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Filosofia do direito na civilização greco-romana

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Filosofia do direito na civilização greco-romana
Filosofia do direito 
1
SAIR DO ENGANO
História da filosofia: período pré-socrático ou cosmológico
Problema: 
busca pelo Arché (o princípio de todas as coisas da physis).
Escolas: 
Jônica (Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito...)
Eleata (Parmênides, Zenão de Eléia...)
Itálica ou Pitagórica (Pitágoras...)
Da Pluralidade (Empédocles, Leucipo, Demócrito, Anaxágoras...)
Escola Jônica
 Tales de Mileto (+ 623 a 543 a.C.), o pioneiro. Tentou pensar o mundo sem antepor Deus e separar a ciência da magia (OSBORNE,1998). Buscou o princípio único da explicação do mundo, o arché, na água.
 Anaximandro de Mileto (+ 610 a 546 a.C.), o astrônomo. Um fragmento de Anaximandro é o primeiro texto escrito conhecido na história da filosofia, o que faz que a chamada sentença de Anaximandro seja reconhecida como a mais antiga do pensamento ocidental (ROSSETTI, 2010). O arché é o ápeiron [ilimitado] (matéria insurgida, infinita da qual todas as outras se desprendem). Para ele, o Universo era eterno. Infinitos mundos existiram antes do nosso. Por fim eles se dissolveram na matéria primordial e posteriormente outros mundos tornaram a nascer. 
Anaximandro traduzido por heidegger
Ora, a partir daquilo do qual a geração é para as coisas, também o desaparecer para dentro disto se engendra segundo o necessário; pois eles se dão justiça e penitência reciprocamente pela injustiça, segundo a ordem do tempo (ROSSETTI, 2010). 
Anaximandro foi o primeiro a usar justiça (Diké) num contexto filosófico. Ele transpôs para o reino da natureza (physis) a representação da Diké da vida política e explicou a geração e a corrupção das coisas como processo jurídico, em que, por sentença do tempo, eles terão de pagar indenização conforme as injustiças que praticaram.
A geração não se dá por uma transformação do princípio primordial, mas pela separação dos contrários, causada pelo movimento. A guerra entre os elementos é uma espécie de injustiça e exige compensação (SILVEIRA, 2001).
O mundo é constituído de contrários, que se auto-excluem o tempo todo. O mundo surgiu de duas grandes injustiças: primeiro, da cisão dos opostos que "fere" a unidade do princípio; segundo, da luta entre os princípios onde sempre um deles quer tomar o lugar do outro para poder existir. O tempo é o "juiz" que permite que ora exista um, ora outro. Cada elemento (deus) que compõe as coisas, procura ampliar seu domínio. Mas a Lei natural sempre restaura o equilíbrio. Os deuses estão sujeitos à justiça tanto quanto a humanidade.
 Anaxímenes de Mileto (+ 588 a 524 a.C.), o meteorologista. Foi materialista e monista. Arché = ar. A alma (pneuma) é ar; o fogo é ar rarefeito; a água é o ar condensado (quantificação).
 Heráclito de Éfeso (+535 a 475 a.C.), o obscuro. Tinha o fogo como arché. Para ele, "tudo flui" , tudo é movimento, devir (vir a ser), mudança, que acontece em todas as coisas pela alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam, o dia vira noite e vice-versa... Ele valorizou a doutrina da guerra dos opostos marcada pelo conceito de justiça cósmica. A identidade das coisas iguais a si mesmas é ilusória. A lei secreta do mundo reside na relação de interdependência entre dois opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro. Nessa dualidade, que na superfície é uma guerra , mas no fundo é harmonia entre os contrários, Heráclito viu aquilo que definia como o logos, a lei universal da Natureza.
Para Heráclito “alimentam-se todas as leis humanas de uma só, a divina; pois domina tão longe quanto quer, e é suficiente para todas (as coisas) e ainda sobra”.
