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Administração de Materiais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Brena Bezerra Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Gestão de Compras • Função Compras. · Apresentar o conceito e a importância da gestão de compras para a Administração de Materiais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Gestão de Compras Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Gestão de Compras Contextualização É por meio da Gestão de Estoque que, de forma geral, são gerados os sinais para a Área de Compras de uma Organização que, por sua vez, tem o objetivo de iniciar um processo de aquisição. “Comprar bem”, nas Organizações, é condição necessária à eficiência e à eficácia da Gestão de Materiais. Mas, afinal, o que significa ser eficiente e eficaz em Compras? Pensando somente na economia de recursos, poderíamos, inicialmente, re- meter o “comprar bem” a adquirir um determinado item por um preço econô- mico. No entanto, isso não é suficiente. (FENILI, 2015) Podemos enumerar exemplos de compras que são feitas rotineiramente pelo menor preço, mas que trazem resultados insatisfatórios: • Canetas cuja tinta resseca, vaza ou falha ao ser usada; • Cola que tem mais água do que componente colante; • Borracha que, ao apagar, desfaz-se e, às vezes, não apaga; • Clips que enferrujam; grampeadores que não grampeiam; • Mesas com madeiras que incham em contato com a água; gavetas que não deslizam; parafusos que espanam etc. Portanto, faz-se necessário buscar não somente um preço econômico, mas, tam- bém, um bem de qualidade, para ser eficiente e eficaz na gestão de Compras. Compras é uma função do Sistema de Suprimentos, responsável pela captação de bens e serviços necessários para a Empresa, envolvendo a Compra no contexto logístico. (MONTE ALTO, 2009) A Área de Compras envolve a aquisição de matérias-primas, suprimentos e componentes para o conjunto da Organização e possui, dentre suas funções (BALLOU, 2006): • Selecionar e qualificar fornecedores; • Avaliar desempenho de fornecedores; • Negociar contratos; • Comparar preços, qualidade e serviços; • Pesquisar bens e serviços; • Programar as compras; • Estabelecer os termos das Vendas; • Avaliar o valor recebido; 8 9 • Mensurar a qualidade recebida, quando esta não estiver incluída entre as res- ponsabilidades do Controle de Qualidade; • Prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da demanda; • Especificar a forma em que os produtos devem ser recebidos. Segundo Ballou (2006), a função Compras está envolvida pela Área de Lo- gística de Suprimentos, que é o ramo da Logística Empresarial que trata dos fluxos de matéria-prima e de produtos para a Organização, sendo o objetivo da Logística de Suprimentos suprir as necessidades de materiais da operação da Organização. O resultado eficiente que se espera da Logística de Suprimentos corresponde à coordenação da movimentação dos suprimentos com as exigências da opera- ção. Portanto, a Logística de Suprimentos depende diretamente da Gestão de Compras, considerando que esta deve permitir o fluxo de insumos necessários à Linha de Produção. O termo “compra”, normalmente utilizado para definir a ação de aquisição de materiais e serviços para serem posteriormente utilizados, define o ato de processar as aquisições e suprir a necessidade material e de serviço no momen- to adequado. A função Compras requer planejamento, pesquisas e análises de fornecedores, acompanhamento dos pedidos de compra e inspeção de qualidade entre outros. Além disso, a área responsável por esse processo requer interligação e coordenação de ex- celência entre os diversos departamentos da Empresa. (GONÇALVES, 2010) Logística - Aula 04 - Gestão de compras e de reposição de estoques – Parte 1. Disponível em: https://youtu.be/pXVk8mUw4ro.Ex pl or Nesse sentido, esse capítulo apresenta como se estrutura a função Compras, quais os passos para a Gestão de Compras e quais os efeitos da centralização e da descentralização sobre o Setor de Compras. 