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Resenha 8 - SISTEMA REGIONAL INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

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SISTEMA REGIONAL INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
O local a qual se refere o sistema interamericano de proteção dos direitos humanos trata-se de uma região marcada por elevado grau de exclusão e desigualdade social, ao qual se somam democracias em fase de consolidação, reminiscências do legado dos regimes autoritários ditatoriais, cultura de violência e de impunidade, baixa densidade de Estados de Direito e precária tradição de respeito aos direitos humanos no âmbito doméstico. 
Dois períodos demarcam o contexto latino-americano: o período dos regimes ditatoriais e o período da transição política nos regimes democráticos, na década de 80. Ao longo dos regimes ditatoriais os mais básicos direitos e liberdades foram violados, sendo cometidas execuções sumárias, desaparecimentos forçados, torturas sistemáticas, prisões Ilegais e arbitrárias, perseguições político-ideológicas, e a abolição das liberdades de expressão, reunião e associação. 
O processo de democratização ocorreu por meio de duas transições: a primeira é a transição do regime autoritário anterior para a instalação de um governo democrático; e a segunda é deste governo para a consolidação democrática, para a efetiva vigência do regime democrático. Embora a primeira etapa do processo de democratização já tenha sido alcançada na região, a segunda etapa ainda está em curso. A região latino-americana, portanto, tem um duplo desafio: romper em definitivo com o legado da cultura autoritária ditatorial e consolidar o regime democrático, com o pleno respeito aos direitos humanos, amplamente considerados - direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, havendo uma relação indissociável entre democracia, direitos humanos e desenvolvimento. 
O processo de universalização dos direitos políticos, em decorrência da instalação de regimes democráticos, deve ser conjugado com o processo de universalização dos direitos civis, sociais, econômicos, culturais e ambientais. A densificação deste regime democrático requer o enfrentamento do elevado padrão de violação dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, em face do alto grau de exclusão e desigualdade social, que compromete a vigência plena dos direitos humanos na região.
a) Convenção americana de direitos humanos
A Convenção Americana de Direitos Humanos, também denominada Pacto de São José da Costa Rica, foi assinada em 1969 e entrou em vigor em 1978, reconhecendo e assegurando um catálogo de direitos civis e políticos similar ao previsto pelo Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. No universo de direitos, destacam-se: direito à personalidade jurídica, à vida, a não ser submetido à escravidão, à liberdade, a um julgamento justo, à compensação em caso de erro judiciário, à privacidade, à liberdade de consciência e religião, à liberdade de pensamento e expressão, à resposta, à liberdade de associação, ao nome, à nacionalidade, à liberdade de movimento e residência, de participar do governo, à igualdade perante a lei, e à proteção judicial. 
A Convenção não enuncia de forma específica qualquer direito social, cultural ou econômico, limitando-se a determinar aos Estados que alcancem progressivamente a plena realização desses direitos, mediante a adoção de medidas legislativas e outras que se mostrem apropriadas. Posteriormente, em 1988, a Assembleia Geral da OEA adotou um Protocolo Adicional à Convenção, o Protocolo de San Salvador, que entrou em vigor em 1999. Em face desse catálogo de direitos constantes da Convenção Americana, o Estado-parte tem a obrigação de respeitar e assegurar o livre e pleno exercício desses direitos e liberdades, sem qualquer discriminação. Cabe ainda adotar todas as medidas legislativas que sejam necessárias para conferir efetividade aos direitos e liberdades enunciados, não apenas o de “respeitar”, mas também de “assegurar” o seu livre e pleno exercício. A obrigação do Estado vai além desse dever negativo e pode requerer a adoção de medidas afirmativas necessárias e razoáveis.
b) Comissão Interamericana de direitos humanos 
A competência da Comissão Interamericana alcança todos os Estados partes da Convenção Americana, em relação aos direitos humanos nela consagrados. Alcança ainda todos os Estados membros da OEA, em relação aos direitos da Declaração Americana de 1948. Sua composição é de 7 membros “de alta autoridade moral e reconhecido saber em matéria de direitos humanos” eleitos por um período de quatro anos, podendo ser reeleitos apenas uma vez. Promover a observância e a proteção dos direitos humanos na América é sua principal função, cabendo-lhe também fazer recomendações aos governos dos Estados-partes. A mesma realiza, ainda, as seguintes funções: conciliadora, entre um governo e grupos sociais que sejam violados os direitos de seus membros; assessora, aconselhando os governos a adotar medidas adequadas; crítica, ao informar sobre a situação dos direitos humanos em um Estado membro da OEA; legitimadora, quando um suposto governo decide reparar as falhas de seus processos internos; promotora, ao efetuar estudos sobre temas de direitos humanos; e protetora, quando além das atividades anteriores, intervém em casos urgentes para solicitar ao Governo que suspenda sua ação e informe sobre os atos praticados.