Heráclito liga, conforme os estoicos, a nossa razão com a razão divina, que rege e modera as coisas deste mundo: devido à sua união inseparável, chega a conhecer as decisões da razão universal. Os homens comuns, que são a grande maioria, pelo contrário, não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda, harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira, ou seja, não compreendem como os divergentes podem concordar, como os contrários podem se harmonizar, pois não atinam para a unidade que identifica toda contradição através do movimento.
Anaximandro tratou o conflito entre os contrários como uma “injustiça”. O que Heráclito procurou mostrar foi, inversamente, que essa era a justiça suprema”.
Escola eleata
Parmênides de Eleia (+ 530 a 460 a.C.): pai da Ontologia. O caminho delineado por ele estabelece vias antitéticas, destacando-se o caminho do conhecimento verdadeiro. Viagem conduzida pela Deusa Justiça (Diké), rumo a verdade/realidade (aletheia) , afastando-se do plano da opinião (dóxa). Trata-se da viagem do homem sábio em busca da sabedoria, dos fundamentos teóricos que balizam a condição humana e o Direito. Ele inaugurou algo radicalmente novo na filosofia ao não considerar os elementos, mas o abstrato. Parmênides considerava os sentidos enganosos e a mudança impossível enquanto a existência é atemporal, uniforme, necessária e imutável. O único Ser verdadeiro é o “Uno”, infinito e indiviso. A essência das coisas não muda (princípio da identidade). O Ser é e o Não-Ser não é e nem pode ser...
Escola Itálica ou pitagórica
Pitágoras de Samos (floresceu em 532 a.C.) o geômetra: propôs como arché os números. É impossível distinguir Pitágoras dos demais membros da escola. Para os pitagóricos, o cosmo era regido por relações matemáticas. Eles não distinguiam forma, lei, e substância, considerando o número o elo entre estes elementos. Eles descobriram que dividindo uma corda de lira, obtinham-se diferentes tons. A escola pitagórica era conectada com concepções esotéricas e a moral pitagórica enfatizava o conceito de harmonia, práticas ascéticas e defendia a metempsicose.
Para os pitagóricos, o mais apropriado para fundar a justiça era a autoridade dos deuses, a partir da qual podemos instaurar um Estado e leis e, consequentemente, uma justiça e regras jurídicas.
A partir da autoridade dos deuses, os pitagóricos tomaram como modelo o governo da natureza (physis), expresso nos conceitos de ordem e harmonia , e estenderam esses mesmos conceitos para o governo do mundo humano, na medida em que descobriram que só é possível realizar uma ordem ou harmonia social mediante um acordo de vontades. Através desse acordo, cria-se um Estado, o que equivale a dizer uma justiça, pois é uma soma de partes iguais. O conceito de justiça é identificado com harmonia (SILVEIRA, 2001).
Os pitagóricos compreendiam que, da ordem e harmonia do Cosmos, seguia-se o ordenamento da vida social. Dessa maneira, da autoridade dos deuses, seguia-se a autoridade dos governantes ou do Estado, que é o guardião do acordo, da justiça e da lei. Assim como a justiça é legitimada pelo acordo, este, por sua vez, é garantido pela lei, e vice-versa (SILVEIRA, 2001).
Escola da Pluralidade
 Empédocles de Agrigento (+ 490 a 430 a.C.), o pai da retórica para Aristóteles. A natureza em sua origem é plural, uma mistura de 4 elementos (terra, água, fogo e ar) que se unem ou se separam pelo efeito de 2 forças: amor (atração) e ódio (repulsão). Nada de novo vem ou pode vir a ser, a única mudança que pode ocorrer é uma mudança na justaposição de elemento com elemento. Essa teoria dos quatro elementos tornou-se o paradigma nos dois mil anos seguintes. 
 Leucipo de Mileto (morto em 370 a.C.) e  Demócrito de Abdera (460 a 370 a.C.), os atomistas. Propuseram como arché os átomos eternos, indivisíveis, indestrutíveis, plenos e infinitos. Entre os átomos há o vazio. Da associação dos átomos surgem os seres compostos. Não há uma origem indiferenciada. Desde sempre o que há são átomos transitando no vazio. Sempre houve e haverá o tempo, a mudança, a vida e a morte, compostos que se constroem e se desconstroem, mas os átomos não se alteram. Este é o movimento da natureza.
