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Inclusão Digital

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SUMÁRIO 
 
Inclusão Digital ......................................................................................................................... 4 
Semânticas da inclusão digital .............................................................................................. 9 
Inclusão digital e a Educação .............................................................................................. 18 
Iniciativas públicas e privadas de inclusão digital ............................................................ 20 
OS LIMITES DA INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL ........................................................ 23 
HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL E EXCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL ............ 31 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Inclusão Digital 
 
Fonte: http://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/2014/08/novo-beneficio 
-a-inclusao-digital-custara-r-7-9-bi.html 
 
A tecnologia está cada vez mais presente, principalmente dentro dos lares dos 
cidadãos, assim como nos celulares e em outras ferramentas que já se tornaram 
indispensáveis no quotidiano das pessoas. Em decorrência disso se discute cada vez 
mais a respeito da importância da inclusão digital. Segundo Cruz (2004, p 9-10): 
A inclusão digital deve favorecer a apropriação da tecnologia de forma 
consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la. 
Do ponto de vista de uma comunidade, a inclusão digital significa aplicar as 
tecnologias a processos que contribuam para o fortalecimento de suas atividades 
econômicas, de sua capacidade de organização, do nível educacional e da autoestima 
dos seus integrantes, de sua comunicação com outros grupos, de suas entidades e 
serviços locais e de sua qualidade de vida. 
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O autor ainda reforça que na sociedade atual o conhecimento cada vez mais é 
considerado riqueza e poder, e que o desenvolvimento socioeconômico e político do 
país passa também pelas chamadas TICs – Tecnologias de Informação e 
Comunicação (Cruz, 2004). 
Desse modo, pode-se inferir que a inclusão digital se trata de um processo que 
integra não somente o acesso às tecnologias como também a capacitação para 
melhor uso das ferramentas que a tecnologia da informação apresenta, e nesse 
aspecto alguns detalhes precisam ser levados em consideração, pois apenas 
disponibilizar máquinas para o acesso sem nenhuma instrução não vai contribuir para 
o desenvolvimento da sociedade da informação, apenas maquiam a verdadeira 
realidade dos cidadãos e das comunidades. Para que os resultados da inclusão digital 
sejam positivos e determinantes no futuro é necessário um processo de alfabetização 
dos usuários. De acordo com Nazareno et al. (2006, p. 13 ) 
Inclusão digital é o processo de alfabetização tecnológica e acesso a recursos 
tecnológicos, no qual estão inclusas as iniciativas para a divulgação da Sociedade da 
Informação entre as classes menos favorecidas, impulsionadas tanto pelo governo 
como por iniciativas de caráter não governamental. 
Uma revolução tecnológica está ocorrendo em todo o mundo, porém é 
importante ressaltar que no Brasil ainda se apresenta sérios problemas sociais de 
desigualdade que refletem na desigualdade digital, segundo Nazareno et al. (2006, p 
14) a “expressão vem sendo empregada para indicar falhas no provimento pelos 
governos de acesso universal a serviços de formação e comunicação, indistintamente 
a todos os cidadãos”. Analisando as palavras do autor em um momento em que 
empresas e governo estão migrando informações e serviços para os meios 
eletrônicos, é possível entender o quão importante e necessária é a contribuição das 
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entidades públicas ou privadas para a inclusão digital dos cidadãos, possibilitando a 
todos de exercer seus direitos, através do acesso ao meio digital, que poderá 
beneficiar não somente o indivíduo como o próprio desenvolvimento econômico do 
país e em vantagens competitivas que podem ser desenvolvidas nas empresas 
através de recursos humanos bem capacitados e preparados para tirar maior proveito 
das tecnologias. 
Segundo a pesquisa nacional por amostra de domicílios realizada pelo IBGE – 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano de 2011, com relação ao acesso 
à Internet nos últimos três meses em qualquer local, para todos os moradores com 10 
anos ou mais de idade, entre os anos de 2005 e 2011 o número de internautas no 
Brasil cresceu quase 46 milhões equivalendo a 46,5% da população total, sendo estes 
a população de 10 anos ou mais de idade. Comparando gradativamente este 
crescimento, de 2005 para 2008 a população dos internautas somavam 34,7%, em 
2009 este índice subiu para 41,6%, e por fim em 2011 foi de 51,3% (IBGE,2015). 
Segundo os dados da pesquisa realizada pelo IBGE, as unidades da federação 
que apresentaram maior percentual de pessoas tendo acesso a internet, no ano de 
2011, foram Distrito Federal (71,1%), São Paulo (59,5%) e Rio de Janeiro (54,5%). E 
as unidades que apresentaram menor percentual foram Maranhão (24,1%), Piauí 
(24,2%) e Pará (30,7%). 
De acordo com pesquisas do Ibope e- Ratings apud Nazareno et al. (2006), a 
internet comercial existe no Brasil desde 1995, e apesar disso no ano de 2004 apenas 
30,3 milhões da população usavam a rede mundial, 14 milhões em casa e cerca de 
16 milhões acessavam a rede fora de sua residência: na escola, no trabalho, na casa 
de amigos entre outros. 
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Em uma pesquisa mais atual do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e 
Estatística, realizada em 2014 com a população acima de 16 anos, que utilizou como 
critério a classificação econômica no Brasil por classes, constatou que a classe A, que 
representa apenas 2% da população, possui 4% dos usuários de internet do país, 
enquanto a maioria se concentra nas classes B (34%) e C (52%). Por outro lado, as 
classes D/E representam 21% da população, mas reúnem apenas 10% dos 
internautas. Significa que uma em cada cinco pessoas das classes D/E acessa a 
internet (IBOPE, 2015). 
A mesma pesquisa (IBOPE, 2015) constatou que apenas 7% dos internautas 
brasileiros tem idade acima de 55 anos, e que os usuários de internet que estudaram 
até o ensino fundamental são minoria na rede (20%),
mas maioria no país (45%). Sem 
dúvida a informática, as TICs e o mundo digital não tem mais a ver com computadores, 
tem a ver com a vida das pessoas, e o seu ritmo de crescimento ao longo dos anos, 
como antes já citados através de pesquisas é persistente, o que torna a inclusão digital 
uma necessidade inerente para o cidadão do século XXI, e que segundo Gouvêa 
(2002, p.11) “(...) constitui uma questão ética oferecer essa oportunidade a todos, ou 
seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído tem o dever de reconhecer 
que esse direito deve ser estendido a todos” 
 A grande maioria dos autores cita a alfabetização como parte fundamental da 
inclusão digital, porém esta expressão provoca controvérsias em paralelo ao conceito 
de alfabetização. 
Para (Silva et al. apud Buzato, 2003). Pessoas alfabetizadas não são 
necessariamente “letradas”. 
Mesmo sabendo “ler” e “escrever”, isto é, codificar e decodificar mensagens 
escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, interpretar 
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um gráfico, etc. A essa competência o autor denomina letramento que se constrói na 
prática social, adotando então o termo letramento digital, ou seja, não se trata de 
ensinar a pessoa a codificar ou decodificar, que o autor compara a usar teclados ou 
programas de computador, mas de inserir-se em práticas sociais, isto é, capacitar a 
pessoa para localizar, filtrar e avaliar criticamente a informação eletrônica. 
Em síntese, fica claro que a inclusão digital não se trata apenas de ter 
computadores (hardwares e softwares), distribuí-los à população de baixa renda ou 
alocá-los em uma sala de aula para alunos e professores sem instrução suficiente. 
Estes são apenas alguns fatores que influenciam na inclusão. Constata-se que a 
inclusão digital se torna importante para todo cidadão, por constituir-se um direito já 
que garante o acesso a informação, além de tornar o indivíduo capaz de identificar 
estas informações, organizá-las e aplicá-las na prática, e no seu contexto social, 
desenvolvendo uma competência crítica. 
Debates científicos e discussões sobre o assunto tomaram corpo no Brasil em 
meados da década de 90, no entanto, nos dias atuais ainda se depara com pessoas 
que nunca tiveram acesso, ou tiveram muito pouco acesso a ferramentas de 
informatização, fato este que institui a necessidade de se empreender esforços que 
envolvam toda a sociedade nas práticas que promovam primeiramente a educação 
para a informação, como defende Freire (2002, p.11) 
 (...) mais que organizar e processar conhecimento científico, como antes dos 
primórdios da ciência da informação, será importante prover seu acesso público 
através das mais diversas formas e dos mais diversos canais de comunicação, de 
maneira que essa nova força de produção social possa estar ao alcance dos seus 
usuários potenciais. A comunicação do conhecimento é o que pode garantir a 
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diminuição da desigualdade social e consequentemente uma aplicação contínua no 
combate à exclusão digital. 
A citação do autor dá margem a outro fator que se pode descrever como a 
ponte capaz de integrar o indivíduo e a tecnologia: a educação, inserida na figura do 
voluntário, dos instrutores ou do mediador que possibilita a diminuição da brecha entre 
a aprendizagem significativa que viabiliza todo o processo de inclusão. 
O termo Inclusão Digital, não se trata apenas de promover acesso as TIC’s, 
mas de capacitar o indivíduo para retirar o máximo proveito das ferramentas 
tecnológicas em seu potencial máximo a partir de sua capacidade intelectual, e aplicá-
las em seu contexto social. 
 
