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Resenha 1 - AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS

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AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS
(Introdução: sentido e evolução dos direitos humanos)
O autor, Fábio Konder Comparato, na obra “afirmação histórica dos direitos humanos”, demonstra como foram criadas e moldadas as instituições jurídicas no curso da história no que tange à defesa da dignidade humana, bem como ocorreu sua extensão progressiva a todos os povos da terra.
Nesse sentido, em um primeiro momento, tem-se através da fé monoteísta a ideia da criação do mundo por um Deus único e transcendente, o qual é anterior e superior a tudo. Mais tarde, em razão da sabedoria grega, dá-se uma nova justificativa para a posição do homem no mundo, proveniente da afirmação de uma natureza essencialmente racional do ser-humano, cujo qual é capaz de tomar a si mesmo como objeto de reflexão.
Posteriormente, já em uma concepção moderna de filosofia, há uma justificativa científica da ideia da dignidade humana, com a descoberta do processo de seleção dos seres-vivos na obra de Charles Darwin. Por conseguinte, há a convicção de que não é por acaso que o ser-humano representa o ápice de toda a cadeia evolutiva das espécies vivas. Desse modo, aduz o autor que o curso do processo de evolução vital foi substancialmente influenciado pela aparição da espécie humana.
Posto isso, giza-se que a primeira reflexão do homem sobre si mesmo surgiu no período Axial da história, o qual representou uma confluência de religiões (índia, China e Ocidente). Foi durante esse período que, pela primeira vez na história, o ser-humano passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como um ser dotado de liberdade e razão. Lançavam-se, assim, os fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para a afirmação da existência de direitos universais. Salienta-se que a concepção de que existem direitos universais a serem respeitados, nasce vinculada a uma instituição social de suma importância: a lei escrita, como regra geral e uniforme, a todos os indivíduos que vivem em uma sociedade organizada.
Nota-se, também, na obra do autor, a divisão em fases quanto a elaboração teórica do conceito de pessoa. Dentre essas, destaca-se a terceira fase, o qual coloca, através dos postulados de Kant, o homem como sujeito de direitos universais. Nesse viés, Kant defende que as pessoas devem existir como um fim em si mesmas, jamais como um meio para atingir determinado propósito. Ademais, cada ser-humano é singular/único, motivo pelo qual deve ser respeitado o valor absoluto de cada ser racional. Ainda, impulsiona a ideias de livre-arbítrio e autonomia da vontade.
Contudo, os postulados de Kant não foram seguidos pelos nazistas, que objetificaram as pessoas e cometeram inúmeras atrocidades. Paralelamente, a transformação das pessoas em coisas realizou-se de modo menos espetacular, mas não menos trágico, com o desenvolvimento do sistema capitalista de produção. Como denunciou Marx, esse implica a reificação – inversão completa da relação pessoa-coisa, ou seja, tem-se a pauperização das massas proletárias, além do surgimento dos trabalhadores assalariados, os quais viviam em condições insalubres e impróprias para uma vida digna.
Posto isso, observa-se que a compreensão da dignidade suprema da pessoa humana e deus direitos, no curso da história, tem sido, em grande parte, fruto da dor física e do sofrimento moral. A eclosão da consciência histórica dos direitos humanos só se deu após um longo trabalho preparatório, centrado em torno da limitação do poder político. O reconhecimento de que as instituições de governo devem ser utilizadas para o serviço dos governados e não para o benefício pessoal dos governantes foi o primeiro passo decisivo na admissão da existência de direitos.
A limitação do poder político se deu efetivamente na vida política ateniense, onde o poder dos governantes foi estritamente limitado, não apenas pela soberania das leis escritas, mas também pelo jogo complexo de um conjunto de instituições de cidadania ativa, pelas quais o povo, pela primeira vez na história, governou-se a si mesmo. Em contrapartida, na república romana, a limitação do poder político foi alcançada, não pela soberania popular ativa – democracia direta-, mas graças às instituições de um complexo sistema de controles recíprocos entre os diferentes órgãos políticos.
No entanto, a democracia ateniense e a república romana foram destruídas, o que deu início à Idade Média. Esta foi marcada pela instauração do feudalismo, além da divisão da sociedade em estamentos/castas, bem como pelo domínio ideológico da Igreja. Também houve o surgimento de novas tecnologias, como o relógio mecânico, as caravelas, e as bússolas. Após a Idade Média, houve uma fase de transição para a modernidade, onde ocorreram significativas revoluções. Como consequência destas, algumas conquistas merecem destaque, como o Bill of Rights e o Habeas Corpus Act.
Após isso, tem-se a Independência Americana e a Revolução Francesa. Pouco antes da Independência Americana, a Declaração de Virgínia constituiu o registro de nascimento dos direitos humanos na história. A busca da felicidade, repetida na Declaração de Independência dos Estados Unidos, foi o reconhecimento solene de que todos os homens são igualmente vocacionados, pela sua própria natureza, ao aperfeiçoamento constante de si mesmo. Treze anos depois, no ato de abertura da Revolução Francesa, a mesma ideia de liberdade e igualdade dos seres-humanos é reforçada.
As declarações de direitos norte-americanas, juntamente com a declaração francesa, representam a emancipação histórica do indivíduo perante os grupos sociais aos quais ele sempre se submeteu. Em contrapartida, em razão do capitalismo, houve uma massiva exploração dos trabalhadores, fato que ensejou o reconhecimento dos direitos humanos de caráter econômico e social, oriundo do movimento socialista. 
Por fim, a partir de 1945, após as atrocidades cometidas pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, a humanidade compreendeu, mais do que em qualquer outra época da história, o valor da dignidade humana. Também, é assinalada pelo aprofundamento e a definitiva internacionalização dos direitos humanos, onde os Estados estão atrelados a compromissos internacionais, o que gera uma relativização da soberania, além do ser-humano ser alçado à condição de sujeito de direito internacional.

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