 Anaxágoras de Clazômenas (+ 500 a 428 a.C.) – protegido de Péricles fundou a 1ª escola filosófica de Atenas. Em 431 a.C. foi acusado de impiedadee fugiu. Tentou conciliar as exigências teóricas do "ser" imutável, princípio de tudo, com as múltiplas manifestações da realidade. Esse novo princípio, Anaxágoras chamou homeomerias que seriam as sementes que dão origem à realidade em sua pluralidade de manifestações. 
Afirmava que o universo se constitui pela ação do Nous, conceito traduzido por inteligência, que é ilimitado, autônomo e não misturado com nada mais. O Nous age sobre uma mistura inicial formada pelas homeomerias, sementes que contém uma porção de cada coisa, ordenando-as e constituindo o mundo sensível.
Por uma nova Cosmologia
Artigo 225 da Constituição Brasileira:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Relatório Bründtland; teoria Gaia (James Lovelock); CNUMAD (Rio-92); Carta da Terra; Encíclica “Laudato si” do Papa Francisco...
Resistência: OPEP; Indústrias químicas, nucleares e agrobusiness; políticos financiados pelos grandes cartéis da produção suja.
Praticando
Resuma a teoria dos quatro discursos de Aristóteles.
Faça um quadro sinótico das escolas do período Pré-socrático da filosofia, destacando seus principais pensadores e suas ideias.
Justifique a necessidade de uma nova cosmologia.
 Relacione Anaximando, os Pitagóricos e o jusnaturalismo.
Explique como Anaxágoras conciliou Heráclito e Parmênides.
Para saber mais...
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 	São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BOTTON, Alain de. As consolações da filosofia. 	Porto Alegre: L± Rio de Janeiro: Rocco, 	2015.
GRIMALDI, Nicolas. Sócrates, o feiticeiro. São 	Paulo: Loyola, 2006.
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. 4ª ed. Rio de Janeiro, Objetiva, 1998.
ROSSETTI, Regina. Justiça como metáfora do surgimento do universo in Revista Páginas de Filosofia, v. 2, n. 2, p. 3-12, jul/dez. 2010.
SILVEIRA, Denis Coitinho. Os sentidos da justiça em Aristóteles. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
Os Sofistas
A Sofística surgiu quando a sociedade grega e sua visão de mundo foram reestruturadas por novas realidades sociais e econômicas. Os limites da Paideia (sistema de formação/educação) se ampliaram e o mito deixou de ser a explicação e justificativa fundamental para a vida; o ser humano e o logos assumiram o protagonismo e nas assembleias os cidadãos tinham igualdade de condições ao se manifestar (isegoria), impondo-se quem fazia o melhor discurso. Para Platão, os sofistas rejeitavam a verdade e relativizavam a realidade resumindo o universo a partir, somente, de seus aspectos fenomenais. 
Os sofistas são crias da nova Paideia que exigia uma educação instrumental, priorizando a gramática, a retórica e um conhecimento enciclopédico. A educação sofística buscava preparar seus alunos para uma vida prática/política e sua narrativa se construía pela boa argumentação, levando a sofística a ser reinterpretada como retórica. Os sofistas introduziram no discurso humano o relativismo, o subjetivismo e o antropocentrismo.
Os sofistas defendiam a superioridade do homem sobre a polis já que foram seus criadores. Assim, a polis devia servir ao homem e não o contrário. Emergia daí a primeira ideia jusfilosófica (SANTOS, 2018).
Os sofistas defendiam que homens astutos e hábeis no discurso eram capazes de captar a adesão dos demais, isto é, o discurso de um único homem podia se tornar um discurso forte e virar “verdade” e lei (SANTOS, 2018).
