de comercio. Nas codificações anteriores, determinados atos eram submetidos a um regime especial quando pudessem ser qualificados como comerciais; na atual codificação desaparece esta disciplina. Os diversos atos são submetidos a uma disciplina constante.
· Mas o empresário veio meramente substituir o antigo comerciante ? Evidente que não. O empresário comercial corresponde de certa forma ao antigo comerciante e não ao empresário em geral, ou seja, há correspondência entre os dois, no que se refere ao fato de que ambos exercem atividade econômica organizada de intermediação, e há diferença, no fato de que é considerado empresário porque é agente de produção e não mero espectador. 
· Assim, é empresário aquele que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada tendo por fim a produção ou troca de bens ou de serviços – conceituação italiana. Brasil: vide art. 966, CC.
· E o que é empresa ? De acordo com Asquini (teoria poliédrica) são quatro os perfis da empresa: 
· Perfil subjetivo: vislumbra-se aqui o aspecto subjetivo de quem exerce a empresa – o empresário – definido como o sujeito (pessoa física ou jurídica), que, em nome próprio, exerce atividade econômica organizada com o fim de operar no mercado e não para o consumo próprio, de forma profissional.
· Perfil funcional: empresa aparece como aquela força em movimento que é a atividade empresarial dirigida para um determinado escopo produtivo. É um fato apto a produzir efeitos jurídicos, embora, no sistema pátrio atual, só se admitam fatos jurídicos que independem da vontade humana e atos jurídicos dela decorrentes. 
· Perfil objetivo ou patrimonial: o exercício da atividade empresarial (perfil funcional) pelo empresário (perfil subjetivo) exige um instrumento eficaz para a obtenção de seu fim. Este nada mais é do que o estabelecimento empresarial, definido como complexo de bens materiais ou imateriais, moveis e imóveis, utilizados pelo empresário para o exercício da atividade empresarial.
· Assim, temos o seguinte tripé empresarial: PESSOA – ATIVIDADE – BENS.
· Perfil coorporativo ou institucional: a empresa é vista como o resultado da organização do pessoal, formada pelo empresário e por seus colabora dores. 
· O EMPRESÁRIO: podem ser classificados em individuais e coletivos, sendo que os primeiros encontram-se os que exercem sua atividade debaixo de uma firma individual, e os coletivos os que praticam a praticam por meio de uma sociedade empresaria. Há ainda, de acordo com o código civil, o empresário rural e o pequeno empresário – permitindo a inscrição facultativa no registro de empresas e tendo tratamento diferenciado pela lei. 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL
	INDIVIDUAL
	COLETIVO
	Art. 966: Soc. Individual
	Art. 983: Soc. Empresaria
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE NAO EMPRESARIAL
	INDIVIDUAL
	COLETIVO
	Profissional (autônomo): atividades não empresariais. Ex.: intelectuais, cientificas, etc.
	Associações; fundações e sociedade simples. 
· Não há mais a distinção entre comerciante e não comerciante, sociedade civil e sociedade mercantil. Hoje, ao conceito de empresário se contrapõe o de não empresário e às sociedades empresarias se contrapõem as sociedades simples. 
· Para finalizar: aspecto patrimonial: todo o conjunto de bens organizado para exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresaria, não sendo possível a existência de empresário e empresa sem estabelecimento.
· CAPACIDADE JURÍDICA: todo ato, para que seja válido, deve ter sido praticado por um agente capaz. Assim como ocorre no âmbito civil, no âmbito comercial só serão idôneos os atos praticados por agente capaz.
· O art. 972 elenca aqueles que podem ser empresários. 
· EMANCIPADO: art. 5 (CC). A emancipação é ato de caráter irrevogável, através do qual cessa a incapacidade civil antes dos 18 anos. Uma das causas previstas é o estabelecimento civil ou comercial do menor com 16 anos completos que tenha economia própria. 
· INCAPAZ: pode ser empresário apenas para continuar empresa anteriormente exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
· Arts. 974 a 976.
· EMPRESÁRIO CASADO: o empresário casado não necessita de outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real os imóveis que integrem o patrimônio da empresa (art. 978).
· O empresário casado em regime de comunhão de bens pode comprometer o patrimônio do casal em decorrência da atividade empresarial. 
· AUSENCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL: algumas pessoas, ainda que plenamente capazes, são impedidas de exercer a atividade empresarial. Não se trata de incapacidade jurídica, mas de incompatibilidade da atividade negocial em relação a determinadas situações funcionais. 