Semânticas da inclusão digital 
 
De forma semelhante aos indicadores propostos pela matriz de análise, os 
discursos sobre a inclusão digital podem ser vistos sob esses três aspectos: técnico, 
cognitivo e econômico. São diferentes falas sobre os diversos processos atuais que 
reúnem as novas tecnologias em confronto com a sociedade da informação, num 
processo que pode ser caracterizado como as diferentes semânticas da inclusão 
digital. 
Não há muitas críticas atuais se as novas tecnologias significam um progresso 
a tal ponto incontestável que justifique o clamor pela necessidade da modernização, 
e para muitos (inclusive em inúmeros discursos sobre inclusão digital) o número de 
computadores ligados à Internet parece o índice mais preciso sobre o grau de 
desenvolvimento de um país, num discurso puramente técnico sobre a questão. Vale 
lembrar que esse número acaba, na maioria das vezes, se chocando com outros 
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índices onde os países com o número maior de internautas estão entre os mais 
desenvolvidos, mas não devemos esquecer que há outras desigualdades e 
complexidades por trás disso. 
Em outubro de 2005 o Governo Federal apresentou um plano para os próximos 
17 anos, metas que saíram de uma consulta aos setores da sociedade. Trata-se do 
projeto Brasil Três Tempos, do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência 
(NAE). Especialistas da área acadêmica elegeram 50 temas que devem orientar a 
vida social, política e econômica do século XXI, como qualidade de vida urbana, 
biotecnologia, Conselho de Segurança da ONU, qualidade de ensino, desigualdade 
social, ações afirmativas de inclusão social, inclusão digital, tecnologia da informação, 
nanotecnologia, blocos político-econômicos e diversidade cultural. O tema de número 
36 se refere à inclusão digital, no que tange contribuir para que mais de 50% da 
população brasileira, até 2015, e mais de 70%, até 2022, tenha acesso a 
computadores, redes de comunicação e serviços digitais. Mas, só o acesso basta? A 
reflexão deve ir além da perspectiva técnica, inclusive no planejamento político. 
O CULT Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura defende, no 
âmbito do projeto Brasil Três Tempos, que no contexto da questão da inclusão digital 
e concomitantemente a ela, deve ser tratada a questão da geração de conteúdos, se 
afastando um pouco dos reducionismos técnicos que são normalmente falados sobre 
a questão. Menos de 1% do conteúdo da Internet está em português, então a criação 
de conteúdo em português seria uma condição essencial para a inclusão digital. 
Somente a existência de conteúdos diversificados, direcionados para todas as 
camadas da população e de interesse realmente vital e prático pode, segundo a 
análise do CULT, gerar a motivação para o acesso e inclusão. A geração de conteúdos 
deve ser entendida tanto como a produção de novos materiais e serviços, quanto 
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como a digitalização e disponibilização do acervo cultural anteriormente acumulado, 
em diferentes suportes materiais e diferentes localizações físicas. Proporcionar 
acesso físico sem mobilizar vontades e atender necessidades é um direcionamento 
incompleto e fadado ao fracasso, afirma o CULT em contraposição a uma semântica 
puramente técnica. 
Anthony Wilhelm (2000) ressalta que muitos retóricos neofuturistas crêem que 
a partir de melhorias da técnica ocorrem impactos salutares na comunicação na esfera 
pública, mas que, na sua opinião, este processo seria mais complexo. 
Desde que uma noção instrumental da tecnologia
está tão imersa na nossa 
cultura, há sempre uma resposta reflexiva que pela manipulação de ferramentas de 
comunicação digamos, por prover uma maior largura de banda há 
automaticamente uma melhora na nossa democracia por causa do provimento da 
interatividade, escolha, e diversidade de conteúdos (Wilhelm, 105:2000). 
A semântica técnica da inclusão digital apregoa com frequência que a 
participação e as melhorias vêm em seguida dos processos técnicos, mas o processo 
é mais complexo, e não pode ser medido apenas pela largura da banda. 
Em relação à democratização, para Roger Silverstone é preciso uma política 
mais convencional que produzirá, ou não, políticas de acesso, definindo alguma forma 
de serviço universal (Silverstone, 2002:59); num discurso de perspectiva técnica. Há 
grupos que afirmam que o acesso universal é um pré-requisito para a igualdade de 
oportunidades em todas as esferas (Alliance for Public Technology apud Wilhelm, 
112:2000), e com isso vão um pouco além dos discursos técnicos simplistas. A técnica 
é um importante fator, mas não deve ser pensada isoladamente. A semântica 
puramente técnica, por muitas vezes, reduz a complexidade que o tema inclusão 
digital pode abarcar, em detrimento de outros fatores como a questão cognitiva. 
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Para Dominique Wolton (2003) a concepção que sustenta os novos serviços de 
informação se baseia mais no lado do conhecimento-ação do que na democracia (e 
os pressupostos de igualdade e universalidade), com uma seleção que se opera pelo 
dinheiro e pelo nível cultural, mesmo que cada um possa acessar livremente. Com 
isso, Wolton argumenta que as desigualdades socioculturais se reencontram na 
utilização da informação ponto corrente nos discursos de inclusão digital e um dos 
seus pressupostos. 
Quem mexe com Internet / Fica bom em quase tudo 
Quem tem computador / Nem precisa de estudo . 
O que a banda Pato Fu quer dizer com essa letra, da música Estudar Pra Quê?, 
presente no seu mais recente CD “Toda Cura Para Todo Mal ? “Uma crítica a uma 
ideologia tecnológica como panaceia a todos os males? Uma crítica aos discursos que 
exacerbam a técnica, em oposição a uma semântica cognitiva? De qualquer modo, a 
banda traz com essa letra a abordagem equivocada e evocada por muitos que tratam 
o tema da inclusão digital apenas pela semântica técnica. 
Dizer que preços baixos podem ajudar na resolução do problema é como 
afirmar que um indivíduo estará alfabetizado quando ganhar uma caneta . Contra 
essa ideologia tecnológica que enxerga a cura de todos os males no aparato, o 
professor Roberto Aparici diz que: 
Sozinha, a informática não transforma vidas. É necessário que as pessoas 
vejam a Internet como uma ferramenta que melhore seu trabalho, sua vida pessoal. 
Para isso, elas precisam ser ensinadas com uma metodologia que inclua processos 
mais complexos do que o uso do teclado e do mouse. 
Essa crítica também se refere ao projeto Computador para Todos, do Governo 
Federal. Através do acesso a computadores o projeto pretende que a população 
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atualmente off-line aprenda princípios básicos dos computadores, além de saber 
como tirar melhor proveito dessa ferramenta tecnológica. O projeto, que anteriormente 
era chamado de PC Conectado, atua na redução dos preços de aquisição dos 
computadores. Um projeto onde o mais importante não seria o ensino, mas a 
aquisição do aparato. Seguindo nessa linha, nas semânticas técnica e econômica da 
inclusão, o diretor da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), Sérgio 
Rosa, afirma que quando damos acesso a computadores e à Internet, já estamos 
abrindo uma porta para a inclusão das classes mais baixas (...) A partir do momento 
que essas pessoas tiverem acesso aos micros, saberão como tirar melhor proveito da 
Internet . Essa é uma afirmação não tão fácil de verificar na realidade, mas que não 
deve excluir que o Governo Federal também promove outros projetos e iniciativas em 
outros campos da inclusão digital. O Computador para Todos auxilia em determinadas 
frentes, a técnica e a econômica, mas na conjuntura atual esse é o melhor caminho? 
Esse papel não deveria ser feito num segundo momento, quando uma maior parcela 
da população já estivesse incluída de forma cognitiva, demandando a questão técnica 
por outros motivos? 
Devemos aguardar mais dados concretos deste projeto para podermos então 
analisar a sua efetividade junto às camadas mais pobres da população. Para 
Dominique Wolton: Produzir conhecimento é também um meio de relativizar as 
promessas e evitar as decepções que não deixarão de se manifestar amanhã, quando 
os indivíduos perceberem que nem a felicidade individual e social e nem a sociedade 
da informação vêm depois dos teclados e dos terminais (Wolton, 2003:22). 
Essa nota é interessante para a reflexão sobre a inclusão digital pensada 
apenas sob os discursos econômicos ou técnicos, onde o acesso a máquinas tais 
como o computador traria as respostas para tudo. 
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Mas, por outro lado, há discursos, como o do analista do Ibope/NetRatings, 