É também da competência da Comissão examinar as comunicações, encaminhadas por indivíduo ou grupo de indivíduos, ou ainda entidade não governamental, que contenha denúncia de violação a direito consagrado pela Convenção, por Estado que dela seja parte. O Estado, ao se tornar parte da Convenção, aceita automática e obrigatoriamente a competência da Comissão para examinar essas comunicações. A petição, tal como no sistema europeu, deve responder a determinados requisitos de admissibilidade, como o prévio esgotamento dos recursos internos - salvo no caso de injustificada demora processual, ou no caso de a legislação doméstica não prover o devido processo legal. Isto ocorre porque os tratados de direitos humanos impõe aos Estados-partes o dever de assegurar às supostas vítimas recursos eficazes perante as instâncias nacionais contra violações de seus direitos reconhecidos, de modo a requer de todo reclamante o prévio esgotamento dos recursos de direito interno. Outro requisito de admissibilidade é a inexistência de litispendência internacional, ou seja, a mesma questão não pode estar pendente em outra Instância internacional. 
No âmbito procedimental, ao receber uma petição, a Comissão Interamericana decide sobre sua admissibilidade, levando em consideração os requisitos, e sendo procedente solicita informações ao governo denunciado. Recebidas as informações ou transcorrido o prazo sem que as tenha recebido, a Comissão verifica se existem ou se subsistem os motivos da petição ou comunicação. Na hipótese de não existirem, manda arquivar o expediente. Se não for arquivado, a Comissão realizará um exame acurado do assunto e, se necessário, realizará uma investigação dos fatos. Se não for alcançada qualquer solução amistosa, a Comissão redigirá um relatório, apresentando os fatos, conclusões e recomendações ao Estado-parte. É importante notar que o relatório é mandatório e deve conter as conclusões da Comissão indicando se o Estado referido violou ou não a Convenção Americana. Esse relatório é encaminhado ao Estado-parte, que tem o prazo de 3 meses para dar cumprimento às recomendações feitas. Durante esse período de 3 meses, o caso pode ser solucionado pelas partes ou encaminhado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
Diversamente do sistema europeu, que assegura o acesso direto de qualquer indivíduo, grupo de indivíduos ou organização não-governamental à Corte Europeia, no sistema interamericano apenas a Comissão Interamericana e os Estados-partes podem submeter um caso à Corte Interamericana, não estando prevista a legitimação do indivíduo. Se a Comissão considerar que o Estado em questão não cumpriu as recomendações, submeterá o caso à Corte Interamericana, salvo decisão fundada da maioria absolutados membros da Comissão. O novo Regulamento introduz, assim, a justicialização do sistema interamericano. 
Com o novo Regulamento, o encaminhamento à Corte se faz de forma direta e automática, de modo que sistema ganha maior tônica de “juridicidade”, reduzindo a seletividade política. É importante ressaltar, entretanto, que o caso só poderá ser submetido à Corte se o Estado-parte reconhecer, mediante declaração expressa e específica, a competência da Corte no tocante à interpretação e aplicação da Convenção. Também sob a forma de cláusula facultativa está previsto o sistema das comunicações interestatais, ou seja, Estados-partes podem declarar que reconhecem a competência da Comissão para receber e examinar comunicações de um Estado-parte que alegue que outro tenha cometido violação a direito. Para a adoção do mecanismo das comunicações interestatais, é necessário que ambos os Estados tenham feito declaração expressa reconhecendo a competência da Comissão. Ou seja: ambos os Estados, além de terem ratificado a Convenção, façam uma declaração reconhecendo a competência interestatal da Comissão. A Convenção Americana inverte o padrão tradicional utilizado pela Convenção Europeia, em que o direito de petição individual é opcional e o procedimento da comunicação interestatal é obrigatório. Por fim, em casos de gravidade e urgência, a Comissão poderá, por iniciativa própria ou mediante petição da parte, solicitar ao Estado em questão a adoção de medidas cautelares para evitar danos irreparáveis, e pode ainda solicitar à Corte a adoção de medidas provisórias, em matéria ainda não submetida à apreciação da Corte.
c) Corte Interamericana de Direitos Humanos 
A Corte, órgão jurisdicional do sistema regional, é composta por sete juízes nacionais de Estados membros da OEA, eleitos a título pessoal pelos Estados-partes da Convenção. Tal como a Corte Europeia, a Corte Interamericana apresenta competência consultiva e contenciosa. Consultiva relativa à interpretação das disposições da Convenção Americana, assim como de tratados; e a segunda, de caráter jurisdicional, referente à solução de controvérsias, interpretação e aplicação da própria Convenção. 