9 UNIDADE Gestão de Compras Função Compras É de conhecimento comum que qualquer atividade industrial necessita de ma- térias-primas, componentes, equipamentos e serviços para que possa operar. Dessa forma, no ciclo de um processo de fabricação, antes de se dar início à primeira operação, os materiais e os insumos gerais devem estar disponíveis, mantendo-se com certo grau de certeza a continuidade de seu abastecimento a fim de atender as necessidades ao longo do período. Portanto, a quantidade dos materiais e a sua qualidade devem ser compatíveis com o processo produtivo. Cabe à função Compras o papel de planejar e de con- trolar a aquisição de insumos no intuito de manter a linha produtiva em plena efici- ência. (DIAS, 2010) Dessa forma, a função Compras é um segmento essencial do Departamento de Materiais ou Suprimentos e tem as seguintes finalidades: a) Planejar as necessidades quantitativamente; b) Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a pa- drões de quantidade e qualidade definidos; c) Obter um fluxo contínuo de suprimentos (bens ou serviços) a fim de atender aos programas de produção; d) Obter fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção; e) Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a pa- drões de quantidade e qualidade definidos; f) Procurar sempre dentro de uma negociação justa e honesta as melhores condições para a Empresa, principalmente, em condições de pagamento; g) Satisfazer as necessidades organizacionais no momento certo com as quantidades corretas; h) Verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado; i) Providenciar armazenamento adequado. Importante! O processo de compra varia de Empresa para Empresa, em função da importância da compra, dimensão financeira, tempo disponível, exigências de qualidade e se a compra é repetitiva ou nova. (MONCZKA et al., 2010) Importante! Segundo Gonçalves (2010), a função Compras requer planejamento e acom- panhamento, processos de decisão, pesquisa e seleção de fontes supridoras dos diversos materiais, diligenciamento dos fornecedores (para assegurar que o pro- duto será recebido sem atrasos, no momentoesperado). 10 11 Requer, ainda, uma coordenação geral entre os diversos órgãos da Empresa: Almoxarifados, Finanças e todos os diversos Setores que são revestidos do papel de clientes da compra a ser realizada. Cabe destacar que o Setor de Compras ocupa posição importante na maioria das Organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados repre- sentam, em geral, de 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto. Isso significa que reduções de custos (mesmo as relativamente baixas) conquis- tadas no processo de aquisição de materiais podem ter um impacto sobre os lucros. (BALLOU, 2006) Com o avanço da Tecnologia e da maior agilidade dos processos das Organi- zações, a Área de Compras vem se transformando e otimizando suas operações por meio de softwares que facilitam seu gerenciamento. Falar da Área de Compras não se limita apenas à solicitação e à execução da com- pra, que envolve, também, a negociação, a seleção de fornecedores, a solicitação e a aprovação dos pedidos de compra, o recebimento e a avaliação dos produtos e a prestação de contas, entre outros aspectos, que demandam um controle e uma or- ganização particular, facilitada por esses softwares, principalmente, quando lidamos com Empresas de grande porte. (ANDRADE, 2012) É necessário, também, compreender que a função de compras é um processo integrado ao planejamento estratégico da Organização, de modo que tais decisões são tomadas à luz da estratégia competitiva. Nesse sentido, as capacidades da função de compras devem estar alinhadas aos objetivos de negócios e, consequentemente, com os de outras Áreas funcio- nais envolvidas na formulação da estratégia de negócio. Portanto, as Organiza- ções devem garantir esforços para que todas as Áreas possam interagir com a Área de Compras, de modo a gerar vantagem competitiva nas suas decisões e, consequentemente, nos seus resultados. (ANDRADE, 2012) Além disso, toda a Organização, no intuito de manter um volume de vendas e um perfil competitivo no Mercado (e, consequentemente, gerar lucros satis- fatórios) deve perseguir e alcançar a minimização de custos, principalmente, os que se referem aos materiais utilizados, já que representam uma parcela consi- derável na estrutura de custo total. (DIAS, 2010) Cada Organização possui um modelo particular de gestão, de acordo com suas características, do seu tipo de negócio, se faz parte do Setor Público ou Privado, se é de pequeno ou grande porte. Além disso, de acordo com suas características, cada Empresa deve adequar seu gerenciamento