Alexandre Magalhães, que reforçam a semântica técnica do projeto Computador para 
Todos: existe a possibilidade de uma explosão na Internet brasileira, com a 
possibilidade de a classe C oferecer essa ferramenta para seus filhos. O crescimento 
da Internet no país depende no momento da adesão das classes mais baixas, já que 
a expansão nas classes A e B brevemente estará saturada, mas devemos ser mais 
cautelosos com tais afirmações, pois o que essa explosão poderá significar é muito 
difícil de averiguar atualmente. 
Os discursos, na maioria dos projetos, estão concentrados na ênfase ao 
aprendizado técnico. Para vários estudiosos da questão esse não parece ser o melhor 
caminho para que a inclusão digital se transforme efetivamente em uma inclusão 
social, que deve ser tecida de maneira complexa no sistema social e nos seus 
processos: a exclusão digital mais importante não é o acesso a uma caixa. É a 
habilidade de se tornar poderoso com a linguagem que esta caixa trabalha. Senão 
somente poucos podem escrever com esta língua, e todo o resto está reduzido a ser 
apenas leitores (Daley apud Lessig, 2004). 
O Governo Federal atua ainda com projetos como o Casa Brasil. A ideia surgiu 
em 2003, quando o governo implantou o Programa Brasileiro de Inclusão Digital 
(PBID). O projeto tem colaboração dos ministérios das Comunicações, Ciência e 
Tecnologia, Desenvolvimento e Planejamento, Cultura e Educação. Até 2005, o 
governo pretende construir mil telecentros em todo o país. No começo, a infra-
estrutura de centros comunitários já existentes e que possuem acesso à rede será 
aproveitada. Cada telecentro será equipado com seis computadores com Internet e 
também terá à disposição instrutores capacitados para ensinar informática, além de 
ministrar atividades culturais que irão melhorar as condições de vida da população 
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carente. Nesse caso o Governo direciona os seus discursos em relação às semânticas 
técnica e cognitiva. 
Outro projeto do Governo Federal é o Pontos de Cultura, lançado em setembro 
de 2004 pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil,
e faz parte do Programa Cultura Viva. 
Ao todo, serão disponibilizados para esse programa R$ 15 milhões em projetos 
selecionados por uma comissão especial. Alguns desses pontos já funcionam em 137 
municípios brasileiros. Na Bahia, por exemplo, há 26 projetos em andamento, mas 
que sofreram com o corte de recursos pelo Ministério da Fazenda, e tiveram as suas 
atuações prejudicas. Diversas ações, como as ilhas de edição digital e as bolsas de 
auxílio aos jovens ainda não acontecem de forma plena no projeto. Mas, mesmo com 
esta série de problemas operacionais, as suas bases conceituais são parecidas com 
o projeto Casa Brasil, com discursos direcionados às questões técnica e cognitiva. 
Democratização (...) significará, essencialmente, uma redução da distância 
social entre categorias de cidadão que têm distintos graus de participação histórica na 
construção e desenvolvimento da cultura nacional (Othon Jambeiro, 2005:57). Neste 
trecho Jambeiro mostra que além de uma semântica técnica, temos que promover a 
inclusão a partir de uma semântica cognitiva, onde as pessoas possam transformar 
as suas vidas a partir da utilização dos aparatos, que seriam meios, e não objetos-fim. 
Estes dois últimos projetos citados do Governo atentam para essa questão, não sendo 
apenas cursos de Word e Excel. Eles procuram ir um pouco além no ensino do uso 
das novas tecnologias, para conseguir explorar mais as suas potencialidades em 
relação às populações de baixa renda. Os seus discursos perpassam as questões 
técnicas envolvidas nos processos de inclusão digital, mas se ancoram na perspectiva 
cognitiva do tema. 
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O diretor regional do SESC São Paulo, Danilo Santos de Miranda, ressalta nos 
seus discursos sobre inclusão digital a importância da semântica cognitiva, sendo que 
a educação do público deve se dar não apenas no sentido tecnológico, para que 
saibam acessar à Internet, mas também no sentido de expressar-se através do meio 
digital. A atuação do SESC, em relação à inclusão digital, atualmente ocorre através 
do projeto Internet Livre. 
Em relação à importância da questão cognitiva, Dominique Wolton afirma: O 
problema, na realidade, não está no fato de que alguns terão acesso e outros não, 
uma vez que tudo é possível com a condição de saber e de pagar -, mas 
principalmente de saber qual será o nível de demanda. Ora, este está ligado à posição 
social de cada um: um dos efeitos da dominação sociocultural é justamente o de pedir 
só o que se tem (Wolton, 2003:96). 
Para Wolton haverá computadores, a partir da sua banalização, em todos os 
lugares, mas as desigualdades se darão de duas formas: a imposição um único 
modelo cultural; e a possibilidade que os países terão de se equipar, mas o conjunto 
da economia cognitiva, intelectual e técnica permanecerá em outras mãos. A 
regulação do mercado não basta para a redução de desigualdades, mas é um dos 
caminhos possíveis a se trilhar em conjunto com outras iniciativas, tanto 
governamentais quanto da sociedade civil. 
Como visto em diversas falas, a semântica técnica (que versa sobre possuir 
conhecimentos operacionais de programas e de acesso à Internet) da inclusão digital 
é atualmente bastante difundida, mas devem ser levados em conta outros fatores mais 
importantes no processo. A perspectiva técnica, na maioria das vezes, reduz a 
complexidade envolvida no tema a uma simples aquisição de um computador na rede 
de lojas da Insinuante, conforme nos traz os veículos da publicidade. O fator técnico, 
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sem dúvida, é importante, mas os seus discursos tendem a exacerbar tal importância 
em detrimento dos fatores cognitivos. O conceito de inclusão é pensado apenas na 
dimensão tecnológica não coloca em valor os capitais intelectual, social e cultural. 
O acesso a redes de comunicação tanto globais como locais é, certamente, 
capacitante, mas temos de ter algo a dizer, e deve haver alguém para escutar, e para 
ouvir (Silverstone, 2002:279). Por isso a questão dos excluídos não deve ser focada 
de forma simples, numa irrefreável inclusão sem reflexão, pois as tecnologias por si 
só não são criativas. Devemos, num primeiro momento, analisar as formas que essa 
tecnologia pode afetar a vida dos seus atuais excluídos. Precisamos saber como ela 
funciona e precisamos compreender os seus processos. 
Os processos de Inteligência Coletiva (Lévy, 1999) ficam prejudicados pelo não 
desenvolvimento dos quatro capitais. Essa dimensão tecnocrática pede por um 
discurso e uma ação mais ampla. Entendemos que a inclusão digital seja impensável 
sem o capital técnico. Ele é condição sine qua non de destreza para com as 
Tecnologias da Informação e da Comunicação, mas é, também, incapaz de 
verdadeiramente incluir sozinho. Incluir digital e socialmente deve ser uma ação que 
ofereça ao indivíduo condições mínimas de autonomia e de habilidade cognitiva para 
compreender e agir na sociedade informacional contemporânea. Incluir é ter 
capacidade de livre apropriação dos meios. Trata-se de criar condições para o 
desenvolvimento de pensamento crítico, autônomo e criativo em relação às novas 
tecnologias de comunicação e informação. 
Acesso para todos sim! Mas não se deve entender por isso um acesso ao 
equipamento , a simples conexão técnica que, em pouco tempo, estará de toda forma 
muito barata (...). Devemos antes entender um acesso de todos aos processos de 
inteligência coletiva, quer dizer, ao ciberespaço como sistema aberto de 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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autocartografia dinâmica do real, de expressão das singularidades, de elaboração dos 
problemas, de confecção do laço social pela aprendizagem recíproca, e de livre 
navegação nos saberes. (Lévy, 1999:196). 
A semântica cognitiva - que diz respeito aos discursos sobre estar dotado de 
uma visão crítica e de capacidade independente de uso e apropriação dos novos 
meios digitais; como foi demonstrado, deve ser a principal aliada dos processos de 
inclusão digital, pois abrange melhor a complexidade da questão, indo além do 
simples acesso. 
Já a semântica econômica (sobre ter condições financeiras de acesso às 
novas tecnologias) se soma normalmente aos discursos relacionados à técnica, não 
sendo considerada, na atual conjuntura sócio-econômica brasileira, como a mais 
importante em todo o processo. A exclusão social no Brasil abrange diversos 
aspectos, com isso a inclusão econômica poderá, num segundo momento da inclusão 
digital, estar mais presente nos discursos sobre o tema, mas atualmente figura de 
forma acessória. 
 