O discurso sofístico visava as discussões políticas, o convencimento do plenário. Princípios religiosos e morais só eram considerados quando úteis à imposição do argumento. Cada discurso compreendia uma verdade relativa. Ao negarem a verdade objetiva e questionarem valores éticos e jurídicos, os Sofistas contribuíam para o ceticismo e a zetética.
Os Sofistas e o juspositivismo
Os sofistas foram os primeiros a estabelecer uma diferença entre natureza (physis) e lei humana (nomos), sem, no entanto, contrapô-las na etapa original. O justo e o injusto, para os sofistas, não se originava na natureza das coisas, mas nas opiniões e convenções humanas, na forma da lei (nomos), oriunda da sua opinião (doxa). Em semelhança ao que versa o positivismo jurídico atual, segundo eles, o justo é o que está segundo a lei, e injusto o que a contraria. Numa segunda etapa, os sofistas afirmariam que a natureza se opõe à lei humana. Nesta, encontra-se fundada a igualdade natural de todos os homens; naquela, sua desigualdade antinatural (YABIKU,2011).
Com os sofistas, opositores radicais da tradição, surgia o relativo, o provável, o possível, o instável, o convencional, afirmam Bittar e Almeida (2010). Na segunda etapa, de predomínio da lei humana (nomos) sobre a natureza, os sofistas optaram pela prevalência desta, que libertaria os humanos dos laços de barbárie. A deliberação sobre o conteúdo das leis não teria origem na natureza ou na divindade (Thémis ou Diké), mas na vontade humana. A justiça foi, é e será definida por critérios humanos, e não naturais. Se fossem naturais, todas as leis seriam iguais. Pode parecer democrático tudo isso. Mas atenção. Alguns cultores da sofística assinalavam, conforme Bittar e Almeida, que os homens deveriam submeter-se ao poder daquele que ascendesse ao controle da cidade por meio da força; a justiça foi, é e sempre será vantagem para aquele que domina e não para aquele que é dominado dizia Trasímaco (YABIKU,2011).
O conceito de justiça, para os sofistas, foi igualado ao de lei. Justo era o que estava na lei, o que foi dito pelo legislador. "Em outras palavras, a mesma inconstância da legalidade (o que é lei hoje poderá não ser amanhã) passa a ser aplicada à justiça (o que é justo hoje poderá não ser amanhã). Nada do que se pode dizer absoluto (imutável, perene, eterno, incontestável...) era aceito pela sofística. Estava aberto campo para o relativismo da justiça", falam Bittar e Almeida (YABIKU,2011).
Trasímaco da Calcedônia (459 a 400 a.C.): exercia, em Atenas, a profissão de advogado e reivindicava o título de sofista. Foi espectador da luta dos partidos e parece ter tomado parte, indiretamente, na vida política, redigindo discursos para outrem, uma vez que, não sendo ele cidadão de Atenas, não podia falar na Assembleia do Povo. Tornou-se um personagem do diálogo platônico A República, sendo o principal interlocutor de Sócrates no primeiro livro desta obra. Ele é responsável pela apresentação da definição de que a justiça não é nada mais do que a "conveniência do mais forte”.
Protágoras de Abdera (490 a 415 a.C.):  "O homem é a medida de todas as coisas. Das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são“.  “Em toda questão, sempre se pode sustentar o pró ou o contra”. Fundado em Heráclito, esses pensamentos expressavam bem o relativismo e o oportunismo dos Sofistas. Se o homem era a medida de todas as coisas, então coisa alguma podia ser medida para os homens, ou seja, as leis, as regras, a cultura, tudo devia ser definido pelo conjunto de pessoas, e aquilo que valia em determinado lugar não devia valer, necessariamente, em outro. Este axioma também significava que as coisas são conhecidas de uma forma particular e muito pessoal por cada indivíduo, o que vai contra, por exemplo, o projeto de Sócrates de chegar ao conceito absoluto de cada coisa. Assim como Sócrates, Protágoras foi acusado de ateísmo (tendo inclusive livros seus queimados publicamente), motivo pelo qual fugiu de Atenas, estabelecendo-se na Sicília.