· A lei determina quais são as pessoas impedidas de exercer a atividade empresarial. 
· MAGISTRADOS E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO: não podem ser empresários por força de impedimento constitucional (arts. 95, I e 128, §5, II).
· Assim, a lei impede a participação em sociedade empresária, entendida esta como exercício de funções administrativas e gerenciais que lhe possam acarretar sanções de responsabilidade penal e civil ilimitada.
· AGENTES PÚBLICOS: podem ser acionistas, cotistas ou comanditários, ou seja, sócios de responsabilidade limitada, mas não empresários nem administradores ou gerentesde empresa privada (art. 117, X, Lei 8112).
· MILITARES: não podem ser empresários os militares da ativa, incluindo os corpos policiais (art. 29, Lei 6880). De acordo com o art. 204 de referida lei, exercer a empresa ou integrar a administração ou gerencia de sociedade empresaria, ou ainda dela ser sócio, salvo como acionista ou cotista, configura-se como crime. 
· FALIDOS NÃO REABILITADOS: constitui efeito da condenação por crime falimentar a interdição para o exercício da empresa (art. 195). Não é perpétua pois, quando comprovada a extinção das obrigações e contados dois anos da extinção da pena ou término de sua execução, o empresário estará reabilitado (art. 94, CP).
· DEPUTADOS E SENADORES: não podem ser controladores, proprietários ou diretores de empresa que goze de contrato com pessoa jurídica de direito público, nem exercer nela função remunerada ou cargo de confiança (arts. 54 e 55, CF).
· ESTRANGEIRO COM VISTO PROVISÓRIO: não pode estabelecer-se como empresário individual ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade empresaria ou sociedade simples (art. 98, Lei 6815).
· LEILOEIROS: sob pena de destituição do cargo, os leiloeiros não podem exercer atividade empresarial, direta ou indiretamente. Também não podem constituir sociedade empresaria. 
· DESPACHANTES ADUANEIROS: de acordo com o art. 10, I, Decreto 646 não podem manter empresa de importação ou exportação de mercadorias nem podem comercializar mercadorias estrangeiras no país. 
· CORRETORES DE SEGURO: art. 20, Lei 6530.
· PREPOSTOS: art. 1170 (CC), os prepostos, salvo autorização expressa, não podem negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, ainda que indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhes foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. 
· O preposto do empresário individual (organizador de atividade empresarial), pessoa física ou jurídica, necessariamente deve contratar mão-de-obra para o exercício de sua atividade. Seja como empregado regido pelas normas da CLT, representante, autônomo ou servido terceirizado, estes desempenham tarefas sob o comando do empresário. Para efeito do direito das obrigações, esses trabalhadores, independente da natureza do vinculo contratual mantido com o empresário, são chamados prepostos (art. 1169 a 1178). Em termos gerais, os atos praticados pelo preposto no estabelecimento empresarial e relativos à atividade econômica ali desenvolvida obrigam o empresário preponente. Os prepostos, evidentemente, respondem pelos danos causados pelos seus atos de que derivam obrigações do empresário com terceiros. Se agirem com culpa devem indenizar o preponente. Se com dolo, alem deste, respondem solidariamente com o empresário perante o terceiro prejudicado. O preposto esta proibido de concorrer com seu preponente. 
· MÉDICOS: de acordo com a Lei 5991 e o Decreto 20.877 os médicos são proibidos de manter simultaneamente com o exercício da profissão industria farmacêutica. 
· A Lei 8934 revogou a proibição de registro de empresa com sócio, gerente ou diretor condenados criminalmente, mantendo somente a proibição no que se refere ao crime falimentar. 
· Aqueles que estão proibidos de exercer a empresa, ainda que passiveis de punição na esfera administrativa e criminal, não praticam atos nulos. Praticam atos validos e, se exercem profissionalmente a empresa, em nome próprio, receberão da lei o mesmo tratamento dispensado ao empresário irregular, podendo incidir em falência. 
· De acordo com o art. 973 (CPC) dispõe que a pessoa impedida de exercer atividade própria de empresário, se o fizer, responderá pelas obrigações contraídas.
· EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA: ainda que não seja incapaz, que não esteja impedida de exercer a empresa, a pessoa física só será considerada empresaria se exercer profissionalmente a empresa em nome próprio, com intuito lucrativo.