Inclusão digital e a Educação 
 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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Para se abordar a relação entre a educação para a formação e inclusão digital, 
é necessário lembrar a exigência que provocou no final do século XX, em caráter 
mundial: a inserção na sociedade da informação. Aconteceu a “corrida” para a 
construção de políticas nacionais, cujas propostas foram formuladas, em cada país, 
em vastos documentos governamentais. 
No Brasil houve um esforço de discussão promovido pelo Ministério da Ciência 
e Tecnologia (MCT), que envolveu os quatros setores da sociedade – governamental, 
privado, acadêmico, e o terceiro setor - além de pessoas vinculadas a outros
países 
e organizações internacionais. Esse esforço resultou na publicação, em 2000, do 
“Livro Verde da Sociedade da Informação” (Socinfo). Neste documento há uma 
proposta de universalização de serviços, observando a necessidade de se conceber 
soluções e promover ações que envolvam desde a ampliação e melhoria da infra-
estrutura de acesso, até a formação do cidadão. Essa ação é denominada pelo 
Programa Socinfo, de “alfabetização digital”. 
A internet é um ambiente de informação complexo para quem não tem 
familiaridade ou capacidade para utilizar a busca e recuperação da informação. 
Le Coadic (2004: 112) lembra que: O montante de informação na internet leva 
a que se proponham questões sobre as habilidades necessárias para aprender a se 
informar e aprender a informar, sobre onde adquirir a informação e chama a atenção 
de que essa aprendizagem é totalmente inexistente no sistema de ensino. 
Para haver a inclusão digital, torna-se necessária a capacitação ao acesso à 
informação na internet, ou seja, à “alfabetização digital”. 
Buzato (2003) esclarece que pessoas alfabetizadas não são necessariamente 
“letradas”. Mesmo sabendo “ler e escrever”, isto é, codificar e decodificar mensagens 
escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, redigir um 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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convite formal, interpretar um gráfico, encontrar um gráfico, encontrar um livro em um 
catálogo etc. A essa competência ele denomina “letramento”, que se constrói na 
prática social, e não na aprendizagem do código por si. 
Dessa forma, o autor emprega o termo “letramento digital”, por entender que 
não se trata de ensinar pessoas a codificar e a decodificar a escrita, ou a usar teclados, 
interfaces gráficas e programas de computadores, mas de inseri-las em práticas 
sociais nas quais a escrita, por computadores, tem um papel significativo. Pode-se 
afirmar, então, que letramento digital seria a habilidade para construir sentido, 
capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação eletrônica, seja por 
meio de palavras, elementos pictóricos, sonoros ou quaisquer outros meios digitais. 
Há uma tendência geral quanto à aceitação de que alfabetização é a simples 
habilidade de reconhecer os símbolos do alfabeto e fazer as relações necessárias 
para a leitura e a escrita, que encontra correspondente na alfabetização digital como 
aprendizagem para o uso da máquina. Letramento é a competência em compreender, 
assimilar, re-elaborar e chegar a um conhecimento que permita uma ação consciente, 
o que encontra correspondente no letramento digital: saber utilizar as TICs, saber 
acessar informações por meio delas, compreendê-las, utilizá-las e, dessa forma, 
mudar o estoque cognitivo e a consciência crítica, motivando o indivíduo a interagir de 
forma positiva na vida pessoal e coletiva. 
 
Iniciativas públicas e privadas de inclusão digital 
 
Sobre os aspectos governamentais incluir os indivíduos se trata de providenciar 
lugar ferramentas e pessoas preparadas para realizarem esta alfabetização digital. 
Partindo desta premissa, fica claro que o Estado deve implantar de forma sustentável 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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e com seriedade políticas de inclusão que visem reforçar sua função de assistência 
às comunidades. 
Em 26 de agosto de 2015, representantes do governo e de 15 organizações 
sociais se reuniram para discutir estratégias de criação de uma política de inclusão 
digital nacional, apostando em ações articuladas a outras esferas do governo e 
também da sociedade em prol de atingir maior amplitude. De acordo com o secretário 
de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações (MC), Jefferson D'Avila, o desejo 
do governo é de que a inclusão digital faça parte da formação do cidadão, assim é 
dever do governo equilibrar os processos criando condições iguais para todos (MC, 
2015). Com este novo sistema, o desafio será articular as iniciativas de inclusão digital 
federais às de outras esferas e com outras iniciativas como a de mídia livre e a de 
pontos de cultura. Esta nova política deve ser implantada a partir de 2016. 
O Ministério da Comunicação possui uma secretaria própria para gerenciar o 
tema, a SID (Secretaria de Inclusão Digital), criada em 2011, para formular e executar 
ações na área de tecnologia de informação, comunicação e tecnologia digital, de 
acordo com o MC (2015) à esta secretaria compete primeiramente formular objetivos 
e metas definidos para os programas de inclusão digital do governo federal, 
acompanhando as ações , assim como supervisionar e orientar as mesmas e também 
executar, monitorar e avaliar a implementação do Programa de Inclusão Digital do 
Governo Federal em âmbito interno e externo. Dentre as iniciativas em que o governo 
vem investindo algumas das que estão em funcionamento atualmente são (MC, 2015): 
a) Gesac (Programa Governo eletrônico - serviço de atendimento ao 
cidadão), um programa que prove internet banda larga gratuitamente a telecentros, 
escolas, unidades de saúde, aldeias indígenas, postos de fronteira e quilombos. O 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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programa é mais voltado para regiões isoladas, que apresentam estado de 
vulnerabilidade social. 
b) CRCs (Centros de Recondicionamento de Computadores) fazem parte 
deste projeto computadores para inclusão, onde promovem através de oficinas e 
cursos a capacitação de jovens de baixa renda, além de que os computadores 
recuperados são doados a escolas, bibliotecas e telecentros. O programa também 
busca incentivar a conscientização sobre o descarte de resíduos eletrônicos. A ação 
é realizada atualmente em parceria com instituições que se responsabilizam por 
realizar a formação dos alunos e o recondicionamento dos equipamentos. 
c) PID (Ponto de Inclusão Digital) mais conhecido como telecentro, são 
espaços que possuem computadores conectados à internet e oferecem cursos e 
oficinas gratuitos, visando atender as necessidades da comunidade local. 
d) Redes digitais da cidadania é um programa criado no ano de 2012, 
que beneficia dez estados da federação: Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, 
Rio Grande do Sul, Paraíba, Sergipe, Amazonas, Paraná e Acre. Promove em parceria 
com as FAPs (Fundações de Apoio a Pesquisa), formação e qualificação para o uso 
das tecnologias de informação e comunicação e da internet em espaços públicos de 
acesso livre. 
e) Inclusão digital da juventude rural esta ação é uma parceria entre a 
Secretaria de Inclusão Digital e a Secretaria da Juventude da Presidência da 
República, foi criada com objetivo de capacitar jovens de áreas rurais no uso das TICs. 
Iniciou em 2011 com a seleção de 41 projetos propostos por 28 instituições públicas 
federais, se encerraram no ano de 2013 com 6,4 mil jovens capacitados. Cinco destes 
projetos foram estendidos até 2015, receberam um investimento de R$ 3,3 milhões, e 
estão sediados nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Piauí e 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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Ceará e são desenvolvidos em parceria com universidades federais. Este projeto 
beneficia além de jovens agricultores, indígenas e comunidade quilombolas. 
Segundo o MC (2015), já se preparou mais de 4 mil alunos para atuarem em 
telecentros.
OS LIMITES DA INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL 
 