Górgias de Leontinos (+ 485 a 380 a. C.): ao contrário de outros sofistas não professava ensinar aretê ("excelência", ou "virtude"). Acreditava não haver uma forma absoluta de aretê, mas que o conceito era relativo a cada situação (por exemplo, a virtude num escravo não equivale à virtude num estadista). Sua crença era a de que a retórica, a arte da persuasão, é a rainha de todas as ciências, na medida em que é capaz de persuadir qualquer cursode ação. Embora a retórica existisse no currículo de cada um dos sofistas, Górgias atribuiu-lhe maior proeminência do que qualquer um deles.
Período Socrático
Sócrates (+ 469 a 399 a.C.), provocou uma ruptura sem precedentes na história da Filosofia grega. Enquanto os filósofos pré-Socráticos, chamados de naturalistas ou fisicistas, procuravam responder a questões do tipo: "O que é a natureza ou o fundamento último das coisas?" Sócrates, procurava responder à questão: “Qual é a natureza ou a realidade última do homem?”.
Para Sócrates a filosofia não era uma profissão, como para os sofistas, era um modo de vida. Ele mudou o foco da physis para a ética (OSBORNE, 1998). Para ele o coletivo tinha primazia sobre o individual. Refutava a ideia de que Direito é a expressão dos mais fortes. Preferia sofrer uma injustiça do que cometê-la. 
Para Sócrates, o conhecimento objetivava desvendar a alma (conhece-te a ti mesmo) e, era possível, mas partia da consciência da própria ignorância (só sei que nada sei) [OLIVEIRA, 2018]. Para ele o justo não se esgota no legal porque acima da justiça humana existe uma justiça natural e divina.
Por que Sócrates aceitou a morte?
Para BITTAR & ALMEIDA (2010) os motivos que levaram Sócrates a aceitar a condenação foram:  concatenação da lei moral com a legislação cívica;  o respeito às normas e à religião que governavam a comunidade, no sentido do sacrifício da parte pela subsistência do todo;  a importância e imperatividade da lei em favor da coletividade e da ordem do todo;  a substituição do princípio da reciprocidade, segundo o qual se respondia ao injusto com injustiça, pelo princípio da anulação de um mal com o seu contrário, assim, da injustiça com um ato de justiça;  o reconhecimento da sobrevivência da alma, para um julgamento definitivo pelos deuses, responsável pelo verdadeiro veredito dos atos humanos."
Maiêutica: o método socrático
Maiêutica = parto. Sócrates procurava não incutir ideias nos seus interlocutores. Mas, fazê-los parir suas próprias ideias, confrontá-las e desvelar suas inconsistências.
Diante de uma afirmação qualquer [p. ex.: estudar é perda de tempo], deve-se buscar situações ou contextos que invalidem a proposição [conheço pessoas que estudaram e, graças aos estudos hoje estão muito bem]. Se uma alternativa falsear a afirmação, ela deve ser corrigida e o processo retomado quantas vezes seja necessário até que a afirmativa seja considerada verdadeira ou infalseável.
Sócrates combateu os sofistas por dizerem que podiam transmitir conhecimentos e ensinar virtudes. Para Sócrates isso não podia ser ensinado com palavras e que os sofistas não agiam conforme pregavam.
Sócrates não escreveu, não fundou escola e não cobrava por suas lições. Tinha o hábito de conversar com as pessoas que encontrava em locais públicos. Ele incomodava por fazer perguntas desconcertantes, usar a ironia e levar os interlocutores à contradição. Isso causava vergonha, raiva e contribuiu para sua condenação.
Sócrates foi acusado de não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude, leia Platão (Eutífron, Apologia, Críton e Fédon). Sócrates foi considerado culpado por 280 de 500 votos e sentenciado a morte por 360). Poderia ter escapado se desistisse da vida justa. Poderia ter evitado a morte se fugisse da prisão com a ajuda de amigos. Mas, preferiu morrer com suas ideias a abdicar delas ou viver em desacordo com elas.