· Assim, é essencial que:
· Exerça a empresa profissionalmente (e não esporadicamente);
· Em nome próprio (e não de outrem);
· Com intuito lucrativo (não graciosamente).
· É a natureza profissional (prática ordenada e habitual, com fim lucrativo) que confere ao empresário esta condição. 
· Ressalte-se que habitualidade não significa exclusividade, ou seja, o exercício da atividade empresarial não precisa ser a única profissão do empresário. 
· REGISTRO OBRIGATÓRIO: o primeiro e um dos principais deveres do empresário é oficializar sua condição mediante registro em órgão competente – Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM). De acordo com o art. 967 (CC) é obrigatória a inscrição antes do inicio da atividade. 
· Assim, a prática profissional da empresa só se caracteriza quando regular.
· Na sociedade empresaria, a falta de registro não lhe confere personalidade jurídica, ou seja, haverá responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada dos sócios. 
REGISTRO 
· Durante a Idade Média o exercício da mercancia dependia exclusivamente da pratica de atos de intermediação e do registro na corporação de oficio, o que deu surgimento ao conceito subjetivo-corportativista de identificação do profissional comerciante, sendo este aquele que se submetia às corporações de oficio do comercio. Esta é a origem remota do registro de comercio. Com a adoção da teoria dos atos de comercio (critério objetivo) surgiram os Tribunais de Comercio, onde se faziam os registros dos comerciantes e se decidiam as lides de interesse mercantil.
· Atualmente o registro é realizado perante as Juntas Comerciais de cada Estado (Lei 8934), tendo como finalidades: dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis; cadastrar empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Brasil e manter as informações pertinentes; proceder à matricula dos agentes auxiliares do comercio, bem como seu cancelamento (art. 1 e incisos). 
· São efeitos jurídicos do registro: dependendo da qualidade da pessoa que realiza os atos, são distintos os efeitos decorrentes da inscrição no Registro de Empresa: se efetuados por declaração do empresário individual, ou se o foram pelo arquivamento dos atos constitutivos da sociedade empresaria. No primeiro caso o registro concede proteção jurídica e gozo das prerrogativas próprias do empresário, tratamento registrário e fiscal favorecido e diferenciado quando se tratar de pequeno empresário. No segundo caso, alem destes já mencionados, faz surgir a pessoa jurídica. 
· A partir da entrada em vigor do código civil, a inscrição do empresário passa a ser, a rigor, obrigatória, antes do inicio de sua atividade (art. 967), sendo que sua não-inscrição traz impedimentos ao exercício de sua atividade.
· De acordo com a Lei 8934, regulamentada pelo Decreto 1.800, o registro público de interesse para os empresários leva a denominação de “registro de empresas mercantis e atividades afins”. Existe uma Junta Comercial em cada unidade federativa.
· Deste modo, as sociedade empresarias, independente do objeto a que se dedicam, devem se registrar na Junta Comercial do Estado em que estão sediadas. 
· São finalidades do registro:
· Dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas;
· Cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no país e manter atualizadas as informações pertinentes;
· Proceder à matricula dos agentes auxiliares das empresas, bem como seu cancelamento. 
· No Brasil, os serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades afins são exercidos pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos:
· Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), órgão central, com funções técnicas de supervisão, orientação, coordenação e normação, alem de assistência supletiva no plano administrativo e;
· Juntas Comerciais, como órgãos estaduais, com funções de execução e administração dos serviços de registro, subordinadas administrativamente ao governo do Estado-membro e, tecnicamente,ao DNRC.
· DNRC: órgão federal, integrante do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior. Suas atribuições não são de execução do registro da empresa, mas de normalização, disciplina, supervisão e controle deste registro. Tem com competência (art. 4, Lei 8934):
· Supervisão e coordenação dos atos praticados pelas Juntas Comerciais, o estabelecimento e a consolidação de normas ou diretrizes gerais sobre o registro de empresas, a solução de duvidas sobre a matéria, bem como a fiscalização das Juntas e sua atuação supletiva, nos casos de deficiência do serviço.
· Compete-lhe, ainda, organizar e manter o Cadastro Nacional de Empresas Mercantis, preparar os processos de autorização para nacionalização ou instalação no Brasil de empresa estrangeira e desenvolver estudos e patrocinar reuniões ou publicações para o aprimoramento do registro de empresas. 