Diversos estudos sobre história do desenvolvimento econômico capitalista 
revelam a tendência à desigualdade gerada pelo processo de acumulação capitalista. 
A não ser em raros períodos de exceção, como os chamados Anos Dourados do 
século XX (1945-1973), o Capitalismo caracterizou-se pela permanente criação e 
recriação de desigualdades e de assimetrias de todo tipo: entre países, entre classes 
sociais dentro dos países e até mesmo entre diferentes segmentos capitalistas dentro 
dos países – como tem ocorrido recentemente, com o predomínio cada vez mais 
evidente da acumulação financeira do capital em detrimento de sua acumulação 
produtiva (conforme demonstra Chesnais, 1996, entre outros trabalhos do autor). 
Fiori (2001 a) ilustra parte dessas assimetrias quando cita dados mencionados 
pelo historiador Eric Hobsbawm, segundo os quais até 1850 a diferença de riqueza 
entre os países mais ricos e os países mais pobres era de 1 para 1,8; em 1880, essa 
diferença tinha subido para 2 para 1 e, em 1913, a renda per capita dos países do 
Primeiro Mundo era quase 4 vezes maior do que a dos países do Terceiro Mundo. 
Tremblay (2005) assegura que, sob a “nova economia”, caraterizada pela 
assunção da chamada Sociedade da Informação (SI), não há elementos para supor 
que estejam corretos os autores que apregoam estarmos diante de uma ruptura com 
modelos sociais precedentes (sob o capitalismo, evidentemente). O autor repele os 
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INCLUSÃO DIGITAL 
 
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autores que defendem a ideia segundo a qual estaríamos atualmente diante de uma 
ruptura com a sociedade industrial e que esta ruptura receberia o nome de Sociedade 
Informacional ou, como prefere Castells, seria denominada de era do “Capitalismo 
Informacional”. Tremblay (2005) admite que têm ocorrido mudanças importantes no 
processo de produção capitalista, mas que essas mudanças não têm conduzido a uma 
ruptura com o anterior modelo capitalista, mas sim a uma continuidade, sob novas 
bases, do modelo de desenvolvimento industrial fundado na inovação científica e 
tecnológica que tem caracterizado o capitalismo dos países desenvolvidos desde pelo 
menos o final do século XIX. 
Em certa passagem, Tremblay (2005) corrobora interpretação de Garnham 
(1998), conhecido crítico da obra de Castells (notadamente da mais conhecida obra 
do autor catalão, Castells, 1999), que nega estarmos diante de uma “novidade” no 
atual momento histórico caracterizado pelas TIC’s, pois elas seriam, segundo 
Garnham, apenas mais uma manifestação de avanço tecnológico capitalista em busca 
de novas fronteiras de acumulação de capital. Ao concordar com Garnham, Tremblay 
está concordando que o padrão de acumulação capitalista atual não representa uma 
mudança em relação ao do período da “sociedade industrial” (ou seja, do auge do 
fordismo) em um aspecto fundamental: o assalariamento é a norma da relação de 
trabalho, hoje como antes. Nesse mesmo sentido, Lojkine (1995) também defende 
que a chamada “Sociedade Informacional” continua a basear-se no assalariamento e 
na precedência da acumulação industrial para o processo de acumulação capitalista. 
Dessa forma, esses três autores (Lojkine, Tremblay e Garnham), todos críticos dos 
autores de linha tecno-ufanista (como Castells, o principal dessa, por assim dizer, linha 
de pensamento), estão implicitamente reconhecendo que os mecanismos de 
concentração da renda e da riqueza característicos do Capitalismo permanecem 
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intactos sob a chamada Sociedade da Informação (termo, aliás, que eles, assim como 
Bolaño e Herscovici (2003), consideram mera ideologia, ou um “conceito inventado”). 
O que se pôde concluir até aqui é que o processo de globalização tende a gerar 
desigualdades entre as pessoas dentro dos países e também desigualdade entre os 
países. Além disso, deve-se levar em conta, conforme salienta Proenza (2003), que o 
próprio desenvolvimento das TIC, tende também a criar novos elementos que 
contribuem para ampliar as desigualdades econômicas. O autor apresenta quadros 
que ilustram seus argumentos. Em primeiro lugar, ele mostra dados que revelam uma 
acentuada diferença de inclusão digital entre os países. Como era de se esperar, de 
modo geral pode-se perceber que, em regiões mais pobres, como América 
Latina/Caribe, existem baixos níveis de conexão à internet, embora com graus 
diferenciados dentro dessa região. O mesmo pode-se afirmar com relação ao norte 
da África e à Ásia e países do Pacífico (neste último caso, com a notável da Coréia 
do Sul, país que se caracterizou, nas últimas décadas pelos seus elevadíssimos 
investimentos em educação e em formação profissional). Por outro lado, os países 
mais desenvolvidos (a grosso modo, os países pertencentes à OCDE apresentam 
expressivos níveis de conexão à internet, ressalvadas algumas diferenças também 
dentro deste grupo, as quais se relacionam, provavelmente, a diferenças culturais que 
conduzem as respectivas populações a níveis variados de entusiasmo no que se 
refere à adesão das novas tecnologias (vindas, na maioria dos casos, dos EUA). Nos 
casos de acesso a PC’s, a linhas de telefonia fixa e ao uso de telefones celulares, o 
padrão de exclusão/inclusão é semelhante ao caso da conexão à internet. 
 Proenza (2003) destaca que há uma correspondência entre esses indicadores 
e os indicadores de níveis e de distribuição de renda. Ou seja, os países com renda 
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per capita menor e/ou com renda mais concentrada são justamente aqueles que 
ostentam os mais eloquentes indicadores de infoexclusão. 
 Ramonet (1998) também sublinha que os notáveis índices de desigualdade 
refletemse também na distribuição mundial do acesso digital. Ramonet (1998) 
salienta, ainda, que têm surgido novas desigualdades geradas pelo rápido 
desenvolvimento da Internet. Segundo o autor, a expansão da Internet tem gerado 
uma nova desigualdade, denominada por ele de “inforricos” e “infopobres”, 
destacando que, em primeiro lugar, sempre apenas uma pequena minoria dispõe de 
computador pessoal, mesmo nos países ricos. Ademais, lembra Ramonet (1998), a 
infra-estrutura em telefonia e os aspectos cognitivos (no mínimo, a alfabetização, 
cujos índices são bastante diferenciados entre os diversos países do mundo) contam 
de maneira decisiva para a definição da clivagem entre “inforricos” e “infopobres”. O 
processo de “privatização” (no sentido de ampliação da presença das grandes 
empresas transnacionais na exploração comercial da rede, algo que, conforme vimos, 
é fato relativamente recente na história do desenvolvimento da Internet) tem tido um 
efeito decisivo na ampliação das diferenças pessoais no contexto das sociedades 
atuais. Na seguinte passagem, Ramonet (1998) deixa claro seu ponto de vista: “não 
há dúvida de que, com a Internet – mídia, daqui em diante, tão banal quanto o telefone 
– entramos em uma nova era da comunicação. Muitos estimam, com certa 
ingenuidade, que o volume cada vez maior de comunicação fará reinar, nas nossas 
sociedades, uma harmonia crescente. Ledo engano. A comunicação, em si, não 
constitui um progresso social. E ainda menos quando é controlada pelas grandes 
firmas comerciais da multimídia. Ou quando contribui para aprofundar as diferenças e 
as desigualdades entre cidadãos do mesmo país, ou habitantes do mesmo planeta”. 
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Na mesma linha de Ramonet (1998), Fiori (2001a) sublinha que, apesar da 