A justiça de Sócrates
Sócrates deu a vida em defesa do respeito às leis da polis, para que não existissem maus cidadãos (transgressores), nem ameaça a ordem, mantida pelo equilíbrio entre o indivíduo e a coletividade. Para ele, na essência humana haveria o espírito de justiça, assim como no Kosmos. O autoconhecimento deveria revelar o link entre o eu e o todo. As leis da polis deveriam materializar o caminho da vida boa. Somente quem soubesse o que é justo poderia agir com justiça. Só quem soubesse o que é o bom poderá agir com bondade. Primeiro era preciso conhecer, para depois agir. Esta vinculação entre saber e ser, pensar e agir constituía a razão humana.
Platão (428 a 347 a.C.)
Toda filosofia de Platão é um processo de educação para a justiça e para um Estado bem ordenado. Ele tratava a justiça como fundamento do universo. A justiça era uma deusa que ditava as leis do cosmos, da sociedade e do homem. 
Pelo intelecto (nous) o humano/filósofo dialogava com o mundo divino das ideias, da verdade e do bem supremo e ao mesmo tempo dirigia a sua vida cotidiana.
Para Platão os Sofistas eram mercadores de opiniões e não portadores da verdade. O humano sincero deveria procurar a verdade, a justiça e o bem.
A virtude não se ensina teoricamente como a matemática, mas na prática, influenciando os aprendizes pelos atos.
Platão: obras
Diálogos da juventude:
Apologia de Sócrates
Críton ou Do Dever
Íon ou Da Ilíada
Laqués ou Da coragem
Lísis ou Da Amizade
Cármides ou Da Sabedoria
Eutífron ou Da Santidade
Diálogos da transição:
Eutidemo ou Da Erística
Hípias menos ou Da Mentira
Crátilo ou Da Etimologia 
Hípias Maior ou Do Belo
Menexeno ou Do Epitáfio
Górgias ou Da Rétorica
República - livro I
Protágoras ou Dos sofistas
Ménon ou Da Virtude
Diálogos da maturidade:
Fédon ou Da Alma
Banquete ou Do Bem
A República
Fedro ou Da Beleza
Diálogos da velhice:
Parmênides ou Das Formas
Teeteto ou da Ciência
Sofista ou Do Ser
Político ou Da Realeza
Filebo ou Do Prazer
Timeu ou Da Natureza
Crítias ou Da Atlântida
Leis (inacabado)
Platão: Górgias (o julgamento das almas) 
No tempo de Cronos havia uma lei relativa aos homens, que ainda está em vigor, a saber: que o homem que houvesse vivido com justiça e santidade, depois de morto iria para a Ilha dos Bem-aventurados, onde permaneceria livre do mal, em completa felicidade, e que, pelo contrário, quem tivesse vivido impiamente e sem justiça, iria para o cárcere da punição e da pena, a que dão o nome de Tártaro. Até o começo do reinado de Zeus, os juízes eram vivos e julgavam aos vivos no próprio dia em que deveriam morrer. Plutão e os zeladores da Ilha dos Bem-aventurados foram a Zeus e lhe comunicaram que chegavam homens indignos. Zeus lhes falou: Vou remediar tal inconveniente. 
As sentenças têm sido mal dadas, porque as pessoas são julgadas com vestes, uma vez que ainda estão vivas. Desse modo, muitos homens de alma ruim são adornados de belos corpos, posição e riqueza, aparecendo por ocasião do julgamento infinitas testemunhas que afirmam terem eles vivido com justiça. Nessas circunstâncias os juízes ficam perturbados, tanto mais que eles também julgam vestidos, servindo-lhes de véu para a alma os olhos, os ouvidos e todo o corpo. Tudo isso atua como empecilho, tanto as suas próprias vestimentas como as dos que vão ser julgados. Será preciso tirar dos homens o conhecimento da morte, pois presentemente eles têm notícia dela com antecedência; nesse sentido, já foram dadas instruções a Prometeu. Em segundo lugar, passarão a ser julgados desprovidos de tudo, a saber, só depois de mortos.