· JUNTAS COMERCIAIS: possuem funções executivas, cabendo-lhes a prática dos atos registrários, como matricula de leiloeiro, arquivamento de sociedade, autenticação de livros, etc. É de sua competência, ainda, a expedição de carteira de exercício profissional, o assentamento de usos e práticas dos comerciantes e a habilitação e nomeação de tradutores públicos e interpretes. 
· Em matéria de direito comercial e no que se refere ao registro de comércio, ela se encontra subordinada ao DNRC; nas demais matérias (direito financeiro e administrativo) vínculo de subordinação se estabelece com o governo da unidade federativa que integra. 
· A Junta se estrutura de acordo com a legislação estadual respectiva. Na maioria das unidades federativas, opta-se por revesti-la com natureza de autarquia. 
· Em qualquer caso, deve possuir, por força de lei: presidência, plenário, turmas, secretaria geral e procuradoria.
· A presidência é responsável pela direção administrativa da Junta, bem como pela sua representação. 
· O plenário é composto por vogais (no mínimo 11 e no máximo 23, de acordo com a Lei 10.194), que representam empresários, advogados, economistas, contadores e a administração pública. Trata-se de órgão deliberativo de maior hierarquia dentro da estrutura da Junta. 
· Os membros do plenário dividem-se em turmas, compostas por três vogais cada.
· A secretaria-geral executa os atos de registro e desempenha tarefas de suporte administrativo.
· A procuradoria exerce funções de consultoria, advocacia judicial nos feitos de interesse da Junta, e de fiscalização e aplicação da lei, regulamentos e normas. 
· A atividade da Junta se resume em: matricular, arquivar, autenticar, assentar e publicar. Com efeito, matricula os leiloeiros, intérpretes comerciais, tradutores públicos, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. Arquiva documentos de empresários e sociedades empresariais. Autentica os instrumentos de escrituração mercantil. Assenta usos e costumes comerciais. Publica os atos de registro mercantil. 
· ATOS DE REGISTRO DE EMPRESAS: são três os atos compreendidos pelo registro das empresas: matrícula, arquivamento e autenticação (Lei 8934, art. 32).
· A matricula e seu cancelamento dizem respeito a alguns profissionais cuja atividade, tradicionalmente, se sujeita ao controle das Juntas. São os leiloeiros, intérpretes comerciais, tradutores públicos, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. 
· O arquivamento se refere à grande generalidade dos atos levados ao registro de empresas. Assim, os de constituição, alteração, dissolução e extinção de sociedades empresarias são arquivados na Junta.
· Também será objeto de arquivamento a firma individual, as autorizações de empresas e as declarações de microempresas. 
· Assim, será arquivado qualquer documento que, por lei, deva ser registrado na Junta Comercial, como, por exemplo, as atas de assembléias gerais de sociedades anônimas.
· Ainda existem aqueles documentos cujo registro não é obrigatório, mas fica a critério do empresário.
· Assim, se o empresário desejar, para conferir maior segurança ás suas relações jurídicas e dotar certos atos de maior publicidade, ele poderá registrar esses documentos na Junta.
· Por fim, há que se falar no terceiro ato do registro de empresas, qual seja, a autenticação, relacionada aos instrumentos de escrituração impostos pela lei aos empresários em geral.
· Assim, os atos de registro de empresa praticados pelas Juntas Comerciais são a matricula, arquivamento e autenticação.
	MODALIDADE
	A QUE SE DESTNA
	MATRICULA
	Matricula e cancelamento de: leiloeiros, tradutores públicos e interpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. 
	ARQUIVAMENTO
	Constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais, sociedades e cooperativas; atos relativos a consórcios e grupos de sociedades; atos relativos a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; declarações de microempresas; atos e documentos que possam interessar ao empresário ou sociedade empresaria. 
	AUTENTICAÇÃO
	Instrumentos de escrituração das empresas (livros mercantis) e as copias dos documentos assentados. 
· Tais atos de registro têm alcance formal, ou seja, a Junta não aprecia o mérito do ato praticado, apenas observa se foram cumpridas as exigências determinadas em lei. 
· Sua competência se exaure na apreciação dos requisitos formais de validade e eficácia do instrumento.
· Se extrapolar suas atribuições, indeferindo o arquivamento pelo mérito, será cabível mandado de segurança contra o despacho denegatório de registro. 
· Os atos sujeitos à arquivamento devem ser enviados à Junta nos 30 dias seguintes à assinatura.
· Caso constate pela existência de vicio sanável, será concedido o prazo de 30 dias para que o interessado corrija o ato. Ultrapassado tal prazo, o saneamento do vicio será tratado como novo pedido, incidindo novamente as custas correspondentes. 