ampliação indiscutível do uso da internet no mundo, ainda somente 5% da população 
mundial tem acesso à internet no início do século XXI, sendo que "metade dos 
internautas está nos EUA. Na Finlândia, há mais servidores do que em toda a América 
Latina e, só em Nova York, mais do que em toda a África". Tais dados são bastante 
significativos da assimetria digital existente no mundo atual, notadamente se 
considerarmos que os EUA detêm cerca de 30% da renda mundial, mas cerca de 50% 
dos internautas, conforme destacou Fiori (2001a). 
 Todos os indicadores aqui descritos e comentados parecem reforçar a nossa 
hipótese de que as vantagens competitivas e a desigualdade em termos de progresso 
tecnológico e também em termos de acesso à educação formal e por fim também com 
relação à renda entre os países, apresentam elementos que se auto-reforçam e que 
ampliam as distâncias entre os países (e dentro deles) no que se refere ao acesso à 
internet (ou seja, parece que a exclusão digital é ainda mais expressiva do que a 
exclusão social, e, provavelmente, elas se reforcem mutuamente). 
 Há uma vasta literatura que retrata os efeitos assimétricos do atual processo 
de globalização. Mais recentemente, tem surgido também uma literatura que se 
debruça sobre os efeitos assimétricos provocados pelas novas Tecnologias da 
Informação e da Comunicação (TIC’s). Proenza (2003) está entre os autores que se 
dedicaram a estudar os efeitos desigualitários provocados pelas Tecnologias da 
Informação e da Comunicação, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos 
subdesenvolvidos. Segundo o autor, o desenvolvimento das TIC’s tende a aumentar 
a desigualdade por causa de, basicamente, quatro motivos: 
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(a) no caso dos EUA, os inovadores que desenvolveram aplicativos de utilidade 
universal benefícios extraordinários por serem os primeiros a aproveitar o imenso 
mercado mundial; 
(b) o acelerado aumento na produtividade, que se observa nos EUA a partir da 
metade dos anos 90, está bastante vinculado à articulação entre os computadores e 
as empresas, ocasionada pela explosão no uso comercial da Internet (Crandall e 
Jackson, 2002); 
(c) a infra-estrutura das TIC’s é mais rentável e, portanto, mais fácil de 
desenvolver em áreas urbanas; isso tende a aumentar as diferenças em capacidade 
de produção e prestação de serviços entre as zonas rurais e urbanas; 
(d) cada vez mais, os mercados de trabalho exigem novas habilidades e o 
conhecimento da Internet e dos computadores. Os empregos na nova economia 
demandam horários flexíveis e são de caráter temporário, dando lugar a frequentes 
períodos descontínuos de desemprego e tornando necessária a atualização das 
habilidades. A mão-de-obra não qualificada e de baixa produtividade passa a ser um 
"produto padrão" e mal pago, do qual se pode abrir mão facilmente e que está 
desprotegido no vaivém econômico e no desemprego, por causa do progressivo 
enfraquecimento dos sindicatos. 
 Sem entrar detalhadamente no mérito de todas as observações feitas por 
Proenza (2003), podemos considerar que seus comentários chamam a atenção para 
fatores que de fato representam desigualdades sob o capitalismo (como, por exemplo, 
as diferenças no grau de desenvolvimento de áreas rurais e urbanas, ou como as 
vantagens econômicas desfrutadas pelos inventores pioneiros enquanto os 
concorrentes não logram copiar as inovações). Mais do que isso, deve-se destacar 
que, em países subdesenvolvidos como o Brasil, marcados por acentuadas 
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heterogeneidades estruturais, as quais foram determinadas historicamente, a 
introdução das novas Tecnologias da Informação e da Comunicação tende a acentuar 
ainda mais as assimetrias econômicas, sociais e setoriais, pois já encontram “campo 
fértil” nas próprias características da economia brasileira. 
 Poderíamos destacar que, no caso específico de um país como o Brasil, onde 
as oportunidades de ascensão sociais têm se restringido bastante nos últimos 25 
anos, e onde, como se sabe, há enormes diferenças de educação formal (medida em 
termos de anos de escolaridade) entre as pessoas, existe um outro elemento que 
acentua as diferenças sociais: o fator cognitivo, o qual, diga-se de passagem, não é 
dimensionado nas estatísticas mais usuais de exclusão digital, nem na literatura 
brasileira e nem na literatura estrangeira. Ou seja, essas estatísticas revelam apenas 
o número de pessoas com acesso à rede mundial de computadores, mas não 
consegue avaliar a qualidade dessa inserção; ou seja, não consegue avaliar a 
capacidade de compreensão e análise das informações disponibilizadas pela Internet. 
Trata-se de um fator bastante subjetivo, pois ligado à formação escolar e aos 
treinamentos específicos que as pessoas receberam (ou não) ao longo de suas vidas. 
Esse problema metodológico (de difícil solução) existente na captação dos dados 
sobre exclusão digital distorce ainda mais os indicadores de exclusão digital no caso 
brasileiro, dada a notória deficiência do sistema educacional básico do Brasil. 
 Há ainda outros fatores que, em um país como o Brasil, tendem a incrementar 
ainda mais as assimetrias arroladas por Proenza no comentário acima citado. 
Comecemos pela clivagem do espaço nacional entre urbano e rural. Num país como 
o Brasil, cujo processo histórico de industrialização foi marcado por elevada 
heterogeneidade setorial, convivem tanto no campo, quanto na cidade, estruturas 
produtivas de diferenciadíssimos graus de produtividade. Na zona rural temos desde 
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as práticas produtivas não-mercantis, ou seja, voltadas à subsistência, até os grandes 
grupos capitalistas do agronegócio de grande rentabilidade e competitividade 
internacional. Entre esses extremos, convivem diversas pequenas e médias 
propriedades que produzem para o mercado e cuja expansão econômica poderia ser 
bastante incrementada por um eventual acesso à Internet, pelas facilidades de 
realização de negócios e de obtenção de informações úteis para a compra de 
insumos, para o desenvolvimento das técnicas produtivas e para as práticas 
comerciais. Mas, dadas as enormes diferenças de produtividade e de renda dessas 
atividades, é de se esperar que o acesso à Internet (a inclusão digital) seja também 
bastante diferenciado, criando novo fator de criação de assimetria entre essas 
empresas. No caso das atividades do setor urbano, aplica-se o mesmo raciocínio. Ou 
seja, as diferenças de produtividade entre os setores e a pronunciada 
heterogeneidade do espaço econômico brasileiro não podem ser simplesmente 
descritos por uma dualidade rural/urbano, mas por elevados níveis de diferenças 
dentro de cada um desses segmentos e entre eles também. Sendo assim, as 
oportunidades extraordinárias geradas aos pioneiros ao acesso digital são 
grandemente aumentadas em uma estrutura produtiva marcada pela heterogeneidade 
da estrutura produtiva brasileira. Para reforçar, podemos também mencionar os 
baixos níveis de rendimentos das pessoas e dos pequenos negócios (do campo e da 
cidade), que muitas vezes os impedem de serem digitalmente incluídos, pois, para 
tanto,
é preciso ter, pelo menos, uma linha telefônica e um computador. Ocorre, 
portanto, uma exclusão pela falta de renda de amplas parcelas da população, ou seja, 
trata-se de exclusão vinculada ao próprio caráter de subdesenvolvimento econômico 
que caracteriza uma sociedade como a brasileira. 
 