O juiz, também terá de estar morto e nu, para examinar apenas com sua alma as demais almas, logo após a morte de cada um, que estará desassistido de toda a parentela e depois de haver deixado na terra todos aqueles adornos, para que o julgamento possa ser justo. Percebi esses inconvenientes antes de vós, e como juízes nomeei três de meus filhos, sendo dois da Ásia: Minos e Radamanto, e um da Europa: Éaco. Depois de morrerem, julgarão no prado que se acha na altura da encruzilhada dos dois caminhos: o que vai dar na Ilha dos Bem-aventurados e o que vai para o Tártaro. Radamanto julgará os que vierem da Ásia; Éaco, os da Europa. A Minos darei o privilégio de pronunciar-se por último, nos casos de indecisão dos outros dois, para que seja o mais justo possível o julgamento que decide da viagem dos homens.
A morte, conforme penso, nada mais é do que a separação de duas coisas: a alma e o corpo. Uma vez separados um do outro, nem por isso deixa nenhum deles de apresentar a mesma constituição do tempoem que ainda vivia o homem. O corpo conserva sua natureza e os sinais de quanto pudesse ter feito, bem como os tratamentos a que foi submetido, tudo facilmente reconhecível. Se um indivíduo foi em vida corpulento, ou por natureza ou por sua maneira de viver, ou por ambas as causas, depois de morto será também grande o seu cadáver; se era gordo, o cadáver será gordo, e assim com tudo o mais. Se gostava de deixar crescer os cabelos, o cadáver também apresentará cabelos soltos. Por outro lado, se apresentava no corpo cicatrizes de azorrague, ou marcas de sevícias, ou de ferimentos outros, recebidos em vida, será possível perceber tudo isso no cadáver. E se, porventura, tivesse em vida algum membro fraturado ou defeituoso, isso mesmo se poderá reconhecer depois de morto. 
Numa palavra: tudo por que em vida o corpo passou continua por algum tempo visível, em sua quase totalidade, depois da morte. A mesma coisa, Cálicles, penso que se passa com relação à alma; tudo nela se torna visível, depois de despida do corpo, tanto suas características, naturais como as modificações supervenientes, no empenho do homem de alcançar isto ou aquilo. Ao se apresentarem diante do juiz — os da Ásia vão para Radamanto — coloca-os em sua frente Radamanto e examina alma por alma, sem saber a quem pertenceram, a não ser, por vezes, quando acontece tomar a do Grande Rei ou a de qualquer outro soberano ou potentado, e verificar não haver nela nada são, por estar cheia de lanhos e de marcas de perjuros e de injustiças, que as diferentes ações foram deixando na alma, e de encontrar tudo retorcido pela mentira e pela vaidade, sem estar nada direito, visto ter sido criada sem a verdade; e como consequência da licença, da luxúria, da insolência e da incontinência de conduta, mostra-se a alma cheia de deformidades e de feiura. Contemplando-a desse jeito, envia-a Radamanto ignominiosamente para a prisão, onde terá de sofrer o castigo merecido.
Justiça em Platão
Platão era um idealista. Para ele a Justiça era a harmonia perfeita entre as partes da alma humana, a situação na qual a parte racional governava a irracional. Na polis, a justiça decorreria da harmonia entre a virtude e o vício ou quando os indivíduos justos governassem os injustos e o bem suplantasse o mal e a verdade o erro. 
A noção de justiça em Platão passa pela utopia de uma polis onde cada indivíduo tem um lugar e uma função e deve agir pelo bem comum. A cidade (polis) perfeita, terá de possuir as quatro virtudes: (1) sabedoria (sophia); (2) coragem (andreia); (3) temperança (sophrosyne) e (4) justiça (dikaiosyne).
A justiça em A república
Céfalo (citando Simônides, o poeta): a justiça consiste em falar a verdade e restituir a alguém aquilo que lhe é devido.
Sócrates: justiça consiste em restituir a cada um o que lhe convém (o caso da arma do amigo suicida).
Polemarco: a arte da justiça consiste em fazer o bem aos amigos e mal aos inimigos.
