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Medicina da Família II | Ana Clara Moraes Daleffe 1 Osteoporose DEFINIÇÃO É uma doença que se dá pela redução da densidade mineral óssea (DMO), gerando deterioração da microestrutura do tecido ósseo. Consequentemente, ocorre aumento da fragilidade esquelética e do risco de fraturas. A DMO representa cerca de 70% da resistência óssea. É uma doença silenciosa até que ocorra uma fratura, geralmente, ocasionada por um trauma mínimo. OSTEOPOROSE X OSTEOPENIA A OMS define a osteoporose como uma condição em que a densidade mineral óssea é igual ou inferior a 2,5 desvios padrão abaixo do pico de massa óssea encontrada no adulto jovem. Osteopenia ou baixa massa óssea como uma condição em que a densidade mineral óssea encontra-se entre 1 a 2,5 desvios padrão abaixo do pico de massa óssea encontrada no adulto jovem. EPIDEMIOLOGIA E IMPACTO Atinge ambos os sexos, com predominância no sexo feminino, sem distinção de raça e a sua prevalência aumenta com a idade. As fraturas têm grande importância, considerando o envelhecimento populacional progressivo com graves consequências físicas, financeiras e psicossociais, afetando o indivíduo, a família e a comunidade. As fraturas mais comuns na osteoporose são: fratura por compressão vertebral, fratura do pinho, da bacia – ramos pubianos – e da extremidade proximal do fêmur. Fatores de risco Idade, fratura osteoporótica prévia, baixo peso ou baixo IMC, uso crônico de glicocorticoides, uso de anticonvulsivantes, sedentarismo, hiperparatireoidismo primário, anorexia nervosa, gastrectomia, anemia perniciosa, hipogonadismo masculino, menopausa precoce. Quedas da própria altura Como as fraturas osteoporóticas ocorrem frequentemente em decorrência de quedas, principalmente na população idosa, é de suma importância considerar os fatores de risco para quedas. Os mais importantes são alterações do equilíbrio, alterações visuais, deficiências cognitivas, declínio funcional e uso de medicamentos psicoativos e anti- hipertensivos. FISIOPATOLOGIA A DMO diminui com o avanço da idade, aumentando o risco de fraturas em idosos. Resistência óssea O tamanho e a disposição dos cristais de hidroxiapatita presentes na matriz mineral determinam a rigidez óssea e o colágeno contribui para a flexibilidade óssea, o que contribui para a absorção de energia frente a um impacto Remodelação óssea O processo consta da retirada do osso mineralizado e sua substituição por osteóides mineralizados • Osteoclasto: reabsorção do osso. Absorvem o tecido ósseo vermelho • Osteoblasto: recompõe com tecido ósseo novo Na osteoporose, ocorre um desequilíbrio no processo da remodelação óssea, com a reabsorção predominando sobre a formação, resultando em diminuição da massa óssea Medicina da Família II | Ana Clara Moraes Daleffe 2 Pico de massa óssea Esse pico em homens e mulheres é atingido ao final ou logo após o término do crescimento linear do esqueleto, entre 18-30 anos. O pico de massa óssea é determinado principalmente por fatores genéticos, estado nutricional, estado endócrino, atividade física e saúde durante o crescimento. Após atingir o pico de massa óssea, os indivíduos iniciam uma perda que varia de 0,3% a 0,5% de sua massa óssea a cada ano. Em mulheres durante e imediatamente após a menopausa, a taxa de perda óssea se acelera devida a deficiência de estrogênio. Diagnóstico Anamnese e Exame Físico • História de fratura vertebral, antebraço e fêmur • Redução da estatura – cifose torácica • Fratura prévia, após os 50 anos de idade • História familiar de osteoporose • Tabagismo • Uso de glicocorticoides • Consumo diário de bebida alcoólica • Artrite reumatoide Exames Laboratoriais • Hormônio paratioidiano • Metabólitos da vitamina D • Eletroforese de proteínas • Teste de função tireoidiana • Calciúria de 24 horas • Creatinina de 24 horas • VHS • Fosfatase alcalina • Dosagens séricas de cálcio • Albumina • Fósforo • Aminotransferases/transaminases Radiografia simples Procurar a perda do trabeculado ósseo e o afilamento da cortical óssea Densitometria óssea • Padrão-ouro • Indicações − Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos e homens com idade igual ou superior a 70 anos − Mulheres na pós-menopausa e homens com idade entre 50 e 69 anos com fatores de risco para fratura − Mulheres na perimenopausa − Adultos que sofrerem fratura após os 50 anos − Indivíduos com anormalidades vertebrais radiológicas, independentemente da idade − Adultos com condições associadas a baixa massa óssea ou perda óssea, como artrite reumatóide ou isso de glicocorticoides na dose de 5mg de prednisona/dia ou equivalente por período 3 meses Classificação • Idiopática (juvenil ou do adulto jovem): RARA! • Tipo I: pós-menopáusica • Tipo II: senil – mais comum Classificação da osteoporose de acordo com a dmo, segundo a oms • Normal: até -1DP da média do adulto jovem • Osteopenia: entre -1 e -2,5 DP • Osteoporose: abaixo de -2,5 DP • Osteoporose estabelecida: abaixo de -2,5 DP, na presença de uma ou mais fraturas por fragilidade A OMS define a osteoporose como uma condição em que a densidade mineral óssea é 2,5 DP Osteoporose secundária É decorrente de outras doenças e uso de drogas, como: • Enterocolopatias crônicas • Etilismo • Gastrectomia, gastroplastia, derivação jejuno-ileal • Recolhimento ao leito por períodos crônicos, imobilizações ortopédicas • Glicocorticoides IM ou VO por mais de 3 meses, anticonvulsivantes, agonistas da morfina, medroxiprogesterona IM Medicina da Família II | Ana Clara Moraes Daleffe 3 Tratamento O objetivo primário do tratamento é a prevenção • Exercício físico • Suplementação da Vitamina D e Cálcio − Carbonato de Cálcio: dose de 500-2.000 mg/dia por VO − Colecalciferol: dose de 800-1.000 UI/dia por VO • Evitar tabagismo e alcoolismo • Prevenção de quedas • Bifosfonados − Tem alta afinidade com a hidroxiapatita (maior constituinte ósseo) − Concentram-se nos sítios de osteoclastos ativos − Inibem a reabsorção óssea − Efetivos na prevenção de fraturas quando utilizados por 3-4 anos. Após esse período deve- se avaliar a necessidade da continuidade do uso − Critérios para utilização ✓ Não estão indicados em pessoas com doenças do TGI, e o uso deve ser suspendido se o paciente começar a apresentar sintomas como refluxo, esofagite, etc ✓ Devem ser usados pela manhã, em jejum − Exemplos: alendronato, risedronato, ibandronato, zoledronato
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