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HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL E EXCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL 
 
Também no Brasil, assim como ocorrera nos EUA e demais países do mundo, 
a difusão da Internet deveu-se a fatores institucionais. E, assim como ocorrera com 
nosso processo de industrialização, a difusão da Internet no país também foi tardia, 
comparando-se com o ocorrido nos países capitalistas desenvolvidos. Foi somente 
nos anos 80 que a Internet começa a se difundir no país. Essa difusão inicia-se nas 
instituições de pesquisa da comunidade científica, destacando-se o papel realizado 
pelo CNPq, que financiou um consórcio chamado de Rede Nacional de Pesquisa 
(RNP), que desenvolveu o primeiro tronco nacional [backbone] para transmissão de 
dados. Wilson (2000) lembra que o IBASE, entidade não-governamental criado ainda 
durante o regime militar para produzir pesquisas sociais e para gerar informações e 
estatísticas para os movimentos populares de resistência à ditadura militar, colaborou 
decisivamente para a expansão da Internet no final dos anos 80, quando lançou o 
AlterNex, o qual, por sua vez, passou a trabalhar em conjunto com o RNP em 1992, 
por ocasião da ECO92, realizada no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, algumas 
novas parcerias entre o IBASE e alguns ministérios e entidades científicas permitiu a 
expansão da Internet pela comunidade acadêmica. Mas foi somente na segunda 
metade dos anos 90 que a Internet começa a se difundir para públicos mais amplos, 
tornando-se um instrumento de expansão de negócios privados com exploração 
comercial (e também de comunicação entre as pessoas). 
A rápida difusão da Internet na segunda metade dos anos 90 deu origem a um 
intenso debate sobre seus determinantes, seus efeitos sociais e sobre as atividades 
produtivas e, assim como ocorrera nos países desenvolvidos, sobre a sua capacidade 
de promover a inclusão social. 
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Para compreender todas essas questões, é fundamental, antes de mais nada, 
destacar algumas características sócio-econômicas da sociedade brasileira, cujo 
entendimento será decisivo para avaliar como tem se dado a expansão da Internet no 
país. As características sócio-econômicas do país são fatores delimitadores das 
possibilidades de expansão da Internet no país. 
Uma das principais características da economia e sociedade brasileiras é seu 
elevado padrão de desigualdade de renda. Esse fenômeno pode ser medido tanto 
pela distribuição funcional da renda (ou seja, repartição da renda nacional entre 
salários e lucros), quanto pela distribuição pessoal da renda (distribuição da renda 
pessoal do trabalho segundo estratos da pirâmide distributiva brasileira). 
 A tabela 1 revela que a concentração funcional da renda no Brasil é 
elevadíssima e tem aumentado nas últimas décadas. Esse resultado, sem dúvida, 
decorre da crise econômica que se abate sobre a economia brasileira desde o início 
dos anos 80, quando as taxas médias anuais de crescimento do PIB brasileiro sofrem 
forte desaceleração. Nos anos 90, a economia brasileira teve a sua pior década do 
século XX, em termos de desempenho do PIB, conforme mostraram Jannuzzi e Mattos 
(2001). Esse comportamento do PIB teve efeitos sensíveis sobre o mercado de 
trabalho brasileiro, manifestando-se na forma de redução do ritmo de geração de 
postos de trabalho, no aumento da informalidade, no aumento do desemprego e na 
redução dos salários reais médios. Esse processo de desestruturação do mercado de 
trabalho brasileiro, rompendo uma trajetória de expansão do peso do emprego formal 
(emprego assalariado com carteira de trabalho assinada) e do emprego industrial no 
conjunto das ocupações do mercado de trabalho brasileiro que vinha ocorrendo desde 
a década de 40, promoveu um efeito nefasto sobre os indicadores de distribuição de 
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renda, levando à queda da participação da renda do trabalho na renda nacional (tabela 
1). 
TABELA 1 
 
Evolução da distribuição funcional da renda brasileira 
Parcela da renda do trabalho na renda nacional (em %) 
 
Renda do ANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho 1949 1959 1970 1980 1991 1994 1998 1999(*) 
Em % 56,6 55,5 52,0 50,0 49,0 46,0 42,0 41,3 
Fonte: FIBGE. (*) estimativa. 
 
A concentração da renda no Brasil também pode ser medida pela trajetória da 
distribuição pessoal da renda do trabalho. Os dados da tabela 2 mostram que a 
distribuição pessoal da renda do trabalho é também extremamente concentrada no 
Brasil e que, nos últimos anos, este padrão distributivo tem se mantido praticamente 
inalterado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TABELA 2 
Distribuição pessoal da renda do trabalho (*) 
 
Brasil 1988-1999 (em % da renda total do trabalho) 
Fonte: IBGE. PNAD. Apud Dieese, Anuário dos Trabalhadores (2001). 
 (*) rendimento mensal de todos os trabalhos dos ocupados com rendimento do 
trabalho. 
 OBS.: em 1991, não houve PNAD; em 1994, dados não disponíveis. 
 
Recente trabalho desenvolvido na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro 
(FGV, 2001) procura descrever indicadores de inclusão digital no Brasil. Trata-se de 
um dos poucos estudos produzidos até hoje que procuram avaliar a expansão da 
“Sociedade da Informação” no Brasil. 
Utilizando dados do Censo Demográfico do ano 2000, os técnicos da FGV (RJ) 
mostram que a exclusão digital no Brasil acompanha os indicadores de exclusão social 
e de desigualdade de renda entre pessoas e entre regiões do país. Ou seja, a 
população que tem acesso direto à internet (os chamados incluídos digitais) é 
distribuída segundo os mesmos critérios da distribuição do conjunto da população. As 
Grupo de renda 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 
Os 10% mais pobres 0,6 0,6 0,8 0,8 0,7 1,1 1,2 1,1 1,2 1,2 
Os 20% mais pobres 2,0 2,0 2,4 2,8 2,7 3,3 3,4 3,3 3,5 3,6 
Os 50% mais pobres 11,1 10,4 11,2 14,1 12,8 13,0 13,0 13,1 13,5 13,9 
Os 10% mais ricos 51,2 53,2 49,7 46,1 49,8 48,2 47,9 47,6 47,5 46,8 
Os 5% mais ricos 37,3 39,4 35,8 33,0 36,6 34,6 34,1 34,0 34,0 33,4 
O 1% mais rico 15,2 17,3 14,6 13,7 16,0 13,9 13,5 13,7 13,7 13,0 
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informações divulgadas no referido estudo revelam que: (a) existe proporcionalmente 
maior inclusão digital nas áreas urbanizadas; (b) segundo cor ou raça, a população 
branca é proporcionalmente mais incluída do que os pretos, os pardos e os indígenas; 
(c) existe uma pronunciada diferença nas duas colunas de distribuição da população 
de ascendência asiática, revelando relativamente elevado grau de inclusão digital 
entre essas
pessoas; (d) por fim, no que se refere à contribuição para a Previdência, 
também se pode constatar uma pronunciada desproporção distributiva, que sugere 
maior inclusão dos trabalhadores que contribuem para a Previdência, ou seja, os 
dados revelam que as pessoas cujo vínculo empregatício é mais estável caracterizam-
se por graus bem mais elevados de inclusão digital do que as outras. Essas 
observações sugerem que os indicadores de exclusão digital reproduzem, muitas 
vezes em escala ampliada, os de exclusão social. Conforme ocorre em todos os 
países, as áreas urbanizadas são caracterizadas por apresentarem maiores 
rendimentos do que as áreas não urbanizadas. Os dados de inclusão digital revelam 
que a população que habita em áreas urbanizadas, no Brasil, tem proporcionalmente 
maior acesso direto à internet do que a que habita em áreas não-urbanizadas. Da 
mesma forma, sabe-se que, no Brasil, a população branca e os descendentes de 
asiáticos têm renda média superior à da população negra ou parda e essa 
desigualdade está também reproduzida nos indicadores de inclusão digital: a 
proporção de pessoas da etnia branca no conjunto das digitalmente incluídas é 
expressivamente maior do que a proporção de pessoas desta mesma etnia no 
conjunto da população brasileira. O mesmo ocorre entre os descendentes de 
asiáticos. 
 Finalmente, é forçoso destacar as desigualdades regionais existentes nos 
indicadores de exclusão digital no Brasil. Como se sabe, a concentração regional da 
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renda é também uma marca da sociedade brasileira e a mesma também se expressa 
em elevadas assimetrias no que se refere ao acesso ao uso de computadores, 
conforme indicam os dados da tabela 3. O Distrito Federal e os Estados mais ricos da 
federação brasileira revelam graus muito mais elevados de utilização de 
computadores do que os estados mais pobres. As diferenças existentes podem ser 
melhor avaliadas quando comparadas à média nacional, revelando de forma mais 
clara as assimetrias regionais que caracterizam a sociedade brasileira também no 
aspecto da inclusão digital. Compreender esse fenômeno é fundamental, pois, assim 
como no caso das desigualdades pessoais da renda, a infoexclusão pode ampliar as 
desigualdades regionais e impulsionar as diferenças setoriais de renda19. Nas 
palavras de Lévy (1999), “as performances industriais e comerciais das companhias, 
das regiões, das grandes zonas geopolíticas, são intimamente correlacionadas a 
políticas de gestão do saber” (p. 175-6). 
Ainda é preciso sublinhar que a base de dados sobre exclusão/inclusão digital 
no Brasil é ainda bastante precária, não permitindo tirar conclusões muito importantes 
sobre o tema. O trabalho elaborado pela FGV – RJ representa uma iniciativa 
importante, mas que ainda se revela pouco conclusiva. Temos que levar em conta, 
ainda, que a exclusão digital é interpretada apenas em termos quantitativos, tanto na 
literatura nacional, quanto mesmo na internacional, sendo ainda incipientes as 
tentativas de avaliar de forma qualitativa a inclusão/exclusão digital – o que implicaria 
definir alguns conceitos que pudessem medir a capacidade cognitiva dos que entram 
nas estatísticas simplesmente como “digitalmente incluídos”. Portanto, tratar-se-ia de 
avaliar, de forma mais acurada, a capacidade cognitiva dos infoincluídos, o que 
implica, em grande medida, medir a capacidade dessas pessoas em transformar 
informação em conhecimento. 
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Tabela 3 
Unidades da Federação brasileira com MAIOR e com MENOR grau de INCLUSÃO DIGITAL 
 Moradores em domicílios Acesso a Proporção (em %) 
 
particulares moradores com 
acesso/ 
 permanentes microcomputador total de moradores 
BRASIL 168.450.489 
 