Trasímaco (o sofista): a justiça não é outra coisa senão a conveniência do mais forte. Cada governo estabelece as leis de acordo com a sua conveniência. Uma vez promulgadas essas leis, fazem saber que é justo para os governos aquilo que lhes convém, e castigam os transgressores, a titulo de que violaram a lei e cometeram uma injustiça.
Sócrates: a injustiça produz nuns e noutros as revoltas, os ódios, as contendas; ao passo que a justiça gera a concórdia e a amizade.
Glauco: se dermos ao homem justo e ao injusto o poder de fazer o que quiser veremos onde é que a paixão leva cada um. Pois bem, apanharemos o justo, caminhando para a mesma meta que o injusto, devido à ambição, coisa que toda a criatura está por natureza disposta a procurar alcançar como um bem; mas, por convenção, é forçada a respeitar a igualdade. E o poder a que me refiro seria mais ou menos como o seguinte: terem a faculdade que se diz ter sido concedida ao antepassado do lídio Giges (pastor que encontrou o anel da invisibilidade, seduziu a rainha, assassinou o rei e tornou-se o pior tirano da região).
Platão: formas de governo
Formas puras de governo - visam ao bem comum:
Monarquia
Aristocracia
Democracia
Formas degeneradas de governo - buscam vantagens pessoais:
Tirania
Oligarquia 
Demagogia
Ao final do período socrático
A Filosofia estava consolidada como forma de viver que: busca a verdade pela via da razão e defende que somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa. Procura oferecer respostas conclusivas para os problemas. A solução é submetida à análise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade, se não for provado racionalmente comprovada. Exige que o pensamento apresente suas regras de funcionamento. O filósofo justifica suas ideias provando que segue regras universais do pensamento. Entende que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando se afirma e nega algo ao mesmo tempo. Afirma que quando uma contradição aparecer numa exposição filosófica, ela deve ser considerada falsa. Recusa explicações preestabelecidas e, portanto, exige que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele. Tende a generalização, a só aceitar uma explicação de validade universal.
Platão e o mundo das ideias
Platão tentou conciliar Heráclito e Parmênides admitindo uma realidade dual ou dois mundos: um físico, imperfeito, diverso, mutante, em contínua transformação. Outro, ideal, metafísico, perfeito, uno, imutável ao qual ele chamou mundo das ideias ou das formas. Tudo que existe no mundo físico é uma cópia imperfeita do que existe no mundo das ideias.
Esse dualismo platônico repercute na justiça, na medida em que no mundo real a justiça é imperfeita, como os humanos. Só no mundo das ideias a justiça é plena ou ideal. Contudo, os humanos tanto individual quanto coletivamente devem buscar a justiça plena, condição sem a qual não acontecerá a “vida boa” ou feliz.
Praticando
Relacione a sofística com a teoria dos quatro discursos de Aristóteles.
O que você compreende por maiêutica?
O que significa a dialética platônica em relação ao discurso sofista?
Para a Filosofia do Direito qual a questão central no embate entre a sofística e a filosofia socrático-platônica?
Que influência tem alegoria do julgamento das almas de Platão na cultura ocidental?
Quais as formas de governo puras e degeneradas para Platão?
Para saber mais...
BITTAR, C.E.B.; ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2010
OLIVEIRA, Thais Gonçalves Gonzaga de. Sócrates e a justiça in BANNWART JR., Clodomiro J. et alii. Filosofia do direito. 2ª ed. Londrina/PR: Editora Thoth, 2018. 
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. 4ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
SANTOS, Karina Alves Teixeira. O movimento dos sofistas, sua grande importância e seus críticos in BANNWART JR., Clodomiro J. et alii. Filosofia do direito. 2ª ed. Londrina/PR: Editora Thoth, 2018. 
SILVEIRA, Denis Coitinho. Os sentidos da justiça em Aristóteles. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
YABIKU, Roger Moko. Ética, Direito e Justiça: Sócrates e Platão contra os sofistas. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 16, n. 3104, 31 dez. 2011. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/20758>. Acesso em: 6 mar. 2019.

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