e seus processos de acordo com os aspectos legais que re- gem as instituições do país. Lidar com a Área de Compras requer zelo, transpa- rência e muita responsabilidade. (BENITO, 2006) 11 UNIDADE Gestão de Compras Um dos parâmetros importantes para o bom funcionamento da Seção de Com- pras e, consequentemente, para o alcance de todos os objetivos, é a previsão das necessidades de suprimento. Nunca é demais insistir na informação dessas quantida- des, das qualidades e dos prazos que são necessários para a fábrica operar. São estas informações que fornecem os meios eficientes para o comprador executar o seu trabalho, devendo Compras e Produção dispor do tempo necessário para negociar, fabricar e entregar os produtos solicitados. Diante da competitividade do Mercado, os resultados da Empresa deverão vir do aumento da produtividade, da melhor Gestão de Material e de compras mais econômicas. (DIAS, 2010) Cabe relatar que o controle dos suprimentos costumava ser uma atribuição se- cundária do Gerente Industrial ou de níveis hierárquicos inferiores e foi somente quando algumas Empresas começaram a parar por falta de estoque de determi- nados produtos básicos que se reconheceu a importância de planejar e controlar o fluxo de materiais de forma científica e centralizada. A necessidade de se comprar cada vez melhor é enfatizada por todos os em- presários, juntamente com as necessidades de estocar em níveis adequados e de racionalizar o processo produtivo. Comprar de maneira eficiente e eficaz é um dos meios que a Empresa deve usar para reduzir custos. Existem boas práticas que permitem comprar dessa maneira, tais como a verificação dos prazos, preços, qualidade e volume. No entanto, manter- -se bem relacionado com o Mercado fornecedor, antevendo, na medida do possível, eventuais problemas que possam prejudicar a Empresa no cumprimento de suas metas de produção, é, talvez, o mais importante na época de escassez e altos preços. Portanto, a seleção de fornecedores é considerada igualmente ponto chave do processo de compras. A potencialidade do fornecedor deve ser verificada, assim como suas instalações e seus produtos; e isso é importante. O seu balanço deve ser cuidadosamente ana- lisado, com um cadastro atualizado e completo de fornecedores e com cotações de preços feitas semestralmente, muitos problemas podem ser evitados. (DIAS, 2010) Arnold (2012) afirma que um bom fornecedor é aquele que possui os insumos para desenvolver o produto com a qualidade exigida e que tem a capacidade de pro- duzir as quantidades demandadas. Além disso, é capaz de administrar seu próprio negócio, suficiente para ter uma Empresa com saúde financeira positiva e vender os produtos a preços competitivos. Organização da Função Compras Independente do porte da Empresa, existem os princípios básicos da Organiza- ção de compras, que são considerados normas fundamentais para sua boa gestão (DIAS, 2010): • Autoridade para compra; • Registro de compras; 12 13 • Registro de preços; • Registro de estoques e consumo; • Registro de fornecedores; • Arquivos e especificações; • Arquivos de catálogos. Exemplo de um Processo de Negócios de Requisição de Compra. Disponível em: https://goo.gl/HF6Yvz.Ex pl or O Quadro 1 apresenta atividades típicas da Seção de Compras, que podem estar relacionadas à pesquisa dos fornecedores, aquisição, administração, comerciais ou que são realizadas junto a outros Departamentos da Empresa. Quadro 1 – Atividades da Função Compras Atividade Exemplos Pesquisa dos fornecedores · Estudo do Mercado; · Estudo dos materiais; · Análise dos custos; · Investigação das fontes de fornecimento; · Inspeção das fábricas dos fornecedores; · Desenvolvimento de fontes de fornecimento; · Desenvolvimento de fontes de materiais alternativos. Aquisição · Conferência de requisições; · Análise das cotações; · Decidir comprar por meios de contratos ou no Mercado aberto; · Entrevistar vendedores; · Negociar contratos; · Efetuar as encomendas de compras; · Acompanhar o recebimento de materiais. Administração · Determinação do que fabricar ou comprar; · Manutenção de estoques mínimos; · Transferências de materiais; · Evitar excessos e obsolescência de estoque; · Padronizar o que for possível; · Desfazer de materiais desnecessários, obsoletos ou excedentes; Comerciais · Fazer estimativa de custo; · Cuidar das relações comerciais recíprocas. Junto a outros Departamentos · Padronização e simplificação; · Especificações e substituições de materiais; · Testes comparativos; · Controle de estoques; · Seleção de equipamentos de produção; · Programas de produção dependentes da disponibilidade de materiais. Fonte: Dias, 2010 Uma descrição de cargos sobre os envolvidos na função Comprar é apresenta- da no Quadro 2. Nele, é possível observar as competências necessárias à atuação nessa função do Setor de Logística. 