17.328.185 
 
10,29 
 
UNIDADES DA FEDERAÇÃO 
MAIOR INCLUSÃO DIGITAL 
Distrito Federal 
 
2.035.459 
 
 
485.820 
 
 
23,87 
São Paulo 36.719.202 6.603.586 17,89 
Rio de Janeiro 14.289.735 2.217.769 15,51 
Santa Catarina 5.319.120 654.177 12,30 
Paraná 9.471.919 1.097.529 11,59 
 
MENOR INCLUSÃO DIGITAL 
Maranhão 
 
 
5.621.913 
 
 
115.211 
 
 
2,05 
Piauí 2.832.095 78.811 2,78 
Tocantins 1.143.283 31.533 2,76 
Acre 552.016 18.881 3,42 
Alagoas 2.797.246 100.664 3,60 
Fonte: FGV (2003). Dados do Censo 2000, do IBGE. 
 
 Os dados da tabela 4, divulgados pela Global Information Technology Report, 
revelam as diferenças, em termos de penetração da Internet, entre países com 
diferentes graus de desenvolvimento econômico. Nos países selecionados da 
América Latina e do Caribe, percebe-se que o número de usuários de Internet por 100 
habitantes é muito inferior ao padrão verificado nos países desenvolvidos. Este 
resultado é mais do que esperado, dado que a infra-estrutura física dos países mais 
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pobres é bem inferior à dos mais ricos, conforme se pode constatar pelos indicadores 
de disponibilidade de linhas telefônicas e de computadores por habitantes. 
Um indicador da penetração das TIC’s é dado pela percentagem de PC’s 
conectados à internet. Entre os países subdesenvolvidos mencionados na tabela 
percebe-se que nos países de maior renda per capita é maior a penetração das TIC’s. 
É interessante notar, por exemplo, que o Brasil tem uma relação de linhas telefônicas 
por habitantes semelhante à da Jamaica, em que pese esse país ter uma renda per 
capita bastante inferior à brasileira. Mas o grau de penetração da Internet no Brasil é 
bem maior do que no pequeno país caribenho, assim como ocorre em relação ao Peru 
e à Guatemala. 
 No caso dos dados dos países ricos, encontram-se particularidades 
importantes que merecem ser mencionadas. No que se refere à infra-estrutura 
disponível de linhas telefônicas e de PC’s (por habitantes, ambas), existe bastante 
semelhança entre os países selecionados. Parece haver, neste indicador, uma 
correlação razoavelmente positiva e direta entre PIB per capita e a oferta dessas 
tecnologias mais antigas. A diferença desponta no caso do grau de penetração das 
TIC’s nas residências. Temos dois extremos expostos na tabela: EUA, com cerca de 
50% dos PC’c conectados à Internet e a Alemanha, com cerca de 7,5% apenas. Esses 
dados sugerem que não são apenas fatores econômicos (como grau de 
desenvolvimento do país, indicado pelos níveis de renda per capita ou então o custo 
mensal do acesso à rede mundial de computadores) que explicam, notadamente em 
países mais ricos, o grau de “inclusão digital” de uma sociedade. 
 
TABELA 4 
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Estado das TIC's em seis países da América Latina e Caribe e de 4 países 
Desenvolvidos 
 
 Fonte: The Global Information Technology Report 2001-2002: Readiness for 
the Networked World. 
(*) dado de antes da crise de 2001/2002. 
 
 
No caso dos países mais pobres, existe um fator econômico limitante: a 
infraestrutura que é necessária para aumentar o grau de inclusão digital (acesso a 
linhas telefônicas e número de computadores por habitantes) mostra-se ainda 
bastante insuficiente.
Basta lembrar que, embora a Alemanha tenha um percentual de 
computadores conectados à Internet semelhante ao Brasil, por exemplo (como 
também até mesmo menor do que a Argentina, por exemplo), o número absoluto de 
computadores conectados à Internet nesse país é muito maior do que nos dois países 
da América Latina de maior grau de inclusão digital entre os mencionados na tabela. 
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De qualquer forma, é forçoso destacar que o caso brasileiro, que mais nos 
interessa, é bastante peculiar pelo fato de ter se caracterizado por um crescimento 
espetacular da rede, quer avaliemos o fenômeno pelo crescimento do número de 
hosts, quer pelo número absolutos de pessoas “digitalmente incluídas” a cada ano. A 
expansão da Internet no Brasil, como não poderia deixar de ser, ocorreu tardiamente, 
assim como ocorrera com nossa industrialização. Segundo lembra Bolaño (2003a), 
“em 1996, existiam no país 20 mil hosts, número que se elevou para mais de 876 mil 
em 2001, levando o Brasil a ocupar a décima primeira posição entre os principais 
países segundo o número de hosts”. A velocidade da expansão da Internet no Brasil 
pode ser atestada, por exemplo, pelos indicadores divulgados recentemente pela 
“Network Wizards”, citados por Bolaño (2003 a), que mostram que o país, entre início 
de 1996 e início de 2001, saltou do décimo-nono para o décimo-primeiro posto, entre 
os países do mundo, em número de hosts. Os mesmos dados confirmam a isolada e 
expressiva liderança dos EUA nesse indicador, reproduzindo a destacada assimetria 
existente na ordem econômico-financeira internacional. 
Portanto, pode-se afirmar que a expansão recente da Internet no Brasil é 
notável, especialmente se contextualizada no cenário internacional. Segundo dados 
levantados pela NUA.com, publicados pela Nielsen NetRatings, de maio de 2002, 
havia cerca de 13,62 milhões de brasileiros com acesso à rede, valor que representa 
cerca de 7,74% da população brasileira. Supondo-se que esse número ainda tenha 
crescido ao longo de 2004, pode-se esperar que essa taxa de crescimento não se 
sustente ainda por longo tempo, dadas as características da sociedade brasileira. 
Pode-se supor que a expansão da Internet no Brasil esteja apenas se adequando ao 
número absoluto de pessoas que fazem parte dos 10 ou 15% dos mais ricos do país. 
Em termos absolutos, não é pouca coisa, dada a dimensão da população brasileira. 
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Deve-se destacar, entretanto, que muitos desses indicadores não levam em 
consideração que muitas pessoas podem estar sendo contadas mais de uma vez, por 
terem acesso tanto em suas residências quanto em universidades e/ou empresas 
(locais de trabalho, enfim). 
Mais importante ainda do que discutir o conteúdo metodológico dos indicadores 
disponíveis de inclusão digital no país, é colocar em discussão os limites que se 
colocam para uma eventual continuidade do crescimento do número de pessoas com 
acesso à Internet no Brasil. Em primeiro lugar, conforme já alertamos acima, é 
evidente que a elevada concentração da renda no país já se coloca, por si só, como 
uma limitação importante para o aumento continuado do acesso à Internet. 
Provavelmente, a expansão ocorrida recentemente tenha já atingido sua potencial 
exaustão, pelo menos pelos dados que se tem à disposição. Os limites colocados pela 
renda da população para a expansão da rede não se devem apenas à elevada 
concentração da renda, mas ao fato de que a renda média da população é baixa e, 
dessa forma, não é difícil supor que – a não ser que sejam feitos enormes progressos 
em termos de políticas públicas de inclusão digital, fato que parece estar ocorrendo 
apenas em alguns casos isolados do território nacional, conforme se pode constatar 
por relatos feitos em Silveira e Cassino (2003)(org.) – a continuidade da expansão da 
rede de internautas esbarrará brevemente no baixo poder aquisitivo da população 
brasileira, impossibilitada de despender recursos suficientes para comprar um 
computador de uso pessoal e ainda pagar provedor e energia elétrica. Trata-se, 
portanto, de uma clara situação de exclusão pela renda, que se manifesta, sem 
dúvida, de forma mais nítida e complexa do que no caso de acesso a outros meios 
de comunicação, que exigem recursos iniciais bem menores e gastos regulares 
mensais quase nulos (como nos casos do uso de TV’s e rádios, por exemplo). 
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