· Se o vicio for insanável, o pedido será arquivado, podendo o interessado valer-se dos meios revisionais e procedimentos administrativos cabíveis no caso de vícios sanáveis.
· A matrícula, o arquivamento e a autenticação de atos pela Junta submetem-se à a dois regimentos distintos: a decisão colegiada e a decisão singular. 
· Decisão colegiada: reservada para tramitação de atos de maior complexidade. Submetem-se à decisão colegiada: arquivamento de atos relacionados às S/A, consórcios e grupos de sociedades, fusões, incorporações e cisões. Também se submete à decisão colegiada julgamento de recursos administrativos interpostos contra atos praticados pelos demais órgãos da Junta. 
· Já o regime da decisão singular é reservado aos atos de registro menos complexos, a todos os demais atos. Ex.: alteração do contrato da limitada. Neste caso, a analise do atendimento às formalidades legais é feita individualmente por um vogal ou mesmo por funcionário da Junta com comprovados conhecimentos de direito comercial e registro de empresa, devendo, em ambos os casos ser designado pelo Presidente (art. 42, Lei 8934).
· Os atos submetidos a registro devem ser apreciados pela Junta no prazo legal, ou seja, para os atos sujeitos ao regime da decisão colegiada o prazo é de 10 dias úteis. Para os demais, 03 dias, sempre a contar da data do protocolo na Junta. Se referido prazo não é observado, considera-se o ato registrado para todos os efeitos legais. 
· São conseqüências pela falta de registro impostas à sociedade empresaria que explora irregularmente a atividade empresarial: a responsabilidade ilimitada dos sócios pelas obrigações da sociedade. Assim, o registro do contrato é condição prévia para a limitação da responsabilidade dos sócios.
· Alem disto, não tem legitimidade ativa para pedido de falência de outro comerciante e não pode requerer a recuperação judicial. 
· Importa, ainda, na aplicação de sanções de natureza fiscal e administrativa, não podendo se inscrever no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), bem como impossibilitada a matricula do empresário no INSS.
· Já para o empresário rural e pequeno empresário, a situação é diversa. 
· Assim, no que se refere ao registro do empresáriorural e do pequeno empresário o tratamento é diverso. 
· Embora explorem profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, merecem tratamento diferenciado por diversos motivos. 
· A atividade econômica rural é explorada tanto pela agroindústria (agronegócio) ou pela agricultura familiar. 
· Na agroindústria utiliza-se tecnologia avançada e mão de obra assalariada, havendo especialização de culturas em grandes áreas de plantio.
· A agricultura familiar, por sua vez, se utiliza da mão de obra do proprietário da terra e seus familiares, vez ou outra, o auxilio de outros empregados. 
· Com a promulgação do novo Código Civil foi dado tratamento específico ao exercente de atividade rural, estando ele dispensado a requerer inscrição no registro de empresas. No entanto, ele não encontra-se impedido de fazê-lo, se assim o desejar. 
· Assim, caso o empresário rural não requeira sua inscrição no registro de empresas, não se considera juridicamente empresário e seu regime será o do direito civil.
· Deste modo: estão dispensados da exigência de prévio registro na Junta Comercial, imposta aos empresários em geral, os pequenos empresários (microempresários e empresários de pequeno porte) e os empresários rurais. 
· No entanto, casos os empresários rurais optem, podem requerer o registro na Junta Comercial, mas ficarão sujeitos ao mesmo regime dos demais empresários: dever de escrituração e levantamento de balanços anuais, decretação de falência e requerimento de recuperação judicial.
· O microempresário e empresário de pequeno porte têm, assegurado constitucionalmente, o direito a tratamento jurídico diferenciado, com o objetivo de estimular-lhe o crescimento com a simplificação, redução ou eliminação de obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias (CF, art. 179).
· Assim, o pequeno empresário é dispensado de registro no órgão competente (art. 970). No entanto, caso opte pelo benefício civil não poderá optar pelo SIMPLES, pois este possui regulamento específico.
· INATIVIDADE DA EMPRESA: o art. 60, Lei 8934, vem cuidar da inatividade da empresa, ou seja, a situação em que se encontra a sociedade que não solicita o arquivamento de qualquer documento por mais de dez anos. 
· A inatividade da empresa e o conseqüente cancelamento do registro da sociedade não significam o mesmo que sua dissolução. 