13 UNIDADE Gestão de Compras Quadro 2 – Cargos em Gestão de Compras Cargo Competências Chefe de Compras · Estudar e analisar as solicitações de compra de matérias-primas, máquinas e equipamentos em geral; · Inteirar-se das necessidades e detalhes técnicos exigidos pelos requisitantes; · Coordenar pesquisa de fornecedores e coleta de preços; · Organizar concorrências e estudar os seus resultados, optando pelo que melhor condições oferecer; · Manter contato com fornecedores;· Solicitar testes de qualidade das matérias-primas adquiridas; · Assessorar as várias seções com informações e soluções técnicas; · Controlar prazos de entrega; · Elaborar previsões periodicamente de compras; · Examinar cadastro geral dos fornecedores; · Manter contatos com setores de produção; elaborar relatórios e estatísticas de controle geral. Comprador de materiais diversos · Efetuar e acompanhar pequenas compras de materiais sob supervisão da chefia da seção; classificar e analisar requisições de compras remetidas por outros setores; · Pesquisar cadastro de fornecedores e efetuar coleta de preços; · Estudar preços e qualidades, optando pelo que obter melhores condições; · Efetuar as compras e controlar a entrega dos materiais; · Manter arquivo e catálogos de fornecedores. Comprador técnico · Efetuar compras de materiais especiais de produção mediante supervisão e orientação da chefia; · Classificar e analisar solicitações de compra; · Estudar e analisar necessidades técnicas; pesquisar cadastro de fornecedores; · Preparar concorrência; · Analisar informações recebidas e informar à chefia as melhores condições; · Manter e atualizar cadastro geral de fornecedores; · Assessorar as várias seções com informações técnicas; acompanhar e controlar a entrega dos materiais. Comprador de matéria-prima · Efetuar compras de matérias-primas utilizadas em uma ou várias unidades fabris, sob supervisão da chefia da Seção; · Classificar e analisar solicitações de compra remetidas por outros setores; · Pesquisar cadastro de fornecedores; · Consultar em publicações específicas as cotações dos produtos; · Organizar pequenas concorrências; · Analisar as informações e opinar sobre as melhores ofertas; · Providenciar as compras e acompanhar as entregas. Auxiliar de compras · Controlar o recebimento de solicitações de compras e efetuar conferência dos valores anotados; pesquisar arquivo de publicações técnicas; · Elaborar relações de fornecedores para cada material, emitir pedidos de compra; · Controlar arquivo de catálogos e documentos referentes às compras efetuadas. Acompanhador de compras – Follow-up · Acompanhar, documentar e fiscalizar as encomendas realizadas em observância aos respectivos prazos de entrega; · Informar ao comprador o resultado do acompanhamento; · Efetuar cancelamentos, modificações e pequenas compras conforme determinação da chefia. Fonte: Dias, 2010 Portanto, a gestão de compras é decorrente do trabalho orquestrado entre fun- cionários de diferentes competências. A eficiência e a eficácia na Gestão de Com- pras dependem diretamente da habilidade de eles executarem o ciclo de compras, elemento apresentado na próxima subseção. 14 15 Um estudo sobre a reconfi guração da Função Compras no Setor automotivo. Disponível em: https://goo.gl/WmeaA6.Ex pl or Ciclo de Compras O chamado Ciclo de Compras de uma Organização engloba todas as atividades que se estendem desde o recebimento (pela área de aquisições) das requisições de compras (proveniente dos diversos setores internos da Organização) até a aprova- ção da fatura para pagamento ao fornecedor. O ciclo está representado na Figura 1. Figura 1 – Ciclo de Compras Fonte: Fenili, 2015 O ciclo trata de um processo de trabalho que se repete incessantemente. Das tarefas representadas na Figura 1, apenas o Recebimento de Material é feito por uma área distinta da Área de Compras: o