No plano consultivo, qualquer membro da OEA - parte ou não da Convenção - pode solicitar o parecer da Corte relativamente à interpretação da Convenção ou de qualquer outro tratado de direitos humanos aplicável aos Estados americanos. A Corte ainda pode opinar sobre a compatibilidade de preceitos da legislação doméstica em face dos instrumentos internacionais, efetuando, assim, o “controle da convencionalidade” das leis. Tal como a Corte européia, a Interamericana realiza interpretação dinâmica e evolutiva, considerando o contexto temporal e as transformações sociais.
Até março de 2010, a Corte havia emitido 20 opiniões consultivas, que têm permitido a compreensão de aspectos substanciais da Convenção. Dentre os pareceres emitidos pela Corte, destaca-se o parecer acerca da impossibilidade da adoção da pena de morte no Estado da Guatemala. Merece também destaque o parecer emitido pela Corte sobre a filiação obrigatória de jornalistas, por solicitação da Costa Rica, em que a lei exigia de jornalistas diploma universitário e filiação ao Conselho Profissional dos Jornalistas.
Apesar de não estar prevista a legitimação do indivíduo para submeter um caso à Corte Interamericana, em 2001 a Corte revisou suas regras de procedimento para, de forma mais efetiva, assegurar a representação das vítimas perante a Corte. Deste modo, se a Comissão submeter o caso a esta, as vítimas, seus parentes ou representantes podem submeter de forma autônoma seus argumentos, arrazoados e provas perante a Corte. A decisão da Corte tem força jurídica vinculante e obrigatória, cabendo ao Estado seu imediato cumprimento. Se a Corte fixar uma compensação à vítima, a decisão valerá como título executivo.
No exercício de sua jurisdição contenciosa, até março de 2010, a Corte Interamericana havia proferido 211 sentenças. Em relação às medidas provisórias, foram publicadas 383 decisões versando sobre 92 casos. 
No plano da jurisdição contenciosa, uma referência obrigatória é o famoso caso Velasquez Rodriguez, referente ao desaparecimento forçado de indivíduo no Estado de Honduras. Em face da violação dos artigos 4º, 5º e 7º da Convenção, conjugados com o artigo 1º, o Estado de Honduras foi condenado a pagar uma justa indenização aos familiares da vítima.
No caso Aloeboetoe, do Estado de Suriname, a Corte determinou o pagamento de justa e apropriada compensação aos familiares das vítimas, bem como o cumprimento de obrigação de fazer, concernente à instalação de posto médico e reabertura de escola. Em outro caso a Corte ordenou a adoção de medidas provisórias no sentido de proteger 14 membros de organizações de direitos humanos no Estado da Guatemala. No caso Presídio Urso Branco vs. Brasil, a Corte ordenou medidas provisórias para evitar novas mortes de internos daquele presídio, em Porto Velho, Rondônia, onde ao menos 37 presos foram brutalmente assassinados em 2002. Essas decisões fundamentaram-se no artigo 63 da Convenção, o qual estabelece que em casos de extrema gravidade e urgência, e quando necessário para evitar danos irreparáveis a pessoas, a Corte pode adotar medidas provisórias que lhe parecem pertinentes. Note-se que, diversamente da Convenção Americana, a Convenção Europeia não confere à Corte Europeia competência para adotar medidas provisórias judicialmente aplicáveis. 
No caso Barrios Altos, em virtude da promulgação e aplicação de leis de anistia (concedendo anistia geral aos militares, policiais e civis), o Peru foi condenado a reabrir investigações judiciais sobre os fatos em questão, relativos ao massacre. Essa decisão apresentou um elevado impacto na anulação de leis de anistia e na consolidação do direito à verdade. A Corte consolidou o entendimento de que leis de anistia são incompatíveis com a Convenção Americana por afrontarem direitos inderrogáveis, obstando o acesso à justiça, o direito à verdade e a responsabilização por graves violações a direitos humanos. 
No caso Almonacid Arellano, no Chile, em razão de um Decreto-Lei que perdoava os crimes cometidos entre 1973 e 1978 durante o regime Pinochet, decidiu a Corte pela invalidade do mencionado decreto-lei de “autoanistia”, tendo em vista que leis de “autoanistia” perpetuam a impunidade, propiciam uma injustiça continuada, impedem às vítimas e aos seus familiares o acesso à justiça e o direito de conhecer a verdade e de receber a reparação correspondente.