· Mas como o empresário individual deve proceder para efetuar seu registro na Junta Comercial?
· Deve:
· Requerimento padrão e protocolo de documentos;
· Quatro vias do formulário Declaração de firma individual
· CGC – ficha de inscrição do estabelecimento sede;
· CIC e RG do responsável;
· Copias das segundas-vias das guias TCEC e Darf, bem como comprovante de seus pagamentos. 
ESCRITURAÇÃO
· “A consciência do comerciante está nos seus livros; neles é que o comerciante registra todas as suas ações; são, para ele, uma espécie de garantia (...). Quando surgem contestações, é preciso que a consciência do juiz fique esclarecida; e é então que os livros são necessários, pois que eles são os confidentes das ações do comerciante”.
· Os empresários, sejam eles empresários individuais ou sociedades empresárias, têm o dever de manter a escrituração dos negócios que participam (art. 1179). Assim, o exercício regular da empresa pressupõe a organização de uma contabilidade, a cargo de profissionais habilitados. 
· Historicamente, o primeiro instrumento de escrituração foi o livro mercantil. Atualmente, existem três outros instrumentos para que seja feita a escrituração – conjunto de fichas ou folhas soltas, conjunto de folhas contínuas e as microfichas geradas por microfilmagem de saída direta do computador. Mas, ainda assim, utiliza-se, comumente, a expressão livro, no sentido genérico para designar o instrumento de que o empresário se vale para cumprimento do dever legal de escrituração de seu negócio.
· Num primeiro momento, a escrituração atende a uma necessidade do próprio comerciante. Assim, desde a Idade Média, o comerciante tinha a necessidade de registrar os valores recebidos e gastos. Assim, ao término do ano ou da feira, ele podia avaliar os resultados da atividade exercida.
· Assim, a primeira função da escrituração tinha natureza gerencial.
· Outra função estava relacionada à necessidade de demonstração dos resultados da atividade para outras pessoas. Ex.: sociedade em conta de participação – sócio oculto / sócio ostensivo – este tinha que prestar contas para aquele, que financiava a atividade.
· Assim, enquanto a escrituração tem apenas função gerencial, o próprio comerciante decide o que irá lançar, os valores a serem registrados. No entanto, quando passa a ter função documental, ela não pode mais ser feita sem critérios uniformes e reconhecidos. Esta é a segunda função da escrituração – natureza documental.
· A terceira função da escrituração é a função fiscal, ou seja, relaciona-se ao controle da incidência e pagamento de tributos. 
· Concluindo, a escrituração possui três funções: serve de instrumento para a tomada de decisões administrativas, financeiras e comerciais, por parte dos empresários e dirigentes da empresa; servindo de suporte para a informação do interesse de terceiro (ex.: sócios), bem como para a fiscalização do cumprimento das obrigações legais.
· O empresário está obrigado a manter o livro (ou demais espécies de escrituração), que são documentos unilaterais, que registram fatos e atos reputados importantes pela lei para o regular funcionamento da empresa.
· No entanto, nem todos os livros que o empresário deve possuir são livros contábeis. Ou seja, alguns livros registram operações de compra e venda (livro mercantil) e outros registram acontecimentos diversos, como livro de empregados ou ata das assembléias gerais (livros memoriais). 
· Como a disciplina da escrituração pode ser encontrada tanto na legislação comercial quanto tributária, a doutrina classifica os livros em mercantis ou fiscais. No entanto, no que se refere aos requisitos de escrituração, não há diferença entre eles.
· Os livros simplesmente memoriais são obrigatórios pela legislação mercantil ou trabalhista. O Direito do Trabalho, por exemplo, exige aos empregados a escrituração de dois livros: o do registro de empregados (CLT, art. 41) e o Inspeção de Trabalho (CLT, art. 628, §1), sendo sua elaboração menos complexas que a dos livros contábeis. 
· Assim como ocorre com os livros mercantis, os simplesmente memoriais também podem ser elaborados em outros instrumentos, como microfichas geradas através de microfilmagem de saída direta de computador.
· Os livros contábeis ou simplesmente memoriais se classificam, segundo a exigibilidade de sua escrituração, em obrigatórios e facultativos. 
· Obrigatórios são aqueles cuja escrituração é imposta aos empresários e sua falta acarreta sanções. 
· Os facultativos, por sua vez, são os que os empresários escrituram para fins gerenciais, sendo que sua falta não gera sanções. 