recebimento é feito pelos almoxari- fados da Organização. Mesmo a aprovação da fatura para pagamento faz parte da incumbência da Unidade responsável pela etapa de liquidação – muitas vezes inserida em uma Coordenação/Departamento/Diretoria de compras. Importante! Quando se envia uma Ordem de Compra, será enviado um documento que vincula comprador e fornecedor a um conjunto de condições acordadas (Contrato); portanto, o departamento de compras deve garantir que a encomenda esteja clara e contenha todas as informações e instruções necessárias para que não se verifi quem problemas logísticos e administrativos. Caso existam falhas ou quebras contratuais, os respon- sáveis pelas compras devem agir imediatamente para regularizar a situação. (CAR- VALHO, 2010; MONCZKA et al., 2010) Importante! 15 UNIDADE Gestão de Compras É comum a Departamentalização (divisão da estrutura administrativa) da Área de Compras, de acordo com uma estrutura funcional. É possível dizer que a estru- tura funcional é um tipo de estrutura organizacional em que o critério empregado para a divisão das áreas é a função desempenhada pelos Setores envolvidos. Isso possibilita maior especialização dos envolvidos, bem como uma definição clara de responsabilidades. No caso da Área de Compras, é comum a Departa- mentalização, de acordo com as seguintes funções (FENILI, 2015): • Manutenção do cadastro de fornecedores: refere-se a uma função de apoio à atividade de compras; • Processamento das compras (Seção de Aquisições, Seção de Compras ou, ainda, Central de Compras): o processamento é efetuado por unida- de administrativa responsável pelo recebimento das requisições de compras (proveniente dos demais órgãos internos da Organização), bem como por toda a instrução do processo de compras (pesquisa de preços, negociação com fornecedores etc.). Em Empresas privadas, esse Setor conclui a ne- gociação com os fornecedores, após sua seleção. Já em órgãos públicos, em que a licitação é obrigatória, esse Setor apenas instrui a fase interna do procedimento licitatório. A fase externa fica por conta da Comissão Perma- nente de Licitação, que procede à execução de tarefas como divulgação de editais, abertura e condução de procedimentos licitatórios etc.; • Acompanhamento (ou diligenciamento) de pedidos (Seção de Liquidação): geralmente, há uma unidade administrativa responsável pelo acompanhamento de pedidos (também conhecido por follow up), tendo grande ênfase no cumpri- mento, por parte do fornecedor, dos prazos de entrega dos itens de material. Após a entrega, esta Unidade encaminha as faturas (Notas Fiscais) para pagamento. Figura 2 – Estrutura do Setor de Compras Fonte: Fenili, 2015 A subseção seguinte trata de maneira mais aprofundada sobre as decisões de centralização e descentralização em compras. 16 17 Políticas de Centralização e Descentralização em Compras A responsabilidade sobre as compras e, consequentemente, a forma como vão ser estruturadas está associada à localização do centro de decisão. Na prática, referimo-nos ao grau de centralização. O grau de centralização refere-se ao caso em que as atividades de compra das diferentes unidades de negócio de uma Or- ganização são executadas por uma única Unidade Central (caso da centralização) ou em que cada uma das diferentes Unidades de negócio, localmente, é respon- sável pela condução dos seus processos de compra (caso da descentralização). (CARVALHO, 2010) O volume de operações de compras, dependendo do empreendimento, pode alcançar quantidades expressivas. Nesses casos, é necessário saber se todas as compras da Organização devem ser feitas em um ponto centralizado ou se de- vem ser estabelecidas seções de compras separadas para cada Fábrica ou Divisão Operacional. Ambos os métodos poderão ser empregados. As razões para estabelecermos a descentralização das compras podem ser assim resumidas: • Distância geográfica; • Tempo necessário para a aquisição de materiais; • Facilidade de diálogo. A centralização completa das compras reúne certas vantagens, conforme po- demos verificar: • Oportunidade de negociar maiores quantidades de materiais; • Homogeneidade da qualidade dos materiais adquiridos; • Controle de materiais e estoques. Em uma estrutura centralizada, as compras são concentradas num único ór- gão. Várias são as vantagens decorrentes dessa opção: minimiza-se a chance de haver compras duplicadas (incorrendo em maior custo de pedido e perdendo-se em economia de escala, possibilita-se melhorcontrole etc.). Por outro lado, a centralização de compras é usualmente preterida no caso de Or- ganizações que possuem Unidades Administrativas dispersas geograficamente. Nesse caso, opta-se por uma estrutura descentralizada. A principal vantagem des- se desenho organizacional é a maior agilidade no atendimento das demandas dos clientes internos. Os Correios e as Organizações Militares, por exemplo, adotam esse tipo de estrutura. O Quadro 3 apresenta as principais vantagens dessas duas estruturas de compras. 