No caso Hilaire, Constantine e Benjamin, a Corte determinou a Trinidad e Tobago que modificasse a legislação doméstica que impunha obrigatoriamente a pena de morte a qualquer pessoa condenada por homicídio. No caso “A Última Tentação de Cristo” a Corte condenou o Chile em virtude de censura prévia à exibição cinematográfica, violando os direitos de liberdade de pensamento e expressão. No caso Villagran Morales vs. Guatemala, ordenou o pagamento de indenização pecuniária aos familiares das vítimas, bem como a reforma no ordenamento jurídico interno visando a maior proteção dos direitos das crianças e adolescentes guatemaltecos, e a construção de uma escola em memória das vítimas. Introduziu, assim, a visão de que o direito à vida compreende não apenas uma dimensão negativa (de não ser privado dela) mas também uma dimensão positiva, que demanda dos Estados medidas positivas apropriadas para proteger o direito à vida digna. Essa interpretação lançou um importante horizonte para a proteção dos direitos sociais. 
Menciona-se também o caso da comunidade indígena Mayagna Awas Tingni vs. Nicarágua, em que se reconheceu o direito dos povos indígenas à propriedade coletiva da terra; e na comunidade indígena Yakye Axa vs. Paraguai, em que foi decidido que os povos indígenas têm direito a medidas específicas que garantam o acesso aos serviços de saúde, que devem ser apropriados sob a perspectiva cultural. Merece destaque também o caso Baena Ricardo e outros vs. Estado do Panamá, envolvendoa demissão sumária de 270 trabalhadores, como resultado de uma lei que determinava a demissão dos funcionários que haviam participado de manifestação trabalhista. O Estado do Panamá foi condenado a pagar os salários dos 270 trabalhadores e indenização correspondente, a reintegrar os trabalhadores, bem como pagar indenização por danos morais. Nesse caso, foram utilizados argumentos atinentes à violação de direitos civis e políticos (direito de reunião e associação) para proteger direitos sociais (de natureza trabalhista), o que ressalta a interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos. A condenação do Estado teve como argumento central a violação à garantia do devido processo legal, e não a violação do direito do trabalho.
No caso Massacre de Ituango vs. Colômbia, a Corte condenou o Estado da Colômbia por omissão, aquiescência e colaboração com grupos paramilitares, que perpetraram ataques armados causando assassinato de civis indefesos. O caso Damião Ximenes Lopes vs. Brasil, envolvendo a morte, após 3 dias de internação em hospital psiquiátrico, de pessoa com deficiência mental, foi o primeiro caso sobre saúde mental a ser decidido pela Corte. Apontou-se a responsabilidade internacional do Estado por omissão, resultante na violação aos direitos à vida, à integridade física e à proteção judicial da vítima. 
Os avanços da Corte Interamericana de Direitos Humanos em matéria de reparações têm sido talvez sua maior contribuição para o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Como resultado de seus julgamentos, as reparações não são mais limitadas ao pagamento de indenizações. A Corte tem, com sucesso, condenado Estados a adotar leis que lhes permitam o devido cumprimento das obrigações internacionais, e ainda a emendar ou revogar legislação doméstica que se mostra incompatível com a Convenção. Ainda que recente seja jurisprudência da Corte, o sistema interamericano está se consolidando como importante e eficaz estratégia de proteção dos direitos humanos, quando as instituições nacionais se mostram omissas ou falhas. Ainda que a crescente justicialização do sistema, especialmente em virtude do Regulamento da Comissão de 2001, signifique um considerável avanço, faz-se ainda necessário seu maior aprimoramento. E nesse sentido verificam-se quatro propostas: 
- A primeira delas se refere à exigibilidade de cumprimento das decisões da Comissão e da Corte, com a adoção pelos Estados de legislação interna relativa à implementação das decisões internacionais em matéria de direitos humanos;
- Outra proposta refere-se à previsão de sanção ao Estado que, de forma reiterada e sistemática, descumprir as decisões internacionais. A título de exemplo, poderia-se estabelecer a suspensão ou expulsão do Estado pela Assembleia Geral da OEA; 
- Uma terceira proposta se refere à demanda por maior democratização do sistema, permitindo acesso direto do indivíduo à Corte - hoje restrito apenas à Comissão e aos Estados. Isto porque no sistema regional europeu, mediante o Protocolo nº 11, que entrou em vigor em 1998, qualquer pessoa física, organização não-governamental ou grupo de indivíduos pode submeter diretamente à Corte Europeia. Conforme Antônio Augusto Cançado Trindade, ao reconhecimento de direitos deve corresponder a capacidade processual de reivindicá-los. A cristalização deste direito de acesso direto dos indivíduos à jurisdição da Corte deve ser assegurada mediante um Protocolo Adicional à Convenção Americana. Ademais, a jurisdição da Corte deveria ser veiculada por meio de cláusula obrigatória (e não facultativa, como atualmente é prevista), sendo automática e compulsória para os Estados partes.
- Uma quarta proposta, de natureza logística, seria a instituição de funcionamento permanente da Comissão e da Corte, com recursos financeiros, técnicos e administrativos suficientes.

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