· O primeiro livro obrigatório é o chamado Diário, o qual já vinha mencionado no Código Comercial de 1850. O Código Civil de 2002 também prevê a obrigatoriedade do Diário, esclarecendo que este pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica (art. 1180). O Diário é um livro de escrituração contábil em que se deve lançar dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade empresarial, bem como os atos que modificam ou podem modificar o patrimônio do empresário. 
· Hoje, são três as situações a serem observadas no que se refere à escrituração, quais sejam:
· Se o microempresário ou empresário de pequeno porte não opta pelo SIMPLES, ele atende os requisitos legais de dispensa do dever geral de escrituração, estando, assim, desobrigado de escriturar qualquer livro. 
2. Se é microempresário ou empresário de pequeno porte optante pelo SIMPLES, esta obrigado a escriturar os livros.
3. Em todas as demais hipóteses, o empresário esta obrigado a escriturar o livro Diário. 
· Há ainda que se falar em outrolivro contábil: Registro de Duplicatas (Lei n. 5474, art. 19 – Duplicata: título de crédito de emissão em vendas mercantis a prazo e prestação de serviços, realizadas entre partes domiciliadas no Brasil. É ordem ou promessa de pagamento emitida obrigatoriamente pelo credor contra o devedor, sendo título causal por somente poder ser emitida em certos casos. Seu modelo é vinculado, como o do cheque, sendo determinado pelo Conselho Monetário Nacional).
· A obrigatoriedade da escrituração no Registro de Duplicatas não diz respeito a todos os empresários, mas somente àqueles que emitem duplicata mercantil ou prestação de serviços, sendo que esta exigência alcança até os microempresários e empresários de pequeno porte.
· Ressalte-se, por oportuno, que a emissão de duplicata é sempre facultativa. No entanto, caso opte pela sua emissão, o empresário fica sujeito à obrigatória escrituração naquele livro.
· Assim, independente do porte, o empresário que não emite duplicatas não esta obrigado à escrituração no Registro de Duplicata.
· Já entre os livros simplesmente memoriais, são obrigatórios pela lei: os livros próprios das sociedades anônimas (art. 100, LSA), em que são registradas as atas das assembléias, por exemplo. Também nas limitadas que realizem assembléia de sócios deve haver escrituração no livro de atas de assembléia (art. 1075, §º1), bem como as que possuem conselho fiscal – escrituração no livro de atas e pareceres do conselho fiscal (art. 1069, II) e aquelas cujos administradores não são nomeados no contrato social, mas em ato separado – livro de atas da administração (art. 1062), onde são lavrados os atos da posse. 
· Por fim, há que se falar nos livros facultativos – onde são registrados qualquer tipo de registro uniforme e ordenado que o empresário realiza, para o controle e andamento de seu negócio, ou memória de suas decisões. Esta prática não é comum no meio empresarial.
· O livro facultativo tem valor meramente gerencial e, ainda que autenticado pela Junta, não terá a eficácia probatória que os Livros Obrigatórios têm.
· No que se refere à regularidade na escrituração, há que se deixar claro que a confecção dos livros memoriais não é tão complexa quanto a elaboração dos livros contábeis. No entanto, em qualquer hipótese, há que se seguir determinadas condições preceituadas em lei, ou seja, os requisitos intrínsecos e extrínsecos. 
· São requisitos intrínsecos aqueles que dizem respeito à técnica apropriada para sua elaboração. Em primeiro lugar: idioma português é obrigatório. Também não podem haver entrelinhas, rasuras, borraduras, emendas, anotações em notas de rodapé. Qualquer um destes indícios de adulteração, compromete a confiabilidade do registro. 
· O art. 1183 (CC) elenca quais os requisitos intrínsecos dos livros contábeis, quais sejam: moeda nacional, individuação, clareza e ordem cronológica de dia, mês e ano. 
· Os requisitos extrínsecos, por sua vez, visam conferir segurança jurídica às relações. São as formalidades que definem a responsabilidade pela escrituração – identifica empresário e seu contador. São três: termo de abertura, termo de encerramento e autenticação da Junta Comercial.
· E no caso de perda ou extravio da escrituração, o que ocorre? 
· A falta de um instrumento de escrituração obrigatório implica sanções ao empresário. Assim, ocorrendo extravio, deterioração ou destruição dos livros, fichas ou microfichas já autenticadas pela Junta, o empresário deverá tomar certas providencias para que não sofra as sanções previstas em lei.