17 UNIDADE Gestão de Compras Quadro 3 – Vantagens das estruturas de compras Vantagens da Centralização Vantagens da Descentralização Obtenção de maior economia de escala, me- diante negociações para a contratação de maio- res volumes; Permite maior autonomia funcional das Unida- des Regionais; Possibilita melhor controle global do processo de compras e dos estoques; Permite maior sensibilidade na solução dos problemas regionais, pelo conhecimento abran- gente de problema pela regional interessada, assim como melhor conhecimento das fontes de suprimentos, meios de transporte e armazena- mento locais; Reduz o custo de pedido (menor número de pedidos e redução do Quadro de funcionários); Resposta mais rápida e ágil às solicitações de compra; Evita a concorrência danosa entre os compra- dores regionais e as disparidades de preços de aquisição de um mesmo material por compra- dores diversos. Maior flexibilidade na negociação com fornece- dores regionais. Fonte: Fenili (2015); Gonçalves (2010) Também cabe destacar que há grande variação no contexto organizacional no que se refere à gestão de compras. Segundo Bertaglia (2006), algumas características de compras são usadas pelas Organizações com o objetivo de obter algumas vantagens no processo. A partir do porte da Empresa, principalmente, as companhias têm como opção centralizar ou descentralizar suas compras. Como visto, a centralização consiste na função de compras serem de respon- sabilidade de um Departamento único da Empresa, enquanto a descentralização se caracteriza pela autonomia de compras de cada Estabelecimento, filial ou área da Empresa, não sendo de responsabilidade de uma única central realizar todas as compras, modelo característico, principalmente de Empresas com mais de uma filial. (THESE; MATOS; BRAMBILLA, 2010) Com compras centralizadas, as Empresas podem obter melhores preços e serviços em função do maior volume praticado com os fornecedores, recebendo atenção especial por parte deles. As compras descentralizadas, por sua vez, podem oferecer uma velocidade maior de atendimento se praticadas localmente, influenciando ainda o custo de transporte, pelo fato da priorização de fornecedores mais próximos da Empresa. (BERTAGLIA, 2006) Importante! Numa estrutura descentralizada, a gestão de cada Unidade de negócio é totalmente responsável pelas atividades de compra. (CARVALHO, 2010) Importante! 18 19 De acordo com Gonçalves (2010), a Centralização de Compras permite maior controle dos processos, além da sua gestão ser mais prática pelo fato de não envolver mais de um responsável pelo processo. Além disso, quando as compras são centralizadas, a Empresa obtém maiores lucros devido à economia de escala obtida em compras de maior volume. Quanto às compras descentralizadas, o autor avalia que as Áreas da Organização adquirem maior autonomia para os processos de aquisição, além de responder rapi- damente as demandas emergenciais de compras. Além disso, tem melhor gerencia- mento de suas necessidades e maior controle de suas compras, devido à flexibilidade e sensibilidade na execução do processo. Algumas Organizações optam por utilizar os dois conceitos, comprando itens mais estratégicos e de maior volume de forma centralizada, enquanto compram os de menor quantidade localmente. (BERTAGLIA, 2006) Baily et al. (2000) afirmam que a maioria das Empresas que operam vários es- tabelecimentos, visando a balancear as vantagens da força da flexibilidade do tipo de compra, possui três alternativas: 1. Descentralização total, seguindo autonomia plena em cada uma das Unidades; 2. Centralização total, que na prática signifi ca que, independentemente das compras locais de pequeno valor, todas as compras são feitas a partir do escritório central; ou 3. Uma combinação das duas. Por sua vez, considerando uma grande variedade de organizações tais como industriais, comerciais e de serviços, é de se esperar uma grande variação nos aspectos relacionados à política de centralizar e descentralizar as compras, assim como a adequação de um modelo dentro do perfil e das características de cada Organização, é importante que se analise qual modelo será mais adequado à sua realidade e que melhor se enquadrará para auxiliar no alcance dos objetivos estratégicos da Organização. (GONÇALVES, 2010) Difi culdades na Gestão do Processo de Compra Na prática, o Processo Organizacional de Compras pode desviar-se do modelo ideal. (VAN WEELE, 2010) O Processo de Compras pode ser obstruído por seis fatores (CARVALHO, 2010; VAN WEELE, 2010): 1. Especifi cações determinadas de forma unilateral pelos utilizadores: limita a capacidade negocial do comprador face ao fornecedor; 19 UNIDADE Gestão de Compras 2. Seleção inadequada do fornecedor: muito importante se os produtos requerem manutenção ao longo do tempo. Por exemplo, a não verifica- ção da existência de boas referências bancárias pode levar a surpresas desagradáveis como a falência inesperada do fornecedor, incapacidade para cumprir as exigências de qualidade ou falta de vontade e capacida- de para assegurar garantias; 3. Relações pessoais: colocar ordens de compra em fornecedores com os quais o comprador mantém relação de amizade pessoal, pode resultar na relação com um fornecedor que não seja tão competitivo como deveria; 4. Inexperiência na elaboração de contratos: pode levar o comprador a incorporar custos que deveriam ser da responsabilidade do fornecedor; 5. Ênfase excessiva no preço: em detrimento de análises do custo total de posse; 6. Falhas na organização administrativa: quando as responsabilidades e os procedimentos não são claros ou não estão definidos, podendo traduzir-se em acréscimo de custos. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Impacto do planejamento de compras no desempenho financeiro de indústrias de transformação no Brasil MONDINI, L. C. et al. Impacto do planejamento de compras no desempenho financeiro de indústrias de transformação no Brasil, REAd, v. 80, n. 1, p. 113-140, 2015. Vídeos Gestão de Compras e Estoques SEBRAE Minas. Sobre Gestão de Compras e Estoques. https://youtu.be/_aQf-tKNrTs Estratégia de compras - As novas tendências em compras https://youtu.be/hykaNmTuUOo Conversas de Valor “Gestão e Estratégias de Compras” Prof. Flávio Taioli https://youtu.be/xepvTjjWP1c 21 UNIDADE Gestão de Compras Referências ANDRADE, G. C. Gestão Estratégica de Suprimento em uma Empresa do setor elétrico brasileiro. 2012. 86f. Mestrado (Ciências em Engenharia de Produção) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2012. ARNOLD, J. R. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 2012. BAILY, P. et al. Compras: Princípios e Administração. São Paulo: Atlas, 2000. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística Em- presarial. Tradução de Raul Rubenich. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BENITO, J. G. Efectos Competitivos de la Integración Estratégica de la Gestión de compras, Universia Business Review, n.12, p. 10-21, 2006. BERTAGLIA, Paulo R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimen- to. São Paulo: Saraiva, 2006. CARVALHO, J. Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento. Lisboa: Edi- ções Sílabo Ltda., 2010. DIAS, M. A. P. Administração de materiais, uma abordagem logística. 5.ed. SãoPaulo: Atlas, 2010. FENILI, R. R. Gestão de Materiais. Brasília: ENAP, p. 168, 2015. GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MONCZKA, R. M., HANDFIELD, R. B., GUINIPERO, L. C., PATTERSON, J. L. Purchasing and Supply Chain Management. 4.ed. Mason: Cengage Learning, 2010. MONTE ALTO, Clélio Feres; PINHEIRO, Antônio Mendes; ALVES, Paulo Caeta- no. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. THESE, D.; MATOS, D.; BRAMBILLA, F. R. Vantagens e desvantagens da centra- lização de compras no varejo, Revista Ingepro – Inovação, Gestão e Produção, v. 2, n. 7, p. 12-22, jul. 2010. VAN WEELE, A. J. Purchasing and Supply Chain Management: Analysis, Strategy, Planning and Practice. United States: Cengage Learning, 2010. 22
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