· Em primeiro lugar é necessário que se publique, em jornal de grande circulação na sede do estabelecimento, informando o ocorrido.
· Em segundo lugar, nas quarenta e oito horas após a publicação, o empresário deve enviar uma comunicação detalhada, à Junta Comercial.
· Após estas providencias, o empresário deve recompor sua escrituração.
· A segunda via do livro produzirá, em principio, os mesmos efeitos do primeiro.
· Claro que, caso fique comprovada a má-fé no extravio ou deterioração do livro, a eficácia da segunda via ficará comprometida.
· O art. 1190 (CC) dispõe sobre o principio do sigilo dos livros comerciais. Considerava-se que o comerciante, antigamente, tinha o direito de manter em sigilo as informações que lhe diziam respeito.
· No entanto, no decorrer do séc. XX, o principio do sigilo foi sendo paulatinamente excepcionado, sendo que hoje em dia não pode ser imposto contra autoridades fiscais (art. 1193) ou contra ordem do juiz (art. 1191).
· Assim, de acordo com a Súmula 439, STF, “estão sujeitos à fiscalização tributária, ou previdenciária, quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos de investigação”.
· Para o exame dos livros do empresário, normalmente é instaurado uma operação de fiscalização, com autuação de um processo da receita federal ou do INSS. 
· Trata-se de formalidade preliminar que também serve de garantia aos empresários, quanto à natureza oficial da autuação do funcionário público. Após isto, abrem-se duas alternativas: ou é expedida uma intimação ao empresário para que compareça ao posto fiscal e leve seus livros para exibição ou os agentes públicos comparecem ao estabelecimento ou ao escritório do contador e ali mesmo fazem a verificação dos livros.
· Caso se verifique que os livros estejam em situação irregular, será lavrado auto de infração, que abrangerá, alem dos valores sonegados, multas e encargos da lei. 
· Os livros contábeis, quando regulares, apresentam eficácia probatória, de acordo com arts. 378 a 380 (CPC).
· O livro mercantil é um documento unilateral e, portanto, em nenhuma hipótese pode fazer prova plena.
· Para fazer prova a favor de seu titular (art. 379, CPC) duas condições são necessárias: a regularidade na escrituração e a isonomia das partes litigantes.
· Para fazer prova contra o empresário que o escriturou (art. 378, CPC) estas condições não se exigem. Ou seja, mesmo que o livro apresente irregularidades na escrituração, mesmo que a demanda não envolva somente empresários, a perícia contábil ou a exibição judicial dão fundamento suficiente para se considerar realizada a prova contrária ao interesse do autor da escrituração examinada. 
· Como já dito, existem conseqüências pela falta de escrituração, sendo que estas conseqüências são de duas ordens: as sancionadoras e as motivadores, ou seja, nem todas geram sanções. 
· São conseqüências sancionadoras as que importam finalização ao empresário, ocorrendo, inclusive, imputação penal.
· As conseqüências sancionadoras podem gerar penalizações tanto na esfera civil quanto criminal – esfera civil: presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte contrária em medida judicial de exibição dos livros; na órbita penal, tipificação de crime falimentar, de acordo com o art. 178 (LF). Assim, a falta de escrituração não se configura como crime falimentar, mas falir sem a devida escrituração sim, uma vez que o juízo falimentar fica impossibilitado de fazer o julgamento necessário no que se refere à habilitação dos créditos, por exemplo, uma vez que não existem documentos seguros para assentar sua decisão. 
· As conseqüências motivadoras, por sua vez, são aquelas que geram a inacessibilidade à recuperação judicial e a ineficácia probatória da escrituração.
· Deste modo, se o empresário deixou de cumprir, ou cumpriu mal o dever de escrituração, ele não poderá se valer, contra outro empresário, da prerrogativa que lhe confere a legislação processual, como visto anteriormente, como por exemplo, se utilizar dos livros para fazer prova contra ou a favor.
· Assim, podemos concluir que tanto empresário quanto sociedade empresária, exceto o empresário de pequeno porte, estão obrigados a:
· Seguir sistema de contabilidade com base na escrituração (art. 1179);
· Ter livros necessários para esse fim devidamente autenticados (art. 1181);
· Conservar a escrituração (art. 1194);
· Levantar, anualmente, o balanço patrimonial e o resultado econômico (art. 1179).
· Vimos, ainda, que a escrituração pode ser feita por:
· Livros;
· Conjunto de

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